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O CÉREBRO HUMANO E O

PROCESSO DE APRENDER

Dra. Cláudia Souza


OBJETIVOS

 RECONHECER CADA ESTRUTURA QUE FAZ PARTE DO CÉREBRO HUMANO;

 SABER A IMPORTÂNCIA FUNCIONAL DE CADA ESTRUTURA DO CÉREBRO


HUMANO;

 RATIFICAR A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIAS PARA A ÁREA DA EDUCAÇÃO;

 CITAR DISTÚRBIOS RELACIONADAS AO APRENDIZADO HUMANO;

 RECONHECER ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS SALUTARES PARA UM


APRENDIZADO COM QUALIDADE.
Fonte: Google imagens ,2023.

Fonte: Google imagens ,2023.


 Você sabia que o cérebro é um órgão bastante complexo e controla
todas as funções do corpo? Ele interpreta as informações do mundo
exterior e também é responsável pela inteligência, criatividade,
emoção e memória.

 O cérebro é dividido nos hemisférios direito e esquerdo. A camada


mais externa do cérebro é chamada de córtex cerebral que é
dividido em 5 lobos (frontal, parietal, temporal, occipital e ínsula).

 Os lobos cerebrais desempenham diversas funções. Cada um


desempenha funções muito específicas. É importante entender que
cada lobo do cérebro não funciona sozinho.

 Como a Neurociência está cada vez mais se aprofundando no


psiquê humano, com o avança tecnológico de ponta e a física
quântica, novas descobertas virão deixando perplexos as pessoas e
os cientistas.
 O cérebro humano foi aperfeiçoado durante milhões de anos para
detectar estímulos importantes a sobrevivência do indivíduo e da
espécie, portanto, ele está naturalmente preparado para aprender
estímulos significantes que tragam lições importantes e necessárias
a melhor adaptação ao ambiente ao qual pertence o indivíduo.

 Dessa forma, ambientes emocionalmente seguros e agradáveis e


conteúdos de aprendizagem transmitidos de forma que a criança
compreenda sua importância e aplicação prática diária, fará
diferença entre “aprender/decorar”, para passar na prova e
rapidamente esquecer, ou fixar o conteúdo levando o aprendizado
para a vida.

 Ou seja, o cérebro tem uma motivação intrínseca para aprender! Mas


só está disposto a fazê-lo para aquilo que reconheça como
significante.
Fonte: Google imagens ,2023.
Fonte: Google imagens ,2023.
LOBO FRONTAL

 O lobo frontal é o maior do cérebro, ocupando


cerca de um terço do volume de cada
hemisfério cerebral. Fiel ao seu nome, o lobo
frontal se localiza na região anterior da
cavidade craniana, adaptando-se à superfície
interna do osso frontal.

 O lobo frontal se separa do lobo parietal,


posteriormente, por um sulco chamado de sulco
central, e do lobo temporal, ínfero-lateralmente,
pelo sulco lateral (fissura de Sylvius). A
superfície do lobo frontal contém quatro giros
principais: o giro pré-central e os giros frontais
superior, médio e inferior.

Fonte: Sobotta, 2012.


 O lobo frontal tem numerosas funções. Ele está
associado a funções cognitivas superiores,
como tomar decisões, motivação, resolução de
problemas, planejamento, e atenção. Essas
funções são desempenhadas principalmente
pelo córtex pré-frontal do lobo frontal. Ele
também contém o córtex motor, que é
responsável por planejar e coordenar
movimentos voluntários. Por fim, o lobo frontal
contém a área de Broca, essencial para o
componente motor da fala.

 Se a parte frontal do lobo frontal for


lesionada, pode ocorrer qualquer um dos
seguintes problemas: Dificuldade temporária de
manter informações disponíveis para
processamento (chamada memória de trabalho)
Redução de fluência da fala. Apatia (falta de
emoção, interesse e preocupação).
3.
Fonte: Google imagens ,202
LOBO TEMPORAL

 Ficam atrás das orelhas e são o segundo


maior lobo. Contribuem com o
processamento de informações auditivas e a
codificação da memória. Além disso,
desempenham um papel importante no
processamento de afeto, linguagem e
percepção visual.

 O dominante (geralmente o lado esquerdo)


está envolvido na compreensão da
linguagem, no aprendizado e na lembrança
de informações verbais.

 O lobo não dominante está envolvido no Fonte: Sobotta, 2012.


aprendizado e na lembrança de informações
não verbais como a música.
 Danos nos lobos causam dificuldade em
compreender palavras, o que vemos e
ouvimos, em aprender e reter novas
informações e em reconhecer rostos.

 Lesões na área auditiva


(giro temporal superior) podem originar
manifestações que variam desde zumbidos até
alucinações auditivas. Como essa região
também recebe fibras vestibulares, o paciente
também pode apresentar vertigens e sensação
de instabilidade.

 Epilepsia do lobo temporal é um tipo


de epilepsia que se inicia em uma região do
cérebro chamada de lobo temporal. O tipo de
crise que mais se observa nessa condição são
as crises focais com alteração de consciência Fonte: Google imagens,2023.

e consiste na pessoa ficar com olhar parado e


apresentar movimentos automáticos manuais
e orais.
LOBO PARIETAL

 Está localizado atrás do lobo frontal e


é responsável pela integração das
informações sensoriais. Isso inclui
toque, temperatura, pressão e dor.

 O lobo parietal também desempenha


um papel na capacidade da pessoa de
avaliar o tamanho, a forma e a
distância.

 Além disso, ajuda na interpretação


dos símbolos.
Fonte Sobotta, 2012.
LOBO OCCIPITAL

 Situam-se na parte posterior da cabeça e são


responsáveis pela percepção visual, incluindo
cor, forma e movimento.

 Danos na região podem dificultar a localizar


objetos, identificar cores, causar alucinações,
incapacidade de reconhecer palavras,
dificuldades para ler e escrever.

 Se ambos os lados do lobo occipital forem


lesionados, as pessoas não conseguem
reconhecer objetos com a visão, apesar de os Fonte: Sobotta, 2012.
próprios olhos funcionarem normalmente.
Esse quadro clínico é chamado de cegueira
cortical. Algumas pessoas com cegueira
cortical não têm consciência da sua
incapacidade de visão.
LOBO DA ÍNSULA

 O lobo da ínsula (também conhecido com ilha


de reil) está localizado na profundidade
dos lobos frontal, parietal e temporal.

 Do tamanho da uma ameixa seca, a ínsula está


localizada numa das áreas mais profundas do
cérebro, na face interna do lobo temporal, um
dos sistemas envolvidos no processamento da
memória, do pensamento e da linguagem.

 Ínsula como responsável ao


autoconhecimento e outras funções
importantes nas emoções do homem, e ainda
muitos vícios costumazes.

Fonte: Google imagens ,2023.


QUANDO A ÍNSULA É ALTERADA OU SUPERATIVADA?

 Os estudos já mostraram também que a superativação da ínsula está


relacionada a diversos distúrbios psiquiátricos, sobretudo as fobias e o
transtorno obsessivo-compulsivo", diz o Neurologista Mauro Muszkat, da
Universidade Federal de São Paulo.

 Imagens do cérebro indicam que lesões na ínsula podem levar à:

 Apatia,
 Perda de libido,
 Alterações na memória de curto prazo
 Incapacidade de alguém distinguir pelo cheiro um alimento fresco de outro
estragado.
“O TRABALHO MAIS FASCINANTE SOBRE A ÍNSULA FOI DIVULGADO PELA
REVISTA CIENTÍFICA SCIENCE. TUDO COMEÇOU COM A HISTÓRIA DO SENHOR N.,
DE 38 ANOS. TABAGISTA COMPULSIVO, ELE FUMAVA CERCA DE QUARENTA
CIGARROS POR DIA. UM DERRAME, NO ENTANTO, FEZ COM QUE ELE
INSTANTANEAMENTE ABANDONASSE O VÍCIO – "ESQUECESSE A VONTADE DE
FUMAR", COMO DESCREVEU AOS PESQUISADORES DAS UNIVERSIDADES DE
IOWA E DO SUL DA CALIFÓRNIA, NOS ESTADOS UNIDOS.”

QUAL A SUA CONCLUSÃO?


Esse estudo foi o primeiro a relacionar uma área específica do cérebro ao vício. "O
tabagismo não pode ser explicado apenas pela ação da nicotina no cérebro", diz
Nasir Naqvi, um dos autores da pesquisa. "O vício deflagra uma série de mudanças
comportamentais e fisiológicas – o aumento dos batimentos cardíacos, a elevação
da pressão, a alteração do paladar e a sensação da fumaça entrando nos pulmões,
entre outras." Todas essas informações são processadas na ínsula e traduzidas na
ânsia de acender mais um cigarro. Trabalhos como esse abrem o caminho para o
desenvolvimento de novos tratamentos contra o tabagismo e outros vícios, como a
dependência de drogas e o alcoolismo.
Fonte: Neurociências em ação, 2019.
QUAL A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO SOBRE O FUNCIONAMENTO DO
CÉREBRO PARA A APRENDIZAGEM?

 Estratégias eficientes de ensino devem atender aos princípios do funcionamento


cerebral, sabendo que, para que o aprendizado se torne permanente é necessário
que haja: repetição, elaboração e consolidação além de um adequado período de
descanso que é quando o cérebro “passa a limpo” as experiências vividas e as
informações recebidas durante o dia, tornando mais estáveis e definidas as que
são mais significativas.

 Portanto, é importante que o professor e a escola criem oportunidades em que o


mesmo assunto possa ser examinado mais de uma vez e em diferentes contextos,
para que aqueles processos possam ocorrer. Sabendo que a consolidação
demanda tempo, não ocorre de imediato e depende de um período adequado de
sono.

 Quem educa tem sempre que ter em mente duas perguntas: Qual a importância de
se aprender isso? E Qual a melhor maneira de passar este conteúdo para que os
alunos o considerem realmente significante?

 Pensar sobre estas questões pode realmente fazer diferença no aprendizado de


nossas crianças!
E QUAL A IMPORTÂNCIA DAS EMOÇÕES NO APRENDIZADO?

 As emoções são importantes, pois podem facilitar o processo de


aprendizagem, quando positivas, ou dificultar, quando negativas.
Portanto, é importante que o ambiente escolar seja planejado de forma a mobilizar
emoções positivas (entusiasmo, curiosidade, envolvimento, desafio), enquanto que as
negativas (ansiedade, apatia, medo, frustração), devem ser evitadas para que não
prejudiquem a aprendizagem.

 Os momentos de descontração através de humor, artes e música inseridos no


contexto de aprendizagem podem contribuir!

 Agora, o estresse, deve ser identificado e evitado! Geralmente, o estresse ocorre


quando o individuo encontra dificuldades que não consegue superar ou julga ser
incontornáveis e se sente desamparado.

 Lembrando que, a linguagem emocional é corporal, antes de ser verbal, o educador


deve se atentar tanto as emoções dos alunos quanto a sua própria, já que a
postura, atitude e comportamento do educador assume grande importância quando
se trata de aprendizado.
COMO OTIMIZAR O APRENDIZADO NA ADOLESCÊNCIA?

 A adolescência é o período em que as funções executivas são aprimoradas!


Portanto, é importante que o educador e a escola propiciem ao aprendiz
oportunidades para o desenvolvimento de sua capacidade de autorregulação e
reconhecimento de limites!

 Também a capacidade de identificar oportunidades, avaliar riscos e refletir sobre


seus próprios erros é igualmente importante! Dessa forma, se aprende a lidar com
a incerteza e se adquiri um comportamento flexível.

 A ausência de desafios e o ambiente muito confortável, também não estimula a


mudança para melhor. Quando não há tolerância de erros, não se aprende a
desenvolver respostas alternativas e inibir indesejáveis.

 A capacidade de planejar no longo prazo, de medir as consequências dos próprios


atos e de inibir os comportamentos inadequados, são a essência das funções
executivas, que são fortemente aprimoradas edesenvolvidas na adolescência até
o início da idade adulta e, portanto, tanto a escola, quanto a família são
fundamentais nesse quesito.
Fonte: Lent, 2010
IMPORTANTE
Nosso cérebro não foi pré-programado para aprender a ler. A aprendizagem da leitura
requer uma pedagogia e, principalmente, muito esforço por parte da criança. A leitura
é um artefato cultural inventando há apenas cinco mil anos. Nesse tempo não deu
para evoluir mecanismos inatos que permitissem a aprendizagem da leitura de forma
intuitiva.
Segundo a hipótese da reciclagem neuronal (Dehaene, 2012, veja também Scliar-
Cabral, 2012), a aprendizagem da leitura depende da capacidade de estabelecer e
automatizar conexões sinápticas entre o giro fusiforme do hemisfério esquerdo e os
circuitos que representam os sons, a forma lexical e o significado das palavras.
O giro fusiforme esquerdo situa-se na superfície ínfero-lateral, na transição entre os
córtex occipital e temporal. Essa região corresponde à área 37 de Brodmann e, em
função do seu papel no reconhecimento visual de caracteres gráficas, ela foi
denominada por Dehaene de Letterbox ou Visual Word Form Area (VWFA).
Originalmente, a Letterbox parece ter evoluído para reconhecer os objetos visuais
mais complexos de relevância social para os humanos: as faces. Com a invenção da
lectoescrita, ou seja, representação visual dos fonemas, sílabas e morfemas através
de caracteres visuais, surgiu a necessidade de estabelecer e automatizar conexões
entre áreas visuais e áreas da linguagem. O giro fusiforme esquerdo foi reciclado,
especializando-se no processamento de caracteres gráficos. O processamento de
faces ficou então a cargo do giro fusiforme direito.
Por que o “escolhido” foi o giro fusiforme?
Provavelmente porque era a área mais à mão, a área cujas características
computacionais e potencial conectivo melhor se coadunava a essa necessidade de
conectar a percepção visual com a linguagem.
Não parece ter sido à toa, então, que o giro fusiforme foi incorporado ao circuito da
linguagem. O mais provável é que restrições de ordem informacional e conexional
tenham direcionado a construção da rede da leitura.
A aprendizagem da leitura representa então um belo exemplo de interação entre a
criação (modificação neuroplástica do cérebro pela experiência) e natureza (pré-
programação genética para processar determinados tipos de informação).
Essa hipótese é reforçada pelo fato de que a rede cerebral da leitura é universal. Ou
ao menos é muito parecida entre ocidentais e chineses. (Não sabemos ainda como é
a rede neuronal da leitura dos marcianos.).
A chave para compreender a neurobiologia da leitura parece ser então a
compreensão dos mecanismos epigenéticos que regulam o estabelecimento dessas
conexões.
Por outro lado, a elucidação da neurologia da dislexia poderá se fundamentar no
conhecimentos dos mecanismos que interferem com o estabelecimento de conexões
entre a Letterbox, o circuito Wernicke-Broca do processamento fonológico e outras
áreas dispersas pelo córtex temporal, responsáveis pelo processamento semântico-
lexical.
https://youtu.be/J78c8cVDHHE ( COMO O CÉREBRO APRENDE)
BIBLIOGRAFIA
Dehaene, S. (2012). Os neurônios da leitura. Como a ciência explica a nossa capacidade de ler. Porto Alegre:
Penso.

Geary, D. C. (2008). An evolutionary informed education science. Educational Psychologist, 43, 179-195.

Google Imagens, 2023.

Scliar-Cabral, L. (2010). Evidências a favor da reciclagem neuronal para a alfabetização. Letras de Hoje, 45, 43-
47.

Ramon, C. e Leonor, G. Neurociências e educação: Como o cérebro aprende –, 2011.

Sobotta, J. Atlas de Anatomia Humana. 23ª edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
ATIVIDADE PARA PRÓXIMO ENCONTRO
 Realizar leitura no texto (em anexo no portal) “O diálogo entre a
Neurociência e a Educação: da euforia aos desafios e
possibilidades”.

 Pontuar os pontos que lhe chamaram mais atenção e a sua


justificativa.

 Iremos realizar uma mesa redonda de debates nos 30 minutos


iniciais no nosso próximo encontro.

 Enviar a atividade até 24h antes do nosso próximo encontro para o


E-mail: claumds73@gmail.com
GRATIDÃO

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