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PEDAGOGIA

Curso de Graduação Online | UNISUAM

Neurociência e

UNIDADE 1
Aprendizagem
Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM

Neurociencia,
Educação e
Linguagem
Objetivos:
- Deinir neurociência.
- Relacionar o papel da neurociência com a educação.
- Reconhecer algumas regiões que compõem o cérebro humano.
- Identiicar as áreas cerebrais associadas à linguagem.

Introdução
Hoje, iniciaremos a disciplina Neurociência da Aprendizagem. Nela, você
estudará alguns aspectos da isiologia e do funcionamento do cérebro humano,
bem como os mecanismos subjacentes aos processos de aprendizagem.
Também conhecerá algumas disfunções cerebrais e suas implicações na
aprendizagem.

Vera que a neurociência contribui e muito


para esclarecer o que acontece no cérebro
do ser humano, desde a sua formação até o
envelhecimento. Com isso, ajuda os educadores
a entender o que ocorre no cérebro da criança
quando ela está em contato com novas
informações e como ela processa essas novidades.

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Unidade 01 Neurociência, Educação e Linguagem

Dessa forma, seja você um professor, um pedagogo e/ou um psicopedagogo,


é importante que conheça os processos internos mentais da espécie

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humana, descobrindo como o sujeito aprende, se comporta e de que forma
o aprendizado se torna conhecimento para toda a vida. A prática pedagógica
que for planejada e executada sem levar em consideração o funcionamento
cerebral terá grande possibilidade de conduzir o aluno a uma situação de
não aprendizagem.

Portanto, discutiremos aqui a relação entre cérebro, aprendizagem e educação,


Veremos como os conhecimentos da neurociência podem ser aplicados ao
ensino e aos problemas de aprendizagem.

Lembre-se de que os tutores estão à sua disposição para qualquer auxílio


ou para tirar dúvidas. Procure-os!!!! Mas antes, tente você mesmo, consulte
os textos sugeridos, “navegue” pela internet. Contribua com a renovação e
atualização das aulas, traga dados novos e também seus questionamentos.
Ainal, a disciplina Neurociência da Aprendizagem só terá sucesso se você
for o sucesso!

Muito bem, então, vamos começar! Iniciaremos falando sobre o que é


neurociência.

T1 Introduzindo a questão...
Você já deve saber o que é neurociência, não é mesmo? A neurociência
é uma área da medicina que investiga o funcionamento do sistema
nervoso, em seu estado normal ou patológico, principalmente os
elementos anatômicos e isiológicos do cérebro, relacionando-os com
outras disciplinas, como a teoria da informação, a semiótica, a linguística,
e outras que se ocupam da observação das reações comportamentais,
dos mecanismos de aprendizado e aquisição do conhecimento humano.
(SANTANA, 2010, s.p.)

A neurociência pode contribuir com a educação uma vez que estuda o


Sistema Nervoso Central, a organização funcional e as áreas especializadas do
cérebro responsáveis pela recepção e pelo processamento das informações.
Dessa forma, ela é um dos meios que pode auxiliar os estudos cognitivos e
comportamentais na constituição do processo de ensino-aprendizagem do
sujeito.

Pois bem, agora que você já sabe qual é a contribuição da neurociência


para a educação, discutiremos sobre as bases biológicas da linguagem
escrita.

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Essas e outras questões serão problematizadas em nossas aulas.

Há quanto tempo o homem formulou a


linguagem?

Você já parou para pensar como os homens primitivos se comunicavam? Talvez a


ciência nunca encontre essa resposta, mas antropólogos e psicólogos, no entanto,
consideram que, nos primeiros tempos, a comunicação humana foi muito simples.

Caçadores podiam chegar a um acordo sobre a melhor maneira de abater ou capturar


um animal selvagem. Mas certamente não comunicavam sentimentos como o que
cada um estaria fazendo no dia seguinte, à mesma hora daquele início de caçada.

Há quanto tempo o homem formulou a linguagem? Essa pergunta complementa


a anterior, envolvendo a maneira como os primitivos se comunicavam. Ela
também pode permanecer desconhecida, apesar dos esforços cientíicos.
O que se pode dizer com segurança é que, há 5 mil anos, a cultura suméria
inventou a escrita.

Como o homem inventou o alfabeto? Como se aprendia a ler e a escrever


no passado? Clique no link do vídeo abaixo e veja!

http://youtu.be/XrjvfWeh0Yo

Gostou da incrível “viagem” ao passado, com o intuito de conhecer as origens


da escrita? Vamos, então, seguir em frente!

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Fonte: fumdham

A escrita representa os sons que formam as palavras. Assim, as palavras,


que antes só podiam ser faladas, começaram a ser escritas. Essa experiência
poderosa da cultura humana encerrou a Pré-história e fez nascer a história.
Nesse momento, a experiência humana passou a ser documentada.

Os cientistas acreditam que o uso da linguagem ampliou o cérebro humano,


tanto em tamanho quanto em complexidade. Assim, a linguagem está por trás
de todo o desenvolvimento histórico. Da descoberta do fogo, como fonte de
energia, ao manejo de naves nos conins do Sistema Solar.

A criação da escrita trouxe um impacto para a sociedade ocidental. Só é


possível enviar uma mensagem para uma nave que está nas bordas do
Sistema Solar, pela presença da escrita. Podemos concluir então, que com a
linguagem construímos a cultura, conjunto de valores que organizam a vida
social de uma comunidade.

Tudo entendido até aqui?

A Emissão da Linguagem
T2 Escrita
Para ser emitida sob a forma escrita, a linguagem requer o trabalho conjunto
de músculos e ossos. Na escrita trabalham músculos da mão, do antebraço,
do braço, do ombro e até mesmo do tórax.

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No processo da escrita há músculos fazendo preensão da caneta, pressão da


caneta contra o papel e movimentação da caneta. A graia das diferentes letras
compreende uma grande variedade de movimentos resultantes da atividade
combinada de muitos músculos. Experimente!

Conseguiu? Observou que, se a letra for grafada em tamanho bem reduzido,


trabalhamos, basicamente, com os músculos da mão. À medida que
aumentamos a letra, trabalhamos também com os músculos do antebraço,
do braço, do ombro e do tórax. Dessa forma, podemos constatar que, quanto
maior o tamanho das letras ou traçados, maior o número de músculos
envolvidos.

Escrever é um fenômeno que exige comportamentos de recepção


correspondentes para que haja comunicação. Esses comportamentos
são, respectivamente, ouvir e ler. É preciso ler para decifrar a linguagem
escrita. Os comportamentos de emissão (escrever) são diferentes entre
si, e o mesmo acontece entre os comportamentos de recepção (ouvir
e ler).

A recepção da escrita é fundamentalmente um fenômeno visual, porém o


ato de ler inclui fenômenos motores especíicos, como os movimentos da
cabeça e dos olhos.

Considerações Neurológicas sobre a


Linguagem Escrita
A elaboração da linguagem pelo cérebro continua sendo um processo em
contínuo estudo e, por isso, muito se precisa desvendar. A escrita, bem
como outros fenômenos que ocorrem a nível cerebral, provavelmente
depende de várias estruturas neurais. Algumas dessas estruturas são
conhecidas por sua evidente ligação com a linguagem escrita, como é o
caso da circunvolução de Broca, além da dominância hemisférica. O sistema
nervoso tem um papel essencial para a emissão e recepção da linguagem.

Vamos conhecer um pouco mais algumas regiões que compõem o nosso


cérebro?

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Fonte: cerebromente
Córtex sensorial: recebe a informação sensorial
vinda principalmente do tato – vibração, dor e
sensores de temperatura.
Córtex motor: responsável pelo controle voluntário
do movimento muscular.
Lobo frontal: responsável pelo planejamento de
ações e pelo movimento.
Lobo temporal: responsável pela audição, bem
como pela aprendizagem, pela memória e pelas
emoções.
Área de broca: área especializada, responsável
pela expressão motora da fala.

PrinCiPais subdivisões do enCéfaLo


humano (vista LateraL)

O cérebro humano é composto por dois hemisférios, o hemisfério


e s q u e rd o e o h e m i s fé r i o d i re i t o . C a d a u m d e l e s p o s s u i s u a s
funcionalidades. O hemisfério direito é responsável pelas imagens,
histórias, observação, formas, música, imaginação, beleza. Já o
esquerdo, responsabiliza-se pela lógica, ciência, linguagem verbal
e escrita, nomes, ordem, ideias. Em outras palavras, O hemisfério
esquerdo depende da linguagem, enquanto o hemisfério direito cria
o conteúdo emocional da linguagem.

VOCÊ SABIA?

Que as duas metades do cérebro apresentam diferenças quanto ao


tamanho e às aptidões? a lateralidade é uma curiosa decorrência da
localização das funções nos hemisférios direito e esquerdo do cérebro.
todavia os canhotos em geral não têm a organização do cérebro
oposta à dos destros, pelo menos quanto à linguagem verbal. ao que
parece, nos canhotos ela é processada nos dois hemisférios. surge
então uma questão: o que determina se um indivíduo será destro ou
canhoto? atualmente se defende a hipótese de que o canhotismo se
deve basicamente ao hábito e seria originado nos primeiros meses
de vida, quando uma das mãos é, por acaso, inicialmente mais usada.
entretanto há fatos que sugerem uma tendência de base biológica: ao
longo do tempo sempre existiram pessoas canhotas, representando,
aproximadamente, a mesma porcentagem (5 a 10%) da população;
o canhotismo tende a se repetir em determinadas famílias; há mais
homens canhotos do que mulheres.

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Divisões Funcionais no Córtex Cerebral


Localizado no hemisfério esquerdo do cérebro, o córtex é responsável
por muitas funções cerebrais, como a linguagem e o processamento de
informações. Observe!

Podemos notar que, o córtex do cérebro possui áreas sensoriais (interpretam


informações relativas ou pertencentes aos sentidos ou à sensação), áreas
motoras (coordenam movimentos voluntários) e áreas de associação
(relacionam informações e são responsáveis pelo que chamamos de
pensamento).

Está curioso para saber a função de cada uma das áreas do córtex? Veja!
Fonte: geocities

Área Cortical Função

Córtex Pré-frontal Resolução de problemas, emoção, raciocínio.


Córtex de Associação Motora Coordenação de movimentos complexos
Córtex Motor Produção de movimentos voluntários
Córtex Sensorial Recebe informação tátil do corpo
Área de Associação Sensorial Processa informação dos sentidos
Área de Associação Visual Processa informação visual complexa
Córtex Visual Detecta estímulos visuais simples
Área de Wernicke Compreensão de linguagem
Área de Associação Auditiva Processamento de informação auditiva complexa
Córtex Auditivo Detecta qualidades básicas do som (tom, intensidade)
Centro da Fala
Produção e uso da fala
(Área de Broca)

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Dentre as áreas do córtex, cabe chamar a atenção para o processamento


da linguagem. As palavras a serem pronunciadas não são escolhidas pelo
córtex motor, mas parte do córtex sensorial chamado de área de wernicke,
que processa e reconhece as palavras faladas. A área de wernicke transmite
os sinais apropriados para a área de broca, que faz a elaboração inal da
fala. Pessoas com lesão na área de broca apresentam grande diiculdade na
emissão da fala e, sobretudo, da escrita.

Considerações sobre o Desenvolvimento


da Linguagem Escrita
A evolução da linguagem escrita está ligada à idade da criança. O início do
processo depende do grau de maturação do sistema nervoso, que, por sua vez,
está ligado ao crescimento do cérebro. O desenvolvimento da escrita também
está relacionado ao desenvolvimento motor, já que ambos os processos
reletem a maturação do sistema nervoso.

mas, será que o desenvolvimento da escrita de um indivíduo só está


relacionado ao processo motor?

O desenvolvimento da escrita e da leitura não está


relacionado apenas ao processo motor. Outros processos
estão envolvidos, como os cognitivos interssensoriais:
o auditivo-vocal (na imitação de palavras), o visuo-
motor (na cópia), o auditivo-motor (no ditado) e o visuo-
vocal (na leitura oral). As capacidades cognitivas de
atenção, percepção, emoção, memória e linguística são
fundamentais para a aprendizagem da leitura e da escrita,
sendo que o desenvolvimento destas capacidades implica
todo o processo de aprendizagem. (FONSECA, 1984)

Pois é, para um adequado desenvolvimento da linguagem escrita também


contribuem outros aspectos de base biológica. A percepção auditiva e visual
permite, respectivamente, a audição dos fonemas e suas combinações, e a
visão das letras ou palavras, assim como a memória auditiva e visual, que
tornam possível o reconhecimento dos sons e letras. A integração auditivo-
motora e visual-motora possibilita a ação de escrever palavras ouvidas, como
os ditados, ou escrever palavras vistas, como nas cópias.

saiba mais
?
Quais são os pré-requisitos biológicos para a
comunicação falada? Nossa linguagem é uma
característica intrínseca da nossa espécie?
Quer saber as respostas para essas perguntas?
Assista ao documentário As Origens da
Linguagem.

Clique no link: http://youtu.be/cYJoXsfgenQ

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A neurociência estuda o sistema nervoso humano, o cérebro, e as bases


biológicas da consciência, percepção, memória e aprendizagem. Ela permite
entender de forma abrangente o desenvolvimento da criança.

O cérebro tem centros para a linguagem. Um desses centros é o córtex que


desempenha muitas funções cerebrais, como a linguagem e o processamento
de informações. No córtex, existem duas áreas que estão relacionadas com a
linguagem: área de wernicke, responsável pela compreensão de linguagem;
e área de broca, responsável pela produção e uso da fala.

Conhecer o papel que o cérebro possui no processamento da linguagem é hoje


fundamental na educação, uma vez que cada área do cérebro se conecta e se interliga
nesse trabalho, desempenhando um papel importantíssimo no ato da leitura e da escrita.

Funções Mentais Relacionadas


T3 à Aprendizagem
Fonte: sorriacomocrianca

Introdução
Até agora, conhecemos o que é neurociência e o papel dela com a educação.
Também tivemos a oportunidade de conhecer algumas regiões que compõem
o cérebro humano e de identiicar as áreas cerebrais associadas à linguagem.

Neste tópico, abordaremos sobre a relação entre o funcionamento do


cérebro humano e o processo de aprendizagem. Veremos as transformações
ocorridas no cérebro durante seu desenvolvimento e as funções dos lobos
que compõem cada um dos hemisférios cerebrais. Também veriicaremos
algumas funções mentais que estão relacionadas à aprendizagem, como: a
emoção e a atenção. Visualizaremos, ainda, como funciona o cérebro quando
o sujeito está aprendendo.

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Grandes estudiosos descreveram suas teorias de aprendizagem


e de ensino. Com os avanços na área da neurociência ligados ao
processo de aprendizagem, temos aprendido que existem novos
conhecimentos que podem trazer benefícios na hora de ensinar e
de aprender.

Hoje, por exemplo, sob o ponto de vista físico, conseguimos observar


áreas do cérebro que estão em funcionamento durante algumas
atividades de ensino e de estudo. Conseguimos, portanto, saber se o
sujeito está apenas vendo uma figura, ou se ele está vendo e entendo
tal figura.

Portanto, começamos esta aula com uma pergunta: Como as áreas cerebrais
processam a aprendizagem? Vamos procurar a reposta?

Entendendo Melhor o Cérebro


“Nós somos o nosso cérebro”. Essa frase soa estranha, mas é pura verdade.
Sem o cérebro, nada no nosso corpo funcionaria. Para falar, andar, comer, se
mexer, para tudo o que fazemos, precisamos do cérebro. O órgão pesa muito
pouco, não chega a um quilo e meio. Ocupa menos de 2% do corpo, mas
consome 20% da nossa energia.

De acordo com a neurocientista, Suzana Herculano-Houzel – da


Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –, o nosso cérebro “custa
muito caro”.

Custa caro em termos de energia e em termos de


investimento. Entre 500 e 600 calorias mais ou menos,
daquelas 2 mil que a gente consome por dia, vão só
para manter o cérebro funcionando. (Suzana Herculano-
Houzel)

Temos cerca de 86 bilhões de neurônios, que são células especializadas


em comunicação. Essa comunicação se dá através de sinapses
(impulsos nervosos) que passam informações de um para o outro
neurônio.

Veja como isso ocorre!

Clique no link: http://youtu.be/OXIv-EEToGY

Quanto mais usamos o nosso cérebro, mais ele vai se deinindo. As conexões
que não são utilizadas vão sendo eliminadas. Aprendemos ao longo da vida e
isso modiica o cérebro. Somos capazes de mudar a nossa estrutura cerebral
até o último dia de nossas vidas.

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O cérebro nasce com aproximadamente 250 bilhões de sinapses. Aos oito


meses, o bebê já fez 600 bilhões de sinapses.

Quando uma criança nasce, o cérebro humano pesa cerca de 350 gramas e
possui um volume cerca de quatro vezes menor do que o do adulto. Depois
de um mês, o cérebro ainda é leve, com 420 gramas.

Fonte: cerebroemente

Com um ano de idade, o cérebro de uma criança atinge metade do peso do de


um adulto: 700 gramas. A formação de sinapses (impulsos nervosos) continua
e, enquanto certas conexões desaparecem, outras são reforçadas. Ocorre o
aperfeiçoamento do córtex sensorial, motor e visual e dá-se início à maturação
do córtex pré-frontal. Após cerca de um ano, fecha-se a última fontanela (espaço
macio e membranoso que separa os ossos do crânio dos recém-nascidos).

O cérebro atinge 90% do seu tamanho final por volta dos seis anos de
idade. O córtex continua se desenvolvendo, mas de uma forma mais lenta.
Durante a vida, alguns neurônios vão morrendo e, a partir daí, temos de
conseguir fazer cada vez mais “coisas” com cada vez menos neurônios.

Por fim, aos doze anos, a substância cinzenta invade as áreas associativas
e prossegue o desenvolvimento de certas regiões cerebrais ligadas à
linguagem, como a área de Broca, uma pequena estrutura dentro do
córtex pré-frontal. O processo costuma chegar ao fim antes dos 15 anos.
No período de desenvolvimento, notam-se grandes progressos no uso da
escrita – é a idade ideal para aprender novas línguas. A mudança maior
começa pelos 18 anos e pode avançar até os 25. É quando o córtex pré-
frontal amadurece, consolidando o senso de responsabilidade que falta
a tantos adolescentes.

Fonte: veja.abril

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Assim como qualquer outro processo complexo, durante o desenvolvimento e


maturação do cérebro podem ocorrer falhas, dando origem a diversas doenças,
síndromes, como veremos mais à frente.

saiba mais
?
Como o cérebro de um bebe é muito pouco
desenvolvido, algumas áreas são mais
desenvolvidas do que outras no nascimento,
e a “escolha” para essas áreas não é ao
acaso: é devido às primeiras necessidades
da criança – por exemplo, a visão, já que
ela deve reconhecer seus pais desde o
princípio. Somente com o passar do tempo,
ele vai adquirindo habilidades de linguagem,
raciocínio e outras funções mentais avançadas.

Fonte: http://connectdominios.com.br/
sites/index.php/site/portaldocerebro/105

A Plasticidade Cerebral
Você já ouviu falar que o seu cérebro é de plástico? Lógico que ele não
é de plástico! Mas, o fato de o cérebro poder se reorganizar, de criar
novos caminhos, de fazer caminhos neurais, faz com que ele consiga a
plasticidade necessária para se adaptar às situações mais diferentes. Isso
depende de muitos fatores, por exemplo, genéticos, sociais e do meio
ambiente.

Conforme já vimos, o cérebro aprende a vida inteira e ele vai se modiicando


de acordo com os desaios. Preste atenção no exemplo seguinte!

Um estudo com motoristas de táxis em Londres evidenciou, por meio de exames


dos participantes da pesquisa, que eles tinham o cérebro aumentado em
comparação com os motoristas de ônibus. Mas por quê? Porque os motoristas de
táxis, em Londres, para exercerem sua atividade, têm de decorar os nomes das
ruas pelas quais irão percorrer com os seus carros. Ao fazer isso, eles estimulam
o cérebro e provocam um aumento dele. Ou seja, os motoristas de táxis exercitam
o cérebro, enquanto os motoristas de ônibus, que fazem o mesmo percurso, não.
(ABRISQUETA-GOMES, 2012)

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O cérebro cresce e se modifica durante toda a vida. A cada nova


informação recebida, sinapses são criadas e configuram-se novas
redes entre os neurônios, que guardam informações separadas, mas
conectadas entre si.

Tais circuitos são ativados sempre que uma dessas informações é


requisitada para resgatar um aprendizado. Para que isso aconteça, as
informações precisam estar guardadas como memória de longo prazo. Elas
são armazenadas na superfície do cérebro que, como em um arquivo bem
organizado, coloca cada informação em uma pasta. Estudaremos melhor
sobre memória de longo prazo e de curto prazo (memória de trabalho)
mais adiante.

A plasticidade é mais rápida nos primeiros anos de vida e na adolescência e


mais lenta na fase adulta e na velhice.

A Lateralidade Cerebral
Os dois hemisférios do cérebro, como já foi visto anteriormente por você,
apresentam diferenças quanto ao tamanho e às aptidões. A metade
esquerda, habitualmente maior, é lógica e detalhista, enquanto a direita
é mais global e emocional. Por exemplo, se uma pessoa – que tem
predominância pelo lado esquerdo do cérebro –, chega a uma loresta,
ela focará a árvore. Já a que tem a predominância pelo lado direito, verá a
loresta como um todo.

Normalmente, as funções da área interpretativa geral só se desenvolvem


plenamente em uma das metades cerebrais, ou seja, há um hemisfério
dominante.

Quer testar a predominância de sua lateralidade cerebral? Clique no vídeo a


seguir.

Acesse o link e olhe a igura por alguns instantes e decida: para que lado a
bailarina gira?

Fonte: http://youtu.be/OvLeIhgsndM

Decidiu? Se você vê a bailarina girar no sentido horário, é sinal de que “usa


mais o lado direito do cérebro”; se vê a bailarina girar no sentido anti-horário,
“usa mais o lado esquerdo do cérebro”.

Em cerca de 90% das pessoas, o hemisfério dominante, quanto à área


interpretativa, é o esquerdo. Geralmente, a dominância cerebral esquerda
também se estende a determinadas áreas do córtex sensorial somático e do
córtex motor.

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A lateralidade é determinada por volta dos 6 aos 8 anos, no entanto antes


dessa fase a criança manifesta sua escolha quanto ao uso de uma das mãos.

IMPORTANTE!

o que origina a lateralidade da criança? ainda não há uma resposta


definitiva para as causas que originam a lateralidade da criança. Porém,
alguns estudiosos sustentam a ideia da determinação genética. de
acordo com um estudo realizado no início dos anos 90, filhos de pais
destros têm 9,5% de chance de ser canhotos. a possibilidade aumenta
de 19,5%, quando o pai ou a mãe é canhoto. em casos que o pai e a mãe
são canhotos, o filho poderá apresentar 26% de chance de ser canhoto.

os canhotos em geral não têm a organização do cérebro oposta à


dos destros, pelo menos quanto à linguagem verbal. ao que parece,
nos canhotos e ambidestros ela é processada nos dois hemisférios. o
corpo caloso, uma estrutura que comunica as duas metades cerebrais
entre si, é mais desenvolvido nos canhotos do que nos destros,
permitindo, possivelmente, uma maior passagem de informações entre
os hemisférios.

T4 Os Lobos Cerebrais
Já estudamos que o nosso cérebro pode ser dividido em dois hemisférios.
Cada um desses hemisférios divide-se em quatro lobos que possuem funções
diferenciadas e especializadas. Veja!
Fonte: infoescola

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Lobo frontal (localizado na região da testa): está associado ao raciocínio, ao


planejamento, a partes da fala e do movimento (córtex motor), a emoções e
a solução de problemas.

Lobo parietal (localizado na parte superior central da cabeça): responde pela


percepção dos estímulos relacionados ao tato, à pressão, à temperatura e à dor.

Lobo occipital (localizado na região da nuca): interpreta a visão.

Lobo temporal (localizado nas regiões laterais da cabeça): área onde a audição,
as emoções e a memória são trabalhadas, fornecendo ao indivíduo a capacidade
de identiicar e interpretar objetos ao recuperar informações passadas.

Mas o que esses lobos têm a ver com a aprendizagem?

T5 Como aprendemos?
Os lobos são responsáveis por nossos sentidos e até mesmo pela nossa
interação com o mundo. Qualquer deiciência em algum dos lobos pode alterar
nossa percepção de mundo e, consequentemente, nossas formas de aprender.

As informações circulam pelo cérebro pelos potenciais de ação gerados pelos sentidos.
Por meio deles, o nosso corpo pode perceber muita coisa que nos rodeia; contribuindo
para a nossa sobrevivência e integração com o ambiente em que vivemos.

Na espécie humana, a visão e a audição são os sentidos mais aguçados. Explorar


bem esses sentidos fortes no ser humano – e também outros (tato, paladar e olfato)
– é certeza de facilitar para o cérebro o resgate do aprendizado. Um exemplo!

se informações sobre a bahia, por exemplo, forem conectadas ao som do berimbau,


ao gosto do acarajé, à imagem de pais-de-santo ou outras iguras típicas, mais
caminhos poderão ser percorridos, ativando partes diferentes do córtex cerebral.

Alguns pesquisadores consideram o movimento corporal um sexto sentido.


Por meio dele é possível criar imagens mentais, como as ligadas à localização
do corpo no espaço, aprendizagem fundamental para o desenvolvimento de
noção espacial em geometria, geograia etc.

Um ambiente de aprendizado rico em estímulos aguça os sentidos. A animação,


a seguir, ilustra o quanto esses estímulos são importantes para a aprendizagem.

Clique no link do vídeo abaixo e descubra como aprendemos!

Fonte: http://youtu.be/qpAL6_ik7UI

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Conhecendo como ocorre o processo de aprendizagem dentro do


nosso cérebro, você pode procurar formas variadas de ensinar o mesmo
conteúdo, fazendo com que várias partes do cérebro trabalhem ao
mesmo tempo. Portanto, peça aos alunos para desenhar, pintar ou
fazer outros tipos de representações, como esculturas, colagens etc.,
referentes ao que poderia tradicionalmente ser estudado somente com
a leitura e a escrita.

Você pode, ainda, criar versões de músicas conhecidas com o conteúdo


ensinado, levar para a classe objetos para serem manuseados e imagens
variadas para ilustrar as aulas, planejar uma atividade física associada
ao conteúdo e, por im, propor atividades em outros ambientes, fazendo
deslocamentos pela escola ou levando a turma para outros lugares como
museus, parques etc.

O cérebro de uma criança é uma máquina


magníica para a aprendizagem!

Uma criança aprende a engatinhar, depois andar, correr e explorar. Uma criança
aprende a razão, de prestar atenção, de lembrar, mas em nenhum lugar o
aprendizado é mais dramático do que na forma como a criança aprende a
língua.

De acordo com alguns estudos, entre 4 e 7 anos, caso não haja patologia
cerebral, todos os humanos já são capazes de reconhecer e nomear objetos,
de transformar sons em símbolos e de compreende e formular frases com
sintaxe simples. Se por um lado, o cérebro perde em velocidade para o
computador, por outro, ganha por ter a capacidade de operar vários circuitos
ao mesmo tempo.

Quando uma criança brinca de palavras cruzadas, por exemplo, faz funcionar
diversos circuitos cerebrais, como os que armazenam o vocabulário,
a gramática, o discurso, sem contar todas as informações contidas na
interpretação de uma imagem, por exemplo. Cada uma dessas funções tem
um lugar certo no cérebro.

Compreenda melhor como funcionam esses circuitos, clicando no link a


seguir.

Fonte: http://www.atividadeseducativas.com.br/index.php?id=1421

Agora, você já sabe como funciona o cérebro quando aprendemos


e quando estamos fazendo palavras cruzadas. E as emoções? Você
deve estar se perguntando... Como e onde elas entram nesse processo
cerebral?

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Onde nascem as emoções?


Existe uma relação entre o sistema nervoso e o sistema cardiovascular. Isso
nos cria uma ilusão de que a origem da emoção está no coração. Mas, na
verdade, as emoções se originam no cérebro. Está lembrado que o lobo
frontal é responsável pelas emoções?!

Fonte: bobbiblogge
Alguns neurologistas deinem as emoções como
um conjunto complexo de reações químicas e
neurais. Elas afetam o modo de operação de
inúmeros circuitos cerebrais e a variedade de
reações emocionais é responsável por mudanças
profundas do corpo e do cérebro.

O processo de se emocionar com algo tem várias


etapas que envolvem, inicialmente, nossos órgãos
sensoriais, nossos órgãos do sentido. A partir daí,
uma série de reações ocorrem no nosso sistema
nervoso central. Essas informações são levadas para
o cérebro que as interpreta, dando signiicado a elas.
Nesse momento, a expressão emocional ocorre.

As emoções podem ser provocadas quando vemos uma imagem marcante,


ouvimos uma música ou sentimos um cheiro gostoso. O mesmo ocorre quando
pensamos em pessoas ou situações reais ou imaginárias que tenham signiicado.

Ao dizermos que estamos felizes, as áreas relacionadas ao prazer são ativadas,


liberando vários neurotransmissores (substâncias químicas produzidas
pelos neurônios) que dão a sensação de prazer. Quando estamos tristes, os
neurotransmissores de prazer podem estar em menor concentração em nosso
cérebro, trazendo a sensação de tristeza e até de depressão.

Os sujeitos reagem de formas diferentes a variadas situações emocionais devido


a questões genéticas (algumas pessoas são mais ansiosas, outras não) e também
às experiências prévias. Alguns indivíduos são mais dominados pelos impulsos.
Isso pode estar relacionado a um processo de déicit de atenção. No entanto,
quando a pessoa tem a habilidade de desenvolver a atenção e manter essa
atenção, ela provavelmente irá conseguir controlar seus impulsos emocionais.

saiba mais
?
Quer conhecer os principais neurotransmissores
e a atuação de alguns deles na depressão?
Clique aqui!

http://www.saudeemmovimento.com.br/
revista/artigos/cienciasfarmaceuticas/
v1n1a6.pdf

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A Emoção na Sala de Aula


Despertar emoções é uma forma de fazer os estudantes prestarem atenção.
Sem concentração, o cérebro não armazena nada. Estar atento é abrir as portas
sensoriais, linguísticas e cognitivas para o novo conteúdo. Experimente!

Para despertar emoções durante a aula, imagine situações que possam provocar os
alunos e levá-los à ação. inicie perguntando o que eles conhecem a respeito do tema
em questão, isso vai fazer com que evoquem memórias. estabeleça conexões claras
e objetivas entre o tema e algo importante da vida de cada indivíduo. Pode, ainda,
contar uma história intrigante relacionada ao assunto, usar uma música que agrade à
maioria, se possível, relacionada ao conteúdo a ser ensinado.

A atenção é produto da ação da noradrenalina (um dos neurotransmissores),


que ajuda a deixar os sentidos voltados para a realização de uma atividade e
turbina a superfície do cérebro (córtex), onde icam as memórias.

Podemos airmar que todo esse processo é desencadeado por decisão da


pessoa em se concentrar (com a ordem para a noradrenalina ser distribuída
vindo do lobo pré-frontal, parte do córtex responsável pelas operações mentais
soisticadas) ou por estímulos externos. As melhores emoções para chamar a
atenção das crianças são a surpresa e o humor. O humor permite ao cérebro
fazer relações atípicas e percorrer um caminho diferente para armazenar e
resgatar informações.

Agora, não pense que usando o humor e a surpresa, estará tirando a seriedade
do aprendizado, pelo contrário, você pode contribuir para que ocorra uma
aprendizagem signiicativa dos conteúdos trabalhados em sala. Para isso, faz-
se necessário introduzir elementos como: contar uma piada (de bom gosto,
obviamente) que tenha relação com o conteúdo; preparar charadas, palavras
cruzadas e outras estratégias para ensinar; utilizar técnicas de teatro quando o
tema permitir; dar voz a objetos inanimados; mudar a disposição das carteiras
quando a atividade permitir, enim, busque inovar sua prática utilizando a
emoção, o humor e a surpresa no trabalho psicopedagógico.

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?
Quer saber mais sobre a emoção em sala de
aula? Leia Educação Emocional na Escola: a
Emoção na Sala de Aula, de Jair de Oliveira
santos. Clique no link!

http://www.castroalves.br/drjair/Educ_
Emocional_na_Escola%20-%20Ed3.pdf

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Neurociencia e Aprendizagem Graduação | UNISUAM

Conclusão
O cérebro é formado por bilhões de neurônios que permitem ao sujeito
responder aos estímulos provenientes do meio ambiente, possibilitando a ele
processar informações e agir com a realidade que o rodeia.

O ser humano é o ser com a infância mais longa, demorando longos anos
até atingir as faculdades mentais de um adulto. O cérebro de uma criança
desenvolve-se numa base genética enriquecida pela experiência, pelas
relações interpessoais.

Da relação entre o desenvolvimento cerebral e as experiências do indivíduo


surge o conceito de plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade que o cérebro
tem de se modiicar, reorganizar e de cria novos caminhos – ao longo de toda
a vida –, adaptando-se às variadas situações. Sendo assim, toda aprendizagem
modiica o cérebro, porque este se pode autorrenovar a cada novo estímulo,
experiência ou comportamento, o qual é selecionado e processado a diferentes
níveis.

O cérebro é dividido em dois hemisférios, cada um com aptidões especíicas.


Quem tem predominância pelo hemisfério esquerdo do cérebro, é muito mais
detalhista, focaliza a razão. Já quem tem a predominância pelo lado direito é
mais global, focaliza a emoção.

O desenvolvimento cerebral observado nos primeiros anos de vida da criança


é preponderante para o seu futuro, nos aspectos físico, cognitivo, emocional
e social. Por isso é fundamental saber que, assim como o cérebro pode
amadurecer e a rede neuronal pode crescer, um ambiente desfavorável pode
provocar um empobrecimento neuronal, causando a morte de neurônios e
com isto diiculdades neurológicas.

Referências Bibliográicas

A B R I S Q U E TA - G O M E S , J a c q u e l i n e e t a l . R e a b i l i t a ç ã o
Neuropsicológica: abordagem interdisciplinar e modelos
conceituais na prática clínica. Porto alegre: Artmed, 2012.

BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências:


Desvendando o Sistema Nervoso. 2ª ed. Porto Alegre, RS: Artmed,
2002.

Fonseca, V. Uma Introdução às Diiculdades de Aprendizagem. Lisboa:


Editorial Notícias, 1984.

SANTANA, Ana Lúcia. Neurociência. Disponível em:


<http://www.infoescola.com/medicina/neurociencia>.

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Unidade 01 Neurociência, Educação e Linguagem

VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem,


Desenvolvimento e Aprendizagem. Trad. Maria da Penha Villa Lobos,
São Paulo: Ícone Editora, 2003. 228 p.

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