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Aprendizagem e memória

Disfunções da memória
Amnésia
• Contrariamente ao esquecimento comum ocorrido
normalmente no dia-a-dia de nossas vidas, existem algumas
doenças no cérebro que causam séria perda de memória e
também interferem com a capacidade de aprender.

• A esta inabilidade dá-se o nome de amnésia.

• A perda de memória pode estar associada a determinadas


doenças neurológicas, a distúrbios psicológicos, a problemas
metabólicos e também a certas intoxicações.
Tipos de amnésias
• Amnésia retrógrada:
• Os eventos ocorridos antes do trauma (no momento ou meses
e anos antes) não serão lembrados, mas a pessoa se lembra
de coisas após o trauma.

• Amnésia anterógrada:
• Os eventos ocorridos após o trauma não serão lembrados. Em
casos mais severos, a pessoa pode ser incapaz de aprender
qualquer coisa nova, como é o caso de um paciente que todas
as vezes que encontrava o seu médico o cumprimentava como
se fosse a primeira vez que o visse.
• Amnésia transitória global:

• É uma forma de amnésia que dura um curto período de tempo


e envolve a amnésia anterógrada acompanhada pela
retrógrada.

• Este tipo de amnésia é causado por isquemia cerebral.


• Esta condição pode ser de origem orgânica ou psicológica.
• As formas orgânicas de amnésia estão normalmente associadas com
disfunção do diencéfalo ou hipocampo.
• Amnésia psicogênica hoje é conhecida como dissociativa, sendo definida
como uma incapacidade de recordar informações pessoais importantes, em
geral de natureza traumática ou estressante, demasiadamente extensa para
ser explicada pelo esquecimento normal, envolve um prejuízo reversível da
memória, no qual recordações da experiência pessoal não podem ser
recuperada sem uma forma verbal (ou, se são temporariamente recuperadas,
não podem ser completamente retidas na consciência).
• Causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento
social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
• Apresenta -se, com maior frequência, como uma lacuna ou série de lacunas
relatadas retrospectivamente, na recordação de aspectos da história de vida
do indivíduo.
Lacunas relacionadas a eventos traumáticos e
estressantes
• Alguns indivíduos podem ter amnésia para episódios de:
• Automutilação,
• Ataques violentos ou tentativas de suicídio.
• Com menor frequência, apresenta -se como um episódio
exuberante com aparecimento súbito.
• Esta forma aguda é mais provável em tempos de guerra ou em
resposta a um desastre natural.
Diversos tipos de distúrbios de memória foram descritos na
amnésia dissociativa.

• Amnésia localizada: O indivíduo não consegue recordar eventos


que ocorreram durante um período limitado de tempo , em geral
as primeiras horas após um evento profundamente perturbador

• Por ex., o sobrevivente que saiu ileso de um acidente


automobilístico no qual um membro da família morreu, pode não
ser capaz de recordar coisa alguma do que aconteceu desde o
momento do acidente até 2 dias mais tarde.
• Amnésia seletiva: A pessoa consegue recordar alguns, mas não
todos os eventos durante um período limitado de tempo (por
ex., um veterano de guerra consegue recordar apenas algumas
cenas de uma série de experiências de combate violento).
Três outros tipos de amnésia — generalizada,
contínua e sistematizada — são menos comuns:
• Amnésia generalizada: O fracasso em recordar abrange toda a
vida da pessoa. Os indivíduos com este raro transtorno em geral
se apresentam à polícia, a salas de emergência ou a serviços de
consultoria - ligação de hospitais gerais.

• Amnésia contínua: É definida como uma incapacidade de


recordar eventos subsequentes a um momento específico
(inclusive) até o presente.

• Amnésia sistematizada: Representa a perda de memória para


certas categorias de informações, tais como todas as recordações
envolvendo a própria família ou uma determinada pessoa.
Fatores que podem causar perda total
ou parcial da memória
• Alcoolismo crônico
• Tumor cerebral
• Concussão (perda de consciência de curta duração, decorrente de
traumatismo)
• Encefalite
• Drogas e Medicamentos (Não provoca amnésia mas, interferem no
processo de memorização)
• Cansaço/fadiga, Stress, Ansiedade, Depressão (Não provoca amnésia
mas, interferem no processo de memorização)
Conhecendo as estruturas cerebrais ligadas a
memória
• Está associando as áreas sensitivas primárias (tato, visão e audição)
as demais áreas corticais e ao hipocampo.

• Memória explícita ou declarativa: hipocampo, amígdala, três


regiões corticais temporais mediais (córtex entorrinal, córtex para-
hipocampal e córtex perirrinal), prosencéfalo basal, tálamo, córtex
pré-frontal, neocórtex.

• Memória implícita ou não declarativa: gânglios basais, córtex pré -


motor, tálamo, substância negra.
• A remoção bilateral do hipocampo leva à incapacidade de
formação de novas memórias, no entanto, não interfere em
aquisição, mas sim na consolidação dos dados.

• Provavelmente esta estrutura está relacionada à transferência de


informações da memória de curto prazo para a memória de
longo prazo.

• Essas lesões de hipocampo não tornam o indivíduo debilitado


intelectualmente ele somente não consegue armazenar novas
experiências. Curiosamente parece não interferir no
armazenamento de informações auditivas, que ficam
descontextualizadas.
• O lobo temporal contém o neocórtex temporal, que pode ser a região
potencialmente envolvida com a memória de longo prazo.

• Nesta região também existe um grupo de estruturas interconectadas


entre si que parece exercer a função da memória para fatos e eventos
(memória declarativa), entre elas está o hipocampo, as estruturas
corticais circundando-o e as vias que conectam estas estruturas com
outras partes do cérebro.
• O hipocampo ajuda a selecionar onde os aspectos importantes para
fatos e eventos serão armazenados e está envolvido também com o
reconhecimento de novidades e com as relações espaciais, tais como
o reconhecimento de uma rota rodoviária.
• A amígdala, por sua vez, é uma espécie de "aeroporto" do cérebro.
Ela se comunica com o tálamo e com todos os sistemas sensoriais do
córtex, através de suas extensas conexões.

• Os estímulos sensoriais vindos do meio externo como som, cheiro,


sabor, visualização e sensação de objetos, são traduzidos em sinais
elétricos, e ativam um circuito na amígdala que está relacionado à
memória, o qual depende de conexões entre a amígdala e o tálamo.

Conexões entre amígdala e hipotálamo,


onde as respostas emocionais
provavelmente se originam, permitem que
as emoções influenciem a aprendizagem,
porque elas ativam outras conexões da
amígdala para as vias sensoriais, por
exemplo, o sistema visual.
• O Córtex pré-frontal exibe também um papel importante na resolução
de problemas e planejamento do comportamento.

• Uma razão para se acreditar que o córtex pré-frontal esteja envolvido


com a memória, é que ele está interconectado com o lobo temporal e
o tálamo.
Biologia molecular e memória
• Cada célula cerebral (ou neurônio) contribui para o comportamento e
para a atividade mental, conduzindo ou deixando de conduzir
impulsos.
• Todos os processos da memória são explicados em termos dessas
descargas.
• As alterações celulares decorrentes da aprendizagem e memória são
chamadas de plasticidade.
• Elas se referem a uma alteração na eficiência das sinapses e podem
aumentar a transmissão de impulsos nervosos, modulando assim o
comportamento.
• Circuitos nervosos são conjuntos de neurônios que se comunicam
entre si através de junções denominadas de sinapses.
• Quando uma célula é ativada, é desencadeada a liberação de
substâncias químicas nas sinapses, chamadas neurotransmissores,
tornando-as mais efetivas.

• Pesquisas encontraram que neurônios "exercitados" possuem um


número maior de ramificações (dendritos) se comunicando com
dendritos de outros neurônios.

• Assim, para que as memórias sejam criadas, é preciso que as células


nervosas formem novas interconexões e novas moléculas de proteína.
• Plasticidade neuronal: A experiência produz alterações plásticas
no cérebro, incluindo o crescimento de dendritos e a formação
de sinapses.

• É uma propriedade que permite um desenvolvimento de


alterações estruturais dos circuitos neurais em resposta à
experiência e como adaptação a condições diversas e a estímulos
repetidos
O que é demência ?
• Demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um
grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no
funcionamento da pessoa.

• É um termo abrangente que descreve a perda de memória,


capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais e alterações
das reações emocionais normais.
Quem desenvolve Demência?

• Apesar da maioria das pessoas com Demência ser idosa, é importante


salientar que nem todas as pessoas idosas desenvolvem Demência e
que esta não faz parte do processo de envelhecimento natural.

• A demência pode surgir em qualquer pessoa, mas é mais frequente a


partir dos 65 anos.

• Em algumas situações pode ocorrer em pessoas com idades


compreendidas entre os 40 e os 60 anos.
Formas mais comuns de Demência
• A Doença de Alzheimer

• A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de Demência, constituindo


cerca de 50% a 70% de todos os casos.

• É uma doença progressiva, degenerativa e que afeta o cérebro.

• À medida que as células cerebrais vão sofrendo uma redução, de tamanho


e número, formam-se tranças neurofibrilhares no seu interior e placas
senis no espaço exterior existente entre elas.

• Esta situação impossibilita a comunicação dentro do cérebro e danifica as


conexões existentes entre as células cerebrais.
• Estas acabam por morrer, e isto traduz-se numa incapacidade de
recordar ou assimilar a informação.
• Deste modo, conforme a Doença de Alzheimer vai afetando as várias
áreas cerebrais, vão-se perdendo certas funções ou capacidades.

• Lembrem-se, nem todo paciente que esquece é portador de


demência e nem toda demência é Alzheimer.

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