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Sumário
NO CHÃO DA SALA DE AULA
Práticas em Educação
Sumário
Todos os direitos da organizadora. A responsabilidade sobre textos e imagens é do respectivo autor(a).
CONSELHO EDITORIAL
ISBN 978-65-5608-091-8
CDU: 37.091.33
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Gilvanedja Mendes, CRB 15/810
EDITORA
contato@ideiaeditora.com.br
www.ideiaeditora.com.br
Sumário
Sumário
APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................................. 7
SEÇÃO I
EDUCAÇÃO NOS ESPAÇOS DE HIPERMOBILIDADE
SEÇÃO II
NA SALA DE AULA COM A BNCC
SEÇÃO III
PROPOSTAS PARA UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sumário
4. UM OLHAR PARA AS MINORIAS – EDUCAÇÃO PARA OS POVOS CIGANOS .............................................. 230
5. CONTEXTUALIZAÇÃO CULTURAL PARA APRENDIZAGEM DO ALUNO DO CAMPO ................................... 266
6. INCLUSÃO E SOCIALIZAÇÃO DE FILHOS DE CASAIS HOMOAFETIVOS NA ESCOLA .................................... 284
SEÇÃO IV
DEBATENDO ASPECTOS FUNDAMENTAIS NO CHÃO DA ESCOLA
Sumário
No Chão da Sala de Aula |7
APRESENTAÇÃO
E
ste livro foi construído em meio a um contexto inóspito, de transição, em que a
Educação do nosso país, assim como todos os outros setores, passa por um
período de resiliência e reinvenção em virtude de uma Pandemia neste ano de
2020. Aqui reunimos pesquisas que discutem muitos caminhos para que a prática docente
se torne significativa e alcance a aprendizagem de nossos/as estudantes. São artigos com
temáticas contemporâneas, que interessam aos/às professores/as em exercício, assim
como os diversos agentes e estudiosos da Educação.
A primeira seção intitulada A Educação nos espaços de hipermobilidade discute
temas na perspectiva de um ensino amplo, a exemplo da Semiótica como ferramenta de
análise de imagens nas séries iniciais, o Letramento digital e suas demandas para o século
XXI e a Avaliação numa proposta de ensino remoto.
A segunda seção deste livro Na sala de aula com a BNCC temos a elucidação de
conceitos que a Base Nacional Comum Curricular traz, como “Protagonismo”, “Autonomia”,
“Campos de experiência”, “Sujeitos de aprendizagem” e como além de compreendê-los,
precisamos validar e consolidar suas propostas. Ainda, oferece uma importante discussão
sobre a “Pedagogia empreendedora” no Ensino Fundamental, séries iniciais, motivada em
uma experiência de sucesso.
A terceira seção Propostas para uma educação inclusiva, controverte a relevância
de um trabalho com obras e temáticas diversas para o fomento de uma educação para
valorização do multiculturalismo e da diversidade. Temos nessa parte propostas para a
inclusão de um trabalho com a cultura africana e afro-brasileira na sala de aula, a cultura
paraibana, a cultura dos povos ciganos, a educação inclusiva para os estudantes do
Campo e uma delicada discussão sobre a inclusão de filhos de casais homoafetivos na
Escola.
A quarta e última seção do livro traz à luz temas de interesse contínuo na educação
e que ainda carecem de debates, como a indisciplina escolar, a necessidade de uma
educação socioemocional na Escola, a importância da biblioteca escolar como espaço
pedagógico, os desafios e dificuldades para uma gestão democrática e participativa e um
Práticas em Educação |8
1
Doutora em Letras (Universidade Federal da Paraíba); Mestre em Linguagem e Ensino (Universidade Federal de
Campina Grande); Especialista em Literatura e Ensino (Universidade Federal de Campina Grande); Graduada em
Licenciatura Plena em Letras (Universidade Estadual da Paraíba), com habilitação em Língua Portuguesa. Atuou como
redatora de Língua Portuguesa da Proposta Estadual do Ensino Médio no Programa ProBNCC e é coordenadora de
Linguagens na equipe PROBNCC; É colaboradora no Projeto "Desengaveta meu texto" (Fundação Carlos Chagas/Itaú
Social); Formadora no Programa SOMA - PB, Autora do livro "A poesia em movimento: literatura interativa na sala de
aula" (2016, Appris editora); Colaborou como professora da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA/UNAVIDA no
curso de Pedagogia e é pesquisadora nas áreas de Ensino e Aprendizagens Ativas, Literatura e Semiótica, Tradução
intermídia, Poesia visual, Recepção, Suportes de texto e Gêneros digitais.
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SEÇÃO I
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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Graduada em Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú. E-mail:
karinasoutomaior@hotmail.com / E-mail: munizrodrigues@yahoo.com.br
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E é nesse contexto que partimos para a seguinte problemática: Como o uso das
imagens pode ressignificar a aprendizagem dos alunos, de forma mais efetiva e
significativa, frente aos inúmeros meios de informação e comunicação?
Nesse sentido, as imagens fotográficas, sejam elas estáticas e dinâmicas, têm um
enorme potencial como ferramenta de ensino, e transmite as mais variadas informações,
de forma a despertar e desenvolver a consciência crítica dos alunos, no processo de
construção do conhecimento.
Diante do contexto exposto, a pesquisa propôs como objetivo geral assinalar as
contribuições das imagens fotográficas para uma aprendizagem mais significativa. E, para
se atingir o objetivo geral, foram desenvolvidos os seguintes objetivos específicos: a)
investigar os modelos de Pirâmide de Aprendizagem, que classificam os efeitos de
retenção de informações na memória; b) destacar os conceitos da “Teoria Semiótica”; c)
aplicar os conceitos da “Teoria semiótica” na leitura de imagens fotográficas.
Nessa perspectiva, é importante descrever que a relevância acadêmica desse artigo
se justifica, porque segundo pesquisas em banco de dados acadêmicos, como a Biblioteca
Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), e sites de referência como a Scielo, e
o Google Acadêmico - raras foram as pesquisas encontradas que tratam da leitura
semiótica de imagens estáticas e dinâmicas, nas práticas pedagógicas.
No entanto, a pesquisa também se mostra relevante pois estamos cada vez mais
envolvidos em práticas sociais que exigem leitura de textos compostos por diferentes
modalidades semióticas, e a BNCC traz a perspectiva da multimodalidade, e dos
multiletramentos, que serão discutidos mais adiante. Além disso, só corrobora com a
indispensável contribuição das imagens como ferramenta de ensino, que auxilia e contribui
para a nossa formação como pedagogos, futuros mediadores do conhecimento e
responsáveis pela formação de sujeitos autônomos e críticos frente às novas tecnologias
da informação e comunicação.
Sendo assim, nosso aporte teórico para os estudos das representações visuais,
especificamente, a semiótica de imagens fotográficas, partem da análise dos discursos de
autores clássicos e contemporâneos, dentre eles: Aumont (2012), Costa (2013), Joly
(1994), Kossoy (1999), Pierce (2005), Santaella (1983, 2008, 2012, 2018) e North (1998).
A metodologia do trabalho teve como finalidade a pesquisa descritiva -
interpretativista, com o intuito de apresentar conceitos, e de contribuir para ampliar o
conhecimento científico acerca do tema, e no que diz respeito aos objetivos propostos, a
análise contará com o referencial teórico da “Teoria Semiótica” de Peirce, utilizando-se de
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2 LETRUD, Kåre; HERMES, Sigbjørn. Excavating the origins of the learning pyramid myths. Cogent Education.
Published: 3 September 2018. Disponível em: https://www.cogentoa.com/article/10.1080/2331186X.2018.1518638.
Acesso em: 22 de jun. de 2020.
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Fonte:
Diante do exposto, Aumont (2012) conclui que nosso órgão de visão não é um
instrumento neutro, que se contenta apenas em transmitir dados fielmente, mas ao
contrário, é um dos postos avançados do encontro do cérebro com o mundo e que “partir
do olho induz, automaticamente, a considerar o sujeito que utiliza esse olho para olhar uma
imagem” (p.77).
Nesse contexto, estudos antigos mostram que, a partir da observação, o homem
procurou formas de se comunicar e de representar as suas ideias, necessidades e desafios
cotidianos que enfrentavam pela sobrevivência. Assim sendo, surgiram as primeiras
representações visuais - desenhos, pinturas, símbolos e sinais gravados pelos nossos
3 BIGELOW, James; POREMBA, Amy. Achilles’ Ear? Inferior Human Short-Term and Recognition Memory in the Auditory
Modality. Plos One. Published: 26 February, 2014. Disponível em:
https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0089914. Acesso em: 11 de jun. de 2020.
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Portanto, “sem o registro, um acontecimento deixa de existir, perde-se nas brumas e poeiras
do tempo” (SANTAELLA, 2012, p.88), mas a fotografia evoluiu, e vem sofrendo grandes
transformações. Assim, com o avanço das tecnologias digitais, o registrado vira digitalizado e uma
vez digitalizado, tudo pode ser modificado, reconfigurado e reapresentado. Nesse sentido, um novo
mundo se descortina ante os meios de comunicação e para a criação de imagens em programas
gráficos.
Nessa perspectiva, a “explosão da fotografia digital conectada às redes sociais, [...]
possibilitou um aumento de representações visuais mais diversificadas e espontâneas da vida
social”, como postula Salkeld (2014, p.33). As imagens não param de chegar, transformando,
emocionando, incitando o desejo, o consumo, a vaidade, impactando e influenciando o observador.
É justamente pelo,
[...] caráter emotivo, ambíguo e afetivo das imagens, pelo fato delas nos
tomarem desde o primeiro olhar e por poderem nos enganar, o seu uso na
educação envolve informação, conhecimento, preparo e gestão, como
deveria ser em todas as atividades educacionais (COSTA, 2013, p.39).
vez mais, as relações entre palavra e imagem, entre o texto, a foto e a legenda, entre o
tamanho dos tipos gráficos e o desenho da página, [...] (SANTAELA, 2012, p.11).
De tal modo, cada vez mais, estamos envolvidos em práticas sociais que exigem
leitura de textos compostos por diferentes modalidades semióticas, e a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), o mais recente documento que regulamenta quais as
aprendizagens essenciais para o processo de ensino/aprendizagem, define nas suas
diretrizes a importância das “práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do
leitor/ouvinte/espectador com os textos escritos, orais e multissemióticos e de sua
interpretação” (BRASIL, 2017, p.71).
E é nesse cenário que,
[...] a educação tem que rever seu paradigma letrado e adentrar o campo
das imagens e das linguagens tecnológicas para que possa ultrapassar as
barreiras que separam duas culturas: uma, eurocentrada, iluminista e
burguesa, baseada na escrita como forma de produção e controle do
conhecimento; e outra, globalizada, massiva, baseada em múltiplas
linguagens e tecnologias de comunicação [...] (COSTA, 2013, p.23).
Pode-se dizer, portanto, que a educação tem o importante papel de “fazer crianças
e jovens tomarem consciência do ato de ver e de sua riqueza, da complexidade de uma
atividade aparentemente tão banal como olhar o mundo” (COSTA, 2013, p.41). Podemos
concluir, então, que as imagens são fantásticas, e, quando utilizadas de maneira
apropriada, podem desenvolver no aluno a capacidade de ver e pensar, originando uma
infinidade de pensamentos críticos, analíticos e criativos.
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desenvolver a leitura. Para isso, faz-se necessário mudanças, e a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) traz esse desafio às escolas.
A BNCC é um documento “de caráter normativo que define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo
das etapas e modalidades da Educação Básica” (BRASIL, 2017, p.07). Tornando-se,
assim, o principal norteador na formulação dos currículos das escolas públicas e privadas
do Brasil, que procura contemplar a cultura digital com suas diferentes linguagens.
A BNCC dialoga com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e
com documentos já existentes no cenário educacional, como os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), que organizam seus conteúdos e metodologias buscando o
“conhecimento de formas contemporâneas de linguagem” (BRANDÃO, 2015, p.101). No
entanto, os estudos de linguagens evoluíram bastante e a BNCC vai além do conhecimento
geral básico, mas incorpora, nas práticas pedagógicas, o uso de linguagens diversificadas,
“verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e,
contemporaneamente, digital” (BRASIL, 2017, p.63), trazendo, ao ensino da língua
portuguesa, novas concepções de leitura.
O texto – oral, escrito, multimodal/multissemiótico torna-se o centro das atividades
de linguagem nas escolas, trazendo novos paradigmas e estabelecendo novas práticas no
processo de ensino/aprendizagem, desenvolvendo, de maneira integral, habilidades e
competências para formar todos os alunos. Para isso, estabelece, a partir do Ensino
Fundamental, eixos de integração, correspondente às práticas de linguagem, como a
“oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística
(BRASIL, 2017, p,71). A Leitura no contexto da BNCC é tomada,
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Ao abordar a semiótica de Pierce, Joly (2007) explica, que um signo mantém uma
relação solitária entre pelo menos três polos: a face perceptível do signo – representamen
ou significante; aquilo que representa: objeto como referente; e aquilo que significa:
interpretante ou significado. Na definição de Peirce, signo, objeto e interpretante,
constituem o que é chamado de representação triádica do signo. (Figura 4).
Figura 4 - Tríade semiótica de Peirce sobre a relação entre signo, objeto e interpretante.
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[...] não há nada mais natural, portanto, do que buscar, nas definições e
classificações abstratas dos signos, os princípios-guias para um método de
análise a ser aplicado a processos existentes de signos e às mensagens
que elas transmitem, tais como aparecem em poemas, músicas, pinturas,
fotos, filmes, matérias de jornal, dança, peças publicitárias etc.
(SANTAELLA, 2018, p.05).
Não há dúvidas que a Semiótica é uma ferramenta útil para flagrar os segredos do
mundo das linguagens, para tanto, precisa ser incorporada nas práticas pedagógicas, com
o objetivo de desenvolver nos alunos a “sensibilidade necessária para saber como as
imagens se apresentam, como indicam o que querem indicar, qual é o seu contexto de
referência, como as significam, como elas pensam, quais são os seus modelos específicos
de representar a realidade” (SANTAELLA, 2012, p. 13). Entretanto, é importante destacar
que,
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a semiótica não é uma chave que abre para nós milagrosamente as portas
de processos de signos cuja teoria e prática desconhecemos. Ela funciona
como um mapa lógico que traça as linhas dos diferentes aspectos através
dos quais uma análise deve ser conduzida, mas não nos traz conhecimento
específicos da história, teoria e prática de um determinado processo de
signos. Sem conhecer a história de um sistema de signos e do contexto
sociocultural em que se situa, não se pode detectar as marcas que o
contexto deixa na mensagem (SANATELLA, 2018, p. 06)
Pode-se assim constatar, que a semiótica é uma ferramenta que analisa os signos,
de forma mais abrangente e detalhada, e que a prática de inserção da leitura de imagens
nas atividades educativas, deve ser incorporada em todas as etapas do ensino, de modo
a desenvolver nos alunos novas habilidades de leitura.
sua aula e o recorte teórico e ideológico sob o qual será apresentado” (COSTA, 2013, p
.55, grifo do autor).
Além disso, é importante considerar a idade e a maturidade dos alunos, tendo em
vista que, “Se o repertório de informações do receptor é muito baixo, a semiótica não pode
realizar para esse receptor o milagre de fazê-lo produzir interpretantes que vão além do
senso comum” (SANTAELLA, 2018, p.06).
O objetivo de introduzir a semiótica nas práticas pedagógicas, não é impor os
conceitos da “Teoria Semiótica” aos alunos, mas mediar e incentivar a busca por
evidências, sem induzir quaisquer interpretações. Em outras palavras, é fazer o aluno
pensar e aprimorar a percepção visual.
Uma das questões mais importantes do nosso trabalho é, apontar caminhos para o
professor aplicar a semiótica peirceana, na análise de imagens, para tanto, construímos uma
sequência narrativa de imagens fotográficas, retiradas de um banco de imagens5, para explicar de
forma prática, a aplicação dos conceitos da “Teoria Semiótica”, especificamente em relação aos
pressupostos da Segunda Tricotomia – ícone, índice e símbolo, como ferramenta de estratégia de
leitura. (Fotografia 1).
Fonte: Freepik6
É preciso considerar que uma fotografia se configura como signo icônico por ser semelhante
a algo, ou seja, o ícone se assemelha com uma verdade – um objeto. Para identificar um signo
5 Imagens retiradas e modificadas, do banco de imagens Freepik, com o objetivo de construir uma sequência narrativa
de imagens fotográficas, com elementos que dialogam entre si.
6 Disponível em: https://www.freepik.com/premium-photo/recycle-picking-plastic-cup-up-beach_6602712.htm.
Acesso em: 28 de jun. de 2020.
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Para os mesmos autores, o amarelo é uma das cores que chama mais atenção, e
que desperta os impulsos de adesão, sendo muito usado para atrair o olhar para um objeto.
A cor pode ter uma associação material ou afetiva, de acordo com as convenções sociais
e culturais de cada um, nesse caso, o amarelo pode ser alegria, euforia, ação, alerta,
esperança, expectativa etc. (FARINA; PEREZ; BASTOS, 2011). O alerta, por exemplo,
pode estar associado ao amarelo da sinalização do semáforo.
Portanto, para interpretar a fotografia, é preciso dirigir nossa atenção às simbologias
e relacionar todos os elementos presentes na imagem, para “reconstituir os textos que tais
imagens significam” (FLUSSER, 1985, p.10). Do ponto de vista semiótico, a fotografia
analisada pode ser interpretada de várias formas. Cabe ao professor instigar os alunos
para as possibilidades (Quadro 3)
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Fonte: Freepik7
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atenção. Dessa vez, há a presença de vários ícones com formatos cilíndricos, assim como
uma figura levemente ovalada, sem definição muito específica. Outro ícone observado é a
sensação de movimento na imagem, e um ponto de luz mais intenso no centro da
fotografia.
No segundo nível de percepção,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desse artigo, procuramos analisar como o uso das imagens podem
ressignificar a aprendizagem dos alunos, de forma mais efetiva e significativa. Para
responder a esse questionamento, buscou-se investigar os modelos das Pirâmides de
Aprendizagem, com o objetivo de apresentar a classificação dos efeitos de retenção de
informações na memória, através de estímulos visuais, como também, destacamos os
conceitos definidos da “Teoria Semiótica”, de Peirce, para a leitura de imagens fotográficas,
de forma a familiarizar os profissionais da educação a estabelecerem novas metodologias
de ensino/aprendizagem.
Dentro do contexto semiótico, também foi analisado a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), que incorpora, nas práticas pedagógicas, novas concepções de leitura,
que os educadores precisam considerá-los, para oferecerem aos alunos, novas
perspectivas de ensino, em diferentes áreas do conhecimento.
Por último, foi analisado uma sequência de imagens fotográficas, a luz da “Teoria
Semiótica” de Peirce, que mostrou, na prática, que o resultado da leitura semiótica das
imagens é consistente e bastante relevante ao fornecer conhecimento e novas ideias para
professores e educadores incluírem nas suas práticas pedagógicas e sequências didáticas,
o uso de imagens como instrumento facilitador da aprendizagem.
A metodologia do nosso trabalho foi importante para ampliar o conhecimento
científico acerca do tema, além de mostrar a necessidade de futuras pesquisas, para uma
maior compreensão do processo de significação de uma imagem estática e dinâmica pela
semiótica peirceana.
Diante dos estudos realizados, o objetivo geral do nosso trabalho foi alcançado. De
fato, é possível ressignificar a aprendizagem dos alunos, por meio das representações
visuais, como a leitura semiótica de imagens fotográficas.
Cabe ressaltar que uma imagem fotográfica pode despertar o interesse, a
curiosidade e a participação ativa dos alunos em sala de aula, como também pode garantir
uma infinidade de significados e convenções que, muitas vezes, não é facilmente
perceptível, mas é possível, aplicando os conceitos semióticos de Peirce, como ferramenta
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REFERÊNCIAS
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Papirus, 2012.
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BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1991.
BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Tradução: Júlio Castañon Guimarães. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1984. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1e_va3agzKsgL90-
HrmX8vhCkN7U58Ttq/view. Acesso em: 20 de julho de 2020.
BIGELOW, J.; POREMBA, A. Achilles’ Ear? Inferior Human Short-Term and Recognition Memory in
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PIGNATARI, Décio. Semiótica & Literatura. 6.ed. – São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. Disponível em:
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SALKELD, Richard. Como ler uma fotografia. Tradução: Denis Fracalossi. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.
Título original: Reading Photographs. An Introduction to the theory and Meaning of Images. ISBN 978-85-
8452-061-9. E-book.
SANTAELLA, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasilience. 1983. Disponível em:
https://www.nucleodepesquisadosex-votos.org/uploads/4/4/8/9/4489229/146282759-o-que-e-semiotica.pdf.
Acesso em: 10 de maio de 2020.
SANTAELLA, Lucia. Semiótica Aplicada. 2.ed. São Paulo: Cengage Learning; 2018. ISBN 978-85-221-
2642-2.
SANTAELLA, Lucia. Leitura de imagens. São Paulo: Melhoramentos, 2012.
SANTAELLA, Lucia; NORTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. 1.ed, São Paulo: Iluminuras,
2008.
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Marcelo Pimenta. (org.). Teorias da imagem na antiguidade. 1.ed. São Paulo: Paulus, 2012, p. 269-285.
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Graduada em Licenciatura em Pedagogia.
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humano teve suas contradições nas últimas décadas exigindo modificações de modo que
alguns conceitos como respeito, amor e tolerância entraram no obsoleto processo de
apagamento.
Cabe discutir um pouco aqui sobre como, no Brasil se deu esse processo
progressivo da educação. Com a chegada dos jesuítas no Brasil, no período colonial, onde
eram ensinados através da religião, os portugueses tentavam catequisar os índios como
forma de educa-los, assim, a educação foi marcada entre a religião e o letramento, mas ler
e escrever foram apenas caminhos para se chegar à Escola, porquanto em tempos
remotos, a educação era privilégio dos ricos.
De acordo com Cardoso (2011), 1759 com a expulsão dos jesuítas do Brasil,
ocorrem mudanças na prática educacional de ensino, então a Companhia modificou o
comando da educação nas colônias para o Estado, assim, originou-se nesse período as
aulas régias, também chamadas de estudos menores que foi a primeira sistematização do
ensino público, com um só professor. A educação Jesuíta não era útil para os interesses
comerciais, visto pelo Estado, no entanto o Marquês de Pombal acabou expulsando os
missionários da Companhia de Jesus, atrás do Alvará Régio, que era um termo jurídico
antigo usado para designar um edito real.
Segundo Ribeiro (1998, p.35)
seus objetos de estudo e construir o seu próprio conhecimento acerca do mundo através
de suas experiências vividas. Insiste que “... ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para sua própria produção ou construção” (FREIRE, 2003, p.47),
contudo havendo uma troca de experiências, não esquecendo que a educação tem que
ser vivenciada pelo agente pelo educando.
Decerto, o RECNEI, foi criado com o objetivo de auxiliar o professor da Educação
Infantil, proporcionar ao aluno uma imagem positiva de si, descobrindo o conhecimento ao
longo do processo seu próprio corpo, além de estabelecer vínculos de afetos com a
sociedade, (BRASIL 1998).
Segundo a BNCC, os pilares da educação são aprender a conhecer; aprender a
fazer; aprender a viver e aprender a ser. Nessa perspectiva, a Base oferece oportunidades
de aprendizagem ao longo da Educação Básica, apontando a necessidade de uma
qualificação mais abrangente, com trabalho conjunto, desenvolvendo a competência para
realizar projetos comuns, respeito e valores ao outro, possibilitando ao indivíduo um
desenvolvimento integral (BRASIL, 2017).
Dessa forma, o professor não é mais o “detentor do saber”, mas aquele que atua
para o protagonismo do aluno de modo conjunto, mediando os diversos saberes,
estratégias e suportes de aprendizagem. Ele deve trabalhar de acordo com o conhecimento
de cada aluno, mediante as diversas realidades que se apresentam na escola,
oportunizando aos alunos lugar de expressão de suas dificuldades, do que aprendeu e do
que precisa aprender, considerando o espaço e tempo de cada aluno para uma
aprendizagem significativa, conforme afirma Libâneo (1994, p. 250).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 41
Segundo Freire (2001), a tecnologia tem causado uma grande mudança no âmbito
escolar, mas vale lembrar de toda forma, que o professor como mediador, por mais que
seja a metodologia através da tecnologia é necessária à presença do professor, para ajudar
o aluno a ser uma pessoa crítica, pensante capaz de solucionar qualquer que seja a
problemática.
Desse modo, o professor deve incentivar o aluno a sonhar, ter a esperança sempre
viva e principalmente ele deve mostrar ao aprendiz o amor pela formação do mesmo. É
nesse sentido são cobradas ao educador questões de competências, habilidades e
liderança. No entanto, cabe ao profissional buscar sua formação continuada, especializar-
se na sua área de atuação, procurar sempre estar atualizado com as inovações
tecnológicas pra saber melhor manusear e passar para o outro tudo que ele aprendeu.
Nesse sentido, o professor do século XXI precisa necessariamente estar sempre
procurando algo novo e a tecnologia é algo que chega a deslumbrar aos olhos dos jovens
estimulando aos mesmos que tudo é possível quando se quer alcançar algo.
A educação não se reduz à técnica, mas não se faz educação sem ela.
Utilizar computadores na educação, em lugar de reduzir, pode expandir a
capacidade crítica e criativa de nossos meninos e meninas. Dependendo
de quem o usa, a favor de que e de quem e para quê. O homem concreto
deve se instrumentar com recurso da ciência e da tecnologia para melhor
lutar pela causa de sua humanização (FREIRE, 2001, p.98).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 43
Nessa perspectiva, precisa estar convicto que se faz necessário para a formação e
atuação do educador, precisa ser ousado em suas pesquisas e práticas pedagógicas para
ele não se perca no decorrer de sua profissão, levando assim anos de estudos de água
abaixo. Contudo, vive em meio a uma geração de alunos nativos, ansiosos por
conhecimentos e o professor facilitará os caminhos para novas descobertas.
Entretanto, tudo aquilo da invenção humana, a criação de diversos equipamentos
com o uso de ferramentas para melhorar o meio em que vivemos, usando cada recurso
para desenvolver técnicas para aperfeiçoamento em diferenciados meios de comunicação,
vem da inteligência e de pesquisas com as experiências significativas, onde podemos notar
esse progresso com o avanço da tecnologia, observando tamanha inteligência humana.
Sobre isso, Kenski (2012, p. 22) aponta que “[...] a expressão ‘tecnologia’ diz
respeito a muitas outras coisas além das máquinas. Então, segundo esse autor, o conceito
tecnologia engloba a totalidade de coisas que a engenhosidade do cérebro humano
conseguiu criar em todas as épocas, suas formas de uso, suas aplicações”.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, entende-
se que é necessário que o professor trabalhe de forma sintonizada os conteúdos, que
devem ser organizados de forma conjunta para que o aluno possa se envolver e conseguir
entender o que está sendo transmitido em sala de aula, de forma prática, com relação a
todo o desenvolvimento (BRASIL, 1998).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 45
Corroborando com Pereira (2011), Ramos (2014) defende que o uso da informática
na educação não deve ficar concebido ou resumido apenas à disciplina do currículo, mas
carece da sua utilização como um recurso de auxílio do professor na integração do
conteúdo e, principalmente, quanto ele é mediado de forma remota.
Da mesma forma, Lacerda e Santos (2017), afirmam que as novas mídias não
mudam os planos (emissor-mensagem-receptor), mas mudam o método de interação. E
tal mudança se apresenta como um novo desafio que o docente tem que enfrentar.
Contudo, para que o professor consiga desempenhar a função de educador, é preciso que
ele reconheça formas de aprendizagem dos alunos e meios para ensiná-los.
Nessa perspectiva, e no que diz respeito à tecnologia, o uso da informática implica
em novas formas de comunicação e de aprendizado, pois, com o uso da tecnologia em
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 46
Fonte: www.adobe.com/br/products/draw.html
b. Adobe Photoshop Mix (ver Figura 2), possibilita que alunos e professores
colem e combinem imagens, alterem cores e aprimorem fotos.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 47
c. Adobe Spark (ver Figura 3), oferece uma ferramenta com várias
funcionalidades e permite que o professor possa criar gráficos, vídeos e
páginas da web.
Fonte: spark.adobe.com/pt-BR/
d. Explain Everything (ver Figura 4), por meio dela, os alunos podem animar
seus pensamentos em um quadro interativo e colaborativo.
Fonte: explaineverything.com/
e. WeVideo (ver Figura 5), permite que os alunos editem vídeos e realizem a
gravação de tela e voz.
Figura 5 - WeVideo.
Fonte: www.wevideo.com
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 48
a. Motion Math (ver Figura 6), é uma ferramenta que corrobora com o professor
para o ensino da matemática que pode ser adaptado para sala de aula e é
especialmente direcionado para os alunos de séries iniciais do ensino
fundamental. O Motion Math possui mais de 900 (novecentos) níveis de
conteúdo de matemática, que faz com que os alunos se sintam desafiados a
subir de nível no jogo.
Fonte: https://motionmathgames.com/
b. Newsela (ver Figura 7), é uma ferramenta bastante robusta, voltada para a
leitura digital, que se alinha aos currículos por apresentar os textos
organizados por área de conteúdo, em que oferece ao professor a liberdade
de selecionar as leituras dos textos por área de conteúdo e permite ao aluno
ter uma experiência com a leitura digital diferenciada, com textos
interessantes para o seu processo de aprendizagem. A ferramenta está
disponibilizada de forma gratuita e pode ser acessada pelo navegador do
computador ou pelo celular.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 49
Figura 7 - Newsela.
Fonte: https://newsela.com/
Tarter (2016) afirma que a busca por novos desafios no trabalho cotidiano é a
essência da interdisciplinaridade e que visa integrar a prática educativa em constantes
diálogos nas diversas disciplinas. Assim, o professor também poderá integrar a
interdisciplinaridade às aulas remotas das séries iniciais do ensino fundamental por meio
de várias ferramentas. São elas:
a. Edpuzzle (ver Figura 8), por meio dessa ferramenta o professor pode avaliar
seus alunos a partir da compreensão de vídeos. Em que o professor importa
um vídeo do seu computador, celular, Youtube, etc. e pode adicionar diversas
atividades incorporadas ao vídeo, inclusive questionários, e disponibilizar
para o aluno.
Figura 8 – Edpuzzle.
Fonte: https://edpuzzle.com/
b. Smartkids (ver Figura 9), permite que o professor monte diversas aulas de
forma mais interativa, dinâmica e lúdica sobre assuntos variados.
Figura 9 – Smartkids.
Fonte https://www.smartkids.com.br/
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 50
c. JABtalk AAC (ver Figura 10), é uma ferramenta voltada para a inclusão. Uma
alternativa de comunicação que foi desenvolvida para ajudar crianças mudas
a comunicarem-se. Segundo os desenvolvedores3, a ferramenta é citada por
fonoaudiólogos como um dispositivo de comunicação aumentativa e
alternativa (AAC).
Figura 10 – Smartkids.
No ensino remoto para as séries iniciais do ensino fundamental, o aluno não tem
somente a sua frente uma folha de papel para construir sua escrita ideológica. Segundo
Silva (2019), no ensino remoto, há meios capazes de corroborar com o professor e auxiliar
o aluno no caminho da construção alfabetizadora e do letramento digital, direcionando-o
para uma visão de mundo sob um novo pilar da comunicação célere, interativa e
cooperativa.
Também, Araújo (2008) afirma que esse novo advento de letramento reflete na
introdução e expansão das tecnologias. Sendo assim, o processo de troca e disseminação
da informação e comunicação se torna muito mais dinâmico e acessível à sociedade.
Diante desse contexto, selecionamos sites (Ver Quadro 1) que podem inspirar professores
à inovação que apresentam diversas práticas pedagógicas.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 51
Site Descrição
Fonte: Própria.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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BRASIL, M. E. C. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf. Acesso em: 23 de junho de 2020.
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Curso de Graduação Lato Sensu em Docência do Ensino superior. Rio de Janeiro, 2011.
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aula invertida. Educar em Revista, 79-97.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 54
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O ano de 2020 tem sido atípico, não apenas para nós brasileiros, mas, para todo o
mundo. Isso em virtude da emergência de saúde pública ocasionada por um vírus, até
então desconhecido pelos cientistas, denominado COVID-19. Esse novo coronavírus, por
sua propriedade de rápida disseminação em todos os continentes, foi caracterizado em 11
de março de 2020 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma Pandemia,
recomendando-se para a sua contenção a identificação dos casos através de testes
massivos, o tratamento destes e o distanciamento social da população em geral.
O poder executivo, por meio de decretos e outros instrumentos normativos, tem
tentado administrar o enfrentamento dessa emergência de forma a minimizar o contágio e
consequentemente manter o achatamento da curva de contaminação de modo a não
sobrecarregar o sistema de saúde, evitando-se o colapso do mesmo.
Dentre estas medidas, adotou-se, inicialmente, a suspensão das atividades
escolares. No entanto, dadas as pesquisas ainda incipientes sobre o vírus, e, portanto, a
imprevisibilidade de normalização desses serviços, fez-se necessária a reorganização dos
calendários escolares, bem como a realização de atividades pedagógicas não presenciais
durante o período de pandemia da COVID-19.
Com vistas a minimizar os prejuízos educacionais causados pela necessidade de
isolamento social, tais como a dificuldade de reposição das aulas suspensas e o
consequente comprometimento do calendário escolar, retrocessos no processo de
aprendizagem, evasão, entre outros, foi homologado pelo Ministério de Educação (MEC)
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, em Psicologia pela Universidade Estadual
da Paraíba – UEPB e pós-graduanda em Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica pelo Instituto de Educação Superior
da Paraíba – IESP.
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Sumário
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professor a tomar decisões sobre o seu trabalho”. Ou seja, para o autor, a avaliação ocupa
o papel norteador do planejamento e atuação docente.
Assim, para Libâneo (1994), a avaliação se trata de refletir acerca do nível de
qualidade do trabalho escolar não apenas do aluno, mas também da práxis docente, sendo
uma atividade complexa, impossibilitando, portanto, resumi-la à mera realização de provas
e atribuição de notas. A superação (ao menos teórica) dessa ideia simplista e problemática
da avaliação como método de seleção e classificação foi sendo dada ao longo do tempo,
a partir das pesquisas na área que permitiram que as concepções pedagógicas que
permeiam a avaliação nesse contexto fossem mudadas. E é importante que saibamos
como se deu esse processo.
Para início de conversa, é necessário que abandonemos a ideia de avaliação como
atividade neutra, pois ela está longe de sê-lo. Nesse sentido, Luckesi (2005, p. 28) afirma
que “[…] a avaliação não se dá nem se dará num vazio conceitual, mas sim dimensionada
por um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica”. Isto é,
para o autor, o exercício da avaliação não é uma atividade gratuita, mas sim, a serviço de
uma pedagogia que reflete uma concepção teórica de educação e sociedade.
Nesse seguimento, quanto à compreensão da natureza da avaliação, Lima Filho e
Trompieri Filho (2013) corroboram com o referido autor afirmando que o estabelecimento
do modelo teórico, procedimental, instrumental, dos critérios correcionais e da própria
exposição dos resultados são determinados por vínculos ideológicos relacionados a
tendências e momentos socioeconômicos e político-organizacionais. Nessa perspectiva,
Guba e Lincoln (1989), citados pelos referidos autores, defendem quatro fases de evolução
do conceito de avaliação: mensuração, descrição, julgamento e negociação.
Nesse contexto inicial, é importante destacar que, nesse período, os testes e
técnicas de medição padronizados eram amplamente utilizados na chamada “psicometria”
entre o final do século XIX e o início do século XX. E, como nessa época, buscava-se
contribuições da Psicologia para a educação, a primeira geração da avaliação educacional
acabou por “herdar” essa metodologia que tinha o teste como principal instrumento.
A referida geração (da mensuração) foi marcada pela ideia de transmissão do saber
pelo professor, que ocupava o papel central no processo de ensino/aprendizagem, onde o
aluno, por sua vez, tinha papel passivo, devendo apenas reproduzir tal qual foi ensinado,
sendo essa capacidade de reprodução tida como o conhecimento adquirido. Realizada
sempre no final de um período de ensino, a aprovação ou reprovação seria consequência
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desse ato e a reprovação tida como inaptidão do aluno, sendo desse modo,
responsabilidade exclusiva dele.
Obviamente, a primeira geração apresentava falhas, dentre tantas, a ausência da
descrição de dados acerca de padrões e critérios na busca da melhoria do desempenho
dos alunos. A segunda geração, por conseguinte, deu conta dessa demanda, questionando
a exclusividade dos dados quantitativos e, por isso, passou a ser conhecida por essa
atribuição descritiva, prevalecendo durante os anos 30 e 40 do século XX, de acordo com
Lima Filho e Trompieri Filho (2013). Passou-se, então, a questionar a serventia dos dados
coletados. Ainda que mantivesse um caráter de natureza retroativa na comparação entre
os objetivos propostos e o desempenho dos alunos ante a eles, e um sistema referencial
igual para todos, a avaliação conquistou uma dimensão pedagógica. No entanto, a
realização da mesma sempre no final do período de ensino/aprendizagem e a ênfase dos
resultados finais continuou.
Posteriormente, na década de setenta, sob forte influência das pesquisas em
ciências sociais de interpretação de realidades a partir de fenômenos, a avaliação ganhou
um aspecto qualitativo onde passou a ser influenciada pela posição ideológica dos
avaliadores no processo de interpretação dos fatos, tendo isto, importante papel para o
surgimento da terceira geração. Esta, caracterizada pelo “julgamento”, mantém alguns
aspectos das gerações anteriores no que se refere à mensuração e descrição, no entanto,
questiona a padronização dos testes e a idéia de avaliação como sinônimo de medida,
passando a considerar o julgamento como crucial no processo, ou seja, nessa fase, a
justiça era o critério orientador (Lima Filho e Trompieri Filho, 2013).
Nessa terceira geração, já se percebe a tendência para um olhar individualizado
sobre o aluno no momento em que há um questionamento acerca da padronização dos
métodos avaliativos, considerando, portanto, a necessidade da multiplicidade de métodos
tendo em vista a heterogeneidade dos discentes. As características individuais
começaram, então, a ser consideradas, muito embora, os critérios avaliativos utilizados
pelos professores nesse processo fossem um tanto quanto questionáveis.
Quanto ao estabelecimento de critérios adequados, Luckesi (2005) diz que a
ausência de articulação dos procedimentos com o processo de ensino-aprendizagem é o
que permite essa arbitrariedade por parte do professor, pois, a presença dessa articulação
impossibilitaria a disposição deles a bel-prazer do responsável pela referida atividade no
contexto educacional.
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Portanto, percebe-se que a decisão dos critérios e métodos avaliativos não pode ser
dada à revelia dos objetivos necessários à fase em questão, e o estabelecimento desses
objetivos dar-se-ão considerando a relevância das habilidades para o que se almeja.
A partir da década de noventa, inicia-se a geração da “negociação”, tendo como
ênfase a relação dialógica entre professor e aluno, e a participação coletiva e negociada
na construção do conhecimento. Essa geração se aproxima de uma perspectiva
construtivista, onde o aluno torna-se agente regulador de sua aprendizagem, sendo a
autoavaliação privilegiada (Lima Filho e Trompieri Filho, 2013).
Percebe-se, desse modo, que na quarta geração, a concepção do aluno sofreu uma
mudança na qual ele passou a ser considerado um sujeito ativo e participativo, e o
professor passou a ocupar um papel mediador no processo de ensino aprendizagem com
a utilização de métodos de avaliação diversos e com critérios claros e definidos de maneira
dialógica com os alunos que também passaram a se autoavaliar. Esse processo de
autoavaliação pode ser colocado como um dos tipos de avaliação, sendo, além deste, os
mais discutidos: a avaliação diagnóstica, a formativa e a somativa, dos quais trataremos a
seguir.
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aprendizagem, eles devem tornar-se ativos também no seu processo de avaliação” (p.
156). Deve-se, portanto, fomentar a autonomia do sujeito nesse sentido inclusive no
processo de decisão dos critérios aplicados.
Mesmo com os estudos recentes apontando para a necessidade de uma avaliação
participativa e que leve em conta a individualidade, a subjetividade e, portanto, os aspectos
qualitativos dos dados coletados, concepções pedagógicas tradicionais de avaliação ainda
estão presentes no contexto educacional, ou seja, ela ainda tem sido utilizada por muitos
como instrumento de classificação, dominação e repressão, justificando o medo que muitos
alunos sentem com a simples menção à palavra.
A avaliação, não raro, é utilizada como forma de punição e controle, com ameaças
de provas difíceis como consequência do mau comportamento dos alunos. Desse modo,
percebe-se que o medo é implantado conscientemente como forma de mecanismo de
exercício de autoridade. Ou seja, ela ocupa, nesse cenário, um papel disciplinador. Sendo
importante frisar o fato de que a avaliação não é sinônimo de prova, sendo esta, apenas
um dos instrumentos passíveis de utilização no processo de recolhimento de dados que
serão (ou ao menos deveriam ser) avaliados a posteriori, mas que, no caso, é o instrumento
privilegiado desse mecanismo autoritário.
Além da problemática do uso autoritário da avaliação, existe outra, tão danosa
quanto, que é a supervalorização da nota. E isso é problemático tanto por, nesse caso, a
avaliação ser vista como tendo um fim em si mesma, como pelo fato de que inúmeros
fatores podem influenciar no desempenho do aluno em uma prova, por exemplo. Esse é o
grande problema da avaliação estática, feita em um único momento. A esse respeito,
Hoffmann (1991, p.54) afirma que “A quantificação não é nem indispensável nem essencial
à avaliação. É uma ferramenta de trabalho útil, se assim for entendida”.
Outra importante questão a ser considerada no que se refere à avaliação, é a visão
que se tem do erro. O erro precisa ser um momento de reflexão e não de classificação ou
comparação com os demais alunos. Ele também precisa estar a serviço da aprendizagem,
ser interpretado para que se conheça o que está por trás desse possível retorno
inapropriado, que aspectos subjazem a ele, e usar isso como norte para práticas que
permitam a sua superação.
Deve-se, portanto, utilizar a avaliação como mediadora da experiência educativa,
como diz Hoffmann (2009), acompanhando o aluno no processo de ação-reflexão-ação.
Entendendo que “a dinâmica da avaliação é complexa, pois necessita ajustar-se aos
percursos individuais de aprendizagem que se dão no coletivo e, portanto, em múltiplas e
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Comitê Gestor da Internet no Brasil2 (CGI.br) e divulgada em 2019, estima-se que 58% dos
domicílios brasileiros não possui computadores e 33% não dispõem de internet.
Desse modo, percebe-se que, embora haja um crescimento exponencial da
tecnologia atualmente, a desigualdade social, em grande medida, ainda impossibilita o
acesso de muitos à mesma. Sendo essencial, portanto, o investimento por parte do poder
executivo para que se tenha a garantia dos recursos necessários ao exercício da cidadania.
Sendo este também um direito previsto constitucionalmente. Por conseguinte, para o pleno
exercício desta, o sujeito precisa ter subsídios que o permitam intervir na sua realidade.
Ou seja, se se pretende utilizar o ensino remoto como alternativa, é necessário que todos
tenham a possibilidade do seu usufruto.
Em se tratando de ações pedagógicas, é importante citar também a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (Lei 9.394/96) que regulamenta a estrutura e o funcionamento do
sistema de educação do país com base nos princípios constitucionais. Na alínea “a”, inciso
V, do artigo 24 do referido documento, é exigida a observância de alguns critérios para a
avaliação, dentre eles: a “Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do
período sobre os de eventuais provas finais” (BRASIL, 2017, p.18). Ou seja, deixa claro
que deve haver um acompanhamento contínuo do aluno.
Já os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN elaborados pelo Governo Federal
e consolidados em 1997 (do 1º ao 5º ano), 1998 (do 6º ao 9º ano) e 2000 (ensino médio),
tratam-se de diretrizes de orientação para cada disciplina, tratando especialmente do
cotidiano escolar. Nos PCN, a avaliação é tida como parte intrínseca do processo
educacional que orienta a intervenção pedagógica através da contínua reflexão do
professor sobre a sua prática. Enfatizando a importância da clareza dos conteúdos e das
expectativas de aprendizagem até para que o aluno construa instrumentos de
autorregulação da mesma. A delegação da avaliação para o aluno cumpre, portanto,
importante função didática. Ou seja, segundo esses parâmetros, a avaliação não deve ser
considerada função exclusiva do professor (embora seja de responsabilidade dele).
Outro documento normativo relativo à educação são as Diretrizes Curriculares
Nacionais, criadas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação,
que teve sua última versão publicada em 2013. Essas diretrizes são leis que orientam o
planejamento curricular estabelecendo metas e objetivos a serem alcançados. Se
2
O referido comitê foi criado pela Portaria Interministerial nº 147 de 31 de maio de 1995 com o intuito de
estabelecer diretrizes relacionadas ao uso e funcionamento da internet no país. Link da pesquisa:
<https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/12225320191028-tic_dom_2018_livro_eletronico.pdf>.
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originando na LDB, já propunham uma base nacional comum que fosse complementada
por cada sistema de ensino e estabelecimento educacional buscando, portanto, a equidade
de aprendizagens. No que diz respeito à avaliação, reafirma aspectos da LDB,
acrescentando a indicação da multiplicidade de instrumentos avaliativos.
E o que temos de mais recente no que se refere a documentos normativos é a Base
Nacional Comum Curricular - BNCC, que é o documento que define as aprendizagens
essenciais a serem desenvolvidas pelo aluno na educação básica. Foi homologada em
2017 e é hoje a referência obrigatória para a organização dos currículos estaduais e
municipais. Em se tratando de avaliação, ela também preceitua a avaliação formativa e o
seu uso para a melhoria do desempenho da escola, do professor e dos alunos. E, acerca
das tecnologias, ela preconiza na quinta competência geral da educação básica a criação,
o uso e a compreensão das tecnologias digitais de forma crítica e reflexiva nas diversas
práticas sociais, dentre estas, as escolares.
Nota-se, portanto, que embora os referidos documentos tenham uma concepção de
avaliação formativa, eles não foram pensados para o uso em situações remotas e que,
muito embora, a quinta competência da BNCC indique o desenvolvimento de competências
relacionadas à tecnologia, isso não é o que tem sido visto na prática.
E o fato mencionado pode ser explicado por um dado referente à pesquisa
“Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios de
Coronavírus no Brasil” elaborada pelo Instituto Península 3. Segundo ele, antes da
pandemia, 88% dos professores nunca tinham dado aula remota e 88,3% sentem-se nada
ou pouco preparados para ensinar nesta modalidade e que até o momento da pesquisa, a
maioria deles não tinha recebido nenhum apoio ou treinamento para ensinar à distância.
Os referidos dados demonstram, portanto, a inexperiência dos professores com o
ensino remoto e reiteram a importância de uma formação adequada docente para que
possam não apenas fazer bom uso dessas tecnologias, como também orientar os alunos
a fazê-lo. Pois, embora estes sejam chamados “nativos digitais”, o uso da tecnologia por si
só, não garante a aquisição de conhecimentos relevantes e, sem a devida orientação, os
alunos farão apenas um uso alienado da mesma.
À vista disso, é evidente que o ensino e avaliação remotos são desafios, mas, se os
recursos forem otimizados, os ganhos educacionais podem ser bastante consideráveis. O
professor deve, desse modo, tentar integrar as tecnologias com as metodologias ativas, ou
3
O Instituto Península é uma organização sem fins lucrativos que atua nas áreas de educação e esporte. Link da
referida pesquisa realizada pelo instituto: <https://www.institutopeninsula.org.br/wp-
content/uploads/2020/05/Covid19_InstitutoPeninsula_Fase2_at%C3%A91405-1.pdf>.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 65
seja, o aluno mais do que nunca precisa ser fomentado a ser o protagonista e responsável
por seu processo de aprendizagem. Sendo importante frisar que não se trata de delegar a
função de professor a outrem, mas de repensar o seu papel tradicional como centro e
assumir o papel de articulador nesse processo.
Assim sendo, para que o desenvolvimento dessa autonomia do aluno se dê, deve-
se utilizar metodologias que permitam isso. A exemplo, temos a utilização de webquests,
que são pesquisas na web orientadas pelo professor que podem ser posteriormente
socializadas nos ambientes virtuais de aprendizagem, em fóruns, blogs, chats, com a
produção de vídeos ou durante videoconferências.
Além disso, não se pode perder de vista que o ambiente virtual é naturalmente
interacional, este é um dos grandes atrativos dele (quiçá o maior). Então, é imprescindível
que o professor considere isso na escolha de suas metodologias e também nos
procedimentos avaliativos, para que o processo seja significativo para o aluno e a
aprendizagem ocorra de maneira satisfatória.
É preferível disponibilizar previamente o conteúdo das atividades (por meio de
mídias), ou os direcionamentos para a obtenção dele, para que se possa otimizar o tempo
de aula com atividades de interação, discussões e aprendizagem colaborativa. Ademais,
os critérios avaliativos precisam ser esclarecidos previamente.
Ainda acerca dos conteúdos, podem ser disponibilizados por redes sociais como o
whatsapp, por exemplo, ou, para que não haja comprometimento das funções dos
aparelhos celulares em virtude do tamanho do arquivo, pode-se postá-los em plataformas
como o Youtube, e apenas disponibilizar o link para os alunos, e, caso o professor queira
limitar o acesso do vídeo apenas para estes, há a opção de, nas configurações, coloca-lo
como “não listado”. Dessa forma, ele não aparece no feed, nem nas recomendações, mas
pode ter seu URL compartilhado com quem o professor quer que tenha acesso ao material.
No que se refere à produção do material a ser disponibilizado, há a possibilidade do
uso de recursos como o Kinemaster, que é um aplicativo de edição de vídeos onde se pode
adicionar imagens e trilha sonora, sendo possível também a gravação dos vídeos com a
utilização de chroma key, substituindo o fundo da imagem pela imagem que se queira,
tornando a apresentação do vídeo mais dinâmica e interessante.
Em relação às plataformas de acesso remoto para aulas em tempo real, pode-se
lançar mão de ferramentas como o Meet, Zoom, Skype, Aubex, Jitsi, Teamlink, entre
outras, sendo importante adaptar a aula e as ferramentas à realidade da turma. Por isso é
importante ouvir os alunos nesse momento, até para que os próprios possam sugerir
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 66
alternativas que se adequem a eles, já que muitos têm considerável expertise no uso de
tecnologias.
Para a realização de atividades pode-se utilizar o Google Forms, onde podem ser
feitos quizzes e aplicação de testes em geral para acompanhamento da aprendizagem dos
alunos, havendo a possibilidade de anexar imagens, links de texto ou de vídeos a serem
analisados por eles. E há também a opção de colocar pontuação e até mesmo um feedback
para cada resposta dada, sendo que o aluno pode receber a nota deste instantaneamente
e o professor terá acesso a gráficos de desempenho de cada aluno individualmente e de
resultados do grupo como um todo.
O professor pode optar também pela feitura de portfólios digitais para o registro das
produções dos alunos das quais poderão ser feitos uploads no Padlet, por exemplo, que é
uma ferramenta que permite a criação de murais ou quadros virtuais, dinâmicos e
interativos para o registro e partilha de conteúdos multimídia. Podendo-se inserir imagens,
textos, vídeos, hiperlinks, entre outras possibilidades.
De modo geral, existem inúmeras ferramentas que podem ser utilizadas no processo
de ensino/aprendizagem e avaliação, e, diariamente, surgem novas possibilidades,
atualizações de recursos de plataformas já conhecidas, fazendo-se necessário que o
professor esteja atento, buscando e conhecendo constantemente novas ferramentas e
aperfeiçoando habilidades no uso destas, de modo a melhorar suas práticas e atender as
demandas que lhe se são impostas.
É importante destacar que, a despeito das dificuldades, o ensino a distância já é
uma realidade bem-quista e em constante ascensão em cursos técnicos e no nível
superior, sendo a flexibilidade de horário e a minimização de custos possíveis atrativos
para a escolha dos adeptos dessa modalidade.
Deste modo, as práticas pedagógicas já vêm sendo desafiadas nesse sentido há
algum tempo, no entanto, no que se refere à educação básica e ao próprio ensino superior
presencial, o uso desses recursos até mesmo como mero aporte do ensino, ainda é
incipiente se considerarmos que as tecnologias digitais já estão presentes em praticamente
todos os âmbitos das nossas vidas.
Naturalmente, os professores formados com essa defasagem tenderão a reproduzir
abordagens e métodos de ensino que seguirão desconsiderando a potencialidade desses
recursos tão presentes no nosso dia-a-dia, desvirtuando, dessa forma, a premissa de que
a educação deve preparar o indivíduo para o exercício da cidadania.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 67
Nessa perspectiva, a grande questão é que no momento não se tem outra opção. A
realidade atual exige essa habilidade por parte do professor, que necessita de capacitação
urgente para que ele possa mediar o processo de ensino e avaliar os seus alunos de
maneira satisfatória (ao menos os que têm acesso a esse recurso).
Assim, os professores precisam ser letrados digitalmente para que possam fazer
uso dos ambientes virtuais de aprendizagem, desses novos espaços educativos,
significativamente. Ademais, precisam entender como as disciplinas se relacionam com a
tecnologia para que possam fazer essa articulação e precisam desenvolver competências
pedagógicas para inovar metodologicamente na construção de suas propostas didático-
pedagógicas especialmente estimulando a autoria coletiva.
Um importante instrumento que permite essa autoria coletiva é a rubrica, uma tabela
composta pelos critérios que serão avaliados e os níveis de desempenho para cada critério.
Sendo importante destacar que ela não necessariamente é o método de avaliação em si,
ela é associada ao método de avaliação escolhido, mas que também pode servir de
instrumento de quantificação para os aspectos qualitativos da avaliação. Ela é composta
por linhas onde são postos os critérios e colunas onde se põe os níveis de desempenho
para cada critério. Usualmente colocam-se quatro níveis que vão de “plenamente
desenvolvido” a “não desenvolvido” (podendo haver variação nessa terminologia).
Os critérios, portanto, devem, preferencialmente, ser construídos com os alunos
para que, desse modo, eles possam confrontar seu desempenho com o que era esperado,
aprimorando a prática da autoavaliação. Pois, em muitos casos, os resultados
insatisfatórios dos alunos nas avaliações podem ser explicados pela ausência de
indicadores claros do que eles devem aprender.
Devendo-se clarificar não apenas os conteúdos a serem ministrados, mas também
e, principalmente, as competências desejadas, até porque, os conteúdos precisam estar a
serviço do desenvolvimento dessas competências. Devendo-se investir, portanto, nessas
ações que potencializam a aprendizagem. Pois, quando se usa esse método, o aluno pode
se avaliar, perceber o que lhe falta e criar estratégias para a superação de possíveis
dificuldades.
Além disso, as rubricas podem ser confeccionadas no próprio ambiente virtual de
aprendizagem. O Google Classroom é um exemplo de local em que este instrumento pode
ser facilmente confeccionado. Sendo que as rubricas podem ser realizadas pelos alunos
tanto de maneira síncrona (online, em tempo real) como assíncrona (desconectadas),
sendo ambas eficazes e importantes.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 68
A proposta das rubricas é uma das propostas do próprio Estado da Paraíba para
esse período de distanciamento social, sendo as outras o Portfólio que é uma espécie de
coleção da produção do aluno ao longo do tempo e a autoavaliação. Sendo que esta pode
ser realizada considerando os instrumentos anteriormente citados.
No entanto, levando em consideração que boa parte do alunado não dispõe de
recursos tecnológicos que os permitam acompanhar as aulas, e, como não se pode
dissociar o processo de ensino/aprendizagem da avaliação, é indiscutível que esse
processo avaliativo não poderá ser feito a contento e que não se pode sequer discutir
acerca de padrão de qualidade de ensino pelo fato do processo de ensino, em muitos
casos, sequer estar existindo.
Ignorando essa ausência de recursos ainda enfrentada (que urge ser superada), fica
evidente que o cenário atual será o estopim de uma transformação digital no meio
educacional sem precedentes e possibilitará a reconfiguração das relações pedagógicas
via tecnologia.
Essa transformação já era prevista, mas vinha sendo protelada por alguns dos
fatores proibitivos aqui expostos. No entanto, considerando que o manuseio tecnológico
nas mais diversas práticas já tem sido uma realidade, a aquisição dessa habilidade no meio
educacional requererá maior celeridade, pois, a mesma tem se tornado um requisito básico
à vida em sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das discussões apresentadas, nota-se que a avaliação, como condição sine
qua non do processo de ensino/aprendizagem, teve sua concepção mudada ao longo do
tempo e tenderá e deverá permanecer em constante mudança para se adequar as
demandas impostas pela evolução da realidade social e pelas vicissitudes do processo
educativo.
A formação docente, portanto, deverá acompanhar esse processo de mudança e
adequação, para superar as dificuldades que já se impunham anteriormente, que se
impõem no cenário atual de pandemia, e que possivelmente se imporão em cenários
menos catastróficos (espera-se), porém, não menos importantes educacionalmente.
Sendo importante frisar que, como exposto na presente pesquisa, existem
problemáticas que ultrapassam a alçada docente, tais como a questão dos recursos (ou
da falta deles) que tem comprometido não apenas a avaliação, como todo processo de
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 69
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Brasília, DF: MEC, 2017.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf>. Acesso em:
17 jul. 2020.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Disponível em: <
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf>. Acesso
em 20 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da educação. Parecer CNE/CP nº 005, homologado parcialmente, publicado no DOU
de 01/06/2020, Seção 1, p. 32. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=14511-pcp005-
20&category_slud=marco-2020-pdf&Itemid=30192>. Acesso em 19 jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Reexame do parecer CNE/CP nº 005, homologação publicada no DOU
09/07/2020, Seção 1, p. 129. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=147041-pcp009-
20&category_slug=junho-2020-pdf&Itemid=30192>. Acesso em 19 jul. 2020.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>. Acesso em 06 jul. 2020.
BRASIL. Síntese das Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação Básica. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621-cne-sintese-das-
diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 20 jul. 2020.
CTIC.BR. Pesquisa Sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios
Brasileiros 2018. Disponível em: <https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/2/12225320191028-
tic_dom_2018_livro_eletronico.pdf>. Acesso em 01 ago. 2020.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
HAYDT, C.H. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. 6 ed. São Paulo: Editora Ática, 2004.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 70
HOFFMANN, J. Avaliação: mito e desafio. Uma perspectiva construtivista. Educação e realidade Revistas
e livros. Porto Alegre, 1991.
HOFFMANN, J. Avaliar para promover: as setas do caminho. 11a ed. Porto Alegre: Mediação, 2009.
INSTITUTO PENÍNSULA. Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes
estágios de Coronavírus no Brasil. Disponível em: <https://www.institutopeninsula.org.br/wp-
content/uploads/2020/05/Covid19_InstitutoPeninsula_Fase2_at%C3%A91405-1.pdf>. Acesso em 19 jul.
2020
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
LIMA FILHO, G. D.; TROMPIERE FILHO. N. As cinco gerações da avaliação educacional –
características e práticas educativas. Revista Científica Semana Acadêmica. Fortaleza, ano MMXII, N
000011, 10/07/2013. Disponível em: <http://semanaacademica.org.br/artigo/cinco-gerações-da-avaliacao-
educacional-caracteristicas-e-praticas-educativas>. Acesso em: 18 jun. 2020.
LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 17 ed. São Paulo: Cortez,
2005.
PRODANOV, C.C.; FREITAS, E.C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e
do trabalho acadêmico. 2 ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
Sumário
SEÇÃO II
Sumário
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 72
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Graduadas em Licenciatura em Pedagogia.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 73
escolar onde eles sejam protagonistas? Em virtude disso, nossa investigação sugeriu como
hipótese que os professores de educação infantil podem contribuir no fomento do
protagonismo infantil quando os conteúdos passarem a desenvolver-se nas práticas
cotidianas e as crianças expressarem livremente suas opiniões, habilidades e
responsabilidades.
Sendo assim, os alunos deveriam ser estimulados ativamente no processo de
aprendizagem para que possam desenvolver protagonismo nesse processo, a partir de
metodologias que os façam transformar e construir conhecimento na sociedade de modo
efetivo e concreto.
Assim sendo, o objetivo geral dessa pesquisa é direcionar possibilidades
metodológicas para a Educação Infantil que desenvolverão o protagonismo, a partir das
discussões propostas na Base Nacional Comum Curricular-BNCC. E os objetivos
específicos mostram os seguintes passos: a) investigar sobre Protagonismo Infantil e suas
demandas; b) descrever os desafios de uma Educação ativa pautada nos Direitos de
Aprendizagem; c) sugerir estratégias de ensino que favoreçam o Protagonismo Infantil em
sala de aula.
A metodologia da pesquisa foi bibliográfica e documental, de abordagem qualitativa,
métodos hipotético-dedutivo e dialético; objetivos exploratório, descritivo e explicativo
acerca do objeto de estudo e caráter de pesquisa básico-estratégica e aplicada. Utilizou-
se uma fundamentação teórica que amparou os estudos com análises e contrapontos, a
partir do aporte teórico selecionado e das avaliações dos Documentos Oficiais
selecionados.
A fundamentação teórica traz referências de autores como Malaguzzi (1999) Freire
(2000); Sarmento (1997); Vygotsky (1988) e Brandão (2001). Considerou-se também as
discussões dos Documentos Oficiais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB
(1996) e, notadamente, a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2017).
Para Sarmento (2007), falar e pensar na criança e sua infância significa saber como
vivem e pensam as crianças sobre elas mesmas e sobre várias instâncias que compõem
seu aspecto social. Segundo o autor, as crianças têm pensamento de natureza própria,
participa ativamente em sua construção de vida, sendo protagonista de sua história, e
representa seu tempo e espaço, reconhecendo-se.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 74
Assim, segundo Malaguzzi (1999), que considera a criança ativa e competente, que
constrói o seu conhecimento através das interações e relações com o outro; ajudando a
fundamentar as ações protagonistas das crianças em seus momentos de aprendizagens.
De acordo com o autor, para que a criança se torne protagonista do seu conhecimento
efetivamente, é necessário que ela esteja em um ambiente favorável de convívio com
outras crianças e adultos, participando das práticas sociais contextualizadas, onde vão se
construindo várias ações por meio de suas múltiplas linguagens, assim, internalizando
experiências vividas que lhes favoreçam a dominar conceitos e formas de comportamento
na sua construção ao longo do tempo.
Nessa mesma direção, Malaguzzi (1999, p. 91) afirma que:
Conceber a criança como ser social que ela é, significa: considerar que ela
tem uma história, que pertence a uma classe social determinada, que
estabelece relações definidas segundo seu contexto de origem, que
apresenta uma linguagem decorrente dessas relações sociais e culturais
estabelecidas, que ocupa um espaço que não é só geográfico, mas que
também dá valor, ou seja, ela é valorizada de acordo com os padrões de
seu contexto familiar e de acordo com sua própria inserção nesse contexto.
(KRAMER, 1986, p. 79).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 75
Nesse sentido, Pinto e Sarmento (1997) entendem que as crianças, sendo atores
sociais, devem ser consideradas como capazes de construir seus próprios mundos sociais,
ou seja, “as crianças constroem o ambiente que as rodeia e a sociedade mais vasta em
que vivem”. Sendo assim, as crianças veem o mundo com seus próprios olhos, constroem
um ambiente organizado de acordo com sua faixa etária, com objetos e pessoas que
lembrem onde ela está inserida, que possibilita sua convivência com o mundo e as pessoas
que as rodeiam, sendo eles os próprios construtores, capazes de participar com autonomia
no processo de ensino e aprendizagem
Diferentemente da antiguidade, cujas crianças eram vistas como pequenos adultos,
a partir do século XX começam a ser compreendidas de forma diferente, como ser um ser
social, a partir das diretrizes da Lei nº 9.394/1996, de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, LDB, cuja Educação Infantil passou a integrar a Educação Básica.
Outro documento, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil -
RECNEI (BRASIL,1998) aborda a educação sob três pilares, o cuidar, o brincar e o educar,
mostrando que o cuidar deverá ter como ponto de partida aspectos que envolvam a
sensibilidade dos profissionais que vão estar diretamente ligados às crianças nesse
momento, pois prezam pela autonomia delas, dando-lhes liberdade, por exemplo, ao
trocarem-se as roupas sozinhos, sendo o professor apenas o mediador, a exemplo dos
maternais. Esse documento defende que:
É nesse mesmo sentido que a Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2017),
documento normativo que deve garantir uma educação com desafios e oportunidades,
onde convida o aluno fazer descobertas com o objetivo de transformar o aprendizado em
ferramenta indispensável, diante da sociedade onde o ensino sempre será um dos maiores
desafios na Educação.
Dessa forma, o aluno passa a ser um sujeito participativo, na construção do próprio
aprendizado, são agentes principais, capazes de transformar a sociedade com valores
próprios, onde são atores importantes no processo de ensino e aprendizagem.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 76
[...] quando o educador pensa a educação, ele acredita que, entre homens,
ela é o que dá a forma e o polimento. Mas ao fazer isso na prática, tanto
pode ser a mão do artista que guia e ajuda o barro a que se transforme,
quanto à forma que iguala e deforma.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 77
não é um ser vazio, pois cada indivíduo tem uma bagagem de conhecimentos, colocando
suas vivências em práticas em relação a sociedade que está inserido.
Corroborando com essa ideia, Rinaldi (2012, p. 185) afirma que “para o educador, a
capacidade de refletir sobre a forma com que se dá o aprendizado significa que ele pode
basear seu ensino não naquilo que deseja ensinar, mas naquilo que a criança deseja
aprender”. Assim, as crianças conquistam um espaço com um novo olhar na sociedade.
Devemos também considerar a relação entre professor e aluno, no processo de
ensino e aprendizagem que o educador é um mediador de conhecimentos, onde articula
as experiências dos alunos com a sociedade e o mundo. Dessa forma, segundo Oliveira
(2010, p.130) o desenvolvimento do ser humano “[...] decorre, antes, das trocas recíprocas
que se estabelecem durante toda vida entre indivíduo e meio, cada aspecto influindo sobre
o outro”.
Sendo assim, os principais responsáveis pelas crianças são os pais, mas elas têm
como referência o educador, que acaba sendo o responsável pela criança, pois depois do
convívio familiar, a criança tem a instituição como base; assim, são nos primeiros
ensinamentos de aprendizagem junto com outras crianças, que elas aprendem a construir
suas habilidades, e através de diversas atividades realizadas na instituição de Educação
Infantil, trocam experiências e levam consigo para uma vida toda, portanto, na infância são
registradas memórias vividas como direitos de aprendizagem.
Nesse contexto, a partir das Diretrizes da Lei n° 9.394/1996, LDB, a Educação
Infantil deve ser oferecida em creches para crianças de 0 a 3 anos e em pré-escolas para
as crianças de 4 e 5 anos, sendo a Educação Infantil oferecida em espaços educacionais
com propostas pedagógicas e o seu papel, além do cuidar, é também de educar,
respeitando o desenvolvimento da criança que passou a ser vista como merecedora de
atenção, cuidado e respeito. A Educação Infantil, então, saiu do campo de assistência para
o da educação.
No artigo 29. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 anos de idade, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da
comunidade.
O RECNEI (BRASIL, 1998), documento norteador dessa etapa de aprendizagem,
tem como base, assim, o cuidar, o brincar e o educar. Nesse sentido, cuidar da criança é
sobretudo dar atenção a ela, é um ser ativo em processo, possibilitando um aprendizado
contínuo. O brincar contempla o universo lúdico que faz parte de toda a abordagem
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 78
o professor é o mediador nesse novo ambiente, com as relações e práticas cotidianas que
vivenciam; a criança constrói sua identidade pessoal e coletiva, respeitando o direito de
buscar sua autonomia, com novos conhecimentos e habilidades, proporcionando viver em
uma sociedade justa.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017, p. 17),
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 79
Nessa perspectiva, ela não é só participante, mas também a autora da obra, isto é,
seu processo de ensino e aprendizagem, e a escola trabalha em conjunto com as crianças
em suas ideias e opiniões, pois são os personagens principais, dando opiniões e sugestões
nas atividades e brincadeiras que serão pensadas e destinadas a elas, com participação
ativa de grupos, onde podem expressar suas ideias e tomar decisões, incluindo a
participação de todos.
Assim, a infância é a base da criatividade em busca de desenvolver ações, das quais
as crianças são protagonistas no processo de aprendizagem. Para que ocorram essas
transformações nas atitudes delas, o professor será o mediador colocando a mesma como
protagonista, e é preciso ter um olhar cuidadoso, envolvendo práticas integradas às
vivências das crianças.
Então, a criança vem tomando o foco das atenções em relação a sua participação
no trabalho pedagógico, especialmente com a Educação Infantil. Os conteúdos ganharam
grande visibilidade no processo de ensino e aprendizagem, quando a escola reconhece o
protagonismo infantil, talvez seja dada uma leveza maior no processo de ensinar e
aprender, gerando a recíproca necessária para garantir a autonomia e participação de
todos os envolvidos: crianças, professores e pais.
Assim, a escola deixa de ser tão dura e cheia de normas, dessa forma, o educador
demonstra que além de valorizar a fala das crianças, faz uso delas para investigar o
interesse do grupo, e assim possibilitar a auto investigação, que pode ser utilizada como
instrumentos da sua própria reflexão para os direcionamentos possíveis.
Nessa concepção, Malaguzzi, (1999, p. 29) afirma que
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N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 81
Assim, de acordo com o autor o processo de aprendizagem das crianças, deve ser
num espaço ideal para o desenvolvimento e aprendizado, com novas formas de ensinar e
aprender, com práticas inovadoras e criar condições, onde os alunos desenvolvam suas
capacidades e habilidades num contexto escolar, onde atende as necessidades educativas
atuais.
Sumário
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MALAGUZZI, L. Histórias, ideias e filosofia básica. In: EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem
linguagens da criança: a abordagem de ReggioEmília na educação da primeira infância. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1999. p. 59-104.
MALAGUZZI, L. História, ideias e filosofia básica. In: EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem
linguagens da criança: a abordagem de ReggioEmília na educação da primeira infância. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1999. p. 59-104.
MALAGUZZI, Loris. Histórias, Idéias e Filosofia Básica. In: EDWARDS, Carolyn GANDINI, Lella; FORMAN,
George. As Cem Linguagens da Criança: A abordagem de Reggio Emília na Educação da Primeira
Infância. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 1999.
Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
PINTO, M. A infância como construção social. In: PINTO, M.; SARMENTO, M. J. (Coords.). As crianças:
contextos e identidades. Braga: Bezerra, 1997. p. 62-70.
RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emília: Escutar, investigar e aprender. Tradução de Vânia Cury. 1.
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emília: Escutar, investigar e aprender. Tradução de Vânia Cury. 1.
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
Visibilidade Social e estudo da infância. In: VASCONCELLOS, Vera Maria Ramos; SARMENTO, Manuel
Jacinto (Orgs.). Infância (in)visível. Araraquara: Junqueira & Marin, 2007. p. 25-49.
Sumário
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1 Graduada em licenciatura em geografia Universidade Federal de Campina Grande UFCG; Graduada em licenciatura
em pedagogia Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA Unavida.
2 Graduada em licenciatura em pedagogia Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA Unavida.
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Experiência da BNCC possibilitam a devida autonomia que a criança precisa e que vários
estudos teóricos preconizam.
Nossa pesquisa tem como objetivo geral estimular a construção da autonomia na
Educação Infantil, a partir de uma análise dos Campos de Experiência da BNCC. Para isso,
serão necessárias algumas ações, que elencamos como objetivos específicos a saber, a)
fazer revisão da literatura a respeito do conceito de autonomia enfatizando sua
aplicabilidade na Educação Infantil b) discutir como a BNCC propõe a construção da
autonomia na Educação Infantil, a partir do estudo dos Campos de Experiência; e, por fim,
c) sugerir atividades que desenvolvam a autonomia nas crianças das Educação Infantil.
Para isso, nossa pesquisa é de abordagem qualitativa de finalidade básica
estratégica. Tem natureza original e objetivos exploratório, descritivo e explicativo. É um
trabalho bibliográfico, cujo embasamento teórico-metodológico se efetivará através da
leitura de obras de autores clássicos e contemporâneos como: Freire, (1996), Dolz,
Noverraz & Schneuwly, (2004), Cosson, (2009), entre outros, além deles, nos
referenciamos em documentos oficiais como: Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB
(BRASIL,1996), Base Nacional Comum Curricular, (BRASIL,2017) e Proposta Curricular
do Estadual da Paraíba, (PARAÍBA, 2018). Desse modo, os métodos para investigação
foram o hipotético-dedutivo e o dialético para analogias e contrapontos do aporte teórico.
Na Idade Média, no início dos tempos modernos, e por muito tempo ainda
nas classes populares, as crianças misturavam-se com os adultos assim
que eram considerados capazes de dispensar a ajuda das mães ou das
amas, poucos anos depois de um desmame tardio – ou seja
aproximadamente, aos sete anos de idade. A partir desse momento,
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 87
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 89
Desde o nascimento, a criança tem contato com o mundo em que vive, as interações
começam a partir da relação com a mãe e familiares, sendo assim, o convívio entre
parentes é uma das etapas para construção da autonomia. Durante muito tempo esse
desenvolvimento foi delegado às famílias, com a progressão social e, consequentemente,
os avanços que a educação conquistou, surgiram documentos oficiais que garantiram o
direito da criança as suas referidas etapas da vida.
Os direitos da criança no Brasil estão garantidos em documentos legais como a
Carta Magna Brasileira (BRASIL,1988); O Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA,
(BRASIL,1990), e a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional-LDB, (BRASIL,1996).
Foi a partir desses documentos que a criança teve seus direitos garantidos e amparados
legalmente, esse processo marcou um significativo avanço para Educação Infantil
brasileira.
A Carta Magna, (BRASIL,1988), proporcionou um progresso para educação já
que atribuiu também ao Estado o dever sob a educação das crianças:
Desse modo, surge o elo entre família, sociedade e Estado, com objetivo de garantir
o direito da criança, visando não apenas a educação, mas todos os aspectos necessários
para seu pleno desenvolvimento. Posteriormente, em 1990, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), amparado na Lei 8.069/90 se embasa na publicação da Constituição
de 1988 para promover ascensão a educação brasileira. Nesse documento, a criança é
percebida como um ser social pautado de direito, nele enfatiza-se a proteção ao direito
da autonomia da criança, o Art.17, da Lei 8.069/90, determina:
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definem que as propostas pedagógicas para Educação Infantil devem respeitar três
princípios, são eles: Éticos, Políticos e Estéticos.
Nesse contexto, a autonomia está inserida no princípio ético, unindo-se ao respeito,
solidariedade e demais. No que se refere às práticas pedagógicas da Educação Infantil o
DCNEI define que as instituições de Educação Infantil devem garantir experiências que
‘‘possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das
crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar’’ (BRASIL,
2010, p.26).
Com objetivo de padronização do ensino no Brasil que abrangesse da Educação
Infantil ao Ensino Médio, em dezembro de 2017 a Base Nacional Comum Curricular
(BRASIL, 2017), foi homologada, esse documento contou com algumas etapas para sua
elaboração, uma delas foi a escolha de profissionais devidamente capacitados para fazer
parte da comissão para elaboração da base.
Por consequência, sua primeira versão foi redigida em 2014, no ano subsequente
foi para consulta pública como oportunidade para a sociedade se posicionar quanto ao
documento, ocasionando assim oportunas contribuições, em 2016 temos sua segunda
versão, em 2017 os debates e consequentemente em dezembro do mesmo ano sua
homologação. A Base foi elaborada a partir de elementos muito importantes já presentes
em documentos anteriores, sua contribuição abrange todas as etapas da educação básica.
Entretanto, a discussão a respeito de uma base que regulamentasse o ensino básico
da educação surge em outros documentos oficiais, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) já citava essa discussão quando diz:
Contudo, percebemos que tais discussões não abrangiam a Educação Infantil, mas,
já se pensava em um documento que fosse capaz de igualar o ensino de algumas etapas
da Educação Básica. Desta feita, surgiram algumas críticas ao modelo da Base,
principalmente autores que se posicionam contra a influência de empresas e organizações
que participam da implementação de políticas públicas na educação, citando o interesse
político e as relações de poder por trás do documento.
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Rocha e Pereira (2016, p.224), fazem uma crítica dizendo que são contra o
documento devido a considerarem ‘‘práticas de controle e tentativa de homogeneidade;
política neoliberal; vinculada à políticas de avaliação; instrumento de regulação;
reprodução da experiência internacional e documento desnecessário devido à existência
de outros documentos competentes’’. Nesse contexto, percebemos que as discussões
existem, principalmente no meio educacional já que em determinado momento os próprios
educadores ficam duvidosos quanto ao seu posicionamento a respeito do documento.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 93
Logo, cada habilidade será proposta de acordo com a faixa etária da criança,
respeitando seu tempo de aprendizagem que é singular. Pensando nisso, criamos um
quadro destacando pontos extremamente importantes dentro de cada Campo de
Experiência, estes, foram filtrados do próprio documento e selecionados para
caracterizarmos como elementos indispensáveis a todas as faixas etárias.
Fonte própria
Assim, a partir das vivências propostas nos Campos de Experiência, a criança terá
plena liberdade para desenvolver-se. Embora estejam divididos, cada campo trata uma
especificidade, mas de forma ampla, busca abranger de forma integral todas as
necessidades da criança. Sendo assim, respeitar a autonomia do outro é uma obrigação
social, pois: ‘‘o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não
um favor que podemos ou não conceder uns aos outros’’ (FREIRE, 1996, p.25).
Certamente, garantir o absoluto desenvolvimento da criança vai além de direitos
legais, consiste em uma obrigação social. Ao discutirmos sobre a Base Nacional Comum
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 94
Fonte própria
Desse modo, enfatizamos que a BNCC (BRASIL, 2017), não veio para violar os
demais documentos, mas, acrescentar e melhorar alguns aspectos que havia a
necessidade de ressignificação. Tampouco, o processo educacional deve ser esquecido
mediante esse documento, é importante valorizarmos o percurso que a Educação no Brasil
tramitou até a atualidade.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 95
etária. Desse modo, a sequência didática torna-se ferramenta primordial para ser aplicada
tanto nessa etapa da educação básica como nas demais.
Contudo, a Proposta Curricular do Estadual da Paraíba, (2018) foi criada tendo
como fundamentação a BNCC (BRASIL, 2017), contando com a colaboração de diversos
profissionais do âmbito educacional a fim de proporcionar um currículo que garantisse o
compromisso do Estado com a educação. Em virtude de assegurar o direito da criança, a
Proposta Curricular do Estadual da Paraíba, (2018) levanta alguns questionamentos no
que se refere a atuação do educador quanto a vivência dos Campos de Experiência quando
indaga:
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Sequência Didática
Estrutura Curricular: Educação Infantil (Crianças pequenas - 4 anos a 5 anos e 11 meses)
Objetivos de Aprendizagem:
• Apreciar o gênero textual poema.
• Conhecer a composição de palavras que rimam.
• Explorar variados gêneros textuais.
• Ter contato com a escrita.
• Desenvolver noções de grandeza.
• Conhecer formas geométricas.
• Compreender as composições familiares diversas.
• Identificar e classificar cores.
• Reconhecer animais e suas características.
Objetos de Conhecimento:
• Leitura de livros através da exploração de imagens.
• Contato com palavras e escrita espontânea.
• Reconhecimento de semelhanças e diferenças de objetos dispostos.
• Associação de figuras geométricas a elementos presentes ao ambiente.
• Construção de textos verbais sobre composição familiar.
• Distinguir cores de objetos.
Habilidades:
(EI03EO07). Usar estratégias pautadas no respeito mútuo para lidar com conflitos nas
interações com crianças e adultos.
(EI03CG01). Criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos,
sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança,
teatro, música.
(EI03CG02). Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em brincadeiras e
jogos, escuta e reconto de histórias, atividades artísticas, entre outras possibilidades.
(EI03TS02). Expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e
escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais.
(EI03EF02). Inventar brincadeiras cantadas, poemas e canções, criando rimas, aliterações
e ritmos.
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Desenvolvimento da sequência
1° Momento - Apresentação do gênero
Objetivo: Estimular a oralidade das crianças.
Figura 1 – Capa do Livro A Casa e o seu Dono
• Roda de conversa sobre a casa, permita que cada criança diga como é a sua, para
fazermos comparações das que são grandes, pequenas e quem são as pessoas
que moram nela (momento de interação, as crianças podem se expressar e falar
sobre seu modelo de família).
• Explore a capa do livro (imagens, autor, ilustrador).
• Estimule as crianças a fazerem a leitura do título da história a partir das imagens da
capa.
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O poema é um gênero textual, eles podem conter rimas ou não. O contato desde cedo da
criança com o universo literário propiciará uma melhor qualidade na comunicação, expressão oral
e escrita. Assim, professor, é um gênero ideal para levar à sala de aula, a partir da obra elencada
nessa sequência.
• Declamação do poema do o livro: A Casa e o seu dono, de Elias José.
• Escreva o poema em uma cartolina com letra bastão legível para as crianças
observarem, vá passando o dedo sob as palavras para que possam acompanhar.
• Diga para as crianças que aquele tipo de texto se chama poema.
• Circule no texto escrito, palavras que rimam para as crianças observarem o som e
a composição das palavras.
3° Momento – Exploração da leitura
Sumário
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• Invente estrofes usando a música como base, crie rimas, brinque com as palavras,
faça questionamentos como: quem faz pipi na cama?
• Explore a música corporalmente através da dança e gestos.
• Representação da casa utilizando Bloco lógico (cada criança monta sua casinha
com as formas e cores que desejar).
• Apresentação de cada forma geométrica associando-a à estrutura da casa (deixe a
criança à vontade para montar sua casa, peça para ela pensar na casa onde mora
e tentar reproduzir).
• Explore as cores e formas fazendo comparações a objetos que estejam presentes
no ambiente.
Sumário
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da pesquisa elucidada, podemos enfatizar que esse trabalho levantou uma
discussão coerente a respeito de como os Campos de Experiência da BNCC, (BRASIL,
2017) podem contribuir na construção da autonomia em crianças pequenas. Desta feita,
fizemos uma discussão teórica sobre os Documentos Oficiais que regem a educação
brasileira, assim como, destacamos o percurso trilhado para chegarmos a realidade atual.
Nos embasamos teoricamente em documentos, leis e ferramentas metodológicas
para propor uma atividade prática, a fim de auxiliar o educador da contemporaneidade.
Desse modo, nossa pesquisa não é finda, pois aponta para possibilidades de mais
discussões que venham agregar conhecimento à temática aqui estudada.
Sendo assim, a leitura do presente trabalho é destinada, especialmente, a
educadores que buscam sugestões de métodos e metodologias para aplicabilidade em
sala de aula. Desse modo, o aprendizado da criança será amplo e possibilitará uma
continuidade na aprendizagem.
Além disso, propiciamos uma discussão teórica a respeito da Base Nacional Comum
Curricular (BRASIL,2017), assinalando autores que se opõem à proposta da base e
afirmações que enfatizam a importância e contribuição desse documento para educação.
Certamente, acreditamos que esse trabalho será uma contribuição para todo público
docente e almejamos que as pesquisas e discussões a respeito da temática aqui exposta,
seja expandida para que tenhamos maiores subsídios para a educação brasileira.
REFERÊNCIAS
ARIÈS, P. História social da Criança e da Família 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, v. 143, n. 248, 23 dez. 1996.
________. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, disponível em: http://
basenacionalcomum.mec.gov.br, 2016. Acesso em 07 de maio de 2020.
________. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
________. Estatuto da Criança e do Adolescente. Organização dos textos, notas remissivas e índices
por Juarez de Oliveira. 6a Edição atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 1996.
________. Estatuto da criança e do adolescente. – Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições
Técnicas, 2017.
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Sites consultados:
https://br.pinterest.com/pin/477592735486616240/ Acesso em: junho de 2020.
https://www.amazon.com.br/Menino-Azul-Cec%C3%ADliaMeireles/dp/8526019546 Acesso em: junho de
2020.
http://www.ruthrocha.com.br/livro/poemas-que-escolhi-para-criancas Acesso em: junho de 2020.
https://www.letras.mus.br/vinicius-de-moraes/49255/ Acesso em: junho de 2020.
https://www.espacoeducar.net/2012/08/arte-com-pratinhos-descartaveis-muitos.html Acesso em: junho
de 2020.
https://www.tempojunto.com/2016/12/13/elefante-e-outras-ideias-com-rolo-de-papel-higienico/ Acesso
em: junho de 2020.
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curriculos_estados/documento_curricular_p
b.pdf Acesso em: junho de 2020
Sumário
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1 Ivana do Nascimento Limeira. Graduada em Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú
(UVA - UNAVIDA). Graduada em Licenciatura em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Pós-
Graduada em Educação: Formação do Educador pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). E-mail:
ivanalimeira@gmail.com.br.
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2 Entrepreneu, palavra francesa que era usada no século 12 para designar aquele que incentivava brigas (DOLABELA,
1999, p. 47).
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São visionários
Eles têm a visão de como será o futuro para o seu
negócio e sua vida, e o mais importante: eles têm a
habilidade de implementar seus sonhos.
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Ora, esse processo apontado por Werneck (2007), onde o próprio aluno pode
ser motivado e impulsionado a superar os seus medos e os desafios correntes, faz-se
presente no mais novo documento que regulamenta o que preconiza a Constituição
Federal (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases (1996): a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC , 2017), que contempla o conjunto de conhecimentos e as habilidades essenciais
que o aluno deve aprender em cada etapa da educação básica, desde da Educação Infantil
ao Ensino Fundamental.
O artigo 26 da LDB (1996), cuja redação atual foi dada pela lei 12.796, de 2013,
cita:
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Fonte: Internet4
3 Anna Penido é diretora do Inspirare e integrante do Movimento pela Base, iniciativa que integra representantes
de diferentes setores da sociedade com o propósito de apoiar a construção e implementação de uma BNCC de
qualidade (POVIR, 2017).
4 Imagem Disponível no Site: https://porvir.org. Acesso em: 13 de julho de 2020.
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5 Expressão forjada pelo professor Eduardo Moreira da Costa, criador do Programa Softex. (DOLABELA, 2003, p. 111).
6 No processo de modelagem, os alunos captam e introjetam comportamentos e atitudes do empreendedor
depoente. (IBIDEM, 2003, p.111).
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De acordo com Dolabela (1999), essa metáfora projeta uma imagem da sala de
aula transformada em um ambiente de grande contaminação do vírus empreendedor, onde
o aluno tenderá a aprender dentro dos mesmos requisitos em que o empreendedor real
aprende: “de forma auto-suficiente, desenvolvendo seu próprio método de aprendizagem,
fazendo e errando” (IBIDEM, 1999, p. 111). Assim, o ensino de empreendedorismo, difere
do ensino tradicional, quando permeia uma aprendizagem significativa levando em
consideração o cognitivo, o emocional e o social do educando.
Para contrapor o ensino tradicional ao estilo adotado no Ensino de
Empreendedorismo, o quadro 2 apresentado a seguir, compila as características do
desenvolvimento do empreendedor.
Convencional Empreendedor
Ênfase no conteúdo, que é visto como meta Ênfase no processo; aprender a empreender
Conduzido e dominado pelo instrutor Apropriação do aprendizado pelo participante
O instrutor repassa o conhecimento O instrutor como facilitador e educando; participantes geram
conhecimento
Aquisição de informações “corretas” de uma vez O que se sabe pode mudar
por todas
Currículo e sessões fortemente programados Sessões flexíveis e voltadas a necessidades
Objetivos de ensino impostos Objetivos do aprendizado negociados
Prioridade para o desempenho Prioridade para a autoimagem geradora do desempenho
Rejeição ao desenvolvimento de conjecturas e Conjecturas e pensamentos divergentes vistos como parte do
pensamentos divergente processo criativo
Envolvimento de todo o cérebro; aumento da racionalidade do
Ênfase no pensamento analítico e linear; parte cérebro esquerdo através de estratégias holísticas, não-
esquerda do cérebro. lineares, indutivas; ênfase na confluência e fusão dos dois
processos
Conhecimento teórico e abstrato Conhecimento teórico amplamente complementado por
experimentos na sala de aula e fora dela
Resistência à influência da comunidade Encorajamento à influência da comunidade
Ênfase no mundo exterior; experiência interior Experiência interior é contexto para o aprendizado;
considerada imprópria ao ambiente escolar sentimentos incorporados à ação
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Educação encarada como necessidade social Educação vista como processo que dura toda a vida,
durante certo período de tempo, para firmar relacionando apenas tangencialmente com a escola
habilidades mínimas para determinado papel.
Erros não aceitos Erros como fonte de conhecimento
O conhecimento é o elo entre aluno e professor Relacionamento humano entre professores e a alunos é de
alunos é de fundamental importância fundamental importância
7 Sonho estruturante é o sonho que se sonha acordado, capaz de conduzir à auto realização. (DOLABELA, 2003, p.
38).
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 126
dar origem e organizar um projeto de vida, articulando-o a desejos, a uma visão de mundo,
à valores, competências, preferências e até autoestima.
Nessa perspectiva, o Ensino de Empreendedorismo não revela apenas novos
paradigmas na estrutura educacional, mas também, aponta para uma nova função
pedagógica respondendo no mundo contemporâneo a outras formas de construção social,
através do desenvolvimento de capital humano e utilizando a “inteligência” como principal
fonte de riqueza, que aliada a enxurrada de emoções, alimenta e aumenta a capacidade
de sonhar.
De acordo com DOLABELA (2003), essa nova forma de pensar o saber
pedagógico sinaliza mudanças significativas na educação contemporânea. Dolabela,
ressalta que:
O século XXI é um marco histórico em que há uma busca por diversidade de talentos
e, também, de personalidades que possam de alguma forma contribuir para o bem comum.
Uma sociedade marcada pela exigência, e pela procura de profissionais que saibam fazer
a diferença em meio a tantas pessoas comuns.
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8 Brainstorming, palavra inglesa, que significa busca de solução criativa. (DICIONÁRIO, 2013, p.377). Diz respeito a
uma técnica que induz à participação e traz à tona o conhecimento pré-existente no grupo. Também posiciona o
instrutor sobre o grau de percepção da turma acerca de determinado assunto. (DOLABELA, 1999, p. 136).
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casos, bem como leituras de livros ou periódicos entre outros, com o intuito de viabilizar o
aprendizado e o protagonismo9 do aluno envolvido.
Nesse contexto vale ressaltar, a importância do protagonismo juvenil, como nos
informa Lopes (2010, p. 54):
De acordo com Lopes (IBIDEM, 2010, p.54), é importante ressaltar ainda que,
protagonismo (grifo nosso), implica estar envolvido de forma construtiva e com a vida, a
escola e com a comunidade, além do compromisso com a sociedade através da
participação autêntica e autônoma, com o desenvolvimento da autoconfiança e
autodeterminação, em um período em que, segundo a autora, ainda está sendo formada.
Sobre esta questão propõe a BNCC (2017, p. 15):
9 A palavra “protagonismo” se origina do grego e “proto”, que significa “primeiro” e “agon”, denotando “lutador”.
(LOPES, 2010).
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10 Escola: Oficina de Empreendedores, trata-se do Projeto que foi desenvolvido pela professora Ivana Limeira, na
época, então coordenadora do Empreendedorismo no Ensino Médio na E.E.E.F.M. Marechal Rondon, Ji-Paraná – RO.
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Aqui a máxima que diz que o mestre aprende mais que o aluno é uma
verdade concreta e não-metafórica, porque, ao testemunhar a criação de
estratégias, meios e caminhos, busca e aplicação de energia, inteligência,
criatividade, inovação, transgressão etc., o professor entrará como
testemunha e participante de experiências que dizem respeito à epopéia
humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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ANEXOS
Fonte: própria.
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Fonte: própria.
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1
Por ordem: Graduada em Licenciatura em Pedagogia. E-mail: andrezamarques_beserra@hotmail.com; Graduada
Licenciatura em Pedagogia. E-mail: fabianamonteiro58@yahoo.com; Graduada Licenciatura em Pedagogia. Pós-
Graduanda em Psicopedagogia. E-mail: olgavieiraa@gmail.com.
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O processo de construção do que é ser criança e ter infância passa por um longo
processo no decorrer da história. No século XII “[...] à arte medieval desconhecia a infância
ou não tentava representá-la... É mais provável que não houvesse lugar para a infância
nesse mundo”. (ARIÉS, 1978, p. 50). Portanto, a infância não era reconhecida como uma
fase importante, pois a criança aqui representada era vista apenas como um ser com
necessidades biológicas. A criança não exercia nenhum papel de construção, esta era vista
apenas como, segundo ARIÉS (1978) “peça de entretenimento” para os adultos com quem
não possuia vínculos afetivos alicerçados.
Sumário
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podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois
outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a sair de uma
espécie de anonimato. (ÁRIES, 1978, p.10).
para a criança como centro do processo de aprendizagem, com foco nas interações e
brincadeiras, sendo a criança:
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N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 143
Percebemos, assim, a nova abordagem que a educação vem tomando com o passar
dos anos, tornando a experiência de vida do aluno um recurso importante para a
construção dos aspectos sociais, emocionais e afetivos dos mesmos, que além de colocar
a criança no centro no processo de construção da sua história, promove também o
aprendizado integral.
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Tem-se então um conjunto de dez competências gerais, que estão orientados pelos
princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à
construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (Adaptado da BNCC, 2017, p.
07).
Ou seja, o documento ressalta a importância de trabalhar na prática docente uma
metodologia de ensino que possibilite ao aluno o desenvolvimento da sua autonomia,
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É, então, direito de todas as crianças, acesso a ações que respeitem sua autonomia,
respeitem o conhecimento e as diferenças, ser estimulada de diversas formas para seu
desenvolvimento, além de estar presente em todas as atividades do cotidiano da escolar,
ampliar seus saberes, se construir como sujeito de direitos e aprendizagens inseridos em
uma cultura e poder expressar suas necessidades de acordo com os contextos.
Assegurada a garantia de conviver com outras pessoas, interagindo de maneira a
construir seu conhecimento de mundo a partir de outros olhares; ter direito a brincar, de
forma planejada e com diferentes materiais; participar na construção de suas atividades,
tendo livre escolha para sua produção; explorar, tocar, sentir, cheirar, criar movimentar e
ouvir, investigando e descobrindo novos conhecimentos; expressar-se através de múltiplas
linguagens e conhecer a si mesmo e sua cultura. Por meio dessas ações, a BNCC insere
a criança como protagonista de sua aprendizagem, pois todos as ações pedagógicas são
pensadas exclusivamente para o seu desenvolvimento.
O aspecto norteador da construção dos sujeitos de aprendizagens apresentados até
agora nos faz refletir que [...] “a criança é um cientista, um explorador, um pesquisador, um
instrumental crítico na construção e organização do mundo e do seu próprio
desenvolvimento” (KAMII E DEVRIES, 1991, p. 20). Ou seja, é a partir das experiências
que vivencia e que protagoniza que a criança se desenvolve. Ao participar de práticas
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a partir das recomendações existentes na BNCC, para que se construa uma aprendizagem
verdadeiramente significativa.
Ademais, “parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar,
mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de
situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças”. (BNCC, 2017, p. 39).
Nessa perspectiva, o professor tem papel fundamental no processo de aquisição de
conhecimento dos sujeitos, pois é a partir das propostas curriculares que o professor irá
traçar ações que propiciarão as experiências necessárias as crianças observando a sua
faixa etária.
Dessa forma, compreende-se que a partir dos direitos estabelecidos na BNCC
(2017), “[...] as crianças têm direito, antes de tudo, de viver experiências prazerosas nas
instituições” (RCNEI, 1998, p. 14) e o professor deve orientá-las, respeitando suas
curiosidades, seus pensamentos, suas interações, sua autonomia propondo atividades que
contemplem todos os aspectos do sujeito, pois de outra forma “afoga a liberdade do
educando”. (FREIRE, 1996, p. 35).
Além disso, deve-se enxergar as crianças como sujeitos históricos, que estão
inseridos em um contexto social, que têm direitos e devem ser respeitados. É necessário
que haja uma conexão entre o exterior e o interior do mesmo, para que se possa garantir
uma aprendizagem significativa.
Sumário
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Como resultado das transformações que vem passando a educação ao longo dos
anos, as mudanças nos métodos de ensino encontraram nas metodologias ativas modos
de construir um aprendizado significativo. Visto que, tornam o aluno centro do processo de
aprendizagem e produtor do seu conhecimento.
Percebe-se que o uso dessas novas metodologias traz consigo uma maneira de
pensar diferenciada, que faz com que o aluno conecte ideias e converta o aprendizado
adquirido em conhecimento prático e utilizável em seu cotidiano. Para que isso aconteça
Moran (2018) apresenta algumas técnicas que podem ser seguidas para tornar ativa a
aprendizagem, são exemplos: inverter a forma de ensinar; aprendizagem baseada em
projetos; aprendizagem por histórias e jogos; aprendizagem baseada em investigação e
em problemas.
Sendo assim, buscou-se destacar alguns aspectos de cada técnica mencionada. A
primeira propõe que o aluno busque informações sobre determinado assunto previamente,
dessa maneira poderá construir um conhecimento prévio e podendo expor suas opiniões
criticamente, sem grandes interferências do professor. Um modelo de ensino relacionado
à sala de aula invertida é o ensino híbrido, em que o aluno faz uso das tecnologias para
adquirir as informações necessárias.
O segundo propõe a construção de um produto, “porém, esse produto não precisa
ser um objeto concreto. Pode ser uma ideia, uma campanha, uma teoria [...]” (MORAN,
2018, p. 17). O terceiro se sobressai por ser uma das formas mais eficientes e acessíveis
de construir conhecimento, a aprendizagem por meio de histórias e jogos, que por ser
prazerosa aos olhos dos alunos, torna-se um elemento de motivação valioso.
O quarto propõe ao aluno investigar e propor soluções de problemas “isso envolve
pesquisar, avaliar situações e pontos de vista diferentes, fazer escolhas, assumir riscos,
aprender pela descoberta e caminhar do simples para o complexo” (MORAN, 2018, p. 15).
Para aplicação de tais técnicas, entretanto, é necessário conhecer o aluno e a turma e de
forma planejada escolher o método que melhor se adeque, lembrando sempre que o aluno
é o centro do processo de aprendizado.
Ultima-se constatando que esse novo olhar para a educação deve ser utilizado como
experiências prazerosas para as crianças, deve-se ter um olhar atento às suas
necessidades.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 150
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 151
Consoante às considerações acima, entende-se que esta pesquisa não está findada, é
apenas o uma contribuição inicial para a da educação, assim, aspira-se que a mesma sirva
de auxílio para professores que buscam entender os conceitos contidos na BNCC (2017),
em especial para a Educação Infantil.
REFERÊNCIAS
ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2. Ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
ASSIS, Maria Cristina de. Metodologia do trabalho científico. In: Evangelina Maria B. de Faria; Ana
Cristina S. Aldrigue. (Org.). Linguagens: usos e reflexões. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2008,
v. II, p. 269-301.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.
BRASIL, MEC/SEF. Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil. Brasília, 1998.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Brasília, 2009.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular, Brasília, 2017.
BRASIL. Proposta Curricular da Paraíba. Brasília, 2018.
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de
Educação, Rio de Janeiro, n. 19, p. 20-28, Jan./Fev./Mar./Abr. 2002.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra,
1987.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra,
1996.
KAMII, C.; DEVRIES, R. Jogos em grupo na educação infantil: implicações da teoria de Piaget.
Tradução Marina Célia Dias Carrasqueira. São Paulo: Trajetória Cultural, 1991.
LIMA, Bruno Reikdal. O sujeito na pedagogia de Paulo Freire. Disponível em:
<https://brunoreikdal.wordpress.com/2015/05/20/o-sujeito-na-pedagogia-de-paulo-freire/>. Acesso em: 10
jun. 2020.
MORAN, José. Metodologias Ativas para uma aprendizagem mais profunda. In BACICH & MORAN
(Orgs). Metodologias ativas para uma educação inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018, p. 34-76.
PIAGET, Jean. Seis estudos de Psicologia. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.
VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 4ª edição. São Paulo – SP: Livraria Martins Fontes Editora
Ltda, 1991.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 152
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nossa principal motivação para a construção desse artigo reside na importância que o tema
possui para a o desenvolvimento da oralidade da criança por meio de cantigas de roda na Educação
Infantil, sendo este considerado um tema clássico em todos os tempos. Podemos afirmar que
estudar as cantigas populares para o desenvolvimento da oralidade remete a uma influência mútua
entre o indivíduo e seu desenvolvimento gestual, comportamental e, principalmente, da fala,
aprofundando a compreensão de novos comportamentos de comunicação com o outro.
Acreditamos que resgatar o estudo das cantigas de roda e vivenciá-las desperta nas
crianças a capacidade de relativizar os conhecimentos a respeito do coletivo e do individual de
cada um referente à sua dicção, conotação e comunicação para com outras crianças e adultos,
conduzindo a criança à capacidade de se comunicar com mais influência e satisfação.
Dessa forma, a qualidade da pesquisa é um fator determinante para contribuir com as
discussões acerca dessa temática e, consequentemente, para a compreensão de práticas que
auxiliarão no aumento e desenvolvimento da fala das crianças por meio de cantigas de roda. Assim,
esperamos contribuir estabelecendo meios e estratégias para novos estudos.
Foi com base nessa concepção que surgiu a nossa problemática. A oralidade é um meio de
comunicação essencial para compreendermos onde estamos, com quem estamos e o que
fazemos. O gestual, a socialização e a interação fazem parte do nosso cotidiano, assim como a
1
Iaponira Nunes Tavares de Araújo. Graduanda de Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú –
UVA/UNAVIDA. iaponiraaj@gmail.com
2
Maria das Dores Cosme Ramos. Graduanda de Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA/UNAVIDA.
mariadasdorescosmeramos@gmail.com.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 153
verbalização do que nos identificamos. Desse modo, toda e qualquer criança aprecia cantigas de
roda, grandes ou pequenas, já compreendem emitindo palmas, gritos ou sonorizações que
remetem prazer e satisfação.
Nesse sentido, buscando respostas para nossa pesquisa nos deparamos com as seguintes
perguntas: “Trabalhar com cantigas de roda na Educação Infantil para o desenvolvimento da
oralidade na criança ajudará no desenvolvimento educacional e social da criança?”, “Para que
servem as cantigas de roda na busca da comunicação e interação social?” Essas são questões
pertinentes que, a partir desse trabalho, iremos investigar e procurar métodos que ajudem no
desenvolvimento da oralidade a partir da vivência com cantigas de roda.
A hipótese é que as cantigas de roda são definidas como histórias cantadas que
praticamente todo mundo conhece por ter aprendido em algum momento da vida. Assim, são
canções simples, normalmente rimadas, de autoria anônima, usadas para embalar o sono dos
pequenos ou mesmo como brincadeiras antigas. Desse modo, conhecer e ouvir cantigas, além de
divertido, é direito da criança, assim como interagir e manifestar seus desejos, encantos e
imaginação, garantidos na Base Nacional Comum Curricular – BNCC.
Sabemos também que as cantigas desenvolvem nos pequenos fatores cognitivos e afetivos,
além de aspectos motores e físicos e traz consigo sentimentos de vivência em coletivo. De tal
modo, as cantigas despertam na criança, a partir da oralidade, o desejo de comunicação, mesmo
que de forma cantada, mas que expressa sentimentos, interação social e perspectivas de novos
conhecimentos.
O fomento à interação social, por sua vez, promove o aprendizado coletivo, o
desenvolvimento de habilidades e a troca de experiências. Com a interação social a criança
aprende a interioriza a linguagem, as regras básicas da sociedade, a moral e os modelos de
comportamento do grupo a que se pertence mesmo sendo bem pequena.
Nessa perspectiva, introduzindo as cantigas de roda à rotina escolar, incentivamos a criança
ao gosto pela comunicação gestual, falada, articulada entre outras. Ainda, o desenvolvimento e
aprendizado ficam intercalados a um fator comum que é a comunicação.
Nosso objetivo geral foi discutir a oralidade da criança na Educação Infantil com atividades
lúdicas através de cantigas de roda. Os específicos foram em ordem exploratória, descritiva e
explicativa: a) investigar acerca da oralidade em termos históricos, conceituais e no cotidiano
educacional; b) descrever como as cantigas de roda podem ajudar as crianças na desenvoltura da
oralidade; c) verificar a capacidade de comunicação e socialização por meio das cantigas de roda;
e d) sugerir atividades concretas que usem as cantigas de roda para desenvolver a oralidade nas
crianças.
Nossa pesquisa é composta por autores clássicos e contemporâneos, dentre eles Vygotsky
(2007), Rodrigues (1992), Cascudo (2006), entre outros. Utilizamos, também as discussões que
estão elencadas na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2018), Referencial Curricular
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 154
Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (1998), Proposta Curricular do Estado da Paraíba
Educação Infantil e Ensino Fundamental – PCPB (2018) e outros.
Desse modo, a nossa pesquisa apresenta um método hipotético-dedutivo que segundo Gil
(2008) “[...] Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo confirmar a hipótese, no método
hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la.”; quanto à
finalidade, é aplicada; tem uma natureza de trabalho científico original; os objetivos colocados são
exploratórios, descritivos e explicativos e é uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa
que de acordo com Gil (2008) “A análise dos dados nas pesquisas experimentais e nos
levantamentos é essencialmente quantitativa. [...]”.
Em conformidade com Freire (2011, p. 23) “[...] quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender [...]”, nesse sentido, o ensino precisa ser significativo para a criança e
cabe ao professor buscar conhecer a realidade dos seus alunos para que assim possa trabalhar
os objetos de conhecimentos, baseando-se no conhecimento prévio da criança de uma forma
lúdica, reflexiva e significativa, tornando possível seu aprendizado e trazendo mudanças cidadãs
que transformem a realidade desses sujeitos e da sua comunidade.
Mas nem sempre foi assim, o ensino em tempos remotos era de fato “depositado” no aluno,
como se a sua cabeça estivesse “vazia” e o professor o “detentor do saber”, depositava ali todos
os seus conhecimentos, pautando o ensino no que Paulo Freire (2011) chamou de “educação
bancária”. Essa prática leva-nos a pensar que o professor tinha um poder de conhecimento maior
e os alunos eram vistos como seres que não conheciam nada, com isso, a criança tinha que
absorver todas as informações dadas pelo professor.
Nesta perspectiva, precisamos entender as reais necessidades da criança, precisamos vê-
las como sujeitos que vivem e se relacionam uns com os outros, considerando suas singularidades,
etnias e diferença. Dessa forma, é dever do educador preparar um ambiente propício para essa
criança, para que ela se sinta bem e segura para desenvolver as diversas habilidades, desde as
mais simples, como o desenvolvimento da fala, a oralidade, por exemplo, até chegar nas mais
complexas, como a argumentação e a produção de textos intricados no decorrer do processo de
aprendizagem.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil-RCNEI “[...] a
construção da linguagem oral implica, portanto, na verbalização e na negociação de sentidos
estabelecidos entre pessoas que buscam comunicar-se [...]” (BRASIL, 1998, p. 125). Assim,
a linguagem oral precisa ser estimulada desde muito cedo na criança, pois é a partir de seus
primeiros meses de vida, no contato com a mãe, que o bebê emite sons, balbucios que são
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 155
entendidos pelas mães como indicações de que está acontecendo algo com a criança, ou que a
mesma deseja alguma coisa como alimentar-se e tomar banho, por exemplo, ou sentindo algum
desconforto.
Quando falamos em linguagem oral, pensamos logo em algo sem muita importância, pois
acreditamos que a criança não precisa ser estimulada, mas a falta do estímulo faz com que a fala
da criança possa ser tardia. A oralidade não é uma receita mágica que surge da noite para o dia,
há algo mais vital por trás disso, é um trabalho que requer tempo e dedicação.
O adulto, por sua vez, nesse processo, exerce papel relevante, visto que a criança encontra
nele uma referência para querer falar. É através do contato com o outro que a criança começa a
desenvolver a oralidade, querendo assim se comunicar, conforme aponta o RCNEI “[...] A criança
aprende a verbalizar por meio da apropriação da fala do outro. [...]” (BRASIL, 1998, p. 125).
Desta forma, o professor deve introduzir uma linguagem ampla na rotina da criança, saber o
quanto é relevante sua participação de uma forma afetiva nesse processo, ouvindo a criança,
dando-lhe oportunidade de expressão e comunicação e se expressando de forma clara para que
ela o entenda e, assim, possam estabelecer um diálogo, que agregue valor na vida da criança.
Segundo Augusto (2011), é comum os profissionais de Educação Infantil
achar desnecessário trabalhar a oralidade na criança, quando ela já pronuncia algumas palavras
ou até mesmo já falam. É preciso que o professor, não só trabalhe a oralidade em sala de aula,
como também estimule seus alunos a entender a importância de falar, de se comunicar com o
coleguinha, pensando métodos lúdicos e criativos que estimulem o desenvolvimento da oralidade,
como o uso da música, por exemplo.
A Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2018, p. 09), o professor precisa “valorizar a
diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que
lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo”. Nesse sentido, a cultura popular tem
uma grande relevância no ensino da criança, pois através dela podem ser trabalhadas diversas
habilidades, sendo a oralidade uma delas.
Entendemos então, que a introducão de cantigas de roda como um elemento cultural de
grande relevância popular, em prol da oralidade da criança, trará em sua apropriação da oralidade,
sentido e significados. É interessante discutir de modo breve acerca de cultura popular antes de
adentrarmos nessa relação entre a oralidade e a cultura popular.
Esta integra a cantiga popular, o folclore, a dança o artesanato, entre outras manifestações
culturais populares, componentes que constroem um legado cultural e social de toda uma
população. A cultura também traz sua contribuição nesse cenário, sendo ela a essência de um
povo, suas raízes e o seu bem de maior valor.
Nessa perspectiva, Brandão (2010, p.100) afirma que
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 156
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 157
Assim como mostra o RCNEI (1998, p. 117) o professor deve saber que, “Aprender
uma língua3 não é somente aprender as palavras, mas também os seus significados
culturais, e, com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio sociocultural
entendem, interpretam e representam a realidade.”
Além disso, a BNCC (2018) disponibiliza do eixo Oralidade, que é um os eixos
integração da língua portuguesa da educação básica nos anos inicias. Esse eixo visa
destacar a importância de explorar essa linguagem, pois ela pode ser explorada por
diversos meios e dentre eles está as cantigas populares. Desse modo o professor pode
inserir as cantigas no cotidiano da criança de forma lúdica, e assim mostrando os caminhos
para que ela desenvolva sua oralidade e possa se expressar de maneira clara e crítica.
A Proposta Curricular do Estado da Paraíba (2019, p. 45) diz que “[...] as crianças
estão em pleno desenvolvimento da oralidade, sendo as instituições de Educação Infantil
também ambientes sociais onde aprendem a falar, a se expressar, a exprimir linguagens.”
Sendo assim, o professor passa a ser o maior estimulador para a criança e cabe a ele
desenvolver um planejamento que estimule-a desenvolver a sua oralidade, incluindo,
assim, as cantigas de roda para que as crianças desde cedo tenham conhecimento pela
cultura de modo geral e também sua cultura local através das cantigas, estimulando o seu
interesse pelas cantigas populares e desenvolvendo a habilidade de ouvir o outro.
O RCNEI (1998) ainda aponta que a música é um tipo de linguagemque é expressa
por nós quando queremos demonstrar afeto, sentimentos, sensações, prazer e etc. Ele
ainda afirma que a música está introduzida em todas as culturas e em diversas ocasiões,
fazendo parte da educação desde a Grécia antiga, tendo maior relevância nos dias atuais.
Nesse sentido, a música tem uma contribuição significativa para a oralidade da
criança, em interações cotidianas e no convívio escolar, sua ajuda é de grande valia, visto
que é através das cantigas introduzidas em brincadeiras e tantas outras sugestão de uso
da mesma, que podemos verificar sua eficácia na vida da criança.
28
A língua é um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem significar o mundo e a realidade.
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Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 159
Nesse contexto, a união dos povos e de suas culturas foi capaz de dar origem a esta
vasta paleta de cantigas de roda presente no Brasil, vindo dos portugueses grande parte
desta contribuição. Para o professor, surge a oportunidade de introduzir as cantigas de
roda em seu em plano de aula, semanal, mensal ou anual, o importante é que as encaixe
em sua didática, pois a mesma resgata a cultura local, regras, valores, o enriquecimento
do currículo, desenvolve o intelecto, psicomotricidade e o social da criança, preparando a
mesma para futuras fases que virão.
Segundo Maffioletti (1994), cantigas de roda são canções usadas em várias
brincadeiras de roda cantadas para divertimentos entre jovens, adultos e crianças de forma
ordenada e de mãos dadas às crianças olhando para o centro do círculo giram para a
esquerda e para direita, conforme as ordens são dadas pelo condutor do grupo.
Assim, as cantigas de roda são tradições folclóricas de um povo, que, mesmo em
um mundo tão globalizado, não foram esquecidas ao longo do tempo, nas brincadeiras na
hora do intervalo, em sala de aula em um momento de descontração cantando, ou lendo
um livro infantil, todas essas situações nos remetem às cantigas de roda.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 160
Mais uma vez, Cascudo (1988, p. 676) destaca que as cantigas de roda, “apesar de
serem cantadas uma dentro das outras e com as mais curiosas deformações das letras,
pela própria inconsciência com que são proferidas pelas bocas infantis”, em diversas vezes
são esquecidas por uns e lembradas por outros, em gerações atuais onde só querem saber
de tecnologia. É através delas que conhecemos tradições costumes a identificação de um
povo e sua cultura, dando sentido às nossas experiências, como afirma Rodrigues (1992,
p. 30):
A razão de tanto entusiasmo pela canção pode ser encontrada no ritmo das
sílabas repetidas ou no grito final. Mas a observação do comportamento
infantil sugere atenção ao significado da letra, ou seja, o que representa
para a criança cantar ações que já fez ou que sabe não ser correto fazer.
Por isso, simbolizar em versos e melodias o que lhe inquieta, é uma forma
de dar um novo sentido às suas experiências.
Desta forma, as cantigas de rodas sempre estarão presentes nas brincadeiras das
crianças, pois seus ritmos embaladores e letras repetitivas aguçam o imaginário das
crianças trazendo a tona o senso do que é certo ou errado, educando, sendo eficaz na
contribuição de sua oralidade ao mesmo tempo em que dialoga com sua tradição, sua
cultura e aprendizado.
Para Sarmento & Rapoport (2009), a música auxilia a criança em seu cotidiano,
favorecendo a sua motricidade, comunicação, desenvoltura, equilíbrio, expressões e comunicação.
É através dela que a criança eleva sua autoestima, e obtém conhecimento dos outros e de si próprio
assim também como na sua socialização no meio em que vive.
Nesse sentido, podemos perceber que, cantando, conseguimos nos socializar, nos divertir,
aprendemos, interagirmos e conhecermos melhor uns aos outros, sendo capaz de expressar,
assim, todos os nossos sentimentos. Desse modo, as cantigas de roda nos intervalos, em sala de
aula, e em tantos outros momentos da vida da criança proporcionam a ela uma melhor ancoragem
dos conteúdos didáticos, auxilia na linguagem e no controle de possíveis agressividades. Estamos
assim em conformidade com Brescia, (2003, p.60), porquanto “[...] cantar pode ser um veículo de
compreensão, memorização ou expressão de emoções. O canto também pode ser utilizado como
instrumento para pessoas aprenderem a lidar com a agressividade”. Nessa direção,
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 161
Desse modo, o documento acima mostra que o professor deve preparar um ambiente
musicalizado, pois, assim, será propício para o desenvolvimento da criança, onde o percussor é
parte integrante desta temática cantando músicas de fácil memorização, rítmica de curta duração,
mas que exerce grande apego às crianças.
Nessa perspectiva, o professor, antes de tudo, deve saber a importância que a cantiga de
roda traz para a criança. A BNCC (2018, p.42) ressalta que “[...] é importante promover experiências
nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral […]”,
dessa forma, o professor deve elaborar um planejamento introduzindo as cantigas de roda para
que com elas as crianças possam valorizar a cultura local e ao mesmo tempo, aprender com a
música a desenvolver a sua oralidade.
Em conformidade com o documento acima, sabemos que as crianças, desde muito cedo,
têm a música em sua vivência cotidiana e cultural, que é de suma importância em diversos aspectos
da vida da criança, pois sua contribuição vai muito além da fala, ela engloba toda uma temática
que envolve a criança em momentos de interação, socialização e atividade física, incluindo a
criança nessa ciranda de saberes e deveres, tornando-a única e capaz no que se refere à
construção de sua personalidade.
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Dessa forma, o professor, em sala de aula, pode utilizar as cantigas de roda para trabalhar
com a letra das cantigas, mostrando a cultura que existe por trás da letra da cantiga de roda,
explorar a oralidade e dentre outras coisas, podendo assim utilizar a ludicidade para chamar a
atenção do aluno, e com isso obter bons resultados, como afirma proposta Curricular da Paraíba
(2019, pp 39-40).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 163
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 165
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Sumário
SEÇÃO III
Sumário
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Graduada em Licenciatura em Pedagogia.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 169
Até o século XVII a criança era considerada como um adulto em miniatura, sendo
assim, não se considerava o universo infantil, e, consequentemente, não se escrevia,
portanto, para as crianças. Desse modo, a criança não era discernida pela sociedade com
diferença do sujeito adulto, ambos usavam o mesmo estilo de roupas e compartilhavam os
ambientes caseiros e sociais, bem como o trabalho (SILVA, 2009).
Assim, de acordo com Regina Martins (2015) a história da literatura infantil iniciou-se
em meados do século XVIII, foi a partir do século XVIII que a criança passa a ser vista
como um ser frágil, que necessitava de cuidados e proteção. Houve então o distanciamento
da vida ‘’adulta’’ recebendo uma educação diferenciada que lhe preparava para a vida.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 170
De tal modo, as crianças que são filhas de nobres liam os grandes clássicos e as
crianças pobres ouviam as histórias de cavalaria e de aventuras. Segundo o pensamento
de Lajolo (1985, p.15) “[...] as fábulas eram a forma literária mais resistente [...] criadas
pelo francês Jean La Fountaine (1668-1694) [...] englobadas como literatura também
apropriadas para crianças”. Outras tradições eram os contos de fadas maravilhosos, que
tinham uma mistura de realidade e fantasia envolvendo as fadas, bruxas, princesas,
príncipes e castelos, etc.
A Literatura Infantil permanece até os dias de hoje, sendo essencial na formação
de uma criança, de maneira que o contato direto com a literatura, dentre outros benefícios,
oferece direito à fantasia, à criatividade, ao senso crítico e à sensibilidade estética. Então,
a literatura passa a ser elemento necessário para permear a vivência das crianças.
De acordo com as mudanças sociais ao longo do tempo, vieram as ampliações de
temas e a necessidade de abordar temas diferentes dentro da literatura para crianças.
Desse modo, sancionada em 9 de janeiro de 2003, alternando a Lei 9.394, de 20, de
dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e bases da Educação – LDB, estabelecendo que se
inclua no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura
Africana e Afro-Brasileira, Lei 10.639. Como então Ministra Chefe da Secretaria de Políticas
de Promoção da igualdade Racial SEPPIR no ano da aprovação da Lei 10.639, Matilde
Ribeiro afirmou:
[...] o objetivo desses atos é promover alterações positivas na realidade
vivenciada pela população negra e trilhar rumo a uma sociedade
democrática, justa, igualitária, revertendo os perversos efeitos de séculos
de preconceito, discriminação e racismo (BRASIL, 2004, p.08).
Ou seja, a Lei 10.639 foi de uma grande importância, pois ela trouxe o
reconhecimento para valorização e o respeito à cultura dos povos afro-brasileiros e
africanos, o que foi um grande avanço para o nosso país, porquanto trata questões sobre
o combate ao racismo, preconceito e a discriminação, desmistificando tabus que por
séculos foram pertencentes aos povos de origem negra.
Nessa direção, se muitos professores já trabalhavam essa temática dentro de suas
salas de aulas, porém, de forma isolada, mais precisamente em suas datas
comemorativas, agora, por meio da Lei, o ensino de História e Cultura Africana e Afro-
Brasileira nas disciplinas de História, Literatura e Artes, se torna obrigatório e asseguram
aos povos afro-brasileiros e africanos seus direitos perante a sociedade.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 171
vida social e política, nas suas relações com o meio e com os outros grupos,
na produção de conhecimentos etc. A diferença entre culturas é fruto da
singularidade desses processos em cada grupo social.
Sumário
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2
Mais informações disponíveis em: https://casavogue.globo.com/LazerCultura/Livros/noticia/2019/11/13-livros-
infantis-sobre-representatividade-negra.html. Acesso em: 18/06/2020.
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Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 175
Essa lei foi um grande passo para identificar a discriminação presente em nossos
estabelecimentos de ensino e tratar com eficácia a identidade dos negros e
afrodescendentes, mas, para que ela se efetive de fato, depende principalmente dos
professores é de grande importância que eles tenham esse olhar pedagógico onde
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Diante disso, a Literatura Infantil, hoje, possui uma grande diversidade de livros
com protagonistas negros que enfatizam o processo do reconhecimento racial e indenitário
dos mesmos, facilitando assim o trabalho dos docentes ao apresentarem as literaturas para
as crianças em sala de aula, abordando sobre o multiculturalismo que existe no Brasil e no
mundo e a importância de aprender a conviver e respeitar cada cultura e raça, dentre elas
destacamos seis obras que auxiliará o professor no momento de sua prática.
AUTOR/ANO OBRA
Miriam Leitão (2015) Flávia e o Bolo de Chocolate
O livro se passa em meio às questões da personagem sobre a
sua pele negra tão diferente da cor branca da pele de sua mãe.
A história aborda temas delicados como adoção e questões
raciais de forma sensível e lúdica para os pequenos.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 177
A escola é o lugar onde as crianças passam uma boa parte de seu tempo, não é à
toa que a escola é intitulada como “segunda família”, mais precisamente é na sala de aula
e com ajuda do professor que as crianças ganham autonomia para interagir e se tornarem
sujeitos críticos perante a sociedade, nesse sentido, a escola garante a inclusão social e o
acesso a diferentes culturas. Segundo Orlandi (2006, p,73) “a função primordial da escola
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seria, para grande parte dos educadores, propiciarem aos alunos caminhos para que eles
aprendam, de forma consciente e consistente”.
De acordo com a Proposta Curricular do Estado da Paraíba-PCEPB (2017, p.31).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 179
GG
Fonte: Internet (https://blogestantemagica.com.br).As tranças de Bintou de
Sylviane Anna Biouf, (2004)
Com vasta produção literária sobre a cultura africana, Sylviane A. Diouf nos mostra
uma história comovente e que permite repensar o Brasil através dos costumes africanos.
As tranças de Bintou (Editora Cosac Naify) resgatam a valorização da estética negra, por
meio das situações que a pequena Bintou vivencia ao desejar ter as tranças nos cabelos
3
iguais às de sua irmã mais velha. O desejo de tirar seus “birotes” vai revelando a
compreensão que Bintou tinha de tinha de si mesma e reconstruindo seu olhar.
3
Birotes – penteado feminino que consiste em enrodilhar os cabelos no alto da cabeça. Mais informações disponíveis
em: https://dicionariocriativo.com.br.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 181
Fonte:Internet(https://blogestantemagica.com.br). Flávia
e o bolo de chocolate de Miriam Leitão.
Em O Menino Marrom, Ziraldo narra a infância de duas crianças com a cor de pele
diferente: uma é marrom, a outra é cor-de-rosa. Elas não veem isso como um empecilho
para construírem um grande laço, com muitas perguntas e descobertas.
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SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Temática: Preconceito
Gênero literário: conto
Campos de Experiência: O eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons,
cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços tempos. Quantidades,
relações e transformações.
Direitos de Aprendizagem: Conviver; Brincar; Participar; Explorar; Expressar; Conhecer-
se.
Objetivos de Aprendizagem
Objetivos de Conhecimento
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 183
Habilidades
Competências específicas
C4- Comunicação
Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de
natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação da
realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
C3 - Repertório Cultural
Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações
artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio
cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e
coletivas, da produção artística-cultural, com respeito à diversidade de saberes,
identidades e culturas.
C8 - Autoconhecimento e autocuidado
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais, apropriar-se de conhecimentos e
experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e
fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.
C9 - Empatia e Cooperação
Exercitar a empatia, o diálogo a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se
respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 184
Desenvolvimento da sequência
Objetivo: A partir das obras literárias As tranças de Bintou, Flávia e o Bolo de Chocolate
e O Menino Marrom, que deverão ser lidas em momentos diferentes, fazendo perguntas
para gerar debates e ao mesmo tempo diagnosticar o que as crianças sabem sobre os
temas abordados, fazendo assim o levantamento prévio de seus saberes e mostrando a
importância de se ter respeito por outros povos, outras etnias, outras culturas.
Fonte: Internet
Fonte: www.epoca.globo.com
(Amazon.com.br)
✔ Professor(a) você deve decorar a sala com tapetes, almofadas e quadros que
retratem o continente Africano para que as crianças fiquem a vontade; Em seguida,
pedir que elas sentem em círculo para que todos se enxerguem e inicie uma
conversa com algumas indagações:
• Se eles sabem o que é diversidade.
• Se eles acham que todos somos iguais.
• Se entre eles existe algum colega com a cor de pele e o cabelo diferentes do
deles.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 185
O professor deve conversar com os alunos sobre o gênero conto, que ele se define
como unidades formadoras de sentido, com determinados propósitos ou intencionalidades,
ou seja, o que almejamos alcançadas por meio do nosso discurso como informar algo,
convencer, contar história, etc.
Aponte também as principais características e a presença dos elementos
tradicionais da narrativa – personagens, tempo, espaço e enredo e que pode ser definido
como uma narrativa curta e com um único conflito, em que há poucos personagens e
quanto ao tempo e o espaço, são reduzidos ao essencial. Vá conversando e mostrando
aos alunos a estrutura na própria obra trabalhada e que aponte ainda que os contos são
relacionados a conflitos comuns na vida dos leitores.
✔ Professor (a) mostre o livro que será abordado em sala de aula perguntando:
• O que vocês veem na capa do livro?
• Que tipo de história vocês acham que apresenta aqui?
✔ Após ler o livro, proponha que os alunos representem através de desenho em
folha, a história que foi apresentada.
✔ Solicite para cada um fazer o reconto da história através da ilustração que
criaram.
Procedimento:
Ao som da música África, de Arnaldo Antunes, o professor(a) vai pedir para as
crianças darem as mãos e formarem juntos um grande círculo, que ao iniciar a música
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 186
todos devem girar para o mesmo lado depois girar para o outro, num determinado
momento todos param e batem nas mãos uns dos outros como também nas pernas e
assim vão girando e fazendo esse movimento até o termino da música.
Procedimento:
Construir a amarelinha com a utilização de uma fita dupla face branca para
demarcação no chão, em seguida, a professora realiza a demonstração para que as
crianças aprendam e brinquem coletivamente. É necessário o número exato de quatro
participantes, tem que executar a coreografia de forma simétrica e ao mesmo tempo, por
isso a necessidade de uma música.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 187
Procedimento:
Faz-se uma linha reta no chão usando uma corda, de um lado escreve a palavra
˝TERRA˝ e do outro, a palavra ˝MAR˝. De início, todas as crianças podem ficar no lado
da terra. Quando o orientador disser: mar! Todos devem pular para esse lado. O
professor ou aluno que estiver ditando a brincadeira vai variando os dizeres, e quem
ficar no lado errado está fora. O último a permanecer sem errar, vence.
Após terem realizado todas as etapas para a produção final, o professor(a) pode
propor para as crianças uma oficina sobre a cultura africana.
• Deve-se criar um cenário no pátio da escola que lembre o continente africano,
preparando uma mesa com comidas típicas da África, trazer a capoeira como
representação cultural para que eles apreciem essa dança e se sintam inseridos neste
universo multicultural.
• A finalização deve contemplar um desfile, onde as crianças podem estar vestidas
com tecidos africanos, as meninas caracterizadas com tranças na cabeça e os meninos
usando roupas masculinas de origem Africana possibilitando as crianças um momento
reflexivo dessa cultura que merece todo valor e respeito.
Nossa proposta de sequência didática do gênero “conto”, primeiramente, procura
ajudar o aluno a se conscientizar sobre o preconceito, visto que todos nós somos
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 189
Nesse tocante, a partir dos eixos estruturados da educação infantil, que são as
interações e as brincadeiras, a Base estabelece os direitos de aprendizagem: Conviver,
brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se. Assim, considerando os eixos
temáticos abordados, e a garantia desses direitos, pode-se chegar à conclusão de que a
criança se desenvolve e aprende através do brincar.
Segundo a BNCC (2018, p.10) “o currículo por campos de experiências defende a
necessidade de conduzir o trabalho pedagógico na Educação Infantil por meio da
organização de práticas abertas ás iniciativas, desejos e formas próprias de agir da criança
que, medidas pelo professor, constituem um contexto rico de aprendizagens significativas”.
Dessa forma, os direitos de aprendizagem das crianças são reavidos em cada campo de
experiências são definidos e organizados por meio de cinco objetivos de desenvolvimento
infantil, são eles:
O eu, o outro e o nós: busca-se desenvolver conhecimento acerca de si mesmo,
bem como o respeito ao outro;
Corpo, gestos e movimentos: Foca nas atividades que desenvolvem a coordenação
motora das crianças. Traços, sons, cores e formas: Apresenta a criança um ambiente
diversificado, envolvendo-as nas mais diversas formas de produções artísticas;
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 190
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 191
REFERÊNCIAS
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 193
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Clara Rosana Silvino, Graduada Licenciatura em Pedagogia, Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.
2
Gicélia de Souza Gonçalves, Graduada Licenciatura em Pedagogia, Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.
3
Janaína Maria de Oliveira Silva, Graduada Licenciatura em Pedagogia, Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.
4
Selma Rosália Silvino, Graduada Licenciatura em Pedagogia, Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 194
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 195
Nosso percurso teórico caminhou pelos estudos de Hall (1997), Candau & Moreira
(2003), Pinheiro (2007), Cosson (2006), Dolz, Noverraz & Schneuwly (2004) entre outros.
Do mesmo modo, observamos discussões trazidas em alguns Documentos oficiais, como
o Plano Estadual de Educação – PEE (2015) da Paraíba; a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação-LDB (1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN (1997), as Diretrizes
Curriculares da Paraíba (2016), A Proposta Curricular da Paraíba (2018) e a Base Nacional
Comum Curricular-BNCC (2017). Nossa pesquisa tem finalidade de pesquisa básico-
estratégica, com natureza de resumo de assunto. Os objetivos são exploratórios, descritivo
e explicativo. Quanto ao objeto, temos uma pesquisa bibliográfica e abordagem de
pesquisa qualitativa com método dialético.
[...] o povo precisa da escola para ter acesso ao saber erudito, ao saber
sistematizado e, em consequência, para expressar de forma elaborada os
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 196
Do mesmo modo, a escola com sua longa história de instituição formadora de opiniões,
sentidos de existência, não pode deixar de trabalhar em seu espaço a diversidade cultural nela
existente, atentando para as várias particularidades dos seus estudantes como seres
heterogêneos, com suas próprias manifestações culturais. No entanto, há por parte de muitas
instituições uma falsa visão de se estar trabalhando as tantas peculiaridades dos seus alunos,
reproduzindo a parca visão da existência de “culturas superiores”, com o desface de se estar
trabalhando a pluralidade cultural.
Nesse sentido, sendo a instituição escola dotada de uma pluralidade cultural, houve ao
longo dos anos um lento processo de inclusão da cultura em seus currículos, como forma de
aceitação e incentivo aos vários grupos culturais que permeiam seu espaço, sendo a própria escola
inserida em muitos casos, em comunidade onde a cultura local pouco é trabalhada, preferindo a
abordagem de culturas de outras regiões, sem mesmo haver uma identificação dos alunos com as
mesmas.
As culturas mais tradicionais vêm sendo esquecidas pelas novas gerações, nessa
perspectiva, a escola precisa estar atenta para desenvolver nos alunos a visão crítica de
reconhecimento como sujeitos pertencentes a uma cultura e promovedores dela igualmente.
Os alunos hodiernos estão diante de uma explosão da tecnologia, que os fazem vivenciar
diariamente culturas distantes da sua realidade, que em muitos casos, não lhes representa, nem a
sua comunidade. Isso não é um aspecto negativo do conhecimento, mas é necessário que a escola,
como agente promotor dos diversos saberes, seja um espaço aberto à diversidade e pluralidade
de representações culturais.
Nessa direção, como forma de trabalhar no aluno a aceitação e incentivo de valorização da
cultura local em suas formas, valores e sentidos pertencentes a sua comunidade, ao oferecer
abordagens culturais que contextualizem o sentimento de pertencimento no aluno, despertamos
neles a apropriação identitária, que definiremos mais adiante, sendo preciso que escola e
professores incorporem em seu currículo e práticas o trabalho com esse segmento.
Para definir Currículo, usamos Moreira & Candau (1999, p.246):
Neste sentido, o currículo é elaborado a partir das necessidades que a escola possui em
relação aos alunos e a comunidade que os cerca, visto que, o espaço escolar é rico em diversidade
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 197
de pensamentos, crenças, estilos de vida, histórias que precisam ser valorizadas, combatendo,
assim, o preconceito a determinadas culturas, tendo umas como superior a outras, sendo o
currículo não apenas uma sugestão de conteúdos, mas objetos de conhecimentos que respeitem
a diversidade na construção da consciência identitária do aluno, de modo intercultural.
Assim, a partir do momento que a escola é favorável a um currículo consciente da
diversidade cultural, ela acolhe às diversidades presentes em seu espaço escolar, passando a
construir no aluno, a noção de sujeito construtor da sua própria identidade.
O conceito de identidade, envolve o produzir cultura, nessa perspectiva:
Como se viessem de dentro, mas que, sem dúvida, são ocasionadas por
um conjunto especial de circunstâncias, sentimentos, histórias e
experiências únicas e peculiarmente nossas, como sujeitos individuais.
Nossas identidades são, em resumo formadas culturalmente (HALL, 1997,
p.08).
Dessa maneira, aquilo que o homem vive no seu cotidiano em contato com outras pessoas
produz diversas histórias, vivências, experiências que marcam suas vidas definindo naquele
momento particularidades que as tornam construtoras de sua identidade, reconhecendo seu valor
e sua capacidade de tranformação e de atuação no mundo.
Assim, identidade não é um conceito definitivo, mas que sofre modificações, que está em
constante movimento pela existência humana a partir das culturas em que estão inseridas ou que
as influenciam. Destarte, ao se trabalhar a cultura como forma de reconhecimento identitário num
currículo intercultural, levamos em consideração as culturas locais como formas de reconhecimento
da importância de cada manifestação cultural de nossos alunos.
Então, mesmo a cultura estando presente na vida das pessoas desde o princípio, a sua
valorização se deu ao longo do tempo, antes desvalorizadas nos Documentos Oficiais, tendo maior
reconhecimento, a partir dos PCN Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1997, os quais elegeram
a pluralidade cultural como tema transversal do curriculo escolar.
Os PCN trazem as orientações do trabalho com o currículo, abrangendo as várias
manifestações presentes nos mais variados grupos da instituição, fomentando no aluno a ideia de
pertencimento a um determinado grupo e da sua importância na valorização e resgate de suas
raízes para construir um futuro com suas marcas.
Já a Base Nacional Comum Curricular-BNCC (2017) é uma referência para as instituições
escolares construírem seus currículos, mesmo ela não sendo um currículo, mas uma normativa,
orienta as escolas:
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 198
A Base, assim, reforça às instituições escolares esse olhar, por muitas vezes, despercebido
ao ensino da cultura, seja por descuido ou por falta de conhecimento. Ela instrui as escolas na
elaboração da proposta pedagógica, pautar a cultura como forma do aluno conhecer as várias
manifestações culturais das mundiais às locais.
Ainda, cabe dizer que o trabalho com a cultura local desperta o interesse e conhecimento
das memórias e costumes, a partir do momento que o aluno se ver como pessoa respeitada por
sua cultura, despertando uma consciência crítica de si e do outro quanto a sua posição cidadã.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 199
Então, na LDB vem elucidando a importância de se ter uma Base Nacional Comum, que
apenas anos mais tarde, veio se concretizar como também a atenção para o ensino da cultura local
do aluno como meio de expressão das suas particularidades e características mais intrínsecas
construída ao longo da sua história, é preciso que esses princípios façam parte da rotina escolar
para despertar no aluno o seu próprio poder de atuação no mundo que o cerca, como também,
entender que assim como sendo um ser de direitos, compete a se mesmo compreender e respeitar
as individualidades do outro.
De tal modo, como na LDB, os Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN (1997) vem
discutindo o tema cultura com mais visão a sua importância na escola, trazendo os temas
transversais: Ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual, pluralidade cultural, trabalho e
consumo.
A pluralidade cultural como tema transversal trazido pelos PCN (1997) vem como forma de
superar os preconceitos existente de privilegiar apenas uma cultura a tendo como única e aceitável,
mas que haja uma valorização aos costumes e particularidades de vivências pessoais da criança
para que ela se reconhecerá quanto indivíduo pertencente a um grupo com suas próprias
manifestações culturais. Ao se trabalha as pluralidades culturais presente no país os PCN, vem
como uma forma de diminuir as desigualdades e tantas manifestações preconceituosas no país.
Sendo assim, a escola precisa incluir em seus conteúdos vínculos relacionados a linguagem
oral, por exemplo, os sotaques, da cultura local, sem deixar de também contemplar a cultura do
Brasil como um todo. Também os PCN (1997) vêm trazendo a importância se trabalhar a identidade
do aluno através das artes em suas diversas manifestações, ou seja, através da música, teatro,
dança, escultura e tantas outras manifestações artísticas que o aluno se identifique.
Segundo Moreira & Candau (2003, p.161):
Ou seja, a criança tem o seu direito assegurado de ter uma formação que lhe dê subsídios
para ser reconhecer quanto as suas particularidades pertencentes a um grupo com seus próprios
costumes, crenças e valores que formara sua identidade, assim como, aulas que contemple a
linguagem, os costumes os objetos de identificação do seu grupo. Como esclarece Laraia (2001,
p.21) “[...] é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo
tipo de ambiente físico”. Desta forma, mesmo a escola tendo ciência desta diversidade cultural no
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 201
seu ambiente não se ver um empenho em contemplar esse público tão vasto em conhecimentos
diferenciados.
Já as Diretrizes Curriculares da Paraíba (2016, p.22) traz o projeto Cultura Na Escola, o
programa consiste em fomentar ações que promovam o encontro entre projeto pedagógico de
escolas públicas contempladas com programas como O mais educação, com experiências culturais
em curso nas comunidades locais e territoriais. O mesmo documento, pouco enfatiza a cultura,
abordando apenas O Projeto Cultura na Escola, mesmo assim pouco viável, não comtemplando
todas as modalidades de ensino. Acreditamos que a cultura dentro dos projetos pedagógicos deve
começar pela base que é a educação infantil.
Os citados documentos da Paraíba, trazem metas e estratégias para se trabalhar a
educação local, mas nas instituições escolares há pouco empenho no trabalho com essas
particularidades do estado, talvez por falta de interesse ou mesmo pouco conhecimento da
realidade estadual.
Sendo a Base Nacional Comum Curricular-BNCC (2017), o documento mais recente da
educação, ela traz o reforço quanto ao estudo da cultura no espaço escolar, dando ênfase a
importância da escola se atentar para as manifestações culturais locais, como forma de inclusão e
identificação do aluno.
Nesse sentido, ela reforça dez Competências para serem trabalhadas na escola e na
terceira Competência, especialmente, enfatiza-se bem essa atenção, “Valorizar e fruir as diversas
manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas
diversificadas da produção artístico-cultural” (BNCC, 2017, p.09) Assim, trabalhar as diversidades
culturais, tornando os elementos do cotidiano do aluno ponto de partida para desenvolver uma
aprendizagem significativa para eles.
Deste modo, é importante a construção de ações pedagógicas que caracterizem o contexto
em que o aluno está inserido, pois cada um tem sua própria história e vivências acumuladas ao
longo do tempo e a escola precisa contemplar o espaço para essas discussões e vivências. Assim
sendo, a escola deve buscar em seu contexto educacional, a partir da realidade local do educando,
criar oportunidades e possibilidades para usufruir dessa cultura como forma para ajudá-la no seu
desenvolvimento integral.
A BNCC (2017) contempla que as instituições escolares têm de contemplar as
características regionais, assim como também a cultura local da sociedade. Mesmo tendo essa
sugestão, não é o que se mostra na realidade das escolas paraibanas, sendo visto apenas em
momentos específicos, cujas culturas locais são exaltadas de modo simbólico, nos festejos juninos,
por exemplo. A Proposta Curricular da Paraíba (2018), vem reforçando esse olhar para cultura
local, assim ele elucida:
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 202
Nessa perspectiva, uma abordagem com a cultura no currículo cotidiano deve ser
repensada, porquanto o estado tem uma rica diversidade cultural pouco conhecida dos alunos, na
grande maioria jovens que precisam ampliar o caráter identitário, tendo como referências, as
memórias de seus povos, tanto nas danças, músicas e tantas outras manifestações artísticas
presentes no estado paraibano.
Esse trabalho precisa ser contínuo nas instituições escolares não apenas em datas
comemorativas ou projetos que durem apenas dias ou meses, mas durante o decorre do ano letivo,
como um incentivo aos alunos se sentirem respeitados e aceitos quanto as pluralidades culturais
do seu estado.
Mas essa falta de visão as culturas locais vêm evidente nos livros didáticos, trazendo nos
seus exemplares, quando abordada, a questão cultural apenas de regiões como do Sul e Sudeste,
dando pouca ênfase ao contexto do Nordeste. Já nos PCN (1997) trazem críticas aos livros
didáticos quanto a sua pouca investida na cultura local, mas é direito do aluno paraibano se ver
representado através da cultura local em seu processo de aprendizagem.
Educação e cultura: Contribuições para uma metodologia que trabalhe a identidade cultural
do aluno
Uma instituição escolar que deseja ser inclusiva precisa pensar no seu currículo como forma
de abranger todas as diferenças, não podendo passar despercebido a cultural local, assim cita
Soares (2003, p.161) “A escola precisa estimular as diferenças e dar significados para oportunizar
e produzir saberes em diferentes níveis de aprendizagens.” Assim, sendo a cultura feita de tantos
significados, é impossível não a trabalhar em suas várias manifestações.
Um olhar atento para a diversidade cultural presente no ambiente escolar nas suas várias
significações, como ambiente propício ao acolhimento das diferenças, a BNCC (2017) vem
reforçando o trabalho com a cultura:
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 203
Nessa perspectiva, um currículo escolar para ser inclusivo, precisa levar em consideração
as diferenças do seu alunado, um currículo bem elaborado irá levar em consideração as
desigualdades sociais presente em sua ambiência, tendo como foco os interesses dos alunos,
como também as suas necessidades, as suas singularidades, nas suas raízes, como na sua
linguagem materna.
A Proposta Curricular da Paraíba (2018) vem também enfatizando esse trabalho escolar
voltado para as várias vertentes da cultura, como forma de inclusão e consciência identitária do
estudante. A Proposta Curricular da Paraíba (2018) assim traz:
Sendo, a sala de aula um ambiente propício para reflexão das pluralidades culturais através
de textos que tragam sentido aos alunos, como elucida Cosson (2006, p.16) “[...] é no exercício da
leitura e da escrita de textos literários que se desvela a arbitrariedade das regras impostos pelos
discursos padronizados da sociedade letrada e se constrói um modo próprio de se fazer dono da
linguagem”. Nesse sentido, o professor pode se utilizar de diferentes gêneros textuais e/ou
manifestação artística para incrementar as suas aulas com produções de artistas paraibanos como
forma do aluno conhecer a cultura local e os vários artistas paraibanos.
Sendo assim, ao trabalhar com os gêneros textuais é preciso que haja por parte do professor
esse cuidado quanto à abordagem das obras. Para tanto, recorremos a duas perspectivas de
organização didática a partir da proposta de sequência didática que contemple os gêneros textuais,
de forma a priorizar aspectos culturais no aprendizado do estudante.
Em termos de sequência didática, sugerimos duas perspectivas, a primeira é a de Cosson
(2006), a qual traz um método de trabalho para a aplicação de sequências didáticas em sala de
aula que enfatiza a importância de se trabalhar o letramento literário, sob duas formas de sequência
didática, a sequência didática básica e a sequência básica expandida; a primeira contemplando
aspectos como a motivação, introdução, leitura e interpretação; já a segunda, tem aspectos mais
aprofundados do que na básica, contendo também motivação, introdução, leitura e interpretação,
acrescida de expansão e avaliação.
Como também, Dolz, Noverraz & Schneuwly (2004) propõem a sequência didática como
ferramenta pedagógica de trabalho com o texto, considerando aspectos como Apresentação da
situação; produção inicial; módulos e produção final. Sendo a sequência didática essencial para
um bom desenvolvimento da aprendizagem do aluno e o trabalho com gêneros textuais de suma
importância nessa relação. O professor deve se utilizar dos mais variados gêneros para
incrementar suas aulas.
Como o nosso estado tem variadas identificações culturais e um repertório vasto que pode
ser longamente trabalhado com o alunado, não apenas em um curto período, mas durante todo o
ano letivo. Quase sempre se vê o trabalho em sala de aula com culturas de outras regiões,
geralmente evidenciadas nos livros didáticos, assim, o contexto do Nordeste pouco é representado
nos manuais, carecendo do professor um suporte temático e de material para trazer mais discussão
da cultura local para a escola.
Um gênero relevante para trabalhar em sala de aula e que nos dá oportunidade de conhecer
a cultura local é o poema, mas há uma tendência de escolha dos poemas clássicos, canônicos, e
dos poetas tidos como referência a nível de país, sendo que dentro do nosso estado temos uma
grande variedade de poetas que podem ser trabalhados igualmente a estes tidos como referência.
Não defendemos que o aluno não possa conhecer os poemas clássicos, mas não apenas
estes, porquanto nos poemas que apresentem a cultura local, acreditamos nós, os alunos se
encontrariam, muitas vezes, descritos nos seus versos, sendo que além dos estudantes se
identificarem com os poemas têm a oportunidade de conhecer poetas paraibanos.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 205
Sobre o uso do poema em sala de aula, bem exemplifica Pinheiro (2007, p.25):
Tendo em vista que a poesia é dos gêneros literários mais distantes da sala
de aula, a tentativa de aproximá-la dos alunos deve ser feita de forma
planejada. Deve-se pensar que atitude se tornará, que cuidados são
indispensáveis e, sobretudo, que condições reais existem para realização
do trabalho (PINHEIRO, 2007, p.25).
Sendo assim, o trabalho em sala de aula usando o gênero textual poema, Pinheiro (2007)
sugere que o professor tenha o gosto pela leitura, que ela seja algo de interesse do aluno, podendo
ser possível trabalhar esse gênero de diversas maneiras como o cordel, o repente, a embolada e
o aboio, conhecidos no Nordeste por trazer a cultura nordestina em seus versos.
Perante a grande importância em abordar o tema cultura como forma de conhecimento da
cultura local, e do aluno desenvolver sua consciência identitária e de pertencimento a um grupo,
trazemos sugestões de obras que retratem a cultura nordestina, distribuídas em quadros com
sugestões de gêneros textuais para serem trabalhados em sala de aula.
Constituindo o trabalho com a cultura no espaço escolar de suma importância, a BNCC
(2017) traz em suas habilidades e competências orientações para o abortamento do tema cultura
como forma de inclusão e autoconhecimento. Elucidamos no quadro 1 a seguir:
Logo, para fazer uma abordagem cultural com repertório e desenvolver as suas aulas
abordando a cultura local, não apenas uma semana ou um mês, mas durante todo o ano, seja a
partir de projetos ou como o professor achar mais conveniente, recomendamos obras de autores
nordestinos e paraibanos como forma de conhecimento das riquezas culturais do Nordeste, nos
mais variados gêneros para se trabalhar em sala de aula, de modo contextualizado.
O quadro 2 propõe livros e lendas que retratam a cultura paraibana. As lendas folclóricas
que são abordadas nos manuais didáticos do Nordeste, por exemplo, trazem elementos culturais
de lugares distantes dos alunos, como o Saci Pererê e tantas outras conhecidas em regiões
remotas para eles, sendo que temos, a exemplo a comadre Fulôzinha e tantas outras lendas tão
conhecidas, principalmente, pelas pessoas mais velhas e que passam despercebidas pelos jovens
da atualidade.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 207
Desta forma, o currículo escolar deve ser amplo, abrangendo a todos os gêneros, nas
indicações apresentadas temos uma riqueza de detalhes nas narrativas das obras citadas, que os
alunos paraibanos não encontraram em obras de regiões diferentes, sendo assim, também
aludimos no quadro 3 o trabalho com poemas nas salas de aulas, oportunidade de conhecer e
valorizar poetas da sua própria região.
Poema
Poema “A estrada” (Ariano Suassuna)
“Sertão em carne em osso” (Zé da Luz)
Cordel “O poeta da roça” (Patativa do Assaré)
“Ser nordestino” (Bráulio Bessa)
“As grandezas do sertão” (Manoel Camilo dos Santos)
“O pavão misterioso” (José Camelo de Melo)
Poemas falados: Aboio, toadas “Água, palma, capim e rama” (Galego Aboiador)
“Sertão pedaço de ouro” (Galego Aboiador)
Fonte: Autoria Própria
Desta maneira, a aula não será um assunto fora da realidade do aluno, mas algo em que
ele se identifique como sendo do seu contexto, principalmente o público jovem nascido na era
digital, precisa ser incentivado ao conhecimento e propagação dos vários artistas e suas formas de
artes da região nordestina como na música também, sendo assim, no quadro 4, trazemos
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 208
sugestões de músicas e curta-metragem que podem despertar o interesse desse público jovem tão
exigente.
Quadro 6- Sugestões de músicas e curta-metragem
Músicas Curta-metragem
Aquarela nordestina (Luiz Gonzaga) ABC do sertão, de cordão de boitatá. Disponível em
Paraíba meu amor (Chico Cézar) https://lunatas.com.br/sertão-para-crianças.
Calango lengo - morte e vida sem ver água, de Fernando Miller.
Disponível em: https://lunatas.com.br/sertão-para-crianças.
Quando eu visto meu terno de couro, (Projeto Boa Vista conta
história, realização pela UFCG, em 2014, gravado no município de
Boa Vista-PB).
https://curtadoc.tv/curta/comportamento/quando-eu-vestia-meu-
terno-de-couro.
Fonte: Autoria Própria
Como explanamos, há um tanto de obras que não passam pelo currículo escolar, podendo
fazer parte dos planejamentos diários para uma aula conveniente, divertida e dotada de
conhecimentos culturais, sendo que todos os segmentos artísticos têm a sua importância e ao
trabalhamos todos sem distinção, estamos combatendo o preconceito e disseminando o respeito e
amor por sua origem, não tendo receio de se posicionar quanto a sua cultura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da pesquisa realizada sobre a abordagem do tema cultura nos currículos escolares
da Paraíba, propomos uma análise do ensino nas escolas que contribuam para promover a
valorização e importância da cultura local dos alunos como elemento que desenvolva nos mesmos
a ideia de pertencer e fazer parte de um grupo social e cultural, repleto de características que vão
desenvolver suas próprias identidades.
Além disso, buscamos trazer, ainda, sugestões de materiais para trabalhar a cultura local
em sala de aula e apontamos a sequência didática como uma ferramenta possível. Na ideia que
construímos, o professor deve usar as mais diversas fontes de cultura existentes no estado
paraibano, utilizando metodologias que valorizem a cultura local, fazendo com que os estudantes
se reconheçam como parte propagadora da construção da sua comunidade no presente e nas
futuras gerações.
Nessa perspectiva, foi feita uma investigação onde colocamos como hipótese de que
quando a cultura local faz parte frequentemente do cotidiano escolar do aluno, produz
aprendizagens significativas, aprecia a cultura local e as diversidades existentes, podendo ainda,
incentivar o respeito pelas diferenças e o combate ao preconceito, assim como, conhecer e
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 209
REFERÊNCIAS
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. CANDAU, Vera Maria. Currículo, cultura e sociedade. Programa 3:
Currículo, conhecimento e cultura. Indagações sobre o currículo no ensino fundamental. Boletim 17.
Setembro, 1999.
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. CANDAU, Vera Maria. Educação, escola e cultura (s): construindo
caminhos. Revista Brasileira de Educação, 2003.
PARAÍBA, Lei Nº 10.488 de 23 de junho de 2015. Aprova o Plano Estadual de Educação - PEE e dá
outras providências. João Pessoa, PB, 23 de junho, 2015.
PARAÍBA, Secretária de estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Paraíba, João Pessoa, 2016.
PARAÍBA, portaria Nº 331 de 5 de abril de 2018, Proposta Curricular do Estado da Paraíba, João
Pessoa, PB, 5 de abril de 2018.
PINHEIRO, Helder. Poesia na sala de aula. Campina Grande. Bagagem, 2007.
SANTOS, Gilson. Três pilares no conselho secular de cultura. Disponível em:
http://gilsonsantos.com/2012/05/02rs-pilares.nocontexto-secular-de-cultura. Acesso em 27/05/2020.
SAVIANI, D. Pedagogia histórica-critica primeiras aproximações. São Paulo, SP: Cortez Editora,
2ºed.1991.
SOARES, Magda. Linguagem e escola uma perspectiva social. 15 ed. São Paulo: Editora Ática, 2003.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 211
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 213
De acordo com Lajolo & Zilberman (2007) a leitura literária teve origem no século
XVII, durante o classicismo francês. Às primeiras histórias escritas por La Fontaine e
Fenélon foram fábulas e contos, que tinham como objetivo educar aquelas crianças para
que se portassem de acordo com os personagens daquela época.À medida que os anos
se passaram as publicações escritas para crianças tiveram crescimento progressivo e
contínuo, surgindo paulatinamente à necessidade de ampliar as histórias na Educação
Infantil. Com o avanço das publicações, houve uma maior variedade de temas para as
obras infantis, aproximando a leitura cada vez mais para a realidade do leitor.
Nesse sentido, a literatura é uma “ponte sem final”, que conduz o ser humano a
caminhos que ele mesmo não imaginaria alcançar, além de ter um papel social com
diferentes abordagens e temas relevantes para o mundo, por isso quanto mais cedo à
literatura for inserida na vida escolar da criança maior será a possibilidade de tornar-se um
leitor proficiente, consciente de si e do outro.
Portanto, a leitura é essencial na vida do ser humano, pois, quando lemos, nosso
cérebro é capaz de vincular causas e emoções, levando o leitor a “navegar na própria
imaginação”, adquirir novas experiências e conhecimentos, como também contribui para a
ampliação do vocabulário e escrita. Desse modo, a leitura deve ser um ato sempre
prazeroso, para que a criança possa se “conectar no universo do faz de conta”, sabendo
que a leitura deve ser introduzida na vida do ser humano desde cedo, para assim poder
adquirir o hábito da leitura para uma vida toda.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 214
Nesse sentido, para que haja uma união no ambiente escolar, a gestão e sua equipe
de trabalho devem andar engajados, trazendo melhorias para os alunos. É interessante
também que a escola junto aos professores construa um acervo de obras de literatura de
autores locais para que os alunos conheçam a cultura, através da leitura de obras de
autores paraibanos, por exemplo.
A Literatura paraibana vem crescendo cada vez mais em meio a essa diversificação
dos gêneros literários. As obras falam sobre a cultura local/regional e há uma diversidade
de gêneros que podem ser explorados na sala de aula, como cordéis, poesias, histórias
em quadrinhos e livros publicados para o público adulto, infantil e infanto-juvenil. Dessa
forma, os autores Jairo Cézar, Lizziane Azevedo e Mirtes Waleska citados na pesquisa
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 215
abordam com particularidade muitos aspectos da tradição local conquistando leitores com
público-alvo diversificado.
O documento mais atual, que rege os parâmetros da educação brasileira, é a Base
Nacional Comum Curricular, a BNCC, sendo ela um documento que regulamenta quais
são as aprendizagens essenciais a serem trabalhadas nas escolas brasileiras públicas e
particulares desde a Educação Infantil, perpassando o Ensino Fundamental nas Séries
iniciais e Finais e o Ensino Médio para garantir o direito à aprendizagem e o
desenvolvimento pleno de todos os estudantes. Esse documento apregoa as habilidades,
competências, objetos de conhecimento e objetivos de aprendizagem para serem
desenvolvidos em toda a Educação Básica.
De acordo com a BNCC do Ensino Fundamental (BRASIL, 2017, p.42)
Assim, é inegável que o trabalho com a leitura literária deve ser desde muito cedo e
de modo constante para desenvolver o interesse e o hábito de leitura e conquistarmos
leitores não apenas escolarizados, mas para além das salas de aulas e dos muros da
escola. A capacidade de ler está intimamente ligada à motivação, e os professores
desempenham esse importante papel de estimular a criança a ler e a gostar de ler,
sobretudo. Nesse percurso, os livros de literatura infantis bem trabalhados, a começar da
seleção de obras com valor estético até a maneira como contar a história e fazer as
crianças não apenas ouvirem, mas vivenciá-la, elas vão se interessando aos poucos e vão
querer buscar nos livros essa alegria e prazer.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 217
[...] Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos,
obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica
do cidadão, mediante: I – o desenvolvimento da capacidade de aprender,
tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
cálculo; III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em
vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes
e valores.
Portanto, todos têm o direito ao conhecimento mesmo que o lugar onde o indivíduo
esteja inserido não favoreça e nem facilite uma abordagem significativa e contextualizada
dos saberes diversificados. O direito de acesso à educação é legítimo, independente
deposição social ou econômica, dessa forma, todo tipo de serviço relacionado à educação
deve ser proporcionado adequadamente à criança.
Diante do penhor que nos garante os Documentos Oficiais, o direto a leitura é um
deles. E o que propomos aqui neste trabalho é a leitura literária local como um elemento
fundamental ao gosto literário.
Para esse trabalho de oferta da nossa literatura para crianças, escolhemos 3 (três)
livros de autores locais, cujas obras trazem muitos elementos que remetem à cultura local,
a identificação da nossa caatinga, das nossas cores, dos nossos bichinhos, da realidade e
espaços que são para as nossas crianças reconhecíveis.
Dessa forma, os autores Jairo Cézar com o menino que roubava gaiolas, Lizziane
Azevedo com o O tejo entojado e Mirtes Waleska com A preá que engoliu um gato, trazem
nas obras essa particularidade como:um cenário que remete ao leitor um ambiente natural
e animais de diversas espécies, com isso conquistando leitores com público-alvo
diversificado.Cabe apresentar uma breve biografia dos autores escolhidos e um resumo do
que contam suas respectivas obras.
O primeiro autor escolhido foi Jairo Cézar Soares de Souza, que nasceu na capital
paraibana, mas é radicado na cidade de Sapé desde os primeiros dias de vida. Ele cresceu
no interior, envolvido em um ambiente simples, sem as sofisticações da vida na capital.
Filho do artista plástico João Batista, desde cedo teve contato com as artes. Começou a
escrever aos 21 anos de idade. As suas influências são: O poeta Augusto dos Anjos, Sérgio
de Castro Pinto, Águia Mendes, Lenilde Freitas, Ferreira Gullar e João Cabral.
Ele é graduado em Letras na Universidade Federal da Paraíba (2004, UFPB) é
professor nas redes Estadual e Municipal de ensino na Paraíba. Além disso, suas
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 218
A obra O menino que roubava gaiolas (2018) trata-se de um livro de literatura infantil
que conta a história de um órfão criado pela madrasta, que o obriga a trabalhar em uma
banca de peixes na feira livre, em meio aos adultos. Essa obra fala também de uma
questão importante, a exploração do trabalho infantil, que contradiz o direito da criança de
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 219
apenas brincar e estudar, contradizendo a Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 19902, que trata
dos direitos das crianças e adolescentes. Além disso, essa obra também valoriza a cultura
local/regional, a feira, por exemplo, é uma referência cultural que possibilita transmitir os
conhecimentos transmitidos de geração em geração.
O escritor afirma que se inspirou na história de vida de Arnaud, um morador de
Bananeiras que criava passarinhos. “Ele foi pego pelo Ibama e multado. Depois desse
episódio, ele mudou o que pensava sobre a criação de pássaros. Liberou todos os
pássaros, inclusive aqueles que ele poderia criar legalmente, passando a “criar” gaiolas
vazias. Segundo o autor, a história sempre o intrigou e acabou inspirando esse título, uma
“metáfora para a esperança”3.
A segunda autora que compõe nosso estudo é Lizziane Negromonte Azevedo,
nascida em Campina Grande-PB, criada e alfabetizada em Sumé-PB, mas “adotada” em
definitivo, desde aos nove anos, por Monteiro-PB. Graduada em Direito pelo Centro
Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, Especialista em Direito Tributário pela
UNISUL/LFG e escritora, autora do livro de contos A vírgula e Outros Pontos (2016), pela
editora Penalux, e co-organizadora da antologia de contos Ventre Urbano (2016), também
da editora Penalux.
Os contos de Lizziane circulam pela internet em sites e revistas literárias, passando
pelos sites Diversos Afins, Revista Revestrés, Revista Subversa, Rio Total, Correio das
Artes, Revista InComunidade, dentre outras. Além disso, foi uma das criadoras e editoras
da primeira revista de literatura e arte da cidade de Monteiro e do cariri paraibano, chamada
Boca Escancarada, que circulou entre os anos de 2013 e 2014. E atualmente é editora do
Nem Te Conto – Jornal Literário, um periódico mensal, virtual e gratuito.
2 Mais informações em: ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
3 Mais informações disponíveis em: https://correiodaparaiba.com.br/cultura/musica/airo-cezar-lanca-seu-novo-livro-
infantil-o-menino-que-roubava-gaiolas. Acesso em: 24/06/2020.
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A autora do livro O tejo entojado (2018), que escolhemos para discussão nesse
trabalho,traz como protagonista um dos animais presentes na caatinga, nosso Bioma. Essa
história fala sobre um Tejo chamado Teleco, criado em uma gaiola, porém muito amado
por seus amigos, animais de várias espécies de nossa região. A história de Teleco foi
inspirada em um tejo que vivia no sítio dos avôs de Lizziane, cuja vida no viveiro é muito
boa, de comer frutas diariamente, legumes e alguns restos de comidas que sobram das
panelas da casa. Por ter sido criado em um viveiro, o tejo virou um animal dócil, assim
como o Teleco.4
A terceira e última autora selecionada é Mirtes Waleska Sulpino nascida em
Campina Grande-PB, professora de História, poeta, autora de contos e de histórias infantis.
Viveu boa parte da infância no sítio de sua avó materna, onde brincava com guinés e
galinhas. Veja que os autores têm vivências comuns, simples, campestres o que,
diretamente, influenciou a criação de obras que os representassem – a sua terra, o seu
lugar os bichos com que conviveram quando eram crianças - e que, certamente, guardaram
nas memórias pueris.
4 Mais informações em: AZEVEDO, Lizziane Negromonte. O tejo entojado. Edição da Aurora, 2018. Acesso em:
24/06/2020. (Informações retiradas direto do livro).
Sumário
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A Preá que engoliu um gato (2020) apresenta a história de uma preazinha sapeca,
que acabou gerando um grande rebuliço. Ela chega pelas bandas da caatinga agoniada
dizendo que engoliu um gato e todos os animais se reúnem para ver o que se passava
com a préa, mas na verdade a preazinha tomou foi um picolé que alguém havia deixado
por ali, o que acabou dando uma dor de garganta daquelas na préa.Nessa obra “a autora
consegue a proeza de criar uma ‘ciranda de bichinhos’ num cenário de xique-xiques,
adornado de coloridos azuis-anis, verdes-floresta e amarelos pôr do sol típicos da
região.”5(PIRES, 2020, online).
5 Mais informações em: SULPINO, Mirtes Waleska. A preá que engoliu um gato. Campina Grande: Editora Leve,
2020.Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lrkrwjuepvU. Acesso em: 14/07/2020.
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adquirir autonomia para construção dos conhecimentos fora da escola” (BRASIL, 2017,
p.74).
Cosson (2014) confirma essa premissa ao falar da função da leitura literária:
Na escola, a leitura literária tema função de nos ajudar a ler melhor, não
apenas porque possibilita a criação do hábito de leitura ou porque seja
prazerosa, mas sim, e, sobretudo, porque nos fornece, os instrumentos
necessários para conhecimentos e articular com proficiência o mundo feito
linguagem. (COSSON, 2014, p. 30).
Assim, não há dúvidas sobre a relevância da leitura literária, sendo essa uma
discussão antiga. O que aqui defendemos é a inserção da leitura literária de autores
locais/regionais, cujas obras contextualizam o universo de nossas crianças e lendo-as,
nossos pequenos poderão identificar com o contexto apresentado na obra, pois os
representam, seja no cenário apresentado, nas personagens, na linguagem, nas cores,
etc. É o que justifica nossas escolhas pelas obras de Jairo, Lizziane e Mirtes.
Nesse sentido, é necessário e, até urgente, inserir nos acervos das escolas obras
de escritores, pois há pouquíssima ou nenhuma representação de obras paraibanas nas
estantes de escolas estaduais e municipais de nossa cidade com obras de escritores
conterrâneos.
Para estimular os professores que não conhecem as obras, sugerimos a leitura de
dois autores que propõem o trabalho com sequência didática, Rildo Cosson, em
Letramento Literário: teoria e prática (2014) e Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz (2004).
Utilizaremos como proposta didática neste trabalho a sequência dos autores Schneuwly e
Dolz, que será dividida em 4 (quarto) momentos: Apresentação do gênero “conto”,
Contextualização do gênero, Construção de uma produção literária com características dos
personagens das obras escolhidas e Apresentação da exposição de materiais produzidos
e um jornal literário.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 223
Práticas de linguagem
Leitura/escuta
Análise semiótica
Objetivos de Aprendizagem
• Leitura de contos;
• Criação, reflexão, expressão de linguagens;
• Construção da textualidade e relação entre textos;
• Escrita autônoma e individual;
• Estratégias de leitura.
Habilidades
Competências
Desenvolvimento da sequência
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N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 225
Conhecimentos prévios
➢ Por meio de uma conversa informal o professor deve sondar dos alunos se eles já
leram algum livro; Qual tipo de livro leram; explicitar e apresentar as obras a eles.
➢ Nesse momento deve-se fazer a apresentação das obras literárias paraibanas.
Primeiramente as crianças farão uma leitura de imagens que será por meio de folhear
os livros;
➢ Após o folheamento, os alunos irão fazer uma leitura individual. Em seguida, estimular
uma discussão sobre o que observaram nas imagens, o que lhes chamou mais
atenção.
➢ Partindo das obras lidas, o professor (a) deve produzir com a turma, recursos didáticos
que os alunos possam expor na escola e utilizar de forma lúdica os jogos , quebra-cabeça,
jogo da memória, os fantoches, boliche de garrafa pet, e a caixa de pizza produzido por eles mesmos.
➢ Depois desse momento, sugerimos a releitura das capas dos livros para expor em
painel. Aqui deve-se perceber se os alunos recriam a partir de suas percepções ou
reproduzem apenas o que viram. Sugerimos que o professor converse com eles sobre
as recriações.
➢ Com o auxílio do professor (a), os alunos produzirão um álbum seriado coletando
matérias e realizando pesquisas a respeito do assunto que será abordado, eles
utilizarão também imagens dos livros e pequenos textos produzidos por eles mesmos.
➢ Também, pode montar com seus alunos um jogo da memória com personagens da
história. Para a construção desse jogo, indicamos que explorem bem as imagens mais
emblemáticas dos livros. Brinquem juntos e associem as imagens com os momentos
das histórias.
➢ Produza com os alunos um jogo de quebra-cabeça, com a imagem da capa ou usando
os personagens principais dos livros. Para produzir esse quebra-cabeça, utilize um
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 227
➢ Após as produções literárias, analise com sua turma como será a exposição dos
objetos produzidos por eles. Esses trabalhos serão apresentados na escola e para a
comunidade e construído um cantinho na biblioteca da escola para eles. Podem ser
expostos em uma amostra ou feira literária.
➢ Nessa exposição será apresentado também um jornal literário escrito pelas crianças
com o auxílio do professor(a) e dos pais dos alunos, contendo informações sobre os
animais presentes na caatinga, sobre a função da feira livre, dos locais culturais que
representam nossa cultura e a indicação dos livros lidos.
Através dessa sequência didática, o professor poderá aperfeiçoar sua sequência e
ampliá-la mais de acordo com seus recursos disponíveis, para que, dessa forma, os alunos
compartilhem suas experiências adquiridas no decorrer do trabalho e possa pôr em prática
tudo que vivenciou com as obras lidas em sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 229
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Essa pesquisa foi desafiadora no sentido de ter uma relevância entre os desafios do
mundo global para a formação de crianças e jovens itinerantes no Brasil. Assim, os Marcos
Legais da Educação brasileira conceituam a “escola para todos” e a “Educação inclusiva”,
evidenciando a emergência de novas necessidades de mediação e de novos profissionais
em contexto escolar. Nesta sequência, abordamos a mediação socioeducativa como
competência funcional no âmbito da atividade dos educadores sociais.
Esse trabalho debateu a inclusão das crianças e dos jovens de etnia cigana no
sistema de ensino e as estratégias que este mesmo sistema utiliza no âmbito de uma
política de educação intercultural que permite fazer em face de uma inclusão efetiva destes
alunos permitindo-lhes alcançar o sucesso acadêmico, em vez de serem continuamente
referidos como alunos que alcançam resultados inferiores à média nacional, pois durante
muito tempo a minoria étnica cigana foi desconsiderada e menosprezada, sofrendo de
invisibilidade social.
As diferenciadas práticas culturais da comunidade étnica cigana e o seu
desconhecimento pela sociedade em geral criam imagens que tendem, de modo cíclico, a
criar e a reforçar negatividade. Assim, a escolarização da comunidade cigana marca a
elevada taxa de insucesso escolar e o abandono precoce da instituição escolar por parte
1
Graduandas de Licenciatura em Pedagogia.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 231
das crianças e jovens desta minoria étnica, elege a escola e seu papel educativo como
alicerces fundamentais de integração e ou inclusão social desta minoria étnica.
Nesse sentido, investigamos quais soluções poderiam dirimir essa questão voltada
para educação especial, onde se alcança as comunidades ciganas. Sabemos que não
existe uma solução em curto prazo, mas urge elucidar acerca dessa educação, visto que
esse debate ainda carece de apontamentos.
Nesse pensamento, a pesquisa questionou o que podemos fazer para a realização
de uma educação qualitativa para as comunidades ciganas entre espaço escolar e
habilidades de vivência. Muitas possibilidades são oportunizadas pelo relacionamento
entre sujeitos diferentes, mas vários conflitos podem emergir nessa relação.
Desse modo, os ciganos são um povo com uma cultura própria, com crenças,
tradições e costumes que, muitas vezes contradiz o modo de vida não cigano. Acreditamos
que alcançar a comunidade cigana para a educação, devemos vincular o ensino à cultura
que os representa, de modo solidário e relevante, provendo aula em espaços da sua
própria comunidade, com auxílio de materiais oferecidos pela escola ou ONGs.
Como objetivo geral, tivemos: contextualizar o caminho percorrido pela Educação
cigana inclusiva, juntamente com a Educação Especial até os dias atuais e específicos a)
investigar a Educação Especial – contexto histórico, conceitos, características e Marcos
Legais; b) descrever a cultura dos povos ciganos; c) verificar o processo de inclusão
escolar como uma trajetória histórica e social; e d) traçar instrumentos e estratégias
educativas promotoras de enriquecimento e inclusão coletivo dos alunos em comunidades
ciganas.
Nesse contexto, obtivemos um aporte teórico como, Freire (1960), Ferreira (2003),
Casanova (1999), Cortesão, (1995), Mendes (1998), Montenegro (2003), Cunha (2018).
Ainda, a análise de documentos, como a Declaração de Salamanca (1994), a lei de
Diretrizes e Bases da Educação-LDB (Lei nº. 9394/96), as Diretrizes para o Atendimento
de Educação Escolar para Populações em Situação de Itinerância (2012), a Base Nacional
Comum Curricular (2017), entre outros. Dessa forma, o nosso trabalho de pesquisa
relaciona o pensamento desses teóricos e documentos citados.
E acreditamos que esse movimento dos ciganos em direção às sociedades não
ciganas, e às estratégias criadas a partir dessa relação, vem dotando esse povo de uma
capacidade de flexibilização e mediação extraordinárias. Com esse entendimento,
queremos promover pesquisas vindouras para que esse público em específico possa ter o
direito de obter uma boa qualidade de aprendizagem. A metodologia desse trabalho se
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 232
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 233
Sumário
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No contexto que o autor fala, e nosso trabalho discute, sobre a educação cigana, o
que lhes cabe, como as adaptações, suas vulnerabilidades e o seu processo de inclusão
nas regiões e sociedade ampla, o comportamento entre eles, a democracia, sua história
de migração, diante disso, esse estudo é devidamente para eles uma construção de ideais
e de sua própria identidade. A concretização dessa modalidade de ensino, existe a
participação das políticas públicas e práticas pedagógicas na educação inclusiva,
acrescenta-se:
2 VIGNA, Mayre Barros Custódio. Enciclopédia do Educador/Rotinas Pedagógicas. Cap;13-Educação Inclusiva. 1.ed.-São
Paulo,2018.
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[...] No caso dos ciganos, esta exigência que parece estar na ordem do dia,
a tão propalada ‘inclusão’, não os tocam. O que para eles é fundamental é
conseguir sobreviver em meio a uma sociedade que não os deseja.
Diferenças existem de grupo para grupo; a necessidade fez que a
assimilação de algumas culturas fosse necessária para a sua permanência
em determinadas regiões, mas as aproximações culturais entre todos e a
sua forma de ver o mundo parecem bastante similares entre todos os
ciganos (CERTEAU, 1996, p.57).
Ainda hoje se enfrenta o desafio desse povo específico se integrar de forma efetiva
no Currículo Escolar. Cabe então, trazer uma discussão das culturas que permeiam a vida
cigana na condição étnica, muitas vezes, marginalizada dentro da sociedade escolar ou
social, sendo assim, conhecidos como enganadores. Em contrapartida, essa etnia foi
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N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 237
deixando a escola por causa desse preconceito que sofrem, por conta dos seus costumes
e cultura diferenciada, nesse contexto, a educação deles vem sendo esquecida (MOONEN,
2013).
Deste modo, vamos entender melhor esse movimento itinerante em sua
vulnerabilidade social. Segundo Moonen (2013), essa comunidade é formada por grupos
heterogêneos, de organizações ciganas distintas e são considerados ágrafos, pois não
possuem registros de fontes históricas documentais, estas reduzidas em registros de leis
de repressão e expulsão que caracterizam os primeiros quatros séculos de sua passagem
entre a Europa.
Para descrever sobre essa comunidade, Margery Silver (1962), aborda no livro de
Charles Godfrey Leland, Magia Cigana: Encantamentos, Ervas Mágicas e Adivinhação,
publicado em 1891 3, e é um dos principais documentos do século XIX sobre a cultura
cigana e sua trajetória, em diversas regiões, os primeiros estudos sobre cigano. Por sua
constante mobilidade, os ciganos haviam disseminado durante suas caminhadas, as
crenças, medicamentos e modos de vida gestados pelas presenças com várias culturas.
Historicamente, de acordo com Moonen (2003) o povo cigano se originou na Índia,
porém foi dessa região que saíram sucessivas migrações. No entanto, no início do século
XV, foram migrando para a Europa ocidental e muitos dos europeus da época os
confundiam com povos vindos do Egito. O autor acrescenta que os povos ciganos podem
ser distribuídos em três grandes grupos os Rom, que falam a língua Romani; os Sinti, que
falam a língua sinto e os Calon, que se falam o dialeto Caló. 4
No entanto, essa diversidade de grupos ciganos extrapolam o fato cultural e
manifestam divergências em termos econômicos e sociais, pois é provável que existem
ciganos ricos e pobres analfabetos, universitários ou até mesmo nômades. Em
contrapartida, os ciganos sofrem constantemente com o preconceito, com sua aceitação
na sociedade, devido a inúmeras migrações, sejam para regiões, países ou cidades.
Com o tempo, houveram pesquisas nas áreas de antropologia e etnológica que
trouxeram algumas conquistas, para essa comunidade, a partir da divulgação do
3 Charles Godfrey Leland, Livro de Magia Cigana; encantamentos, ervas mágicas e adivinhação, publicação da editora
Bertrand Brasil, em 21/07/1993. Site:
https://www.pontofrio.com.br/livros/livrosdeesoterismoeastrologia/magia/magia-cigana-encantamentos-ervas-
magicas-e-adivinhacao-119664.html.
4 De acordo Moonen (2003) o povo cigano se originou na Índia, porém foi dessa região que saíram sucessivas
migrações, com diferenças entre comunidades ciganas, pode se afirmar que são distribuídos em três grandes grupos
os Rom, que falam a língua Romani; os Sinti, que falam a língua sinto e os Calon, que se falam o dialeto Caló.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 238
5 IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Perfil dos municípios Brasileiros de 2009. Rio de Janeiro.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 239
6 Negócio Carla. Coletânea de Artigos- Povos Ciganos-Direitos e Instrumentos para sua Defesa. Ministério Público
Federal e 6º Câmara de Coordenação e Revisão.Ed.2020. Cap-3 / p.23
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 240
O Calon ou Kalé, O Rom, vindos da região de leste europeu O Sinti ou Manouch, são
descendente de e usam a língua romance (Romani). Os mais numerosos na
Portugal, sua Rom, ao que se indica migraram ao Brasil Itália, e no sul da França,
linguagem é dialeto aparentemente somente no século XIX. falam a língua sintó, que
caló, com o Encontra-se esses ciganos em sub- significa uma variação
envolvimento de grupos: do Romani.
nômades ao comércio Porém não há estudos
de animais, carros, e que comprovem a
artefatos com imitação presença desse grupo
de ouro, entretanto as Kalderash: Que se refere à “puros” muitos no país do Brasil.
esposas praticavam a ainda nômades;
quiromancia em Os Macwaia ou Matchuaias: Que vivem no
praças e exibição de sedentarismo em grandes cidades e não se
dentes de ouro. Os vestem com roupas típicas da comunidade
Calon que migraram de ciganos; Os Horahane ou Horarranê: De
para o país, origem Árabe tem semelhanças aos
voluntariamente a Matchuaias, que habitam no Rio de Janeiro
partir do século XVI. e são poucos os nômades que se tem; Os
Lovaria: É um grupo de poucas pessoas
sedentárias e se dedica a criação de
animais; Os Rudari: Também tem o
número reduzido e dedicados ao
artesanato de ouro e madeira;
Outra opção de conhecer e distinguir os ciganos uns dos outros é a forma de viver
na comunidade e com seus costumes, segundo o que Magano (2010), aponta:
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 241
Então, são povos de cultura muito peculiar, que se pluraliza entre as próprias
comunidades ciganas, que organizam seus códigos e costumes, até na linguagem, para
construírem identidades seletivas e identificáveis entre eles.
No interior do estado da Paraíba, na área de Sousa-PB, próximo a João Pessoa-
PB, se tem uma comunidade de ciganos do Romo dos Calon, que deixou o nomadismo e
se criou raízes há mais de 25 anos, na falta de documentos e informações oficiais. Tem
cerca de duzentas famílias, o maior grupo cigano do Brasil, porém vivem em moradias
simples e enfrentam uma situação precária de desemprego.
Em base, as primeiras conquistas sobre a inclusão dos ciganos, dos seus direitos
sociais, só iniciaram no país a partir de 2002, com o apoio da Constituição Federal de 1988,
que se deu a etnia cigana e a classificação de minorias étnicas (Gaspar,2012).
Assim, Moonen (2011) um dos marcos legais mais conhecidos foi a instituição do
dia 24 de maio como Dia Nacional do Cigano, por meio de decreto assinado pelo ex-
Presidente Lula, em 2006, que veio contribuir para reconhecimento à contribuição das
etnias ciganas na formação da história e cultura brasileira, e pela primeira vez no Brasil,
começou a existir políticas pró- ciganas, para colocar em foco a cultura desses povos.
Para Freire (1980) essa compreensão deve ser pautada e compensada para os
grupos de ciganos existentes, e que possam, através das leis aprovadas e decretos, terem
acesso à educação igualitária, qualificada, e permanente em sua vida pessoal e social,
porquanto para ser válida, toda educação, toda ação educativa, necessariamente, deve
estar precedida de uma reflexão sobre o homem e de uma análise do meio de vida concreto
do homem a quem queremos educar (ou melhor dito: a quem queremos ajudar a educar-
se (FREIRE, 1980).
As rotinas escolares não são percebidas pelas crianças ciganas, que são
socializadas em contextos de liberdade e espontaneidade. Esta
especificidade cria dificuldades na aceitação do professor como figura de
autoridade, porque elas só respeitam a hierarquia familiar. Sublinha ainda
que só é possível construir ou melhorar essas relações através do
reconhecimento da sua cultura, do combate à discriminação e da primazia
do ato educativo e sobre o ato de ensino (SOUSA, 2001, p. 38).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 243
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Língua Portuguesa
Geografia/ História
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 245
Arte
Artes integradas
Música /Teatro
Artes visuais/ Dança
Apresentações;
Objetivos de Aprendizagem
Habilidades
(EF15LP01) Identificar a função social de textos que circulam em campos da vida social
dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a comunidade, a escola) e nas mídias
impressa, de massa e digital, reconhecendo para que foram produzidos, onde circulam,
quem os produziu e a quem se destinam.
(EF15LP10) Escutar, com atenção, falas de professores e colegas, formulando perguntas
pertinentes ao tema e solicitando esclarecimentos sempre que necessário.
(EF15LP13) Identificar finalidades da interação oral em diferentes contextos comunicativos
(solicitar informações, apresentar opiniões, informar, relatar experiências etc.)
(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e
apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade
cultural, como patrimônio artístico da humanidade.
(EF15LP19) Recontar oralmente, com e sem apoio de imagem, textos literários lidos pelo
professor.
(EF01GE07) Descrever atividades de trabalho relacionadas com o dia a dia da sua
comunidade.
(EF02GE02) Comparar costumes e tradições de diferentes populações inseridas no bairro
ou comunidade em que vive, reconhecendo a importância do respeito às diferenças.
(EF03GE02) Identificar, em seus lugares de vivência, marcas de contribuição cultural e
econômica de grupos de diferentes origens.
(EF04GE01) Selecionar, em seus lugares de vivência e em suas histórias familiares e/ou
da comunidade, elementos de distintas culturas (indígenas, afro-brasileiras, de outras
regiões do país, latino-americanas, europeias, asiáticas etc.), valorizando o que é próprio
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 247
em cada uma delas e sua contribuição para a formação da cultura local, regional e
brasileira.
(EF04GE06) Identificar e descrever territórios étnico-culturais existentes no Brasil, tais
como terras indígenas e de comunidades remanescentes de quilombos, reconhecendo a
legitimidade da demarcação desses territórios.
(EF05GE02) Identificar diferenças étnico-raciais e étnico-culturais e desigualdades sociais
entre grupos em diferentes territórios.
(EF01HI02) Identificar a relação entre as suas histórias e as histórias de sua família e de
sua comunidade.
(EF02HI01) Reconhecer espaços de sociabilidade e identificar os motivos que aproximam
e separam as pessoas em diferentes grupos sociais ou de parentesco.
(EF03HI05) Identificar os marcos históricos do lugar em que vive e compreender seus
significados.
(EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e
espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
(EF05HI01) Identificar os processos de formação das culturas e dos povos, relacionando-
os com o espaço geográfico ocupado.
(EF15AR03) Reconhecer e analisar a influência de distintas matrizes estéticas e culturais
das artes visuais nas manifestações artísticas das culturas locais, regionais e nacionais.
(EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura,
colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia etc.),
fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e técnicas convencionais e
não convencionais.
(EF15AR20) Experimentar o trabalho colaborativo, coletivo e autoral em improvisações
teatrais e processos narrativos criativos em teatro, explorando desde a teatralidade dos
gestos e das ações do cotidiano até elementos de diferentes matrizes estéticas e culturais.
(EF15AR14). Perceber e explorar os elementos constitutivos da música (altura,
intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de jogos, brincadeiras, canções e
práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musical.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 248
Competências específicas
✓ Primeiramente, para chamar a atenção dos alunos no contexto a ser estudado, deve
ser realizada uma conversa introdutória com esse assunto – Povos ciganos. Nesse
diálogo com a turma, o professor deve fazer perguntas como Quem são os Ciganos?
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 249
Onde eles vivem? Porque eles, tem esse nome? Qual o motivo para eles migrarem para
outros países ou cidades? Eles falam a nossa língua? Afinal quem são os ciganos? O
que fazem para sobreviver? Onde eles estão? O que esse povo pretende? Que direitos
eles têm?
✓ Após essas perguntas, fazer uma leitura compartilhada com as turmas:
A estória conta do personagem Besnik, o cigano disposto a salvar seu povo, que vai ao
encontro do temível gigante, descrito pelo Pastor como sendo “muito, muito alto”, com
mãos e pés avantajados e um hábito peculiar: caçar criancinhas para o lanche. Reunindo
toda a coragem que ele afirma ter, nada irá detê-lo.
Certa vez, uma moça cigana, observou que todas as pessoas quando comiam ovos,
costumavam quebrar as cascas e com muita curiosidade ia descobrindo coisas diferentes
entre suas viagens de um lugar para outro sem se fixar e com isso, tinha o interesse de
aprender a conviver nos lugares que se passava.
Já em “São Jorge e os ciganos” alguns dos valores morais em que se baseiam esses povos
são revelados, contrapondo-se, em alguns casos, aos valores ocidentais. É neste cenário
itinerante que se passam as ações.
tão acirrada perseguição. Os ciganos são pacíficos e não guerreiam. No lugar de armas
portam seus violinos. No lugar de guerras, cantam suas canções e alegrias. No lugar de
destruição, trazem a beleza de suas danças. No lugar de morte, os seus corações pulsam
com a alegria de viver e de ser livre. E em lugar da fome, a mesa farta distribuída para
todos.
✓ Entretanto para finalizar, completa-se com o envolvimento dos alunos das turmas na
realização de uma interpretação oral, com participação dos alunos em um debate para
que possam desenvolver sua oralidade seja ela formal, informal ou culta.
✓ Observe com seus alunos de 3º ao 5º ano, o formato do gênero “conto”, sua linguagem,
o conceito, os assuntos e proponha que eles realizem uma investigação se em nosso
meio contém alguém de origem cigana.
✓ Em contrapartida, com os alunos do 1º e 2º anos, realizar a releitura sobre o conto da
aula anterior, com isso, propor um momento de exposição entre conversas, perguntas
sobre o conto, sempre com a espontaneidade de fala e participação dos alunos, para
que eles possam conhecer um pouco mais sobre a origem do povo cigano.
✓ OBS: Esse momento pode ser realizado em sala de aula, em um espaço de instituição
escolar, como: o pátio, quadra, biblioteca, ou no ar livre, contendo uma roda ou de forma
que todos possam se ver.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 251
✓ Proponha aos alunos de 1° e 2° anos leitura sobre o livro “Era Uma Vez” de Gabriela
Kopinits, através de imagens referentes ao livro para que eles possam entender melhor
também com caracterização de roupas que demonstrem os ciganos, ou de um fantoche
confeccionado para esse momento7.
7 Livro Era uma vez, da autora Gabriela Kopinitza. Na história, a personagem Cigana é uma contadora de histórias,
interpretada pela jornalista caruaruense Gabriela Kopinits, que costuma promover sessões de contação em escolas
como forma de incentivar a leitura, transforma-se na protagonista desta obra, em que narra várias das historinhas que
ela mesma cria e que prometem encantar as crianças. As ilustrações são do designer recifense Rivaldo Barboza.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 252
✓ Após isso, realizar uma conversa e conscientização sobre a origem cigana e direcionar
as turmas para atividades de construção do “Cordel da Inspiração Cigana”, com auxílio
do grafismo ou desenho da imagem representada, sem esquecer da produção escrita
de palavras que já conheçam.
✓ com alunos do 3º ao 5ºanos, pode-se realizar uma aula expositiva com auxílio de um
projetor de imagem, para que possam visualizar esse tipo de Cordel, outra opção é o
acesso em https://marianebigio.com/2015/03/20/cordel-da-inspiracao-cigana.
✓ Também, expor o cordel impresso, para que os alunos possam perceber palavras quem
não são de seu conhecimento e pesquisar seu significado e contexto de uso;
✓ Após o término, promover um momento de reflexão e conscientização sobre esse povo
cigano e sua ausência no meio da sociedade.
brasileira-sofre-com-preconceitos-e-restricao-de-direitos-diz-relatora-da-onu).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 253
luminosos, uns mais fortes, outros mais fracos. Caminhou, caminhou, até que,
exausto, adormeceu.
Acordou com a claridade e viu-se cercado de gente curiosa, mas amistosa.
Contou a sua história e ouviu a deles. Comeram, cantaram e dançaram em torno da
fogueira, quando o céu novamente enegreceu.
Passada uma semana, a saudade de seu povo apertou. Ele prometeu voltar,
mas embrenhou-se pelo mesmo caminho e retornou à profundeza. De volta, foi
recebido com festa, mas também com recriminação. Seu lugar era aquele e qualquer
outro era proibido, devendo ser esquecido como um sonho mau.
Mas o rapaz falou:
- Como a claridade, o céu azul, as nuvens, as estrelas, os horizontes podem ser
maus?
Ele teve vontade de ter aquilo tudo como um direito e não como uma aventura
proibida. Logo, não apenas ele, como todos aqueles aos quais relatou sua
maravilhosa experiência, foram tomados por uma onda de inconformismo e de
curiosidade.
Queriam a luz, o sol, o verde, a liberdade. Queriam a vida. E por ela foram até
a divindade. Generosa e compreensiva, a divindade atendeu ao pedido daquela gente
essencialmente boa e disse:
- Vocês estão livres para viver na superfície, mas existem condições: vocês não terão
uma terra sua para que possam conhecer todas as terras. Serão errantes e terão
carroças como casas. Terão, assim, uma vida de magia, alegria e encantamento. E
serão filhos do vento, do sol, da lua e das estrelas.
E assim foi feito e surgiu o povo cigano.
(Pessoa, Augusto. Disponível em: Disponível em:
https://www.augustopessoa.com/contos-ciganos).
✓ Realizar com os alunos do 1º e 2º anos, uma leitura mais simples sobre a história
da origem dos ciganos, explorando sempre o entendimento das turmas envolvidas,
sobre sua origem, vivência socialmente e na escolar, os motivos da ausência deles
na sala de aula, com os mesmos recursos exploratórios oferecidos acima.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 255
cria muitas lendas e não deixa registros precisos. Os ciganos só chegaram à Europa
no século XIV. Não se sabe se os ciganos surgiram na Índia ou no atual Iraque, mas
de um desses dois pontos eles rumaram para o Ocidente, chegando à Europa pela
região da Armênia, por volta do século XIV.
De lá, atravessaram o continente até alcançarem as ilhas britânicas e a
península Ibérica. No século XVII, os ciganos já haviam se espalhado por todos os
países da Europa e deles seguiram para colônias na América e na África. O
documento mais antigo referente à presença dos ciganos no Brasil é de 1574.
A parte a complexa definição da identidade cigana, a documentação
conhecida indica que sua história no Brasil iniciou em 1574, quando o cigano João
Torres, sua mulher e filhos foram de agregados para o Brasil.
(Disponível em: https://slideplayer.com.br)
✓ Apropriação da leitura do texto acima, será para realização das turmas 3º ao 5ºano
(podem ler o texto lendário também e conversar sobre ambos e suas formas de
contar). Sempre estimulando o prazer da leitura e conhecer a vida desse povo que
se encontra camuflado no meio da sociedade.
✓ Estimular a observação do nosso espaço escolar, social, sobre a presença dessas
crianças ciganas, instigar o pensamento sobre a ausência na escola dessas
crianças, sempre falar da inclusão na escola ou sala de aula.
✓ Oferecer também o estudo de mapas que possam ajudar o conhecimento mais
amplo desse assunto;
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 256
Fonte: https://trilhas.diogenesjunior.com.br/o-povo-e-a-cultura-cigana
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 257
Orientações
✓ 8 O Projeto Kalinka-Ciganos na minha escola: Uma História Invisível, elaborado pela Associação Internacional
de Maylê Sara. Segundo a coordenadora do projeto, o objetivo maior é visibilizar a história perdida e esquecida desses
povos. Essa fala de Lucimara Cavalcante resume o enfrentamento feito pela iniciativa, em atuação desde 2009. A
demanda para sua execução nasceu na Associação Internacional Mailê Sara Kalí (AMSK/Brasil) que tem como missão
propagar a história, tradições e costumes dos povos Romani (ciganos) do Brasil.
8
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 259
estado que tem-se levar em conta , direitos sociais e educacionais entre esse povo cigano.
Ainda segundo Moonen (2011) comenta:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 261
REFERÊNCIAS
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 263
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P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 266
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Josefa Clauciana Barbosa da Silva: Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-
UVA/UNAVIDA, e-mail: claucianasilvaclauciana@gmail.com
1
Natália de Fátima Pedrosa de Farias: Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-
UVA/UNAVIDA, e-mail: natália.pedrosa@yahoo.com
1
Risoneide Andrade Barbosa: Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-
UVA/UNAVIDA, e-mail: risoneidea@yahoo.com.br
Sumário
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Sumário
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Nesse sentido, para que a educação direcionada aos povos do campo, seja
realmente efetivada precisa ter uma proposta curricular voltada para a valorização social e
cultural dos mesmos. Levando em consideração uma construção de conhecimentos, que
traga possibilidades de exercer com criticidade sua autonomia na sociedade.
Desse modo, as Organizações da Sociedade Civil ligada à educação popular,
incluíram a educação do campo na pauta dos temas estratégicos para a redemocratização
do país. A ideia era reivindicar e construir um módulo de educação sintonizado com as
particularidades culturais, os direitos sociais e as necessidades próprias a vida dos
camponeses.
De acordo com a resolução CNE/CEB n°1, de 03/04/2002, houve reconhecimento
para aqueles que vivem no campo e apontou-se que esse público peculiar, precisava de
uma educação diferenciada, compreendendo suas necessidades sociais, culturais e
amplas para a formação integral do indivíduo, levando em conta seu modo de viver, pensar
e se socializar.
Segundo esse parecer (BRASIL/CNE/CEB,2002), a orientação estabelecida pelas
diretrizes aprovadas, guia-se pela ótica do direito na perspectiva da educação inclusiva,
oferecendo uma educação escolar em prol da igualdade que respeite as diferenças,
através de uma gestão democrática que promova a cidadania. Enfim, para Rossato &
Praxedes (2015, p.50), “o parecer, deve-se no âmbito de um projeto de desenvolvimento
onde as pessoas se inscrevem como sujeitos de direitos, respeitar a diversidade acolhendo
as diferenças, sem transformá-las em desigualdade”.
Nessa perspectiva, segundo, Pires (2012, p.109), “a escola do campo tem a
identidade vinculada à realidade na qual está inserida”. Dessa maneira, a educação do
campo passou a ser vista com olhar de igualdade, e com direito de exercer sua identidade,
sendo o aluno do campo sujeito de sua própria história.
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Sumário
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Então, segundo o autor, a educação rural que é destinada aos sujeitos que vivem
no campo, é uma forma de garantir sua permanência ali, já que é do campo que essas
pessoas retiram o seu sustento e também compartilham seus saberes e culturas
relacionados à vida no meio em que eles vivem.
Cabe ressaltar, que no Brasil milhões de pessoas residem no campo. Por mais que
seja um número bem considerável, ainda lidam com grandes dificuldades para terem
acesso à Educação básica. A escola pública e totalmente gratuita é um espaço criado com
uma proposta de aquisição de competências e habilidades fundamentais ao exercício da
cidadania. Porém, a efetivação desses direitos de aprendizagem, que os Documentos
Oficiais da Educação apregoam garantir, na zona rural parecem não ser efetivados
totalmente.
Segundo Fernandes (2011, p. 137), “O campo é lugar de vida, e, sobretudo, de
educação”. Necessariamente, considera que, olhares e atitudes voltadas na luta a favor
dos direitos desse povo, visando incluí-los na sociedade, sem significar menor importância,
sem diferença e sem exclusão, é a forma de defender seu padrão de vida tendo o mesmo
respeito e a mesma valorização que qualquer um outro. Nesse sentido, a inclusão deve
existir sem comparações, considerando e respeitando a realidade de cada origem. É assim
que um ambiente pode ser de todos, de forma que cada um tenha seu espaço.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais-PCN (1997), valorizar as
diversas culturas existentes no Brasil é o caminho para fazer com que o aluno compreenda
o seu próprio valor, e, assim, tenha a oportunidade de se reconhecer com dignidade. Nessa
perspectiva, a diversidade cultural está presente em cada um e faz parte da história em
relação ao passado e ao presente.
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Percebe-se que os movimentos sociais no decorrer de sua história buscam uma educação
diferenciada para os alunos do campo, adotando medidas que alcancem as necessidades
reais daqueles que sobrevivem e lutam por uma qualidade de vida melhor.
De acordo com Silvério & Isobe (2020), o ensino público para a população que
reside no campo, deve atuar como mediador da produção de conhecimentos e na formação
de valores sociais, democráticos e culturais presentes na própria comunidade.
Necessariamente, para que as escolas rurais contribuam positivamente para o aluno do
campo, necessitam, antes de tudo, de reconhecimento, levando para a discussão de
ensino, cada realidade, ressaltando a importante contribuição para a sociedade.
Para os autores supracitados, o ensino voltado para essa modalidade necessita
atentar-se às novas abordagens que dêem conta da diversidade, dos saberes e costumes
de vida das populações do campo, isto é, uma educação que busque mecanismos para
conhecer e respeitar as múltiplas experiências sociais e que não fuga da realidade onde o
aluno se encontra inserido.
Nesse sentido, Ramalho (2018), cita que uma das principais dificuldades
enfrentadas por educadores que atuam em escolas do campo de todo o país são os livros
didáticos descontextualizados com a realidade vivenciada pelos alunos. Desta forma, para
preencher esse índice de desigualdade social o Ministério da Educação em 2013, distribuiu
livros didáticos específicos para esse público, através do Programa Nacional do Livro
Didático do Campo (PNLD CAMPO) fomentando a produção de obras didáticas,
considerando as especificidades do seu contexto social, cultural, político e econômico.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 273
Nessa perspectiva, para realçar ainda mais estes importantes aspectos, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/96) e o Plano Nacional de Educação (Lei
nº10.172 /2001), vêm reforçar que para realmente ocorrer essas transformações, não basta
apenas ter boas salas de aula ou professores qualificados, mas que seja necessário um
ensino baseado na vida e nos valores sociais, para que o aprendizado se torne um
instrumento necessário para o desenvolvimento pleno daquela população do meio rural,
pois a não existência de políticas públicas voltadas para aqueles que vivem no campo,
resulta em um baixo número de estudantes frequentando as escolas rurais.
Nessa direção, de acordo com o ministério da educação, esse número tende a
diminuir devido às dificuldades enfrentadas tanto por alunos, quanto por professores,
enfatizando cada vez mais em um sofrimento causado pela desvalorização e desrespeito
à sua cultura, tratando-a com invisibilidade e desigualdade o que é perceptível comparado
ao tratamento dos que vivem na zona urbana, desestimulando cada vez mais,
principalmente os jovens, a continuarem vivendo no/do campo.
A escola em si, é uma entidade socializadora que deve envolver as mais diversas
culturas. É de grande importância que seja um ambiente acolhedor de todos os indivíduos,
para que estes tenham o direito de mostrar, expressar e defender sua realidade. Toda
estratégia de ensino/aprendizagem deve, então, ser analisada para que se tenha uma
certeza de que a metodologia utilizada realiza de fato o aprendizado de todos em sala.
Outra realidade é que a maioria das escolas do campo são multisseriadas, e
precisam trabalhar com especificidades, atendendo as necessidades de ensino por séries,
e até, por faixa etária. Sendo assim, é interessante as realizações de avaliações
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 275
De acordo com Leite (2014), pertencer a uma cultura implica constituir-se a partir de
determinados hábitos, crenças, costumes e tradições previamente estabelecidas. Assim
sendo, a cultura faz parte do nosso processo de pertencimento e convivência social, que
está entrelaçado ao nosso modo de vida, com representações expressas de forma peculiar
na construção de identidades e diferenças culturais e sociais.
Desse modo, nossa pesquisa discute a necessidade de trazer melhorias para o
aluno do campo, para que através de possibilidades, se consiga desenvolver e adquirir
conhecimentos relevantes, levando em consideração o seu ambiente social, familiar e
cultural.
Como já delineamos, há desafios que envolvem o contexto cultural no espaço
escolar e abordaremos algumas sugestões para aprimorar a prática docente do professor
na sala de aula, uma vez que para atuar na educação do campo, requer muito mais do que
conteúdos adquiridos em bancos escolares é preciso adequar-se, levando conteúdos que
condiz com a realidade daqueles que vivem na área rural.
Para Brait Junior, Paiva & Santos (2014, p.221) “Primeiramente, trata-se de
selecionar temas pertinentes a essas realidades e identidades”. Assim sendo, o aluno do
campo poderá encontrar sentido e estímulo para desenvolver sua percepção de mundo
igualitário num ensino contextualizado com seu universo de vivência.
Para tanto, não basta apenas selecionar conteúdos voltados para o campo e
construir paradigmas que venha ignorar a cidade, mas sim, trata-se de envolver a
contextualização do campo e da cidade enfatizando as realidades sociais e culturais em
seus respectivos tempos e espaços. As escolas do campo precisam de inovação e
ressaltamos como ideia, ações que motivem os alunos em sala de aula.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 276
Sabemos que a realidade dessas escolas não são as mais favoráveis, pois, segundo
José Wilson Gonçalves, Secretário de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (Contag), as unidades são compostas, basicamente, de
quatro paredes e pronto, tem-se uma sala de aula. Ou seja, entendemos que sem estrutura
física e econômica a seu favor, surgem as dificuldades de oferecer ao aluno uma educação
de qualidade, mas o professor precisa se reinventar, pensar em estratégias para mudar
essa realidade, mesmo que seja com o pouco que tem disponível.
Então, algumas ações a seguir, podem servir para nortear o professor e melhorar o
desempenho dos alunos, por exemplo, aulas expositivas não são mais tão atraentes, o
professor deve transformar as teorias em exemplos práticos, contextualizados com a
realidade do aluno é uma boa estratégia para melhorar o seu desenvolvimento.
Nesse sentido, ações concretas e contínuas tornam o processo de aprendizagem
muito mais atraente e fazendo com que o estudante crie conexões com aquilo que já
conhece e enxergue sentido naquilo que está sendo estudado2; Trazer mais diversão para
as aulas, usando a criatividade a partir de jogos e brincadeiras aplicáveis na sala de aula,
permitindo que os conteúdos didáticos sejam significativos e apreendidos de forma lúdica
e dinâmica.
Assim, uma ótima dica é a coleção de jogos fornecidos pelo (MEC e
UFPE/CEEL,2009), jogos de alfabetização. Nessa coletânea há diversos tipos de jogos
para os vários níveis escolares, cada sequência de jogo vem ajudar o professor com
objetivos, sugestões e ideias para auxiliar no desenvolvimento das potencialidades do
aluno; usar livros que tragam as imagens contrastando as realidades vivenciadas pelos
alunos, envolvendo situações de pensamento e imaginação do aluno, através da leitura de
imagem, pois as interpretações enriquecem a aprendizagem.
Segundo Fromberg (1987), os jogos representam a realidade e as atitudes
humanas, possibilitando a ação no mundo (mesmo que de modo imaginário); incorporando
e motivando interesses da própria criança; estando sujeito às regras, sejam elas de forma
implícitas ou explícitas; com alto grau de espontaneidade na ação. Ou seja, os jogos são
ótimas ferramentas de interação. E, uma das suas principais características, é a forma
espontânea de levar até o aluno, a importância das regras, para que a partir daí ele possa
expressar aquilo que aprendeu.
2
Sugerimos um site que aponta outras ações para desenvolver ainda mais as habilidades e competências do aluno em
sala de aula. (ÁRVORE DE LIVROS. Disponível em: https://www2.arvoredelivros.com.br. Acesso em: 15/06/2020).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 277
Algumas obras bem interessantes para esse processo podem ser Cultura (Arnaldo
Antunes); O velho, o menino e o burro (Monica Stahel); Lili inventa o mundo (Mario
Quintana); A menina e o céu (Léo Cunha); Um fio de amizade (Marilia Pirillo); Os pássaros
(Albertine Zullo e Germano Zullo); Era uma vez (María teresa Andruetto) e Cobras e
lagartos (Wania Amarante). Todas essas obras e muitas outras estão disponíveis na
coleção Literatura fora da caixa, no acervo de 2014 do PNBE na escola. 3
Para trabalhar as obras podemos exercitar convivências lúdicas, através das
imagens apresentadas no livro, instigando o aluno a elaborar novos títulos para as obras
apresentadas, ou ainda, permita que as crianças desenvolvam outros desfechos para as
histórias contadas.
Nesse sentido, uso de espaços alternativos de ensino, como plantações de hortas
é uma maneira de despertar o interesse da preservação do meio ambiente, e faz com que
as crianças se sintam parte do todo, ou seja, da cultura, dos valores, das suas identidades
e do meio que o cerca.
Ainda, fazer reuniões bimestralmente com a participação ativa dos pais, pois, a
maioria deles, não tiveram acesso à escola, e não possuem sequer, informações básicas.
Abrir as portas das escolas para que toda a sociedade participe das ações, é uma forma
de contribuir não somente para a formação dos filhos, mas também, de informar os pais
sobre os benefícios existentes no próprio local onde vivem.
Nesse aspecto, a Proposta Curricular do Estadual da Paraíba (2018, p.527), enfatiza
que:
Estes sujeitos devem ser pensados durante todo o processo educativo [...],
eles têm pertencimentos históricos, culturais, econômicos, sociais e
subjetivos que precisam ser considerados nas propostas curriculares e
práticas pedagógicas pensadas com e para eles.
Desta forma, é importante que haja com frequência a participação dos pais nas
aulas, naquelas que acontecem em formas de projetos pedagógicos e instrutivos, com
capacidades elevadas de modificar pensamentos e realidades. Retirando o espaço para
as mesmices que impedem o avanço para uma educação de qualidade. A Organização
Mundial da Saúde (1997), ressalta que uma das melhores formas de promover a saúde é
3
O Programa Nacional Biblioteca da Escola é uma obra do Ministério da Educação, elaborado pelo Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Básica, 2014.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 278
através da escola, isso porque a escola é um espaço social, onde todos ali buscam os
mesmos propósitos.
Outras sugestões bem interessantes são os cordéis4, pois como enfatiza Araújo
(2007), ao articular a educação do cordel que tratem de conteúdos culturais podem
enriquecer a aprendizagem desse aluno, ampliando a compreensão sociocultural deles, no
entanto, é preciso que o cordel venha retratar a realidade da vida no campo.
Sugerimos que o professor(a) apresente a obra para os educandos, em seguida,
faça leituras declamando o cordel, instigando as percepções do aluno acerca do assunto
trabalhado. Também podem ser trabalhados atividades com xilogravura e confecção de
cordéis, em seguida as crianças podem apresentar suas obras para a socialização com os
colegas, e por fim expor no mural da escola.
Uma ótima sugestão é o trabalho com música, pois de acordo com Soares (2008, p.
209) “a utilização da música como recurso didático foi uma constante [...] consideramos
inovadora a análise de letras de música, é satisfatório a utilização do método ‘ouvir e
interpretar’”. De tal modo a música nos permite acreditar que ela pode facilitar a
compreensão do aluno e pode valorizar trabalhos em equipe e criar vínculos entre os
alunos.
Assim, além de ser divertida, a música ajuda na construção do caráter, do
emocional, dos valores e como agente cultural contribuindo para a construção identitária
dos indivíduos. Indica-se músicas do compositor Luiz Gonzaga5, por exemplo, pois suas
músicas trazem traços ligados à cultura e à vida na terra. Sugere-se inicialmente trabalhar
a biografia do compositor, em sequência fazer análise das músicas para compreensão das
letras que retratam a vida no campo, fazer interpretações musicais, confeccionar
vestimentas com EVA, trabalhar com vídeos do cantor explorando a realidade nordestina
trazendo para vivência do aluno uma aproximação da sua cultura.
4
Citamos para trabalhar com cultura Nordestina Josenildo Maria de Lima (J. Lima). Acesso em: @Afísicaemcordel.
Também António Costa, poeta e cordelista, pesquisador de cordel e da cultura do Nordeste.
5
Letras e músicas. Disponível em: letras.mus.br/luiz-gonzaga/82378/ Acesso em: 30/06/2020.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 279
Como vimos, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ressalta que é preciso
uma organização no currículo, que venha atender as necessidades específicas da criança,
sendo assim, levando em consideração seu modo de vida, permitindo que a mesma
encontre sentido para desenvolver sua compreensão de mundo e tornar-se atuante na
sociedade.
Nessa perspectiva que estamos apontando, os gibis 6 também são bem
interessantes, atentamos para aqueles que estejam voltados para o ambiente de vivência
do aluno. Com esse gênero textual os alunos podem ampliar a capacidade de leitura e
análise textual compreendendo algumas diferenças entre modo de falar e de escrever
existentes na nossa língua. É necessário que o professor, enfatize as diferentes linguagens
e os diversos elementos culturais, mas não deixando de abordar a importância da língua
padrão, refletindo com o aluno que em algumas situações de uso da língua, a maneira
como nos expressamos na fala é diferente da que escrevemos e então tratar de gírias e
regionalismos.
Portanto, cabe ao professor auxiliar nesse processo, fazendo leituras de palavras e
frases comuns à sua região e depois apontando as expressões na linguagem formal. Ainda,
explorar os diferentes tipos de histórias em quadrinhos com propósitos bem claros; fazer
visitas periódicas com seus alunos à biblioteca, explorando os diferentes tipos de histórias
em quadrinho; elaborar com as crianças, histórias em quadrinhos que condizem com a
realidade vivenciada por elas, em seguida fazer a socialização com toda equipe escolar.
Ramalho (2018, p.28), ressalta que:
[...] com essas ações espera-se que as populações do campo possam ter
acesso a um ensino de qualidade que ofereça condições para que
camponeses e seus filhos tenham garantia do direito de um ensino
6
Através do site: http://www.planetagibi.com> turma-da-mônica. Encontra-se a coleção de gibis da Turma da Mônica.
Acesso em 03/07/2020.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 280
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das considerações aqui tecidas e a partir das leituras teóricas e documentais,
nos deparamos com diversas dificuldades enfrentadas diariamente pelos alunos das
escolas rurais. Percebemos, ainda mais, os quão desvalorizados são. Nesse sentido,
inquietas e insatisfeitas com essa realidade nos despertou o desejo maior de defender uma
prática educacional voltada para as especificidades dos alunos do campo.
Assim, observamos que a prática educativa oferecida aos alunos se tornava vaga,
na medida em que lhes eram apresentados um ensino apenas conteudista e com
abordagens de temas, muitas vezes, distantes da realidade dos alunos do campo,
deixando em evidência que é preciso uma prática metodológica que venha resgatar, incluir
e respeitar a diversidade cultural que o educando se encontra.
Nesse sentido, observamos ser importante aprofundar nossos conhecimentos e
nessa direção, nossa pesquisa propôs desenvolver no ambiente escolar reflexões e
conhecimentos culturais dentro do contexto regional o qual o aluno se encontra inserido,
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 281
REFERÊNCIAS
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https://www.planetagibi.com> turma-da-monica. Acesso em:03/07/2020.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 282
ARAÚJO, Patrícia Cristina de Aragão. A cultura dos cordéis: Território (s) de Saberes. Tese (Doutorado
em educação), Programa de Pós-Graduação em Educação. João Pessoa: UFPB, 2007.
ARROYO, Miguel Gonzalez; CALDART, Roseli Salete; MOLINA, Mônica Castagno. (orgs.) Por uma
educação do campo. Petrópolis; Vozes, 2004.
ÁRVORE DE LIVROS, Plante Leituras. Disponível em: https://www2.arvoredelivros.com.br . Acesso em:
15/06/2020.
Brait Junior, Roberto Culturas e regiões do Brasil 4° e 5º anos/ Roberto Brait Jr., Lívia Lima Paiva, Kátia
da Silva Santos. 1 ed.-São Paulo: Global, 2014.
BRASIL, Congresso Nacional. Lei Federal 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Brasília, 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução n°. 01 de 3 de abril de 2002. Câmara de Educação
Básica. Institui diretrizes operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, 2002. .
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília, DF, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão - SECADI. Educação do Campo: marcos normativos/ secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão-Brasília: SECADI, 2012.
CALDART, R.S. Educação do Campo: notas para uma análise de percurso. Trab. Educ. Saúde, v. 7 (n.I ).
Rio de Janeiro, pp.35-64, mar./jun.2009.
CANDAU, Vera Maria Ferrão - Educação escola e cultura(s): construindo caminhos. Revista Brasileira de
Educação, 2003.
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FROMBERG, D. Pronin-Play in the Early Childhood Curriculum. A review of current research.
Seefeldt, cord (ed), USA, Teachers College Press, 1987.
FERNANDES, Bernardo M. Diretrizes de uma caminhada. (orgs.) 5º ed.-Petrópolis: vozes, 2011. Cap. 4,
pp.133-145.
GIL, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed - São Paulo: Atlas, 2002.
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Panorama da Educação no
Campo. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2007.
LAKATOS, Eva Maria. Procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projetos, relatórios
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LEITE, Maria Aparecida. Diversidade cultural no contexto escolar. 2014.Monografia (Especialização em
fundamentos da educação: práticas pedagógicas interdisciplinares). Universidade Estadual da Paraíba,
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LIMA, J.M. A Literatura de cordel como veículo de Popularização e Comunicação Pública da Ciência
Física. Trabalho de Conclusão de Curso-TCC para obtenção do título de Licenciatura Plena em Física-
UEPB, Campina Grande-PB,2010.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 283
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Esta pesquisa analisou uma questão muito peculiar sobre a inclusão e socialização
de filhos de casais homoafetivos na escola, algo necessário de atenção atualmente. As
novas configurações familiares trazem novas discussões e maneiras de lidar com as
relações sociais. A família também apresenta novos desenhos e a partir disso, muitos
aspectos que permeiam a escola contemporânea precisam ser analisados.
Nessa direção, a escola não proporciona materiais didáticos com conteúdo que
submerjam novos arranjos familiares, por conseguinte, filhos de casais homoafetivos
possivelmente se sentem individualizados em meio ao tema transversal “Família” quando
ministrado em uma aula de história, por exemplo, por falta da discussão do seu padrão
familiar no contexto escolar.
A educação é a base da sociedade, ela é fundamental para o desenvolvimento do
ser humano, por isso a escola deve ser um ambiente sem quaisquer preconceitos, tendo
em vista que filhos de famílias homoafetivas estão cada vez mais presentes nesse
ambiente.
Desta forma, a pesquisa investigou a inclusão de filhos de famílias homoafetivas na
escola por meio dos conteúdos ministrados. Para Elias (2012), a relação familiar é um
processo construído socialmente, que está sempre em transformações. Por isso, a
1
Graduada em licenciatura em Pedagogia. E-mail: Marcinha.mary12@gmail.com / Samaramarciatcc2020@gmail.com.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 285
modernidade trouxe alterações para a constituição dos sujeitos, que cada vez mais se
tornaram mais individualizados e autônomos.
Diante disso, elencamos o seguinte problema para nossa investigação: Quais
abordagens a escola pode fazer para a inclusão e socialização de filhos de casais
homoafetivos na escola? Se confirmou a hipótese de que para compreender essa
problemática, devemos atentar para a hipótese de que o padrão familiar tradicional imposto
por uma cultura social não atende às realidades da sociedade.
Portanto, a relevância dessa pesquisa justificou-se pela necessidade de debate
acerca dessa pauta diante do contexto contemporâneo como forma de inclusão social.
Assim, nosso objetivo geral é desenvolver discussões e abordagens para a inclusão e
socialização de filhos de casais homoafetivos na escola. Para tanto, elencamos os
seguintes objetivos específicos: a) analisar as dificuldades de inclusão de filhos de casais
homoafetivos na escola; b) investigar as leis que amparam os novos arranjos familiares; c)
propor recursos para trabalhar a diversidade social e o respeito as diferenças.
Para cumprir a investigação desse trabalho, nossa metodologia em relação à
natureza da pesquisa, se caracterizou como básico-estratégica aplicada, pois busca
produzir um conhecimento para aplicações práticas num ambiente escolar sobre essa nova
realidade (SILVA, 2004). A abordagem foi qualitativa, tendo um cuidado maior com a
realidade que envolve o fenômeno estudado, tais como atitudes (GIL, 2002). Em relação
aos objetivos, descritiva, que tem por finalidade descrever as características de um
determinado grupo (GIL, 2002) e explicativa, por visar fenômenos que identifique ou
contribua com a pesquisa (GIL, 2008).
Em relação aos procedimentos, bibliográfica, abordando teorias já analisadas e
publicadas no universo acadêmico (GIL, 2002) e documental, pois analisamos os
Documentos Oficiais que regem a educação brasileira, fonte de registros por meio de um
registro público (MARCONI & LAKATOS, 2003), que embasaram a pesquisa.
Se constituiu fundamentada, principalmente, com a leitura dos estudiosos: Minuchin
(1990), Bortolini (2012) e Foucault (1976), mas trazendo a contribuição de outros autores
que abordam o tema. Também analisa alguns documentos oficiais, tais como a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação-LDB (1996), onde ressalta que trabalhar os limites nas
demonstrações homoafetivas demanda um debate amplo sobre diversidade desde a
educação infantil; bem como os Parâmetros Curriculares Nacionais-PCN (1997, 1999), que
destaca a importância de se debater as normas e regras do espaço escolar levando em
consideração as atitudes relacionadas ao afeto dos estudantes e a Base Nacional Comum
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 286
Curricular-BNCC (2018), que pontua ser preciso criar um ambiente de formação cidadã
voltada para a igualdade e a tolerância.
Nesse sentido, a escola deve ser um espaço para valorizar e respeitar as diferenças
de cada um, seja ela de raça, gênero ou classe social, mas para que haja a inserção desse
sujeito (que necessita de inclusão) na sociedade, é preciso observar a acepção do termo.
Em sentido literal, o termo inclusão não se restringe apenas a pessoas com deficiências,
mas a todos que sofrem algum tipo de discriminação.
Nesse contexto de inclusão, temos algumas modalidades, nas quais se destacam a
inclusão social, que está ligada à classe social; a inclusão especial, voltada para as
pessoas com necessidades especiais e a inclusão étnica, que contempla todos os que
sofrem preconceito de cor, religião e etc.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 287
torna preconceito e discriminação física e/ou psíquica. É por isso que a inclusão, aplicada
de forma adequada, impede futuros problemas que possam afetar o físico e o mental, por
meio de atitudes ou palavras, de quem sofre o preconceito.
É como base nisso, que Figueira (1995) relata: “palavras são expressões verbais
construídas pela mente. Às vezes, o uso de certos termos, muito difundidos e
aparentemente inocentes, reforçam preconceito”. Com essas palavras o autor deixa
explícito que o preconceito pode ser expressado com palavras antes mesmo de atitudes,
isso dentro do ambiente familiar, na escola e, consequentemente, na sociedade.
Sabemos que há uma estreita ligação entre a sociedade e a escola, o que acontece
em uma reflete na outra e por meio desse pacto que existe entre as duas fica mais fácil o
processo de inclusão, assim, ambas na busca de dirimir os processos de preconceitos a
favor da inclusão escolar e social, mas para isso, é necessário apoio dos órgãos públicos,
agentes que compõem a escola, e a comunidade.
A sociedade inclusiva, segundo Godoy et al. (2000, p.08) “é democrática, reconhece
todos os seres humanos como livres e iguais e com direitos de exercer a sua cidadania”.
Por isso que deve ser construída com um olhar de aceitação das diferenças,
independentemente de cor, sexo, gênero, religião ou deficiência. É através da inclusão
social que os tabus e preconceitos são rompidos, abrindo as portas para o respeito às
diferenças.
É com base nisso, que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) – trazem
adaptações curriculares estratégicas para a educação de alunos com necessidades
educacionais especiais (1998, p. 23):
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 289
No ano de 2006 foi promulgada a Lei Anti - Homofobia, PL122 (2006)2, fruto da luta
da ex-deputada Federal Iara Bernardi3. Essa lei propunha a criminalização dos
preconceitos motivados pela orientação sexual e pela identidade de gênero. Esse projeto
foi iniciado na Câmara do Deputados, com a autoria de Iara Bernardi, além da penalização
criminal, também punições adicionais de natureza civil para o preconceito homofóbico, com
a perda do cargo e etc.
O processo teve como base duas ações, uma do Partido Popular Socialista (PPS) e
outra da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), que pediam
que a discriminação contra esses grupos fosse enquadrada na lei 7.716/89, a Lei
Antirracismo, onde a mesma proíbe qualquer discriminação contra raça, cor, etnia, religião
ou procedência social, tendo punição de um a três anos de prisão e a pena é inafiançável.
Com tudo ainda há uma grande pressão para criar leis mais severas contra a homofobia,
bem como acontece em outros países, onde é aplicada com certa rigidez.
No inciso IV do artigo 3º da Constituição Federal, garante a todos o direito de
igualdade sem fazer nenhuma distinção, assegurando a todos o direito à vida, assim todo
aluno deve estar matriculado onde quiser, com o direito assegurado de não sofrer nenhum
tipo de preconceito (BRASIL,1988).
Nos primórdios da história da humanidade, a estrutura familiar era aquela
proveniente da figura do homem e da mulher, onde a mulher era designada exclusivamente
aos cuidados da casa, o marido e os filhos, tendo assim a família uma conjugação
heterossexual e patriarcal.
Com a Segunda Guerra veio, então, a inclusão da mulher nos espaços públicos,
ditos como espaço masculino, logo então com o final da guerra essas mulheres tiveram
que voltar aos seus lares, dando início ao movimento feminista. Deste modo, esse
movimento simboliza a conquista da mulher em meio a tantas lutas. MIRANDA &
SCHIMANSKI, apontam que:
2
O Projeto de Lei 122/2006, teve início na Câmara dos Deputados, intitulado como Projeto Anti-Homofobia, foi criado
pela então Deputada Federal Iara Bernardi (PT-SP), no ano de 2001, sendo o PLC – Projeto de Lei Complementar nº
5003/2001, criminaliza a conduta de homofobia em nível nacional, projeto este que teve sua aprovação por
unanimidade em sede de Câmara dos Deputados, no ano de 2006.
3
Iara Bernardi é uma professora e política brasileira filiada ao Partido dos Trabalhadores desde 1981. É filha de
Antônio Bernardi e Israelina Machado. Foi deputada federal por São Paulo. Ela foi a primeira mulher a tomar posse
na Câmara Municipal de Sorocaba.
Sumário
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Mesmo diante das conquistas alcançadas no século XX, no que diz a respeito à
liberdade das mulheres, ainda continua o mito de que o homem é o patriarca da família e
que a mesma constituída por ambos, quando muitas vezes não é levado em conta o afeto
e o amor que rege uma família. Essas mudanças sociais ocorridas na sociedade
contribuíram para que a comunidade científica tivesse interesse em estudar as diversas
formas de família e a sua estrutura, buscando assim o reconhecimento das mesmas em
meio a sociedade.
No Brasil, no final dos anos de 1990, surgem os primeiros rumores sobre o termo
homoparentabilidade, cunhado na França pela a Associação de Pais e Futuros Pais Gays
e Lésbicas (PPGL), em 1997, que faz relação à parentabilidade e homossexualidade.
Segundo Passos (2005, p. 32)
Para o autor citado acima, a pessoa tem receio em expressar os seus sentimentos,
ainda mais quando se refere a sua condição sexual, por medo dos preconceitos que iram
enfrentar ao se expor, e aí que muitos se sentem reprimidos diante de uma sociedade tão
preconceituosa. Com isso, muitos deixam de lado o seu desejo de constituir uma família,
no qual é um objeto de desejo de muitos desde a infância até a vida adulta, sendo homem
ou mulher não importando a sua orientação sexual.
A família, por sua vez, é o alicerce da vida, pois nela construímos valores nos quais
determina quem nós somos e a que viemos, onde se encontra o afeto e o amor
independente do sexo. Nesta vertente em que a família é a base do indivíduo, com base
nisso Roudinesco (2003, p.17) relata:
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 292
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 293
Em síntese, no que foi falado por fausto-Sterling (2001), a sociedade ainda sofre
muito, ao tentar expressar as suas particularidades, numa sociedade que se diz
democrática. Sendo assim, cabe a cada um o dever de lutar pelos seus ideais
independentes de sua classe social ou gênero.
Com relação às leis, deve-se haver um maior compromisso por parte dos órgãos
públicos para fazer valer os devidos direitos àqueles que passam por constrangimentos.
Dessa forma, a educação é a porta que levará o indivíduo a várias conquistas, sendo elas
sociais ou pessoais, por consequência, os preconceitos podem ser amenizados, logo,
teremos uma sociedade harmoniosa onde todos terão direitos iguais.
Sobretudo, no que se refere às famílias homoafetivas, que pouco se ouve falar, mas
que são vítimas constante de uma sociedade preconceituosa, devido a sua opção sexual,
consequentemente vem os filhos que são alvos de bullying e exclusão nas escolas, devido
à falta de informação por parte dos profissionais da educação e os seus governantes.
ressalta que valorizar a diversidade é deixar o aluno livre para expressar o seu eu, de modo
que as diferenças possam contribuir e não impedir a sua socialização, comunicação e
aprendizagem.
Contudo, é importante que o professor crie métodos para mostrar ao aluno o valor
de respeitar o diferente, pois por meio das diferenças muitos conhecimentos podem surgir.
Ressaltando a importância de entender que todos, mesmo sendo diferentes um dos outros,
possuem os mesmos direitos e deveres no contexto social.
Nesse sentido, optamos pela sequência didática para trazer sugestões para
trabalhar o respeito e as diversidades sociais e culturais em sala de aula e o enfrentamento
à discriminação e ao preconceito. Para tal, tivemos como embasamento teórico os autores
Schneuwly e Dolz (2004), dos quais trazemos uma breve descrição no próximo parágrafo.
Bernard Schneuwly é Professor de Didática da Língua e corresponsável pela equipe
de pesquisa em História das Ciências da Educação (ERHISE, em francês), da
Universidade de Genebra (Unige), na Suíça. Área de estudo Métodos de ensino de
expressão oral e escrita. Joaquim Dolz é professor e pesquisador em Didática do
Francês/Língua Materna, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FAPSE) da
Universidade de Genebra (UNIGE), Suíça, e membro do Grupo Grafé – Grupo Românico
de Análise do Francês Ensinado.
Os autores sugerem o estudo de gêneros orais e escritos na escola e apresentam
a proposta de trabalho com sequência didática como meio facilitador do trabalho decente
e da aprendizagem do aluno. Nesse mesmo contexto, apresentam o seguinte esquema de
sequência didática:
Diante disso, observamos que o trabalho com gêneros em sala de aula amplia os
conhecimentos dos alunos, levando-os a ser pessoas críticas capazes de criar suas
próprias produções. A respeito disso Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.997) dizem que
“uma sequência didática tem, precisamente, a finalidade de ajudar o aluno a dominar
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 295
melhor o gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais
adequada numa dada situação de comunicação”.
Pensando nisso, elaboramos a seguir uma sequência didática com o objetivo de
trabalhar o respeito e aceitação de novas estruturas familiares da atualidade e a
diversidade no âmbito escolar.
▪ Objetos de conhecimento
Habilidades
(EF01HI07) identificar mudanças e permanências nas formas de organização familiar.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 296
Professor, essa aula se inicia com a apresentação do livro “Livro da família” de Todd
Parr da editora panda book, nesse livro o autor trabalha com as diferenças de cada um de
maneira diferente, simples e completa alcançando o público infantil, abordando assuntos
como adoção, separação de pais, deficiências físicas entre outros.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 297
Professor, além de trabalhar com o tema Família aproveite para explorar o gênero
textual “Biografia” que relata a história de vida de uma pessoa. Leve a biografia da autora
do livro para que o aluno identifique a finalidade do gênero, características e componentes.
Em seguida, conscientize seus alunos da importância das pessoas que o sustentam
e valorize o papel dessas pessoas na vida da criança. Fale que a família tem o papel de
proteção, amor, cuidado, entre outros e que cada família tem sua biografia. Depois,
entregue aos alunos uma folha de papel e peça para que escrevam a biografia de sua
família, relatando um momento marcante e traga na próxima aula uma foto de sua família.
3° Momento: Confecção do álbum da família
4
Disponível em: https://pt.slideshare.net/Gloritcha/o-livro-da-famlia-55143026. Acesso em: 09/07/2020.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 298
Professor, organize a sala em círculo e fale que devemos respeitar todos os tipos
de estruturas familiares da atualidade, o que importa é o amor que a família proporciona a
criança; junte todas as biografias e fotografias e forme um álbum, chame cada criança para
apresentar sua família e ler sua biografia para a turma.
▪ Desenvolvimento II da sequência
Com o objetivo de sensibilizar os alunos para o fato de que a diversidade entre os
indivíduos é uma condição humana que esteve sempre presente em nosso meio,
conscientizar os alunos desde pequenos, a partir das ações concretas, a nos respeitar e
aceitar as diferenças como possibilidade de enriquecer a nossa convivência na sociedade.
Nesse mesmo contexto, trabalhamos o livro de Rossana Ramos e Priscila Sanson
Na minha escola todo mundo é igual, um livro poético e de fácil entendimento, onde fica
claro o objetivo que queremos alcançar, que é sensibilizar os alunos para a entender que
a diversidade é uma condição humana e que precisa ser respeitada independente de suas
diferenças.
Professor faça a leitura do livro Na minha escola todo mundo é igual (Rossana
Ramos). O interessante é que a leitura desse livro seja feita em um Datashow, pois as
ilustrações mostram que todos nós somos iguais, mas que cada um tem o seu jeito, se na
escola não tiver esse material é interessante que se faça a leitura com o livro na mão
expondo as imagens para os alunos.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 299
Fonte: internet5
4
Fonte: Imagem coletada do site SlideShare.
Em seguida, organize a turma em círculo e inicie uma roda de conversa, onde todos
os alunos devem participar e expor seu ponto de vista pessoal em relação ao livro e
responderão oralmente à pergunta: É verdade que todos nós somos iguais? E a partir
dessa discussão, fazer registro no caderno das seguintes questões: No seu ponto de vista
o que é ser igual? O que o livro mostra nas gravuras a respeito de ser igual? Você concorda
com a visão da autora? Justifique sua resposta.
Professor, separe a turma em duplas e explique que apesar das diferenças temos algumas
semelhanças, meio da sala posicione um espelho, cada dupla deverá ir há frente do
espelho onde o objetivo será observar as semelhanças e as diferenças entre eles e
produzir um texto.
5
Disponível em: https://image.slidesharecdn.com/naminhaescolatodomundoigual-151116031323-lva1-
app6891/95/na-minha-escola-todo-mundo-igual-1-638.jpg?cb=1447643648. Acesso em: 09/07/2020.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 300
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 301
práticas, que não foram possíveis nessa pesquisa, devido à realidade social de Pandemia
que estamos vivenciando.
REFERÊNCIAS
GODOY, A.; et al. Cartilha da Inclusão dos direitos das pessoas com deficiência. Belo Horizonte: PUC-
Minas, 2000.
GROSSI, M. P. Gênero e parentesco: famílias gays e lésbicas no Brasil. Cad. Pagu, Campinas, n. 21,
p. 261-280, 2003. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010483332003000200011&script=sci_abstract&tlng=pt
Acesso em: 29 de abril de 2020.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A.. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2003.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer?. 1 ed, p. 97. São Paulo:
Moderna, 2003.
MINUCHIN, S. Famílias: funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
MIRANDA, TL., and SCHIMANSKI, E. Relações de gênero: algumas considerações conceituais. In:
FERREIRA, AJ., org. Relações étnico-raciais, de gênero e sexualidade: perspectivas contemporâneas.
Ponta Grossa: Editora UEPG, 2014.
PASSOS, M. C. Nem tudo que muda, muda tudo: um estudo sobre as funções da família. Rio de
Janeiro: PUC-Rio, 2005.
ROUDINESCO, E. A família em desordem. Zahar. Rio de Janeiro, 2003.
SILVA, C. R. O. Metodologia do trabalho científico. Fortaleza: Centro Federal de Educação Tecnológica
do Ceará, 2004.
Sumário
SEÇÃO IV
DEBATENDO ASPECTOS
FUNDAMENTAIS NO CHÃO
DA ESCOLA
Sumário
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 304
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Graduada em licenciatura em Pedagogia.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 305
Assim sendo, nosso trabalho tem como objetivo geral contribuir para a diminuição
da indisciplina escolar, através de propostas para trazer mais qualidade ao processo de
ensino e aprendizagem e como objetivos específicos: a) compreender a indisciplina; b)
descrever as causas que levam os alunos a tornarem-se indisciplinados no ambiente
escolar; c) analisar o processo ensino-aprendizagem dentro de uma perspectiva
indisciplinar do aluno; e d) dirimir a indisciplina escolar a partir da sugestão de abordagens
e ações para aplicação na escola e salas de aula.
Quanto à metodologia do trabalho, nossa investigação tem a finalidade de pesquisa
Básico-estratégica, definindo-se em estudos baseados apenas nas teorias dos autores,
com fins de direcionamento para diminuir problemas de indisciplina escolar. Destacando-
se de uma abordagem qualitativa que de acordo com Malheiros (2011, p.188), “A
abordagem qualitativa parte do princípio de que a realidade só existe do ponto de vista da
pessoa, ou seja, o que é real é a interpretação que se faz de um fenômeno, não o fenômeno
em si”. Deste modo, a pesquisa qualitativa aponta a concepção da realidade, direcionando
o contexto social do sujeito. Neste sentido, usaremos a observação como forma de
analisar, a indisciplina escolar.
Desta forma, temos um trabalho científico original onde destacamos uma pesquisa
de suporte teórico, mais com escrita própria mantendo o requisito para obtenção da
indisciplina. De acordo com os nossos objetivos este trabalho tende a ser exploratório, pois
visa identificar problemas com alunos indisciplinados no ambiente escolar nas salas de
aula, tendo como pesquisa descritiva o aprofundamento do assunto já existente, ou seja,
em teorias de autores com relação a problemas indisciplinares. A pesquisa é explicativa
porque realizamos uma investigação nos assuntos de indisciplina, procurando explicar as
razões e os porquês dos problemas de indisciplina existentes na sala de aula e na escola.
Para embasamento do nosso artigo, fez-se necessário levantar argumentos de diferentes
autores que tratavam da indisciplina escolar, tornando-o de cunho bibliográfico. A presente
pesquisa se baseia no método hipotético-dedutivo, tendo em vista que se acredita que a
participação de todos os profissionais do ambiente escolar tem o poder de diminuir a
indisciplina advinda dos discentes e, assim, é possível alcançar uma melhor aprendizagem.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 306
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 307
[...] era para poucos, escola elitista, regime militar, onde só permanecia
quem se adaptasse a ela. Escolas extremamente militarizadas no seu
funcionamento diário, tendo como metodologia as ameaças e os castigos,
assim, era obtido o chamado respeito que tanto é desejado hoje. A escola
não era obrigatória e se uma criança não estudasse não fazia diferença
para a sociedade (PIMENTA, 2012, p. 21).
Como vimos, Pimenta (2012) afirma que o docente poderia punir os que não
cumprissem as regras, os indivíduos eram também castigados pelos pais, que davam
assistência ao trabalho do professor. Assim, a metodologia era rigorosa com atividades
repetitivas, o pensamento que se tinha era de que os alunos não tinham dificuldades e
todos aprendiam num mesmo ritmo e da mesma forma. Nessa época muitas crianças não
tinham acesso à escola, exceto os filhos de pais com maiores poderes aquisitivos.
Alguns fatores cooperavam com a disciplina vigorosa no âmbito escolar, os alunos
não tinham voz atuante, não discordavam o que lhes era exigido pelo professor, qualquer
ato de recusa, o aluno era submetido a “castigo”, em alguns casos, físicos. Tamanha
veracidade não deixava de ser espelho do contexto social vasto, que consentia parâmetros
correlativos.
A partir de 1988 com a Constituição Federal Brasileira, o ensino tornou se universal
para o Ensino Fundamental, logo após surgiu a escola democrática. De agora em diante,
todas as crianças tiveram o direito e também o dever de ir à escola, então se proclamou:
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 308
O autor acima afirma que o Programa Bolsa Família contribuiu para permanência
do aluno na escola. Nesse sentido, é notório que atualmente muitas famílias sobrevivem
através do programa do Governo Federal. Sendo assim, o Bolsa Família garante a
alimentação aquelas pessoas que viver em estado de vulnerabilidade, mesmo que não
tenha uma alimentação adequada por conta do valor pago, mais o programa teve o avanço
significativo no combate a fome, as famílias Brasileiras.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 309
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 311
reflexos para além do ambiente escolar. Segundo Aquino (1996, p.48), “de ambos os
modos, a indisciplina apresenta-se como sintoma de relações descontínuas e conflitantes
entre o espaço escolar e as outras instituições sociais”.
Nesse sentido, a família é um princípio para que possam viver bem, é a
autoconfiança para encarar toda e qualquer adversidade, mas se a família se desconstruir,
ou viver em confronto, torna-se o motivo para logo a indisciplina aparecer na criança,
provocando conflitos a sociedade e na escola, pois desde muito cedo a criança tem
diferentes modos, visto que usufruem uma criação diferente dos pais.
Desse modo, na grande maioria dos casos, temos pais e mães precisam trabalhar
fora e a educação dos filhos passa a ser executada por outras pessoas ou em casos de
pais separados, muitas vezes, que discutem, brigam na presença da criança, isso resulta
alteração no comportamento, na convivência, influenciando na aprendizagem da criança,
gerando o desinteresse por estudar e a falta de atenção na aula, logo, esses alunos
acabam indo para a escola por uma simples obrigação imposta pelos pais.
No âmbito escolar, segundo Amado (2001 p.47), “a opinião pública e, sobretudo, o
senso comum dos professores atribui, com frequência, a problemática da indisciplina de
certos alunos a fatores de ordem psicológica e médica”. Para o autor, algumas das
conversas mais frequente no discurso dos docentes são “hiperatividade e problemas
psicológicos, o desinteresse, o insucesso, os problemas familiares”. (AMADO, 2001a, p.
48).
Uma das dificuldades identificadas pelos professores, no ambiente escolar, na sala
de aula, são as atitudes perturbadoras da relação aluno-aluno. As perturbações do discente
podem manifestar-se também como desmotivação, baixa autoestima, que fazem o aluno
se recolher da aula, incomodando os colegas ou todo o grupo. Qualquer forma que um
baixo rendimento na aprendizagem dos alunos envolvidos ou toda a turma.
Segundo Oliveira (2009), a indisciplina na sala de aula causa transtornos aos
professores por trabalharem em lugar de desordem, perdendo o sentido e a eficácia, da
aula e também a redução da autoestima que eleva o sentimento insatisfação, esgotamento
e ao desejo de afastamento da profissão docente. Sendo assim, práticas indisciplinares
envolvem o estado emocional do educando, causando sentimento de frustração e
desânimo.
De acordo com Giglio (1999, p.187) os alunos, enquanto pensam que podem ter
sido expostos de forma injusta, ou encadeados a regras, tendem a se defender de modo
disciplinado, explosivo, sendo capaz de atacar fisicamente. Mesmo que o professor
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 312
prevaleça sua autoridade e procure buscar circunstância para tais manifestações, não
adquire resultados, visto que os alunos se encontram na presença de um professor com
autoridade que eles não identificam. Ainda nesse contexto, Garcia (1999, p. 101) nos
afirma que
O autor acima afirma que o vínculo entre professor e aluno deve acontecer de forma
pratica e humanitária, ocasionando um meio de responsabilidade, provocando nos alunos
desejo de aprender com perseverança em sua total competência. Em meios libertos é
viável permitir grandes atitudes essenciais, como confiança, satisfação, alegria e
aceitação. Para Vasconcellos (2010, p. 100):
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 313
O ato pedagógico pode ser então definido como uma atividade sistemática
de interação entre seres sociais tanto no nível do intrapessoal como no nível
de influência do meio, interação esta que se configura numa ação exercida
sobre os sujeitos visando provocar neles mudanças tão eficazes que os
tornem elementos ativos desta própria ação exercida. Presume-se aí, a
interligação de três elementos: um agente (alguém, um grupo, etc,), uma
mensagem transmitida (conteúdos, métodos, habilidades) e um educando
(aluno, grupo de alunos, uma geração).
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 314
Esta relação que Libâneo (1994) cita, não está apenas ligada à concepção da
aprendizagem, mas abrange várias áreas como: compromisso, afetividade, bem estar e
motivação, pontos necessários para determinar uma ligação de respeito mútuo e
cooperação, favorecendo para um ambiente melhor e uma aprendizagem de qualidade.
De modo geral, é normal que as causas da indisciplina no ambiente educacional
estejam relacionada, á desestrutura familiar, desinteresse pelo o aprendizado, conteúdos
não significativos, despreparo do professor, desmotivação de docentes e alunos,
desrespeito ao professor, salas numerosas causando desorganização excesso de
agressões físicas, e ausência do empenho da família.
Enfrentar a indisciplina, seja na sala de aula ou em casa, é uma função difícil, mas
não impossível. Dessa forma, podemos mencionar que o problema da indisciplina é um
fenômeno complexo, da qual a solução não se restringe as decisões tomadas no âmbito
escolar ou as ações de alguns agentes no processo educativo. Desse modo, as medidas
tomadas pela escola podem até não garantir solução definitiva ou completa do problema,
contudo é um ponto de partida para buscar contribuições isso é que a escola e a educação
podem oferecer para a melhoria da indisciplina escolar.
Nesse sentido, a disciplina não é uma coisa fácil de ser executada, nem inviável,
mas é necessário que as regras de convivência sejam colocadas dentro das escolas e
mostradas para os alunos desde os primeiros dias de aula, junto de toda os profissionais:
equipe pedagógica, secretaria, corpo docente e pais, onde todas as regras sejam
conhecidas e respeitas, como cita Araújo (1996, p.32):
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 315
De acordo com o que diz Araújo, às vezes as pessoas acham que as situações se
passam apenas na família e as enfrentam sozinhos, como se o problema fosse apenas
pessoal, mas a indisciplina na Escola deve ser combatida com apoio entre professor e
família, pois é um problema de todos. Como ressalta Aquino (1996, p.48).
Partindo desse princípio, podemos usar estratégias que podem ou devem ser
utilizadas pelos professores e também por toda a equipe escolar para que possamos ter
um melhor resultado, ou seja, menos alunos indisciplinados nas escolas. No Quadro 1 são
apresentadas algumas ações que podem ser estimuladas na Escola como alternativa de
combate à indisciplina.
AGIR COM CALMA controlar-se para não repetir situações que venham
constranger outros colegas.
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Sumário
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Fonte: Blog – Conquista Solução Educacional. Disponível em: www.conquistaeducacao.com.br. Acesso em:
13 de julho de 2020. Adaptado.
Diante disso, os jogos acima são métodos simples que podem ser realizados dentro
da sala de aula para melhorar a indisciplina escolar e o ensino-aprendizagem, envolvendo
todos durante a aula, sem precisar de muitos recursos e são bem práticos para serem
feitos durante a aula. A escola precisa ultrapassar o aspecto de “transmissora de
informações”, uma das viabilidades para perda desde paradigmas é proporcionar aos
alunos momentos lúdicos na sala de aula. Entretanto, ainda encontramos professores
resistentes a entenderem que estudar e brincar são opostos, que não podem estar
associados nas aulas.
2 As informações descritas no Quadro 3 foram adaptadas do Blog – Conquista Solução Educacional – e dos autores
Fábio Brotto e Reinaldo Soler que discutem acerca do assunto abordado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Graduada em Licenciatura de Pedagogia. E-mail: paulasuiles56@gmail.com / vanessacostasilva128@gmail.com
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Oficiais, Base Nacional Comum Curricular- BNCC (2018), a lei de Diretrizes e Bases da
Educação - LDB, os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, entre outros.
Nossa pesquisa teve abordagem qualitativa, porque está no Campo das Ciências
Humanas, ainda, o trabalho tem natureza bibliográfica, porque traz referência teórica a
respeito do objeto de estudo como também documental porque foi analisado documentos
oficiais da educação como BNCC, LDB, PCN entre outros.
fundamentar nossa base educacional. Nessa perspectiva, de acordo com Waldeck Silva
(1995), a escola é um precursor na formação do cidadão, possibilitando o desenvolvimento
do pensamento crítico de suas ações e escolhas profissionais e pessoais.
Nesse contexto, torna-se oportuno destacar a relevância da biblioteca seja ela
pública, privada ou escolar, pois todas trazem a mesma função que é possibilitar a leitura
para todos os cidadãos dentro ou fora da escola, mas para entendermos um pouco sobre
a biblioteca e qual sua relevância no processo educacional, precisamos primeiro saber de
onde veio essa palavra e qual sua função no ambiente escolar.
A palavra biblioteca tem origem grega, é a união de duas palavras biblion e teca,
que tem como significado prateleira ou depósito para guardar livros como também escritos,
rolos de papiro e de pergaminhos entre outras coisas. Já no Dicionário Aurélio (2001, p.97),
essa definição de biblioteca vai além dos livros enfatizando desde sua composição de
acervos até sua estrutura física.
Sumário
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pois ambos atentam de forma sutilmente para a biblioteca como sendo uma espaço
provedor de aprendizagem e incentivador de conhecimentos, tendo em vista que a
biblioteca juntamente com a escola tem a responsabilidade na construção crítica e cultural
do alunado.
Segundo Campello (2008), é a partir do incentivo dentro da escola em relação ao uso
da biblioteca é que se caracteriza a consciência do cidadão sobre a relevância desse
espaço em favorecimento da cultura e suas demandas sociais. Com isso os PCN priorizam
a aprendizagem através de diversas formas textuais de leitura partindo do pensamento que
“um leitor competente só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura de
textos de fato, a partir de um trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de
textos que circulam socialmente” (BRASIL, 1997, v. 2, p. 54).
Sendo assim, nesse contexto os PCN não mencionam a biblioteca escolar de forma
específica e sim a relevância da leitura no ambiente escolar e sua prática diária.
Posteriormente veio o surgimento dos Programas Nacionais para auxiliar os PCN na
inserção da leitura no ambiente escolar, tais como, o Programa Nacional Biblioteca na
Escola (PNBE), Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), Programa Nacional do Livro
(PNL) e entre outros, mais todos tendo o mesmo objetivo que é aprimorar o hábito da
leitura e incentivar o manuseio do livro no cotidiano dentro da escola, nesse momento o
espaço bibliotecário não era observado de forma essencial no processo de ensino-
aprendizagem, no entanto é oportuno enaltecer a biblioteca como um espaço provedor de
oportunidades para apropriar-se de diversas fontes de conhecimentos.
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do alunado. Essa lei surgiu com a proposta de universalização das bibliotecas tanto
públicas como privada, garantindo o direito de no mínimo um livro para cada aluno
matriculado na escola, ampliando assim seu acervo diante da necessidade escolar.
Porém existe uma diferente pertinente em relação a biblioteca pública e privada,
segundo Carvalho Silva (2010), a biblioteca privada na maioria das escolas se destaca
pela, organização, investimento no profissional bibliotecário, acessibilidade às tecnologias
e seus acervos atualizados, diferentemente das bibliotecas públicas que não oferecem a
mesma qualidade de serviço por questões institucionais e orçamentária, essas
dificuldades favorecem o desestímulo do alunado prejudicando o processo de ensino-
aprendizagem do aluno, contrariando a proposta da Lei 12.244/10 que dá o direito de
acesso aos livros e a utilização da biblioteca para aquisição de conhecimentos em todos
os níveis de ensino seja público ou privado.
Com relação ao tempo determinado pela lei 12.244/10 que é de dez anos para sua
concretização nas escolas, observamos que pouca coisa mudou desde sua vigência até
os dias atuais, tendo em vista a necessidade de interação entre os órgãos educacionais
públicos, para que haja estratégias condizentes às realidades existentes dentro do âmbito
escolar. Contudo existem muitas lacunas na educação em relação a biblioteca que vem
passando por várias mudanças com decorrer do tempo, mas hoje é notável sua relevância
dentro da escolar e também sua contribuição na formação do cidadão.
De acordo com Martinez (1998, p. 20) biblioteca é “a porta de acesso a emoções,
respostas, soluções, experiências gratificantes e de prazer, dando a possibilidade de voar
com a imaginação, de criar e ter novas ideias, de solucionar problemas simples e
complexos”.
Outro documento que sugere a leitura no ambiente bibliotecário mesmo que de
forma indireta é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), contudo, ela não prioriza esse
espaço, mas sim a leitura como fonte principal para aquisição do conhecimento.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 332
Durante todo o processo de estudo para essa pesquisa observou-se que a biblioteca
passou e vem passando por várias mudanças e desafios na busca por reconhecimento
dentro dos parâmetros educacionais, contudo, esse espaço ainda não é valorizado como
é devido, se fazem necessárias estratégias pedagógicas e investimentos direcionados para
que essa estatística sobre a biblioteca escolar mude e passe a ser de fato, um ambiente
de relevância na formação do alunado.
Assim como afirmou Silva (1995), a biblioteca é um espaço para todos, mas para
que seja funcional é necessário que todos corroborem com seu desenvolvimento,
permitindo assim que o ambiente bibliotecário seja de fato um transmissor de
conhecimentos e oportunizador de diversas experiências.
Segundo Macedo (2005), a biblioteca é um espaço que possibilita a leitura, a
pesquisa e o lazer, pois sem essas experiências vividas dentro desse espaço bibliotecário
o aluno tende a regredir no seu desenvolvimento educacional. Nesse sentido, Campelo
(2008) aponta que no espaço bibliotecário é possível encontrar uma diversidade de leituras,
seja textos relevantes ao ensino da escola ou mesmo leituras-deleite, para isso são
necessários projetos que visem o uso da biblioteca dentro da escola.
Sumário
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Nesse sentido, para que possamos ver o progresso da biblioteca escolar é preciso
que haja uma conformidade entre a comunidade escolar incluindo-se também os pais dos
alunos, pois todos fazem parte desse movimento a favor da inserção da biblioteca no
processo da prática da leitura dentro e fora da escola.
Contudo, o corpo docente precisa ainda incentivar o desenvolvimento de atividades
participativas que estimulem o engajamento de todos, tendo como sugestões de projetos
ações que valorizem esse espaço, como a ciranda literária; exposições de mural; oficinas
de leitura; campanhas que instigue a leitura deleite e o cuidado com o livro, contação de
histórias, varal da poesia, entre outros, pois existem muitas formas de inserir a prática da
leitura na rotina do alunado e por meios desses projetos é possível inserir a biblioteca no
contexto pedagógico, assim,
Como aponta a Unesco, antes de inserir qualquer projeto que inclua a biblioteca
precisamos analisar sua estrutura física, pois se torna inviável qualquer ação de cunho
pedagógico se esse espaço não estiver propício para o uso. Também, Ferreira (2015) diz
que é relevante planejar cada detalhe quando falamos sobre biblioteca, pois esse espaço
é provedor de experiências diárias no ato da leitura, e também dinamizar a circulação de
pessoas que buscam conhecimentos.
Com isso, Ferreira (2015, p.60) ressalta que “é importante reforçar que a biblioteca
deve ser acolhedora para todos os públicos que utilizam o espaço”. Desse modo, para que
a biblioteca seja agradável aos usuários é preciso definir algumas características
importantes para o ambiente bibliotecário tais como iluminação adequada; acessibilidade;
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móveis apropriados para cada faixa etária de aluno; acervo atualizado; equipamentos
eletrônicos que facilitem as mídias do acervo como internet wifi, computadores, tablets,
entre outros, tudo isso favorece a leitura informativa e o saber de forma plural, conforme
apregoa Barreto (2007, p.03),
Fonte:
https://www.pensador.com/classicos_da_literatura_i
nfantil_brasileira/
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 337
2
Nosso quadro de sugestões usou como base teórica: FERREIRA, Armindo Ribeiro Biblioteca no Ambiente Escolar.
Comunicação, Dinâmicas, Organização e Estratégias de Atendimento. 2015. p, 117. Pesquisa na internet de autores
clássicos: Fonte: https://www.pensador.com/classicos_da_literatura_infantil_brasileira/ Como também sugestões de
nossa autoria. Biblioteca – lugar de ação .Biblioteca – lugar de cuidados.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 338
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 339
REFERÊNCIAS
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biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
BARRETO, A. Uma quase história. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v. 9, n. 2, abr.
2008.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais. Brasília, 1997. 10 v.
CAMPELLO, Bernadete Santos. Biblioteca e Parâmetros Curriculares Nacionais. In: CAMPELLO,
Bernadete Santos et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. Belo Horizonte, MG:
Autêntica, 2008.
CAMPELLO, Bernadete Santos. Biblioteca Escolar: conhecimentos que sustentam a prática. Belo
Horizonte: Autêntica, 2012.
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 340
CAMPELLO, Bernadete Santos; SILVA, Mônica do Amparo. A biblioteca nos Parâmetros Curriculares
Nacionais. Presença Pedagógica, v.6, n.33, maio/jun. 2000.
CARVALHO SILVA, Jonathas Luiz. Uma análise sobre a identidade da Biblioteconomia: perspectivas
históricas e objeto de estudo. Olinda: Edições Baluarte, 2010.
FERREIRA, Armindo Ribeiro. Biblioteca no Ambiente Escolar. Comunicação, Dinâmicas, Organização e
Estratégias de Atendimento. 2015. p, 32.
FERREIRA, Armindo Ribeiro Biblioteca no Ambiente Escolar. Comunicação, Dinâmicas, Organização e
Estratégias de Atendimento. 2015. p, 117.
FERREIRA, Aurélio B. Mini Aurélio século XXI escolar. Editora Nova Fronteira, 2001.
GARCIA, Edson Gabriel. Biblioteca Escolar: Estrutura e Funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989.
IFLA. International Federation of Library Associations and Institutions. Manifesto da Biblioteca escolar da
IFLA/UNESCO.
IFLA. Manifesto IFLA/UNESCO para biblioteca escolar. Tradução Neusa Dias Macedo. São Paulo: IFLA,
2000.
LOURENÇO FILHO, M. B. O Ensino e a biblioteca. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944.
MACEDO, N. de. et. al. Biblioteca escolar brasileira em debate: da memória profissional a um fórum
virtual. São Paulo: Ed. SENAC, São Paulo: Conselho Regional de Biblioteconomia – 8ª região, 2005.
MARTÍNEZ, Lucila. Escola, sala de leitura e bibliotecas criativas. Rio de Janeiro: Autores & Agentes &
Associados, 1998.
MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca. 3. ed. São Paulo: Ática,
2002.
MORAES, Rubens Borba de. Livros e bibliotecas no Brasil Colonial. São Paulo: Secretaria da Cultura,
Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, 1979.
PEDRON, Ademar João. Metodologia científica: auxiliar do estudo, da leitura e da pesquisa. 3. ed.
Brasília: [s.n.], 2001.
QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Notas de uma palestra proferida e depois redigida. Seminário de
Políticas de Incentivo à Leitura. Organizado pela Superintendência de Bibliotecas Públicas e Secretaria de
Estado de Cultura de Minas Gerais. Belo Horizonte, 14, 15, e 16 de abril de 2009.
SCHWARCZ, Lilia M. A longa viagem da biblioteca dos reis. São Paulo: companhia das letras, 2002.
SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. São Paulo: Cortez, 1995. p. 14 (Coleção
Questões da nossa época, v. 45).
Sumário
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Consideramos importante tratar das emoções em sala de aula, pois a cada dia o
índice de pessoas frágeis emocionalmente está aumentando, devido ao fato de não
saberem lidar com sentimentos como o medo, a insegurança, os traumas do passado e
as dores do presente, assim, deixando-se envolver nas “armadilhas mentais” que são
construídas clandestinamente durante a formação da personalidade humana.
Segundo Chiavenato (2005, p.196) “a inteligência emocional é a habilidade de
dirigir de modo eficaz a nós mesmos e os nossos relacionamentos”. Assim, através desse
conceito, acreditamos que a sala de aula pode vir a ser um suporte para a formação de
uma sociedade gestora de suas emoções, a fim de sanar tais problemas, realizando
atividades práticas e experiências vantajosas desde os anos iniciais, desenvolvendo nos
alunos a consciência crítica, a capacidade de gerenciar suas emoções, o controle sobre
as ações externas, e a autonomia para uma convivência leve e prazerosa em sociedade
e consigo mesmo desde a infância até a fase adulta.
Nessa perspectiva, elencamos o problema da Pesquisa: Como desenvolver nas
crianças competências socioemocionais e a gestão de suas emoções? Acreditamos que
para desenvolver as competências socioemocionais do sujeito desde a infância, devemos
apresentar diversas maneiras de trabalhar com as emoções e estimular nos alunos à
pratica de atividades individuais e coletivas que ajudem a gerenciar questões de relações
1
Graduada em Licenciatura em Pedagogia.
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Sendo assim, segundo Kramer (1987, p. 18) “[...] não é a família que é nova,
mas, sim, o sentimento de família que surge nos séculos XVI e XVII, inseparável do
sentimento de infância”. Diante disso, a educação e a preparação dos filhos deveriam ser
feitas nas escolas, ou seja, não sendo mais função da família. Do mesmo modo, surgem
os colégios internos, as crianças são separadas de seus pais e a escola passa a ser um
meio de educar.
De acordo com Bujes (2001, p.15) o surgimento das instituições voltadas para
a Educação Infantil se relaciona com o surgimento da escola e da concepção de família
moderna dos séculos XVI e XVII, que por sua vez correspondia às novas exigências
educacionais advindas do pensamento moderno e da sociedade industrial.
[...] o que se pode notar, do que foi dito até aqui, é que as creches e pré-
escolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que
ocorreram na sociedade: pela incorporação das mulheres à força de
trabalho assalariado, na organização das famílias, num novo papel da
mulher, numa nova relação entre os sexos, para citar apenas as mais
evidentes. Mas, também, por razões que se identificam com um conjunto
de ideias novas sobre a infância, sobre o papel da criança na sociedade e
de como torná-la, através da educação, um indivíduo produtivo e ajustado
às exigências desse conjunto social (BUJES, 2001, p.15).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 345
Sumário
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social e emocional. Não basta apenas esperar a idade ideal para inserir a criança na
escola, mas sim, desenvolver sua responsabilidade nesse processo.
A escola, por sua vez, tem seu dever de educar e formar o sujeito para viver em
sociedade, porém, antes disso, é dever da família iniciar a preparação de seus filhos, desde
o útero, para a escola e para a vida, emocional e social. Szymanzki (2003, p.22) afirma que
“é na família que a criança encontra os primeiros “outros” e, por meio deles, aprende os
modos de existir – seu mundo adquire significado e ela começa a constituir-se como
sujeito”. Desse modo, é preciso a família enxergar-se como instituição educadora e atuante
no processo de construção de personalidade dos seus filhos.
Sabemos que estamos em um meio composto por uma grande diversidade familiar,
cada qual com os seus costumes e desafios de vida que não ficam apenas entre si, mas
adentram os portões das escolas e são exteriorizados através dos comportamentos das
crianças. Com isso encontramos um grupo de crianças frustradas, carentes de atenção e
mal interpretadas. Muitas vezes, estas tentam se comunicar através do choro, de um
determinado comportamento, um olhar ou até mesmo por meio do silêncio, porém, não são
assistidas por suas famílias, principalmente quando se trata de um meio desestruturado,
desta forma, na maioria das vezes buscam apoio na figura docente, a fim de um amparo
para sanar suas dores internas.
Ainda de acordo com Goleman (1995, p.28) “[...] uma das soluções é uma
abordagem da parte das escolas em termos da educação do aluno como um todo, ou seja,
juntando mente e coração na sala de aula”. Sabemos que o professor, o qual tem uma
ligação direta com o aluno, é o ideal para dar seguimento na construção do caráter
emocional dele, exercendo este papel como figura fundamental. Porém, é difícil o professor
exercer este papel sem uma qualificação específica.
Com base nas Diretrizes curriculares Nacionais (DCNs, 2013, p.423):
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 349
Sendo assim, é sugestivo à escola promover encontros formais para uma interação
com todo o corpo familiar, estimulando neles o desenvolvimento do olhar crítico para a
importância da gestão emocional e preparando-lhes para lidar, de forma correta, com os
seus conflitos internos e externos, destacando a importância de dar seguimento no que é
aplicado em sala, para que não haja rupturas na formação da criança como um ser
completo.
De forma continua e informal, estimular a interação professor e família, a fim de
tratar o aluno na sua individualidade, expondo a necessidade da atenção, do ouvir, da
compreensão, do poder de um elogio e em determinado ponto, a imposição de limites.
Sabemos que, a ciência voltada para o trabalho propriamente dito das emoções é a
Psicologia, mas é viável que a Pedagogia seja valorizada e enxergada como parte deste
campo, visto que a todo momento enfatizamos que deve ser função da escola em conjunto
com a família a iniciação deste trabalho.
Para isso, defendemos que a formação inicial do professor deve atentar-se também
para o trabalho emocional, bem como oferecer um embasamento inicial consistente, de
caráter formativo para este trabalho. Para que isso seja possível, poderia ser cogitada a
inserção de uma disciplina de introdução à educação socioemocional na grade curricular
dos cursos de licenciatura, tanto em Pedagogia como nos demais cursos voltados para a
formação docente, assim, tornando o letramento emocional tão relevante quanto à
alfabetização para o letramento.
Se a escola não assumir parte da responsabilidade, ou seja, a que lhe compete no
que diz respeito ao trabalho socioemocional, considerando os fatores sociais, econômicos,
psicológicos e culturais nos quais os alunos estão inseridos, levando em conta tudo que
ocorre dentro do cotidiano escolar, continuaremos presenciando o despreparo emocional
por parte deles no dia a dia, este podendo acarretar dentro e fora da escola
comportamentos depressivos e, muitas vezes, agressivos, podendo nos levar a contemplar
eventos trágicos e desastrosos até mesmo dentro do âmbito escolar, a exemplo dos
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N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 351
massacres nas escolas de Columbine2, em 1999, nos Estados Unidos; Realengo 3(2011)
e Suzano 4(2019), ambos no Brasil.
Os ataques, assim como qualquer tipo de violência em escolas são, em sua
maioria, movidos por fatores que ocorrem dentro do cotidiano escolar, estes que muitas
vezes são ignorados, são também a forma mais triste de nos levar a entender a relevância
do trabalho socioemocional e da importância do trabalho em conjunto da escola com a
família, a fim de identificar e trabalhar em torno de possíveis desvios de conduta e
comportamentos, bem como do desenvolvimento da empatia pelo próximo, assim, evitando
possíveis agressores e agredidos dentro do ambiente escolar, assim como bullying,
exclusão, isolamento ou qualquer outra forma de opressão e violência.
Em 2017, foi publicado pelo Canal Ciências Criminais5 um artigo com o título
“Columbine: o massacre que apresentou o Bullying ao mundo”, este artigo detalhou toda a
trajetória do ataque, desde as suas causas até o seu desfecho, como o próprio nome do
artigo já remete, este massacre foi responsável por apresentar ao mundo o termo bullying,
os relatos anteriores a ele indicam que os responsáveis eram alunos impopulares e alvos
de bullying, o que teria sido um fator determinante que uniu-se a todo um contexto de
despreparo emocional e mental que levou ao ataque à escola.
Com o trabalho pedagógico em torno do cotidiano escolar, seria possível
identificar esses tipos de comportamento, conscientizar os alunos da importância da
2
O Massacre de Columbine foi um massacre escolar que ocorreu em 20 de abril de 1999, na Columbine High School,
em Columbine, uma área incorporada de Jefferson Country, no Colorado, Estados Unidos. Além do tiroteio, o ataque
complexo e altamente planejado envolveu o uso de bombas para afastar os bombeiros, tanques de propano
convertidos em bombas colocados na lanchonete, 99 dispositivos explosivos e carros-bomba. Os autores do crime, os
alunos seniores Eric Harris e Dylan Klebold, mataram 12 alunos e um professor. Eles também feriram outras 21 pessoas,
mais outras três ficaram feridas enquanto tentavam fugir da escola. Depois de trocarem tiros com policiais
respondentes, a dupla cometeu suicídio. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Columbine acesso
em: 22 jul. 2020.
3
Massacre de Realengo refere-se à chacina ocorrida em 7 de abril de 2011, por volta das 8h30min da manhã na Escola
Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, no município do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de
Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar contra os alunos presentes,
sendo que matou doze deles, com idade entre 13 e 16 anos, e deixou mais de 22 feridos. O assassino foi interceptado
por policiais, mas cometeu suicídio antes de ser detido. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Realengo acesso em: 22. Jul.2020.
4
O Massacre de Suzano foi um massacre escolar ocorrido em 13 de março de 2019, por volta das 9:30 da manhã de
uma quarta-feira, na Escola Estadual Professor Raul Brasil, localizada na rua Otávio Miguel da Silva, no município de
Suzano, no estado de São Paulo. A dupla de atiradores Guilherme Taucci Monteiro e Luiz Henrique de Castro, ex-alunos,
mataram cinco estudantes e duas funcionárias da escola. Antes do ataque, num comércio próximo à escola, a dupla
também matou o tio de um dos assassinos. Após o massacre, um dos atiradores matou o comparsa e em seguida
cometeu suicídio. Foi a nona vez que esse tipo de crime ocorreu em escolas brasileiras. De acordo com as apurações,
entre as motivações que levaram ao massacre estavam o bullying, o isolamento social e o desejo de superar o massacre
de Columbine nos Estados Unidos, pois queriam ser lembrados pela quantidade de mortes e armas. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Suzano acesso em: 22. Jul. 2020.
5
O Canal Ciências Criminais é uma plataforma de artigos jurídicos voltados para a área criminal. Disponível em:
https://canalcienciascriminais.com.br/columbine-massacre-bullying/ acesso em: 16 Jul. 2020.
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empatia para com os outros e da gestão das suas emoções e evitar que tragédias como
essa ocorram, visto que, este ficou conhecido mundialmente e inspirou vários outros
ataques, alguns dentro da nossa realidade, como foram os casos de Realengo e Suzano,
ambos também tiveram como uma de suas motivações, o bullying sofrido dentro da escola.
Em 2016, segundo informações do site O globo6, Sue Klebold, mãe de Dylan Klebold
que foi um dos alunos responsáveis pelo massacre de Columbine, publicou um livro
chamado “O acerto de contas de uma mãe”, onde a mesma relata como era a convivência
de Dylan com a família, bem como o seu comportamento, este, que por sua vez, sempre
teve indícios depressivos, não foi devidamente assistido emocionalmente pela família,
muito menos pela escola, ambas não tinham conhecimento do despreparo emocional do
menino, muito menos do bullying que sofria no ambiente escolar, segundo os relatos
contidos no livro.
A partir daí, podemos tomar nota da importância da relação entre a escola e família,
como o trabalho em conjunto pode contribuir para, além do desenvolvimento da gestão
emocional, a identificação das necessidades de um olhar mais atento e apurado para as
emoções e os comportamentos que o aluno expressa no dia a dia, em casa e também na
escola, visto que é na escola que os alunos passam boa parte do seu tempo. Essa
formação integral do aluno é proposta pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
6
: Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/celina/vinte-anos-apos-columbine-oucam-seus-filhos-diz-mae-
de-um-dos-atiradores-23612078. Acesso em: 19 Jul. 2020.
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Delegar responsabilidades:
● Guardar os brinquedos;
● Organizar o seu material;
Seguem aptos a conduzirem suas ● Permitir que a criança
Torná-los autônomos emoções e pensamentos, desviando-se direcione os seus cuidados
das armadilhas mentais de maneira básicos de higiene, a
consciente e saudável. princípio em supervisão e
orientação;
● Colocá-lo como ajudante de
sala;
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 354
Promover momentos:
● Roda de conversa informal e
Estar atento às inúmeras formas de musicalização;
comunicação, seja ela indireta ou direta. ● Dinâmicas para socialização
Em seguida, estimular e manter uma do grupo;
Desenvolver uma comunicação ativa para uma melhor ● Conotações de histórias;
comunicação saudável intervenção e uma formação emocional Liberdade de expressão:
sólida, evitando isolamentos e ● Ouvir;
sentimentos de depressão.
● Atentar para as expressões
corporais;
● Dramatização da literatura:
Transmitir segurança e confiança ao o A Ilha dos sentimentos de
Possibilitar momentos de outro, tornando-o confortável para Reinilson Câmara 7
expressões e reflexões compartilhar suas dores internas e suas ● Fazer ligação da história com
experiências, afim de desenvolver no o cotidiano;
todo a empatia. ● Colocá-los em uma
situação/problema, comum
de seu cotidiano, e permitir
que resolvam em equipe,
ajudando um ao outro e
considerando as diversas
experiências.
7
A Ilha dos sentimentos- Reinilson Câmara. Disponível em:
https://paginas.fe.up.pt/~fsilva/port/A_Ilha_dos_sentimentos.htm. Acesso em: 02, Ago. 2020.
8
Como elogiar os filhos? Disponível em: https://www.instagram.com/p/CC9iH4lJqYX/. Acesso em: 02, Ago. 2020.
9
Disponível em: https://happycodeschool.com/blog/autonomia-na-educacao-infantil/. Acesso em: 02, Ago. 2020.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 355
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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a educação infantil /Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010.
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art266>. Acesso em: Jun. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular.
Brasília, DF, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio>. Acesso em: Jun.
2020.
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Elise Kaercher (Orgs.). Educação infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 13-22.
CARVALHO, Manoel C. A família contemporânea em debate. São Paulo: Cortez, 2010.
CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando com pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor
de pessoas: um guia para o executivo aprender a lidar com sua equipe de trabalho. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005.
CURY, Augusto. 20 regras de ouro para educar filhos e alunos: como formar mentes brilhantes na era
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CURY, Augusto. Inteligência Socioemocional: Uma ferramenta para pais e professores encantadores.
Rio de Janeiro: Sextante, 2019.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional [recurso eletrônico] – Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4133507/mod_resource/content/2/Inteligencia-
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GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
KRAMER, Sonia. A Política do Pré-Escolar no Brasil: a arte do disfarce. Rio de Janeiro: Dois Pontos, 1987.
LUDKE, Menge e André, Marli. Pesquisa em Educação: Abordagens educativas: São Paulo: Epu,1986.
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MUNARI, Alberto. Jean Piaget. Tradução e organização de Daniele Saheb. Recife: Massangana, 2010.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 357
REIS, Marlene Barbosa de Freitas. Política pública, diversidade e formação docente: uma interface
possível. 2013. 278f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-
Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento, Instituto de Economia, 2013.
SANTOS, Jair de Oliveira. Educação emocional na escola: a emoção na sala de aula. . ed. Salvador:
Faculdade Castro Alves, 2000.
SZYMANZKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. 1ºreimpressão. Brasília, Plano
Editora: 2003.
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INTRODUÇÃO
1
Graduada em Licenciatura em Pedagogia.
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Desse modo, para uma gestão pedagógica eficiente, o gestor precisa unir-se com os
professores com vistas à aprendizagem, pois do contrário, a aprendizagem poderá ficar
fracionada e não alcançar seus objetivos. Diante da união e compromisso do gestor e
professores, a parte pedagógica da escola vivenciará conquistas benéficas para os alunos.
Para isso, toda a escola precisa trabalhar para a realização de um objetivo comum, o
desenvolvimento dos alunos e sua contribuição social, a partir de um olhar crítico sobre
ela, construído coletivamente na escola.
Assim sendo, a escola precisa estar apoiada no projeto político pedagógico (PPP),
instituído conjuntamente entre escola e comunidade para tentar realizar ações
pedagógicas concretas diante das necessidades que desafiam a construção do saber e
uma gestão de fato democrática tem grande importância para o crescimento escolar, pois
[...] a gestão democrática da educação é hoje, um valor já consagrado no
Brasil e no mundo, embora ainda não totalmente compreendido e
incorporado à pratica social global e a pratica educacional brasileira e
mundial. É indubitável sua importância como um recurso de participação
humana e de formação para a cidadania. É indubitável sua necessidade
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 362
Dessa forma, exercer a gestão escolar com respeito, justiça e ética, buscando dar
incentivo aos sujeitos que compõem a Educação, desafiando a todos a se comprometerem
com a educação de modo conjunto e democrático, participativo e pedagógico permitirá
dentro desse espaço de ensino um melhores desenvolvimentos e resultados. Essa
articulação permitirá maiores benefícios para os estudantes, professores, funcionários,
enfim, toda a comunidade.
Com o contexto social atual e suas demandas se modificando constantemente, o
gestor precisa ter um conhecimento amplo de gestão que exige a função de administrar a
escola. Assim sendo, o gestor também precisa ser conhecedor da demanda pedagógica
para compreender o processo educacional, ter visão estratégica e principalmente ter um
novo olhar para a construção do projeto político pedagógico (PPP), que é a ferramenta de
uma gestão democrática. Então, a gestão precisa articular e pôr em ação todas as pessoas
do processo organizacional, tendo como critério a mobilização de atividades, liderança,
motivação, coordenação e comunicação.
Em termos conceituais, é importante destacar a gestão pedagógica. Sobre esta, Luck
(2009, p.97) diz: “destaca-se que todas as ações têm um caráter pedagógico, isto é, a
capacidade de levar as pessoas a aprenderem, a desenvolverem compreensões, hábitos
e atitudes”. De tal modo, ela busca caminhos para as realizações das decisões exigidas
pelo projeto político pedagógico (PPP) da escola.
Assim sendo, uma gestão pedagógica precisa ser feita pela gestão escolar, o
coordenador pedagógico e os professores para realização de uma aprendizagem eficaz,
sendo necessário todos estarem envolvidos e conhecerem bem o Currículo a ser
desenvolvido. Esse trabalho têm o coordenador pedagógico como articulador das
formações para professores e media as relações entre professores e alunos e professores
entre si.
No entanto, em termos de Escola pública, nem todas têm um coordenador
pedagógico e muitos gestores acabam fazendo esse trabalho, mesmo sabendo que é tido
em lei a efetiva presença do coordenador pedagógico no ambiente escolar. Lei essa que
está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), que espera a
autonomia do coordenador pedagógico para seu trabalho na escola, sendo esse
coordenador formado em pedagogia ou com pós-graduação.
Sumário
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nota considerável quando se baseamos no IDB do município que é 4,1. Mesmo com a
defasagem da participação da comunidade escolar vem obtendo bons resultados, mas com
a certeza de que a comunidade pode contribuir significativamente mais com a escola.
A escola B e situada na zona rural da cidade, conta com 129 alunos, tendo da
educação infantil ao fundamental-anos finais, organizado por 2 diretores, 1 secretaria é 3
auxiliares de serviços gerais. Essa vem se destacando entre as demais, pois conseguiu
firmar compromisso com a comunidade e isso, beneficia o crescimento da escola.
Trabalhando com projetos que incluem os pais ou responsáveis no planejamento diário da
escola, fazendo-os participar das aulas.
Com o projeto “Dia da família na escola”, a escola traz uma vez por semana um
responsável para fazer uma leitura para os alunos, leitura essa que estar incluída no
planejamento do professor, ou seja, traz a família para a escola. O intuito dessa escola
com esse projeto é a busca por maior envolvimento por parte dos responsáveis na
aprendizagem de seus filhos. A escola B também conta com outros projetos que tem
parceria com o estado, como: Novo Mais Educação, Soma e o Mais Alfabetização que é
instituído pelo Ministério da Educação (MEC) pela portaria nº 142/2018 e conta com o IDB
no 5º ano e 9º ano de 4,9.
Essa escola B procura pôr em prática o PPP da escola e cria meios para que a
comunidade participe ativamente, assim, como participaram na construção do mesmo.
Com isso, vem mostrando resultados satisfatórios no desenvolvimento do ensino e da
aprendizagem. Sempre buscando mecanismos que possam resolver os desafios
enfrentados pelo não dia-a-dia da escola, pois por se tratar de uma escola da zona rural,
precisa de toda uma logística com transporte dos professores que saem da zona urbana,
com transporte de alunos, escolar, mas enfrenta desafios para conseguir cumpri-los, pois
a comunidadecom a merenda, ou fardamento e proporcionando facilitar os meios
tecnológicos para alunos e professores.
Por fim, a escola A se diferencia da B, pois enquanto não criar meios para a
participação da comunidade irá ter uma defasagem no desenvolvimento da escola e
consequentemente na aprendizagem. Já a escola B busca cada vez mais a participação
da comunidade, buscando sempre envolver escola e comunidade no crescimento e
aprendizagem educacional.
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 365
Por fim, a questão de número cinco, nos remete: Como a escola precisa trabalhar
nas decisões? Os gestores destacaram “de forma que todos participem, escola, gestão e
comunidade escolar”, ou seja, os gestores se organizam de maneira que todos busquem
participar, dando espaço para a comunidade se expressar e contribuir nas decisões da
escola.
Dessa forma, para desempenhar um papel de melhor qualidade do ensino e da
participação da comunidade, o gestor escolar enfrenta desafios que vão muito além de
cumprir e exercer as leis e regulamentos, fazer com que as crianças compareçam à escola
e tenham um aprendizado significativo, estimular constantemente os professores, criar
ações democráticas para a participação dos pais na escola.
Com isso, nota-se que os diretores se empenham para pôr em prática a gestão
democrática no ambiente escolar, gestão essa que está na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional de nº 9394/96, destacando o artigo 14,
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 367
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 369
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Graduado em Pedagogia pela Universidade Vale do Acaraú. E-mail: diretoria.cei@uol.com.br.
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Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 371
a garantia dos 10% do PIB para a educação pública, e os empresários da área, queriam a
inclusão nesse percentual, dos investimentos em isenções fiscais, bolsas de estudos e
subsídios para o setor privado.
Em suma, o ponto de maior discussão foi, sem titubear, o financiamento da
educação, uma vez que, não há como melhorar as deficientes condições estruturais das
escolas brasileiras, nem como expandir as vagas com sua necessária expansão dos
quadros funcionais, sem os recursos necessários. Após inúmeros debates, versa no PNE
2014-2024- Lei N.º 13.005, de 24 de junho de 2014 - a ampliação gradativa do percentual
do PIB - Produto Interno Bruto brasileiro para 10% no período de vigência, ou seja, uma
ampliação gradativa até 2024. Embora haja essa previsão, o que se vê é que, mesmo após
seis anos de aprovação, o percentual não evolui conforme prescrito no plano, o que tem
provocado intensas dificuldades para o setor nos municípios.
O que está ocorrendo nos municípios, na realidade contrasta com a lógica da
ampliação dos recursos. Os municípios estão enfrentando a ampliação das despesas e o
encolhimento das receitas. A ampliação das despesas ocorre justamente por conta das
metas de universalização, que amplia a demanda atendida. E para agravar a situação, o
governo aprova a Emenda Constitucional nº 95/1016, que congela os gastos com
educação, saúde e ação social por um período de 20 anos, mais especificamente até 2037.
O principal objeto de análise aqui é justamente a Emenda Constitucional n. 95/2016,
instituída logo após o golpe jurídico midiático2 que impediu a Presidenta Dilma Rousseff
(PT) de continuar o seu mandato. Chama-se de golpe a destituição de uma presidenta sem
seguir as regras legais postas na Constituição Federal, já que as chamadas “pedaladas
fiscais” não são enquadradas como crime de responsabilidade fiscal. Assumiu a
presidência o vice-presidente Michel Temer e este foi p responsável por aprovar tal emenda
que congela os gastos primários com educação, saúde e social por vinte anos, trazendo
prejuízos incalculáveis aos setores fundamentais do país.
O presente trabalho questiona sobre a suficiência de recursos para a educação dos
municípios, a partir do Plano Nacional da Educação 2014-2024. Tal Plano, aprovado pela
Lei traz metas audaciosas de universalização do ensino. Mostra a contradição destas
metas com o encolhimento das receitas por causa da Emenda Constitucional 95/2016 e os
desafios que os municípios tem enfrentado. Ao final é possível afirmar sobre a
2
[...] em 2016, o governo Temer consumou sua ascensão por meio de um golpe parlamentar, jurídico e midiático. Não
por acaso, as peças jurídicas que endossaram as ficções das pedaladas fiscais tinham como objetivo criminalizar,
justamente, a política financeira e fiscal que deu suporte para a recomposição da estrutura do Estado e para a
dinamização das empresas estatais (GUERRA et al., 2017, p. 158).
Sumário
N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 373
Sobre o PNE 2014-2024 e suas metas: ampliação das responsabilidades dos municípios
O PNE (2014-2024) é apontado por muitos como símbolo democrático pela ampla
participação da sociedade civil em seu processo de construção. Recapitulando, esse processo teve
início em 2007, com a realização das conferências municipais e intermunicipais e teve sua primeira
versão nacional realizada em 2010 no auditório Ulisses Guimarães, em Brasília / DF, onde
participaram quatro mil Delegados, representantes de movimentos sociais, das esferas
administrativas, de entidades não governamentais, empresariado e União Nacional dos
Estudantes. Vários debates foram travados, e como já afirmado, a questão do financiamento foi
ponto nevrálgico.
O que se questiona é sobre a suficiência dos recursos federais para os gastos públicos
com a educação nos municípios, principalmente após a implantação do PNE 2014-2024- Plano
Nacional da Educação, o qual trouxe metas que exigiram um grande esforço financeiro dos
municípios, dentre elas as metas de expansão da rede pública. Cito como exemplo as metas de
universalização da educação básica que serão o foco deste trabalho, quais sejam:
observatório nacional3. Acontece que a ampliação das matrículas exige mais recursos aplicados:
mais profissionais, mais estrutura, equipamentos, transporte, merenda, enfim, há uma ampliação
de despesas para a qual o próprio plano prevê a ampliação do financiamento. Essa ampliação do
financiamento seria de fundamental importância e deveria chegar a 10% do PIB - produto interno
bruto do país. Isso aconteceria através da correção do CAQi - custo aluno qualidade inicial4. No
entanto, na prática o financiamento não acompanha o planejado e a coisa se agrava com a Emenda
Constitucional 95/2016. É neste cenário que se desenvolveu a presente pesquisa, cujos achados
serão expostos no decorrer do texto.
Como exposto até o momento, o Brasil passa a ter algumas tarefas a serem cumpridas em
forma de metas. Estas metas são decorrentes do Plano Nacional da Educação 2014-2024, cabendo
aos municípios o esforço de desenvolver ações, principalmente para a expansão das matrículas na
garantia da universalização da educação básica. Como visto também, o grande desafio atual é o
acesso ao financiamento necessário, uma vez que, ao invés de ampliar, os municípios têm passado
por uma espécie de encolhimento financeiro, devido a Emenda Constitucional n. 95/2016. Neste
tocante, os recursos federais são cada vez mais insuficientes o que compromete a qualidade do
serviço oferecido nas escolas públicas. Percebe-se, no entanto, que o governo tem a tendência em
apontar a suficiência dos recursos, enquanto aponta sua má gestão em âmbito local.
O fato é que o Brasil passa hoje por um período de reformulação das políticas públicas na
educação. Num momento em que há um plano nacional da educação em voga, cujas metas indicam
a necessidade de universalização da educação básica com a garantia de qualidade, alguns fatores
precisam ser analisados, a exemplo dos impactos da Emenda Constitucional 95/2016, que
estabelece teto de gastos no setor até 2037.
O contexto desenhado, aponta o problema que foi abordado nesta pesquisa: num momento
de obrigatoriedade de expansão da rede de ensino5, como está funcionando o financiamento das
redes municipais e quais os desafios para as gestões no tocante a meta de universalização da
3
Disponível em: https://www.observatoriodopne.org.br/
4
Art. 206 Princípios da educação. I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; VII - garantia de
padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos
termos de lei federal.
Art. 211. Regime de Colaboração. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as
instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma
a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; ADCT.
Art. 60. Fundeb § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão assegurar, no financiamento da
educação básica, a melhoria da qualidade de ensino, de forma a garantir padrão mínimo definido nacionalmente.
5
A obrigatoriedade está prevista no processo de monitoramento de cumprimento de metas dos Planos Municipais da
Educação. O processo de monitoramento é acompanhado por agentes do Ministério da Educação, que estabelecem
prazos e cobram relatórios anuais que são inseridos no Observatório do PNE.
Sumário
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A Importância do Objeto
Embasaram este estudo as ideias de Pinto (2005; 2006; 2012 e 2018), Adrião (2005; 2009;
2012; 2015 e 2016); Cury (2009; 2013), Dourado (2014) e Amaral (2016 e 2017). Pinto analisa as
dificuldades que os municípios enfrentam nos últimos anos e atribui estas dificuldades à má
repartição do “bolo tributário”. Para ele essa distribuição é desigual, principalmente quando se
coloca nos municípios as maiores responsabilidades em relação ao cumprimento das metas do
PNE, embora estes sejam os entes federados de menor arrecadação. Ele discute a importância do
FUNDEB6- Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, embora alerte para o fato de que, a
6
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação –
FUNDEB é um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo por estado e Distrito Federal, num
total de vinte e sete fundos), formado, na quase totalidade, por recursos provenientes dos impostos e transferências
dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da Constituição
Federal. Além desses recursos, ainda compõe o FUNDEB, a título de complementação, uma parcela de recursos
federais, sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente.
Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica.
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constituição do fundo não amenizou em nada para os municípios, uma vez que as maiores
responsabilidades continuaram a eles impostas, ao mesmo tempo em que estes continuam com a
menor parte dos recursos financeiros. Alerta ainda para a preocupação causada pela vigência do
referido fundo, já que o FUNDEB foi criado em 2007 para um período de 14 anos, estando o seu
encerramento agendado para 2020.
Atualmente houve uma ampla movimentação social e educacional em torno da votação a
criação do FUNDEB permanente. Entre idas e vindas o Congresso aprovou o fundo permanente,
mas ainda pairam intensas dúvidas sobre o desfecho final, já que o projeto ainda vai para a
apreciação do Senado. Por este motivo evitamos fazer comentários sobre o FUNDEB permanente,
sendo matéria relevante para uma próxima pesquisa.
Em meio a tudo isso os municípios têm enfrentado uma enxurrada de cobranças geradas
pelo sistema de monitoramento do Ministério da Educação, já que há uma exigência de
monitoramento da agenda criada para cumprimento das metas. Quando os municípios deixam de
cumprir as agendas, pode haver a inviabilização da geração de Termos de Compromisso pelo
SIMEC7, colocando o município com status de inadimplência. Desta forma, ficam os municípios
inviabilizados diante da possibilidade de conseguir recursos para aquisição de bens e construções
pelo SIMEC e mesmo para a pactuação de novas formas de aquisição de recursos. Para Pinto
(2018) outro fato a ser discutido é a necessidade de encontrar soluções permanentes para o pacto
federativo no tocante ao financiamento da educação. Há uma necessidade extrema de ampliar os
recursos pelo Estado Nacional, já que, de forma geral, sempre há um atraso nas parcelas referentes
ao complemento da UNIÃO e também neste caso os prejuízos para os municípios são incalculáveis.
Pinto analisa ainda o princípio do padrão mínimo de qualidade de ensino (CAQi), além de
elencar alguns efeitos desse modelo de financiamento, particularmente no que se refere às
questões federativas e à redução das desigualdades. Na realidade a discussão sobre o CAQi
também foi ponto de grandes discussões na Conferência Nacional da Educação - CONAE 2010,
mas ainda não há uma definição satisfatória para que os municípios sejam contemplados. Há,
portanto, uma ampla contradição quando se trata da ampliação de recursos para a educação.
Adrião (2005; 2009; 2012; 2015 e 2016) aborda questões importantes sobre os avanços e
contradições da ampliação dos investimentos em educação no país. Ela aponta uma discussão
sobre o “conjunto de processos que têm direcionado a educação básica pública brasileira para o
campo e sob o interesse do setor privado corporativo ou a este associado” (ADRIÃO, 2009, p. 120).
Esta discussão tem sido crescente, principalmente quando vemos ênfase do governo em
programas de Vouchers8 como o EDUCA MAIS BRASIL, que trata da transferência de recursos
das instituições públicas para as instituições privadas, através de Bolsas de Estudo.
7
Sistema Integrado de monitoramento execução e controle do Ministério da educação. (Simec.mec.org.br).
8
O cheque escolar ou cheque de educação ou cheque-ensino ou voucher escola é um sistema educativo que consiste
na entrega pelo Estado de vales para os pais escolherem uma escola privada para seus filhos. Tem origem nas ideias
de Milton Friedman e vem sendo adotado desde os anos 90 por diferentes países.
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O esquema de cheque escolar não se confunde com o de escola autónoma, também chamada de charter school. O
cheque escolar é um programa de financiamento de uma escola privada pelo Estado aos seus cidadãos. As escolas
autónomas são instituições privadas financiadas pelo Estado (WIKIPÉDIA).
9
Sistema político caracterizado por um Estado soberano, composto por diversas entidades territoriais autônomas
dotadas de governo próprio.
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entes federados são: salário-educação, programas e projetos implementados pelo Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e o FUNDEF, depois o FUNDEB.
Outro mecanismo de aporte de recursos para a educação básica citado por Cury é a
assistência financeira da União. A política de assistência a estados e municípios efetivada pelo
FNDE envolve ações variadas de assistência direta, como no Programa Nacional do Livro Didático,
a assistência financeira automática (Programa Nacional de Alimentação Escolar, Programa
Dinheiro Direto na Escola, Programa Nacional de Transporte Escolar, dentre outros) e a assistência
financeira por meio de convênios e Termos de Compromisso, que dependem de acordos de
repasse voluntário mediante a apresentação de projetos. No entanto tais aportes são específicos
e não compensam a ausência do CAQi, nem do valor correspondente à ampliação do PIB, sendo
estas rigorosamente necessárias para a execução das demandas atuais provenientes do PNE
2014-2024. A luta é constante por parte das entidades representativas e da própria sociedade civil,
mas os números atuais apontam para uma lacuna imensa entre o que se coloca à disposição dos
municípios e o que realmente seria necessário na prática, principalmente devido o déficit histórico
que se acumulou e que atinge o setor de forma drástica por causa das amplas necessidades:
estruturais, formativas e financeiras.
Dourado (2017) provoca discussões a respeito do cumprimento das metas do PNE 2014-
2024, inclusive metas de universalização com qualidade, ressaltando a necessidade de uma
reforma tributária. Destaca a necessidade de ampliação da percentagem de aplicação do PIB para
10% para a Educação Básica e argumenta que o PNE deve tornar-se um Plano de Estado. Quando
ele afirma isso, quer se referir ao intenso processo de descontinuidade existente no país como as
trocas de governo.
Ao se tornar política de estado, ultrapassa a barreira dos governos e evita o
descontinuíssimo. Para o autor os desafios que o Plano decenal vigente impõe aos municípios, não
se reverte em materialização. Não há como materializar ações que necessitam de ampliação de
despesas sem a ampliação do financiamento. Trata-se de uma conta que não fecha. Ele afirma
que “A prática é composta de muito mais do que a soma de uma gama de políticas e é tipicamente
investida de valores locais e pessoais e, como tal, envolve a resolução de, ou luta com, expectativas
e requisitos contraditórios - acordos e ajustes secundários fazem-se necessários” (DOURADO,
2017, p. 43).
o cumprimento das metas do PNE 2014-2024 está comprometido, devido o encolhimento anual
dos recursos destinados ao setor. Essa Emenda Constitucional
(...) instituiu um Novo Regime Fiscal (NRF) no país e que prevalecerá, inicialmente,
por 20 anos, portanto, até 2036, que congelará as despesas primárias e liberará os
pagamentos relativos ao mercado financeiro. Estarão, portanto, limitadas as
possibilidades da implementação de novas políticas públicas que objetivem
diminuir a enorme desigualdade brasileira.
Por causa dessa modificação as despesas primárias, desde 2018, só podem ser
reajustadas com base na inflação do ano anterior medida pelo Índice nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA). Amaral explica que as “despesas primárias são aquelas que
ocorrem com o pagamento de pessoal e encargos sociais, água, luz, telefone, limpeza,
vigilância, pessoal terceirizado, material de consumo, aquisição de equipamentos, material
permanente, construções, aquisição de imóveis etc.” (2017, p. 06). Curiosamente as
despesas com juros, encargos e amortização da dívida externa ficaram de fora desse
limite, podendo inclusive exceder o IPCA. Trata-se, portanto, da total retirada de recursos
de setores essenciais como a educação para a garantia de pagamentos a credores, o que
caracteriza as políticas ultraliberais de beneficiamento do empresariado.
Segundo Amaral (idem) o Plano Nacional de Educação aprovado pela Lei nº 13.005,
de 24 de junho de 2014 (Brasil, 2014), o PNE (2014-2024), tem em seu lastro a
necessidade de uma “substancial elevação do volume de recursos financeiros aplicados
na educação brasileira”, já que as 20 metas implicam na necessidade urgente de
Sumário
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Fica evidente que para cumprir os compromissos previstos no PNE 2014-2024, “será
preciso elevar os recursos públicos aplicados em educação, o que exigirá que o MEC, no contexto
do Poder Executivo, tenha um aporte de recursos financeiros que varie em relação ao ano anterior
num valor superior ao IPCA”. Se analisarmos tal situação, chegamos à conclusão de que o referido
plano terá o mesmo destino do seu anterior, sendo esvaziado das possibilidades de execução
prática. O encolhimento da receita, inviabiliza a ampliação das despesas que seriam geradas pela
expansão da educação básica. A reversão só seria possível perante a revogação da EC 95/16.
Para Chauí (1999, apud Amaral, 2007, p. 08), não se pode falar em educação de qualidade sem a
garantia do fundo específico. Ela afirma que:
[...] a luta pela qualidade do ensino, pela boa formação dos professores e dos
alunos, pela ampliação da rede pública escolar, pela dignidade dos salários de
professores e funcionários, assim como a luta pela gratuidade da universidade
pública e pela qualidade da formação e da pesquisa não são lutas de uma minoria
barulhenta, nem de lobistas e corporativistas, mas a disputa democrática pela
direção da aplicação do fundo público.
Ao analisar a evolução dos recursos financeiros associados ao MEC entre os anos 2014-
2017, Amaral (2017) já preconizava a impossibilidade de execução do PNE. Para ele:
Amaral (2017) alerta para o fato de que o grupo que participou do golpe jurídico midiático
em 2016, é, na verdade o mesmo grupo que comandou o Brasil entre 1995 e 2002, período que
historicamente não apresentou nenhuma prioridade para a educação do país. A ausência de
prioridade da educação voltou à tona no cenário nacional, onde a ênfase passa a ser para a
“elevação no pagamento de juros, encargos e amortização das dívidas interna e externa”.
Em 2019 assumiu Jair Bolsonaro cujas políticas vão de encontro às de Michel Temer. A
Emenda Constitucional n. 95/2016 foi mantida apesar do apelo e dos movimentos de luta e
resistência do setor educacional. Para Marilena Chauí (1999, p. 07) “eis por que a luta política
democrática na sociedade de classes contemporânea passa pela gestão do fundo público pelo qual
a igualdade se define como direito à igualdade de condições”. Amaral alerta que é impraticável e
inaceitável que um país como o Brasil, com inúmeros déficits na área educacional, invista mais nas
P r á t i c a s e m E d u c a ç ã o | 382
suas atividades militares e em amortização de juros valores muito superiores ao que se investe em
educação.
Outrossim, ele alerta que esse movimento de investimento dos recursos públicos no capital
privado, em detrimento do social tem sido muito nocivo para o país. Para ele, com a EC 95/12016
que perdurara até 2037, é praticamente impossível qualquer expectativa positiva sobre o PNE
2014-2024 se concretizar e conclui que a referida emenda decretou a “morte” do Plano decenal e
consequentemente da educação brasileira. Para Mariano (2017, p. 262) os maiores problemas a
serem enfrentados é justamente porque o novo regime fiscal não:
De fato, a expansão dos serviços foi totalmente vedada. Em 2020, após quatro anos de
vigência da EC n. 95/2016 os efeitos nos municípios são muito graves, especialmente na área
da educação. A estimativa é de que o setor educacional já contabilize uma perda de R$ 95.5
bilhões (USD 20 bilhões), segundo cálculos da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Os reflexos nos municípios são profundos e o PNE 2014-2024 (Lei 13.005/2014),
enquanto principal política nacional do setor, encontra-se totalmente inviabilizado. Se por um
lado as metas estão em vigência e as cobranças continuam chegando, por outro lado tudo que
foi planejado esbarra na questão financiamento. O combate ao analfabetismo; a universalização
do atendimento escolar; a superação das desigualdades educacionais; a formação, condições
de trabalho e valorização dos profissionais da educação; etc. Tudo pautado por um modelo de
educação de qualidade socialmente referenciada, com equidade, promoção das diversidades e
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N o C h ã o d a S a l a d e A u l a | 383
gestão democrática foram postos de lado em nome do pagamento desenfreado de juros aos
credores. A ênfase ao capital supera as necessidades sociais.
Cabe ainda destacar a questão da desconsideração do movimento democrático, através de
dispositivos legais que burlam o constituído. Trocando em miúdos, o Plano, que foi construído a
partir de discussões e de movimentos democráticos e forjado na luta e na resistência continua a
existir, embora hoje se constitua apenas em mais um dispositivo legal que em breve caducará, sem
cumprir sua função. A história se repete ano após ano, plano após plano. As Leis são constituídas,
mas não garantem a execução prática do direito. Para deixar de ser promessa e para a Lei sair do
papel, era necessário aumentar progressivamente o investimento em educação – especialmente o
investimento por aluno (CAQi), hoje de irrisórios R$ 303,50 por mês.
A Campanha Nacional pelo Direito à Educação e incorporados pela Lei do PNE em sua
meta 20, de financiamento, do Custo Aluno-Qualidade Inicial (CAQi) e do Custo Aluno-Qualidade
(CAQ) deveriam já ter sido implementados em 2015 e 2017, respectivamente, e representariam um
aumento para 7% do PIB até 2019 (aos 5 anos de vigência), e para 10% do PIB até 2024 (no final
do Plano). Mas a EC 95 preconiza justamente o contrário disso ao congelar os investimentos para
a área a partir de 2017.
Os municípios hoje estão se debatendo através das entidades representativas
governamentais e de classe para tentar reverter o quadro. Desde a aprovação em 2016 há
Plataformas em funcionamento na tentativa de pressionar o governo, a exemplo da criação de
Comitês como os organizados pelo CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação e FINEDUCA - Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação.
Vários documentos têm sido publicados: notas técnicas, vídeos, dentre outros materiais, com o
intuito de mobilizar a sociedade.
No entanto as campanhas nas redes sociais realizada através das Fake News, parecem se
reverter num importante instrumento de convencimento das massas sociais, incluindo professores
e governos municipais, que acabam aceitando como plausível as medidas tomadas, mesmo
sofrendo os impactos dos prejuízos. Tudo se reverte atualmente num grande desmonte da
educação nacional.
É preciso acrescentar que esta situação se agrava no período de pandemia, onde surgem
intensas necessidades que exigem respostas rápidas. O acesso às aulas remotas enquanto fruto
do isolamento social tem enfrentado o desafio de se adequar a um sistema ineficiente, onde a
tecnologia digital tão necessária neste momento, é quase inexistente entre a demanda. Diante da
ausência de recursos, as redes municipais não conseguem dar estas respostas e a qualidade do
ensino dá lugar a um amontoado de atividades escritas, enviadas para alunos que sequer tem
quem ajude em seu lar.
Não há a menor estrutura para o acesso aos conteúdos virtuais. O que ocorre é a
manutenção de um (sub) funcionamento da educação, um verdadeiro jogo de empurra com
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sumário
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