Você está na página 1de 18

FACULDADE - ANHANGUERA

CURSO DE PSICOLOGIA

ANDRESSA NEVES, CAROLINNA REBOUÇAS, ELOISA MENEZES, EVELIN


MICHELE, EVELYN SANTANA, HEILA FERREIRA, IGOR MOREIRA, JENIFFER
BARROS, JEUNE MALTA, JOICE CORREIA, LUCAS MARCELO

DOENÇA DE ALZHEIMER E DEMÊNCIA VASCULAR

SALVADOR-BA
2022
ANDRESSA NEVES, CAROLINNA REBOUÇAS, ELOISA MENEZES, EVELIN
MICHELE, EVELYN SANTANA, HEILA FERREIRA, IGOR MOREIRA, JENIFFER
BARROS, JEUNE MALTA, JOICE CORREIA, LUCAS MARCELO

DOENÇA DE ALZHEIMER E DEMÊNCIA VASCULAR

Trabalho da disciplina de
Neuroanatomofisiologia, apresentado ao
Curso da Graduação de Psicologia, da
Faculdade Anhanguera.

Orientador: Prof. Marcos Abrahão

SALVADOR-BA
2022
Sumário
1. DOENÇA DE ALZHEIMER ................................................................................... 4

1.1. FISIOPATOLOGIA ......................................................................................... 5

1.2 TRATAMENTOS EXISTENTES ..................................................................... 6

1.2.1 Não Farmacológico .................................................................................. 6

1.2.2 Musicoterapia .......................................................................................... 6

1.2.3 Farmacológicos ....................................................................................... 7

1.3 ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO NA DOENÇA DE ALZHEIMER ..................... 8

2. DEMÊNCIA VASCULAR .................................................................................... 11

2.1 FISIOPATOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO ................................................... 12

2.1.1 Demência por Mútiplos Infartos ............................................................. 12

2.1.2 Demência por Infarto Único em Posição Estratégica ............................. 12

2.1.3 Doença dos Pequenos Vasos................................................................ 12

2.1.4 Hipoperfusão ......................................................................................... 13

2.1.5 Demência Hemorrágica ......................................................................... 13

2.2 TRATAMENTOS EXISTENTES ................................................................ 13

2.3 ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO NA DEMÊNCIA VASCULAR ................... 15

2.3.1 Terapia Cognitiva................................................................................... 15

2.3.2 Terapia Comportamental ....................................................................... 15

2.3.3 Terapia Familiar ..................................................................................... 15

2.3.4 Psicoeducação ...................................................................................... 15

3. ALZHEIMER X DEMÊNCIA VASCULAR ........................................................... 16

4. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 17
4

1. DOENÇA DE ALZHEIMER

O Alzheimer é um dos mais de 60 tipos de demência, que pode ser definida como
uma doença degenerativa do cérebro, ou seja, um processo progressivo de
perda das funções cerebrais mais nobres, como memória, comportamento,
linguagem, atenção, capacidade de planejamento, representando um declínio do
estado geral de uma pessoa em relação a um estado anterior e influenciando
seu desempenho para as atividades de vida diária (autocuidado, continência,
transferências e alimentação). As alterações comportamentais podem ocorrer
desde o início e são muito frequentes no decorrer da doença. Indivíduos com
Alzheimer podem ter características depressivas, de agitação e de
agressividade, ou até mesmo delírios e alucinações.
É rara sua existência em pessoas com menos de 65 anos de idade. Torna-se
mais comum com o aumento da idade. Cerca de 10% das pessoas com mais de
65 anos e 25% com mais de 85 anos podem apresentar algum sintoma dessa
enfermidade e são inúmeros os casos que evoluem para demência. Feito o
diagnóstico, o tempo médio de sobrevida varia de oito a 10 anos.
A doença se divide em três fases, desde um estágio inicial, de menor
dependência, até o estágio avançado, em que a dependência é total.
Ainda não está bem estabelecida uma causa específica para o aparecimento da
doença de Alzheimer, porém o que se sabe é que existem inúmeros fatores de
risco que podem contribuir para o seu aparecimento. De forma geral, os
principais fatores de risco são idade avançada, genética e histórica familiar,
doenças cardiovasculares, diabetes, altos níveis de colesterol.
Além do componente genético, foram apostados como agentes etiológicos a
toxicidade a agentes infecciosos, ao alumínio, a substâncias reativas de oxigênio
(ROS) e a aminoácidos neurotóxicos, e a ocorrência de danos em microtúbulos
e proteínas associadas.
O diagnóstico da doença de Alzheimer é clínico, ou seja, é realizado através de
uma consulta médica, exame físico, onde o profissional faz uma anamnese com
o paciente e também com seus familiares para entender todas as características
das queixas e realizar o diagnóstico.
5

1.1. FISIOPATOLOGIA

A doença de Alzheimer caracteriza-se, histopatologicamente, pela maciça perda


sináptica e pela morte neuronal observada nas regiões cerebrais responsáveis
pelas funções cognitivas, incluindo o córtex cerebral, o hipocampo, o córtex
entorrinal e o estriado ventral8.
As características histopatológicas presentes no parênquima cerebral de
pacientes portadores da doença de Alzheimer incluem depósitos fibrilares
amiloides localizados nas paredes dos vasos sanguíneos, associados a uma
variedade de diferentes tipos de placas senis, acúmulo de filamentos anormais
da proteína tau e conseqüente formação de novelos neurofibrilares (NFT), perda
neuronal e sináptica, ativação da glia e inflamação8.
Baseadas nesses marcadores neuropatológicos, duas hipóteses principais
foram propostas, a fim de explicar a etiologia da doença. De acordo com a
hipótese da cascata amiloidal, a neurodegeneração na doença de Alzheimer
inicia-se com a clivagem proteolítica da proteína precursora amilóide (APP) e
resulta na produção, agregação e deposição da substância β-amilóide (Aβ) e
placas senis9. De acordo com a hipótese colinérgica, a disfunção do sistema
colinérgico é suficiente para produzir uma deficiência de memória em modelos
animais, a qual é semelhante à doença de Alzheimer10. Cérebros de pacientes
portadores da doença de Alzheimer mostraram degeneração dos neurônios
colinérgicos11, ocorrendo também uma redução dos marcadores colinérgicos,
sendo que a colina acetiltransferase e a acetilcolinesterase tiveram sua atividade
reduzida no córtex cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer.
As duas principais características patológicas da doença de Alzheimer são:
Depósitos extracelulares beta-amiloides (nas placas senis) Emaranhados
neurofibrilares intracelulares (filamentos helicoidais emparelhados)
A deposição e emaranhados neurofibrilares de beta-amiloide levam à perda de
sinapses e neurônios, o que resulta em atrofia total das áreas afetadas do
cérebro, tipicamente começando no mesial do lobo temporal.
O mecanismo pelo quais emaranhados peptídicos e neurofibrilares beta-
amiloides causam esses danos não está totalmente compreendido. Há várias
teorias.
6

1.2 TRATAMENTOS EXISTENTES

Embora ainda não haja uma cura para o mal de Alzheimer, os tratamentos
buscam proporcionar mais tempo de vida e mais qualidade. Eles também podem
interromper o avanço da doença, garantindo a autonomia do doente. Os
tratamentos podem ser farmacológicos ou não farmacológicos.

1.2.1 Não Farmacológico


Como é o tratamento não farmacológico?
Como o nome diz, o tratamento não farmacológico do Alzheimer consiste em
alternativas de estimulação cognitiva, social e física, sem uso de medicamentos
para inibir a progressão da doença. O objetivo desse tratamento é manter o
cérebro ativo, por meio de atividades que desenvolvem as funções cognitivas,
tais como atenção, memória e linguagem.
Os tratamentos não farmacológicos provaram ser eficientes, pois reduziram a
dependência para a realização de atividades de vida diária e,
consequentemente, melhoraram a qualidade de vida de pacientes com doença
de Alzheimer. São alguns desses tratamentos:

1.2.2 Musicoterapia
- Deterioração cognitiva de perda da memória de curto prazo
É desenvolvida a aprendizagem de canções, reconhecimento de peças
folclóricas, associação de nome de peças através da percepção auditiva,
também a reprodução de ditados rítmicos e melódicos fáceis e a reprodução dos
sons em forma de eco.
- Desenvolvimento da percepção auditiva
É utilizada a imitação com a voz e o reconhecimento dos sons e para aumentar
a concentração são reproduzidos sons e ritmos e a realização de atividades em
grupo como o coral ou o aprendizado de danças fáceis.
- Atividades utilizadas no sistema da dor muscular e crônica, transtorno do
sonho ou fadiga extrema visando à redução da dor.
É proposto liberar as tensões acumuladas que de acordo com o modelo
Benenzon, possibilitam maior capacidade de relaxamento e as atividades são
exercícios de relaxamento e respiração ouvindo música, audição de obras
musicais e atividades de dança que visam estimular o ritmo.
7

1.2.3 Farmacológicos
Diferentes tratamentos estão disponíveis atualmente no mercado, tanto aqueles
que focam nas hipóteses colinérgicas e glutamatérgica.
- Inibidores da acetilcolinesterase (Ache)
As pessoas que sofrem de DA apresentam níveis baixos de acetilcolina, um
importante neurotransmissor. Os inibidores da ACHE retardam a degradação
metabólica da acetilcolina, otimizando a disponibilidade deste substrato para a
comunicação entre as células.
- Rivastigmina
A rivastigmina (nome comercial: Exelon® foi aprovada no ano 2000. Este
fármaco impede a degradação da acetilcolina, inibindo a acetilcolinesterase e a
butirilcolinesterase (BUCHE), uma colinesterase que desempenha papel menor
na degradação de acetilcolina no corpo humano.
- Galantamina
A galantamina (nome comercial: Razadyne® foi aprovada em 2001). Esse
fármaco impede a degradação da acetilcolina e estimula os receptores
nicotínicos a liberar maiores quantidades desse neurotransmissor no cérebro.
- Memantina
A memantina (nome comercial: Namenda®) foi o primeiro fármaco aprovado pela
FDA para tratar os sintomas de DA moderada a severa, sendo também o
primeiro e, por enquanto, o único representante da classe dos antagonistas de
receptores de NMDA. Ela regula a atividade do glutamato, que é liberado em
grandes quantidades por células danificadas pela DA e por alguns outros
distúrbios neurológicos. Quando o glutamato alcança os receptores do tipo
NMDA nas células de superfície, o cálcio flui livremente para dentro da célula, o
que pode levar à degeneração celular. A memantina tem a capacidade de evitar
esta sequência destrutiva. Por muitos anos, a memantina esteve disponível em
alguns países europeus, e está disponível nos EUA desde outubro de 2003. Este
fármaco é geralmente bem tolerado pelo paciente, sendo os efeitos colaterais
mais comuns cefaleia, constipação, diarreia, tontura e sonolência. Em julho de
2010, a Namenda XR®, uma formulação de liberação prolongada do
medicamento, foi liberada para uso nos EUA. Os seus efeitos secundários mais
comuns são dores de cabeça, diarreia, tonturas e pressão arterial elevada.
8

1.3 ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO NA DOENÇA DE ALZHEIMER

A psicologia ao trabalhar com os idosos pode ajudar na melhoria de vida, no


cognitivo, no bem-estar psicológico, no convívio social e pessoal, o psicólogo
tende a procurar intervenções que sejam mais adequadas e que possam ser
trabalhadas com os idosos e familiares para uma melhora na qualidade de vida.
Segundo Moniz-Cook (2006, apud Lima, 2006), o papel do psicólogo em casos
de demência e principalmente da doença de Alzheimer é ser feita uma
intervenção com os familiares e cuidadores do portador da DA (Doença de
Alzheimer) para uma melhora de vida e assim fazê-los entender que esta doença
não tem cura e que deve ser aceita por todos, para assim poder trabalhar e
amenizar os efeitos do Alzheimer.
Com o paciente, no momento inicial da doença, o psicólogo ajudará a atribuir
significados para este momento de sua vida, trabalhará com seus medos e
outros sentimentos que surgirão frente à doença e ajudará a re-significar as
histórias do paciente, realizando a manutenção de sua identidade.
É importante ressaltar que a psicoterapia somente é indicada para a fase inicial
da doença, recomendando-se ainda que as sessões tenham uma maior
frequência por dois motivos: para que o paciente não se esqueça do psicólogo e
para que o laço terapêutico seja estabelecido.
Segundo Correa e Silva (2009) uma Intervenção Cognitiva do Terapeuta
Ocupacional para com o Idoso portador da doença de Alzheimer tornaria o
processo degenerativo inicial mais lento, isso acompanhado aos medicamentos
necessários. Essa intervenção pode ser feita em uma terapia individual ou em
grupo, as duas formas se completam. Conclui-se ante o exposto acima a
necessidade do psicólogo em todos os momentos da vida, inclusive e
principalmente na terceira idade, pelo fato que foi citado acima que seria evitar
o sofrimento psicológico e físico.
Apesar de ser um tanto difícil comprovar estatisticamente a eficácia de
intervenções psicológicas na doença de Alzheimer, surgem nessa década um
novo caminho e novas possibilidades para o profissional da psicologia. Estudos
recentes indicam que a atividade mental e física na demência não é nociva ao
bem-estar do portador, ao contrário, sugerem que uma proporção dos sujeitos
pode se beneficiar desse tipo de atividade.
9

É consenso entre os pesquisadores que a reabilitação é uma área difícil, sobre


a qual há urgência de estudos e definições mais precisas. Ainda há um longo
caminho a percorrer até que as necessidades de sólidas bases teóricas,
metodológicas e práticas sejam satisfeitas, mas parece recomendável que as
pessoas com demência se engajem em atividades que estimulem a mente e o
corpo. Ainda que não haja muitas evidências de que seus efeitos sejam eficazes
contra o declínio das funções mentais, desde que elas sejam prazerosas, o que
contribui para o bem-estar, podem servir até para provar a si mesmo que ainda
se pode fazer algo, que não se perdeu tudo. É preciso estar atento às novas
demandas que o crescimento da população idosa apresenta conhecer as
doenças que afligem essa fase da vida e pôr em prática as estratégias existentes
para contribuir para a saúde mental e a qualidade de vida desses indivíduos.
Todas as mudanças sociais e econômicas a nossa volta indicam que está em
jogo agora nossa flexibilidade como profissionais. Preparar-se para exercer a
psicologia em lugares antes nem cogitados passou a ser necessidade, e as
doenças neurodegenerativas mostram isso com clareza.
É visível a importância de ampliarmos uma discussão sobre as formas de
tratamento que possam auxiliar na melhora da qualidade de vida do idoso.
Segundo Sereniki ET al. (2008), citado por Costa ET al. (2017), e C. Silva & E.
Souza (2014), nenhum tratamento é completamente satisfatório até o momento,
há no mercado diversos remédios essenciais para o tratamento da DA, que
auxiliam a prolongar a sobrevida do idoso e minimizar seus sintomas, porém as
práticas medicamentosas por si só não são suficientes para tratar do doente de
Alzheimer, daí surgem às práticas psicoterapêuticas como uma opção de
tratamento alternativo, oferecido pela psicologia, capaz de contribuir para a
melhora do paciente. “A psicoterapia é um processo que envolve um conjunto de
conhecimentos técnicos e métodos utilizados pelo profissional psicólogo para
intervir nos sofrimentos psíquicos” (SILVA L. & SOUZA M., 2018) que atingem o
paciente com Alzheimer e os que estão ao seu redor, portanto, a função da
psicoterapia é proporcionar uma melhora na qualidade de vida de um modo
geral, visando o alívio do sofrimento gerado pelos sintomas. As psicoterapias
incentivam a recuperação da plasticidade neuronal, definida como “capacidade
do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se a nível estrutural e
funcional ao longo do desenvolvimento neuronal e quando sujeito a novas
10

experiências” (PURVES, 2004), fator importante para a formação de novas


memórias e aprendizagens e para a preservação das antigas, ou seja, as
práticas não farmacológicas servem para preservar as ligações cerebrais. Na
neuropsicologia, as psicoterapias não possuem uma única abordagem teórica,
contudo, na maioria das vezes, é utilizada a terapia cognitivo-comportamental,
porém, além dessa, há outras técnicas como: a terapia de validação, a
musicoterapia, terapia das reminiscências, que são escolhidas para a utilização
de acordo com as necessidades de cada paciente e que serão abordadas ao
longo desse estudo, a partir de uma revisão integrativa sobre o tema.
As principais psicoterapias utilizadas são: terapia cognitivo-comportamental,
terapia da validação, musicoterapia, terapia das reminiscências. As
psicoterapias são grandes fontes alternativas de tratamento, que precisam ser
administradas por profissionais psicólogos bem formados, para que assim os
idosos acometidos pela doença de Alzheimer apresentem uma melhora na sua
qualidade de vida e no seu bem-estar.
11

2. DEMÊNCIA VASCULAR

O Manual MSD (Merck Sharp and Dohme) define a Demência Vascular (DVa)
como a perda da função mental em virtude da destruição do tecido cerebral, visto
que seu suprimento de sangue está reduzido ou bloqueado. Dessa forma, a
demência vascular pode ser entendida como a diminuição, lenta e progressiva,
da função mental, que afeta diversos aspectos cognitivos como a memória, o
pensamento, o juízo e até mesmo a forma de aprendizagem. Após a doença de
Alzheimer, a demência vascular é a segunda causa mais comum de demência
associada ao envelhecimento.
O risco de desenvolver uma demência do tipo vascular é maior em pessoas que
têm algum tipo de fator que possa diminuir a circulação de sangue no cérebro.
Por esse motivo muito desses fatores são os mesmos identificados para o AVC,
incluindo tabagismo, pressão alta, diabetes, alimentação rica em gorduras e falta
de exercício físico, por exemplo.
A falta de sangue no cérebro provoca várias conseqüências neurológicas. A
demência vascular é, normalmente, a conseqüência de um AVC, se
caracterizando como uma doença progressiva e com sintomas irreversíveis.
Esses sintomas podem se tornar mais intensos de forma súbita e, pouco tempo
depois, estagnar por um período, piorando anos ou meses depois. Os sintomas,
assim como em qualquer doença, variam muito de pessoa para pessoa,
principalmente no que diz respeito à intensidade. Contudo, dentre os mais
comuns, podemos citar: perda de memória, dificuldade para falar, desnutrição,
desequilíbrio, problema de coordenação.
O diagnóstico da demência vascular é feito por meio de exames neurológicos e
de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, além
do médico avaliar os sintomas apresentados pelo paciente e os hábitos de vida.
12

2.1 FISIOPATOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO

Pode-se classificar a demência vascular de acordo com o mecanismo da lesão


cerebrovascular, distribuindo-a em cinco grupos: demência por múltiplos infartos;
demência por infarto único em posição estratégica; doença dos pequenos vasos;
hipoperfusão; e demência hemorrágica. Pode haver coexistência de mais de um
desses mecanismos na patogênese da demência vascular. Além disso, podem
estar envolvidos outros mecanismos de lesão, ainda não conhecidos.

2.1.1 Demência por Mútiplos Infartos


Há infartos cerebrais múltiplos, envolvendo áreas corticais e subcorticais,
geralmente causados pela oclusão de grandes vasos. Apresentam início
abrupto, progressão rápida, sinais piramidais, hemiparesia, perda hemi-
sensorial, déficits neuropsicológicos e prejuízo de memória.

2.1.2 Demência por Infarto Único em Posição Estratégica


Deve-se a danos em áreas funcionalmente importantes, sendo a sintomatologia
definida de acordo com a área lesada. Infartos no giro angular apresenta-se com
afasia aguda, alexia com agrafia, distúrbios de memória, desorientação espacial,
agnosia e discalculia. Amnésia, agitação psicomotora, alucinações visuais,
confusão, agnosia e déficits visuais são comuns nos infartos da artéria cerebral
posterior. Já nos infartos da artéria cerebral anterior percebem-se abulia, afasia
motora transcortical, prejuízo de memória, dispraxia, hemiparesia contralateral,
perda hemi-sensorial em extremidades inferiores e incontinência de esfíncteres.
Os infartos da artéria cerebral média levam a afasia grave, alexia, agrafia,
discalculia, psicose, sinais piramidais contralaterais, hemiparesia, perda
sensorial e déficits do campo visual. Oclusões da artéria carótida podem levar a
afasia (quando se dão no hemisfério esquerdo), déficits visõespaciais,
hemiparesia contralateral e perda hemi-sensorial. Infartos nos ramos que
perfundem a área talâmica podem levar a afasia (lado esquerdo), prejuízo de
memória e atenção e perda motora e sensorial variáveis.

2.1.3 Doença dos Pequenos Vasos


Pode levar a lesões corticais e subcorticais. Os infartos subcorticais são muito
observados na substância branca do cérebro do idoso. Essa leucoencefalopatia
13

pode levar à síndrome de demência subcortical, caracterizada por prejuízo de


memória, função executiva anormal, retardo psicomotor, euforia, psicose,
hemiparesia simétrica, paralisia supranuclear atáxica, incontinência de
esfíncteres e parkinsonismo (muitas vezes, sem tremor). Infartos lacunares nos
gânglios da base, no tálamo e na cápsula interna caracterizam o estado
lacunar (lacunar state; état lacunaire), marcado por prejuízo da memória, retardo
psicomotor, apatia, depressão, sintomas motores multifocais, parkinsonismo e
paralisia pseudobulbar. Múltiplos infartos na substância branca frontal levam à
doença de Binswanger, com sinais pseudobulbares, abulia, alterações do
comportamento, sinais piramidais bilaterais, distúrbio de memória e de atenção,
o retardo psicomotor, distúrbios de marcha, incontinência urinária e
parkinsonismo (rigidez, acinesia).

2.1.4 Hipoperfusão
Trata-se de síndrome de isquemia cerebral decorrente de insuficiência cardíaca
e de hipotensão. É mais comum nas zonas de transição entre os territórios
irrigados por duas grandes artérias. Apresenta-se com afasia transcortical,
prejuízo de memória, apraxia e déficits visoconstrutivos. A área mais sensível à
hipoperfusão encontra-se entre os territórios das artérias cerebrais médias e
posteriores.

2.1.5 Demência Hemorrágica


É causada por hematoma subdural crônico, por hematoma intracerebral ou por
seqüela de hemorragia subaracnóidea.

2.2 TRATAMENTOS EXISTENTES

O primeiro passo é minimizar fatores de risco, buscando atenuar a progressão


da doença cerebrovascular e, assim, evitar episódios recorrentes de AVC. A
primeira medida básica interessante é o combate ao tabagismo. É essencial o
tratamento adequado do diabetes mellitus. Sempre que possível, a adequada
reposição de estrógeno no climatério vem se tornando medida habitual. A
suplementação de potássio mostra-se útil por ter efeito protetor vascular. O
adequado controle da pressão arterial é essencial, para o qual é necessário o
emprego de medicamentos anti-hipertensivos. Cada vez mais está estabelecida
14

a utilidade das drogas antilipêmicas no controle dos níveis de colesterol. Os


anticoagulantes são utilizados principalmente nos pacientes com maior risco de
apresentar fenômenos tromboembólicos. As drogas antiplaquetárias são grupo
particularmente importante, destacando-se a aspirina, eficaz na prevenção
secundária de AVC14.
Os pacientes no estágio de "pré-demência", isto é, que tenham história de
ataques isquêmicos transitórios, AVC, prejuízo cognitivo prévio ou infartos
cerebrais silenciosos, mas ainda sem declínio cognitivo global, apresentam risco
especialmente elevado. É recomendado intervir, para se tentar a prevenção de
demência vascular. São empregados tratamentos cirúrgicos e medicamentosos.
A endarterectomia carotídea pode ser realizada quando há estenose dessa
artéria obstruindo mais que 70% de seu lume. Anticoagulantes, aspirina,
ticlopidina e inibidores de canal de cálcio, estes últimos como pré-tratamento
para atenuar o efeito dos infartos, são medicamentos bastante utilizados nos
pacientes que se enquadram no estágio descrito anteriormente.
Vale ressaltar também, como tratamento para o portador da demência vascular,
de forma geral, o espaço de convívio deve ser iluminado, alegre, estável e com
segurança, ajudando-o a manter-se orientado. Estímulos como televisão e rádio
são indicados de forma controlada. Além disso, a rotina da pessoa com
demência vascular deve ser estruturada de forma a fornecer orientação e
sensação de estabilidade e segurança integralmente. Qualquer alteração
realizada deve ser explicada de forma clara e simples.
Atividades como banho, refeições e descanso devem seguir uma rotina diária,
ajudando a pessoa a se lembrar desses momentos.
Seguindo horários, essas atividades podem ser feitas da melhor maneira,
proporcionando um bom momento de alimentação e permitindo que o paciente
consiga dormir melhor.
Essas atividades programadas ajudam o portador da demência vascular a se
sentir independente e necessário, levando-o a se concentrar em tarefas
prazerosas e úteis. Por isso, atividades físicas e mentais devem fazer parte da
rotina, contribuindo também para evitar a piora da demência.
Outra forma de tratamento também presente é por meio de medicamentos.
Médicos podem prescrever remédios que evitem a formação de coágulos,
como aspirinas, ou medicamentos que possam realizar o controle da fibrilação
15

atrial, como a varfarina. Afinal, eles contribuem para evitar riscos e outra AVE.
Entretanto, não existe tratamento medicamentoso específico para a demência
vascular, pela perda do tecido cerebral. Em alguns casos, medicamentos
utilizados na doença de Alzheimer podem ser prescritos, assim como
antidepressivos para pacientes que apresentam quadros de depressão
associada à demência. No entanto, a solução é cuidar dos fatores de risco e
evitar novos agravos.

2.3 ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO NA DEMÊNCIA VASCULAR

O psicólogo pode atuar na prevenção e no tratamento de pacientes com


demência vascular, e o objetivo é preservar o mais possível a qualidade de vida
da pessoa que sofre de demência. O tratamento da demência depende da sua
causa, e só depois desse estudo é possível um diagnostico especifico para saber
se é possível a intervenção do psicólogo.
Há alguns tratamentos psicológicos disponíveis para melhor qualidade de vida
desses pacientes, são eles:

2.3.1 Terapia Cognitiva


Psicoterapia dedica a substituir pensamentos negativos e distorcidos por
pensamentos positivos e precisos.

2.3.2 Terapia Comportamental


Terapia focada na modificação de quaisquer comportamentos prejudiciais
associados a um distúrbio psiquiátrico, como a depressão.

2.3.3 Terapia Familiar


Aconselhamento psicológico que permite que as famílias resolvam, juntas, seus
problemas e aprendam a lidar com a situação difícil pela qual o paciente
depressivo passa.

2.3.4 Psicoeducação
Aprendizado sobre saúde mental que também serve para apoiar, valorizar e dar
autonomia aos pacientes, de forma que possam conviver com a depressão.
16

3. ALZHEIMER X DEMÊNCIA VASCULAR

Embora muitas vezes seja difícil diferenciar uma condição da outra - já que os
sintomas da demência vascular variam enormemente e alguns, como as falhas
na memória, no raciocínio e no pensamento são comuns aos dois males -,
Moreno-González explica que as causas de ambas são distintas.
Enquanto a origem da demência vascular está ligada ao dano vascular, "sabe-
se que a principal causa do Alzheimer é a acumulação de proteínas tóxicas
geradas no cérebro, e que vão danificar direta ou indiretamente os neurônios, e,
finalmente, vão provocar a morte deles", diz a pesquisadora.
Além disso, as duas condições tendem a evoluir de forma diferente. "O Alzheimer
costuma ser uma doença que progride lentamente, como um caminho que desce
um morro de forma mais ou menos homogênea", diz Fortea Ormaechea.
"Por outro lado, os eventos vasculares podem acontecer hoje - se você tem um
infarto, tem um dano cerebral, se recupera em poucos meses, mas ficam
sequelas - e, se não voltar a ter nenhum outro infarto e não tiver outra causa,
fica estabilizado. Ou pode ter outro infarto no ano seguinte e voltar a piorar",
explica.
Ou seja, a deterioração cognitiva pode se dar de maneira escalonada e mais
marcada, em contraposição a uma evolução mais linear.
Ambas podem possuir um curso crônico e progressivo. Entretanto, a Doença de
Alzheimer (DA) é marcada pelo distúrbio cognitivo relacionado à memória,
principalmente a memória episódica. Enquanto que a demência vascular tem
maior comprometimento da função executiva e tendem a ter melhor aprendizado
verbal e recordação.
17

4. REFERÊNCIAS

CANINEU, Rafael Brandão. O que é Alzheimer, sintomas e causas da doença.


Alta Diagnósticos, 2022. Disponível em:
https://altadiagnosticos.com.br/saude/alzheimer-sintomas-e-causas.

BRUNA, Maria Helena Varella. Doença de Alzheimer. Drauzio Varella, [s.d.].


Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/doenca-
de-alzheimer/

HUANG, Juebin. Doença de Alzheimer. Manual MSD, 2021. Disponível em:


https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-
medula-espinal-e-dos-nervos/delirium-e-dem%C3%AAncia/doen%C3%A7a-de-
alzheimer

SERENIKI, Adriana. A doença de Alzheimer: aspectos fisiopatológicos e


farmacológicos. SciELO Brasil, 2008. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rprs/a/LNQzKPVKxLSsjbTnBCps4XM

BROTTI, Brena de Oliveira; VENDRAMETTO, Daniele Cordiolli; SILVA,


Francieli Aparecida da; ASSUNÇÃO, Heloisa Helena Morbeck de; SANTOS,
Matheus Moreira. Psicologia e Alzheimer: Contribuição do Psicólogo no
Tratamento de Idosos.

http://periodicos.unifil.br/index. Php/Revistateste/article/view/1282/1255
Envelhecimento, demência e doença de Alzheimer: o que a psicologia tem a
ver com isso?* Juliane Silveira Lima' Universidade Federal de Santa Catarina

HTTPS://www.editorarealize.com.br/editora/anais/cieh/2019/TRABALHO_EV12
5_MD1_SA3_ID1399_11052019123141.pdf

DEMÊNCIA VASCULAR: O QUE É, SINTOMAS E TRATAMENTO. Tua


Saúde, 2021. Disponível em: https://www.tuasaude.com/demencia-vascular/
18

DEMÊNCIA VASCULAR: DESCUBRA TUDO SOBRE A DOENÇA. IPTC, [s.d.].


Disponível em: https://iptc.net.br/demencia-
vascular/https://iptc.net.br/demencia-vascular/

CRUZ, Luciana Charchar Vilas Boas; TAVARES, Almir. Aspectos Clínicos de


Demência Vasculas. Revista Médica de Minas Gerais, 2003. Disponível em:
http://rmmg.org/artigo/detalhes/1583

HUANG, Juebin. Demência Vascular. Manual MSD, 2021. Disponível em:


https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/distúrbios-cerebrais,-da-medula-
espinal-e-dos-nervos/delirium-e-demência/demência-vascular

BRUCKI, Sonia Maria Dozzi; FERRAZ, Ana Cláudia; FREITAS, Gabriel R de;
MASSARO, Ayrton Roberto; RADANOVIC, Márcia; SCHULTZ, Rofrigo Rizek.
Tratamento da Demência Vascular, 2011. Disponível em:
https://www.demneuropsy.com.br/imageBank/pdf/v5s1a07.pdf

INAÊ, Eliza. O que é Demência Vascular. Fundação Allan Kardec, 2021.


Disponível em: https://www.kardec.org.br/blog/o-que-e-demencia-vascular

O QUE É DEMÊNCIA VASCULAR E COMO ELA SE DIFERENCIA DO


ALZHEIMER. Viva Bem UOL, 2022. Disponível em:
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2022/03/31/o-que-e-demencia-
vascular-e-como-ela-se-diferencia-do-alzheimer.htm

CAPELA, Mariana da Cunha Neves. A Percepção do Cuidador Informal Sobre


o Papel do Psicólogo na Demência. Repositório UCP, 2016. Disponível em:
https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/22038/1/Universidade%20Cat%C3
%B3lica%20Portuguesa-REVISTO.pdf

ANUNCIAÇÃO, Luís Flávio Chaves. Demência Vascular: Uma interface entre a


neuropsicologia e a terapia cognitivo-comportamental. Rede PSI, 2008.
Disponível em: https://www.redepsi.com.br/2008/10/22/dem-ncia-vascular-uma-
interface-entre-a-neuropsicologia-e-a-terapia-cognitivo-comportamental/

Você também pode gostar