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A palavra “lógica” vem do termo grego, “Logos”, que significa razão, pensamento, discurso. No
entanto, é considerado Pai da Lógica, o filósofo Aristóteles.
A lógica como ciência das ciências tem duplo objecto, a saber: 1) formal e 2) material.
1) Lógica formal ou teórica ou menor - é a parte da Lógica que estabelece a forma correta das
operações intelectuais, ou melhor, que se preocupa com análise da relação dos elementos
envolvidos no enunciado, se estes são coerentes e não têm nenhuma contradição interna.
2) Lógica material ou maior ou aplicada - é a parte da Lógica que analisa não só a coerência
do enunciado mas também a sua concordância com a realidade. Ela define os métodos das
matemáticas, da física, da química, das ciências naturais, das ciências morais etc.
Tendo em conta o duplo objecto da lógica, temos, então, de distinguir a validade formal da
validade material. Para efeito, consideremos o seguinte enunciado: *Samora Machel assinou o
Acordo Geral de Paz, em 1992, em Roma*.
O enunciado (ou frase, ou juízo, ou oração) anterior, possui apenas validade formal, pois uma
análise gramatical revela que está correctamente formulado, isto é, obedece a todas as regras
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gramaticais. Em contrapartida, o mesmo enunciado não possui validade material, pois uma
análise histórica do seu conteúdo ou matéria revela que não há nele uma veracidade, pois Samora
Machel já havia falecido, em 1986, quando o Acordo Geral de Paz foi assinado.
A lógica não é meramente uma disciplina teórica. Ela conhece hoje um campo de aplicação que
inclui novas ciências e tecnologias, a saber: 1) cibernética, 2) informática e 3) inteligência
artificial.
1. Cibernética
Como ciência, a origem da cibernética remonta nos anos trinta do século XX, quando a
comunidade científica e filosófica debatia a questão das novas máquinas. São de grande
importância para o surgimento da cibernética as de A. Osenbluth (especialista em fisiologia
nervosa) e as de Norbert Wiener (matemático), que se dedicava à construção de máquinas
electrónicas. Este último estava convencido que os sistemas de comunicação dos animais eram
semelhantes aos de uma máquina. Wiener teve então a ideia de criar uma ciência interdisciplinar
para o estudo dos sistemas de controlo e comunicação nos animais e nas máquinas (como se
organizam, regulam, reproduzem, evoluem e aprendem).
2. Informática
A Informática é uma palavra recente que deriva da combinação de duas palavras: informação +
automática. E, foi criada por Phillipe Dreyfus em 1962 para designar o conjunto de
conhecimentos e técnicas ligadas ao tratamento automático da informação.
3. Inteligência Artificial
Inteligência Artificial é uma disciplina científica que apareceu nos anos cinquenta do século XX
e tem vindo a desenvolver-se e encontra- se ligada à informática e à cibernética. No entanto,
trata-se de uma tentativa de automatizar as faculdades mentais humanas através da transposição
do seu modelo de funcionamento para as máquinas.
As linhas de investigação da inteligência artificial são três: simulação das funções superiores
da inteligência; modelização das funções cerebrais e reprodução da arquitectura neuronal de um
cérebro humano, de forma a produzir numa máquina condutas inteligentes.
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1. Princípio de Identidade – aquele que afirma a identidade de determinada coisa com a ela
mesma, e enuncia-se da seguinte forma:
Em termo de coisas:
Uma coisa é o que é. Isto é, o que é, é, e o que não é, não é. Exemplo: João é Pai, se
e somente se, João é Pai.
Em termo de proposição:
Uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo tempo. Nota explicativa:
se consideramos a proposição: Todo Homem é mortal como Falsa, ao mesmo tempo,
não podemos admitir a mesma proposição: Todo Homem é mortal como Verdadeira.
Uma proposição e a sua negação não podem ser simultaneamente verdadeiras. Nota
explicativa: se consideramos a proposição: Todo Homem é mortal como verdadeira,
ao mesmo tempo, não podemos admitir como verdadeira a sua negação: Nenhum
Homem é mortal.
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Em termo de proposições:
Uma proposição ou é verdadeira ou é falsa, não há um possível meio-termo.
Nota explicativa: Uma proposição só pode ser verdadeira se não for falsa e só pode ser falsa se
não for verdadeira.
Atenção: Das duas lógicas (formal e material), constitui objecto das nossas aulas a lógica
formal que normalmente compreende três partes, a saber: a) lógica do Conceito (termo), b)
lógica do juízo (proposição) e, por fim, 3) lógica do raciocínio (argumento).
(na Beira), Amante (no Maputo). Assim como o mesmo conceito pode ser expresso por muitos
termos. Exemplo: o conceito de Pessoa exprime-se sob o termo pessoa em português, person
em inglês, persona em italiano, etc...
compreensão decrescente, a sua ordem inversa (de baixo para cima): Jeque, Manica,
Moçambicano, Africano, Homem, Animal, Ser vivo, Ser.
Entretanto, convém reter o seguinte: o conceito de maior extensão chama-se género em relação a
conceito de extensão menor, por sua vez, o de menor extensão chama-se espécie em relação ao
conceito de maior extensão. Com base nisso, considerando o diagrama anterior, o conceito Ser é
género relativamente ao conceito Ser vivo, por sua vez, o conceito Ser vivo é espécie em
relação ao conceito Ser.
2) Quanto a Compreensão:
a) Simples - os que não têm (não podem ter) partes. Exemplo: ser (a ideia de ser).
b) Compostos - Aqueles que são divisíveis ou que têm partes. Exemplo: homem, animal, planta.
c) Concretos - Aqueles que são aplicáveis à realidades tangíveis, sujeitos ou objectos. Exemplo:
cão, mesa, caderno, etc.
d) Abstractos - que se aplicam a qualidades, acções, pensamentos ou estados. Exemplo: paixão,
amor, amizade, alegria, tristeza, etc.
b) Sinonímica: quando procura dizer o sentido da palavra recorrendo a outra palavra com
mesmo significado. Exemplos: 1) O cárcere é uma prisão; 2) O álcool é uma droga.
2) Real – diz o que é ou em que consiste uma coisa, um objecto, ou um fenómeno, ou seja,
exprime a natureza do próprio objecto representado pela palavra. Esta, subdivide-se em:
a) Essencial (característica ou metafísica): constrói-se indicando o género próximo (classe
a que o objecto a definir se integra) e acrescentando a diferença específica (característica
diferenciadora do conceito). Exemplos: 1) Triângulo é um polígono de três lados; 2)
Homem é animal racional; 3) Maputo é capital de Moçambique.
c) Causal: faz-se indicando a causa, a génese ou o modo como se constrói aquilo que se
define, ou por outra, as causas que os produzem. Exemplo: Trovão é fenómeno
atmosférico provocado pelo choque de nuvens com cargas eléctricas contrárias.
d) Final: faz pelo recurso à causa final, o “para que serve” o objecto.
Exemplos: 1) Faca é um instrumento que serve para cortar as coisas; 2) Balança é o
aparelho que serve para avaliar a massa de um corpo
e) Operacional: consiste em definir conceitos através dos meios pelos quais se procede à
sua avaliação. Exemplo: Temperatura é o que indica o termómetro.
NB: toda a ciência procura usar a definição essencial, a mais rigorosa de todas, todavia nem
sempre é possível detectar a diferença específica, razão pela qual se recorre à outras definições.
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REGRAS DE DEFINIÇÃO
Para que uma definição seja considerada logicamente correcta, deve obedecer incodicionalmente
a determinadas regras, que a seguir apresentaremos:
Regra 1: A definição deve aplicar-se a todo o definido e só ao definido, isto é, uma definição
é válida quando aquilo que se atribui ao sujeito pertence só e só a ele. Exemplo: “O gato é
animal que mia”.
Como se pode perceber do exemplo anterior, ser animal que mia é característica, que pertence
aos gatos e só a eles. Desta feita cumpre-se a exigência de reciprocidade, pois, podemos
converter a definição “o gato é animal que mia”, isto é, trocar o sujeito pelo predicado, sem que a
veracidade da definição convertida se altere. Na verdade, dizer “ o gato é animal que mia” é o
mesmo que dizer “ o animal que mia é o gato”. Mas se definíssemos o gato como animal
mamífero de quatro patas, a nossa definição estaria incorrecta, por ser muito ampla, facto que
não permite a reciprocidade.
Nota explicativa: a definição poderá convir só ao definido se ela não for muito restrita nem
muito ampla, o que poderá permitir a sua reciprocidade. Porque se for ampla demais estará a
abranger seres ou objectos que não estão a ser definidos; se for restrita ou breve demais poderá
excluir alguns elementos pertencentes a extensão do conceito a definir, não possibilitando a
reciprocidade.
Regra 2: A definição não deve ser circular, ou seja, o definido não deve entrar na definição
(regra da não circularidade). Exemplos: 1) “O cilindro é uma figura cilíndrica”; 3) “Saboroso
é aquilo que contém sabor”.
Nota explicativa: a não circularidade da definição permite que ela seja mais clara do que o
definido. Pois, na definição, aquilo que atribuímos ao sujeito deve acrescentar algo ao seu
conceito, quer dizer, a definição não deve conter o termo a definir, nem termos da mesma
família. Como se nota, nos exemplos anteriores, o definido está contido, isto é, entra na
definição, daí a circularidade. Pois, dizer que “O cilindro é uma figura cilíndrica” é o mesmo que
dizer “O cilindro é cilindro”, neste sentido, ainda não dissemos o que é que esse objecto
cilíndrico, no conjunto das outras figuras, dado que figuras são várias. Por sua vez, estaremos a
violar, de igual modo esta regra, de não-circularidade, ao definirmos qualquer que seja o
conceito recorrendo o seu oposto. Por exemplo: “Doce é algo que não amarga”; “comprido é o
que não é curto”; “direito é o que não está torto”.
Regra3: A definição não deve ser negativa quando pode ser afirmativa. Exemplos: 1) Pobre
é não rico; 2) Uma pessoa inteligente é aquela que não comete erros.
Nota explicativa: Um conceito só se pode definir negativamente caso este exprima, igualmente,
uma negatividade, uma privação ou falta de. Por isso que se diz que “órfão é o ser humano que
não tem pai nem mãe”; “cego é aquele que não vê” e “mudo é o que não fala”.
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Regra 4: A definição não deve ser expressa em termos figurativos ou metafóricos. Exemplo:
“O amor é fogo que arde sem se ver”.
Nota explicativa: se definir uma coisa é explicar o seu sentido dizendo o que ela é, não devemos
de forma alguma recorrer, numa definição, à linguagem figurativa, pois, a linguagem figurada ou
metafórica não nos dá com precisão e clareza o significado do termo a definir.
OS INDEFINÍVEIS
Os conceitos considerados indefiníveis agrupam-se em categorias: a) géneros supremos, b)
indivíduos, e c) dados imediatos da experiência.
a) Os géneros supremos são indefiníveis por excesso de extensão, daí não possuírem seus
géneros mais próximos por onde se possam incluir. O exemplo disto é o conceito de “Ser”,
“Substância”.
c) Os dados imediatos da experiência são indefiníveis por clareza imediata, isto é, são por si só
claríssimos não havendo, por isso nenhuma definição que os possa clarificar ainda mais.
Exemplo disso: nenhuma definição do “prazer” ou “dor”, “amargura” ou “doçura” nos
tornaria mais claro o que a experiência sobre eles nos diz. Por isso, compreende melhor o que
é “prazer” ou “dor”, “amargura” ou “doçura”, quem alguma vez teve a experiência de
“prazer” ou “dor”, “amargura” ou “doçura”, do que aquele que ainda não teve.
FIM DA UNIDADE