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Instituto Médio Politécnico e Profissionalizante

Curso: Técnico de Medicina Geral-Noite

Cadeira: Gereatria

Tema: Demência e Delirium

Discentes:
Clotilde Carolina
Gonsalves Francisco
Inadorca Aderito
Sheila Micas
Osvalda Agostinho
Ângela Nhamahango

Docente: Rasaque Cumba

Maputo, aos Abril de 2023


Introdução
O presente trabalho aborda duas síndromes que afectam o sistema nervoso. Destacar que a
demência é uma síndrome que não se acompanha de uma alteração da consciência, característica
fundamental que a diferencia do Delirium. As duas patologias afectam principalmente os idosos
por serem doenças degenerativas. E bastante importante entender os síndromes para melhor
diagnostico e conduta por parte dos técnicos de medicina
Epidemiologia

A sua prevalência e incidência aumentam com o avançar da idade. É incomum antes dos 50 anos.

No geral, em indivíduos com mais de 65 anos a prevalência é de cerca de 7%, entre os 65 a 69


anos é de apenas 1 a 2% e aumenta para 20 a 25% na faixa etária de 85 a 89 anos.

A prevalência média de demência, acima dos 65 anos de idade, é de 2,2% na África, 5,5% na
Ásia, 6,4% na América do Norte, 7,1% na América do Sul e 9,4% na Europa.

A incidência de novos casos de demência é de 1 por 100 por ano aos 70 anos e se eleva para
cerca de 2 a 3 novos casos por 100 por ano aos 80 anos.

Comparativamente, acomete mais mulheres do que homens, porque as mulheres vivem muito
mais tempo. No entanto, homens e mulheres têm um risco igual de desenvolver demência.

Anatomia do cérebro

O SNC divide-se em duas estruturas principais:

 O encéfalo – que é composto pelo cérebro, cerebelo e tronco cefálico

 Medula espinhal

Cérebro.

É a maior (entre 1.200 e 1.400 gramas de peso) e mais desenvolvida estrutura do encéfalo. Um
órgão único, simétrico sagitalmente, representado por dois hemisférios cerebrais (direito e
esquerdo) unidos por uma ponte de matéria branca, o corpo caloso, e por diferentes estruturas
mal delimitadas, os núcleos da base, que entram em contacto já com o diencéfalo.

A superfície dos hemisférios é o chamado córtex cerebral, de matéria cinzenta (uns 3-5 mm de
espessura, contendo bilhões de corpos neuronais) e é formada por numerosas pregas de tecido
neural que aumentam muito a sua superfície total, chamadas giros, que estão separadas umas de
outras por sulcos.
As áreas que recebem ou enviam fibras desde ou para níveis inferiores têm sido chamadas como
áreas de projecção do córtex. As mais importantes são:

 Córtex frontal:
 Áreas anteriores (giros pré-frontais), relacionadas com o comportamento
emocional.
 Áreas posteriores (giros pré-centrais ou pré-rolándicos), que respondem pelas
actividades motoras esqueléticas (área motora).
 Área lateral (giro superior ao sulco de Sílvio), que é o área motora da fala (de
Broca).

 Córtex parietal:

 Áreas anteriores (giros pós-centrais ou pós-rolándicos), que respondem pela


sensibilidade cutânea (área somestésica).

 Córtex temporal:

 Áreas superiores (giro inferior ao sulco de Sílvio), que é a área sensorial da


audição (de Wernicke).

 Córtex occipital

 Áreas mais posteriores, que é a área sensorial da visão.

Córtex cerebral

Córtex parietal

Occi-
pital

Imagem cortesia de Gray’s Anatomy, 1918


Imagem cortesia de NIH
Demência
A demência é uma síndrome devido à uma doença cerebral, geralmente de natureza crónica ou
progressiva, afecta numerosas funções cognitivas como: a capacidade de aprendizagem,
memória, orientação, pensamento, compreensão, a linguagem. Pode ocorrer qualquer idade mas,
afecta principalmente idosos. Tem um inicio lento, geralmente é irreversivel.

Classificação
A demência classifica-se em:
 Demência na Doença de Alzheimer: precoce e tardia;
 Demência vascular;
 Demência associada à outras doenças: associada à Doença de Parkinson e à Doença por
Infecção pelo HIV.

Particularidades de cada tipo de Demência


a) Demência na doença de Alzheir
É uma doença degenerativa, sem factor etiológico determinado e é responsável por 80% dos
casos de demência.
O transtorno é usualmente insidioso no início e se desenvolve lentamente mas continuamente
durante um período de vários anos. A Doença de Alzheimer produz atrofia progressiva, perda
das habilidades de pensar, raciocinar e memorizar, que afecta as áreas da linguagem, produzindo
alterações no comportamento.
A Demência, tem um curso de deterioração relativamente rápido e com transtornos múltiplos e
marcantes das funções corticais superiores.
Demência na doença de Alzheimer com início após a idade de 65 anos. Evolui lentamente e se
caracteriza essencialmente por uma deterioração da memória.

b) Demência vascular
A demência vascular é o resultado do enfarto cerebral devido à doença vascular, inclusive a
doença cerebrovascular hipertensiva. O seu início dá-se, em geral, na idade avançada.
c) Demência em outras doenças
Casos de demência devida a, ou presumivelmente devida a, outras causas que não a doença de
Alzheimer ou doença cerebrovascular. Podemos mencionar como exemplos a demência na
doença de Parkinson (doença degenerativa crónica e progressiva do SNC) e na infecção pelo
HIV.

Quadro Clínico
Os principais sintomas são:
 Alterações cognitivas: diminuição da memória, dificuldade em compreender
comunicação escrita ou verbal, dificuldade em encontrar palavras, esquecimento de
factos de conhecimento comum (ex: nome de presidente), perda em lugares familiares e
não reconhecimento das pessoas.
 Sintomas psiquiátricos: apatia, depressão, ansiedade, insónia, delírios e alucinações.
 Alterações de personalidade: comportamentos inapropriados, isolamento social,
frustração excessiva, dificuldade na realização de tarefas domésticas (ex: limpeza,
cozinhar) e actividades individuais (ex: vestir, higiene pessoal).

Diagnóstico
O diagnóstico é essecialmente clínico, e é estabelecido com base na anamnese e no exame
clínico do paciente que deve incluir sempre o exame do estado mental e o exame físico dos
demais aparelhos e sistemas. Deve-se recorrer aos exames auxiliares de diagnóstico para excluir
as perturbações mentais de causa orgânica e com base na avaliação do doente determinar o tipo
de síndrome apresentado E importante fazer correctamente o exame do estado mental para o
diagnostico correcto da doença focalizando se nas seguintes perguntas.
Algumas perguntas são úteis para apoiar no diagnóstico destas entidades:
 Sente-se Confuso? Tem-se esquecido das coisas com facilidade?
 Tem dificuldades de memorização? Distrai - se com facilidade Tem ouvido, visto ou
sentido coisas estranhas? Tem-se esquecido de pessoas ou lugares já conhecidos? Há
quanto tempo?
 Há flutuações no comportamento? Sente-se incapaz de realizar tarefas domésticas ou de
tomar conta de si?
 Antecedentes pessoais: doença cardiovascular, de quedas não explicadas, de infecções,
doenças metabólicas, abuso de álcool?
 Toma alguma medicação (que possa afectar a memória, atenção, capacidade de pensar)

Conduta
Tratamento Psicológico
Oferecer informações gerais ao paciente e familiares/acompanhantes:
 Explicar eu o seu tratamento é basicamente sintomático.
 Oferecer apoio psicossocial incluindo terapia familiar, se disponível.
 Garantir a qualidade de vida do paciente e cuidadores.
 Explicar sobre a importância das consultas de seguimento regulares para controlo.
 Importância de praticar exercício físico regular, abster se das drogas e cumprir com o
tratamento.
 É importante continuar com as actividades normais que sejam interessantes e que
proporcionem prazer.

Tratamento Farmacológico e encaminhamento


Ao nível do TMG, a administração de psicofármacos só deverá ocorrer nos casos de urgências e
que necessitem de estabilização antes de serem referidos.
As situações de urgência associadas a demência são: agitação psicomotora e sintomas psicóticos.
Nestas condições, para estabilização inicial, o TMG deverá administrar: haloperidol injectável,
na dose de 2,5 a 10 mg IM (excepcionalmente IV) de início e depois 5 mg a cada 4 a 8 h
conforme as necessidades, enquanto se aguarda para transferir. Alternativamente pode-se
administrar por via oral. Ao haloperidol deve-se associar a prometazina (ampolas de
50mg/2ml) na dose de 1 a 2 ampolas por via IM (excepcionalmente IV).
Os pacientes devem ser referidos para seguimento psiquiátrico e psicológico após devida
estabilização.
Delírio
É uma síndrome neuro--psiquico orgânica aguda e subito, caracterizado pela alteração do nível
de consciência do indivíduo, desde obnubilação até o coma, acompanhado de muitas alucinações
visuais, auditivas, tácteis e desorientação temporo-espacial.

Etiologia
O Delírio pode ser causado por:
Doenças sistémicas: infecções (ex: infecções de trato urinário, pneumonia).
Traumatismos, distúrbios hidroeletroliticos, desidratação.
 Substâncias: álcool, cocaína, anfetaminas, corticoides, sedativos e outros
 Doenças físicas gerais: malária, meningite, hipoglicémia, hipoxia, insuficiência hepática
e outras
 Doenças físicas neurológicas: epilepsia, traumatismo crânio encefálico, encefalite,
tumores, e outras
 Outras condições: Síndrome de abstinência alcoólica (Delirium Tremens)

Quadro Clínico
 Alteração de consciência (sinal mais importante para diagnóstico).
 Redução da percepção do ambiente, desorientação temporal e espacial
 Diminuição da memória e da concentração
 Alucinações visuais, ideias delirantes transitórias de tipo persecutório.
 Irritabilidade, comportamento agressivo

Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico, e os exames auxiliares são necessários para identificar a
causa de base, nos casos em que o Delirium tem como causas as doenças orgânicas. Perguntas
importantes na anmenese dos pacientes com suspeita de delirium:
 Início dos sintomas?
 Ouve vozes, vê coisas estranhas?
 Tem ideias de perseguição?
 História de consumo de drogas?
 Presença de febre?
 Sinais e sintomas de insuficiência orgânica (cardíaca, renal, hepática)?
 História de convulsões?
 Acidente recente com traumatismo cranioencefálico?

Conduta
O Delirium como síndrome cerebral orgânico agudo constitui uma emergência médica que deve
ser tratada de forma agressiva.
O tratamento é baseado na identificação e tratamento da causa de base (antibioterapia, suspender
substância responsável no caso de intoxicação). Após a estabilização da condição médica ou
orgânica, se necessário, estes pacientes deverão ser referidos para seguimento em psiquiatria.
Conclusão

Foram abordados duas patologias que afectam principalmente a população idosa.

A demência e delirium são patologias que requerem, muita atenção para o seu diagnostico e
conduta.

Espera se eu os técnicos de medicina tenham capacidade para fazer o diagnostico, estabilizar e


referir os pacientes que se apresentarem com estas síndromes.
Bibliografia
 Classificação dos Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Artes Médicas,
Porto Alegre; 1993.
 DSM-IV. Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Associação
Americana de Psiquiatria. 4ª Edição. Climepsi, Lisboa; 1996; Oxford University Press,
Oxford; 2002.
 Valejo R, Masson, J. Introducción a la Psicopatología y la Psiquiatría. Barcelona; 2002.
 http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1341/demencias
www.saude.mg.gov.br/publicacoes/linha-guia/manuais/

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