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UNIG – UNIVERSIDADE IGUAÇU

Graduação em Fisioterapia – 7º período


Professor Paulo Henrique de Moura

DOENÇA DE ALZHEIMER

Hélida Pimentel Gomes – 180020569


Laura Esteves Alves – 180009779
Maria Eduarda dos Santos Silva – 180013642

Nova Iguaçu
2021
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
1 HISTÓRIA DA DOENÇA.......................................................................................... 5
2 DEMÊNCIA E ALZHEIMER ..................................................................................... 7
3 EPIDEMIOLOGIA .................................................................................................... 8
4 FISIOPATOLOGIA ................................................................................................... 9
5 CAUSAS ................................................................................................................ 10
6 SINTOMAS ............................................................................................................ 11
7 DIAGNÓSTICO ...................................................................................................... 12
8 COMPLICAÇÕES E INCAPACIDADES ................................................................ 14
9 TRATAMENTO ...................................................................................................... 14
9.1 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO .......................................................................... 14
9.2 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO ................................................................... 15
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 19
INTRODUÇÃO

Desde o início do século XX, o processo de envelhecimento humano tem sido


o centro das atenções. A expectativa de vida vem aumentando consideravelmente,
tanto para homens quanto para mulheres, em razão das alterações importantes na
tecnologia médica e de promoção à saúde.
Com o aumento da população idosa, tanto os problemas de saúde
característicos desse período da vida, quanto os vários aspectos relativos à qualidade
de vida, passam a ser objetos de preocupação e de estudos. Segundo dados do IBGE
(2011), a população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passou a 5,9%
em 2000, chegando a 7,4% em 2010.
Uma das principais consequências do processo de envelhecimento é a
prevalência de quadros demenciais. Entre os casos de demência mais frequentes,
encontra-se a Doença de Alzheimer (DA). O declínio cognitivo inerente à DA está
intimamente relacionado à perda da capacidade de desempenhar atividades
instrumentais da vida diária (AIVD) e, posteriormente, atividades básicas da vida diária
(AVD).
A mobilidade é um componente de suma importância para a função física, além
de pré-requisito para a execução de AVD e, consequentemente, manutenção da
independência. Esse quadro de incapacidade motora e perda da autonomia, somado
a sintomas psiquiátricos, geram a necessidade de auxílio constante e a presença
permanente de um cuidador.
Como não existe ainda um tratamento que possa curar a DA, a prática regular
de exercício físico é benéfica estes pacientes. É de extrema importância considerar
as alterações no aspecto cognitivo e o grau de comprometimento, pois são eles os
responsáveis pelas dificuldades e incapacidades motoras do paciente.
O presente trabalho tem como objetivo verificar a influência de um programa
de exercícios fisioterapêuticos sobre a preservação da memória e capacidade
funcional do idoso com DA.
1 HISTÓRIA DA DOENÇA

Alois Alzheimer, médico alemão, publicou em 1907 um artigo em que apresenta


os achados clínicos e anatomopatológicos de um caso peculiar. Trata-se da paciente
Auguste Deter, atendida inicialmente aos 51 anos quando passou a apresentar
sintomas delirantes caracterizados por ciúmes intensos em relação ao marido. Além
disso, desenvolveu alterações de linguagem e de memória, bem como desorientação
no tempo e no espaço que se instalaram logo em seguida e com piora progressiva.

Figura 1: O médico Alois Alzheimer e sua paciente Auguste Deter

Fonte: Wikipedia

A paciente faleceu quatro anos e meio após o início dos sintomas em estágio
avançado de demência, e foi submetida a exame anatomopatológico. Alzheimer
observou acúmulo de placas características no espaço extracelular, chamadas de
placas senis, e lesões neurofilamentares no interior de neurônios, distribuídas
difusamente pelo córtex cerebral.
Cinco anos após, em 1912, o renomado professor de psiquiatria alemão Emil
Kraepelin faz pela primeira vez uma menção, em seu compêndio de psiquiatria
dissertando sobre o tema utilizando a expressão “esta doença descrita por Alzheimer”.
A partir dessa época, o epônimo doença de Alzheimer passou a ser utilizado para os
casos de demência ocorrendo na faixa etária pré-senil, ou seja, antes dos 65 anos, e
que apresentavam características clínicas e neuropatológicas semelhantes à paciente
inicialmente descrita.
Durante várias décadas esse diagnóstico ficou reservado a tais casos de demência
degenerativa pré-senil, em oposição aos casos bem mais frequentes e já conhecidos
no início do século XX de demência senil. Esta dicotomia teve raízes em disputas
acadêmicas entre diferentes escolas psiquiátricas alemãs naquela mesma época.
Apenas várias décadas após, no final dos anos 60, que diferentes estudos
demonstraram que a então denominada doença de Alzheimer e a demência senil
eram, na realidade, a mesma condição clínico-patológica, embora com algumas
diferenças de apresentação clínica.
A partir da década de 70, o termo doença de Alzheimer passou a ser empregado
de forma indistinta para os casos de demência degenerativa que apresentavam as
lesões cerebrais descritas como placas senis e emaranhados neurofibrilares,
independentemente da faixa etária de início dos sintomas.

Figura 2: Diferenças esquemáticas entre um neurônio saudável (A) e um neurônio de um paciente


com DA (B)

Fonte: Reasearch Gate

Em 1984, um grupo de pesquisadores propôs critérios diagnósticos para a doença


de Alzheimer, que passaram a nortear as pesquisas e a atividade clínica de
atendimento a estes pacientes. Com o aumento substancial da expectativa de vida da
população mundial verificado nas últimas décadas, a doença de Alzheimer tornou-se
um sério e importante problema de saúde individual e coletiva, em decorrência da
significativa incapacidade que acarreta aos pacientes, das influências sobre os
familiares e cuidadores, além dos custos diretos e indiretos que ocasiona.
2 DEMÊNCIA E ALZHEIMER

A demência possui diversas definições que englobam declínio no âmbito


ocupacional, social, nas funções cognitivas e atividades simples da vida diária. É
caracterizada por uma adversidade que resulta em déficit de pelo menos duas funções
mentais, como por exemplo declive de linguagem e memória, com suficiente
intensidade para dificultar o desempenho do indivíduo, seja no meio social ou
profissional.
Ao contrário do conceito popular de loucura, a demência se define como a
ausência de processos cognitivos, ou seja, eles embaralham-se, fazendo com que a
visão da realidade aconteça de forma corrompida. A perda de células cerebrais faz
parte de um processo natural; porém, nos casos de demência, o ritmo dessa perda
aumenta, resultando em um cérebro com um funcionamento nada coerente. Existem
causas prováveis de demência, sendo a forma mais comum a doença de Alzheimer.
As manifestações podem ocorrer em três tipos, variando de acordo com o indivíduo:
alterações cognitivas; manifestações neuropsiquiátricas e perda da capacidade de
realizar as atividades da vida diária.

Figura 3: Representação gráfica da relação entre Demência e Doença de Alzheimer

Fonte: Fractal Núcleo de Avaliação Psicológica


Quando um idoso apresenta perda de memória, desorientação, lentidão nas
respostas, as pessoas já acham que é demência, que a pessoa tem Alzheimer. Mas
é importante não se precipitar: ter demência não é sinônimo de ter Alzheimer. O que
confunde e faz com que as pessoas achem que toda demência é Alzheimer é a alta
incidência da doença. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Alzheimer
representa cerca de 60% a 70% dos casos de transtorno neurocognitivo maior e 35,6
milhões de pessoas no mundo tem a doença, de acordo com a Abraz (Associação
Brasileira de Alzheimer), com estimativa para 115,4 milhões de pacientes até 2050.
A demência é uma classe de doenças com mais de 150 tipos diferentes,
incluindo o Alzheimer. Outros exemplos são a Demência Vascular, Demência de
Corpos de Lewy e Demência Frontotemporal. O diagnóstico de cada uma delas exige
investigação e análise do máximo de informações possíveis sobre o paciente, testes
cognitivos, histórico do paciente, exames de imagens, além da ajuda de outras
especialidades, como psicólogo, fonoaudiólogo ou fisioterapeuta.

3 EPIDEMIOLOGIA

Devido aos processos da patologia iniciarem antes de serem clinicamente


evidentes, o estudo epidemiológico torna-se de extrema importância. O aumento da
expectativa de vida aumenta expressivamente a incidência e prevalência da Doença
de Alzheimer. Aos 65 anos de idade, os indivíduos já possuem alterações patológicas
(de estágio inicial) que resultam na estrutura e função cerebral em processo de
degeneração e a cada cinco anos sua prevalência aumenta.
Uma série de estudos epidemiológicos mostra de forma consistente o aumento
da prevalência relacionada à idade. Cerca de 9% da população acima de 65 anos são
acometidos pela DA, o que acontece com 34% das pessoas com mais de 85 anos e
43% daquelas acima dos 95 anos.
Hipertensão e diabetes são alguns dos fatores de risco que aumentam seu
predomínio na meia-idade. As alterações genéticas e exposições ambientais resultam
em uma combinação complexa que pode aumentar o risco de DA, mesmo que seja
em menor incidência. Desta maneira, tais fatores dificultam a intervenção preventiva
da demência.
Formas familiares da Doença de Alzheimer são as que se iniciam 21
precocemente devido aos fatores de risco genéticos (caráter hereditário); são
responsáveis por 5 a 10% dos casos encontrados, enquanto as formas esporádicas
(quando não existe fator hereditário) têm uma frequência de 90%. Ainda não se sabe
a causa exata dessa doença, mas existem múltiplos fatores. Existe uma interação
entre fatores ambientais, demográficos, comportamentais e aspectos genéticos que
estão sendo estudados e indicados para o desenvolvimento da DA. Por isso, medidas
de saúde pública tem papel fundamental na prevenção e controle das causas
modificáveis com o intuito de diminuir a prevalência da doença de Alzheimer.

4 FISIOPATOLOGIA

A doença de Alzheimer é caracterizada por grandes placas (placas senis) de


uma proteína chamada beta-amilóide intracelulares e pela presença de emaranhados
neurofibrilares. Os emaranhados neurofibrilares são bandas fibrosas de inclusões
intracitoplasmáticas de microtúbulos e que estão associados à proteína tau.

Figura 4: Proteína tau

Fonte: Wikipedia
Na DA esses emaranhados tornam-se retorcidos, dificultando o funcionamento
das células nervosas. Sugere-se perda neuronal em estruturas específicas do
encéfalo, com as alterações ocorrem principalmente no córtex cerebral e no sistema
límbico, especificamente no hipocampo e na amígdala, responsáveis pelo
aprendizado e memória.
Os comportamentos de uma pessoa com DA refletem diretamente as
alterações cognitivas que ocorrem por lesão nesses centros cerebrais. Embora alguns
estudos tenham indicado a presença de placas senis durante o processo de
senescência, outras linhas de pesquisa sugerem que a formação difusa de placas
senis pode realmente representar o início da. Os emaranhados neurofibrilares no
cérebro de indivíduos com a DA geralmente são mais densos no hipocampo que os
observados no envelhecimento normal. Embora esteja claro que a proteína beta-
amiloide está presente em níveis anormais nos indivíduos com DA, ainda não está
bem elucidado se é uma proteína neurotóxica que causa a destruição dos neurônios,
ou se é um subproduto da lesão neuronal causada por algum outro fator.
A doença é caracterizada também pelo envolvimento do sistema colinérgico
cerebral. Ocorre diminuição da acetilcolinesterase e da colinoacetiltransferase em
hipocampo, amígdala e neocórtex, juntamente com a morte de neurônios que utilizam
acetilcolina no cérebro.

5 CAUSAS

Não se conhece a causa específica da doença de Alzheimer. Parece haver


certa predisposição genética para seu aparecimento. Nesses casos, ela pode
desenvolver-se precocemente, por volta dos 50 anos.
Pesquisadores levantam a hipótese de que algum vírus e a deficiência de
certas enzimas e proteínas estejam envolvidos na etiologia da doença. Outros
especulam que a exposição ao alumínio e seu depósito no cérebro possam contribuir
para a instalação do quadro, mas não foi estabelecida nenhuma relação segura de
causa e efeito a respeito disso.
A etiopatogenia da Doença de Alzheimer é múltipla; sendo assim, não há causa
específica. Dessa forma, existem diversos fatores de risco como: infarto hemorrágico,
herança genética, idade, estado de saúde em geral e traumatismo cranioencefálico,
sendo estes possíveis causas para desenvolver algum tipo de demência. Apesar
disso, a idade ainda é considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento
de DA.

6 SINTOMAS

Nos estágios iniciais, geralmente se encontram labilidade emocional, reações


lentas, perda de memória recente e dificuldade para aquisição de novas habilidades,
além de apresentar queda em seu rendimento funcional em tarefas complexas,
evoluindo gradualmente com prejuízos em outras funções cognitivas, tais como
julgamento, cálculo, raciocínio abstrato e habilidades visuo-espaciais.
Nos estágios intermediários, podem ocorrer afasia fluente, apresentando-se
como dificuldade para nomear objetos ou para escolher a palavra adequada para
expressar uma ideia; apraxia e agnosia espacial. Nos estágios terminais, instalam-se
a apraxia de vestir-se e ideomotora, somatognosias e alterações do ciclo sono–vigília.
O quadro agrava-se quando o paciente desenvolve sintomas psicóticos ou
alterações comportamentais, muitas vezes disruptivas, impondo grande desgaste a
ele próprio e sobrecarga ao cuidador. À medida que a doença progride, o paciente
passa a ter dificuldades para desempenhar as tarefas mais simples, como utilizar
utensílios domésticos, ou vestir-se, cuidar da própria higiene e alimentar-se.
Na fase terminal observa-se um indivíduo apático e distante, com perda de
orientação em ambientes familiares, normalmente apresentando incontinência e com
gradual perda da capacidade de locomover-se. Em cada uma dessas etapas pode-se
observar gradativa perda da autonomia, com consequente aumento das necessidades
de cuidados e supervisão de terceiros.
Na figura abaixo é possível observar cada fase e a evolução dos sintomas em
cada uma delas.
Figura 5: Fases e sintomas da Doença de Alzheimer

Fonte: Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo

7 DIAGNÓSTICO

Quando existem problemas de demência, após se eliminar a possibilidade de


outras doenças que causam os mesmos sintomas, incluindo problemas da tireoide,
doenças vasculares encefálica e depressão, pode-se suspeitar da doença de
Alzheimer. Assim, dá-se o diagnóstico clínico de DA basicamente pela exclusão de
outras condições clínicas. Não existem marcadores bioquímicos periféricos ou testes
para a doença, pois o diagnóstico definitivo de DA só pode ser feito com a análise
histopatológica do tecido cerebral post-mortem.
Existem alguns critérios para o diagnóstico clínico da DA. São eles: demência
identificada no exame clínico, documentada por testes do estado mental e confirmada
por provas neuropsicológicas; deficiência em duas ou mais funções cognitivas; piora
progressiva da memória e outras funções cognitivas; ausência de alteração da
consciência; início entre 40 e 90 anos, geralmente depois dos 65 anos; ausência de
transtornos cerebrais ou sistêmicos que possam explicar deficiências cognitivas e
perda progressiva da memória.
Evidências também são observadas para apoiar o diagnóstico. Deterioração
progressiva de funções cognitivas específicas da linguagem (afasia), habilidades
motoras (apraxia) e percepção (agnosia). A deterioração das atividades da vida diária
e alteração dos padrões de conduta. Apura-se o histórico familiar de transtornos
similares (especialmente se confirmados por exame anatomopatológico) também.
Atrofia cerebral progressiva registrada por tomografia computadorizada ou
ressonância magnética é uma evidência também.

Figura 6: Representação comparativa de um cérebro saudável e o cérebro com DA

Fonte: MD.Saúde
8 COMPLICAÇÕES E INCAPACIDADES

A DA é uma doença que compromete o paciente por anos e os prejuízos vão


evoluindo ao longo do tempo. Tem três fases e é na fase mais avançada que os
problemas se intensificam seja com o aumento do comprometimento cognitivo, motor
ou alterações comportamentais.
O comprometimento cognitivo, ao longo do tempo prejudica a interação do
paciente com outras pessoas. Os contratempos de comunicação e linguagem podem
acontecer por uma interrupção nas estruturas da linguagem ou por fatores não
linguísticos (como por exemplo, memória de curto prazo e percepção social).
Na fase avançada, os prejuízos motores se iniciam, e a pessoa tem dificuldade
para ficar de pé, caminhar, engolir, controlar o esfíncter etc., tornando-se totalmente
dependente. O Alzheimer em si não mata; suas complicações é que são fatais, como
a pneumonia. Dos primeiros prejuízos à memória até a fase avançada podem se
passar 10 ou 15 anos.
Complicações comuns em pacientes da DA são infecções, desidratação e
dificuldade de adaptação, mesmo com tratamento.

9 TRATAMENTO

Não há cura para o Alzheimer. Os tratamentos têm como objetivo adiar a


progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. O principal objetivo
dos tratamentos para a doença de Alzheimer é aliviar os sintomas existentes, fazendo
com que as pessoas consigam se manter independentes nas atividades da vida diária
por mais tempo.
Os tratamentos indicados podem ser divididos em farmacológico e não
farmacológico.

9.1 Tratamento farmacológico

O tratamento farmacológico na DA pode ser dividido em quatro níveis:


terapêutica específica que objetiva a reversão de processos patofisiológicos
(conduzem à morte dos neurônios e à demência); abordagem profilática, uma vez que
deflagrado o processo, que tem o objetivo de retardar o início da demência ou prevenir
o déficit cognitivo; tratamento sintomático visando restaurar parcial ou por um período
de tempo as habilidades funcionais, capacidades cognitivas e o comportamento dos
portadores de DA; e terapêutica complementar que procura o tratamento de
manifestações de origem não cognitiva, como agressividade, distúrbio de sono,
depressão e psicose.
Mesmo com inúmeros medicamentos propostos para restabelecer ou preservar
o comportamento, cognição e habilidades funcionais do paciente com DA, os efeitos
das drogas para o tratamento atêm-se ao retardo na evolução natural da patologia,
oferecendo somente ganho temporário do estado funcional do portador
As medicações específicas e controladas podem ser indicadas para
o tratamento de sintomas comportamentais e psicológicos, como a agitação,
agressividade, alterações do sono, depressão, ansiedade, apatia, delírios e
alucinações.

9.2 Tratamento não farmacológico

Alguns autores acreditam que as abordagens não farmacológicas sempre


devem ser estudadas antes das farmacológicas.
Modelos de estratégias não farmacológicas fundamentam-se na reabilitação
neuropsicológica, que confere uma abordagem combinando grupos de aprendizagem
em família, psicoterapia, esquemas para instruções dos pacientes, ambiente
terapêutico, fisioterapia, estímulos para memória, estimulação para um estilo de vida
saudável, integridade do cuidador e outras funções cognitivas que podem ser úteis
durante as sessões de tratamento.

10 FISIOTERAPIA

A intervenção fisioterapêutica pode contribuir em qualquer fase da doença de


Alzheimer para manter o indivíduo o mais ativo e mais independente possível, seja no
domicílio, seja numa instituição. A instituição de qualquer atividade terapêutica deve
assegurar que o paciente permaneça seguro, independente e capaz de realizar
atividades da vida diária e atividades da vida diária instrumental pelo máximo de tempo
que for possível. No maior grau possível, a intervenção fisioterapêutica deve ser
encorajada para manter a amplitude de movimento, a força e o estado de alerta.

Figura 7: Objetivos da intervenção fisioterapêutica no cuidado da DA

Fonte: InformaSUS-UFECar

O importante déficit cognitivo presente na DA requer do fisioterapeuta a adoção


de algumas estratégias, como dar ordens simples, certificando-se de que o paciente
entendeu o objetivo da tarefa. A organização das tarefas numa sequência melhora o
desempenho das atividades e mantém um nível adequado de alerta para o
desenvolvimento do aprendizado.
A incapacidade funcional decorrente da doença de Alzheimer pode acarretar
reforço da imobilidade e dos padrões de movimento estereotipados, podendo
contribuir para o aparecimento de mudanças estruturais de grupos musculares,
diminuindo a capacidade funcional. A intervenção sobre o déficit musculoesquelético
na DA deve estar focalizada sobre o treino do padrão de marcha e manutenção da
independência nas atividades da vida diária. Também é importante que sejam
evitadas as atrofias por desuso e fraqueza muscular, os encurtamentos de tecidos
moles e as deformidades esqueléticas.
Exercícios terapêuticos direcionados para os padrões do funcionamento
cardiorrespiratório também são muito importantes, uma vez que no indivíduo portador
de DA a capacidade funcional da fala, a respiração, expansão torácica e função
venosa vão diminuindo progressivamente.
A reabilitação é um processo contínuo de educação e de solução de problemas,
e o objetivo da intervenção fisioterapêutica é a redução da incapacidade e da
deficiência experimentadas por alguém. Uma grande prioridade deve ser atribuída à
promoção da saúde por meio da prevenção de complicações, orientando tanto o
paciente quanto os familiares e cuidadores sobre as predisposições da patologia no
indivíduo portador. Indivíduos com déficits cognitivos necessitam de constantes
comandos e incentivos verbais pelos cuidadores. É necessário também um
treinamento especializado em contato cinestésico e habilidades de manipulação para
com o indivíduo portador da DA. A ênfase no treinamento funcional da sugestão
cinestésica é fundamental na manutenção do suporte emocional desses indivíduos.
O processo de reabilitação também inclui a realização de modificações
ambientais necessárias para a segurança do paciente, de modo que possa viver um
ambiente o mais aberto possível. Na DA, a incidência de fraturas devido a quedas é
de 69 a 1000 quedas por ano. As quedas podem se dever a enfermidades associadas,
confusão e alienação, medicação excessiva ou altas dosagens, ou ambas,
comprometimento da marcha e do equilíbrio, fraqueza muscular, déficit visual, déficit
visual preceptivo e riscos ambientais. Os mesmos autores consideram ainda que o
risco de quedas é cumulativo, ou seja, aumenta na mesma proporção dos fatores de
risco, e ressaltam a importância de serem abordados amplamente os fatores de risco
para se desenvolver uma intervenção fisioterapêutica preventiva eficaz em relação às
quedas e suas consequências. Tal abordagem se inicia pela avaliação das habilidades
funcionais do paciente, do contexto ambiental, dos aspectos estressantes agudos
tóxicos ou metabólicos e de aspectos relacionados com o controle postural.
O trabalho maior concentra-se na fisioterapia motora, com foco na cognição,
exercícios associados à preservação da memória e à capacidade funcional dos
pacientes. Exercícios ativos são imprescindíveis, uma vez que objetivam a amplitude
de movimento, alongamento, fortalecimento muscular, exercícios aeróbicos e
respiratórios, treino de equilíbrio, reeducação postural, treino de marcha e atividades
para memória.
Figura 8: A Fisioterapia na manutenção da capacidade funcional nos pacientes com Alzheimer

Fonte: InterFISIO
CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo revisar e apresentar as diferentes


estratégias de intervenção fisioterapêutica utilizadas em indivíduos portadores de
doença de Alzheimer. Buscou-se, por meio de uma revisão da literatura científica,
apresentar aspectos como epidemiologia, fisiopatologia, etiologia, critérios
diagnósticos e quadro clínico e relacionar esses pontos a estratégias de intervenção
fisioterapêutica em indivíduos portadores da doença.
Relata as formas de intervenção fisioterapêutica no paciente com doença de
Alzheimer e, neste estudo, buscou-se unificar tais estratégias e demonstrar que a
abordagem fisioterapêutica tem um papel muito importante na manutenção e ou na
melhora do desempenho funcional, social e cognitivo do indivíduo portador da doença.
É importante ressaltar que este fator pode contribuir diretamente na qualidade de vida
destes indivíduos.
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