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Artigo recebido: 4/1/2023

ARTIGO DE REVISÃO Aprovado: 19/2/2023

Neuroplasticidade, memória e aprendizagem:


Uma relação atemporal
Neuroplasticity, memory and learning: A timeless relationship
José Mário Chaves1
DOI: 10.51207/2179-4057.20230006

Resumo Summary
O presente texto tem como objetivo geral versar sobre a The present text has as its general objective to deal with
relação atemporal existente entre a neuroplasticidade, a the timeless relationship between neuroplasticity, human
memória e a aprendizagem humanas. Além disso, pretende-se memory and learning. In addition, it is intended to deal
tratar de maneira específica sobre os principais aspectos que specifically with the main aspects that influence memory,
influenciam a memória, como as emoções, os estados de such as emotions, moods and the level of attention. This
ânimo e o nível de atenção. Essa temática é de crucial impor- theme is of crucial importance for Brazilian students, sin-
tância para os estudantes brasileiros, eis que na medida em ce, as it is known what positive and negative influence on
que se conhece o que influencia positiva e negativamente na memory, it is possible to obtain better results in terms of
memória é possível obter melhores resultados no que toca learning. As a research modality, bibliography is adopted;
à aprendizagem. Como modalidade de pesquisa, adota-se a as a method, the inductive is used.
bibliográfica; como método, utiliza-se o indutivo.
Unitermos: Neuroplasticidade. Cérebro. Memória. Apren­ Keywords: Neuroplasticity. Brain. Memory. Learning.
dizagem.

Introdução especial, o cérebro humano. Esse ramo científico


A década de 90, do século passado, ficou co- possibilita interpretar os mecanismos cerebrais que
nhecida como a “Década do Cérebro”. O governo giram em torno do processo educativo, de modo
norte-americano investiu milhares de dólares em que isso possa ser utilizado para facilitar e maxi-
pesquisas relativas à Neurociência. Pouco tempo mizar o aprendizado humano. O cérebro, conforme
depois, diversos outros países seguiram com o veremos, é a estrutura de aprendizagem humana.
mesmo objetivo. Dezenas de descobertas científicas Entender o funcionamento cerebral é crucial na
importantíssimas foram concretizadas, mas muitas compreensão do processo de aprendizagem. Conhe-
permanecem desconhecidas do público em geral. cer a forma como o cérebro aprende, seu “manual
A Neurociência, com seu caráter multidiscipli- de instruções”, possibilita aprender a aprender e,
nar, estuda o sistema nervoso e, de maneira muito lado outro, aprender melhor.

Trabalho realizado na Faculdade Famart, Itaúna, MG, Brasil.


Conflito de interesses: O autor declara não haver.
1. José Mário Chaves – Diretor da Evolutio - Centro Brasileiro de Capacitação Neuroeducacional; Doutor em Direito pela Universidade Católica de
Santa Fé; Mestre em Direito Penal pela PUC Minas; Especialista em Neurociência e Aprendizagem pela Faculdade Ibra de Brasília; Especialista em
Orientação Educacional pela Famart; Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade de Empreendedorismo e Ciências Humanas; Especialista
em Docência do Ensino Superior pela Famart, Itaúna, MG, Brasil.

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O sistema nervoso humano engloba duas porções morte, cortado em 240 partes e preservado com
interdependentes, que estão interligadas morfológica formaldeído, tinha aproximadamente 1,2 kg, ou
e funcionalmente: o sistema nervoso central e o seja, era menor que a média dos demais humanos.
sistema nervoso periférico. O primeiro está situado Apesar desse fator, Einstein é considerado um
dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal dos maiores gênios do século XX, quiçá de toda a
vertebral), o segundo se localiza fora deste esqueleto. humanidade. Dessa feita, capacidade intelectual e
O encéfalo é a parte do sistema nervoso central tamanho cerebral não têm qualquer relação.
situado dentro do crânio; enquanto a medula está É o cérebro que controla as nossas funções vitais
localizada dentro do canal vertebral. O encéfalo e a (respirar, dormir, frequência cardíaca etc.) e nossas
medula constituem o neuroeixo. No encéfalo temos capacidades relacionadas ao raciocínio, à atenção
o cérebro, o tronco encefálico e o cerebelo. e à memória. Ele é responsável por garantir que
O cérebro é a parte mais importante do sistema todas essas funções conscientes ou subconscientes
nervoso, atuando na interação do organismo com o sejam concretizadas.
meio externo e coordenando suas funções internas. Todo esse funcionamento cerebral é executado
Ele pesa normalmente entre 1,3 e 1,5 quilograma, basicamente com a transmissão de informações
o que representa em média cerca de 2% da massa entre neurônios mediante impulsos eletroquímicos.
corporal de um adulto. Apesar de ser pequeno e Um único neurônio pode disparar diversos impulsos
leve, ele consome parte considerável de nossa gli- por segundo. No entanto, para que a informação
cose e de nosso oxigênio. seja transmitida para outra célula, ela depende de
O cérebro possui mais conexões do que o nú­ uma estrutura denominada axônio. Os prolonga-
mero de estrelas existentes em nossa galáxia. mentos sobre os quais os axônios depositam essa
Nenhuma máquina que o homem possa inventar informação se denominam dendritos. O local em que
será tão complexa, completa, perfeita e engenhosa ocorre a passagem da informação entre as células
quanto o cérebro humano. chama-se sinapse, que necessita da liberação de uma
É um mito a informação midiática, que se trans- substância química – um neurotransmissor.
formou numa crença popular, de que utilizamos Sinapse é o ponto de junção entre os neurônios
apenas 10% da capacidade de nosso cérebro. A bem para que ocorra a transmissão do impulso neural
da verdade, o cérebro, especialmente no que toca à por meio do sistema nervoso. As memórias obede-
função mnemônica, trabalha com seu máximo de cem às modificações da estrutura e da função das
rendimento e de eficiência. Noutros termos, usamos sinapses. A capacidade de aprender está diretamente
próximo de 100% da nossa capacidade cerebral conectada à quantidade de sinapses.
(Geake, 2008, pp. 123-133). As falhas de memória Cada cérebro é diferente exatamente em virtude
que atingem indivíduos que estão em condições de como os neurônios se interligam no transcor-
normais de saúde normalmente estão interligadas rer da vida de cada pessoa. Calcula-se que cada
a fatores como cansaço, alta ansiedade, desatenção, neurônio, apesar de emitir um único axônio, pode
problemas hormonais, estresse, saturação do(s) receber mais de 10.000 terminações axônicas de
sistema(s) etc. Uma vez reparadas essas circunstân- outros neurônios. Dessa forma, conforme se denota,
cias, segundos ou minutos depois, ou, quando for o eles, os neurônios, fazem simples conexões ou se
caso, após uma noite de sono reparadora, a pessoa agrupam em redes.
volta ao normal (Izquierdo, 2018, p. 96). Durante longo período, a ciência acreditou
Também é uma lenda a história de que quanto que o nosso cérebro parava de se desenvolver na
maior o peso e o tamanho do cérebro, maior a ca- juventude, que havia uma grande perda neuronal
pacidade intelectual da pessoa. Para desmentir isso, ao longo da vida e, o que é pior, que depois de
basta rememorar que o cérebro de Albert Einstein, determinada idade perdíamos a capacidade de
que foi removido cerca de sete horas após a sua produzir novas células. Essa crença fez crer que,
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por exemplo, uma pessoa, durante e depois da vida indagação: até que ponto as emoções, os estados
adulta, praticamente perdia a habilidade de ampliar de ânimo, o nível de atenção, o sono, a leitura e a
sua capacidade intelectual. As novas descobertas intercalação influenciam positiva ou negativamente
científicas desmentem essas teorias. a memória humana?
Hoje, é sabido que, mesmo quando o cérebro A justificativa teórica (e prática) que funda-
termina de se desenvolver na juventude, ele mantém menta essa análise diz respeito ao fato de que ela
os processos de neurogênese (formação de novos pode conduzir a práticas educacionais voltadas
neurônios no cérebro) por toda a vida, podendo ao melhoramento do desempenho acadêmico dos
criar novas conexões. Sabe-se que há, de fato, uma estudantes brasileiros, uma vez que na medida em
perda na quantidade de neurônios ao longo da vida; que se conhece o que influencia positiva e nega-
porém, esse fator não é tão significativo e tão volu- tivamente na memória é possível obter melhores
moso como se pensava. O conhecimento científico resultados no que toca à aprendizagem. Tal fator
atual permite comprovar que a plasticidade nervosa tem o condão de melhorar o desempenho intelec-
permanece por toda a existência humana; por con- tual dos alunos e, por consequência, alavancar o
seguinte, mantendo a capacidade de aprendizagem sistema de ensino do Brasil.
em adultos e idosos. Por fim, no que se refere à metodologia, adota-se
Em síntese, o cérebro tem a capacidade de mudar, a pesquisa bibliográfica e o método indutivo.
moldar e adaptar, em nível funcional e estrutural, ao
longo da vida humana. Esse fenômeno é denominado A memória humana
de neuroplasticidade ou plasticidade neuronal.
Memória significa aquisição, retenção e evoca-
Temos a capacidade de (re)organizar nossos
ção de informações. Note que há uma sequência:
neurônios e nossos circuitos neurais, por meio de primeiro é preciso adquirir a informação. Após
vivências e de aprendizagens. Em virtude das inte- obtê-la, é preciso retê-la (nos neurônios). Ao fim,
rações com o ambiente interno e externo do corpo, e por consequência, só é possível evocar (recordar,
a plasticidade permite, portanto, fazer e desfazer lembrar, recuperar) o que foi de fato gravado/
ligações entre os neurônios. As conexões sinápticas apreendido.
podem regenerar nossos neurônios. A interação De acordo com a Classificação Internacional
com o ambiente é de suma importância porque ela da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, reali-
induz a formação de novas conexões nervosas e, por zada pela Organização Mundial da Saúde (OMS,
consequência, propicia a aprendizagem. Diga-se de 2001/2008), a memória tem como função específica
passagem, nossos comportamentos são em grande registrar e armazenar informações e recuperá-las
parte aprendidos, ao contrário de outros animais quando necessário, funções que corroboram o con-
que já vêm programados de natureza. ceito de memória explicitado anteriormente.
Dentro desse contexto, o presente artigo científico As memórias são concretizadas pelos neurônios.
tem como objetivo geral discutir sobre a relação Existem diversos tipos e formas de memórias. Elas
atemporal existente entre a neuroplasticidade, a podem ter diversas classificações. Uma delas é
memória e a aprendizagem humanas. Ademais, a separá-las pelo tempo de duração. Por meio deste
pesquisa pretende especificamente versar sobre os critério de análise teríamos três tipos: a memória
seguintes aspectos que influenciam a memória: as de trabalho, que não deixa vestígios e não produz
emoções, os estados de ânimo, o nível de atenção, arquivos; e a memória de curta duração e a memória
o sono, a leitura e a intercalação. de longa duração, que deixam traços e produzem
Uma vez da existência de diversas questões arquivos.
científicas polêmicas e muitas vezes contraditórias A memória de trabalho, também denominada
atreladas a esses objetivos específicos da pesquisa, de memória operacional, memória de curtíssima
pretende-se ao longo do artigo responder à seguinte duração ou ainda memória ultrarrápida, tem por
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função administrar a realidade. Ela é crucial para a A formação da memória de longa duração
regulação cotidiana do nosso comportamento. Ao perpassa diversos processos metabólicos que
receber uma informação qualquer, é nossa memória normalmente levam entre três e seis horas para
de trabalho que irá determinar se a informação é serem concluídos pelo nosso organismo. Desse
nova ou não, se é útil ou não, se deve ser, a posteriori, modo, esse tipo de memória não surge logo após
arquivada ou não. a aquisição de uma informação. O conjunto desses
Esse tipo de memória dura poucos segundos ou processos até o resultado final – arquivamento
no máximo 1 (um) a 3 (três) minutos. Ela nos pro- definitivo da informação – é denominado de con-
porciona, por exemplo, gravar o número de telefone solidação.
da pizzaria até o momento de discá-lo. Pouquíssimo O fato de o arquivamento definitivo da infor-
tempo depois de concluir a tarefa, o número desapa- mação ter sido concluído por meio da consolidação
rece da nossa lembrança. É igualmente a memória celular não implica que o que foi aprendido perdure
de trabalho que nos permite lembrar a penúltima eternamente. Apenas indica que o processo neuro-
ou antepenúltima palavra de uma frase, o tempo nal de registro da informação foi finalizado, isto é,
suficiente para construir o sentido do texto que que as células nervosas concluíram o seu trabalho.
estamos lendo ou escrevendo. Logo depois, esque- Desse modo, mesmo após o término da consolidação
cemos as palavras em si. e, consequentemente, do registro da informação
Se a memória de trabalho decidir que uma de- nos neurônios, é bastante comum que o que foi
terminada informação deve ser arquivada, entra em aprendido pela pessoa dure poucos dias, uma ou
cena a memória de curta duração. Esta memória, duas semanas ou alguns meses. A bem da verdade,
uma espécie de “memória secundária”, perdura até esquecemos a grande maioria das informações que
6 horas depois da aquisição da informação, tempo armazenamos ao longo da vida.
suficiente, conforme veremos, para que a memória As memórias de trabalho são integralmente per-
de longa duração, uma “memória definitiva”, seja didas. Quanto às demais, que são as que produzem
efetivamente construída. arquivos, só lembramos uma fração diminuta delas.
A memória de curta duração tem por função Por qual motivo? Há diversos fatores que podem
manter a cognição humana em pleno funciona- influenciar no esquecimento de informações.
mento enquanto a memória de longa duração ainda Digamos que a pessoa acabe de ler um livro
não está plenamente consolidada. Sem aquela seria e o cérebro dela comece a registrar o conteúdo
impossível, por exemplo, manter um diálogo com lido. Enquanto o processo de consolidação não
outra pessoa ou ler um livro, uma vez que a pessoa for finalizado, as memórias de longa duração são
não lembraria o que disse ou leu nos últimos 10, 30, instáveis e suscetíveis a múltiplas interferências.
50, 90 ou 200 minutos. Por exemplo, um traumatismo craniano ou um
O conteúdo das memórias de curta e de longa eletrochoque convulsivo logo após a aquisição pode
duração é praticamente o mesmo. O que difere uma anular completamente o registro das informações. A
da outra – nesse aspecto – é a duração. É como se exposição a um ambiente novo dentro da primeira
uma determinada informação adquirida ficasse num hora após a aquisição pode até cancelar a formação
arquivo temporário (memória de curta duração) definitiva da memória. Uma exposição excessiva de
até ser transportada para um arquivo definitivo “hormônios do estresse” logo após a aquisição de
(memória de longa duração). uma informação, pode resultar em amnésia. Desse
A memória de longa duração é aquela que modo, a fixação definitiva de uma memória é sen-
perdura por muitas horas, muitos dias ou vários sível a diversos fatores internos e externos.
anos. Quando essas memórias duram anos, são Para além dos fatores listados anteriormente,
cognominadas de memórias remotas (Izquierdo et também existem outros que podem ser tanto ne-
al., 2013, p. 12). gativos quanto positivos.
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De acordo com a Neurociência, os principais O desuso da memória desfaz conexões sinápti-


reguladores da memória, seja no processo de aqui- cas, o que ocasiona uma perda do que aprendemos
sição, na fase de retenção ou na etapa de evocação durante a vida. O cérebro foi projetado para manter
de informações, são as emoções, os estados de ânimo arquivadas as informações que mais se repetem, eis
e o nível de alerta/atenção. Nesse sentido, Ivan que provavelmente elas serão as mais relevantes
Izquierdo, neurocientista que estudou por décadas para a nossa sobrevivência. Por consequência ló-
a memória e foi considerado um dos principais gica, esquecemos aqueles conhecimentos que não
pesquisadores sobre o assunto, advertia da seguinte utilizamos ou que não nos deparamos com cerca fre-
forma a importância desses reguladores: quência. Pode ocorrer também de uma informação
Um aluno estressado ou pouco alerta não forma ainda estar presente no cérebro, porém seu acesso
corretamente memórias em uma sala de aula. ser dificultado pelo enfraquecimento e pelo desuso
Um aluno que é submetido a um nível alto de das ligações neuronais, tornando difícil recuperá-la
ansiedade depois de uma aula, pode esquecer (Cosenza & Guerra, 2011, pp. 72-73).
aquilo que aprendeu. Um aluno estressado na Em razão disso, o fortalecimento da memória e,
hora da evocação (por exemplo, em uma prova) consecutivamente, o não esquecimento, está ligado
apresenta dificuldades para evocar (os famosos à revisão das informações adquiridas.
“brancos”). Já aquele que, pelo contrário, esti- De agora em diante vamos tratar, por meio de
ver bem alerta conseguirá recordar muito bem. tópicos separados, alguns pontos centrais sobre a
Um aluno profundamente deprimido também memória que influenciam diretamente na aprendi-
recordará pouco e mal. Isso se deve à operação zagem e, consequentemente, na neuroplasticidade.
de vários sistemas moduladores, cuja natureza
e cujo modo de ação são hoje [cientificamente]
bem-conhecidos. (Izquierdo, 2018, p. 69) Memória e emoções
Podemos dizer que as emoções, apesar das
Uma vez da importância desses moduladores da
memória, trataremos adiante de cada um deles em divergências teóricas acerca de sua conceituação,
tópicos distintos. referem-se a um estado psicológico, como exemplos
Outro elemento importantíssimo em relação à a raiva e a alegria. Elas são fruto de uma reação
memória é a revisão (novo contato com informações). rápida, circunstancial e espontânea, normalmente
Todos nós sabemos que os músculos do corpo associada a acontecimentos inesperados. Portanto,
humano se não forem exercitados acabam atrofiando. como se observa, as emoções surgem porque algo
O cérebro, apesar de não ser um músculo, pode ao nosso redor ganhou certo nível de importância e
analogicamente ser comparado com ele. Quanto de significado e por isso mesmo produzindo reações
mais se exercita o cérebro, mais ele desenvolve. no nosso funcionamento psicológico e fisiológico.
Quanto mais utilizá-lo, menos se perde memória. A Neurociência comprovou que as emoções
Quanto maior o uso, mais conexões/redes neuronais positivas geram processos químicos benéficos no
se formam ou as que existem se tornam mais fortes que se refere à memória. James L. McGaugh (2015,
e potentes. A pessoa que mantém a mente ativa, pp. 7-8), professor emérito e membro fundador do
buscando conhecimentos, lendo etc., está fazendo Centro de Neurobiologia da Aprendizagem e da
uma verdadeira “musculação cerebral”. Doutro Memória da Universidade da Califórnia, explica
lado, aqueles que não usam perdem memória, eis que as emoções têm uma influência significativa
que o desuso gera uma perda da função neuronal e, na consolidação das memórias de longa duração.
por consequência, ocasiona atrofia das sinapses – Os médicos Cosenza e Guerra (2011, p. 83), após
tanto fisiológica como anatomicamente. A melhor estudarem diversas pesquisas atreladas ao assunto,
maneira de não perder e conservar a memória é informam: “Sem dúvida, as emoções são um fenô-
por meio do exercício, uma vez que o uso amplia a meno central de nossa existência e sabemos que
quantidade de sinapses. elas têm grande influência na aprendizagem e na
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memória”. Por fim, Goleman (2014, p. 42) expõe que ansioso durante uma prova terá diversos “brancos”
“quanto mais forte a emoção, maior a nossa fixação”. (falhas na evocação de uma memória), ao passo que
As emoções positivas geram no cérebro um alto outro que esteja tranquilo se sairá melhor.
fluxo de dopamina e de serotonina, substâncias Em 1908, Robert M. Yerkes e John Dillingham
químicas benéficas ao nosso bem-estar, ao nosso Dodson já haviam constatado, por meio de pesqui-
aprendizado e à facilitação da recuperação de in- sas em laboratório, a influência negativa de altos
formações contidas na memória. níveis de ansiedade no que se refere à consolidação
Dessa feita, não há dúvidas de que as emoções de uma memória e à recuperação de uma infor-
são reguladores importantes da memória. A questão mação. De acordo com os resultados obtidos, a
é que é difícil controlá-las. São reações rápidas para ansiedade moderada gera uma excitação positiva
sinalizar que algo importante está ocorrendo. Elas (exemplo: facilitação da concentração), mas se for
são inerentes à raça humana. De todo modo, no que excessiva fará o corpo liberar altas doses hormo-
toca ao processo de aprendizagem, é preciso ter em nais que trarão prejuízos à memória (Yerkes &
mente que as emoções influenciam na aquisição, Dodson, 1908). Em outras palavras, a ansiedade
na retenção e na recordação de informações. Elas contribui até certo ponto, mas se os níveis excitató-
influenciam o que observamos, o que lembramos e rios forem muito elevados, o desempenho – mental
como raciocinamos. ou físico – da pessoa diminui. Esse aumento inicial
seguido de uma queda é ilustrado por meio de uma
curva em “U” invertida, denominada de Curva de
Memória e estados de ânimo Yerkes-Dodson.
Ânimo refere-se a um estado emocional. Os es- Pesquisa realizada por psicólogos no ano de
tados de ânimo podem perdurar por longos perío­ 2015 buscou examinar, entre outros aspectos, a
dos e representam uma reação a vários estímulos. presença de algum grau de ansiedade entre os can-
Eles são frutos de diversos fatores (ambientais, didatos ao XVIII Exame da Ordem dos Advogados
fisiológicos e mentais) e refletem uma mescla de do Brasil/RS. Foram examinadas 82 pessoas, com
sentimentos e de emoções do dia a dia. média de idade de 32,5 anos. Entre os resultados,
A Neurociência atestou que os estados de ânimo constatou-se que 72% apresentaram algum grau
influenciam direta, positiva ou negativamente no de ansiedade (avaliada pela escala BAI)1. Entre os
processo de aquisição, de conservação e de evocação aprovados, 32,6% apresentaram ansiedade leve e
de informações. Estados de ânimo positivos, por 21,7% ansiedade moderada. Entre os reprovados,
exemplo: euforia, bem-estar, entusiasmo, bom hu- 38,9% apresentaram ansiedade leve e 27,8% ansie-
mor, calma trarão excelentes resultados à aprendiza- dade moderada (José et al., 2015, pp. 148-150). Pelo
gem. Estados de ânimo negativos, tais como aflição, indicado na pesquisa, a ansiedade parece ser algo
mau humor, nervosismo, agitação, agressividade, inevitável em relação a aspectos cruciais das nossas
preocupação, desânimo, mal-estar trazem péssimos vidas, como um Exame da OAB, uma prova do Enem
resultados à memória. A memória é, portanto, in- ou um concurso público. Sendo assim, a questão é
fluenciada pela carga emotiva. ter controle sobre si mesmo para que a ansiedade
As memórias que são arquivadas, por exemplo, não se torne uma vilã.
com uma quantidade maior de entusiasmo são gra- Uma ansiedade razoável de um aluno minutos
vadas melhor do que aquelas nas quais a pessoa se antes de uma prova pode ajudá-lo a se concentrar
encontra desanimada. Um aluno que assiste a uma melhor e também a se recordar das informações.
aula ou lê um livro com estado de ânimo agitado ou
aflitivo, certamente terá sérios prejuízos na aquisição 1 A Escala de Ansiedade de Beck ou Inventário de Ansiedade de Beck
e na consolidação da memória. Da mesma forma, (BAI) foi idealizado pelo psiquiatra norte-americano Aaron Temkin
Beck. De maneira geral, consiste em um questionário contendo 21
ocorrerá em correlação à recordação de uma infor- questões de múltipla escolha para medir o grau de ansiedade de
mação: um estudante que está nervoso ou altamente uma pessoa.

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Todavia, níveis elevados de ansiedade afetarão a atenção focaliza-se naquilo que, em um determina-
capacidade de concentração, dificultando lembrar do momento, damos importância. Desse modo, para
o conhecimento adquirido. estar atento a um determinado estímulo, é preciso
Desse modo, é preciso controlar os estados dar importância a ele.
de ânimo negativos, pois eles terão uma péssima É preciso deixar claro que importância e atenção
influência durante a aquisição, a retenção e a recu- caminham juntas. O cérebro dará mais atenção
peração de informações. aos aspectos mais relevantes de um determinado
momento. O foco se direciona àquilo que tem sig-
nificância. O cérebro aprende mais e melhor quando
Memória e nível de alerta/atenção
está integralmente atento a um estímulo.
Nós humanos recebemos uma quantidade incal- Por tudo, a atenção é um dos mais importantes
culável de informações ao longo de nossas vidas. reguladores da memória. Quanto maior for a aten-
Nem todas elas são importantes e, por isso mesmo, ção depositada em um professor, em um livro etc.,
são deixadas de lado. Outras, por terem impor- mais eficiente será o processo de arquivamento das
tância, tendemos a memorizá-las. Nosso cérebro, informações na memória. O registro nos neurônios
como vimos, tem uma capacidade gigantesca de tende a ser mais forte quando você está atento ao
aprendizado. Contudo, quando recebemos diversas que está estudando.
informações ao mesmo tempo, ele não é capaz de
processar tudo simultaneamente. Assim, ele sele-
ciona o mais relevante. Memória e sono
Ao darmos importância a uma determinada in- Quando dormimos, o que ocorre com nosso
formação em vez de outra, ou de distrações diversas, cérebro? Como agem os neurônios e especialmente
nossa concentração focaliza-se nela com o intuito as sinapses durante o sono? Por qual motivo ne-
de apreendê-la. Essa concentração mental sobre cessitamos dormir? Por que passamos em média
algo específico pode ser traduzida simplesmente um terço das nossas vidas dormindo? As variações
por atenção. Temos a capacidade de consciente- de duração e de horários do sono influenciam ne-
mente dirigir nosso foco a determinado estímulo, gativamente na cognição das pessoas? Essas são
deixando tantos outros quanto existam de lado. Essa perguntas complexas para as quais as respostas
característica é essencial para nossa sobrevivência. não encontram unanimidade científica. De todo
A atenção advém de um nível de alerta do nosso modo, um fator parece indicar um consenso entre
cérebro. De acordo com a Classificação Interna- os cientistas: o sono é um influente regulador da
cional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, memória. As fases do sono, especialmente durante
realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o período REM (rapid eye movement – movimento
(2001/2008), ela tem como função mental se con- rápido dos olhos), exercem igualmente um papel
centrar num estímulo externo ou numa experiência significativo. Ademais, os sonhos também parecem
interna pelo período de tempo necessário. ser um fator muito importante.
A atenção contribui em demasia no nosso pro- Baddeley, ganhador do prêmio CBE por sua
cesso de aprendizagem. Não obstante, um nível de contribuição ao estudo da memória, indica haver
alerta elevado, como uma ansiedade extremada, evidências de que o sono contribui para fortalecer
pode, conforme vimos no tópico anterior, ocasionar o que aprendemos quando estávamos acordados
prejuízos ao processo de aquisição, de retenção e (Baddeley et al., 2011, p. 100). Cosenza e Guerra
de recordação de informações. É preciso ter um (2011, p. 65) informam que é durante o período de
nível de vigília normal, que não ocasione prejuízos sono que os mecanismos eletrofisiológicos e mole-
à concentração. culares envolvidos na formação de sinapses mais
A capacidade humana de voltar a atenção para estáveis estão em pleno funcionamento. Parece que
algo específico é simplesmente magnífica. Nossa durante o sono nosso cérebro passa a limpo todas
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as informações que recebemos durante o período demonstram que as pessoas que mais leem mantêm
de vigília, estabilizando e definindo aquelas mais a mente mais sadia e, em razão disso, retardam o
significativas. De outro lado, pesquisas dirigidas quadro de Alzheimer (Izquierdo, 2018, pp. 97-98).
especialmente por Erin J. Wamsley, principal inves- Apesar desses fatores positivos da leitura, os brasi-
tigadora do Laboratório do Sono da Universidade leiros de modo geral – até os estudantes – não têm
Furman, Estados Unidos, demonstraram a impor- o hábito de ler.
tância do sono e, igualmente, dos sonhos na perma- A 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura
nência das memórias (Wamsley & Stickgold, 2018, no Brasil, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro,
pp. 1-7; Wamsley & Stickgold, 2011, pp. 97-106). revelou, com base nos dados coletados pelo Ibope
De maneira geral, os neurocientistas sabem que Inteligência em 2015, uma triste realidade do nos-
o sono é crucial para a persistência das memórias. so país: a média de livros que um brasileiro lê por
Não se sabe exatamente a base bioquímica que jus- ano é de 4,96 – sendo 2,43 inteiros e 2,53 partes de
tifica plenamente isso, mas sabe-se que a privação obra (Failla, 2016, p. 252). Para obter uma ideia do
do sono acarreta vários prejuízos à vida cognitiva. quanto esse índice é ruim, um francês lê mais de
Não precisa ser cientista para saber que uma boa 20 livros por ano.
noite de sono favorece a recordação das informa- A realidade brasileira, de fato, não é boa. É preciso
ções apreendidas no dia anterior, ao passo que uma não somente uma política pública adequada para
noite sem dormir acarreta péssimas consequências à rever essa questão, mas também é imprescindível
nossa capacidade de recordação. A privação do sono que cada pessoa assuma a responsabilidade pelo seu
certamente prejudica ou impede a aprendizagem. próprio hábito de leitura. De nada adianta o Estado
E não adianta muito dormir mal um dia e querer criar bibliotecas ou criar mecanismos para que os
compensar no dia seguinte. Não é simples assim. livros fiquem mais baratos se os indivíduos não se
Quantas horas se deve dormir? O tempo neces- conscientizarem da importância de ler.
sário para que se tenha disposição no dia seguinte. A Uma pessoa que não lê não tem vantagem
sonolência é um sinal de que é preciso dormir mais. alguma em relação a uma outra que não sabe ler.
Cada adulto é diferente um do outro, razão pela qual Ter uma habilidade e não usá-la não é útil para
todos têm uma necessidade distinta. De todo modo, ninguém.
para a grande maioria das pessoas, recomenda-se
uma média de oito horas diárias de sono.
Memória e intercalação
Por tudo, as evidências científicas revelam que
o sono e os sonhos melhoram a compreensão e a A intercalação, termo da ciência cognitiva,
retenção das informações estudadas durante o dia. refere-se à combinação de assuntos relacionados,
Parece que durante o sono o cérebro faz um check-up porém distintos, durante o processo de aprendi-
de tudo que se estudou. Portanto, não é razoável zagem. As pesquisas científicas demonstram que
deixar de dormir para estudar. intercalar conteúdos é uma excelente forma de es-
tudar, pois torna a memória mais duradoura e mais
versátil para resolver problemas futuros (Taylor &
Memória e leitura Rohrer, 2010, pp. 837-848; Kornell & Bjork, 2008,
A leitura é a atividade nervosa que mais exige pp. 585-592).
do cérebro e que mais estimula a memória. Ela Para exemplificar, vamos analisar na sequên-
requer o emprego simultâneo e rápida sequência cia um experimento que analisou a retenção de
de memórias visuais, verbais e de imagens, além aprendizagem no que toca à matemática. A pes-
de avivar os sentimentos e as emoções. A leitura quisa objetivou pontuar se é melhor realizar uma
é um “exercício para a memória” muito melhor do prática intensiva sobre um determinado assunto ou
que as meras palavras cruzadas, jogos, movimentos se seria mais benéfico intercalá-lo com outros que
repetitivos, entre outros do tipo. Há estudos que tenham similaridades. Os cientistas analisaram dois
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Chaves JM

grupos de alunos universitários. Ambos receberam reativar a atenção, o que produz um arquivamento
instruções de como calcular os volumes de quatro mais denso das informações estudadas.
sólidos geométricos: cunha, esferoide, cone esférico
e meio cone. Na sequência, o primeiro grupo teve
que resolver quatro problemas de cada um dos tipos
Considerações
geométricos, que foram agrupados em grupos fixos A aprendizagem e a neuroplasticidade estão
(quatro sobre cunha, depois quatro sobre esferoide diretamente interligadas. Toda vez que o ser hu-
etc.). O segundo grupo também trabalhou quatro mano adquire um novo aprendizado, o cérebro
problemas de cada espécie geométrica, porém de encarrega-se de armazená-lo. Esse processo gera
forma intercalada entre cada forma geométrica. plasticidade, isto é, novas conexões neuronais são
Num teste final, uma semana depois, os alunos que feitas (ou desfeitas) com o propósito de armaze-
praticaram em bloco, resolvendo os problemas em nar o que foi apreendido, de modo que a pessoa
grupos fixos, acertaram em média 20%; os alunos possa recuperar no futuro a nova informação ou
do grupo de estudo intercalado acertaram em média a nova habilidade. A cada nova vivência ou novo
63% (Rohrer & Taylor, 2007, pp. 481-498). aprendizado as ligações entre os neurônios ficam
Um estudo similar observou que a prática in­ mais eficientes e fortes, fazendo com que as redes
ter­calada obtém melhores resultados, indiferente­ neuronais sofram mutação.
mente do tempo que o teste será aplicado após a Paralelamente à neuroplasticidade e à aprendi-
aprendizagem. Tudo faz crer que, quanto maior o zagem, a memória se encarrega de adquirir, reter e
prazo, maior o benefício da intercalação. Por qual evocar informações. Todo este processo está direta-
razão? Os cientistas observaram que o estudo mente interligado ao modo de funcionamento do cé-
diversificado de conteúdos produz muito menos rebro e, de maneira mais específica, dos neurônios.
esquecimento se comparado ao ato de condensar Hoje, mais do que nunca, a tecnologia moderna
o estudo em um único tema (Rohrer et al., 2015, proporciona à ciência estudar de modo robusto o
pp. 900-908). funcionamento cerebral e, por assim dizer, a rela-
“A intercalação pode e deve ser utilizada para ção atemporal existente entra a neuroplasticidade,
quaisquer aprendizados” (Carey, 2015, p. 147). a memória e a aprendizagem humanas. Diversas
Ao se intercalar conteúdos relacionados, detec­ pesquisas científicas nas últimas décadas conse-
tamos semelhanças e diferenças, formando um guiram desvendar muitos mistérios em relação ao
corpo de conhecimento mais complexo e robusto, desempenho do cérebro. Dentre as descobertas,
algo que gerará uma memória mais densa e mais observou-se que alguns fatores são cruciais à me-
diversificada. Esse processo favorece o domínio mória e à aprendizagem, por exemplo: as emoções,
na área de conhecimento que a pessoa almeja os estados de ânimo, o nível de alerta/atenção, o
compreender. Ademais, aumenta as pistas de uma sono, a leitura e a intercalação.
informação, facilitando o processo de evocação. Todos esses aspectos são de suma relevância
Não bastando tudo isso, a intercalação é uma boa aos estudantes e, de igual maneira, aos professores.
maneira de executar o espaçamento. Como o estudo Todos devem conhecer o funcionamento cerebral
exige uma distribuição no tempo, seja das sessões de e os aspectos que podem impactar positiva ou ne-
aprendizagem ou de revisão, intercalar disciplinas gativamente na aprendizagem humana. Conhecer
ocasionará necessariamente um espaçamento. como o cérebro aprende possibilita aprender mais e
Um dos motivos de a intercalação ser útil se re- melhor. Por conseguinte, é preciso divulgar e siste-
laciona com a atenção. Como os humanos não con- matizar as pesquisas científicas de modo a oferecer
seguem manter a atenção durante longos períodos, a população brasileira todos esses conhecimentos
o foco atencional se perde. É um fenômeno natural. que podem contribuir significativamente na vida
Quando intercalamos os assuntos, conseguimos educacional das pessoas.
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Neuroplasticidade, memória e aprendizagem

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Correspondência
José Mário Chaves
Rua Doutor Benjamin Moss, 155/301 – Cidade Nova –
Belo Horizonte, MG, Brasil – CEP 31170-260
E-mail: jmariofilho@yahoo.com.br

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