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NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO

Conhecer as partes do cérebro e como ocorrem as conexões neurais para gerar


aprendizagem, abre novas possibilidades de compreender o desenvolvimento humano
e como se aprende. Entender a fundo os processos cognitivos traz novas perspectivas
sobre a aprendizagem e oportuniza-se novas formas de aprender e de interagir com o
conhecimento. Com isso, o modo de ensinar, os materiais utilizados e as metodologias
mudam. Ou seja, temos novas realidades educacionais para novos tempos.
Falar sobre desenvolvimento cognitivo e estrutura cerebral requer organização didática
e leitura complexa. Vamos tratar desse tema refletindo inicialmente sobre o que
consistem nas partes do cérebro humano e qual sua relação direta coma aprendizagem.
Em seguida, vamos ver como acontece o processo de aprendizagem e as contribuições
do meio para que isso ocorra.

Dessa forma, estamos agora entrando em um campo bem específico do trabalho do


neuropsicopedagogo, ou seja, vamos compreender neurológica, psicológica e
pedagogicamente como acontece o processo de cognição do ser humano.

ANATOMIA CEREBRAL: A NEUROCIÊNCIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO


O cérebro humano é dividido em lobos. A divisão dessas regiões não é tão perfeita
quanto apontada na Figura 1 a seguir, entretanto é possível termos uma ideia de como
Isso ocorre.

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Para compreender cada parte e entender sua relação com a aprendizagem, vamos iniciar com
as especificidades de cada lobo.

LOBO FRONTAL

O lobo é dividido em quatro áreas:

1. Área motora - ativada nos movimentos voluntários.


2. Área Pré – motora e motora suplementar – também relacionada aos movimentos
voluntários, mas com planejamento.
3. Área de Broca – possui funções associadas à escrita e fala.
4. Córtex Pré - frontal - é todo restante do lobo frontal. Regula funções relacionadas ao
comportamento, a execução de planos e intenções.

Lesões provocadas no lobo frontal podem gerar dificuldades de atenção, motivação e


concentração, perda de autocontrole, dificuldades em avaliar as consequências dos atos
praticados, além de agressividade.

LOBO PARIETAL
Como essa área está relacionada à orientação espacial, percepção do próprio corpo
e dos objetos, também se refere à compreensão da linguagem. As dificuldades
recorrentes de desajustes nessa área acontecem na relação espacial na escrita
(como a grafia), no pensamento matemático ( como a discalculia) e na linguagem (
Chamada de Afasia).

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LOBO OCCIPITAL

Esse lobo está relacionado à visão e ao processamento da informação visual, que


também envolve o lobo temporal.
Conhecidas as principais partes da anatomia cerebral e as suas funções para o
desenvolvimento humano, vamos compreender agora a interferência de cada um
no processo cognitivo.

Reforçando conceitos:
• Lobo frontal – responsáveis pelas atividades motoras, pelo pensamento, pela
escrita, linguagem articulada e fala.
• Lobo parietal – encarregado das sensações externas da pele e de maneira ordenada
• Lobo temporal – responde pela memória, audição, pelos sons e pala compreensão
da linguagem.
• Lobo Occipital – responsável pelo processamento e pela percepção visual.

Nesse momento, é preciso compreender que, se cada área é responsável por uma habilidade
humana e que aprender necessita da conversa entre essas áreas, então pode-se concluir
inicialmente que a dificuldade de aprendizagem pode estar associada a uma deficiência em
alguns desses lobos ou a falta de estímulos deles.

Cognição é algo complexo e que precisa ser compreendido tanto em seus aspectos de
constituição cerebral, conforme vimos, quanto se tratando de aspectos externos.

Mas afinal, como ocorrem os processos cognitivos?

PROCESSOS COGNITIVOS E SUA IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM

O processo cognitivo nos torna humanos. Todas as nossas atividades diárias, como andar, vestir-
se, tomar banho, ler, conversar, geram aprendizagem. Em outras palavras, pode-se dizer que a
aprendizagem é a modificação do comportamento ou do conhecimento gerado por um esforço,
treino ou estudo.

Nesse processo muitas questões estão envolvidas, como aspectos emocionais,


comportamentais e motivacionais. Graças ao desenvolvimento constante do ser humano, o
processo de aprendizagem é durante toda a sua vida.

Reforço positivo e negativo são componentes motivacionais. Eles fazem parte do processo de
aprender, pois é pela motivação e concentração que ocorre a aprendizagem. Sempre nos
dedicamos mais aquilo que nos traz interesse, então tornar a aprendizagem interessante é
essencial.

Observação e imitação são outros dois canais de aprendizagem, pois por meio de modelos,
desenvolve-se novas conexões que cada um representará à sua maneira.

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De qualquer modo, todo ser humano possui esquemas cognitivos prévios que o fazem assimilar
novos conhecimentos, que vão se ampliando, transformando-se e gerando outros
conhecimentos.

Sempre que surge uma nova tarefa, ela gera novas ações, que gera conhecimento. E uma das
formas de esse conhecimento ser constituído é pela repetição.

É importante considerar ainda que aprendizagem, por mais que ocorra por interações e
socialização, é um processo individual, que se desenvolve de acordo com as capacidades
cognitivas de cada sujeito. Sendo assim, é necessário haver a estimulação e o desenvolvimento
de algumas funções cognitivas que desempenham importante papel, sendo as principais as
percepção, a atenção e a memória.

• Percepção – está relacionada aos estímulos que vêm dos sentidos ( visão, audição, tato
e paladar) e que juntos, organizam as informações do mundo. Cada novo dado gera uma
nova memória.

• Atenção – é ela que leva a concentração e ao processa mento das informações.


Elemento essencial, a atenção é uma função cognitiva fundamental nas situações
cotidianas. A atenção regula todos os outros processos cognitivos.

• Memória – é a função cognitiva que nos permite armazenar informações. É essencial


para a aprendizagem, pois é o que nos permite criar um sentido de identidade e, além
disso, desenvolver os diferentes tipos de memória que possuímos, como a de curto e
longo prazo.

Percebe-se dessa forma, a complexibilidade que envolve o processo de cognição e de todos


os meios de desenvolvê-lo. Sendo assim, é necessário que o neuropsicopedagogo conheça
cada um desses aspectos, a fim de que tenha respaldo suficiente para intervir diante desse
desenvolvimento.

Em resumo, pode-se considerar o desenvolvimento cognitivo como um processo de :

DESENVOLVIMENTO -> ADAPTAÇÃO -> APRENDIZAGEM

Ou seja, ao longo do seu desenvolvimento, diferentes situações e novas adaptações irão gerar
a aprendizagem, que também está em constante transformação.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender as partes que compõem o cérebro humano, a especificidade e função de cada


uma, é um conhecimento de cada vez mais se aproxima da educação, sendo essencial para a
compreensão do ser humano de dentro para fora.

É importante reconhecer que nesse desenvolvimento cada um possui suas características


próprias, pois, assim como uma impressão digital, cada um de nós somos compostos por campos
biológicos, sociais e psicológicos diferentes. Assim compreender a cognição é tarefa complexa,
pois são muitas as influências e possibilidades que ela representa.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, F.A.H. Neurociências e educação: uma articulação necessária na formação do


docente. Trab. Educ. saúde, Rio de Janeiro, v. 8, n 3, p. 537-550, nov.2010/fev.2011, p. 3-7

COGNIFT. Disponível em : < https://www. Cognifit.com/br>.

COSENZA, M.R.; GUERRA, BL. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre:
Artmed, 2011.

Faculdade Metropolitana – Curuçá/ PA

Janeiro- 2013

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