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Abordagem das Disfunções

Neurológicas em Geriatria
Profa. Ma. Stella Jorge de Oliveira
Goiânia
2023

CONTATO: (62) 9 9244-0513 / (62) 9 9297-6332 @FACULDADEPREMIER


Cerca de 10 a 20% das pessoas entre os 60 e
80 anos sofrem de uma ou mais doenças
neurológicas.
 Mais de 30% das pessoas com mais de 80
anos sofrem pelo menos de uma doença
neurológica. 

Disfunções Neurológicas em
Geriatria
Dentre as várias doenças neurológicas que
aumentam de prevalência com o
envelhecimento salienta-se o Acidente Vascular
Encefálico (AVE), que é a doença neurológica
mais comum na população mundial neste grupo
etário, as demências e a Doença de Parkinson

Disfunções Neurológicas em
Geriatria
Sistema Nervoso Central
O ALTO COMANDO MOTOR
Acidente Vascular
Encefálico
• A cada 5 segundos uma pessoa
sofre AVE no mundo.
• Das pessoas atingidas, 20 a 30%
sofrem perda gradual da cognição
e atingem a demência em 1 ano.

Acidente Vascular Encefálico


O AVE pode ser isquêmico ou Hemorrágico:

• AVE isquêmico: redução crítica do débito


sanguíneo causada por oclusão parcial ou total de
uma artéria cerebral (TROMBOSE, EMBOLIA)
• AVE hemorrágico: Existe a ruptura de um vaso com
extravasamento de sangue no tecido
intraparenquimatoso.

ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO:


• Déficit neurológico focal de origem isquêmica com
regressão completa do quadro em menos de 24
horas
Acidente Vascular Encefálico
FATORES DE RISCO:
• Modificáveis: HAS, DIABETES, TABAGISMO,
DISLIPIDEMIAS, ABUSO DE ÀLCOOL,
SEDENTARISMO,OBESIDADE, DROGAS
ILÍCITAS, DOENÇAS CARDIVASCULARES,
ATEROSCLEROSE DE ARTÉRIAS CARÓTIDAS.
• Não modificáveis: IDADE, SEXO, RAÇA,
FATORES GENÉTICOS ESPECÍFICOS

Acidente Vascular Encefálico


Córtex sensório motor- áreas 4,6,3,2,1 de
Brodmann. Conjuntamente com suas vias
descendentes que fazem conexão com o NMP
na medula, formam o sistema piramidal.
Sinais clínicos de injúria a estas estruturas:
Espasticidade, clônus, Babinski, hiperreflexia
e sincinesia. No AVE esses sinais clínicos
são vistos no hemicorpo contralateral à
injúria encefálica

Estruturas que comandam a


motricidade voluntária
Presente nas lesões de córtex sensório-
motor e\ou de suas vias
descendentes( SISTEMA PIRAMIDAL).
Avaliada através da movimentação
passiva e classificada atualmente segundo
a escala de Ashwort modificada.
É um tipo de hipertonia velocidade-
dependente e que tem predomínio em
grupos musculares antigravitacionais.

HIPERTONIA TIPO ESPÁSTICA


DOENÇA DE PARKINSON
Doença de Alzheimer
Alterações neurodegenerativas
Déficits de evolução lenta e progressiva

COGNIÇÃO MEMÓRIA COMPORTAMENTO

Doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer (DA) é uma doença idade-dependente e seu risco
aumenta em familiares, o que indica que a genética está fortemente
relacionada à doença. Aproximadamente 40% dos pacientes possuem no seu
histórico um antecedente familiar, especialmente em famílias longevas.

Estudos realizados com gêmeos não demonstraram resultados consistentes
de herança, indicando a possível influência de fatores ambientais.

A hereditariedade está muito mais marcada na chamada DA familiar, cujo
início é precoce, antes dos 60 - 65 anos de idade, do que na DA esporádica,
caracterizada por seu aparecimento em idades mais avançadas.

O componente genético parece variar de família para família, algumas


fortemente relacionadas e outras sem grande relevância.

Etiologia
Já estão identificados vários genes que parecem
conferir o risco hereditário para a doença de
Alzheimer.
Cerca de 10% dos pacientes apresentam como
fatores etiológicos, diferentes genes
autossômicos dominantes. Os genes já
identificados são: ApoE, PPA, PS1 e PS2. Em
2011, cinco novos genes foram descobertos
(MS4A, ABCA7, CD33, EPHA1 e CD2AP) e
somam-se a outros descritos anteriormente:
CLU, PICALM, CRI, BIN1.

Genética e Alzheimer
.
Menor que 1% em indivíduos com menos
de 65 anos
10% por volta dos 65 anos
30% a40% aos 85 anos ou mais

Estima-se que 6% da população brasileira


acima de 65 anos é acometida pela
Doença de Alzheimer

Prevalência
DEMÊNCIA DIMINUIÇÃO DA
FUNCIONALIDADE

Impacto no sistema de saúde


pública
PERDA DA
AUTONOMIA

Doença de Alzheimer
Depósitos de proteínas beta-amilóide,
filamentos anormais de proteínas e declínio
sináptico com ativação de células gliais.
A atividade colinérgica é diminuída nos
núcleos basais de Meynert afetando a
função cognitiva e o comportamento
Redução da substância cinzenta cerebral no
córtex pré frontal bilateral, no lobo parietal
e giro do cíngulo

Doença de Alzheimer
Fase inicial
Pequenos esquecimentos
Confusão
Agressividade
Mudanças de humor e personalidade
Distúrbios de linguagem
Dificuldade para aprender novas tarefas
Dificuldade com AVDs e auto cuidado

Fases da doença de alzheimer


Fase inicial
Pequenos esquecimentos
Confusão
Agressividade
Mudanças de humor e personalidade
Distúrbios de linguagem
Dificuldade para aprender novas tarefas
Dificuldade com AVDs e auto cuidado

Fases da doença de alzheimer


Fase intermediária
Incapacidade de aprender e reter novas
informações
Dependência de terceiros
Dificuldade de locomoção
Dificuldade de comunicação
Inicia perda do controle de bexiga

Fases da doença de alzheimer


Fase Final
Restrição ao leito
Afasia
Risco de complicações respiratórias
Risco de desnutrição
Risco de úlceras de decúbito

Fases da doença de alzheimer


As intervenções podem ser
medicamentosas e não medicamentosas
Objetivos:
Atrasar a diminuição da função cognitiva
Minimizar o declínio da funcionalidade
Tratar as manifestações não cognitivas

Intervenções na Doença de
Alzheimer
Promover atividades que melhorem o
desempenho funcional
Tentar reduzir a medicação
Minimizar o déficit de equilíbrio e as
quedas
Prevenir o declínio cognitivo e de memória

Objetivos
Ganho de Força muscular
Melhora do equilíbrio
Melhora da ADM
Melhora do Humor
Melhora da auto estima
Manutenção da memória
Prolonga a independência funcional
Melhora a qualidade de vida
Previne síndrome do imobilismo

Resultados
CONTROLE COGNITIVO
DO MOVIMENTO
Abordagem dos processos demenciais e suas
implicações no controle motor
O controle dos nossos movimentos envolve
uma ação integrativa harmônica entre
vários sistemas, sob grande gerenciamento
do Sistema Nervoso.
sistemas sensoriais e perceptuais
sistemas de ação motora
sistemas cognitivos

Controle dos movimentos


Movimentos automáticos

Gerenciamento cognitivo

EX: Os atletas têm absoluto domínio de seus movimentos e


das estratégias motoras treinadas exaustivamente. Porém,
diante de uma competição em especial, são necessárias
concentração, alerta e atenção para que se tenha o máximo
desempenho.

Os processamentos cognitivos
influenciam os nossos movimentos?
A elaboração dos planos de ações motoras
exige muitos desafios

 experiências prévias
contexto do ambiente

Estas ações devem ser flexíveis e


adaptativas de forma a lidar com
adaptações e eventos inesperados.

Planos de ação motora


Funções executivas podem ser definidas
como “processos cognitivos que orquestram
atividades direcionadas a um objetivo e
alocam a atenção entre tarefas
competitivas.”

Funções executivas
Funções executivas estão relacionadas a:
determinação de estratégias para se atingir
objetivos direcionados;
 ajustes de planejamento;
 controle de processos de atenção;
gerenciamento de tarefas;
flexibilidade de pensamento;
tomadas de decisão.
Em suma, podemos associar estas funções executivas
à habilidade em lidar adequadamente com a novidade
e em gerenciar objetivos pessoais.

Funções executivas
O controle cognitivo envolve ainda:
monitorar as ações de forma que se
esteja de acordo com a meta e se atinja
determinado objetivo;
inibir desejos pessoais e seguir regras, de
forma a se adequar a convenções sociais
e inibir respostas habituais para se atingir
o objetivo proposto.

Controle cognitivo do movimento


A grande área de gerenciamento do
controle cognitivo sobre nossos
movimentos é dada no córtex pré-frontal,
que é constituído por mais da metade do
lobo frontal em humanos, mas também
em outras áreas tanto corticais (como o
lobo parietal) como subcorticais, como os
núcleos da base.

Anatomia do controle cognitivo do


movimento
Está envolvido no
comportamento
direcionado a um
objetivo, recrutamento
de informações
relevantes a tarefa,
planejamento motor,
monitoramento do
movimento, simulação
de consequências,
iniciação, inibição e
alternância de
comportamentos.

Córtex pré frontal


A memória está envolvida no
processamento da aquisição de novas
informações. O processamento de novas
informações envolve os processos de
aquisição da informação, consolidação,
armazenamento e posterior recuperação
da informação, que servirá de base para
executar um comportamento motor
aprendido.

MECANISMOS DE MEMÓRIA
A memória operacional representa um
armazenamento de capacidade limitada para
reter informações por um período curto de
tempo (“manutenção”) e para a realização
de operações mentais dentro do contexto
deste armazenamento (“manipulação”).
Está conectada com sistemas de suporte à
memória de longa duração, além da seleção
de estratégias e planos.

Memória operacional
É necessária para manter informações
relevantes à tarefa e manipular estas
informações de forma a se atingir
comportamentos direcionados a um
objetivo. A memória operacional está
envolvida também na habilidade em
organizar e segregar o timing e a ordem
dos eventos motores.

Memória operacional
Atenção é “um conjunto de processos que
leva à seleção ou priorização no
processamento de certas categorias de
informação”.
Atenção seletiva
Atenção sustentada
Atenção dividida

MECANISMOS DE ATENÇÃO
VOLICIONAL-COGNITIVO: por meio de comandos
oriundos do córtex cerebral e com intensa
participação da memória operacional para guiar
os comportamentos futuros
 EMOCIONAL: sinais oriundos do sistema límbico /
hipotálamo
 AUTOMÁTICO: ativações sequenciais de
neurônios no tronco encefálico e medula espinhal.
Estão envolvidos na geração de movimentos
rítmicos dos membros e regulação do tônus
muscular postural

Controle cognitivo da marcha


Controle cognitivo da marcha
Pela visão A, dita tradicional, a instabilidade de marcha
leva a uma lentidão da mesma, e posterior tendência à
quedas e fraturas; ao passo que os acometimentos
cognitivos, primeiramente brandos (ou declínio
cognitivo leve – MCI, em inglês) tornam-se mais
acentuados e graves, estabelecendo a demência.
De acordo com a visão B, considerada alternativa, é
que a cognição também é preditiva para o declínio de
mobilidade e quedas, e o declínio da mobilidade e a
lentidão da marcha também são preditivos para a
deterioração cognitiva (MONTERO-ODASSO et al.,
2012).

Controle cognitivo da marcha


 A volição está relacionada com a capacidade para um
comportamento intencional e motivação para a formulação
de um objetivo. Essencialmente, é a iniciação para a
iniciação do movimento. A volição é a porta de entrada
para a ocorrência do movimento voluntário e está
fortemente vinculada com a recompensa que pode-se
atingir com determinada ação motora. Quanto maior a
motivação, maior a volição.
Quando o indivíduo apresenta alterações cognitivas, pode
apresentar por consequência  alterações na volição, e, em
decorrência, perda de mobilidade devido à motivação
reduzida. Há uma diminuição dos movimentos, que pode
ser confundida com bradicinesia

VOLIÇÃO
 
A auto-consciência está relacionada à habilidade do
indivíduo em se colocar (psicologicamente e fisicamente)
no ambiente físico e na situação atual. Está envolvida no
reconhecimento dos riscos ambientais e possíveis
possibilidades de adaptação motora.
Os pacientes com alterações cognitivas podem por
consequência apresentar uma marcha cautelosa, com
estimação pobre de limitações físicas. Estas alterações
podem levar a uma incorreta avaliação de perigos no
ambiente, e consequentemente, aumento do risco de
quedas.

AUTO-CONSCIÊNCIA
O planejamento motor envolve a identificação e organização
dos passos e elementos necessários para se levar adiante
uma intenção motora. Está relacionado também à
consideração de alterações das circunstâncias presentes,
possíveis alternativas, realização de escolhas e controle de
impulsos. O planejamento  ocorre sob forte influência da
memória operacional. É o planejamento motor que envolve a
tomada de decisão durante a realização de ações motoras.
Indivíduos com acometimentos em planejamento
apresentam alterações nas habilidades de tomadas de
decisão durante a marcha em ambientes complexos,
apresentando escolhas arriscadas ou ineficientes.

Planejamento motor
A função de ignorarmos estímulos sensoriais
irrelevantes e filtrar as distrações para resolver
problemas é uma função cognitiva importantíssima na
realização do ato motor. Está intimamente relacionada à
chamada atenção seletiva.
As pessoas que apresentam alterações nestas funções
não conseguem alocar e engajar as reservas atencionais
para a realização dos atos motores pretendidos, e por
consequência perdem desempenho motor
principalmente em ambientes complexos e na presença
de inúmeros distratores.
 

Inibição de resposta
O monitoramento da resposta motora é uma função executiva que
permite comparação de ações em andamento com um plano interno
pretendido e portanto permite que ocorra a detecção de erros. É de
extrema importância a participação dos sistemas cerebelares e dos
núcleos da base nestas funções – o primeiro principalmente na
aprendizagem de movimentos novos, e os segundos para programas
motores previamente aprendidos e armazenados nos arquivos de
memória. Facilitam a tomada de decisão e o ajuste flexível do
comportamento motor e são particularmente importantes e
influentes durante a marcha em ambientes complexos.
Os indivíduos com prejuízos cognitivos que gerem alterações no
monitoramento de resposta apresentam alterações de velocidade de
marcha e consequente aumento do risco de quedas, bem como
diminuição também da função de inibição atencional.

Monitoramento de resposta
Quando duas tarefas estão sendo executadas ao
mesmo tempo, a competição por reservas atencionais
disponíveis pode causar a diminuição no desempenho
de uma ou mais tarefas. Diante do exposto, o sistema
nervoso não consegue gerenciar as tarefas da mesma
forma e acaba priorizando algumas, geralmente as
tarefas que exigem controle postural – as estratégias
denominadas “posture first”. É interessante
considerar que pesquisas mostram que alterar o foco
da atenção para a tarefa secundária pode melhorar o
controle postural do que focar a atenção para a
postura.

Dupla tarefa
Avaliação de
sensibilidade, força
muscular, Tônus
muscular, equilíbrio e
funcionalidade
Teste de
Força
Muscular
AVALIAÇÃO DE
EQUILÍBRIO
Timed up and go

O teste Timed up and go (TUG), vem sendo


utilizado como ferramenta para avaliar o risco
de quedas e a funcionalidade na marcha, sendo
aplicado com frequência na reabilitação
neurofuncional. O parâmetro avaliado é o tempo
despendido (em segundos) para levantar de
uma cadeira, andar uma distância de 3 metros e
voltar até sentar-se.
Avaliação do Tônus
muscular
Avaliação da Espasticidade
Avaliação da funcionalidade
Avaliação da funcionalidade
Avaliação da funcionalidade
Avaliação do idoso- motricidade,
flexibilidade, equilíbrio, independência
funcional;
Atividades práticas:
Ganho de flexibilidade e força muscular,
aprimoramento do equilíbrio estático e
dinâmico, modulação do tônus muscular
anormal, condicionamento
cardiorespiratório.

Abordagem prática das disfunções


neurológicas em geriatria

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