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A ontologia

Contemporânea

Capítulo 4 Unidade 6 do Livro “Convite a Filosofia”- Marilena Chauí


O que é ontologia?

• A palavra é formada através dos termos

gregos ontos (ser) e logos (estudo, discurso). 

• Ontologia significa “estudo do ser”, sendo uma parte

da filosofia que estuda a natureza do ser, a existência

e a realidade.
A herança Kantiana

• Imannuel Kant

• Solução Kantiana para o


problema da Metafísica

• Filosofia era realista: atitude


epistemológica segundo a qual

há coisas reais, independentes

da consciência.
• Crítica ao realismo

• Metafísica como Idealismo

• Conhecemos a realidade como fenômeno

O conhecimento não vem das coisas para a consciência e sim da consciência para as
Fenomenologia de Husserl

.
Fenomenologia

• Método que estuda a essência das coisas e como são

percebidas

• Subjetividade

• Valoriza o ser em sua singularidade

• Fenômenos daquilo que aparece para a consciência

• Sentido dado ao fenômeno


Segundo Husserl a fenomenologia está

encarregada de três tarefas principais:

1. Separar psicologia e filosofia

2. Manter o privilégio do sujeito do

conhecimento

3. Ampliar o conceito de fenômeno


Separação entre Psicologia e Filosofia

• Pensadores acreditavam que a psicologia iria assumir o lugar

da teoria do conhecimento e da lógica, sendo assim tomaria o

lugar da Filosofia.

• Para eles a ciência do psiquismo já dava conta de explicar as

causas das formas de conhecimento e das demonstrações.


Husserl então demonstrou o engano de tal opinião:

Psicologia Filosofia
Estuda e explica fatos observáveis Oferece os fundamentos de tais estudos
Explica por meio de observações, fatos Investiga o que é o físico, o fisiológico, o
mentais e comportamentais, isto é, psíquico e o comportamental
mecanismos físicos, fisiológicos e
psíquicos, que nos fazem ter sensações,
percepções, etc.
Explica fatos mentais e de Descreve as essências da vida física e
comportamento psíquica
Percepção

Para a Psicologia:

1. Fatos externos observáveis

2. Fatos internos
indiretamente observáveis

Para a Filosofia:

O que é a percepção?
Manutenção do privilégio do sujeito do conhecimento

• Husserl conserva a tradição Kantiana, privilegiando a

consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento

• Consciência é uma pura atividade, o ato de constituir

essências ou significações

• Intencionalidade
Ampliação do conceito de fenômeno

Críticas feitas por Husserl

• Kant equivocou-se ao distinguir fenômeno e nôumeno, pois

voltou a considerar como válida a antiga concepção de

realidade em si

• Hegel, aboliu a diferença entre consciência e mundo,

afirmando que tudo é fenômeno


Crítica a Kant:

Husserl afirma que tudo o que existe é fenômeno, não

havendo a existência de nôumeno.

Crítica a Hegel

Afirma que a consciência possui uma essência diferente

das essências dos fenômenos, pois ela é doadora de

sentido a eles
Fenômenos ou essências

• Os fenômenos são as essências que são consideradas

como o sentido de um ser.

• A filosofia é a descrição da essência da consciência e da

essência das coisas.

• A fenomenologia é a descrição de todos as essências,

sendo elas materiais, naturais, ideais ou culturais.


Husserl propôs que a filosofia distinguisse os diferentes tipos

de essências, criando ontologias regionais, consideradas

como regiões do ser: a região Natureza, a região História, a

região Política, a região Matemática, etc. Cada uma dessas

regiões era um tipo de realidade, um tipo de Ser diferente.


Ôntico e Ontológico

O filósofo alemão Heidegger se propôs a distinguir o ontológico

de ôntico.

• Ôntico se refere á essência própria de um ente, sua

identidade, aquilo que os sentidos nos mostram, é o superficial

que fundamenta o senso comum, o que todo mundo vê.

• Já o ontológico se refere ao estudo filosófico desses entes

como objetos de conhecimento, para que se possa conhecer e

entender a essência por trás da própria essência.


• Para sair do superficial, que seria o ôntico, e partir para a

investigação, que seria o ontológico, precisamos investigar

o que há por detrás da própria realidade, a realidade vista

pelo senso comum, partindo assim do significado

costumeiro das coisas e passando a indagar os “porquês”

desses significados.

• Há em nosso cotidiano cinco grandes estruturas ônticas:


1. Os entes materiais naturais, que são chamados por nós de

coisas reais:

Ser

Realidade

Temporais

Causalidades
2. Os entes materiais artificiais, chamados também de coisas

reais:
3. Os entes ideais, que seriam as idéias, ou seja o pensamento

lógico, científico, matemático, que chamamos de idealidades:

Físico X Psíquico

Igualdade X Diferença

Animal X Vegetal

Não são coisas reais

Não causam uns nos outros

São relacionais
4. Os entes que damos o nome de valores, e que podem ser

valorizados positiva ou negativamente:

Verdadeiro X falso,

Beleza X feiura,

Bom X mau.

Qualidade

Polaridade ou oposição
5. Os entes Metafísicos que pertencem a uma realidade

diferente dos outros entes:

Identidade e a alteridade,

Relação e a diferenciação.
O sentido dos entes naturais e dos ideais mudam conforme a

ciência evolui
Os entes artificiais mudam também com o decorrer do tempo,

não só seus sentidos mas as próprias coisas


Os valores também mudam conforme o tempo. O que era valorizado

em uma determinada época pode ser inaceitável nos tempos atuais.


Mesmo entre tantas mudanças de sentidos, existem algumas

categorias ontológicas que permanecem mesmo com o passar do

tempo

• o ser

• a realidade

• a idealidade,

• a causalidade

• a qualidade e etc.

A ontologia estuda essa permanência.


A nova ontologia: Nem realismo, nem idealismo

• Martin Heidegger Maurice Merleau-Ponty

• Liberaram a ontologia do velho problema deixado pela metafísica que

era o dilema entre o realismo e o idealismo:

Realismo: se eliminarmos o sujeito e a consciência, restam as coisas em

si mesmas, a realidade verdadeira, o ser em si.

Idealismo: se eliminarmos as coisas ou o nôumeno, resta a consciência

ou o sujeito que, através das operações do conhecimento, põe a

realidade, o objeto.
Martin Heidegger Maurice Merleau-Ponty afirmam:

• Se eliminarmos a consciência, não sobra nada, pois as coisas

existem para nós, isto é, para uma consciência que as

percebe, imagina, que delas se lembra, nelas pensa, que as

transforma pelo trabalho. (Crítica ao realismo)

• Se eliminarmos as coisas, também não resta nada, pois não

podemos viver sem o mundo nem fora dele; não somos os

criadores do mundo e sim seus habitantes. (Crítica ao

idealismo)
Sem a consciência, não há mundo para nós. Sem o mundo,
não temos como conhecer nem agir.

+ = Nova ontologia
O que é o tempo?

 Metafísica Realista:

 Usa a imagem de um rio para representar o tempo

- a nascente é o passado

- o lugar onde me encontro é o presente

- a foz é o futuro
Equívocos:

- trata-se de uma imagem espacial para referir-se ao que é

temporal

- precisaria inverter a imagem do rio para corresponder ao

escoamento do tempo, ficando assim: Nascente é o futuro, e a

foz o passado, já que a água do lugar em que me encontro


Metafísica Idealista:

 Diz que o tempo é uma forma criada pelo sujeito do

conhecimento ou pela consciência reflexiva.

- o tempo não existe

- é uma identidade produzida pela razão

- conceito subjetivo para estruturar o que é experimentado

como sucessivo

 
Equívocos:

- não haverá sucessão para organizar, pois o sujeito do

conhecimento sempre opera no presente.

- a sucessão é feita através de experiência psicológica ou

empírica no sentido de que há um “antes” e um “depois”,

como nos referimos à lembranças (passado) ou expectativas

pessoais (futuro).
Vivenciar o presente  

- A pessoa atua de várias maneiras e tem a experiência de uma

situação aberta.

- Ao lembrar o passado também havia possibilidades em aberto, onde

somente algumas se realizaram.

- O passado não é uma situação aberta, mas fechada, terminada.

- O futuro é imaginado através do presente

- Ao imaginar o futuro, é pensado se as possibilidades abertas no meu

presente irão se concretizar ou não.


 
- Passado e futuro nunca serão os mesmos

- Cada vez que lembramos o passado, é feito a partir do

presente, e cada vez este é diferente, rememorando de

maneiras diversas o que passou.

- Cada vez que imaginamos o futuro, é feito a partir do

presente, e cada vez este é diferente, imaginando

diferentemente o futuro.
 
Conclusão:

O tempo é um fluir contínuo que produz diferenças dentro de

si mesmo. É juntar e se expandir em si mesmo, na lembrança

e na esperança, é um encontro do presente com o passado e

o futuro, a fim de se diferenciarem de si mesmos.


 

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