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2011

SENAC – Serviço nacional de


Aprendizagem Comercial

Curso Técnico em Nutrição e Dietética – Tarde

Ana Fernanda Ferreira; Raquel Maria de Campos; Vanessa Ferreira Paes.

Doença de
Alzheimer
Orientadora de curso: Silvia

─ 13 DE ABRIL DE 2011 – BARBACENA ─


SUMÁRIO

Introdução..................................................................................................................................... 2

Histórico ....................................................................................................................................... 2

Epidemiologia .............................................................................................................................. 3

Etiologia ....................................................................................................................................... 4

Sinais e Sintomas ......................................................................................................................... 4

Diagnóstico................................................................................................................................... 5

Patologia ....................................................................................................................................... 6

Tratamento ................................................................................................................................... 7

Conduta Nutricional ..................................................................................................................... 7

Prevenção ..................................................................................................................................... 8

Conclusão ..................................................................................................................................... 8

Fontes bibliográficas .................................................................................................................... 9

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INTRODUÇÃO

O Mal ou Doença de Alzheimer é uma patologia caracterizada inicialmente pela perda de


memória, afetando gradativamente as funções motoras e todas as outras que dependem do
comando cerebral. Atinge em sua grande maioria os idosos, que ficam incapacitados de
realizar atividade sozinhos, necessitando do auxilio de profissionais e familiares. A doença se
manifesta em quatro fases, com desenvolvimento lento e gradual. O tratamento visa apenas
desacelerar esse mal, uma vez que ele não possui cura.

HISTÓRICO

Alois Alzheimer, médico alemão que viveu entre os séculos XIX e XX, publicou, em
1907, o artigo A characteristic serious disease of the cerebral cortex (As sérias características
da doença do córtex cerebral), em que apresenta os achados clínicos de um caso peculiar.
Auguste D. foi atendida inicialmente aos 51 anos, quando passou a apresentar sintomas
delirantes e exagerados em relação ao marido. Alterações de linguagem e de memória, além
de desorientação no tempo e no espaço instalaram-se logo em seguida,
com piora progressiva. August D. sobreviveu com a doença durante
quatro anos e meio apenas, e após sua morte, Alois pôde investigar
melhor a respeito da patologia que a acometeu.

Alzheimer notou o acúmulo de placas senis no espaço extracelular


e lesões neurofilamentares no interior de neurônios, distribuídas de
maneira aleatória pelo córtex cerebral. Em 1912, o professor de
psiquiatria, bastante renomado na época, o alemão E. Kraepelin citou pela
primeira vez, em seu compêndio de Psiquiatria, a “esta doença descrita
por Alzheimer”. A partir dessa época, o termo Doença de Alzheimer passou a ser utilizado
para os casos de demência ocorrendo na faixa etária pré-senil (antes dos 65 anos) e que
apresentavam características clínicas e neuropatológicas semelhantes à paciente inicialmente
descrita.

Durante várias décadas, esse diagnóstico ficou reservado apenas para casos de
demência degenerativa pré-senil, em oposição aos casos bem mais frequentes - e já
conhecidos no início do século XX - de Demência Senil. Foi apenas muitas décadas após, no
final dos anos 60, que diferentes estudos demonstraram que a então denominada Doença de
Alzheimer e a Demência Senil eram, na realidade, a mesma condição clínico-patológica,
embora com algumas diferenças de apresentação clínica. A partir da década de 70, o termo
Doença de Alzheimer passou a ser empregado de forma indistinta para os casos de demência
degenerativa que apresentavam as lesões cerebrais descritas (placas senis e emaranhados
neurofibrilares), independentemente da faixa etária de início dos sintomas.

Em 1984, um grupo de pesquisadores propôs critérios diagnósticos para o Mal de


Alzheimer, que, a partir de então, passaram a direcionar as pesquisas e a atividade clínica de

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atendimento a estes pacientes. Com o aumento da expectativa de vida da população mundial
nestes últimos tempos, este se tornou um sério e importante problema de saúde individual e
coletiva, em decorrência da significativa incapacidade que acarreta aos pacientes, das
influências sobre os familiares e cuidadores, além dos custos ocasionados.

EPIDEMIOLOGIA

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados do censo


2000, o Brasil apresenta 9,7 % de sua população com 60 anos ou mais. A expectativa de vida
do brasileiro ao nascer, em 2000, era de 66 anos para homens e de 74 anos para mulheres;
além disso, o IBGE estima que daqui a 13 anos esta expectativa seja de 72 e 79 anos,
respectivamente. Com o envelhecimento da população há maiores possibilidades de estes
indivíduos desenvolverem doenças crônicas que afetam caracteristicamente esta faixa etária
acima dos 60 anos, tais com as doenças cardiovasculares, endócrinas, neoplásicas e doenças
degenerativas cerebrais.

O Mal de Alzheimer atinge 6% dos idosos brasileiros. É a principal causa das


síndromes demenciais, respondendo por cerca e 50-60% dos casos, com acometimento de
pessoas na faixa etária dos 60 anos e progredindo de forma direta ao aumento da idade,
levando pessoas a um grau de dependência de forma progressiva, chegando a níveis de
dependência total, incluindo alimentação, cuidados básicos, com todas as implicações sociais
e familiares, econômicas e financeiras, além das implicações médicas e psicológicas. No
Brasil, não temos dados estatísticos concretos o suficiente sobre a doença, porém podemos
afirmar que sua presença é significativa em nosso país atingindo cerca de 1 milhão e 200 mil
brasileiros.

Hoje, estima-se que no Estado do Rio de Janeiro tenha cerca de 74.000 mil pessoas
portadoras da doença e com a expectativa da população brasileira para 2020, quando teremos
aproximadamente 7 milhões de pessoas acima de 60 anos.

Cerca de 10% a 60% dos pacientes com histórico familiar da doença apresentam
instalação precoce e evolução rápida dos sintomas. Estima-se que, no mundo, haverá 22
milhões portadores desse mal em 2025. Calcula-se que de 10% a 15% das pessoas que
atingem 65 anos já apresentem sinais da enfermidade. Daí em diante, a prevalência cresce 3%
ao ano, até atingir quase 50% das que chegam aos 85 anos.

Cerca de 4 milhões e 500 mil de americanos, atualmente, são portadores do mal, que é
responsável por 100.000 óbitos por ano, se posicionando como a quarta causa de morte em
adultos. Estima-se que no ano 2040, 12 a 14 milhões de americanos serão portadores de
doença de Alzheimer.

Dos primeiros sintomas ao óbito a sobrevida média é de 6 a 9 anos.

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ETIOLOGIA

Fatores de risco

Idade: embora existam poucos casos em pessoas de 50 anos e a prevalência na faixa


etária de 60 a 65 anos esteja abaixo de 1%, a partir dos 65 anos, ela quase duplica a cada
cinco anos. Depois dos 85 anos, atinge 30 a 40% da população.

História familiar: o risco é mais alto em pessoas que têm história familiar de
Alzheimer ou outras demências. Estudo conduzido na Suécia entre 65 pares de irmãos gêmeos
mostrou que quando um deles apresentava Alzheimer, o irmão gêmeo idêntico era atingido
pela doença em 67% dos casos; o gêmeo diferente, em 22%.

Síndrome de Down: em portadores da síndrome de Down a doença surge com


frequência mais alta e as alterações neuropatológicas se instalam mais precocemente, ou seja,
ocorrem e acometem o indivíduo mais rapidamente.

Apolipoproteína-E4: além de outras funções, o colesterol é necessário para a


integridade da bainha de mielina que envolve as raízes nervosas. A Apolipoproteína E4 é uma
proteína presente no cromossomo 19 e na circulação, importante no transporte de colesterol
no sistema nervoso central. Indivíduos em que essa proteína possui disfunções na ligação
genéticas da β amilóide têm probabilidade mais alta de desenvolver Alzheimer.

Sexo: parece haver pequeno predomínio da doença entre as mulheres. Para quem
chegou aos 65 anos, o risco futuro de surgir Alzheimer é de 12% a 19% no sexo feminino; e
de 6% a 10% no masculino.

Trauma craniano: pessoas que sofreram traumas cranianos parecem mais sujeitos à
enfermidade, embora os estudos ainda não comprovem essa relação.

Fatores protetores

Escolaridade: a aquisição de conhecimentos cria novas conexões entre os neurônios


(sinapses) e aumenta a reserva intelectual, fatores que retardam o aparecimento das
manifestações de demência. O analfabetismo e a baixa escolaridade estão, obviamente,
associados à maior prevalência.

Atividade física: vários estudos sugerem que a atividade física tenha efeito protetor,
uma vez que ele vai manter as conexões entre os neurônios.

SINAIS E SINTOMAS

A doença se apresenta em quatro fases ─ Fase inicial; Fase moderada; Fase grave; fase
terminal ─ com aumento de sinais e sintomas para cada uma delas.

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Fase inicial:

 Lapsos na memória recente;

 Mudanças de comportamento: tende a ser o oposto do que era antes;

 Senso de direção comprometido;

 Atitudes agressivas, muitas vezes sem explicações aparentes;

 Dificuldade em armazenar informações novas;

 Teimosia em afirmar que não há nada de errado acontecendo com sua saúde.

Fase intermediária:

 Intensificação da perda de memória;

 Repetição intensa de informações;

 Estranhamento de pertences e da própria casa;

 Alternância de momentos de lucidez e confusão mental;

 Estresse e depressão;

 Agressividade ao ser contrariado;

 Dependência física, onde atividades simples se tornam difíceis e perigosas;

 Esquecimento do vocabulário do dia-a-dia.

Fase grave ou avançada:

 Dependência física total, uma vez que as áreas de comando do cérebro já estão
atrofiadas;

 Interrupção quase total da fala e do andar;

 Não reconhece ninguém, nem a si próprio;

 Aparecimento mais frequente de infecções (principalmente urinária e pneumonia);

 Deglutição e mastigação ficam bastante prejudicadas;

 Surgimento de feridas e problemas de circulação, por permanecer muito tempo


sentado ou acamado.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito segundo os itens:

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 Avaliação cognitiva: a cognição é a capacidade intelectual do indivíduo. Então é
avaliado o nível de raciocínio lógico, memorização e linguagem.

 Avaliação funcional: as funções motoras são responsáveis pela capacidade funcional


do corpo humano. Nesse caso haverá avalição de senso de espaço, sentido e
coordenação.

 Teste neuropsicológico: é a verificação para descobrir se o paciente vem sofrendo de


alguma doença ou distúrbio psicológico. Avalia também a assimilação de fatos
cotidianos.

 Exames laboratoriais: se tratam de testes como ressonância magnética, tomografia e


exames mais comuns para eliminar a chance de ser apenas uma patologia funcional.

Com esses resultados em mão, o médico procede com avaliação clinica, para chegar
ao diagnóstico. Nenhum exame confirma, com certeza absoluta, a existência da doença.
Será a junção de todos os testes que revelarão com mais clareza o estado real do paciente.

PATOLOGIA

O Mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, que atrofia gradativamente o


cérebro, comprometendo as funções cognitivas e motoras funcionais do nosso organismo.
Não possui cura, uma vez que seu tratamento visa melhorar as condições do paciente e
desacelerar o avanço da doença.

Existe uma proteína ─ β amiloide ─ que se acumula dentro e fora dos neurônios de
pessoas comuns, os mantendo ativos. No portador da doença de Alzheimer, a proteína se
localiza apenas dentro da célula. A partir daí, ela se acumula no lugar extracelular errado,
causando uma inflamação crônica nessas regiões, que interfere a regulação do cálcio,
essencial para a condução dos estímulos nervosos, e aumenta a produção das radicais livres,
que além de acelerarem o envelhecimento, são tóxicas para as células nervosas. Sem o
reestabelecimento da transmissão do estímulo nervoso, há atrofia cerebral.

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TRATAMENTO

O processo degenerativo leva à deficiência de diversos neurotransmissores, então as


drogas usadas para correção destes desvios, visam, através de reações bioquímicas
diminuírem a ação incorreta da proteína β amilóide ou aumentar a ação da acetilcolina
(transmissor neural importante), que colabora para a transmissão do impulso nervoso.

 Donezepil – foi aprovada pela FDA em 1996. É administrada apenas uma vez ao dia,
preferencialmente ao deitar. Sua dose inicial é de 5mg, e caso não seja obtido
resultado satisfatório, pode ser aumentada para, no máximo, 10mg. Efeitos
colaterais: diarreia, náuseas, vômito, fadiga, insônia e falta de apetite. Não apresenta
toxidade hepática.

 Rivastigmina – foi aprovada pela FDA em 2000. É administrada duas vezes ao dia,
preferencialmente no café e jantar. Sua dose inicial é de 1,5mg, que aumenta
gradativamente até o máximo de 12mg. Efeitos colaterais: náuseas, vômitos severos,
tontura, fadiga, dor nos músculos, incontinência urinária, problemas com a visão e
sudorese intensa.

 Galantemina – foi aprovada pela FDA em 2001. É administrada duas vezes ao dia,
preferencialmente café e jantar. Suas doses são diferenciadas pela cor da cápsula,
onde: BRANCA – 4mg; ROSA – 8mg; LARANJA-MARROM – 12mg. Sua dose
máxima é 12mg ao dia. Efeitos colaterais: náuseas, vômito e algumas reações
alérgicas nos olhos.

O tratamento não medicamentoso inclui incentivos à tarefas simples que possuem


dificuldade na execução, como a escrita, a fala, o raciocínio lógico, a coordenação motora e
outros.

CONDUTA NUTRICIONAL

Avaliando o caso clínico em uma visão geral, é importante que sejam estabelecidas as
seguintes metas em relação à conduta nutricional do paciente com Alzheimer:

 Oferecer bastante água, alimentos variados (fáceis de ser comidos com as mãos) e
moderar o sal;
 Dar preferência para pratos fundos e talheres com cabos mais grossos;
 Incentivar a mastigação e a deglutição;
 Evitar extremos de temperaturas;
 Refeições fracionadas e balanceadas de todos os nutrientes (dietas especiais);
 Utilizar preparações pastosas e sucos naturais;
 Evitar que o indivíduo se alimente deitado.

As condutas para cada estágio da doença possuem uma particularidade, em relação à


visão geral. São elas:

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Estágio Inicial

 Avaliação detalhada do estado nutricional;


 Dieta balanceada e fracionada, rica em vitaminas e oligoelementos (microminerais);
 Consistência branda e de alta densidade calórica;
 Registrar e monitorar as refeições;
 Quando a ingestão for inferior a 70% da necessidade calórica, introduzir suplemento.

Estágio Intermediário

 Horário rigoroso;
 Mostrar o relógio e desenvolver a lembrança da fome;
 Local calmo;
 Presença dos familiares;
 Refeições variadas, em pequenas porções;
 Preparar alimentos com molhos.

Estágio Avançado

 Via oral: dieta pastosa, líquida com espessante;


 Monitorar a condição nutricional com mais frequência;
 Nos pacientes terminais, será usada a nutrição enteral por sonda, Gastrostomia ou
Jejunostomia.

PREVENÇÃO

O principal meio de prevenção consiste em manter-se intelectualmente ativo. Além


disso, há alguns alimentos que tem eficácia comprovada na proteção do cérebro. O chá verde,
por exemplo, possui polifenóis (compostos de ação antioxidante) que protegem as células
cerebrais. Já a cafeína, acelera a atividade cerebral e desse modo, ativa também a memória,
contribuindo significativamente para a manutenção do bom funcionamento dos neurônios.
Mas além desses, todos os alimentos que possuírem ação antioxidante vão prevenir a doença.

CONCLUSÃO

Enfim, podemos concluir que se pode prevenir a doença de Alzheimer através de


atividades ativadoras da memória, exercícios físicos e uma alimentação balanceada.
Infelizmente, a patologia, até o momento não possui cura.

O “sucesso” no tratamento não se baseia apenas em medicamentos, mas também na


junção de uma equipe multidisciplinar, dando ao paciente uma melhor qualidade de vida,
amenizando seus sintomas. O apoio familiar é de extrema importância nestes casos, uma vez
que o idoso necessita não só de cuidados especiais, mas principalmente de atenção, carinho,
amor e compreensão.

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BIBLIOGRAFIA

 http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/358/doenca-de-alzheimer

 http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2011/01/cha-verde-previne-o-cerebro-contra-
o-mal-de-alzheimer.html

 http://www.minhavida.com.br/conteudo/11334-Cafeina-pode-retardar-a-doenca-de-
Alzheimer-e-outras-demencias.htm

 http://cambetabangkokmacau.blogspot.com/2010/09/dia-mundial-da-doenca-de-
alzheimer.html

 http://www.materiasespeciais.com.br/saude/info_alzheimer.jpg

 http://dialogospoliticos.wordpress.com/2010/07/08/mal-de-alzheimer-cientistas-
descobrem-diagnostico-precoce/

 http://www.abrazsp.org.br/

 http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=cha-verde-protege-contra-
alzheimer-cancer&id=6094

 http://www.doencadealzheimer.com.br/index.php?modulo=medicos_home

 http://maldealzheimer.com.br

 Mahan, L. Katheleen. Escott-Stump, Sylvia. Krause – Alimentos, Nutrição e


Dietoterapia. 11ª edição. 2005. Editora Roca LTDA.

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