Você está na página 1de 37

Hantavirose

Disciplina de Infectologia
Profa. Dra. Carla Sakuma

Acadêmicas
Ana Fernanda Daka Vieira
Andressa Naomy Tamura
Caroline Dresch Sabadin
Estefany Carolina Daka Moi
Gabriella Colodel Bazzi
Mariana Delariva Sakiyama
Lara Auana da Rosa
Introdução
É uma patologia de baixa prevalência e com alta mortalidade
A Hantavirose é uma zoonose viral aguda
Causada por RNA vírus
Família : Bunyaviridae
Gênero: Hantavírus, Bunyavirus, Phlebovirus, Nairovirus,
Tospovirus. Espécies: 300.
2 síndromes: FHSR ( Europa e Ásia) / SPCVH ( Américas)

Transmitida por roedores silvestres e


domésticos
Esférico, envelopado, 80-120 nm de
diâmetro e 3 seguimentos de RNA
1º forma de Hantavirose : FHSR - Febre
Hemorrágica com Síndrome Renal

1950 - Guerra da Coreia

2º forma de Hantavirose : SCPH - Síndrome


Cardiopulmonar por Hantavírus

1993- região Four Corners


Jovens saudáveis morreram em curto espaço de tempo da
Nação Indígena
No folclore indígena americano há referências à SCPH:
“... se você deixar ratos morarem em sua habitação, eles tomarão a respiração de suas
crianças”.
Brasil: novembro de 1993.
-> Juquitiba ( SP)
-> 3 irmão residentes em área rural
Situação epidemiológica da FHSR Situação epidemiológica da SCPH

Nefrosenefrite hemorrágica Nas Américas: Canadá até o sul da


Febre songo Argentina
Febre hemorrágica epidêmica A maioria dos estados americanos
tem transmissão da infecção por
Vírus Hantann

hantavírus, mas a maior parte dos


casos ocorre no sudoeste americano
endêmica:
e nas estações da primavera e verão.
Ásia - China e Coreira

Europa - países escandinavos, países


dos Bálcãs , França, Alemanha,


Grécia.

Epidemiologia no Brasil

Notificados: 1.060 casos e 410 óbitos no período;


Letalidade por hantavirose foi de 39,0%
Prevalência: sexo (37,4% no masculino e 42,6% no
feminino), idade (maior letalidade em idosos e
crianças) e regiões nacionais (46,2% no Norte, 32,9%
no Sul); a maioria dos indivíduos que morreram
morava em zona urbana (58,3%) e foi infectada na
zona rural (70,2%).
Epidemiologia no Paraná
Em 1998, a hantavirose apareceu no Paraná no município de Bituruna
Reservatório
Roedores silvestres, pequenos mamíferos e
ratos domésticos
Pode ou não causar infecção crônica
Eliminam o vírus por meio de suas excretas
durante semanas, meses ou por toda a vida
(em torno de dois anos), sendo que essa
eliminação é muito maior nas primeiras três
a oito semanas pós-infecção.
Local
Nos estados: SP, MG, GO, MT e MS tem
predomínio da espécie de roedor Bolomys
lasiurus;
Nos estados do sul do país o roedor
transmissor parece ser outro, o
Oligoryzomis nigripes;
Risco de infecção
Qualquer local infestado por roedores → paióis de fazenda, galpões
para armazenamento de grãos, porões ou sótãos de casas velhas ou
abandonadas, habitações construídas ao lado de matas ou outros
ambientes silvestres e também na zona urbana.

Risco ocupacional
Ocupacional (cerca de 70% dos casos)
Lavradores, soldados, acampados e trabalhando em áreas rurais,
especialmente os encarregados da limpeza de paióis, celeiros e galpões
para o armazenamento de alimentos e ração.
Além de fazendeiros, engenheiros agrônomos, veterinários, geólogos,
trabalhadores da construção civil (que fazem obras em zonas rurais) e
biólogos, que se dedicam ao estudo de pequenos mamíferos.
Obs. Esses profissionais apresentaram anticorpos circulantes mesmo sem manifestação da doença.
Transmissão
Inalação de aerossóis, formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores
infectados (mais frequente) Maior concentração do vírus
Outras formas menos comuns
Percutânea: escoriações cutâneas ou mordedura de roedores;
Contato do vírus com mucosa (conjuntival, da boca ou do nariz), por meio de
mãos contaminadas com excretas de roedores;
Transmissão pessoa a pessoa (forma rara)
Episódios na Argentina e no Chile, associados ao Ortohantavirus andes.
Transmissão vertical
Dois casos na Coreia: resultou em aborto e morte fetal.

Período de incubação
Varia entre 3 dias a 60 dias.
A maior parte dos casos apresenta os primeiros sinais da doença em
torno de duas semanas após a exposição.
Ciclo
1) Chuvas 6) Inalação de partículas
contaminadas

4) Excreta:
transmissão a
outros roedores
2) Maior
disponibilidade de
alimento
5) Pulverização de
partículas

4) Excreta: fezes,
3) Aumento da população de roedores saliva e urina
Fisiopatologia

Os vírus não são diretamente citopáticos;

A resposta imune a esses microrganismos, que é


exagerada, acaba sendo responsável pela gravidade da
doença (FHSR e SCPH);
aumento na permeabilidade do endotélio vascular

trombocitopenia aguda
Fisiopatologia
Aumento na permeabilidade do endotélio vascular

TNF α, IL-1, INF γ


fator ativador de plaquetas e
leucotrienos

Linfócitos T CD8

rins com volume


aumentado e
edematosos;
pulmões congestos;
Macrófagos

Fisiopatologia

Trombocitopenia aguda

Hemorragias na pele,
mucosas, átrio direito e
vários outros órgãos

vírus possuem a capacidade de aderir às plaquetas


sanguíneas, desencadeando sua retirada da circulação.
Manifestações clínicas
A SCPH em sua forma clássica pode evoluir em quatro fases distintas:

1- Prodrômica
2- Cardiopulmonar
3- Diurética
4- Convalescença
Manifestações clínicas
1- Fase Prodrômica
Pode durar de 1 a 6 dias podendo chegar até 15 dias.
Febre
Mialgias
Sinais e Sintomas: Dor dorsolombar
Dor abdominal
Astenia
Cefaleia Intensa
Sintomas gastrointestinais
Tosse seca no final da fase (náuseas, vômitos, diarreia).
Manifestações clínicas
2 - Fase Cardiopulmonar
Pode durar de 4 a 5 dias Tosse seca (pode ser produtiva)
Febre
Dispneia
Taquipneia
Sinais e Sintomas:
Taquicardia
Hipotensão
Edema pulmonar não cardiogênico
Choque circulatório
Manifestações clínicas
3 - Fase Diurética
5 dias, podendo prolongar-se bem menos intensa, até a convalescença

Sinais e Sintomas: Alterações de permeabilidade do


endotélio dos vasos
Recuperação hemodinâmica
Diurese intensa
Manifestações clínicas
4 - Fase de Convalescença
Prolongada (2 semanas até 2 meses)

Sinais e Sintomas:
Adinamia
Prostração
Melhora dos sintomas
Diagnóstico Diferencial
Doenças infecciosas
Fase Prodrômica Pielonefrite

Abdome agudo

Doenças infecciosas

Síndrome da Angústia
Fase de Convalescença
Respiratória Aguda – Sara
Doença autoimune
Edema agudo de pulmão de
origem cardiogênica
Febre Hemorrágica com Síndrome Renal
Período de Incubação: 7-42 dias
Endêmica na Ásia e Europa;
Infecções assintomáticas ou oligossintomáticas são comuns;
Alteração endotelial (altera permeabilidade, vasodilatação, transudação de fluido,
edema e hemorragias);
Taxa de mortalidade 1-10%;
Pode ser dividida em 5 fases:
1. Febril
2. Hipotensiva
3. Oligúrica
4. Diurética
5. Convalescença
Manifestações clínicas
1- Fase Febril 2-Fase Hipotensiva
A partir dessa fase, os pacientes podem se recuperar Pode ocorrer antes do quinto ou sexto dia de sintomas.
lentamente ou evoluir com hipotensão e choque.

Sinais e Sintomas: Sinais e Sintomas:


Taquicardia
Febre elevada
Hipotensão
Calafrios
Choque
Cefaleia
Hemorragias (mucosas e SNC)
Mialgias
Dor abdominal, náuseas e vômitos
Hiperemia cutânea Os sintomas podem ser leves ou
Petéquias (palato mole e axilas) evoluir para choque refratário.
Fígado palpável em alguns casos
Manifestações clínicas
3- Fase Oligúrica 4-Fase Diurética
Geralmente ocorre 24 horas após fase hipotensiva.

Sinais e Sintomas: Sinais e Sintomas:


Oligúria Poliúria (3 a 6 litros por dia)
Anúria Hipertensão arterial

Diálise pode ser necessária


Manifestações clínicas
5 - Fase de Convalescença
Sinais e Sintomas:
Adinamia
Sensação de fraqueza
Melhora dos sintomas
Características clínicas da FHSR, segundo diferentes
linhagens do vírus Hantaan
Síndrome Cardiopulmonar
Período de Incubação: 0-33 dias
É uma doença febril aguda caracterizada pelo grave acometimento
cardiovascular e respiratório, sendo clinicamente semelhante à SARA, e podendo
ser confundido com dengue e leptospirose em áreas endêmicas;
A taxa de fatalidade pode passar de 50% dos casos, sendo que no Brasil, no
período entre 2007-2015, a forma clínica síndrome cardiopulmonar foi
responsável por 80% das mortes.
Síndrome Cardiopulmonar
PRÓDROMO (3-6 dias)
Febre, mialgia, náuseas, diarreia, tosse e dispneia e outros sintomas
inespecíficos;

FASE CARDIOPULMONAR
Após iniciada, a doença progride rapidamente necessitando de
hospitalização e assistência ventilatória em até 24 horas;
Também pode haver hiperemia conjuntivas e congestão facial em
alguns casos;
Progressiva infiltração de líquido e proteínas no interstício alveolar.
Síndrome Cardiopulmonar
ALTERAÇÕES Taquipneia
Hipoxemia grave (mais de 90%)
CLÍNICAS Taquicardia
Choque e depressão
Hipotensão
miocárdica

Também pode acometer outras regiões, como rim e músculos.


Muitos pacientes ficam dias na VM;
Pode ocorrer morte em poucas horas.
Síndrome Cardiopulmonar
ALTERAÇÕES CLÍNICAS DA FASE CARDIOPULMONAR

Após 12 horas: velamento de ambos os pulmões por


Infiltrado instersticial e alveolar difuso bilateral edema alveolar
Síndrome Cardiopulmonar
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS NÃO
INFECCIOSOS INFECCIOSOS

Pneumonias comunitárias SARA

Leptosprose Edema agudo de pulmãode origem


Psitacose cardiogênica
TB Pneumonia intersticial de curso agudo por
Rickettsiose colagenopaias (AR, LES)
Outras Doença pulmonar prévia
Pneumotórax espontâneo

O CHOQUE DA SÍNDROME CARDIOPULMONAR É


DIFERENTE DO CHOQUE SÉPTICO, UMA VEZ QUE TEM
ALTA RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA E ÍNDICE
CARDÍACO BAIXO.
Diagnóstico
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
IgM- Fase inicial, início dos sintomas, até 2 a 3 meses
Testes sorológicos
IgG- Utilizada em estudos epidemiológicos, detecção de infecção viral
anterior
ELISA

RT-PCR
método diagnóstico molecular

7 a 10 dias
Diagnóstico
EXAMES COMPLEMENTARES Síndrome cardiopulmonar

Avaliar as formas graves da doença

Hemograma (leucocitose com desvio a esquerda -


presente ou não, linfocitose atípica,
trombocitopenia)
Eletrólitos
Gasometria arterial (acidose metabólica)
Função renal
lactato arterial
Coagulograma (febre hemorraágica)
Urina 1 (hematúria,proteinúria)
CPK Infiltrado pulmonar bilateral + focos de alveolização
Desidrogenase láctica
Prevenção
Utilizar medidas que impeçam o contato do homem com roedores silvestres e
suas excretas
Roçar o terreno em volta da casa dar destino adequado aos entulhos existentes

Manter alimentos estocados em recipientes


fechados e à prova de roedores.
Eliminar os resíduos que possam servir para
abrigos, construções de tocas e ninhos,
assim como reduzir as fontes de água e
alimento para o roedor;

Trabalhadores que necessitam manipular


roedores silvestres e/ou armadilhas com
roedores devem utilizar respiradores ou
máscaras com filtro PFF3, além de outros EPI,
como luvas e óculos.
Tratamento

Não existe tratamento específico para hantavírus.


Todo caso suspeito de síndrome cardiopulmonar deve ser removido para Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) o mais breve possível .
O tratamento da doença é baseado nos sintomas clínicos.
Recomenda-se o isolamento do paciente em condições de proteção com barreiras
(avental, luvas e máscara dotadas de filtros N95).
Referências
https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Hantavirose#:~:text=A%20Hantavirose%20%C3%A9%
1 20uma%20zoonose,Cardiopulmonar%20por%20Hantav%C3%ADrus%20(SCPH).

Manual de vigilância, prevenção e controle das hantaviroses / Ministério da Saúde,


2 Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2013.

VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto. Tratado de infectologia. 5 edição. Rio de


3
Janeiro: Atheneu Editora, 2015.

Magnitude e distribuição dos óbitos por hantavirose no Brasil, 2007-2015*: Lidsy Ximenes
4 Fonseca1 – orcid.org/0000-0002-0831-400X ;Stefan Vilges de Oliveira2; Elisabeth Carmen
Duarte3
Munir N, Jahangeer M, Hussain S, Mahmood Z, Ashiq M, Ehsan F, et al. Hantavirus diseases
5
pathophysiology, their diagnostic strategies and therapeutic approaches: A review. Clin
Exp Pharmacol Physiol (2021)
Referências
Ferreira MS. Hantaviroses. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2003
6 jan-fev; 36(1): 81-96.

7 https://veterinaria.ufra.edu.br/images/tcc-defendidos/2019
2/INDIANA_CORREA_NOGUEIRA.pdf

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_prevencao_controle_hantavi
8
roses.pdf

9 https://protocolos.hcrp.usp.br/exportar-pdf.php?idVersao=856

10
Gratas!!

Você também pode gostar