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Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento

A partir do século XVII a questão do conhecimento torna-se o problema


central da filosofia.
Gnosiologia- Disciplina filosófica que trata dos problemas relativos à
fundamentação do conhecimento humano.
Natureza ou essência do conhecimento- procura determinar-se o que é
conhecer. Será apreender intelectualmente as coisas em si, ou será que nunca
saberemos o que as coisas são, limitando-nos a conhecer apenas imagens ou
representações?
Como resposta a esta questão existem duas teorias: realismo e idealismo.
Realismo-defende que o que o sujeito conhece é a própria realidade e que as
ideias que possuímos a seu respeito coincidem com os objetos existentes no
mundo real.
Realismo ingénuo- Defende que as coisas são tal como as conhecemos,
existindo uma relação de identidade entre elas e as ideias que delas temos.
Realismo crítico- Admite o conhecimento da própria realidade, mas a relação
entre as coisas e as ideias é de correspondência e não de identidade. As ideias
dizem respeito às coisas mas não são iguais a elas, em virtude da interferência
de elementos do sujeito no ato de conhecer ( qualidades subjetivas,
provenientes da nossa interpretação. Ex: cor, cheiro, dureza, paladar ).
Natureza ou essência do conhecimento ( Continuação)
Idealismo – A consciência é uma espécie de palco em que as coisas mostram-se-nos
sob a forma de ideias ou representações. As coisas aparecem sob a forma de ideias
na consciência, não se podendo conhecer nada para além dela.
Para os idealistas, o conhecimento é a relação entre o sujeito e as representações ou
ideias que temos dos objetos e que se manifestam no interior da mente. Não
temos acesso ao real. O que é verdadeiramente existente, são as ideias. Podemos
duvidar do que são as coisas em si. Os objetos são reduzidos a simples objetos da
consciência ou representações.
Idealismo imaterialista – Berkeley – Para ele só é real o que está na mente do sujeito –
“ Ser é ser percecionado” – O que conhecemos da caneta com que escrevemos são
as sensações visuais e táteis que temos quando a olhamos e a seguramos entre os
dedos. Reduz os objetos a sensações ou ideias, negando a matéria que os constitui.
Idealismo fenomenista - Kant admite a existência da realidade, embora defenda uma
posição idealista. Considera que a existência dos objetos e do mundo que nos
rodeia é tão evidente como a certeza de que existimos e vivemos, pelo que não é
necessário provar que eles existem. No entanto, não podemos nunca saber o que
as coisas são, dado que não as conhecemos em si mesmas. Conhecemos o
fenómeno, mas não conhecemos o númeno. O fenómeno não é a realidade em si,
mas a sua manifestação, o que aparece ao sujeito. O númeno, dados do objeto, só
podem chegar à consciência do sujeito depois de serem captados pela
sensibilidade e ordenados pelo entendimento. Só conhecemos o resultado dessa
captação que é o fenómeno. O númeno, coisa em si, permanece desconhecido.
Origem ou fonte do conhecimento.
• Preocupa-se com o modo como conhecemos. Fazemo-lo através dos
sentidos ou da razão? Ou os nossos conhecimentos terão proveniência dupla
: os sentidos e a razão?
• Empirismo- ( Locke) Defende que a mente humana é à nascença “uma tábua
rasa”. Todas as ideias nela existentes provêm da experiência sensível.
• David Hume considera que existem dois tipos de ideias: impressões e ideias.
• Impressões – sensações fortes ou intensas que temos no momento em que
vemos, ouvimos, tateamos, cheiramos…
• Ideias- representações da memória e da imaginação e, embora baseadas nas
impressões, são mais fracas e esbatidas.
• Para os empiristas “ nada está no pensamento que não tenha estado
primeiramente nos sentidos”.
• Racionalismo –Para os racionalistas, as ideias fundamentais para o
conhecimento humano são inatas, originárias da razão.
• Racionalismo transcendente - Platão- Não podemos confiar nos dados
fornecidos pelos sentidos. Os conteúdos da nossa consciência só podem
provir de um mundo imutável, transcendente- mundo inteligível. O
conhecimento consiste na recordação destas ideias.
• Realismo imanente - Descartes – Considera que o homem possui três tipos
de ideias: factícias, adventícias e inatas.
Origem ou fonte do conhecimento (continuação)
• Ideias factícias – são puras ficções do espírito humano. Devem-se à
imaginação, capacidade de inventar, a partir de coisas materiais,
representações de seres quiméricos. Não têm a ver com o conhecimento da
realidade.
• Ideias adventícias- provêm do exterior, dos objetos captados pelos
sentidos. Apresentam-se ao espírito de modo obscuro e confuso, pelo que
se deve duvidar delas, porque nada garante que correspondam às coisas
reais. Como são enganadoras, não podemos confiar nelas, pois não
permitem um conhecimento verdadeiro.
• Ideias inatas - são originárias da razão, fazendo parte da estrutura racional
do homem. Colocadas na alma por Deus, são as únicas que se prestam a um
verdadeiro conhecimento. E, como Deus não é enganador, elas têm que
corresponder a algo real.
• As ideias inatas são as únicas que funcionam como base segura do
conhecimento e devem-se exclusivamente à razão. Destas ideias podemos
deduzir outras, que são logicamente derivadas das primeiras.
• Apriorismo - Kant- defende que o conhecimento tem dupla origem.
• A priori – refere-se a algo que é anterior e independente da experiência.
Para ele o conhecimento caracteriza-se pela ultrapassagem da dicotomia –
sentidos –razão.
Possibilidade, valor e limites do conhecimento
• Procura saber se é possível ao homem conhecer alguma coisa com
verdade. Qual o valor do conhecimento humano? O homem poderá
conhecer toda a realidade, ou haverá algo que ele não pode
apreender? Quais são os limites do conhecimento?
• Dogmatismo- Defende que a realidade existe e que o homem a pode
conhecer não havendo limites para as capacidades cognitivas do
sujeito. Não duvida da existência das coisas, nem da possibilidade de
serem conhecidas.
• Ceticismo- Os céticos defendem a tese de que é impossível atingir
qualquer certeza, não se pode afirmar nenhum conhecimento como
infalivelmente verdadeiro.
• Criticismo - Determina fronteiras dentro das quais o homem tem
possibilidade de conhecer a realidade.

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