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Cenário

Cenário e
perspectivas
no Brasil
03 Introdução

05 Composição e ingredientes utilizados em produtos plant-based

08 Plant based x Saudabilidade

11 Mercado para produtos plant-based

18
Índice Mercado de carnes plant-based

21 Regulamentações para plant-based no Brasil

24 Insights sobre adequações para a fabricação de produtos


plant-based

26 Plant-based: o que vem por aí

30 Considerações finais
Alimentos e bebidas plant-based representam um mercado em expansão. Indústrias de
alimentos tradicionais, foodtechs e novas empresas estão trazendo novidades para esse
segmento à luz da demanda que têm se mostrado cada vez mais promissora. E isso deverá
movimentar significativamente também o trabalho das indústrias de ingredientes.

Plant-based é o produto feito à base de plantas (incluindo partes de plantas, como


flores, caule, raízes e brotos), abarcando alternativas a produtos feitos com
ingredientes de base animal - como carne, iogurte, requeijão, leite, maionese, patê,
queijo, entre outros.

Introdução
Desde os primeiros lançamentos, o segmento contou com inovações importantes em termos
de textura, sabor, nutrição e diversidade de ingredientes, tornando os produtos plant-based
atrativos para um público bastante amplo e variado.

De acordo com o The Good Food Institute, apenas o segmento de proteínas alternativas,
incluindo as da categoria plant-based, já é responsável por girar mais de US$ 3 bilhões por
ano, com previsão de valer US$ 6,4 bilhões até 2023.

Isso é reflexo de uma mudança no mindset e no comportamento do consumidor. Uma parcela


cada vez maior de pessoas demonstra interesse em opções de alimentos e bebidas mais
saudáveis e ambientalmente equilibradas de consumo. Além disso, em busca de experiências
de consumo diferenciadas e surpreendentes, muitos estão descobrindo novos sabores e
buscando alimentos que fujam das opções mais tradicionais

03
Portanto, o target vai além do público vegano, vegetariano ou com restrições
alimentares. De fato, dados de 2019 de pesquisa da Kantar Worldpanel
apontaram que 86% das refeições plant-based são consumidas por não veganos.

Tudo isso gera um campo promissor para o plant-based no Brasil. A chegada


dos hambúrgueres plant-based às grandes redes de fast food representam um
indício para a popularização desse tipo de opção alimentar.

Como veremos neste material, há várias pesquisas que indicam que um


percentual considerável de consumidores globais e do Brasil percebem
os ingredientes e produtos à base de plantas como uma escolha
alimentar positiva.

Além disso, neste e-book, serão abordados em mais detalhes quais ingredientes
são comumente utilizados para esse tipo de alimento ou bebida, como é seu
mercado atual e perspectivas para o futuro, seus principais apelos junto ao
consumidor, dicas para a adequação da empresa para a fabricação desses
produtos, entre outras coisas.

Para isso, contamos com a colaboração de especialistas e players desse setor.


São eles: Luiz Augusto Silva, presidente da NotCo no Brasil; Marcelo Palma
Pendon, gerente de Marketing e Novos Negócios na América do Sul de Plant
Based Protein da Ingredion e Guilherme Carvalho, secretário executivo da SVB
(Sociedade Vegetariana Brasileira) e fundador da Pop Vegan Food.
Boa leitura!

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Composição
e ingredientes
utilizados
em produtos
plant-based
Até 2023, o
segmento de
proteínas
alternativas será
responsável por
girar mais de US$
6,4 bilhões. Fonte:
The Good Food
Institute

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Em muitas redes de mercados, os produtos plant-based já estão saindo de um display, gôndola ou corredor para
ganhar mais destaque ou, mesmo, competir pela atenção do cliente lado a lado com as opções tradicionais dos
alimentos.

E esses estão cada vez mais variados. Há opções plant-based de bebidas proteicas, alternativas a laticínios e
derivados de leite, alternativas à carne, barras de proteínas, snacks, molhos, gomas de mascar, chás, ganaches,
produtos de confeitaria (como açúcar de decoração), itens de nutrição esportiva, entre muitos outros. Já temos,
inclusive, opção de ovo plant-based, produzido à base de amido e proteína de ervilha, desenvolvido pelo Grupo
Mantiqueira.

Embora a soja seja um substituto ou alternativa comum à carne há décadas, a proteína da ervilha tem
sido um elemento essencial para a fabricação de carnes vegetais e alternativas a laticínios por motivos
como seu bom perfil de aminoácidos e por ser facilmente digerível. A Grand View Research estimou que o
mercado global de proteína de ervilha valeria US$ 313,5 milhões até 2025, aumentando a uma taxa de
crescimento anual composta de 17,4%.

Nos alimentos e bebidas com adaptogênicos, de grande apelo junto ao público que espera benefícios holísticos
para o corpo e para a mente, plantas como ashwagandha, maca, tulsi e ginseng são utilizadas na composição dos
produtos plant-based.

Quanto ao segmento de bebidas, no mercado brasileiro, as fabricadas à base de amêndoas têm maior destaque,
liderando a categoria de bebidas vegetais. Outros ingredientes comuns são caju com coco, inhame e aveia.

Outros ingredientes utilizados para os produtos plant-based incluem castanha de caju, nozes, coco, batata,
semente de gergelim, feijão, grão de bico, lentilha, amendoim, cogumelos e outros.

06
O portfólio plant-based da Ingredion
contempla farinhas à base de lentilha,
ervilha, grão-de-bico e feijão-fava;
concentrados à base de lentilha, ervilha e
feijão-fava; e isolados à base de proteína
isolada de ervilha".
Marcelo Palma Pendon, gerente de Marketing e Novos
Negócios na América do Sul de Plant Based Protein da Ingredion

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Plant based x
Saudabilidade
O Brasil é
reconhecido
como o quinto
maior mercado
mundial de
alimentos e
bebidas
saudáveis,
registrando
crescimento
anual de 20%.

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De acordo com pesquisa realizada pelo The Good Food Institute (GFI), a cada 10
brasileiros, 3 já estão reduzindo o consumo de alimentos de origem animal, sendo
que a saúde é a principal motivadora para esse comportamento.

Uma parcela crescente de consumidores brasileiros está adotando uma dieta mais
equilibrada e, como resultado, aumentam as oportunidades para novos produtos
inovadores, que ofereçam esse tipo de apelo, além de uma experiência de
consumo prática, economicamente viável e prazerosa.

É nesse cenário
que os produtos
plant-based podem Ainda conforme este artigo, projetou-se que se houvesse
uma mudança mundial na rotina alimentar, tornando-a
encontrar aderência.
menos dependente de carne e mais baseada em frutas e
Conforme artigo da Oxford School, a vegetais, até 2050, oito milhões de pessoas poderiam ser
dieta plant-based pode ajudar a diminuir preservadas de problemas como alguns tipos de câncer.
o risco de desenvolvimento de diabetes
tipo 2, de Alzheimer e o risco cardíaco. No entanto, apesar de, entre outras coisas, a alimentação
plant-based ser potencialmente rica em fibras, em
Ela também pode contribuir para o
fitoquímicos, vitaminas e minerais, nem sempre haverá
funcionamento do intestino e uma categorização dos produtos como os mais saudáveis.
do sistema imunológico.

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Por exemplo, no caso de alguns hambúrgueres, além da proteína de soja ou de ervilha (que pode ser texturizada
ou isolada), há adição de gordura, amido modificado, beterraba (em suco ou em pó para atingir uma cor mais
próxima à proteína animal), condimentos e aditivos como estabilizantes, aromas e antioxidantes.

A partir disso, esse produto poderia ser classificado como ultraprocessado, tendo como base o Guia Alimentar
para a População Brasileira, desenvolvido pelo Ministério da Saúde. Também há casos nos quais há alto teor de
sódio no produto final, o que o torna menos atrativo para o segmento de saudabilidade.

Por outro lado, há opções de bebida vegetal, por exemplo, com um teor considerável de calorias e sódio
reduzidos, com maior teor de fibras e o mesmo nível de cálcio da opção tradicional de leite, com ingredientes
como inhame e coco, que são ingredientes reconhecidos por quem busca produtos para a imunidade e
saudabilidade.

As opções do portfólio da NotCo, por exemplo, possuem esse alinhamento, como explica Luiz Augusto Silva,
presidente da NotCo no Brasil, "os produtos da NotCo são 100% vegetais e naturais, sem nenhum aditivo
químico".

Portanto, para conquistar o consumidor que prima pela saudabilidade, é preciso que a formulação conte
com produtos in natura ou minimamente processados, com ingredientes e origem de produtos alinhados
a esse claim.

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Mercado
para produtos
plant-based

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O mercado de alimentos e bebidas plant-based foi avaliado em US$ 42258,97 milhões em 2019. Nos últimos
anos, esse setor apresentou um crescimento bastante intenso - conforme dados da Mintel, o número de
lançamentos de novos produtos plant-based no Brasil registrou um incremento de 24% entre 2016 e 2018.

Em consonância, Luiz Augusto Silva, presidente da NotCo no Brasil, destaca que esse é um mercado que
vem crescendo com lançamento de novos produtos e entrada de novas empresas ou grandes empresas que
estão começando neste setor.

Hoje, já é possível encontrar uma certa


variedade de alimentos plant-based, que
pretendem substituir produtos de origem
animal. A NotCo, por exemplo, já tem
substitutos para leite, com o Not Milk;
sorvete cremoso, com o Not Ice Cream;
maionese, com a Not Mayo; e agora também
para hambúrguer, com o Not Burger".

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Complementarmente, Marcelo Palma Pendon, gerente de Marketing e Novos Negócios na América do Sul de
Plant Based Protein da Ingredion afirma que "o mercado de plant-based cresce de forma rápida e consistente
porque o consumidor vem buscando ter uma alimentação saudável que, ao mesmo tempo em que entrega
saciedade, é uma alternativa sustentável ao planeta. Vemos a saudabilidade e a sustentabilidade como
pontos-chaves para atender de maneira eficiente essa demanda".

Uma pesquisa do IBOPE de 2018 mostrou que 55% das pessoas compraria mais produtos veganos se eles fossem
identificados como veganos. “Acho que isso diz muito sobre uma nova era em relação à aceitação de produtos
veganos (plant-based) pelo público em geral no Brasil. Esses produtos não podem mais ser vistos como um
nicho; hoje são uma macrotendência de mercado. O Selo Vegano, certificação que a SVB lançou em 2013,
também explodiu nos últimos três anos, atingindo em 2020 quase 3 mil produtos certificados, em sua maioria
alimentícios", adiciona Guilherme Carvalho, secretário executivo da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) e
fundador da Pop Vegan Food.

Assim, um dos motivos para tudo isso foi que esses produtos começaram a entrar no carrinho e no cardápio não
somente de consumidores veganos e vegetarianos, como também de qualquer pessoa que queira adicionar uma
proteína à base de plantas em sua dieta.

Com isso, esse segmento está saindo de um nicho menor de mercado para um setor mais amplo e versátil com
diversos tipos de públicos e oportunidades, como explica o gerente de Marketing e Novos Negócios na América
do Sul de Plant Based Protein da Ingredion. "O consumidor desse tipo de produto não é mais composto somente
por veganos ou vegetarianos. Vemos um crescente número de pessoas que está reduzindo de forma gradual

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Outra tendência que contribui para a consolidação e o crescimento desse mercado é que muitos consumidores
estão focados em compreender melhor a procedência de seus alimentos e evitar produtos considerados
prejudiciais à saúde. Essas tendências alimentares, impulsionadas principalmente pela Geração Y, favorecem
alimentos saudáveis, de origem ética e natural, com ingredientes reconhecíveis e menos processados. Assim, o
crescimento do consumo de produtos proteicos à base de plantas é também uma consequência direta dessa
mudança.

"Vemos que o mercado cresce por uma demanda dos consumidores que estão cada vez mais atentos ao impacto
do que eles consomem e produzem", complementa o presidente da NotCo no Brasil.

Além disso, o crescimento da incidência de doenças alérgicas à proteína do leite de origem animal também deve
contribuir para o crescimento de produtos à base de plantas. Há previsões de que, ainda em 2020, o mercado
brasileiro de leites vegetais possa movimentar mais de 2,5 bilhões de reais.

Mas, quando avaliamos o público desse tipo de produto, os consumidores veganos e vegetarianos também são
centrais. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) em
2018, 30 milhões de pessoas no Brasil se consideram vegetarianas, um aumento de 75% em comparação com os
números da pesquisa de 2012.

Guilherme Carvalho, secretário executivo da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) e fundador da Pop Vegan
Food, afirma que os produtos plant-based são, de forma geral, "recebidos com entusiasmo pela comunidade
vegana que cresceu bastante - segundo estimativas da SVB, hoje cerca de 7 milhões de brasileiros já poderiam
se considerar veganos. Atualmente, quando uma grande empresa - por exemplo, uma indústria de laticínios ou
de carne ou uma multinacional de alimentos - lança um produto vegano indulgente e delicioso, a reação do
público vegano é 99% positiva e 1% negativa. A imensa maioria aplaude, comemora, divulga de forma
espontânea e empolgada, até se emociona. Se tornam grandes multiplicadores".

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Além disso, o levantamento do IBOPE demonstrou que 60% dos entrevistados prefeririam comprar produtos
plant-based se a faixa de preço desses fosse semelhante aos itens de origem animal da mesma categoria, o que
ajuda a demonstrar o grande potencial desse tipo de alimento e bebida no Brasil.

Desse modo, podemos segmentar os principais públicos de produtos plant-based em:

Vegetarianos;
Veganos;
Onívoros;
Pessoas com intolerâncias ou alergias alimentares (sendo um produto
inclusivo);
Flexitarianos/reducetários (quem opta pela redução de carne em alguns
momentos);
Pessoas preocupadas com o bem-estar animal e com a sustentabilidade;
Consumidor interessado em diversificar e obter novas experiências
alimentares;
Entre outros.

O mercado de produtos à base de plantas atingiu atratividade e proporções que fizeram com que grandes
players como McDonald's, Burger King, Subway, Starbucks, JBS, BRF, Marfrig, Danone, Nestlé, Sadia, Seara, entre
tantos outros também passassem a contar com alternativas plant-based em seus cardápios ou portfólios de
produtos. Além disso, novas startups brasileiras estão surgindo e investindo em inovação e desenvolvimento de
produtos à base de plantas e ajudando a configurar e fortalecer esse mercado.

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Outro fator que demonstra a força mercadológica do plant-based é que grandes redes
de supermercados, como o Grupo Pão de Açúcar (GPA) e o Carrefour já estão também
comercializando esses produtos diante do interesse do consumidor.

Em 2019,
apenas quatro meses
Além disso, no mix de produtos da marca Taeq, exclusiva das redes Extra e
após o início da sua Pão de Açúcar, já há itens plant-based - como vegbúrguer de berinjela com
comercialização, os castanha de caju e gergelim.
hambúrgueres plant-based
já representavam 1/3 da Em consonância, na pesquisa realizada pelo IGF, os consumidores
venda bruta total dos brasileiros considerados vegetarianos, veganos ou flexitaristas
afirmaram que fazem a compra de produtos plant-based em lojas de
hambúrgueres congelados
varejo, o que reforça a importância da penetração dessa categoria
vendidos em toda a nesse tipo de canal.
rede Pão de Açúcar
de São Paulo. Entretanto, pode-se esperar que canais online comecem a ser também mais
utilizados para compra desses itens, como consequência das mudanças de
hábitos incentivadas pela pandemia de COVID-19. Esse cenário levou,
inclusive, muitas marcas a lançarem e-commerce próprio ou buscarem novos
canais para distribuição, como, por exemplo, terem uma loja própria em
aplicativos como o iFood. Esse foi o caso da NotCo, que inaugurou o
restaurante Why Not by NotCo, no app para clientes de São Paulo.

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Esse tipo de estratégia deve ajudar a manter o crescimento desses produtos mesmo no novo normal. A 100
Foods, por exemplo, marca de molhos e temperos plant-based, registrou aumento de 40% nas vendas feitas em
seu canal de e-commerce desde o início do período de isolamento social.

Mesmo com a pandemia, há uma perspectiva


de crescimento do mercado plant-based no
Brasil, assim como aconteceu nos Estados
Unidos. Por lá, as vendas desse segmento
tiveram um salto enorme e o mercado recebeu
investimento recorde em 2020"
Afirma o presidente da NotCo no Brasil.

Outro canal que apresenta potencial para produtos plant-based é o de assinaturas de kits de refeições. De acordo com
estudo da Euromonitor, uma das principais tendências no segmento de alimentação saudável são as assinaturas de kits
de refeições. A startup paulista BeLeaf, por exemplo, já oferece em seus combos alimentos plant-based.

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Mercado
de carnes
plant-based
Com a perspectiva de a população
global atingir, em 2050, a casa dos
9,8 bilhões de pessoas, a
Organização das Nações Unidas
(ONU) prevê que seria necessário
um incremento de 70% na
produção de proteínas para se
atender a essa demanda, ainda
levando em conta que essa
produção não prejudique ainda
mais o meio ambiente. Diante
disso, as proteínas alternativas,
como as plant-based, surgem
como uma das soluções se lidar
com esse desafio.

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Mas, indo além dele, de acordo com a pesquisa Global Views On Food,
divulgada pela IPSOS, 47% dos brasileiros disseram que comeriam
alimentos plant-based em substituição à carne.

De fato, a demanda dos consumidores por substitutos para a carne cresceu


nos últimos anos, especialmente entre os consumidores preocupados
sobre como seu estilo de vida afeta o planeta. As razões para a mudança de
dietas de proteína animal para dietas vegetais são muitas, incluindo a busca
por maior bem-estar animal, preservação do meio ambiente, problemas
gerais de saúde e outros.

Conforme dados divulgados no International Weekly Journal of Science, a


adoção de hábitos fundamentados pelos pilares do plant-based pode
reduzir em 250 vezes as emissões de gases do efeito estufa e em 60% o
consumo de água. Exemplificando essa questão, Luiz Augusto Silva afirma
que os produtos da NotCo "são mais sustentáveis do que aqueles
alimentos que eles pretendem substituir, já que não usam nada de
ingrediente animal e, assim, sua produção consome menos recurso natural
e emite menos gases do efeito estufa. Aqui no Brasil, os produtos da NotCo
chegam a emitir 70% menos CO2 e a consumir 90% menos água".

Portanto, essa é uma opção que, como vimos, atrai um público mais amplo
do que quem já é vegetariano ou vegano - e isso deve ser maximizado nos
próximos anos, tendo previsão de crescimento em 60% para o consumo de
alimentos plant-based em substituição a carnes.

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Hoje, a diversidade de opções de hambúrgueres à base de plantas, por exemplo, já é considerável, em
consonância aos resultados do estudo do The Good Food Institute que demonstrou que há uma tendência na
redução do consumo de carne, ovos e derivados do leite no Brasil.
Ainda conforme esse estudo, constatou-se que fatores como sabor, preço e conveniência são centrais para o
consumo de produtos plant-based no Brasil, incluindo as alternativas à carne que, nesse caso, para atingir uma
parcela maior de consumidores, precisa oferecer sabor, textura, aparência e suculência semelhantes ao produto
de origem animal.

Guilherme Carvalho, da SVB, comenta que desde 2019, com a explosão de 'carnes' e 'laticínios' veganos no
mercado, o consumidor vem mostrando de forma mais clara que deseja produtos indulgentes, saborosos, que
não percam em sabor e textura para os produtos de origem animal.

“Foi assim que os hambúrgueres vegetais atingiram, em pouco tempo, 30% de market share de todos os
hambúrgueres vendidos na maior rede de varejo do país. São sinais inequívocos como esses que mostram que os
produtos plant-based vieram para ficar, e mais, vieram para gradativamente substituir os produtos de origem
animal. Quem se recusar a ver isso, perderá o bonde da história e ficará preso a moldes antigos de negócios. As
carnes, laticínios e derivados do novo milênio são e serão - acredite - feitos sem a criação ou abate de animais".

Com isso, diversas empresas estão desenvolvendo formulações tecnológicas, que objetivam ofertar ao
consumidor uma experiência sensorial cada vez mais próxima à proporcionada pela carne.

A foodtech brasileira Fazenda Futuro, por exemplo, é um dos nomes desse mercado já tendo, inclusive, atuação
internacional por meio de exportações para países europeus e para os Emirados Árabes. Nas carnes vegetais da
marca, são utilizados ingredientes como beterraba, ervilha, grão de bico e soja.

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Regulamentações
para plant-based
no Brasil
Para as empresas que querem
atuar no segmento plant-based, é
preciso atenção a regulamentações
federais, estaduais e locais (nesse
caso, especialmente em termos de
permissões e alinhamento a
inspeções). Entretanto, ainda não
há no país regulamentações
totalmente estabelecidas para
produtos plant-based.

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A ANVISA mostra-se atenta à prevenção de situações que
possam levar ao engano e à confusão do consumidor.
Assim, ao lançar um novo produto, as marcas só podem
fazer uso de termos expressamente definidos.

Quanto a esse aspecto, o PL 2876/2019, de autoria do deputado Nelson


Barbudo (PSL-MT), protocolado na Câmara dos Deputados no ano passado e
encaminhado para a Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) é um projeto
de lei que objetiva proibir que produtos de origem não animal sejam
vendidos com o uso do termo "carne". Tal projeto ainda precisa ser avaliado
pela Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJC).

Como resposta, empresas que atuam no setor de produtos alimentícios


vegetais se mobilizaram para terem o direito de utilização de termos
como "carne" e "hambúrguer", por exemplo.

Enquanto isso, deve-se ficar atento a normas correlacionadas - como a


RDC 268/2005 (para produtos proteicos de origem vegetal) e a RDC
272/2005 (para produtos a base de vegetais, frutas e cogumelos
comestíveis).

O que já encontra respaldo em normas de suplementos são as proteínas


de soja, arroz e milho. Está em etapa de aprovação textos de
regularização para outras proteínas como ervilha, fava e lentilha.

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Por ser uma categoria relativamente nova, ainda não existe uma
base robusta de legislação para este tipo de produto e, portanto,
temos que lançar mão de um leque grande de referências de
legislação local e internacional, guias e selos de ONGs para garantir
que os produtos desenvolvidos são seguros, saudáveis e livres de
ingredientes de origem animal ou, ainda, veganos, se for o caso. A
maioria dos nossos produtos, por exemplo, são considerados
ingredientes e, até o momento, não há necessidade de aprovação
para grande parte do portfólio. Porém, estamos sempre atentos ao
posicionamento da ANVISA e, no caso de qualquer mudança, estamos
prontos para fazer as adequações regulatórias necessárias"

Marcelo Palma Pendon, da Ingredion.

Assim, indo além das obrigações legais, para se destacar e obter outros diferenciais junto a nichos, também há
certificações para produtos plant-based kosher, vegano, entre outras que demandam também procedimentos mais
específicos para obtenção, além das de Certified Plant Based, Cruelty Free, Certificação Orgânica, certificado vegano da
Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e outras.

23
Insights sobre
adequações
para a fabricação
de produtos
plant-based

24
O Brasil, entre outras coisas, por ser líder mundial em produção de grãos e por ter uma flora tão rica, apresenta
um potencial atrativo para criar proteínas e desenvolver ingredientes e alimentos voltados para esse mercado.

Além disso, como vimos, o plant-based é um segmento promissor e deverá se tornar cada vez mais popularizado,
o que o torna alvo de interesse para a diversificação de portfólio de empresas que já fabricam outro tipo de
produto no setor de alimentos e bebidas.

"Como os principais drivers desse mercado são saudabilidade e sustentabilidade, somados a sabor e preço, a
empresa deve oferecer uma boa equação desses fatores para o consumidor final. Para formular um produto
plant-based que leve todos esses atributos, é muito importante contar com expertise em formulação nesse tipo
de alimento e com o fornecimento de ingredientes dentro de todas as normas de segurança alimentar e
sustentabilidade. Em termos regulatórios, temos dois pontos de atenção adicionais: garantir que não aconteça
a contaminação cruzada com produtos de origem animal e garantir que não haja contaminação cruzada de
alergênicos", comenta o especialista da Ingredion.

Ainda, é importante buscar apoio e parceria junto à cadeia de fornecedores para uma adequação completa da
produção. Também pode ser necessária a introdução de processos de qualidade adicionais (que passam pela
validade diferente desse tipo de ingrediente, entre outras coisas) e estudar formas de diminuir o uso de
conservantes e de aditivos na composição do produto.

Para empresas interessadas em atuar nesse segmento, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA), em
parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, oferece um programa de
aceleração que abrange projetos de alimentos plant-based - o TechStart Food Innovation.

25
Plant-based:
o que vem por aí
Novidades
deverão surgir
conforme o uso
da tecnologia
para P&D
tornar-se mais
acessível e
assimilada pelo
mercado.

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As perspectivas para a categoria são bastante positivas. "Acreditamos que há muito espaço para crescimento do
mercado plant-based, pois está ocorrendo uma forte conscientização do consumidor sobre a importância de ter
uma alimentação saudável, consciente e sustentável", Marcelo Pendon.

Ele ainda comenta que em uma pesquisa conduzida junto com o Instituto Opinaia, com foco na América do Sul,
foi visto que 89% da base entrevistada está predisposta a consumir produtos com proteínas vegetais, dado que
nos confirma o potencial de crescimento deste mercado.

Quanto às carnes vegetais, novidades deverão surgir conforme o uso da tecnologia para P&D torna-se mais
acessível e assimilada pelo mercado. E isso não apenas deverá fazer com que os produtos atinjam uma
experiência sensorial cada vez mais próxima da proporcionada pela proteína animal como também deverá
ajudar a tornar o custo do produto mais atrativo para o consumidor.

De modo geral, as empresas do setor têm daqui para a frente o desafio de ampliar sua escalabilidade,
alcançando novos públicos, inclusive aqueles que têm vontade de consumir produtos plant-based, mas não o
fazem por falta de conveniência (por exemplo, por não o encontrarem em seu mercado de bairro) ou em função
de seu preço.

Quanto a esse aspecto, é preciso que a categoria se fortaleça em termos de distribuição na cadeia de varejo.
Conforme levantamento, sabor e preço ainda são paradigmas para que essa penetração seja mais consistente.

O presidente da NotCo no Brasil concorda que o sabor é fundamental, especialmente porque "o consumidor tem
uma relação afetiva com a comida que não deve ser quebrada". O empresário comenta também sobre uma
barreira que impede preços mais atrativos para a categoria: "no Brasil os produtos plant-based ainda têm uma
tributação muito elevada. Quando for possível competir com os produtos de origem animal com paridade na
tributação, o preço final ao consumidor será reduzido", afirma.

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Em consonância, Pendon sintetiza que além de entregar saudabilidade e sustentabilidade, é necessário entregar
sabor, preço e disponibilidade.

Complementando a questão do preço, Guilherme Carvalho, afirma que do ponto de vista de negócio ter um
preço mais atrativo é importante. “Isso mostra para o público que você não está 'se aproveitando' de um
movimento por um mundo melhor, colocando um markup que pode ser visto como desproporcional, e também
porque faz com que o produto realmente entre na rotina do consumidor, em vez de ser um produto apenas de
'curtição' ou de consumo esporádico".

Nos próximos anos, produtos como queijos, iogurtes e sorvetes plant-based também deverão se tornar mais
comuns, além de bebidas e alimentos com apelo multifuncional (para energizar, elevar a imunidade, relaxar, etc.).

Outra oportunidade está nas proteínas naturais adoçantes plant-based para a fabricação de produtos sem
açúcar, especialmente em um cenário com diversas metas de redução do uso e do consumo desse ingrediente.

Também podemos destacar maior utilização de ingredientes para produtos plant-based com claims como
alinhamento à demanda de itens clean label e a conceitos como mood food (alimentos com ingredientes que
favoreçam a saúde mental ou emocional do consumidor, ajudando, por exemplo, na modulação do estresse, na
diminuição da sensação de cansaço, entre outras coisas).

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Considerações
finais
Como vimos ao longo deste material, os produtos plant-based não são apenas tendência,
mas uma realidade que já estimula um mercado bastante promissor e projeta um futuro
com diversas oportunidades.

Pelos benefícios à saúde, apelo ambiental, por sua fonte de produção mais sustentável e pela
experiência gustativa e sensorial diferenciada, os produtos à base de plantas encontram
aderência junto a diversos públicos que, conforme muitas pesquisas, está disposto a
consumir mais esse tipo de alimento ou bebida, especialmente se o seu custo se mostrar
mais próximo às opções similares de origem animal.

No Brasil, esse mostra-se um segmento atrativo tanto para novas empresas e foodtechs
quanto para que marcas já consolidadas ampliem seu portfólio para atender a essa
demanda crescente de mercado.

Há alguns desafios a serem vencidos, sobretudo em termos de sabor, conveniência e preço, no


entanto, já há diversas pesquisas e tecnologias em desenvolvimento para sanar essa demanda.

Nos próximos anos, o setor de plant-based deverá estar ainda mais capilarizado e fortalecido.
Esperamos que, a partir deste material, você tenha insights para criar a melhor estratégia para
fazer parte desse movimento global.

29
Referências

https://www.businesswire.com/news/home/20190315005226/en/Brazilian-Food-Ingredient-Market-Outlook-2023--
https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2020/04/startup-que-fabrica-molhos-base-de-plantas-conquista-aporte-milionario.html
https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Opiniao/noticia/2020/01/plant-based-uma-oportunidade-para-o-produtor-e-industria.html
https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2020/07/fazenda-futuro-carne-de-plantas-brasileira-expande-se-para-dubai.html
http://gfi.org.br/wp-content/uploads/2018/10/GFI_prote%C3%ADnas_vegetais.pdf
https://gfi.org.br/2019/03/20/mantiqueira-lanca-alternativa-plant-based-aos-ovos/
https://www.svb.org.br/2469-pesquisa-do-ibope-aponta-crescimento-historico-no-numero-de-vegetarianos-no-brasil
https://www.hartman-group.com/newsletters/1669050652/the-plant-based-halo-four-key-motivations-and-a-word-of-caution
https://anba.com.br/gigantes-da-carne-inovam-com-produtos-a-base-de-plantas/
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