Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de
Alzheimer
Sumário
Tutoria – P7..................................................................................................................................................................... 3
Doença de Parkinson.......................................................................................................................................................5
DEFINIÇÃO................................................................................................................................................................... 5
EPIDEMIOLOGIA...........................................................................................................................................................5
FATORES DE RISCO.....................................................................................................................................................5
FISIOPATOLOGIA.........................................................................................................................................................5
CLASSIFICAÇÃO.............................................................................................................Erro! Indicador não definido.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS.........................................................................................................................................6
DIAGNÓSTICO..............................................................................................................................................................6
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL........................................................................................................................................7
TRATAMENTO..............................................................................................................................................................7
INFORMAÇÕES ADICIONAIS........................................................................................................................................8
Referências.................................................................................................................................................................... 11
Sr José Antônio de 75 anos, casado, aposentado, ensino fundamental incompleto, natural de Medeiros Neto,
compareceu à consulta na policlínica com o neurologista, acompanhado da esposa, queixando de esquecimento.
Relata que iniciou a notar o sintoma referido há aproximadamente um ano. No início, os familiares perceberam
dificuldade para lembrar nomes, recados e que estava contando os mesmos casos e fazendo as mesmas perguntas
várias vezes. Entretanto, o idoso não percebia o esquecimento. Nega outras alterações. Fala e percepção normais
e mantém humor habitual. Incapacidade em executar as atividades de vida diária como fazer compras, usar o
telefone, tomar remédio, recebendo o auxílio da esposa para isso. Faz uso de sinvastatina, doxazosina, losartan,
omeprazol e furosemida. Possui como comorbidade DM tipo 2, HAS, hipercolesterolemia. Nega antecedentes
familiares de doença neurodegenerativa. Nega tabagismo. Nega etilismo. Ao Exame Físico PA: 130/70 mmHg e sem
outras alterações. Mini-exame do estado mental (MEEM): revelou alterações em orientação no tempo e no espaço,
memória de evocação, atenção e cálculo, comando e cópia de pentágonos (14/30 pontos). A avaliação
funcional para atividades de vida diária (AVD) revelou um comprometimento (Índice de Katz e Escala de Lawton).
Os exames laboratoriais (Hemograma, glicemia de jejum, eletrólitos, uréia e creatinina, albumina, TSH, dosagem
sérica de vitamina B12 e ácido fólico) sem alterações e TC de crânio revelou leve hipotrofia hipocampal. Após as
avaliações, a esposa ansiosa pergunta: Doutor, será que a memória do meu marido irá voltar?
TERMOS DESCONHECIDOS
Sinvastatina: Medicamento para dislipidemia
Índice de Katz (referente da pessoa idosa) e Escala de Lawton: Avaliação da capacidade funcional diária da
pessoa
Cópia de pentágonos: Uma parte do MEEM
Hipercolesterolemia: Colesterol alto
PERGUNTAS
1. Qual a possível HD?
Quadro de demência; Alzheimer
2. Qual a Progressão da hipótese diagnóstica?
3. O que essa hipotrofia hipocampal indica? Qual a relação com as manifestações clínicas (se apresenta
sinais e sintomas sistêmicos)? Elas são reversíveis?
4. Qual a relação da hipercolesterolemia e doenças crônicas apresentadas com a HD?
Lisiane Marques Cândido Pales
Módulo: Distúrbios sensoriais, motores e da consciência
Medicina – Universidade Federal do Sul da Bahia
5. Quais os fatores de risco para a HD? Quais são os fatores desencadeantes da HD, em relação às
medicações utilizadas?
6. Uso dessas medicações são utilizado em quais outras patologias?
7. O exame sugere uma hipotrofia hipocampal. Onde é possível identificar essa alteração na imagem?
8. O que o resultado do MEEM indica?
OBJETIVOS
1. Conhecer epidemiologia e fatores de risco do Alzheimer
2. Compreender a fisiopatologia do Alzheimer
3. Elucidar as diferenças entre as manifestações clínicas do alzheimer dos demais tipos de demências
4. Abordar a conduta clínica (diagnóstico/imagens) e terapêutica do alzheimer em relação ao paciente e
grupo familiar
OBJETIVOS DO TUTOR
1. Conhecer a fisiopatologia da demência de Alzheimer e sua evolução
2. Conhecer os sinais e sintomas da demência de Alzheimer
3. Estudar como se procede o diagnóstico diferencial das demências
4. Discutir a conduta terapêutica para o paciente com DA e sua família
EPIDEMIOLOGIA ç
Causa mais comum de demência 50% dos casos
Acomete:
5-10% acima de 65 anos 20-40% acima de 85 anos
FATORES DE RISCO ç
Idade > 65 anos Histórico familiar positivo
FISIOPATOLOGIA
Demência do tipo cortical
Mecanismos:
O núcleo basal de Meynert é um núcleo presente na região septal
do lobo frontal. Este núcleo é a principal fonte de acetilcolina
cerebral e possui importantes conexões com o sistema límbico
(hipocampo, etc)
1. A degeneração neuronal é decorrente do acúmulo de placas
senis amiloides (formadas pela proteína amiloide Aβ) no
interstício e de novelos neurofibrilares no citoplasma dos
neurônios
2. Os neurônios do córtex cerebral (especialmente dos lobos
parietais e temporais, hipocampo e núcleo basal de Meynert)
perdem acetilcolina e outros neurotransmissores
As manifestações clínicas decorrem da redução do número de neurônios e de sinapses em regiões específicas do SNC
As alterações neuropatológicas típicas são as placas neuríticas e os emaranhados neurofibrilares:
O peptídeo beta-A (Aβ) é o principal constituinte do centro da placa neurítica
- Aβ: fragmento de uma proteína maior, denominada proteína precursora do amiloide (APP), que é sintetizada de um
gene localizado no cromossomo 21
- Mecanismos da APP:
1. Sofre clivagem mediada por enzimas 2. Resulta em diferentes polipeptídeos
3. A clivagem mais comum segue a via alfa-secretase peptídeo beta-A é separado
Essas mutações acarretam predomínio da via amiloidogênica, com superprodução do peptídeo beta-A, particularmente
do peptídeo com 42 aminoácidos, que forma fibrilas mais facilmente e é mais amiloidogênico. Outras mutações são as
das pré-senilinas, que também amplificam a via amiloidogênica e existe evidências de que tanto oligômeros solúveis
como polímeros desse peptídeo são neurotóxicos, atuando não somente sobre os neurônios, mas também nas sinapses
Fase leve (amnésia, dificuldade em funções cognitivas, transtornos topográficos):
Depende do acometimento da formação hipocampal e de núcleos colinérgicos basais
O comprometimento dos núcleos colinérgicos (núcleo basal de Meynert) acarreta redução significativa dos impulsos
colinérgicos que aí se inicia e se dirigem a todo neocórtex
Esse estágio hipocolinérgico cortical contribui para o déficit de memória
Acometimento de estruturas paralímbicas (cíngulo, especialmente em sua porção posterior, giro para-hipocampal, polo
temporal, córtex orbitofrontal) e também de áreas corticais mais recentes, como as dos do neocórtices frontal
dorsolateral e temporal posteriormente
Fase grave:
Se manifesta depois de mais de 5 anos de evolução
O acometimento cortical é difuso, sendo menos afetadas apenas as áreas corticais primárias (motoras, sensitivas, visuais
e auditivas primárias)
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
É uma síndrome demencial de evolução insidiosa (vários anos!!!), e esse tipo de evolução é fundamental para a
caracterização da doença
Sinais e sintomas:
1. Amnésia anterógrada (comprometimento da capacidade de memorizar novas informações) e perda do senso
geográfico
2. Apraxia ideomotora (incapacidade de repetir e executar gestos) e construcional (incapacidade de operar
instrumentos, se vestir, comer, copiar figuras
3. Diversos graus de afasia (geralmente do tipo sensorial incompleta e anomia), acalculia e graus variados de agnosia
(perda do reconhecimento sensorial – objetos ou pessoas)
4. Anosognosia: incapacidade de reconhecer a própria doença
5. Agressividade e hipersexualidade, apatia
6. Fases mais avançadas déficit cognitivo grave, apatia e incapacidade de
deambulação
A doença de Alzheimer não cursa com distúrbios motores (paresias, espasticidades),
exceto nas fases finais da doença
DIAGNÓSTICO
Diagnóstico de demência degenerativa depende de 2 aspectos: o tempo de
evolução, e a ordem com que as funções cognitivas vão sendo perdidas
Clínico:
Quadro clínico + exclusão de outras demências
Exames complementares:
TC de crânio (com e sem contraste)
RM
- Fase inicial: mostra predomínio de atrofia na formação hipocampal e atrofia global
Hemograma: hormônio tireoidianos (T4 livre, TSH), dosagem de vitamina B12 sérica,
VDRL
A TC e a RM podem ser normais ou mostrar atrofia cerebral, predominando nos lobos
parietal, temporal e hipocampo
Lisiane Marques Cândido Pales
Módulo: Distúrbios sensoriais, motores e da consciência
Medicina – Universidade Federal do Sul da Bahia
O SPECT ou TC com emissão de pósitrons (exame não obrigatório) irá revelar diminuição da atividade nas áreas
cerebrais mais afetadas
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Demências tratáveis (possuem causa de base possíveis de tratar e reverter a demência):
Hipotireoidismo Neurossífilis
Deficiência de vitamina B12: pode cursar apenas com Complexo de demência relacionado à AIDS
o quadro neurológico (sem anemia) em alguns pacientes Tumores cerebrais
Hidrocefalia comunicante normobárica:
- Geralmente surge como sequela de uma meningite, TCE ou hemorragia subaracnoide
- Cursa com a síndrome clássica: apraxia da marcha, incontinência urinária, parkinsonismo e demência
- Diagnóstico: TC de crânio hidrocefalia sem atrofia cerebral patológica; punção lombar pressão liquórica no
limite superior da normalidade (17cmH2O)
- Tratamento: derivação ventriculoperitoneal (DVP) resposta em 30-50% dos casos, geralmente parcial
Alcoolismo
Uso excessivo de medicamentos para o SNC (benzodiazepínicos)
Todo paciente com demência deve ser submetido à investigação de todas estas causas. Exceto: para o anti-HIV que
precisa do consentimento do paciente
Demências não tratáveis (degenerativas):
Demência vascular multi-infarto (paciente faz AVE)
- 2ª causa mais comum de demência (30% dos casos)
- Evolução mais rápida após cada infarto cerebral se estabelece de maneira aguda um novo déficit
neuropsiquiátrico que se torna permanente
- Fatores de risco: HAS< tabagismo, diabetes, dislipidemia
- Quadro clínico: marcado por pioras súbitas e uma evolução progressiva em “degraus” (déficits aos poucos)
- Manifesta-se com síndrome piramidal e extrapiramidal precoces, graus avançados de afasia (motores e sensoriais)
- Cursa com distúrbios motores, déficit neurológicos focais tipo hemiparesias
- Diagnóstico: TC ou RM vários infartos cerebrais, a maior parte deles do tipo lacunar
- Tratamento: inibidor da acetilcolinesterase e/ou memantina são úteis mas ainda não há conclusão
Doença de Binswanger:
- Lesão isquêmica difusa da substância branca cerebral (demência subcortical)
- Mecanismo: obstrução aterosclerótica difusa de pequenos vasos cerebrais
- Quadro clínico: amnésia retrógrada, apatia, desorientação, distúrbios comportamentais (agressividade, euforia),
disartria e disfagia (síndrome pseudobulbar), e dificuldade de deambulação
- Diagnóstico: TC ou RM evidenciam a lesão como leucoaraiose acentuada
Doença de Pick:
- Acomete indivíduos mais jovens em relação ao Alzheimer (< 65 anos)
- Quadro clínico: desinibição verbal e sexual pela irritabilidade, nas fases iniciais a memória, o cálculo e a capacidade
de realizar atividades motoras que exigem cognição são preservadas
- Diagnóstico: clínico + TC ou RM (evidencia atrofia frontotemporal)
- Tratamento: não tem
Doença dos corpúsculos de Lewy difusos Doença de Huntington
Paralisia supranuclear progressiva:
- Doença degenerativa do cérebro, núcleos da base e tronco cerebral
- Quadro clínico: parkinsonismo, demência subcortical progressiva e desvio superior do olhar conjugado
- Quedas repetidas são comuns devido à instabilidade postural
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Diagnóstico:
Outras técnicas com valor para o diagnóstico que ainda não são aplicadas rotineiramente incluem a espectroscopia
por RM e técnicas que realizam comparação computadorizada entre a imagem obtida do paciente e a de um banco de
dados para verificar onde se encontram as áreas mais afetadas. Ou ainda comparações entre exames sequenciais
utilizando métodos computadorizados
A maioria dos estudos com positron emission tomogra· plly (PET) e single-p/101011 emissio11 comp111ed
to111ograp/1y (SPECT) em pacientes com DA mostra tipicamente urna redução bilateral e frequentemente assimétrica do
fluxo sanguíneo e metabolismo cm regiões temporais posteriores ou temporoparietais, porém tais alterações podem estar
ausentes nas fases iniciais da doença ou ocorrem em outros tipos de demência, como a vascular e a doença de Parkinson
Esses exames não são recomendados rotineiramente, mas podem dar suporte ao diagnóstico de DA ou sugerir outras
formas de demência degenerativa
No diagnóstico, substâncias que se ligam transitoriamente às placas têm sido testadas para emprego em neuroimagem.
A mais conhecida é o com·posto denominado Pittsburg compound B (PIB), que se liga ao amiloide das placas. Como é
previamente associado a material que emite pósitrons, é detectado pelo PET
Outra descoberta recente é a do composto conhecido pela sigla FDDNP, que marca simultaneamente placas arniloides
e emaranhados neurofibrilares. Quando acoplado a radioisótopo e com o emprego de PET, esse composto permitiu
discriminar controles, indivíduos com CCL e com DA, tendo sido verificada acurácia significativamente maior que com o
emprego de volumetria por RM ou com estudo de consumo de glicose com PET. Esses métodos abrem a perspectiva de
diagnóstico pré-clínico da DA.
Biomarcadores:
Pode ser definido como uma alteração mensurável na composição física de um organismo que indica a presença de
uma doença. Em um consenso de especialistas concluiu-se que os biomarcadores da DA deveriam preencher alguns
pontos estabelecidos, como refletir a característica neuropatológica da DA, documentando-se por meio de casos
patologicamente confirmados de demência e atingindo sensibilidade de 85% e especificidade para diferenciar DA de
indivíduos controles e outras demências de pelo menos 75%
Para a DA, existe recomendação para um marcador biológico ideal que:
- Reflita um aspecto fundamenta! da fisiopatologia da DA
- Indique a presença real da DA e não meramente um risco aumentado
- Exiba alta sensibilidade e especificidade (80% ou mais)
- Seja eficaz na predição na DA precoce ou pré-clínica
Lisiane Marques Cândido Pales
Módulo: Distúrbios sensoriais, motores e da consciência
Medicina – Universidade Federal do Sul da Bahia
- Permita monitorar a gravidade da doença ou a razão de progressão
- Indique a eficácia da intervenção terapêutica
- Seja não invasivo, econômico e disponível
Nos últimos anos, tem-se publicado e comprovado o uso de biomarcadores para a DA. Os biomarcadores podem ser
divididos entre aqueles de patologia (beta-A 1-42, proteína tau e fosfo-tau no LCR; PET com marcador para amiloide),
estruturais (RM) e clínicos (avaliação cognitiva)
O uso desses biomarcadores foi sugerido para o diagnóstico da DA, ainda na forma pré·dínica ou nas fases clínicas
muito iniciais, antes do comprometimento funcional e de outras funções cognitivas, além da memória