O termo Memória se refere ao processo mediante o qual
adquirimos, formamos, conservamos e evocamos
informação. A fase de aquisição é coloquialmente chamada de “Aprendizagem”, enquanto a evocação recebe também as denominações: expressão, recuperação e lembrança. A aprendizagem é uma mudança relativamente duradoura de comportamento resultante da experiência. Ela ocorre quando os organismos se beneficiam da experiência para que seus futuros comportamentos sejam mais bem adaptados ao ambiente. Amnésia do lobo temporal medial Amnésia do lobo temporal medial Amnésia do lobo temporal medial Observações de Brenda Milner (1950) com lobectomia bilateral dos lobos temporais Paciente Henry Molaison (HM) (27 anos) Perda da memória a longo prazo após a cirurgia Manutenção da memória de curta duração Manutenção da memória de longa duração de fatos ocorridos antes da cirurgia Avaliação formal da amnésia anterógrada de HM TESTE DE REPETIÇÃO DE DIGÍTOS (Drachman e Arbit, 1966) TESTE DE DESENHAR COM ESPELHO (Milner, 1965) TESTE DE PERSEGUIÇÃO DO ROTOR (Corkin, 1968) TESTE DE IMAGENS INCOMPLETAS (Gollin, 1960) REFLEXO CONDICIONADO (CONDICIONAMENTO PAVLOVIANO)(Woodruff-Pak, 1993) TESTE DE REPETIÇÃO DE DIGÍTOS (Drachman e Arbit, 1966) TESTE DE DESENHAR COM ESPELHO (Milner, 1965) TESTE DE PERSEGUIÇÃO DO ROTOR (Corkin, 1968) TESTE DE IMAGENS INCOMPLETAS (Gollin, 1960) Amnésia do lobo temporal medial A memória para habilidades motoras foi mantida As tarefas que os pacientes tinham capacidade de aprender apresentavam duas características em comum: todas tinham uma qualidade automática as tarefas não exigiam o recordar consciente, nem capacidade cognitivas complexas como as de comparação e avaliação. As contribuições para a ciência do caso de HM A memória não é unitária Com base em como a informação é armazenada e recuperada, a memória pode ser classificada em: Memória Explícita ou Declarativa: aprendemos sobre “o que é” o mundo, adquirindo conhecimento sobre as pessoas, lugares e coisas, que é accessível à consciência. Memória Implícita ou Procedimental: é aquela com a qual aprendemos a “fazer coisas”, adquirindo habilidades motoras ou perceptivas. Os tipos e subtipos de memória e suas principais características Memória Explícita ou Declarativa A memória explícita codifica informações sobre eventos autobiográficos, bem como conhecimento de fatos. Sua formação depende de processos cognitivos do tipo da avaliação, comparação e inferência. As memórias explícitas podem ser recuperadas por ato deliberado de recordação Transformação da Memória Explícita Quão precisa é a memória explícita? A memória explícita para eventos passados é um processo criativo, refletindo um processo sintetizador ou reconstrutor. Durante a recordação da memória explícita, usamos diversas estratégias cognitivas para gerar uma memória consistente e coerente, incluindo comparações, inferências, palpites astutos e suposições. Memória Implícita Tem uma qualidade automática e reflexa e sua formação e recordação não são absolutamente dependentes da capacidade de ter ou tomar conhecimento. Esse tipo de memória se acumula lentamente em função de muitas repetições de uma determinada tarefa, é expressa por melhora no desempenho e, nas condições usuais, não por palavras. As formas Implícitas de Aprendizado podem ser Não-Associativas ou Associativas A medida do Aprendizado Não-Associativa: Habituação e Sensitização
Associativa: Condicionamento Clássico e Operante
Aprendizado Não-Associativo Ocorre quando o animal é exposto por uma vez ou por vezes repetidas a um só tipo de estímulo. Duas formas de aprendizado não associativo são muito comuns na vida diária: a habituação e a sensitização. Habituação: decréscimo da resposta a estímulos benignos repetidos. Sensitização (pseudocondicionamento): é o fortalecimento da resposta a ampla variedade de estímulos que se seguem a um estímulo nocivo intenso. Papel do hipocampo na memória As lesões do lobo temporal medial só interferem com o armazenamento de novas memórias de longa duração. Pacientes como HM conservam memória relativamente boa de eventos passados. Como isso acontece? Amnésia Amnésia é a perda de memória que pode ser total ou parcial, constante ou episódica, temporária ou permanente dependendo das causas. Amnésia: Causas Pode ser causada por diversas razões, entre elas: Doenças neurodegenerativas; Infecções do tecido neural (como por exemplo encefalites); Neurotoxinas; Acidente vascular cerebral; Traumas físicos (pancadas na cabeça por exemplo) e psicológicos. Alcoolismo e o uso de drogas. Alguns analgésicos e benzodiazepínicos (ansiolíticos) dificultam a formação de memórias enquanto estão ativos, por isso pacientes podem se esquecer do período que estiveram sedados Amnésia: Classificação Amnésia anterógrada É a perda de memória para eventos que ocorrem posteriormente ao acometimento da doença, ou seja, é a deficiência em formar novas memórias, como ocorre na doença de Alzheimer. Amnésia retrógrada Nesta outra forma de amnésia ocorre o inverso da amnésia anterógrada, porque a pessoa consegue se lembrar de eventos posteriores ao trauma, mas não consegue se lembrar de eventos anteriores a doença (trauma). Tipos de Amnésia Síndrome de Korsakoff Amnésia global transitória; Amnésia psicogênica (ou seja, de origem emocional); Amnésia alcoólica Amnésia após trauma físico (concussões) Amnésia da síndrome de Korsakoff Relacionada ao alcoolismo ou desnutrição Exames post-mortem revelaram lesões no diencéfalo medial (núcleos mediais do tálamo e hipotálamo) e lesões difusas em outras áreas como neocórtex e cerebelo. Amnésia anterógrada (semelhante à do lobo temporal medial) Amnésia retrógrada conforme a síndrome avança Amnésia Global transitória A amnésia dura algumas horas, não ultrapassando um dia, e a recuperação é completa. O indivíduo tem comportamento normal, porém não retém nenhuma informação durante o episódio, ou seja, tem amnésia anterógrada completa, há uma lacuna na memória dessa pessoa depois da recuperação. A causa desse problema não está, ainda, totalmente esclarecida, parecendo estar ligada à isquemia transitória afetando as partes internas do lobo temporal. Essa patologia tem curso benigno, sendo excepcional um segundo episódio. Amnésia Psicogênica É uma amnésia temporária que ocorre devido a traumas psicológicos e pode ser tanto quanto retrógrada ou anterógrada, a memória quase sempre volta dias após do começo da amnésia, em raros casos, o paciente perde a memória de alguns "trechos" de sua vida permanentemente. Em alguns casos, fotos e figuras ou até mesmo ilustrações podem ajudar com que o paciente se lembre de certos fatos, ou até mesmo evitar a sua perda. Amnésia Alcoólica Nesse tipo a pessoa apresenta amnésia sem a perda da consciência. A pessoa alcoolizada conversa e pode fazer exercícios físicos normalmente, mas quando o efeito da bebida alcoólica passar não se lembrará de nada que ocorreu durante o momento em que estava alcoolizada. Esse tipo de amnésia ocorre principalmente em pessoas que bebem excessivamente bebidas alcoólicas, mas podem occorrer em pessoas que bebem socialmente, ou não bebem e beberam bebidas alcoólicas excessivamente. Amnésia após concussões (amnésia pós-traumática) Gradientes de amnésia retrógrada e consolidação da memória Concussões perturbam preferencialmente as memórias recentes, isso sugere que o armazenamento das mais antigas foi fortalecido, isto é, consolidado. Teoria de Hebb Choque eletroconvulsivo Gradientes de amnésia retrógrada e consolidação da memória Amnésia na Doença de Alzheimer O Mal de Alzheimer, Doença de Alzheimer (DA) ou simplesmente Alzheimer é uma doença neurodegenerativa atualmente incurável, onde o tratamento tem por objetivo a melhora dos sintomas (paliativo) . O tratamento melhora a saúde, retarda o declínio cognitivo, controla as alterações de comportamento e proporciona conforto e qualidade de vida ao idoso e sua família. Foi descrita, pela primeira vez, em 1906, pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome. É a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos. Amnésia na Doença de Alzheimer – sintomas iniciais
Os primeiros sintomas são muitas vezes falsamente
relacionados com o envelhecimento natural ou com o estresse. Alguns testes neuropsicológicos podem revelar muitas deficiências cognitivas até oito anos antes de se poder diagnosticar o Mal de Alzheimer através dos exames de imagem e microscopia. Amnésia na Doença de Alzheimer – sintomas iniciais Perda de memória de curta duração; o paciente perde a capacidade de dar atenção a algo, perde a flexibilidade no pensamento; pode começar a perder a sua memória semântica. Nessa fase pode ainda já pode ser notada a apatia, como um sintoma bastante comum. É também notada uma certa desorientação de tempo e espaço. A pessoa não sabe onde está nem em qual ano está, em qual mês ou qual dia. Amnésia na Doença de Alzheimer – segunda fase Com o passar dos anos, conforme os neurônios morrem e a quantidade de neurotransmissores diminuem, aumenta a dificuldade em reconhecer e identificar objetos (agnosia) e na execução de movimentos (apraxia). Amnésia na Doença de Alzheimer – segunda fase A memória do paciente não é afetada toda da mesma maneira. As memórias mais antigas, a memória semântica e a memória implícita não são tão afetadas como a memória a curto prazo. Os problemas de linguagem implicam normalmente a diminuição do vocabulário e a maior dificuldade na fala, que levam a um empobrecimento geral da linguagem. Nessa fase, o paciente ainda consegue comunicar ideias básicas. O paciente pode parecer desleixado ao efetuar certas tarefas motoras simples (escrever, vestir-se, etc.), devido a dificuldades de coordenação. Amnésia na Doença de Alzheimer – terceira fase A degeneração progressiva dificulta a independência. A dificuldade na fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se lembrar do vocabulário. Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de ler e de escrever e deixa de conseguir fazer as mais simples tarefas diárias. Durante essa fase, os problemas de memória pioram e o paciente pode deixar de reconhecer os seus parentes e conhecidos. A memória de longo prazo vai-se perdendo e alterações de comportamento vão se agravando. Amnésia na Doença de Alzheimer – terceira fase
As manifestações mais comuns são a apatia,
irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de agressividade ou resistência à caridade. Aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvem ilusões e outros sintomas relacionados. Incontinência urinária pode aparecer. Onde as memórias são armazenadas? As evidências sugerem que cada memória é armazenada de forma difusa nas estruturas do cérebro que participaram de sua experiência. Onde as memórias são armazenadas? Onde as memórias são armazenadas? Córtex Ínfero-temporal: córtex sensorial secundário, memórias sensoriais. Ex. memórias visuais. Corpo Amigdalóide: memória do significado emocional das experiências (ex. ratos e choque elétrico). Córtex Pré-frontal: pctes com lesões nessa região não são totalmente amnésticos, porém apresentam déficits de memória para ordem temporal dos eventos (ex. cozinhar) Onde as memórias são armazenadas? Cerebelo: memórias de habilidades sensório motoras (ex. reflexo condicionado de piscar o olho em coelhos). Núcleo Estriado: acredita-se que armazene memórias para relações consistentes entre estímulos e respostas – o tipo de memória que se desenvolve de forma incremental no decorrer de muitas tentativas. Às vezes essa forma de aprendizagem baseada no estriado é chamada de formação de hábitos. (ex. Parkinson X lobo temporal medial)