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FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA

Psicologia da Saúde

SÍNDROME ORGÂNICO CEREBRAL

Discente: Victoria Aderito Fanheiro


Docente: Dr. Mazuze

Maputo, Maio de 2023

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
Contextualização

O presente trabalho tem como tema: Síndrome Orgânico Cerebral. A síndrome


orgânico cerebral é um termo geral que descreve a diminuição da função mental devido
a uma doença, exceto uma doença psiquiátrica. Trata-se de desordens neurocognitivas
que conduzem frequentemente à função mental danificada. Portanto, uma função mental
danificada pode incluir: problemas com a memória; mudanças no comportamento;
dificuldade em entender a linguagem e problemas ao realizar atividades diárias.

Objetivos

Geral

 Conceptualizar a síndrome orgânico cerebral, sua classificação e caraterização.

Específicos

 Identificar o conceito de síndrome orgânico cerebral;


 Ilustrar a Classificação e caraterização da síndrome orgânico cerebral;
 Descrever os Sintomas primários e secundários da síndrome orgânico cerebral;
 Identificar as causas, o diagnóstico e o tratamento da síndrome orgânico
cerebral.

Metodologia

O trabalho foi realizado por meio de levantamento bibliográfico, sendo os dados obtidos
através de, artigos científicos, Dissertações já publicadas sobre o tema, assim como
livros de autores que se baseiam em uma perspectiva da síndrome orgânico cerebral. A
pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos. A pesquisa bibliográfica é importante
pois, possibilita um alcance amplo de informações, além de permitir a utilização de
diversos dados de várias publicações, contribuindo também na construção, ou na melhor
definição do quadro conceitual que envolve o objecto de estudo proposto (GIL, 2002).
CAPÍTULO II: SÍNDROME ORGÂNICO CEREBRAL

Conceito

A síndrome orgânico cerebral é um termo geral que descreve a diminuição da função


mental devido a uma doença, exceto uma doença psiquiátrica. Trata-se de desordens
neurocognitivas que conduzem frequentemente à função mental danificada. Portanto,
uma função mental danificada pode incluir: problemas com a memória; mudanças no
comportamento; dificuldade em entender a linguagem e problemas ao realizar
atividades diárias (APA, 2002).

A síndrome orgânico cerebral sem etiologia específica, caracteriza-se pela presença


simultânea de perturbações da consciência e da atenção, da percepção, do pensamento,
da memória, do comportamento psicomotor, das emoções e do ritmo vigília-sono. A
duração é variável e a gravidade varia de formas leves a formas muito graves.

No entanto, algumas doenças físicas ou condições médicas, como lesão cerebral,


comprometimento neurológico, cirurgia, trauma físico ou mental extremo, também
podem afetar o funcionamento do cérebro. A síndrome orgânico cerebral não é uma
doença, em vez disso, é um termo usado para se referir a qualquer uma das condições
causadas devido à diminuição gradual do funcionamento do cérebro.

Neste fenômeno observa-se que as células cerebrais podem ser danificadas devido a
uma lesão física (uma pancada grave na cabeça, acidente vascular cerebral, exposição a
substâncias químicas e tóxicas, doença cerebral orgânica, abuso de substâncias, etc.)
abuso e trauma psicológico grave. Uma pessoa afetada com esta condição pode ser
capaz de pensar, lembrar, compreender e aprender, mas o julgamento da pessoa pode ser
tão pobre que é necessária uma supervisão contínua (DALGALARRONDO, 2000).

Portanto, quando são deixados sem vigilância, os sintomas podem piorar, causando
mais problemas. A pessoa com essa síndrome pode vir a desenvolver problemas na
memória, dificuldade de compreensão, mudanças comportamentais, confusão mental,
distúrbios visuais e fortes dores de cabeça. Sintomas que podem interferir as tarefas do
dia a dia. A síndrome orgânicos cerebrais podem ser temporários ou agudos (delírio) ou
permanentes e crônicos (demência).
Classificação e caraterização de síndrome orgânico cerebral

Classificação

De acordo com APA (2002), a síndrome orgânico cerebral tem uma dupla classificação,
que se distingue principalmente pelo tempo de início. Portanto, o síndrome orgânico
cerebral pode ser:

Temporários ou Agudo (delírio)

Trata-se de um estado mental de aparecimento recente. Pode ser causada por


intoxicação ou overdose de substâncias psicoativas, infecções e doenças médicas que
afetam o sistema nervoso. Geralmente são episódios temporários, embora possam
ocorrer em diferentes ocasiões. Por exemplo, pode ser o caso de delírio (APA, 2002).

Permanentes ou Crônicos (demência)

Trata-se de manifestações que se mantêm a longo prazo. Geralmente é o caso da


dependência crônica de substâncias psicoativas, como drogas ou álcool, cujos efeitos
tóxicos nas estruturas cerebrais podem modificar significativamente as funções neurais
e cognitivas. Também pode ser o caso de distúrbios neurodegenerativos, diferentes tipos
de demência ou pode ocorrer como resultado de acidentes cardiovasculares (APA,
2002).

Caraterização

De acordo com FRANCES (2004), a síndrome orgânico cerebral também pode ser
chamada de doença cerebral orgânica, distúrbio cerebral orgânico, síndrome mental
orgânica ou distúrbio mental orgânico. Caracteriza-se por ser uma condição cuja causa
está relacionada à estrutura fisiológica, e não à atividade mental pura, por isso é
conhecida como síndrome orgânico.

No entanto, não é um critério diagnóstico específico, mas sim uma caraterização geral,
que engloba um conjunto de manifestações clínicas cuja característica comum é serem
causadas ou relacionadas a estruturas físicas. Em outras palavras, existem condições
médicas que alteram diretamente a atividade fisiológica do sistema nervoso. Essa
alteração pode se tornar visível no comportamento, no estado de espírito ou nas
experiências subjetivas e cognitivas como em seus pensamentos, crenças, percepções,
sensações, etc.
Portanto, em alguns casos, isso causa sofrimento clinicamente significativo, levando a
um diagnóstico psiquiátrico. Com a intenção de fazer uma avaliação e uma intervenção
que leve em conta os elementos fisiológicos que podem estar por trás dos
comportamentos ou da atividade cognitiva que causam esse desconforto, foi criada a
categoria de síndrome cerebral orgânica.

Sintomas primários e secundários

Os sintomas da a síndrome orgânico cerebral dependem da parte do cérebro afetada e da


condição que causou esse distúrbio. Portanto, os sintomas da a síndrome orgânico
cerebral inclui:

 Perda de memória: A pessoa pode esquecer (não conseguir identificar?)


familiares e amigos;
 Confusão: Eles podem estar confusos e podem não ser capazes de reconhecer
onde estão ou o que está acontecendo;
 Dificuldade em entender conversas ansiedade e medo;
 Incapacidade de focar ou concentrar
 Perda de memória de curto prazo (pode haver amnésia temporária)
 Dificuldade em realizar tarefas rotineiras;
 Dificuldade em controlar os movimentos musculares voluntários;
 Distúrbio visual
 Julgamento pobre
 Pode ter problemas para se equilibrar (andar, ficar de pé)
 Ocasionalmente, a pessoa pode demonstrar extrema raiva ou ter ideias
paranoicas.

Causas

De acordo com CHENIAUX (2015), existem vários fatores que podem levar a síndrome
orgânico cerebral.

Condições físicas ou médicas que causam transtorno mental orgânico

 Lesão cerebral por trauma


 Sangramento dentro do cérebro (hemorragia intracerebral)
 Sangramento no espaço ao redor do cérebro (hemorragia subaracnóidea)
 Coágulo de sangue dentro do crânio causando pressão no cérebro (hematoma
subdural).

Condições respiratórias

 Baixo oxigênio no corpo


 Altos níveis de dióxido de carbono no corpo

Condições cardiovasculares

 AVC Demência devido a muitos derrames


 Infecções cardíacas
 Ataque isquêmico transitório (AIT)

Outras causas

 Síndrome amnésica orgânica: Uma síndrome que causa comprometimento


proeminente da memória recente e remota enquanto a recordação imediata é
preservada. A capacidade de aprender coisas novas diminui com o tempo.
 Delirium: Uma síndrome cerebral orgânica aguda, mas temporária, que afeta a
consciência, a atenção, a percepção, o pensamento, a memória, o
comportamento e o horário sono-vigília.
 Transtornos de personalidade e comportamento devido a doença, dano ou
disfunção cerebral.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito através da conversa com o médico relatando as queixas e


confirmadas com exames (como ressonância e tomografia). Alguns dos sintomas podem
ser semelhantes aos que ocorrem em qualquer doença mental. Ademais, também
exames de sangue, punções lombares ou um eletroencefalograma podem ser
administrados para diagnosticar a síndrome orgânica cerebral.

Daí que o especialista em saúde mental precisa realizar diversos testes e exames para
fazer o diagnóstico correto. Portanto, alguns dos testes incluem:

 Ressonância Magnética: para verificar danos cerebrais;


 Tomografia por emissão de pósitrons: para encontrar áreas danificadas no
cérebro Marcadores de líquido cefalorraquidiano para procurar sinais de
infecção, como meningite bacteriana.
Tratamento

O tratamento para a síndrome orgânico cerebral varia de acordo com a causa subjacente
do transtorno. A medicação pode ser prescrita ou a terapia de reabilitação pode ajudar
os pacientes a recuperar a função nas partes do cérebro afetadas pelo transtorno mental
orgânico. Ou seja, o tratamento é feito com o uso de medicamentos, repouso,
fisioterapia, terapia ocupacional e sessões de psicoterapia e varia de acordo com a causa
e gravidade da síndrome orgânico cerebral (CASSEM, 1998).

Na mesma linha de pensamento FRANCES (2004), entende que o tratamento depende


da gravidade da lesão ou do tipo de doença que causa essa condição. Distúrbios de
saúde mental orgânicos temporários, como concussão, podem exigir apenas repouso e
medicação. Muitas das condições são tratadas principalmente com reabilitação e
cuidados de suporte. Os tratamentos para melhorar a independência incluem fisioterapia
(para ajudar na caminhada) e terapia ocupacional (para ajudar a reaprender as tarefas
diárias).

Todavia, enquanto alguns transtornos mentais orgânicos podem ser apenas temporários,
outros geralmente pioram com o tempo. Distúrbios que não respondem ao tratamento
podem levar o paciente a perder a capacidade de funcionar de forma independente ou de
interagir com outras pessoas.

Portanto, a chance de recuperação ou a perspectiva do distúrbio de uma pessoa depende


de vários fatores, principalmente qual é a causa por trás da função cerebral prejudicada.
Embora o diagnóstico da síndrome orgânico cerebral de um transtorno mental orgânico
possa ser assustador, é importante que a família e amigos não o abandonem, isto é,
devem fazê-lo entender há muitos recursos disponíveis para ajudá-lo a viver de forma
mais ou menos saudável.
Considerações finais

Após uma abordagens sobre a síndrome orgânico cerebral, importa aqui referir que a
síndrome orgânico cerebral é um termo diagnóstico geral usado anteriormente para
agrupar sintomas relacionados à disfunção cerebral de etiologia ou causa orgânica.
Desde a publicação do DSM-IV (1994), novos desenvolvimentos em tecnologia
levaram a uma maior compreensão do cérebro, incluindo processos neurais, patologia,
etiologia e prognóstico.

A síndrome orgânico cerebral pode ser classificada como delírio ou demência, porém
pode incorporar muitos outros transtornos mentais. As causas desse distúrbio são
conhecidas como causas físicas e incluem lesões traumáticas, distúrbios
cardiovasculares, distúrbios degenerativos, abuso de drogas e álcool e infecções.

Os sintomas de uma síndrome cerebral orgânica são semelhantes aos atribuídos a


doenças psiquiátricas e incluem comprometimento das funções cerebrais, como
memória e julgamento, bem como confusão e agitação. O tratamento da síndrome
cerebral orgânica depende da causa do distúrbio, e muitos pacientes passam por
reabilitação para restaurar a função cerebral perdida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Americana de Psiquiatria (2013). Manual de diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed.

Associação Americana de Psiquiatria. (2002). Manual de diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais. 4ª edição. Porto Alegre: Artmed.

BRISSET C. (1981). Manual de psiquiatria. 2. ed. Rio de Janeiro: Masson. 

CASSEM N. H. (1998). Manual de psiquiatria em hospitais gerais. 4. ed. Madri:


Harcourt Brace.

CHENIAUX, E. (2015). Manual de Psicopatologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan.

DALGALARRONDO P. (2000). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais.


Porto Alegre: Artmed.

FRANCES A. (2004). Manual de diagnóstico diferencial do DSM- IV – TR. Porto


Alegre: Artmed; 2004. 

Organização Mundial da Saúde. (2018). Classificação Internacional das Doenças. 11


edição. Porto Alegre: Artmed.

GIL, A. C. (2002). Como elaborar projetas de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas.

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