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ESCOLA SECUNDÁRIA DE GUIJÁ


DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA - CLASSE 11ª - III˚ TRIMESTRE
UNIDADE TEMÁTICA IV: INTRODUÇÃO À LÓGICA I

SEMANA 13/09 – 17/09 DE 2021


Tema: Introdução à lógica:
1.1. Conceito da Lógica

A palavra “lógica” vem do termo grego, “Logos”, que significa razão, pensamento, discurso. No
entanto, é considerado Pai da Lógica, o filósofo Aristóteles.

A lógica subdivide-se em:


1) Lógica espontânea ou empírica (que resulta da experiência quotidiana, conatural ao Homem,
e como tal, superficial) é a ordem que a razão humana segue naturalmente nos seus processos de
conhecer e nomear as coisas.
2) Lógica filosófica ou científica (também conhecida por lógica sistemática a qual se guia por
sistemas regidos por princípios universais). No entanto, a lógica como ciência tem várias
definições, a saber:
1) É a ciência das formas válidas do pensamento.
2) É o estudo sistemático das formas com os quais a razão elabora o saber.
3) É a ciência das condições do pensamento correcto e do pensamento verdadeiro.
Atenção: As várias definições da lógica, resumem-se em uma considerada abrangente, segundo
a qual, a Lógica é a ciência que estuda as condições do pensamento válido.

1.2. Objecto de estudo da Lógica

A lógica como ciência das ciências tem duplo objecto, a saber: 1) formal e 2) material.
1) Lógica formal ou teórica ou menor - é a parte da Lógica que estabelece a forma correta das
operações intelectuais, ou melhor, que se preocupa com análise da relação dos elementos
envolvidos no enunciado, se estes são coerentes e não têm nenhuma contradição interna.
2) Lógica material ou maior ou aplicada - é a parte da Lógica que analisa não só a coerência
do enunciado mas também a sua concordância com a realidade. Ela define os métodos das
matemáticas, da física, da química, das ciências naturais, das ciências morais etc.

1.2.1. Validade Formal e Validade material ou verdade dos enunciados

Tendo em conta o duplo objecto da lógica, temos, então, de distinguir a validade formal da
validade material. Para efeito, consideremos o seguinte enunciado: *Samora Machel assinou o
Acordo Geral de Paz, em 1992, em Roma*.

O enunciado (ou frase, ou juízo, ou oração) anterior, possui apenas validade formal, pois uma
análise gramatical revela que está correctamente formulado, isto é, obedece a todas as regras
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gramaticais. Em contrapartida, o mesmo enunciado não possui validade material, pois uma
análise histórica do seu conteúdo ou matéria revela que não há nele uma veracidade, pois Samora
Machel já havia falecido, em 1986, quando o Acordo Geral de Paz foi assinado.

SEMANA DE 20/09 – 24/09 DE 2021

TEMA: OS NOVOS DOMÍNIOS DE APLICAÇÃO DA LÓGICA

A lógica não é meramente uma disciplina teórica. Ela conhece hoje um campo de aplicação que
inclui novas ciências e tecnologias, a saber: 1) cibernética, 2) informática e 3) inteligência
artificial.

1. Cibernética

A cibernética é a ciência da comunicação e do controlo de homens e máquinas. A cibernética


está na origem dos robôs. No entanto, a palavra cibernética origina do grego kibernéties que,
segundo Platão, designa a arte de pilotar navios.

Como ciência, a origem da cibernética remonta nos anos trinta do século XX, quando a
comunidade científica e filosófica debatia a questão das novas máquinas. São de grande
importância para o surgimento da cibernética as de A. Osenbluth (especialista em fisiologia
nervosa) e as de Norbert Wiener (matemático), que se dedicava à construção de máquinas
electrónicas. Este último estava convencido que os sistemas de comunicação dos animais eram
semelhantes aos de uma máquina. Wiener teve então a ideia de criar uma ciência interdisciplinar
para o estudo dos sistemas de controlo e comunicação nos animais e nas máquinas (como se
organizam, regulam, reproduzem, evoluem e aprendem).

2. Informática

A Informática é uma palavra recente que deriva da combinação de duas palavras: informação +
automática. E, foi criada por Phillipe Dreyfus em 1962 para designar o conjunto de
conhecimentos e técnicas ligadas ao tratamento automático da informação.

3. Inteligência Artificial

Inteligência Artificial é uma disciplina científica que apareceu nos anos cinquenta do século XX
e tem vindo a desenvolver-se e encontra- se ligada à informática e à cibernética. No entanto,
trata-se de uma tentativa de automatizar as faculdades mentais humanas através da transposição
do seu modelo de funcionamento para as máquinas.

As linhas de investigação da inteligência artificial são três: simulação das funções superiores
da inteligência; modelização das funções cerebrais e reprodução da arquitectura neuronal de um
cérebro humano, de forma a produzir numa máquina condutas inteligentes.
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Problematização: Um computador pode pensar, no mesmo sentido que os seres humanos?


Os computadores, porque não possuem a semântica e pragmática, senão apenas a sintaxe, não
possuem o constitutivo do pensamento, isto é, não pensam no mesmo sentido que seres humanos.

SEMANA DE 27/09 – 01/10 DE 2021

TEMA: PRINCÍPIOS DA RAZÃO OU AS LEIS FORMAIS DE PENSAMENTO


1.3.1. Definição

Os princípios da razão são fundamentos e garantias de possibilidade de coerência do


pensamento, que nos ajudam a evitar o absurdo e fazer com que, o que se pensa e se diz não
entre em contradições formais (contradições de pensamento).
Os princípios razão foram anunciados por Aristóteles na lógica clássica em termo de coisas e
modernamente são enunciados em termo de proposições. Como se verifica:

1.3.2. Os três princípios da Razão

1. Princípio de Identidade – aquele que afirma a identidade de determinada coisa com a ela
mesma, e enuncia-se da seguinte forma:
 Em termo de coisas:
 Uma coisa é o que é. Isto é, o que é, é, e o que não é, não é. Exemplo: João é Pai, se
e somente se, João é Pai.

 Em termo de proposição: Uma proposição é equivalente a si mesma.

2. Princípio de não Contradição (exprime o princípio de identidade sob forma negativa) e


formula-se da seguinte forma:
 Em termo de coisas:
 Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, segundo mesma perspectiva
(aspecto). Ou coisa alguma pode ter e não ter, ao mesmo tempo determinada
propriedade. Exemplo: Não ocorre que o João é Pai e não é pai ao mesmo tempo.
Nota explicativa: uma pessoa, por exemplo, pode ser alta e gorda ao mesmo tempo, mas aqui
temos perspectivas diferentes.

 Em termo de proposição:
 Uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo tempo. Nota explicativa:
se consideramos a proposição: Todo Homem é mortal como Falsa, ao mesmo tempo,
não podemos admitir a mesma proposição: Todo Homem é mortal como Verdadeira.

 Uma proposição e a sua negação não podem ser simultaneamente verdadeiras. Nota
explicativa: se consideramos a proposição: Todo Homem é mortal como verdadeira,
ao mesmo tempo, não podemos admitir como verdadeira a sua negação: Nenhum
Homem é mortal.
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 Duas proposições contraditórias não podem ser simultaneamente verdadeiras nem


falsas. Nota explicativa: se consideramos a proposição: Todo Homem é mortal como
verdadeira, ao mesmo tempo, não podemos admitir como verdadeira a sua
contraditória: Alguns Homens não são mortais.

3. Princípio do Terceiro Excluído (resulta da expressão disjuntiva do princípio de identidade),


e enuncia-se da seguinte forma:
 Em termo de coisas:
 Uma coisa é ou não é, entre ser ou não ser, não há uma terceira possibilidade
(terceiro excluído).

 Em termo de proposições:
 Uma proposição ou é verdadeira ou é falsa, não há um possível meio-termo.
Nota explicativa: Uma proposição só pode ser verdadeira se não for falsa e só pode ser falsa se
não for verdadeira.

 Se encaramos uma proposição e a sua negação, uma é verdadeira e outra é falsa,


não há meio-termo.
Nota explicativa: se consideramos a proposição: Todo Homem é mortal como verdadeira,
necessariamente, a sua negação: Nenhum Homem é mortal deve ser falsa, não há outra
possibilidade.

 Duas proposições contraditórias, uma é verdadeira e outra falsa, não há meio-termo.


Nota explicativa: se consideramos a proposição: Todo Homem é mortal como verdadeira,
necessariamente, a sua contraditória: Alguns Homens não são mortais deve ser falsa, não há
outra alternativa.

Atenção: Das duas lógicas (formal e material), constitui objecto das nossas aulas a lógica
formal que normalmente compreende três partes, a saber: a) lógica do Conceito (termo), b)
lógica do juízo (proposição) e, por fim, 3) lógica do raciocínio (argumento).

SEMANA DE 11/10 – 15/10 DE 2021

TEMA: LÓGICA DO CONCEITO E TERMO

O que é conceito e o que é termo?


Conceito ou ideia, é a simples representação intelectual de um objecto, ou seja, apreensão pela
mente da essência de qualquer objecto (material ou imaterial).
O termo é a expressão Verbal do conceito ou ideia, isto é, palavra ou conjunto de palavras que
permitem a exteriorização do conceito. Do ponto de vista lógico, é necessário distinguir o
conceito do termo. O conceito distingue-se do termo. Na verdade, ao mesmo termo
correspondem muitos conceitos. Exemplo: o termo Mbuya corresponde aos conceitos de Senhor
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(na Beira), Amante (no Maputo). Assim como o mesmo conceito pode ser expresso por muitos
termos. Exemplo: o conceito de Pessoa exprime-se sob o termo pessoa em português, person
em inglês, persona em italiano, etc...

Extensão e Compreensão dos Conceitos


Distinção Entre Compreensão e Extensão de Conceitos
A extensão (denotação) de um conceito é o conjunto de seres ou objectos abrangidos pelo
conceito. Exemplo: o conceito ou ideia de Ser Humano convém: aos moçambicanos, aos
tanzanianos, aos negros, aos brancos, aos nossos progenitores, a Mataka, a João, à Adija, etc.
Porém, para que todos esses indivíduos que integram o conjunto de seres humanos possam de
facto de ser assim designados, têm também de possuir as qualidades ou propriedades comuns que
as caracterizam. Assim, por exemplo: a compreensão do conceito de Ser Humano implica as
qualidades seguintes: ser, vivente, animal, vertebrado, mamífero, racional, etc. Neste sentido, a
compreensão (conotação) de um conceito é o conjunto de propriedades que caracterizam a
todos elementos abrangidos por um conceito.

Relação entre a Extensão e a Compreensão do Conceito


A extensão e a compreensão de um conceito estabelecem uma relação estreita e
proporcionalmente inversa, pois, quanto maior for a extensão, menor será a compreensão; e,
quanto menor for a extensão, maior será a compreensão. Assim, os conceitos podem ser
hierarquizados (ordenados) de acordo com os critérios de extensão e compreensão: crescente ou
decrescente. Assim, extensão crescente é o mesmo que compreensão decrescente, e, extensão
decrescente é o mesmo que compreensão crescente, vice e versa.

Observe o diagrama a seguir:


De baixo para cima: temos Extensão crescente
ou Compreensão decrescente.
Ser
Ser vivo
Extensão Animal
Homem
Africano
Moçambicano
Compreensão
Manica

Jeque De cima para baixo: temos Extensão decrescente


ou Compreensão crescente.

Nota explicativa: observando o diagrama, designa-se de extensão decrescente ou


compreensão crescente, a seguinte ordem (de cima para baixo): Ser, Ser vivo, Animal, Homem,
Africano, Moçambicano, Manica, Jeque. Por sua vez, designa-se de extensão crescente ou
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compreensão decrescente, a sua ordem inversa (de baixo para cima): Jeque, Manica,
Moçambicano, Africano, Homem, Animal, Ser vivo, Ser.

Entretanto, convém reter o seguinte: o conceito de maior extensão chama-se género em relação a
conceito de extensão menor, por sua vez, o de menor extensão chama-se espécie em relação ao
conceito de maior extensão. Com base nisso, considerando o diagrama anterior, o conceito Ser é
género relativamente ao conceito Ser vivo, por sua vez, o conceito Ser vivo é espécie em
relação ao conceito Ser.

SEMANA DE 18/10 – 22/10 DE 2021

TEMA: CLASSIFICAÇÃO DOS CONCEITOS E TERMOS


Os conceitos classificam de acordo com os seguintes critérios:
1) Quanto a Extensão:
a) Universais – os que são aplicáveis a todos os elementos de uma classe
Exemplos: 1) Todo homem procura felicidade; 2) Nenhuma planta é capaz de discurso.
b) Particulares – os que são aplicáveis apenas a uma parte da classe ou do todo.
Exemplos: 1) Alguns países são governados pela ditadura; 2) Certas pessoas não
exercem o seu direito de votar.
c) Singulares – que são aplicáveis apenas a um objecto, sejam ele, pessoa, lugar, coisa ou
evento.
Exemplos: Abarão é um alcoólatra (pessoa); Este telefone (coisa); a descoberta da
América (evento); Washington D.C. (lugar).

2) Quanto a Compreensão:
a) Simples - os que não têm (não podem ter) partes. Exemplo: ser (a ideia de ser).
b) Compostos - Aqueles que são divisíveis ou que têm partes. Exemplo: homem, animal, planta.
c) Concretos - Aqueles que são aplicáveis à realidades tangíveis, sujeitos ou objectos. Exemplo:
cão, mesa, caderno, etc.
d) Abstractos - que se aplicam a qualidades, acções, pensamentos ou estados. Exemplo: paixão,
amor, amizade, alegria, tristeza, etc.

3) Quanto a relação mútua:


a) Contraditórios - Os que se opõem e se excluem mutuamente. Exemplo: ser e não ser, branco
e não branco, etc.
b) Contrários - aqueles que se opõem, mas não se excluem. Exemplo: avarento e pródigo,
branco e preto, etc.
c) Relativos - quando um não é sem o outro (implicação mútua). Exemplo: pai/filho,
direita/esquerda, esposo/esposa.

4) Quanto à sua perfeição:


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a) Adequado – quando representa com perfeição o objecto. Exemplo: felino (aplicado a um


gato).
b) Inadequado – quando representa incompletamente o objecto. Exemplo: ave (aplicado a um
morcego).
c) Claro: quando é suficiente para fazer reconhecer o objecto.
d) Obscuro: quando é insuficiente para fazer reconhecer o objecto.
e) Distinto: quando permite distinguir bem um objecto de outros.
f) Confuso: quando não permite distinguir suficientemente um objecto de outros.

Classificação dos termos


1) Quanto ao modo de significação:
a) Unívoco – os que atribuem de modo idêntico a objectos. Exemplo: 1) homem (aplicado a
branco, negro, japoneses, americano etc.). 2) Automóvel (aplicado a Ford, Chevorlet, Ferrari);
b) Equívocos – os que se aplicam a sujeitos diversos em sentidos totalmente distintos. Exemplo:
Rosa (nome de alguém); Rosa (Flores);
c) Análogo – os que são aplicáveis a realidades diversas num sentido que não é totalmente
idêntico nem totalmente distinto. Exemplo: pode dizer-se que Jeque é um aluno brilhante, mas
também que o anel de ouro é brilhante.

SEMANA DE 25/10 – 29/10 DE 2021


TEMA: DEFINIÇÃO
Conceito de definição
Etimologicamente, a palavra definir provém do latim “definire”, que significa delimitar ou
“colocar limites”, determinar ou explicitar o sentido que o conceito (significado) e o termo
(significante) expressa. Por isso, como operação lógica, a definição consiste na delimitação e
clarificação de um conceito qualquer, isto é, explicitar e especificar o seu significado, como diz
Aristóteles, é dizer que é, o que é.

Em geral, a definição de um conceito qualquer faz-se enumerando as qualidades essênciais, para


que a sua noção seja tão clara e precisa que, sabendo com exactidão o que ele é, o distingamos
com nitidez do que ele não é. Por isso, temos que indicar o género mais próximo (o que há de
comum) do conceito que pretendemos definir e a sua diferença específica (o que lhe é próprio),
pela qual se distingue uma dada espécie das outras do mesmo género.
Observemos atentamente a definição que se segue:
Definição

O Homem é um Animal racional.

Definido (ou espécie) género próximo diferença específica.


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TIPOS OU ESPÉCIES DE DEFINIÇÕES E SUBTIPOS

Há dois tipos de definição: 1) Nominal (etimológica, sinonímica e estipulativa) e 2) Real


(essencial, descritiva, causal, final e operacional).

1) Nominal – que exprime o sentido da palavra. Esta, subdivide-se em:


a) Etimológica: esclarece o sentido da palavra recorrendo à sua origem, isto é, ao étimo
original da língua primitiva. Exemplo: Filosofia provém do grego “filos” que significa
amigo e “sofia” que significa sabedoria, ou seja, a Filosofia é o amor à sabedoria.

b) Sinonímica: quando procura dizer o sentido da palavra recorrendo a outra palavra com
mesmo significado. Exemplos: 1) O cárcere é uma prisão; 2) O álcool é uma droga.

c) Estipulativa: define o significado que se atribuiu convencionalmente à palavra.


Exemplos: 1) Água – H2O; 2) Força é o produto da massa pela aceleração.

2) Real – diz o que é ou em que consiste uma coisa, um objecto, ou um fenómeno, ou seja,
exprime a natureza do próprio objecto representado pela palavra. Esta, subdivide-se em:
a) Essencial (característica ou metafísica): constrói-se indicando o género próximo (classe
a que o objecto a definir se integra) e acrescentando a diferença específica (característica
diferenciadora do conceito). Exemplos: 1) Triângulo é um polígono de três lados; 2)
Homem é animal racional; 3) Maputo é capital de Moçambique.

b) Descritiva: faz-se pela enumeração das características físicas relevantes e significativas


do objecto ou conceito a definir.
Exemplos: 1) Água é um líquido transparente, incolor, insípido, inodoro que entra em
ebulição a cem graus centígrados; 2) Homem é ser vivo, sensível, erecto, bípede, etc...

c) Causal: faz-se indicando a causa, a génese ou o modo como se constrói aquilo que se
define, ou por outra, as causas que os produzem. Exemplo: Trovão é fenómeno
atmosférico provocado pelo choque de nuvens com cargas eléctricas contrárias.

d) Final: faz pelo recurso à causa final, o “para que serve” o objecto.
Exemplos: 1) Faca é um instrumento que serve para cortar as coisas; 2) Balança é o
aparelho que serve para avaliar a massa de um corpo

e) Operacional: consiste em definir conceitos através dos meios pelos quais se procede à
sua avaliação. Exemplo: Temperatura é o que indica o termómetro.

NB: toda a ciência procura usar a definição essencial, a mais rigorosa de todas, todavia nem
sempre é possível detectar a diferença específica, razão pela qual se recorre à outras definições.
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REGRAS DE DEFINIÇÃO
Para que uma definição seja considerada logicamente correcta, deve obedecer incodicionalmente
a determinadas regras, que a seguir apresentaremos:

Regra 1: A definição deve aplicar-se a todo o definido e só ao definido, isto é, uma definição
é válida quando aquilo que se atribui ao sujeito pertence só e só a ele. Exemplo: “O gato é
animal que mia”.
Como se pode perceber do exemplo anterior, ser animal que mia é característica, que pertence
aos gatos e só a eles. Desta feita cumpre-se a exigência de reciprocidade, pois, podemos
converter a definição “o gato é animal que mia”, isto é, trocar o sujeito pelo predicado, sem que a
veracidade da definição convertida se altere. Na verdade, dizer “ o gato é animal que mia” é o
mesmo que dizer “ o animal que mia é o gato”. Mas se definíssemos o gato como animal
mamífero de quatro patas, a nossa definição estaria incorrecta, por ser muito ampla, facto que
não permite a reciprocidade.

Nota explicativa: a definição poderá convir só ao definido se ela não for muito restrita nem
muito ampla, o que poderá permitir a sua reciprocidade. Porque se for ampla demais estará a
abranger seres ou objectos que não estão a ser definidos; se for restrita ou breve demais poderá
excluir alguns elementos pertencentes a extensão do conceito a definir, não possibilitando a
reciprocidade.

Regra 2: A definição não deve ser circular, ou seja, o definido não deve entrar na definição
(regra da não circularidade). Exemplos: 1) “O cilindro é uma figura cilíndrica”; 3) “Saboroso
é aquilo que contém sabor”.
Nota explicativa: a não circularidade da definição permite que ela seja mais clara do que o
definido. Pois, na definição, aquilo que atribuímos ao sujeito deve acrescentar algo ao seu
conceito, quer dizer, a definição não deve conter o termo a definir, nem termos da mesma
família. Como se nota, nos exemplos anteriores, o definido está contido, isto é, entra na
definição, daí a circularidade. Pois, dizer que “O cilindro é uma figura cilíndrica” é o mesmo que
dizer “O cilindro é cilindro”, neste sentido, ainda não dissemos o que é que esse objecto
cilíndrico, no conjunto das outras figuras, dado que figuras são várias. Por sua vez, estaremos a
violar, de igual modo esta regra, de não-circularidade, ao definirmos qualquer que seja o
conceito recorrendo o seu oposto. Por exemplo: “Doce é algo que não amarga”; “comprido é o
que não é curto”; “direito é o que não está torto”.

Regra3: A definição não deve ser negativa quando pode ser afirmativa. Exemplos: 1) Pobre
é não rico; 2) Uma pessoa inteligente é aquela que não comete erros.
Nota explicativa: Um conceito só se pode definir negativamente caso este exprima, igualmente,
uma negatividade, uma privação ou falta de. Por isso que se diz que “órfão é o ser humano que
não tem pai nem mãe”; “cego é aquele que não vê” e “mudo é o que não fala”.
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Regra 4: A definição não deve ser expressa em termos figurativos ou metafóricos. Exemplo:
“O amor é fogo que arde sem se ver”.
Nota explicativa: se definir uma coisa é explicar o seu sentido dizendo o que ela é, não devemos
de forma alguma recorrer, numa definição, à linguagem figurativa, pois, a linguagem figurada ou
metafórica não nos dá com precisão e clareza o significado do termo a definir.

OS INDEFINÍVEIS
Os conceitos considerados indefiníveis agrupam-se em categorias: a) géneros supremos, b)
indivíduos, e c) dados imediatos da experiência.

a) Os géneros supremos são indefiníveis por excesso de extensão, daí não possuírem seus
géneros mais próximos por onde se possam incluir. O exemplo disto é o conceito de “Ser”,
“Substância”.

b) Os indivíduos são indefinidos por excesso de compreensão. Em virtude disso, torna-se


muito difícil senão impossível descobrir num indivíduo, uma característica (a diferença
específica) que seja suficiente para que se possa distinguir dos outros indivíduos conhecidos
ou por conhecer. Sendo assim, os indivíduos só podem ser nomeados (António, Cossa,
Mataka, etc.) ou descritos (claro, alto, gordo, de olhos castanhos, de cabelo preto, etc.).

c) Os dados imediatos da experiência são indefiníveis por clareza imediata, isto é, são por si só
claríssimos não havendo, por isso nenhuma definição que os possa clarificar ainda mais.
Exemplo disso: nenhuma definição do “prazer” ou “dor”, “amargura” ou “doçura” nos
tornaria mais claro o que a experiência sobre eles nos diz. Por isso, compreende melhor o que
é “prazer” ou “dor”, “amargura” ou “doçura”, quem alguma vez teve a experiência de
“prazer” ou “dor”, “amargura” ou “doçura”, do que aquele que ainda não teve.

FIM DA UNIDADE

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