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PUBLICADO EM 09/07/2014
Nós temos a forte impressão que o real existe fora de nós, que o mundo é tal como o vemos, mas
na verdade a realidade não existe como algo externo ao indivíduo. A realidade é um dado interno.
Não sabemos como o mundo é na verdade. Nossa percepção não o percebe como ele é em si
mesmo. Nós só conseguimos perceber a realidade de forma coerente e coesa porque os estímulos
do mundo externo são transformados por nossos sentidos. Desse modo, transformamos vibrações
em sons, reações químicas em cheiros, fótons em imagens, ondas eletromagnéticas em cores. O
mundo em si não tem cheiro, cor, sabor, sons ou uma forma definida. Não podemos dizer que o céu
é azul, uma vez chamamos de azul certas ondas eletromagnéticas que, ao serem captadas pelos
olhos, são transmitidas pelos nervos ópticos causando a impressão de azul em nosso cérebro. O
aparelho visual humano percebem radiações eletromagnéticas dentro de um espectro de
comprimento de onda que vai de aproximadamente 380 nanômetros até 780 nanômetros. Contudo,
é necessário que essas ondas sejam captadas por nossa retina e sejam transformadas por nosso
cérebro em um estímulo mental, que chamamos cor. Da mesma forma, sentimos o doce, o
amargo, o azedo, o ácido, por causa das papilas gustativas, que são receptores do paladar da língua,
produzindo a partir das propriedades químicas do objeto um estímulo mental, que chamamos sabor.
Não podemos dizer, também, que o mundo que nos cerca produz sons. O que existe são ondas que
se propagam no ar. Para que essas ondas sejam transformadas em sons é necessário que tenham
sido captadas por nossos ouvidos e sejam transformadas em um estímulo mental, que denominamos
som. Hoje, já podemos responder uma velha pergunta filosófica: há som quando uma árvore desaba
numa floresta, se não tiver alguém para ouvir? É claro que não, uma vez que a queda da árvore
produz ondas no ar, mas essas ondas só produzem sons se forem captadas por um ser vivo que possa
transformá-las em estímulos sonoros.
Essas questões sobre a percepção do real nos remetem a um velho problema da filosofia: a
relação entre sujeito e objeto. Há três vertentes que procuram esclarecer essa relação: o realismo, o
idealismo e o criticismo kantiano. Em cada uma delas há um modo peculiar de compreender a
realidade.
A terceira vertente, o criticismo kantiano, vai buscar um meio termo entre o realismo e o
idealismo. Chama-se criticismo, porque o filósofo alemão Emmanuel Kant fez uma crítica da razão,
traçando os limites daquilo que podemos conhecer. Em sua opinião, o conhecimento se dá como
relação entre o sujeito e o objeto, entre um ser cognoscente e um objeto cognoscível. É dessa
relação que surge o conhecimento. O conhecimento é uma síntese entre o objetivo e o subjetivo.
Para Kant, todo nosso conhecimento começa na experiência, mas nem todo ele provém da
experiência. O real não é algo externo ao indivíduo, mas este o produz no interior de si mesmo.
Somos nós que através de certas faculdades a priori, estabelecidos independentes da experiência,
organizamos e damos sentido e coerência ao real. A razão seria essa capacidade que o ser humano
tem, partindo de princípios a priori, representar e conhecer o mundo. Desse modo, o conhecimento
só lida com fenômenos. O mundo aparece como representação para o sujeito que o conhece.
Conhecer é o ato pelo qual o pensamento apreende o objeto ou o torna presente, esforçando-se
para formar uma representação que exprime perfeitamente este objeto. Na teoria kantiana, para
conhecer é preciso se distinguir a matéria, isto é, o objeto; e a forma, ou seja, a maneira pela qual
conhecemos o objeto. A matéria é aquilo que no fenômeno corresponde à sensação. Já a forma do
fenômeno é aquilo que faz com que a diversidade do fenômeno seja ordenada na intuição, através
de certas relações. Há duas formas, portanto, a priori do conhecimento: a sensibilidade e o
entendimento.
BIBLIOGRAFIA