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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3
11 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 38
2
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo
hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe
convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e
prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
3
2 ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS
Fonte: natue.com
4
O crescimento do setor alimentício de industrializados é registrado no Brasil por
pesquisas de orçamento familiar, realizadas pelo Instituto Brasileiro e Geografia e
Estatística (IBGE). Diversos fatores reduzem o consumo de frutas e hortaliças, incluindo
o preço, muitas vezes não acessível para os mais pobres, a oferta desses itens é irregular
e nem sempre de qualidade, em particular nas periferias das grandes cidades (ROCHA et
al, 2019).
A classificação que agrupa os alimentos através da extensão e do propósito de seu
processamento segundo Rocha (2019:
• O grupo 1 consiste nos alimentos in natura ou minimamente processados, são
submetidos a processos simples, como remoção de partes não comestíveis ou não
desejadas dos alimentos.
• O grupo 2 é composto pelos ingredientes culinários processados. Aqui, os
processos envolvidos são: prensagem, moagem, pulverização, secagem e refino.
• Os alimentos processados são pertencentes ao grupo 3, produtos fabricados com
a adição de sal ou açúcar, e eventualmente óleo, vinagre; com o propósito de
aumentar duração de alimentos in natura ou minimamente processados ou
modificar seu sabor.
• No grupo 4 estão os alimentos ultraprocessados, constituído por formulações
industriais feitas tipicamente com cinco ou mais ingredientes. Os quais incluem
substancias e aditivos usados na fabricação de alimentos processados como
açúcar, óleos, gorduras e sal, além de antioxidantes, estabilizantes e conservantes.
Como exemplo, tem-se refrigerantes e refrescos em pó; salgadinhos de pacote;
sorvetes; chocolates; pães de forma; biscoitos; fórmulas infantis; produtos
congelados; salsichas; macarrão instantâneo e empanados (ROCHA et al, 2019).
Essa classificação considera que os alimentos industrializados vêm sendo
submetidos a um número cada vez maior de etapas de processamento visando maior
durabilidade, praticidade, palatabilidade e diminuição dos custos de produção. Por
definição, são considerados alimentos industrializados aqueles obtidos do processamento
tecnológico de matéria-prima alimentar ou de alimento in natura, adicionado ou não de
outras substâncias permitidas (KANEMATSU, 2017).
5
3 CONSUMO DE ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS
Fonte: bodyscience.com
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Abastecimento (MAPA), a partir da Instrução Normativa nº 22, de 24 de novembro
de 2005 (BRASIL, 2005 apud KANEMATSU, 2017).
Segundo o autor, a rotulagem é definida pela RDC nº 259/2002 como toda inscrição,
legenda, imagem ou matéria descritiva ou gráfica, escrita, impressa, estampada, gravada,
gravada em relevo, litografada ou colada sobre a embalagem do alimento. A embalagem
é o recipiente, o pacote ou a embalagem destinada a garantir a conservação e facilitar o
transporte e manuseio dos alimentos e disponibilizar informações aos consumidores.
Um dos componentes presentes nos rótulos de alimentos é a lista de ingredientes
(com exceção de alimentos com um único ingrediente, por exemplo: açúcar). A lista deve
constar no rótulo precedida da expressão "ingredientes:" ou "ingr.:" (ROCHA et al, 2019).
A RDC nº 259/2002 especifica que:
a) todos os ingredientes devem constar em ordem decrescente, da respectiva
proporção;
b) quando um ingrediente for um alimento elaborado com dois ou mais ingredientes,
este ingrediente composto pode ser declarado como tal na lista de ingredientes,
sempre que venha acompanhado imediatamente de uma lista, entre parênteses,
de seus ingredientes em ordem decrescente de proporção;
c) quando para um ingrediente composto for estabelecido um nome em uma norma
do Codex Alimentarius FAO/OMS ou em um Regulamento Técnico específico, e
represente menos que 25% do alimento, não será necessário declarar seus
ingredientes, com exceção dos aditivos alimentares que desempenhem uma função
tecnológica no alimento acabado;
d) a água deve ser declarada na lista de ingredientes, exceto quando formar parte de
salmouras, xaropes, caldas, molhos ou outros similares, e estes ingredientes
compostos forem declarados como tais na lista de ingredientes não será necessário
declarar a água e outros componentes voláteis;
e) quando se tratar de alimentos que necessitam de reconstituição para seu consumo
através da adição de água (desidratados, concentrados, condensados ou
vaporados) os ingredientes podem ser enumerados em ordem de proporção no
alimento reconstituído;
f) e no caso de misturas de frutas, de hortaliças, de especiarias ou de plantas
aromáticas em que não haja predominância significativa de nenhuma delas (em
peso), estas podem ser enumeradas seguindo uma ordem diferente, sempre que a
lista desses ingredientes venha acompanhada da expressão: " em proporção
variável".
8
Entre os alimentos disponíveis para venda em supermercados pode-se deparar
com termos como tradicional, original, caseiro, colonial, artesanal, entre outros, como
mencionado anteriormente (KANEMATSU, 2017).
Pesquisa realizada em um supermercado de Florianópolis/SC com base num
levantamento censitário (n=5620 alimentos) identificou que 743 (13,2%) alimentos
apresentavam terminologias relacionadas a caseiro, tradicional e outras similares em seus
rótulos. Desse percentual, as autoras encontraram nos rótulos termos como tradicional
(n=161), original (n=92), caseiro (n=82), colonial (n=5), artesanal (n=5), cozinha regional
(n=1) e idade do alimento ou da marca (n=464).
9
4 USO DE ADITIVOS EM ALIMENTOS
Fonte: blogdasegurancaalimentar
11
5 QUALIDADE DOS ALIMENTOS
Fonte: profissaocerta
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biológico abrange microrganismos, tais como bactérias, fungos, vírus e parasitas
(COLETTO, 2012).
Segundo o autor, no âmbito legislativo, para a garantia de alimento seguro foi
criada a Codex Alimentarius que é um fórum internacional de normalização de alimentos
estabelecido pela Organização das Nações Unidas por meio da Organização para
Alimentação e Agricultura (FAO) e Organização Mundial da Saúde (OMS), com a
finalidade de proteger a saúde do consumidor e equiparar práticas de comércio regional e
internacional de alimentos, abrangendo normas sobre aditivos alimentares, resíduos de
pesticidas e medicamentos veterinários, contaminantes, rotulagem, classificação,
amostragem e análises de riscos. O Codex Alimentarius tem como base o Sistema
APPCC.
O Sistema HACCP (Hazard Analysis and Critical Control point) ou APPCC (Análise
dos Perigos e Pontos Críticos de Controle) foi uma ferramenta desenvolvida para garantir
alimento seguro para os astronautas e hoje serve de base para a fabricação de alimentos
seguros.
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que é um órgão que protege
a saúde da população através de medidas para controle sanitário de produção e
comercialização de produtos possui a seguinte legislação, de âmbito geral, para questões
de qualidade da indústria alimentícia:
- RDC no275, de 21 de Outubro de 2002: padronização das Boas Práticas de
Fabricação e dos Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs);
- Portaria SVS/MS no326, de 30 de julho de 1997: define boas práticas de higiene
sanitária e Boas Práticas de Fabricação, segundo a Codex Alimentarius;
- Portaria MS no 1428, de 26 de Novembro de 1993: define as diretrizes gerais para
o estabelecimento de Boas Práticas de Produção e Prestação de Serviços na área de
alimentos.
- Resolução no 24 de 8 de Julho de 2015: trata do recolhimento de alimentos e sua
comunicação à ANVISA e aos consumidores.
Possui protocolos para as empresas efetuarem voluntariamente o recolhimento de
alimentos, bem como protocolo de recolhimento realizado pela própria ANVISA. As
indústrias alimentícias contam ainda com a certificação ISO 22000 (International
Organization for Standardization), criada em Setembro de 2005, reconhecida
internacionalmente, fundamentada nos princípios de segurança alimentar em toda cadeia
da indústria alimentícia, baseando-se no Sistema APPCC e Codex Alimentarius
(COLETTO, 2012).
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Segundo Coletto (2012), apesar das normas de Boas Práticas de Fabricação e
elaboração de Procedimentos Operacionais Padrões serem fundamentais para a
produção e industrialização de alimentos, pode-se observar que falhas ainda ocorrem com
freqüência são noticiados casos onde ocorrem falhas no processo de qualidade tanto em
âmbito nacional como internacional, tais como: presença de Clostridium botulinum em
sardinhas enlatadas e leite em pó, Bacillus cereus em achocolatados UHT, presença de
fungos em sucos e chocolates, larvas de insetos em macarrão instantâneo, soluções de
limpeza em suco de soja e achocolatado UHT.
Estes casos são exemplos que demonstram falhas em diferentes etapas do processo
de industrialização, desde falhas de manutenção de equipamentos, falhas de análises
químicas e microbiológicas, até falhas no processo de higienização e liberação de
produtos impróprios (COLETTO, 2012).
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Conforme Stein (2005) a elaboração destes pontos críticos em uma indústria de
iogurte batido com polpa de fruta, a partir do princípio e estabelecimento de verificação de
procedimentos, garantiu que o monitoramento de temperatura e acidez nas diferentes
etapas permitisse a adequação de processos que evitaram que o produto final estivesse
impróprio, fazendo com que não houvesse a necessidade de descarte e reprodução do
alimento (COLETTO, 2012).
Fonte: engenharia360.com
Nos últimos anos, o crescente aumento da oferta dos produtos alimentícios tem
levado a um nível de exigência cada vez maior por parte dos consumidores. Em virtude
da imensa variedade de marcas, tipos e preços a qualidade deixou der ser um
diferencial competitivo, transformando-se em uma necessidade para quem quer
manter-se no mercado (COLETTO, 2012).
Nesse sentido a qualidade deixou de ser responsabilidade de um departamento
específico. A busca por ela deve ser um compromisso de todos dentro da empresa.
Segundo autor citado, quando se fala em alimentos de qualidade, no mínimo dois
aspectos devem ser abordados. Os atributos do produto que atraem o consumidor a
compra, como, por exemplo, as características sensoriais (qualidade percebida) e os
atributos que o consumidor considera como pré-requisitos, como, por exemplo, a
ausência de perigos a sua saúde (qualidade intrínseca).
Nesse sentido, esse trabalho busca apresentar uma proposta de sistema de
gestão que englobe esses aspectos relacionados à qualidade dos alimentos. Esse
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sistema está baseado em duas importantes normas internacionais, a NBR ISO 9001
(sistema de gestão da qualidade) e a NBR ISO 22000 (sistema de gestão da segurança
dos alimentos), compondo juntas um sistema de gestão integrado sob supervisão da
NBR ISO 22000 que combina a gestão da qualidade (ISO 9001) com a segurança dos
alimentos (Análise de perigos e pontos críticos de controle – APPCC) (COLETTO,
2012).
Fonte: treasy.com
7.1 Qualidade
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A norma NBR ISO 9001:2008 define qualidade como “grau no qual um conjunto
de características inerentes satisfaz a requisitos” (ABNT, 2008). Sendo requisito,
segundo a mesma norma, definido como “necessidade ou expectativa que é expressa,
geralmente, de forma implícita ou obrigatória” (ABNT, 2008).
Segundo Coletto (2012), diferentes especialistas têm definido qualidade como
"adequação ao uso", "conformidade com os requisitos" e "baixa variabilidade". Talvez
uma definição mais apropriada de qualidade fosse," satisfação e fidelização dos
clientes” ou, ainda: "A totalidade dos recursos e características de um produto ou
serviço que afetam sua capacidade de satisfazer explícita ou implicitamente as
necessidades dos clientes" (KOTLER, 2000).
Qualidade deve fornecer bens e serviços que satisfazem completamente as
necessidades dos clientes internos e externos. Qualidade serve como "ponte" entre o
produtor de bens ou serviços e o cliente. Compreender as expectativas dos clientes é
um pré-requisito para a entrega de produtos de qualidade superior, porque representam
os padrões de desempenho implícitos que os clientes utilizam para avaliar a qualidade
do produto (COLETTO, 2012).
Em específico, no segmento da indústria de alimentos, para melhor entendimento
do conceito de qualidade, pode-se abordá-lo sob duas ópticas, a saber, qualidade
percebida e qualidade intrínseca. Qualidade percebida está relacionada às
características do produto que levam a recompensa pelo consumo do mesmo e que
irão atrair o consumidor a recompra. Dentre estas características, podemos citar a
crocância, odor, cor, textura, aroma, enfim, propriedades sensoriais em geral. Além
dessas, contribuem para a qualidade percebida, a composição nutricional e
características da embalagem (COLETTO, 2012).
Pode-se dizer que a preocupação com a qualidade do produto teve origem nos
primórdios da produção em escala no início do séc. XIX, com a utilização de medidas,
padrões e gabaritos na indústria bélica americana. Um século depois tivemos a
introdução da administração científica com Taylor (1911), anos mais tarde o início do
controle estatístico com Shewhart (1931) e na década de 1950 o surgimento de
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conceitos como controle total da qualidade com Armand Feigenbaum (1956) e custos
da qualidade e não qualidade com Joseph Juran (1951) (COLETTO, 2012).
Contudo, segundo o autor, nos últimos 20 anos, a qualidade deixou de ser um
diferencial competitivo, para transformar-se em uma condição para a permanência no
mercado. Grande parte disso deve-se às grandes mudanças ocorridas nesse período,
culminando em uma sociedade cada vez mais globalizada. O maior reflexo disso, para
a Indústria de alimentos, encontra-se nas gôndolas dos supermercados, onde
encontram-se produtos de várias cidades, estados e países, todos inseridos em um
mesmo ambiente, disputando a preferência do consumidor. Nesse contexto,
“qualidade passa a ser uma exigência absoluta dos consumidores e, portanto, dos
mercados”.
Diante disso, a garantia da qualidade do produto passa a ser de primordial
importância para que se estabeleça uma relação de confiança entre consumidor e
produtor. Essa garantia está baseada em atividades que resguardem o consumidor
de falhas no produto constituindo, essas atividades, o controle de qualidade de um
produto ou serviço (COLETTO, 2012).
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8 SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE
Fonte: icegetec.com
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8.2 Programas e Ferramentas da Qualidade
Programas e
ferramentas da
qualidade Descrição
Análise do modo e do Seu objetivo é identificar, definir, priorizar e reduzir os potenciais de falhas o
efeito das falhas mais cedo possível, diminuindo as chances de sua ocorrência tanto nos
(FMEA) clientes internos como externos
É um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e
processos em organizações que são reconhecidas como possuidoras das
Benhchmarking melhores práticas
É um processo de grupo em que os indivíduos emitem ideias de forma livre,
Brainstorming em grande quantidade, sem críticas e no menor espaço de tempo possível
É utilizado para colher dados baseados em observações amostrais com o
objetivo de verificar com que frequência ocorre um evento ao longo de um
Check list período de tempo determinado
Controla a variação da média e desvio padrão de uma determinada grandeza
Controle estatístico do utilizando as cartas de controle. Objetiva manter os processos dentro dos
processo (CEP) limites estabelecidos
É uma representação gráfica que permite a organização de informações
possibilitando a identificação das possíveis causas de um determinado
Diagrama de Ishikawa problema, ou efeito, de forma específica e direcionada
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Representa a sequência de atividades e processos, demonstra o fluxo dessas
Fluxograma ações e permite a identificação de problemas e qual a sua origem
Ferramenta gráfica e estatística que organiza e identifica os dados de acordo
com suas prioridades, como por exemplo pela decrescente ordem de
Gráfico de Pareto freqüência
histograma é uma ferramenta estatística que, em forma de gráfico de barras,
Histograma ilustra a distribuição de frequência
O seis sigma pode ser entendido como uma metodologia utilizada para
reduzir continuamente a variabilidade dos processos e produtos,
considerando a situação atual e a meta especificada, normalmente pelos
clientes. Um processo Seis sigma é aquele no qual é rara a presença de uma
Seis sigma variação fora das especificações
Fonte: (OLIVEIRA et al., 2011 apud COLETTO, 2012), adaptado.
Fonte: consultoriaiso.org
Uma das definições que pode ser dada a palavra segurança, é "condição daquele
ou daquilo em que se pode confiar.". Nesse sentido, segurança do alimento significa a
confiança do consumidor em receber um alimento que não cause danos a sua saúde
(COLETTO, 2012).
Segundo a norma NBR ISO 22000:2006, segurança de alimentos é o conceito que
indica que o alimento não causará danos ao consumidor quando preparado e/ou
consumido de acordo com seu uso pretendido (ABNT, 2006).
Para garantir um sistema de gestão da segurança de alimentos eficaz, a norma
NBR ISO 22000:2006 requer que todos os prováveis perigos (contaminantes),
considerando toda a cadeia produtiva de alimentos, sejam identificados e avaliados
devendo a organização assegurar o controle dos perigos, combinando PPR (programa
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de pré-requisitos), PPR operacional e o Plano APPCC (Análise de Perigos e Pontos
Críticos de Controle) (ABNT, 2006).
Além disso, a norma NBR ISO 22000:2006 também sugere que esse sistema de
gestão de segurança de alimentos esteja estruturado e incorporado dentro do
sistema de gestão global da empresa, gerando, assim, o máximo de benefícios
para a organização e as partes interessadas. Tendo em vista essa otimização, a
norma NBR ISO 22000:2006 foi alinhada à norma NBR ISO 9001, a fim de
aumentar a compatibilidade, facilitando a integração entre elas (ABNT, 2006 apud
COLETTO, 2012).
Para um bom entendimento da norma NBR ISO 22000, bem como da maneira
como ela gere a segurança dos alimentos, é necessária uma discussão prévia a
respeito das principais medidas de controle que a norma elenca. A norma divide as
medidas de controle em três grupos (COLETTO, 2012):
• Programas de pré-requistos (PPR) – mantém higiênico o ambiente de produção,
processamento e/ou manipulação.
• Programa de pré-requisitos operacionais (PPR operacionais) – gerenciam
medidas de controle para perigos de níveis aceitáveis não gerenciados pelo
APPCC.
• Plano APPCC – gerenciam medidas de controle para controlar perigos de níveis
aceitáveis aplicados nos pontos críticos de controle (PCC).
24
espacial da NASA. Inicialmente a empresa selecionada para fazer esses produtos
utilizou o FMEA (Failure, Mode and Effect Analysis) para identificar em
cada etapa o que poderia dar errado. Com base nessa análise foi publicado em 1973 o
primeiro documento sobre APPCC. A partir daí o APPCC passou a ser recomendado por
grandes organismos como, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (1985),
a Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos (1988) sendo
integrado ao Codex Alimentarius em 1993 (SENAI, 2000).
No Brasil a primeira legislação alusiva ao APPCC surgiu em 1993 com
procedimentos para pescado, sendo que no mesmo ano, com a Portaria 1428 do Ministério
da Saúde, foram estabelecidas normas para a aplicação do APPCC em todas as indústrias
de alimentos do Brasil. Em 1998, a Portaria 46 do MAPA obrigou a implantação gradativa
em todas as indústrias de produtos de origem animal do programa de garantia de
qualidade APPCC, cujo pré-requisito essencial são as Boas Práticas de Fabricação - BPF
(FURTINI e ABREU, 2006).
A Portaria nº 46, de 10 de fevereiro de 1998 - MAPA define sistema APPCC como
"um sistema de análise que identifica perigos específicos e medidas preventivas para seu
controle, objetivando a segurança do alimento” (MAPA, 1998).
O Sistema APPCC constitui-se de 7 princípios básicos:
• identificação do perigo;
• monitorização;
• ações corretivas;
• procedimentos de verificação;
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Pré-requisitos do sistema APPCC.
Pré-Requisitos
do Sistema
APPCC Descrição
Comprometimento
da Direção da Direção e alta administração da empresa devem estar
1
Empresa comprometidas com a implementação do APPCC
Deve-se formar uma equipe multidisciplinar que será
2 Equipe APPCC responsável pela implementação do APPCC.
A equipe necessita dominar os conceitos do APPCC e dos
Treinamento da processos produtivos, pois ela será responsável por
3
Equipe implementar o plano.
É necessário definir o objetivo da implantação do APPCC,
Definição dos pode ser para segurança e/ou qualidade do alimento, ou
4
Objetivos com foco no controle da deterioração ou conta fraude.
Na apresentação do plano APPCC deverá constar dados
de identificação da empresa, produtos elaborados e
Identificação e distribuição dos mesmos, além de um organograma da
Organograma da empresa com nomes, cargos principais e setores
5
Empresa envolvidos.
Deve constar no plano escrito características do produto,
tais como ingredientes, formulação, composição físico-
química, além de embalagem, condição de processo,
Descrição e rotulagem, enfim, o maior número de detalhes a fim de
Caracterização do auxiliar na identificação dos perigos que envolvam o
6
Produto produto.
Elaboração do Deve proporcionar uma descrição clara do processo,
Fluxograma do descrevendo todas as etapas envolvidas no
7
Processo processamento.
Fonte: (COSTA, 2010 apud COLETTO, 2012), adaptado.
26
Princípios do APPCC e etapas de aplicação do APPCC conforme NBR ISO 22000:2006
Princípios do APPCC Etapas de aplicação do APPCC
Estruturação da equipe APPCC Etapa 1
Descrição do produto Etapa 2
Identificação uso pretendido Etapa 3
Elaboração do fluxograma de processo
Etapa 4
Confirmação (validação) do fluxograma in
Etapa 5
loco
Princípio 1 Listar todos os perigos potenciais
Análise de perigos Conduzir uma análise de perigos Etapa 6
Considerar medidas de controle
Princípio 2
Determinar os pontos críticos Determinar PCC Etapa 7
de controle (PCC)
Princípio 3
Estabelecer limites críticos Estabelecer limites críticos para cada PCC Etapa 8
Princípio 4
Estabelecer um sistema para Estabelecer sistema de monitoramento para
monitorar controle do PCC Etapa 9
cada PCC
Princípio 5
Estabelecer a ação corretiva a
ser tomada quando o
monitoramento indicar que um Estabelecer ações corretivas Etapa 10
PCC particular que não está sob
controle
Princípio 6
Estabelecer procedimentos de
verificação para confirmar que
o sistema APPCC está Estabelecer procedimentos de verificação Etapa 11
funcionando eficazmente
Princípio 7
Estabelecer documentação
concernente a todos os
Estabelecer documentação e manter
procedimentos e registros Etapa 12
registros
apropriados a esses princípios e
suas aplicações
27
9.2 Programa de pré-requisitos (BPF, POP/PPHO)
Para que o APPCC cumpra seu papel, funcionando de modo eficaz, ele deve
ser acompanhado do programa de pré-requisitos que fornecerá as condições
operacionais e ambientais básicas para a produção de alimentos seguros
(BERTHIER, 2007). Nesse contexto as Boas Práticas de Fabricação (BPF), os
Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO) e os Procedimentos
Operacionais Padrão (POP).
28
Exemplos de legislações relacionadas a BPF com as respectivas descrições
29
procedimentos e os modelos dos formulários de registros de monitoramento
(COLETTO, 2012).
30
Estabelece Programas de Autocontrole que serão
sistematicamente submetidos à verificação oficial de sua
implantação e manutenção. Estes Programas incluem o
Programa de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional –
Circular nº 175, de 16 de maio de PPHO (SSOP), o Programa de Análise de Perigos e Pontos
2005 - CGPE/ DIPOA/ MAPA Críticos de Controle – APPCC (HACCP) e, num contexto mais
amplo, as Boas Práticas de Fabricação – BPFs (GMPs). Em
razão de acordos internacionais existentes, são estabelecidos
os Elementos de Inspeção comuns às legislações de todos os
países importadores, particularmente do setor de carnes.
Implanta o Programa de Procedimentos Padrão de Higiene
Operacional (PPHO) e do Sistema de Análise de Risco e
Controle de Pontos Críticos (ARCPC) em estabelecimentos
Circular nº 272, de 22 de dezembro
envolvidos com o comércio internacional de carnes e
de 1997 - DIPOA/SDA/MAPA
produtos cárneos, leite e produtos lácteos e mel e produtos
apícolas.
Âmbito: federal
Institui o Programa Genérico de Procedimentos – Padrão de
Higiene Operacional – PPHO, a ser utilizado nos
Estabelecimentos de Leite e Derivados que funcionam sob o
Resolução nº 10, de 22 de maio de
regime de Inspeção Federal, como etapa preliminar e
2003 – DIPOA/SDA/MAPA
essencial dos Programas de Segurança Alimentar do tipo
APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle).
Âmbito: federal
31
continua chamando de PPHO, mas inclui os itens que o Ministério da Saúde e o Food
and Drug Administration (FDA) chamam de POP (COLETTO, 2012).
32
10 SISTEMASDEGESTÃODAQUALIDADEEDA SEGURANÇADOS ALIMENTOS
Fonte: blog.consistem.com
33
Nesse sentido, torna-se bastante interessante a integração, ao sistema de
gestão global da empresa, da norma NBR ISO 9001:2008 que foca elementos para
garantir a qualidade percebida e da norma NBR ISO 22000:2005 que, através do
sistema APPCC, tem um foco voltado para a qualidade intrínseca do produto.
34
Sempre que buscam a implantação de um novo sistema de gestão as
organizações possuem duas formas distintas para fazê-lo. Ou adotam um sistema
de gestão integrado, onde os elementos do novo sistema são integrados aos
elementos do sistema pré-existente ou optam por um sistema de gestão não
integrado. Neste último a implementação do novo sistema de gestão é feita de
forma paralela e independente dos sistemas pré-existentes.
Implementar sistemas de gestão separados e concebidos a partir de
diferentes perspectivas de gerenciamento pode causar um aumento da
burocracia, um enrijecimento da gestão da organização e a diminuição da
eficiência e cooperação entre os diferentes setores da mesma empresa. Tal
cenário pode resultar em aumento de custos, esforços duplicados e um impacto
negativo junto as partes interessadas, especialmente trabalhadores e clientes
(COLETTO, 2012).
35
"...Fusão de qualidade e processos ambientais e de
saúde e segurança com o propósito de demonstrar o
compromisso da companhia em entregar um produto
ou serviço com uma melhor performance ambiental e
Griffith 2000 uma melhor gestã de saúde e segurança".
"...estrutura organizacional, recursos e processos que
sustentam o planejamento, monitoramento, controle
de qualidade e procedimentos ambientais e de
Suditu 2007 segurança de uma organização".
Fonte: (DOMINGUES et al, 2010 apud COLETTO, 2012), adaptado.
Por essa razão esse trabalho busca analisar um sistema de gestão que
integre qualidade e segurança dos alimentos buscando abordar ações tanto para
a qualidade percebida quanto para a qualidade intrínseca com base nas normas
NBR ISO 9001:2008 e NBR ISO 22000:2006. Esse modelo é denominado sistema
de gestão da qualidade e segurança dos alimentos.
36
10.1 NBR ISO 22000 – Sistema de Gestão da Segurança dos Alimentos
37
11 BIBLIOGRAFIA
ABHILASH, M.; M.V.; PAUL, M. V. S.; VARGHESE, M. V.; NAIR, R. H. Effect of long
term intake of aspartame on antioxidant defense status in liver. Food and
Chemical Toxicology, v. 49, p. 1203 1207, 2011.
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and carmoisine on biochemical parameters related to renal, hepatic function and
oxidative stress biomarkers in young male rats. Food and Chemical Toxicology, v.
48, p. 2994 2999, 2010.
38
AUTIO, M.; COLLINS, R.; WAHLEN, S.; ANTTILA, M. Consuming nostalgia? The
appreciation of authenticity in local food production. International Journal of
Consumer Studies, v. 37, n. 5, p. 564-568, 2013.
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v. 302, p. 1031 1049, 2012.
______. Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995: Dispõe sobre o Plano Real, o Sistema
Monetário Nacional, estabelece as regras e condições de emissão do REAL e os
critérios para conversão das obrigações para o REAL, e dá outras providências. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 1995.
40
______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Instrução
normativa nº 22, de 24 de novembro de 2005: aprova o regulamento técnico para
rotulagem de produto de origem animal embalado. Brasília, DF, 2005.
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