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ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DA
MEMÓRIA NA
DOENÇA DE ALZHEIMER
Rio Claro
2011
FERNANDA TALGE ARANTES
Rio Claro
2011
“A memória recolhe os incontáveis fenômenos da
nossa existência em um todo unitário (...) não
fosse a força unificadora da memória, nossa
consciência se estilhaçaria em tantos fragmentos
quantos os segundos já vividos.”
Ewald Hering (Em Cassirer, 1994)
SUMÁRIO
1. RESUMO.........................................................................................................5
2. INTRODUÇÃO ....................................................................................... ........6
2.1. Demência...............................................................................................6
2.2. Doença de Alzheimer............................................................................6
2.2.1. Caracterização ................................................................................6
2.2.2. Diagnóstico .....................................................................................9
2.2.3. Neuropatologia ............................................................................13
2.3. Memória...............................................................................................17
2.3.1. Caracterização..............................................................................17
2.3.2. Os Tipos de Memórias..................................................................18
3. OBJETIVO ....................................................................................................21
4. MATERIAL E MÉTODO ...............................................................................22
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................23
6. CONCLUSÃO ...............................................................................................25
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................30
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1. RESUMO
2. INTRODUÇÃO
2.1. Demência
Entende- se por demência a expressão clínica de uma doença em que ocorre
declínio progressivo da capacidade intelectual do indivíduo. Caracteriza-se pela
perda da memória e de outras funções cognitivas, das atividades sócio-ocupacionais
e da organização do comportamento (FORLENZA et al, 2000).
A demência pode ocorrer em adultos e jovens, embora seja muito mais freqüente
em idosos (JORM, 1990). O número de pessoas afetadas por demência vem
crescendo significativamente com o envelhecimento da população mundial tanto em
países desenvolvidos como os em desenvolvimento (KALACHE, 1998).
A importância de se estudar as demências deve-se ao fato dessa síndrome
neurológica encontrar-se dentre as mais comuns que ocorrem em pacientes
portadores de patologia no sistema nervoso central. A prevalência de demência
dobra a cada 5,1 anos a partir dos 60 anos de idade (JORM et al, 1987) .
2.2.1. Caracterização
A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa que acomete,
geralmente, pessoas acima de 65 ou 70 anos. Se a mesma atinge pacientes mais
jovens, é denominada de doença pré-senil (SQUIRE & ERIC KANDEL, 2003). Á
medida que a idade se eleva, a freqüência relativa da DA torna-se progressivamente
maior (EBLY e col., 1994).
Estudos têm nos mostrado que parece haver uma correlação entre
escolaridade alta e menor incidência de Doença de Alzheimer, exercendo um efeito
protetor. Esse efeito ocorre porque o conhecimento associa-se ao aumento da
densidade sináptica no neocórtex de associação, o que confere maior reserva
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Fig. 1 (a)
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Fig. 1 (b)
2.2.2. Diagnóstico
Para um diagnóstico provável da doença de Alzheimer, é necessário que
sejam seguidos alguns critérios como: o declínio de várias funções cognitivas e
atividades sócio-ocupacionais (como compromissos sociais, desempenho
ocupacional e atividades domésticas) em relação a um nível anteriormente superior
de funcionamento, com declínio obrigatório, persistente e progressivo de memória
recente e capacidade prejudicada de aprender novas informações (McKHANN et al.,
1984).
Fig. 7: Imagem SPECT de um paciente com DA, mostrando hiperfusão nos lobos
temporais e parietais. (Imagem de Bruno Galafassi Ghini, CDI, Goiânia, em
FORLENZA & CARAMELLI, 2000).
2.2.3. Neuropatologia
Fig. 9 (a)
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Fig. 9 (b)
Fig. 9 (c)
Fig. 10 (a)
Fig. 10 (b)
Fig. 10: Presença de placas senis (a) distribuídas pelo neocórtex de paciente com
DA (BRITO-MARQUES, 2006). (b) em córtex frontal Bielchowsky technique x40
(FORLENZA e CARAMELLI, 2000).
2.3. Memória
2.3.1. Caracterização
O aprendizado e a memória são fundamentais para a existência humana. A
capacidade de adquirir novos conhecimentos acerca do mundo só é possível porque
as experiências pelas quais passamos modificam nossos encéfalos. Dessa forma,
quando aprendemos algo, é possível mantermos o novo conhecimento em nossa
memória por um tempo bastante longo. Isso é possível porque alguns aspectos
dessas modificações persistem em nosso encéfalo. Posteriormente, podemos atuar
sobre o conhecimento armazenado na memória, agindo e pensando de novas
maneiras (IZQUIERDO, 2002).
Fig. 11 (a)
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Fig. 11 (b)
3. OBJETIVO
4. MATERIAL E MÉTODO
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
leve à moderada, deve-se levar em conta o gradiente temporal, com a memória para
fatos recente mais comprometida do que a memória remota. Porém, durante a
evolução da doença, esse gradiente é perdido e a perda da memória tende a ser
global.
Em um estudo feito por DeLEON e colaboradores (1993), que examinaram as
alterações atróficas (lesões) no hipocampo de idosos não demenciados por análise
de Tomografia Computadorizada, os autores foram capazes de prever o risco para
um futuro desenvolvimento da DA. Assim, tais lesões representaram sinais de
envolvimento cerebral mais difuso e déficits cognitivos globais. JACK e col. (1992)
verificaram que a relação hipocampal continuou a significar um discriminante
sensível entre controles normais e estágios progressivos da DA, mostrando que o
hipocampo continua a se alterar no curso da doença. Assim, os achados das
pesquisas com Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada tem
mostrado uma relação entre as alterações atróficas do hipocampo e as alterações
no estado cognitivo global e desempenho de memória em indivíduos considerados
de risco para o desenvolvimento da DA.
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6. CONCLUSÕES
Fig. 12 (a)
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Fig. 12 (b)
Fig. 12 (a) Distribuição das placas senis pelo córtex cerebral. Acúmulo de placas
mais abundante em áreas responsáveis pela memória e outras funções cognitivas.
Menor abundância em áreas relativas ao córtex sensitivo-motor. Fig. 13 (b):
Distribuição dos emaranhados neurofibrilares pelo córtex cerebral. Os emaranhados
neurofibrilares são mais abundantes na região do uncus, na porção mesial do lobo
temporal e na parte inferior do lobo frontal, giro do cíngulo e outras regiões
(Ilustrações de J. Felix. Laboratory of Neuroimaging, UCLA. School of Medicine, em
BRITO-MARQUES, 2006).
Fig. 14: Ressonância Magnética mostrando uma importante atrofia dos lobos
temporais, uma dilatação ventricular e redução do volume dos hipocampos (em
destaque), principalmente à esquerda. (BRITO-MARQUES, 2006).
Fig. 15: Ressonância Magnética mostrando importante atrofia dos lobos temporais,
comprometendo a região parahipocampal e hipocampal (H), além de leve atrofia
cerebelar. (Adaptado de BRITO-MARQUES, 2006).
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Ainda segundo SQUIRE & KANDEL (2003), outro importante sítio de perda
celular é o núcleo basal, região na base do encéfalo que contém uma grande
população de neurônios colinérgicos. Esses neurônios são moduladores e se
projetam amplamente ao córtex, cuja perda pode prejudicar a atenção e outras
funções mentais superiores.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, I. D.; FORLENZA, O. V.; BARROS, H. L.; Demência de Alzheimer:
correlação entre memória e autonomia; Rev. Psiq. Clín. 32 (3): 131-136, 2005.
EBLY, E. M. et al. Prevalence and types of dementia in the very old: results from
de Canadian study of health and aging. Neurology. 44: 1593-1, 1994.
HERLITZ, A.; VIITANEN, M.; Semantic organization and verbal episodic memory
in patients with mild and moderate Alzheimer’s disease. J Clin Exp
Neuropsyschol. 13: 559-574, 1991.
STERN, Y.; GURLAND, B.; TATEMICHI, T. K.; TANK, M. X.; WILDER, D.; MAYEUX,
R.; Influence of education and occupation on the incidence of Alzheimer’s
disease. JAMA 271:1004-1010, 1994.
TULVING, E.; How many memory systems are there? American Psychologist.
40(4):385-398, 1985.
TULVING, E.; CRAIK, F. I. M.; The Oxford handbook of memory; New York:
Oxford University Press, 2000.