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SUMÁRIO

ENVELHECIMENTO CEREBRAL .............................................................. 2

1.1 Alteração cognitiva leve........................................................................ 6

TEORIAS DO ENVELHECIMENTO HUMANO ......................................... 10

DOENÇAS ASSOCIADAS AO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO .... 18

3.1 Aspectos neuropsicológicos relevantes.............................................. 22

3.2 Neuropatologia ................................................................................... 25

PREVENÇÃO DE DOENÇAS E PROMOÇÃO DA SAÚDE NA TERCEIRA


IDADE .................................................................................................................. 27

FUNCIONAMENTO COGNITIVO E SINTOMAS DE DEPRESSÃO


EM IDOSOS .............................................................................................................. 34

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 39
1
ENVELHECIMENTO CEREBRAL

Fonte: www.celeiro.pt

O envelhecimento é um processo gradual e inevitável. Diversas teorias atual-


mente discutem de que forma o nosso organismo envelhece; a mais aceita diz respeito
a um progressivo encurtamento de telômeros, conforme nossas células passam pelas
sucessivas mitoses, associado a uma lesão cumulativa causada por radicais livres e
processos de oxidação. O envelhecimento fisiológico é linear e não obrigatoriamente
igual em todos os sistemas do corpo humano; cada um inicia seu envelhecimento a
um dado momento e perde a sua função (ou demonstra a sua perda de função) em
seu próprio ritmo, mas linear.
O envelhecimento cerebral, por sua vez, também apresenta todo um ritmo es-
pecial; quanto mais do seu cérebro em atividades intelectuais mais tempo ele demo-

1 Texto original extraído do link: http://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/viewFile/1874/1288


rará para perder suas conexões e, consequentemente, apresentar uma perda sinto-
mática, tendo em vista sua excepcional capacidade plástica. Inevitavelmente, con-
tudo, o envelhecimento ocorre.
São diversos os processos de envelhecimento cerebral:
- Atrofia cerebral com dilatação de sulcos e ventrículos;
- Perda de neurônios;
- Degeneração granulovacuolar;
- Presença de placas neuríticas;
- Formação de corpos de Lewy a partir a da alfa sinucleína,
Formação de placas beta-amilóides, de longe as mais estudadas. Proteínas
precursoras amilóides são responsáveis pelo desenvolvimento e bom funcionamento
do cérebro; sua degeneração é feita por uma via amiolodogênica e outra não amiolo-
dogênica; um excesso de degradação pela primeira via gera uma formação excessiva
de proteínas beta-amilóides, que formam agregados fibrilares na terminação sináptica,
as placas senis, que precipitam e precedem a formação de aglomerados proteicos
intracelulares;

Fonte: www.concursoefisioterapia.com

- Emaranhados neurofibrilares (ENF), gerados a partir da proteína tau; tal pro-


teína, por ser associada aos microtúbulos, quando sofre uma hiperfosforilação, gera
uma perda de função neuronal associada aos seus emaranhados intracelulares. As
placas de proteína beta-amilóides parecem predispor a formação destes emaranha-
dos, e ambas, por seus efeitos tóxicos, são responsáveis pela morte neuronal. Os
emaranhados parecem ser um bom indicador do declínio cognitivo durante a progres-
são da Doença de Alzheimer (DA). Tais lesões se iniciam cedo, a partir dos 60 anos,
nas regiões temporais mediais e depois progridem para todo o neocórtex.

Fonte: pt.slideshare.net

Os ENF se formam principalmente no córtex etorrinal e menos nas áreas sen-


sório-motoras; a deposição de placas beta-amilóides, por sua vez, demonstra mais
alterações quando se deposita no lobo temporal, embora tenha uma distribuição mais
difusa. Pacientes com déficit cognitivo leve ou alteração cognitiva leve (ACL) e DA
apresentam gradativamente maior quantidade dessas alterações lesionais cerebrais,
e a progressão da doença está associada a isso, embora não de uma forma que se
possa quantificar interpessoalmente, ou seja, uma pessoa com mais placas senis não
obrigatoriamente terá um déficit cognitivo maior que outra com menos, embora ambas,
conforme tenham um aumento da sua própria quantidade dessas lesões, progressi-
vamente apresentem um déficit maior.
Alterações características do envelhecimento levam aos déficits cognitivos co-
mumente observados como naturais no envelhecimento: esquecimento de fatos re-
centes, dificuldades de cálculo, alterações de atenção. Muitas vezes, a perda só pode
ser observada se o paciente requer mais de sua memória que o comum; pessoas com
uma rotina estabelecida, sem necessidade de muita atividade intelectual, só perce-
berá quando a perda for mais pronunciada, o que pode atrasar o diagnóstico de algo
mais grave.

Fonte: pt.slideshare.net

Diversas causas podem levar à perda cognitiva: acidente vascular encefálico,


trauma craniano, encefalopatia metabólica, infecção, estado confusional agudo (perda
momentânea), demências, alcoolismo, hipotireoidismo, câncer e até mesmo utilização
de medicamentos, como ansiolíticos, antipsicóticos, antidepressivos tricíclicos, hipnó-
ticos, anti-histamínicos, antiparkinsonianos com ação anticolinérgica, anticonvulsivan-
tes.
1.1 Alteração cognitiva leve

Fonte: www.clinicaarcus.com.br

Com a descoberta dessas alterações cerebrais e o desenvolvimento cada vez


maior das neurociências, o que mais se fala a respeito na atualidade no que concerne
perda cognitiva são as demências e, em especial, um quadro transicional entre o en-
velhecimento fisiológico e a perda cognitiva patológica: a alteração cognitiva leve.
Seus critérios diagnósticos são:
1. Queixa de memória preferivelmente confirmada por um informante,
2. Déficit de memória indicado por testes (desempenho de aproximadamente
1,5 desvio-padrão abaixo da média de controles normais da mesma idade),
3. Funções cognitivas gerais normais,
4. Atividades funcionais (sócio ocupacionais) intactas,
5. Ausência de demência. A ACL pode se apresentar em algumas formas: am-
nésica de domínio único (apenas memória comprometida), de domínio múltiplo (me-
mória e outros domínios da cognição), não-amnésica de domínio único (outro domínio
que não memória) e não-amnésica de múltiplos domínios (outros domínios que não
memória), evidenciada por exames neurológicos às vezes tão simples quanto o Mini-
Exame do Estado Mental (MEEM). Este, entretanto, não tem tanta sensibilidade para
diagnóstico definitivo, especialmente na diferenciação entre os vários tipos de demên-
cia, embora seja um instrumento valioso de avaliação inicial, podendo ser usado por
qualquer profissional de saúde treinado para tal. Portanto, após uma triagem feita com
o MEEM, um exame neuropsicológico mais aprofundado é indicado. A ACL tende a
cursar também com sintomas neuropsiquiátricos, como disforia, depressão, ansie-
dade, agitação psicomotora.

Fonte: revistavivasaude.uol.com.br

Por outro lado, fenômenos de natureza psicótica, como delírios e alucinações


e episódios de agitação, são pouco comuns na ACL, diferentemente da DA leve, na
qual possuem prevalência elevada. Estudos mostram taxas de conversão de ACL
para DA entre 6% e 12% ao ano, e há correlação positiva entre a idade, sexo e doen-
ças de base (hipertensão, cardiopatia isquêmica, tabagismo).
A forma mais provável de progressão para DA é o DCL de múltiplos domínios.
Mas a DA não é o único tipo de demência conhecido; foi proposta uma classificação
para as demências em que se dividem as alterações cognitivas em dois grupos: as
demências decorrentes de comprometimento do sistema nervoso central (SNC) e as
não decorrentes de comprometimento do SNC (como as causadas por alterações tó-
xico-metabólicas). O primeiro grupo se subdivide em demências primárias e secundá-
rias.
Fonte: pt.slideshare.net

As demências primárias se dividem em outros dois grupos, um grupo em que a


demência é a manifestação clínica principal (doença de Alzheimer, demência fronto-
temporal (DFT), demência com corpos de Lewy - DCL) e outro grupo em que a de-
mência pode ser a manifestação clínica principal (doença de Parkinson - DP -, doença
de Huntington, paralisia supra nuclear progressiva). As secundárias, por fim, são cau-
sadas por alterações do SNC, como doença cerebrovascular, tumores, infecções e
hidrocefalia.
Outro fator importante que pode contribuir para o agravamento da perda cogni-
tiva é o sedentarismo. O estilo de vida de pacientes institucionalizados, em geral,
cursa com falta de estímulos conversacionais e físicos, ocasionando uma aceleração
do envelhecimento e um prejuízo à autoestima do idoso, o que o desestimula ainda
mais, acarretando um comprometimento ainda maior em um círculo vicioso. Várias
pesquisas já foram feitas para averiguar a influência do exercício físico em idosos,
todas elas chegando à conclusão de que é benéfico para o idoso, especialmente com
relação à qualidade devida e à autoestima.
Fonte: portaldoidosoemcuritiba.blogspot.com.br

A atividade física facilita comportamentos que promovem saúde e ainda gera


mudanças na percepção da pessoa sobre sua saúde; como consequência, há um au-
mento do grau de independência e integração social. Ademais, reduz o risco de muitas
doenças crônicas em idosos, como a doença coronariana, a hipertensão arterial sis-
têmica, o diabete melito, certas desordens metabólicas (como a síndrome metabólica)
e alterações emocionais (como a depressão).
Do ponto de vista cognitivo, acredita-se que o exercício físico, a curto prazo,
melhore a função cognitiva por aumentar o fluxo sanguíneo, a oxigenação e a nutrição
cerebrais; a longo prazo, os efeitos de aumento da performance cardiorrespiratória e
consequente melhora prolongada da oxigenação cerebral, diminuição do LDL e a li-
beração de fatores antioxidantes ajudariam a retardar a perda cognitiva por lesão neu-
ronal.
Doenças crônicas degenerativas são os fatores que mais dificultam as ativida-
des de vida diária, instrumentais ou não, em idosos (e, por extensão, por comprome-
tem as atividades físicas e consequentemente uma forma importante da prevenção
da perda cognitiva e da progressão das próprias doenças degenerativas). Duas ou
mais doenças podem aumentar em até cinco vezes a probabilidade de dificuldades.
2
TEORIAS DO ENVELHECIMENTO HUMANO

Fonte: globedia.com

A população idosa, a nível mundial, tem demonstrado crescimento expressivo


nas últimas décadas, em virtude da expansão de sua expectativa de vida. A desco-
berta de novos medicamentos possibilitou um amplo controle e tratamento eficiente
de doenças infectocontagiosas e crônico-degenerativas, às quais somadas às inter-
venções estratégicas modernas de diagnóstico e cirurgia proporcionaram uma eleva-
ção da vida média da população (ARAÚJO et al., 1999; HOFFMANN, 2002). O avanço
da expectativa de vida ocorreu originalmente em países desenvolvidos, porém, é nos
países em desenvolvimento que tal processo tem ocorrido de forma mais maciça
(COSTA; VERAS, 2003). O Brasil mesmo tendo iniciado seu processo de envelheci-
mento somente na década de 60, acompanha essa tendência mundial, com um enve-
lhecimento rápido e intenso (CHAIMOWICZ, 1997).
A dinâmica do envelhecimento da população mundial fez com que a ciência, os
pesquisadores e também a população buscassem formas para minimizar ou evitar os
efeitos do envelhecimento, fato que proporcionou nos últimos anos um aumento de
pesquisas voltadas para o envelhecimento humano, surgindo várias teorias com o

2 Texto original extraído do link: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/arti-


cle/viewFile/1571/1324
propósito de explicar as causas desse fenômeno (BARROS NETO; MATSUDO; MAT-
SUDO, 2000).

Fonte: pt.slideshare.net

Dentre as inúmeras teorias que buscam apontar as causas do envelhecimento


pode-se destacar: a Teoria Genética, a Teoria Imunológica, a Teoria do Acúmulo de
Danos, a Teoria das Mutações, a Teoria do Uso e Desgaste e a Teoria dos Radicais
Livres (RLs), uma das teorias mais plausíveis até o momento. Essa teoria sustenta a
ideia de que o envelhecimento celular normal seja desencadeado e acelerado pelos
RLs, moléculas instáveis e reativas capazes de reagir com os constituintes do orga-
nismo em busca de uma maior estabilidade.
O envelhecimento humano está sujeito a influências intrínsecas, como a cons-
tituição genética individual responsável pela longevidade máxima e os fatores extrín-
secos condizentes às exposições ambientais a que o indivíduo sofreu (tipo de dieta,
sedentarismo, poluição, entre outros), os quais proporcionam uma grande heteroge-
neidade no envelhecimento. Além disso, o envelhecimento orgânico humano pode ser
caracterizado como senescência, envelhecimento normal, ou como senilidade, enve-
lhecimento patológico.
Fonte: melhorcomsaude.com

A senescência é caracterizada como um processo fisiológico com transforma-


ções que ocorrem normalmente com o passar dos anos (sem distúrbios de conduta,
amnésias, entre outros), enquanto que a senilidade significa a presença de doenças
crônicas ou outras alterações que podem acometer a saúde do idoso (perda da capa-
cidade de memorizar, prestar atenção, não conseguir se orientar, etc.) (BRINK, 2001;
PAPALÉO NETTO, 2002).
Com o envelhecimento o ser humano sofre várias alterações marcantes, entre
as quais pode-se citar: embranquecimento dos cabelos e calvície (embora sejam ca-
racterísticas também vinculadas a aspectos étnicos, genéticos, sexuais e endócrinos);
redução na estatura; aumento do diâmetro do crânio e aumento da amplitude do nariz
e orelhas caracterizando a conformação facial do idoso. Também ocorre diminuição
da espessura e perda da capacidade de sustentação da pele, o que leva ao surgi-
mento de bolsas orbitais, enrugamento e aumento dos sulcos labiais; surgimento do
arcus senilis (círculo branco em torno da córnea); alteração da cavidade bucal (perda
da elasticidade da mucosa, queratinização e aumento da espessura do epitélio) com
perda do paladar; desgaste dos dentes e modificação na língua que perde grande
quantidade de suas papilas gustativas.
Fonte: www.revistasossaude.com.br

O envelhecimento também ocasiona mudanças na composição corpórea com,


geralmente, ganho de peso, devido ao aumento do tecido adiposo e redu ção de teci-
dos muscular e ósseo. A deposição do tecido adiposo ocorre em maior concentração
no tronco e ao redor de vísceras como rins e coração.
Segundo Cunha e Jeckel-Neto (2002), pode-se caracterizar o envelhecimento
como uma das etapas sequenciais da vida, apresentando-se como um processo lento,
progressivo e inevitável, caracterizado por diversas modificações morfológicas, funci-
onais, bioquímicas e psicológicas, que contribuem para o aumento da vulnerabilidade
e incidência dos processos patológicos no organismo.
Atualmente várias teorias são propostas para explicar a origem do fenômeno
do envelhecimento, cada qual com um conjunto de conceitos, fatos e indicadores. Esta
variedade de teorias provém dos vários pontos de controvérsia que surgem no mo-
mento de estabelecer os fatores envolvidas no processo do envelhecimento, bem
como, do próprio entendimento desse fenômeno complexo, uma vez que muitas teo-
rias formuladas apoiam-se somente numa alteração biológica isolada, sem considerar
a noção de complexidade e integridade, condições que caracterizam o envelheci-
mento (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
Fonte: oenvelhecimentohumano.blogspot.com.br

A Teoria Genética defende a ideia de que o envelhecimento é resultado de


alterações bioquímicas programadas pelo próprio genoma, o qual poderia regular a
expectativa de vida por meio de diferentes genes, dessa forma, cada ser vivo apre-
sentaria uma duração de vida estipulada pelo seu padrão genético, algo que tenta ser
comprovado pela realização de várias pesquisas acerca da longevidade, somadas às
constatações na prática clínica dos envelhecimentos precoces. Outro mecanismo ge-
nético considerado seria o encurtamento do telômero, estrutura localizada no final dos
cromossomos de células eucarióticas, como fator determinante no desencadeamento
do envelhecimento, uma vez que é responsável pela proteção dos cromossomos e
replicação do DNA cromossomal (TORRES, 2002).
Segundo Cunha e Jeckel-Neto (2002), o encurtamento dos telômeros também
traria como consequência perdas de informações genéticas e instabilidades genômi-
cas no decorrer da vida. Contudo, a avaliação experimental desta teoria é lenta pelo
fato da existência de grande número de variáveis e à limitação dos métodos experi-
mentais.
Fonte: www.cosmeticinnovation.com.br

O sistema imune é constituído por dois mecanismos: o celular, representado


pelos Linfócitos T (células timo dependentes), responsáveis pela manutenção da es-
tabilidade homeostática e vigilância imunológica do indivíduo; e o humoral represen-
tado pelas imunoglobulinas originárias dos Linfócitos B, e que permanecem aderidos
à sua membrana (BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996).
A função imunológica decai com o avanço dos anos, motivo pelo qual a hipó-
tese básica da teoria imunológica seja a de que a redução da eficácia do sistema
imune, mantido pela interação entre linfócitos e macrófagos no organismo, ao longo
dos anos tornaria as pessoas mais susceptíveis contra as agressões, provocando as-
sim, o envelhecimento. Tal teoria postula que a diminuição da resposta imune estaria
relacionada ao envelhecimento do timo, órgão central no desenvolvimento e diferen-
ciação de Linfócitos T (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002). Um conhecimento mais
abrangente acerca dos Linfócitos T auxiliaria na compreensão do envelhecimento,
além da necessidade de haver mais pesquisas para a confirmação dessa teoria, uma
vez que as alterações imunitárias podem ser consequências e não causas do enve-
lhecimento (BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996).
Fonte: inescozzo.com

Segundo a Teoria do Acúmulo de Danos ou também denominada Erro Catás-


trofe, a principal causa do envelhecimento seria o acúmulo de moléculas defeituosas
provenientes de falhas no reparo e na síntese de moléculas intracelulares com o
avanço da idade, o que repercutiria na perda progressiva da função do organismo. As
falhas de reparo e síntese seriam oriundas de erros na transcrição do RNA e sua
tradução em proteínas, gerando uma elevação na concentração de proteínas modifi-
cadas e não funcionais (TORRES, 2002).
Evidências em pesquisas contradizem a Teoria do Erro Catástrofe quanto a
transcrição e tradução, pois nestes estudos esses dois processos relacionados à sín-
tese de proteínas se mantiveram estáveis com o aumento da idade, além disso, outras
pesquisas revelaram que a seqüência de aminoácidos de inúmeras proteínas impor-
tantes ao organismo mantiveram-se constantes ao longo dos anos (BORGONOVI;
PAPALÉO NETTO, 1996), portanto, até hoje não há evidências suficientemente con-
cretas que sustentem esta hipótese. A Teoria das Mutações pressupõe que as suces-
sivas alterações que ocorrem nas células somáticas (46 cromossomos), ao transcorrer
dos anos, produziriam células mutantes incapazes de cumprir suas funções biológi-
cas, o que provocaria um declínio progressivo dos órgãos e tecidos, com instalação
do envelhecimento (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
As mutações podem ter origem das transformações do mecanismo de reparo
da molécula de DNA, sendo possível que sejam repassadas para as células filhas
(BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996). Segundo Schimke e colaboradores (1986
apud BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996), as mutações são ocasionadas pela
existência de inúmeras áreas de replicação do DNA no cromossomo, o que desenca-
deia um número alto de replicação de determinados segmentos do DNA e por conse-
quência inúmeros rearranjos e mutações.
Esse acúmulo de células heterogêneas durante os anos seria a explicação de
doenças de fundo clonal como câncer e arteriosclerose.

Fonte: pt.slideshare.net

A Teoria do Uso e Desgaste baseia-se na ideia de que o envelhecimento seja


o resultado do acú- mulo de agressões ambientais do dia-a-dia, as quais ocasionariam
a diminuição da capacidade do organismo em recuperar-se totalmente. Onde, os feri-
mentos, infecções, inflamações e outras formas de agressões sejam eles, ferimentos
ou patógenos, se somariam ao longo dos anos no indivíduo e dessa forma, as lesões
ocasionadas provocariam alterações nas células, tecidos e órgãos desencadeando o
envelhecimento.
Atualmente essa teoria encontra-se desacreditada, apesar de defender danos
que são dependentes do tempo e podem aumentar a possibilidade de morte do indi-
víduo, sem, no entanto, atuarem como causadores do processo do envelhecimento.
Além do que, pode-se considerar a Teoria do Uso e Desgaste não como uma teoria,
mas um aspecto relevante para auxiliar outras teorias no que diz respeito ao desgaste
de um órgão ou área do organismo relacionando-o com a idade, sem se transformar
em um fato causal do envelhecimento.

DOENÇAS ASSOCIADAS AO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

Fonte: www.dino.com.br

O envelhecimento faz parte natural do ciclo da vida. É, pois, desejável que


constitua uma oportunidade para viver de forma saudável, autónoma e independente,
o maior tempo possível. O envelhecimento deve ser pensado ao longo da vida. O ideal
é, desde cedo, ter uma atitude preventiva e promotora da saúde e da autonomia na
velhice.
Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2007, p.8) o envelhecimento pode ser
compreendido como um processo natural, de diminuição progressiva da reserva fun-
cional dos indivíduos, o que, em condições normais, não costuma provocar qualquer
problema. No entanto, em condições de sobrecarga como, por exemplo, doenças, aci-
dentes e estresse emocional, podem surgir condições patológicas que requeiram as-
sistência. Cabe ressaltar que certas alterações decorrentes do processo de envelhe-
cimento podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um estilo de vida
mais ativo.
Rowe e Kahn (1998, apud CUPERTINO, et al. 2007, p.82) ao explorar a varia-
bilidade do desenvolvimento humano propuseram três trajetórias do envelhecimento
humano: normal, patológica e saudável. Em sua definição de envelhecimento saudá-
vel a proposta é de priorizar baixo risco de doenças e de incapacidades funcionais
relacionadas às doenças; funcionamento mental e físico excelentes; e, envolvimento
ativo com a vida.
O envelhecimento, infelizmente, aumenta a prevalência de diversas afecções,
principalmente as de caráter crônico. Neste cenário, devemos dar atenção especial
aos fatores de risco, sintomatologia e prevenção das doenças mais comuns na ter-
ceira idade.

Fonte: www.atlasdasaude.pt

As afecções cardiocirculatórias apresentam-se com a maior prevalência. Entre


elas a hipertensão arterial, os infartos, anginas, insuficiência cardíaca e AVC’s. Ade-
mais, somam-se as doenças degenerativas como o Alzheimer, osteoporose e osteo-
artrose; doenças pulmonares como pneumonias, enfizema, bronquites e as gripes são
destacadas principalmente nos meses de inverno; ainda os diversos tipos de câncer,
diabetes e infecções
A prática de atividade física moderada e regular, uma alimentação saudável,
não fumar, o consumo moderado de álcool e a participação na sociedade são fatores
que contribuem para a qualidade de vida em todas as idades e, em particular, no
processo de envelhecimento.
Fonte: solucaoperfeita.com

O envelhecimento normal do cérebro pode se acompanhar de alterações men-


tais superponíveis às de uma demência incipiente, levando a problemas de diagnós-
tico diferencial, especialmente com a doença de Alzheimer (DA). Embora se tenham
estabelecido, em consenso, critérios neuropsicológicos, patológicos e de neuroima-
gem para diferenciação entre o normal e o patológico, o diagnóstico dos problemas
cognitivos leves de cada cliente idoso continua representando um desafio. Ainda não
se descobriu um marcador biológico seguro da DA. A presença do alelo E-4 do gene
(do cromossoma 19) da apolipoproteína E representa um fator de risco para o desen-
volvimento da DA. Entretanto, muitos indivíduos que têm este alelo jamais se tornam
dementes, enquanto outros que não o possuem desenvolvem DA.
Além disso, qualquer teste laboratorial ou psicológico pode resultar em falso-
positivos ou falso-negativos, devido à própria natureza dos fenômenos biológicos e
humanos (de gênese ou condicionamento multifatorial). Por isso, na interpretação dos
resultados dos testes deve-se levar em conta outras variáveis (que não a lesão) ca-
pazes de influenciar no desempenho das tarefas e testes propostos.
O sistema de saúde dispõe, numa perspectiva individual, de uma rede de pres-
tação de cuidados de saúde (com serviços integrados, centrados em equipes multi-
disciplinares e com recursos humanos devidamente formados), com uma componente
de recuperação global e de acompanhamento das pessoas idosas, designadamente
através da rede de cuidados continuados, que, por sua vez, integram cuidados de
longa duração.
Uma boa saúde é essencial para que as pessoas mais idosas possam manter
uma qualidade de vida aceitável e possam continuar a assegurar os seus contributos
na sociedade. Pessoas idosas ativas e saudáveis, para além de se manterem autó-
nomas, constituem um importante recurso para as suas famílias, comunidades e até
para a economia do país.

Fonte: www.silvajardim.rj.gov.br

Porém, nem sempre é possível viver o envelhecimento em plena saúde. A mai-


oria das pessoas chega a idosa com doenças crónicas e não transmissíveis. As pato-
logias incapacitantes mais frequentes nas pessoas idosas são as fraturas, incontinên-
cia, perturbações do sono, perturbações ligadas à sexualidade, perturbações de me-
mória, demência (nomeadamente doença de Alzheimer, doença de Parkinson), pro-
blemas auditivos, visuais, de comunicação e da fala. Mas isso não significa, necessa-
riamente, que se tornem incapazes de lidar com a sua evolução ou que não possam
prevenir o aparecimento de complicações.
3.1 Aspectos neuropsicológicos relevantes

Fonte: amerhamdan.com

Memória - O padrão de deterioração da memória no velho normal assemelha-


se ao encontrado nas fases iniciais da DA: declínio da memória "operacional" e da
memória "secundária" ("recente") maior que o da memória "primária" ("imediata") e da
memória "terciária" ("remota"). O aprendizado de situações ou informações novas, a
evocação retardada e repetição de números em ordem inversa são as funções mné-
sicas mais alteradas, enquanto o vocabulário, o fundo de informações, a repetição de
números em ordem direta e a realização de tarefas rotineiras e automatizadas man-
têm-se relativamente intactas. As dificuldades de memória relacionadas à idade são
maiores para a memória episódica do que para a memória semântica e pioram em
ordem crescente na seguinte sequência: memória de procedimentos, reaprendizado,
memória de reconhecimento, evocação baseada em pistas contextuais, evocação li-
vre, memória prospectiva (lembrar de lembrar). O envelhecimento afeta sobretudo a
memória prospectiva e a evocação livre e retardada de material verbal aprendido, pre-
servando sua lembrança baseada em pistas contextuais (p.ex., à base de imagens
visuais). Na discriminação entre DA incipiente e envelhecimento normal, os melhores
testes têm sido o de evocação retardada (após 15 a 30 minutos) de listas de 10 a 15
palavras aprendidas e o de memória lógica (recontagem de estórias e recordação de
lista de palavras associadas a figuras).
Fonte: adultezenvelhecimento.blogspot.com.br

Função intelectual e visuo-motora-espacial complexa - Pacientes com de-


mência leve apresentam escores inferiores aos de sujeitos normais em testes de for-
mação de conceitos, raciocínio verbal (subteste de semelhanças do WAIS, resolução
de problemas), praxias manuais complexas, habilidades visuo-espaciais e práxico-
construtivas
Linguagem - De modo geral, a linguagem do idoso saudável ou demente tem
sido avaliada com testes metalinguísticos, limitados aos níveis fonológico, sintático e
semântico-lexical, dando pouca importância ao nível discursivo-pragmático, que pode
mostrar alterações precoces nessas situações. Estes testes não incluem aspectos
discursivos e epilinguísticos, deixando assim de detectar perturbações do processo
de significação, como as alterações nas relações de sentido, problemas com pressu-
postos interpretativos, violação de leis conversacionais ou discursivas, dificuldades
com operadores argumentativos, alterações de mecanismos de coesão e coerência
textual, dificuldades com acesso e manutenção de tópicos.
Fonte: portalamigodoidoso.com.br

O envelhecimento normal deixa relativamente intactos o vocabulário e o pro-


cessamento sintático, enquanto altera a lembrança de palavras (na conversação e em
testes de fluência verbal), aparecendo então raras parafasias semânticas. No nível
discursivo, podemos ver dificuldades narrativas (especialmente com inferências, su-
marização e interpretação moral de estórias) e omissão de informações sobre a "situ-
ação" da estória; omissão de passos essenciais durante a descrição de procedimen-
tos; e na conversação, dificuldade de compreensão, falta de clareza do enunciado,
"parafasias narrativas" e problemas com inferências e pressuposições. Estudos longi-
tudinais utilizando recontagem e interpretação de estórias mostram variação intraindi-
vidual da "amnésia" de um dia para o outro, dependendo de variáveis como o tamanho
e complexidade da estória, alterações do humor, problemas de família, doenças pas-
sageiras, efeito colateral de medicamentos, entusiasmo, familiaridade ou interesse
com a estória e efeito da prática e aprendizado.
Fonte: www.fotosantesedepois.com

A DA, em sua fase inicial, acompanha-se de:


(1) problemas semântico-lexicais similares aos encontrados na afasia semân-
tica ou transcortical sensorial, ou seja, o sujeito esquece ou troca palavras, mostrando
linguagem elíptica com empobrecimento do vocabulário (especialmente substantivos
de baixa frequência e nomes próprios), parafasias semânticas, pleonasmos, excesso
de dêiticos e perífrases; e ainda mantém o "insight" (função epilinguística) sobre seus
erros. A experiência com o CERAD aponta o Teste de Nomeação de Boston como o
melhor teste não-mnésico para discriminar entre DA e envelhecimento normal.
(2) Dificuldades semântico-discursivas na interpretação de metáforas, provér-
bios, moral de estórias e material humorístico10. Nos estágios moderados da DA temos
piora destas alterações, aparecendo então violação de leis conversacionais, perda da
função epilinguística e início de alterações fonológicas e sintáticas.

3.2 Neuropatologia

Com o avançar da idade, particularmente após a sexta década, acelera-se o


processo de atrofia cerebral, com dilatação de sulcos e ventrículos, perda de neurô-
nios, presença de placas neuríticas (PN) e emaranhados neurofibrilares (ENF), depó-
sitos de proteína beta-amilóide e degeneração granulovacuolar, os quais aparecem
precocemente nas regiões temporais mediais e espalham-se por todo o neocórtex. Na
DA, já em suas fases iniciais, estas alterações são mais acentuadas, particularmente
a maior densidade de ENF no córtex peri- e entorrinal, subiculum e região CA1 do
hipocampo, em correlação com os distúrbios precoces e proeminentes da memória
factual ("secundária") observados nesta doença.

Fonte: acheienfermagem.blogspot.com.br

Na histopatologia, os limites entre o normal e o patológico são também impre-


cisos, daí a necessidade de estabelecer critérios consensuais (tipo de coloração, nú-
mero de placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares por milímetro quadrado de
tecido extraído de determinadas regiões cerebrais), levando-se em conta a idade do
sujeito. A simples presença dessas alterações nem sempre prediz deterioração neu-
ropsicológica.
O diagnóstico neuropatológico deve levar em conta a gravidade dessas altera-
ções, sua localização ou distribuição, a presença de lesões cumulativas prévias (como
traumáticas, vasculares, neurotóxicas) e a história prévia de demência. A literatura
neuropatológica registra casos diagnosticados clinicamente como "provável" DA, mas
sem as alterações patológicas desta doença e casos de sujeitos idosos cognitiva-
mente intactos que apresentam grande número de placas neuríticas no neocórtex,
satisfazendo os critérios diagnósticos de DA
Fonte: pt.slideshare.net

PREVENÇÃO DE DOENÇAS E PROMOÇÃO DA SAÚDE NA TERCEIRA IDADE

Fonte: prize1247.cccrcloudcore1.info
Sabemos que uma parte dos problemas de saúde que podemos ter na velhice
tem origem genética, outra depende das exposições ambientais que nosso organismo
venha a sofrer e uma terceira parte depende do nosso estilo de vida, isto é, das nossas
escolhas. E é justamente nesta última que nos cabe intervir.
De forma geral, a prevenção se faz em três níveis:

1. a) A prevenção primária, que é tudo que fazemos no intuito de remover causas


e fatores de risco de um problema de saúde antes que a doença ocorra. Inclui
a promoção da saúde e a proteção específica contra certas doenças (ex.: imu-
nização, exercícios físicos).
2. b) A prevenção secundária, que são as ações que visam detectar um problema
de saúde em seu estágio inicial, muitas vezes subclínico, facilitando o diagnós-
tico definitivo e o seu tratamento, desta forma reduzindo ou prevenindo sua
disseminação ou suas consequências no longo prazo (ex.: rastreamento de
câncer de mama, estratificação do risco cardiovascular).
3. c) A prevenção terciária, que são as ações que visam reduzir os prejuízos fun-
cionais consequentes a um problema agudo ou crônico, incluindo as medidas
de reabilitação (ex.: reabilitar um paciente após um infarto ou após um acidente
vascular cerebral).

As principais condições passíveis de prevenção em um ou mais níveis são as


doenças infecciosas, as cardiovasculares (sobretudo o infarto e o derrame), o câncer,
as doenças respiratórias (como a doença pulmonar obstrutiva crônica) e as causas
externas, como os acidentes de trânsito. A imunização, o rastreamento (visando o
diagnóstico precoce), o aconselhamento e as mudanças de estilo de vida são, junta-
mente com os medicamentos, as principais intervenções que o geriatra irá propor.
Fonte: www.igospel.org.br

A imunização do adulto é um tópico frequentemente negligenciado. Além da


vacinação veiculada em campanhas, como a da gripe, é preciso discutir com o profis-
sional se há indicação de outras vacinas previstas no calendário vacinal do adulto,
como a vacina contra a bactéria pneumococo (principal causadora de pneumonia em
adultos), contra o vírus varicela-zoster (causador do herpes zoster), contra o tétano, a
difteria e a coqueluche (dTPa), contra a hepatite B e contra a febre amarela.
O rastreamento visando o diagnóstico precoce tem como premissas básicas
que a condição em questão representa um problema de saúde pública importante;
que sua história natural é bem conhecida; que há um estágio pré-clínico (assintomá-
tico) bem definido, durante o qual a doença possa ser diagnosticada; que os benefí-
cios da detecção e do tratamento precoces são maiores do que o que ocorreria se a
condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico; que os exames que de-
tectam a condição clínica no estágio assintomático estão disponíveis e são aceitáveis
e confiáveis; e que o custo do rastreamento é razoável e não onere demasiadamente
o sistema de saúde como um todo.
Fonte: pt.slideshare.net

O bom rastreamento tem como pilares a boa entrevista clínica, o exame físico
sistematizado e a solicitação individualizada e racional de exames complementares.
Algumas condições específicas a ser ativamente buscadas e tratadas são a hiperten-
são, as alterações nos lipídeos (colesterol, triglicerídeos), a obesidade, a inatividade
física, o diabetes, o tabagismo, o abuso de álcool, o uso de drogas ilícitas, a infecção
pelo HIV e pelo vírus da hepatite, o hipotireoidismo, a perda cognitiva e os quadros
depressivos, a osteoporose e o câncer. Sobre este último, há que se avaliar junto ao
profissional de saúde a indicação individual de rastreamento para os cânceres de colo
de útero, de mama, de cólon (intestino), de pulmão, de pele e de próstata, discutindo-
se todos os prós e contras.
Fonte: www.cuidardeidosos.com.br

É papel do médico realizar a estratificação do risco cardiovascular do paciente


a partir dos dados de seu histórico clínico e laboratorial, como a história familiar de
doença coronariana, a presença de hipertensão, tabagismo, diabetes e alterações dos
lipídeos, de modo a propor as estratégias farmacológicas e não-farmacológicas de
redução do risco de infarto e derrame. O emprego preventivo do ácido acetilsalicílico
e a indicação de medicamentos redutores de colesterol, por exemplo, se fazem con-
forme o perfil de risco de cada paciente.
Cabe-nos enfatizar um alerta quanto aos chamados tratamentos “antienvelhe-
cimento”. Embora seja fácil encontrar quem os prescreva, até o presente momento,
esses tratamentos carecem de qualquer respaldo científico e não são recomendados
pelas autoridades médicas de nenhuma parte do mundo. Vitaminas, por exemplo, são
compostos químicos com ações farmacológicas sobre o nosso organismo, e, desta
forma, podem produzir efeitos colaterais indesejáveis. Em muitos casos podem não
nos fazer qualquer bem e às vezes até nos fazer mal. Vitamina só faz bem quando é
realmente necessária e por isso deve ter indicação médica.
Fonte: bellatrixresidencial.wordpress.com

Uma menção especial deve ser feita em relação ao exercício físico. O exercício
regular e orientado permite o condicionamento cardiorrespiratório e ajuda a diminuir
as perdas musculares decorrentes do envelhecimento. Idosos praticantes de exercí-
cios têm maiores chances de se manter ativos e independentes e ainda apresentam
redução de risco de comprometimento cognitivo.
O exercício é um dos fatores que podem ser responsáveis pela variabilidade
do estado geral exibido entre idosos de mesma idade. Estudos demonstram, por
exemplo, que atletas sêniores apresentam maior variabilidade da frequência cardíaca
(indicativo de preservação das funções do sistema nervoso autonômico) que indiví-
duos de mesma idade sedentários. Entretanto, não é necessário ser um atleta para
envelhecer bem.
Fonte: fisiofitsenior.com.br

A obtenção do que chamamos de “envelhecimento bem-sucedido”, condição


em que o idoso exibe preservação de suas funções, seja no seu autocuidado, seja na
sua capacidade de produzir e se relacionar com o mundo, não necessita de treina-
mento físico em nível de competição. O benefício máximo do exercício físico como
promotor da saúde e da preservação funcional pode ser obtido conjugando-se regu-
laridade em sua prática com a orientação profissional adequada na sua prescrição.
De forma geral, procura-se manter um equilíbrio entre o fortalecimento muscu-
lar e o condicionamento aeróbico, sempre se tendo em mente as particularidades de
doenças e as preferências dos indivíduos. É bom lembrar que exercícios não neces-
sariamente são saudáveis. A prática de esforços físicos extenuantes ou mal orienta-
dos, por exemplo, pode sobrecarregar o organismo e o expor a lesões e agravos à
saúde.
De forma geral, não há grandes segredos em relação ao que deve ser de fato
feito para prevenir doenças:
– ter hábitos alimentares saudáveis,
– praticar atividades físicas regularmente,
– fazer acompanhamento médico periódico para o diagnóstico precoce e o tra-
tamento adequado dos eventuais agravos à saúde,
– ter descanso e lazer apropriados,
– cultivar bons pensamentos e manter a mente estimulada, ativa e produtiva.

Fonte: www.odontomagazine.com.br

FUNCIONAMENTO COGNITIVO E SINTOMAS DE DEPRESSÃO EM IDOSOS

Fonte: www.blogsoestado.com
Do ponto de vista neurofisiológico, a depressão é caracterizada por uma alte-
ração bioquímica no cérebro, causada por déficit no metabolismo de serotonina, a
qual é considerada o principal neurotransmissor responsável pelo equilíbrio do humor
e da sensação de bem-estar do indivíduo (GALHARDO; MARIOSA; TAKATA, 2010).
Cabe salientar que outros processos neuroquímicos podem estar associados à episó-
dios depressivos, como por exemplo, o excesso de glicocorticóides ou corticosterói-
des, o qual está associado ao déficit de dopamina e que são liberados em situação de
stress e/ou administrados por via oral, como por exemplo, em casos de artrite reuma-
toide.
De acordo com Siqueira e colaboradores (2009), os sintomas da depressão são
muito variados, indo desde as sensações de tristeza até as alterações da sensação
corporal. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
(DSM-IV-TR), entende- se por episódio de depressão maior quando no mínimo cinco
dos seguintes sintomas estiverem presentes durante o período de duas semanas e
representem uma alteração a partir do funcionamento anterior, sendo humor depri-
mido ou perda do interesse ou prazer ao menos um dos sintomas.
Os outros sintomas possíveis e que devem surgir quase todos os dias e/ou na
maior parte do dia são insônia ou hipersonia, fadiga ou perda de energia, agitação ou
retardo psicomotor, diminuição ou aumento do apetite, perda ou ganho significativo
de peso sem estar em dieta, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inade-
quada, capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão além de pen-
samentos de morte recorrentes. É importante observar ainda que existe a possibili-
dade de declínio em diferentes áreas e até mesmo o aperfeiçoamento em outras, pois
os idosos apresentam grande variabilidade intra e interindividual no funcionamento
cognitivo.
Fonte: opsicologoonline.com.br

A depressão é uma condição muito frequente e um dos mais importantes pro-


blemas emocionais e psicológicos que ocorre no idoso. É uma condição, em geral,
negligenciada por todos, embora absolutamente tratável. É comum, recorrente, sub-
diagnosticada e sub-tratada, principalmente ao nível dos cuidados primários de saúde.
Prevê-se que as consequências na saúde pública do sub-tratamento da depressão no
idoso irão aumentar, dado o envelhecimento crescente da população.
Do ponto de vista psiquiátrico, a depressão pode ser um sintoma, uma sín-
drome ou uma doença e, no caso do idoso, pode aparecer sob a égide de uma dessas
três condições, sendo imperioso realizar o diagnóstico adequado e logo iniciar o tra-
tamento.
Fonte: dicassobresaude.com

O envelhecimento da população é hoje um fenômeno universal, tanto nos paí-


ses desenvolvidos, como nos países em desenvolvimento, e os esforços se ampliam
entre os governantes para construir uma política de saúde do idoso que garanta me-
lhor qualidade de vida. No Brasil, impressiona a rapidez com que ocorre o envelheci-
mento da população, pois segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o
ano de 2025, a população idosa no Brasil crescerá 16 vezes, contra cinco vezes o da
população total.
Isso classifica o país como o sexto do mundo em idosos, correspondendo a
mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (OMS, 2006). Com
esse aumento eleva-se a prevalência de doenças crônico-degenerativas, dentre elas
aquelas que comprometem o funcionamento do sistema nervoso central, como as en-
fermidades neuropsiquiátricas, particularmente a depressão.
Todo ser humano em qualquer fase de sua vida pode experimentar sintomas
depressivos. Nos idosos a probabilidade de ter depressão é ainda maior, pois se pode
associar às limitações próprias da idade. O idoso deprimido passa por uma importante
piora de seu estado geral e por um decréscimo significativo de sua qualidade de vida,
ao ponto de provocar alta prevalência de suicídio.
Os sintomas proeminentes da depressão no idoso são: isolamento social, de-
sesperança, sentimento de culpa e remorso e anedonia (falta de prazer). Podem surgir
alterações do sono e do apetite, dificuldades em tomar decisões ou iniciativas, tristeza
profunda e desalento acentuado em tudo que faz, além de inquietação ou inibição
psicomotora.
A depressão no idoso é algo mais preocupante pois além de ser uma doença
incapacitante, com perda do sentido da vida, sintomas como tristeza e choro fácil, vem
carregada também de uma angústia, sofrimento com a proximidade do fim da vida,
onde o idoso se dá conta que ele está muito mais próximo de uma morte iminente.
Ela é causada por diversos fatores que acarretam prejuízo psicológico, com-
portamental, social, biológico, familiar.
Refletindo sobre a citação de Freud acima, percebe-se que o que causa maior
sofrimento são as relações que estabelecemos com os outros, portanto há um inves-
timento do indivíduo no cuidado com os filhos, netos, porém muitos na velhice inver-
samente são esquecidos, deixados de lado, ocasionando um sentimento de ser um
peso ou estorvo.
Há também um desinvestimento da família neste membro, causando nele tais
sentimentos de desamparo, lamentação, sofrimento e tristeza aliado a ociosidade,
percepção da diminuição da sua autonomia e capacidade de decisão, dificuldade de
memorização, sentindo-se as vezes sem utilidade nenhuma.
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