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Fisioterapia em

Saúde do Idoso
Patologias Geriátricas

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Danilo Cândido Bulgo

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Patologias Geriátricas

• Situações Clínicas: Acometimentos Musculoesqueléticos,


Neurológicos, Respiratórios e Síndromes Geriátricas;
• Alterações no Envelhecimento;
• Fibromialgia;
• Cuidados Paliativos na Terceira Idade.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Proporcionar ao estudante um panorama geral acerca da saúde do idoso, bem como abor-
dagem nas principais doenças no âmbito individual e coletivo, utilizando recursos lúdicos
e intervenções.
UNIDADE Patologias Geriátricas

Situações Clínicas: Acometimentos


Musculoesqueléticos, Neurológicos,
Respiratórios e Síndromes Geriátricas
Com o avançar da idade, patologias e alterações específicas e comumente incapaci-
tantes podem ser frequentes nas pessoas idosas.

Dessa maneira, as síndromes geriátricas surgem como um conjunto de sintomas que,


geralmente, têm origem pela conjunção de doenças com alta prevalência na terceira
idade e que frequentemente se interligam à origem da incapacidade funcional ou social
na população.

Trata-se da manifestação (sintomas) de variadas patologias, mas também podem desen-


cadear outros problemas par os quais se deve ficar em estado de alerta desde sua detecção,
a fim de atender o idoso na sua maneira integral.

As síndromes geriátricas mais comuns são:


• Instabilidade e quedas;
• Úlceras por pressão;
• Depressão, ansiedade e insônia;
• Hipotermia e desidratação;
• Constipação;
• Desnutrição;
• Privação sensorial: diminuição auditiva e visual;
• Comprometimento cognitivo: demência e síndrome confusional aguda;
• Fragilidade social.

Apesar de serem heterogêneas, essas síndromes possuem, em sua essência, diversas


características comuns. O envelhecimento dos órgãos e dos sistemas acarreta transfor-
mações no organismo do indivíduo e pode elevar a chances do surgimento de doenças.

Entre as alterações relacionadas ao avançar da idade estão também as que envolvem


os cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato.

Vale ressaltar que existem patologias comuns no processo de envelhecimento, tendo


maior prevalência as apresentadas a seguir.

Doenças Cardiovasculares
Representam alta taxa de mortalidade nesse grupo populacional. O grupo abrange
as doenças arteriais coronarianas, que comprometem, principalmente, a região do cora-
ção, como infarto e angina do peito.

Um dos fatores é o envelhecimento corporal, ocasionando um “endurecimento” das


artérias, que pode levar elevar a pressão arterial. Sabemos que o sedentarismo, o etilismo,

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a alta taxa de gordura corporal (obesidade) e o tabagismo são alguns dos fatores que favo-
recem as alterações cardiovasculares.

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) surge, também, como um problema ocasiona-


do pela falta súbita de sangue no cérebro.

Os danos causados vão depender de qual área da região cerebral foi afetada, poden-
do ocasionar problemas graves na saúde do idoso, impactando, muitas vezes, a locomo-
ção, a fala e os movimentos.

Figura 1 – Envelhecimento e doenças cardiovasculares


Fonte: Getty Images

Diabetes Mellitus
Outro problema de saúde pública que aumenta as taxas de ocorrência na terceira idade
é o diabetes.

Na maioria dos casos, com o aumento de gordura e perda de massa muscular, o


corpo humano passa a não responder e processar de maneira correta a insulina, o que
pode desencadear a da diabetes tipo 2.

Caso não seja monitorada, os agravos à saúde da pessoa idosa podem gerar déficits
nos rins, no coração e na visão.

Catarata
É uma alteração no globo ótico e atua sobre uma lente chamada cristalino que, com o
avançar da idade, vai ficando menos transparente, criando um aspecto de opacidade ao olho.

A catarata é tratável, e necessita de acompanhamento desde sua detecção, ainda no


estágio inicial. Como a visão por meio da catarata desencadeia uma série de prejuízos aos
indivíduos, pode facilitar o aumento do risco de quedas, que podem ocasionar fraturas,
por exemplo.

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Enfisema Pulmonar
Está relacionado a alterações no aparelho respiratório e compromete o pulmão, tam-
bém conhecida como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

Em sua essência, uma das causas frequentes é o excessivo uso do tabaco ou a expo-
sição excessiva à fumaça.

Com o envelhecimento, a fisiologia do órgão vai alterando, favorecendo o acúmulo


de secreções e ficando mais enrijecido, podendo agravar a patologia.

Figura 2 – Pulmão Humano


Fonte: Fotolia

Mal de Alzheimer e outras demências


O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva, que tem manifestação na
deterioração cognitiva e da memória de curto prazo e uma variedade de sintomas neu-
ropsiquiátricos e de alterações comportamentais que se agravam com o passar do tempo.

É uma doença que não tem cura, porém é necessária a utilização de fármacos e tera-
pias compostas pela Equipe Multidisciplinar a fim de aumentar a qualidade de vida dos
pacientes e retardar os aspectos negativos causados pela patologia.

A causa do Alzheimer é desconhecida e é a forma mais comum de demência neu-


rodegenerativa na terceira idade, sendo responsável por mais da metade dos casos de
demência nesse grupo populacional.

Entre os principais sinais e sintomas do Alzheimer estão:


• Falta de memória para acontecimentos recentes;
• Repetição da mesma pergunta várias vezes;
• Dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos;
• Incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;

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• Dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
• Dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais;
• Irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, passividade, interpretações er-
radas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento.

O quadro clínico costuma ser dividido em quatro estágios:


• Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilida-
des visuais e espaciais;
• Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e co-
ordenar movimentos. Agitação e insônia;
• Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência
urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;
• Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções
intercorrentes.

Importante!
Quanto maior for a estimulação cerebral da pessoa, maior será o número de conexões
criadas entre as células nervosas, chamadas neurônios. Esses novos caminhos criados
ampliam a possibilidade de contornar as lesões cerebrais, sendo necessária maior perda
de neurônios para que os sintomas de demência comecem a aparecer. Por isso, uma
maneira de retardar o processo da doença é a estimulação cognitiva constante e diver-
sificada ao longo da vida.

Figura 3 – Mal de Alzheimer


Fonte: Getty Images

Nos casos mais graves do Alzheimer, a perda da capacidade das tarefas cotidianas
também aparece, resultando em completa dependência da pessoa. A doença pode
vir acompanhada, ainda, de depressão, de ansiedade e de apatia.

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Perda de Audição
Processo fisiológico que reduz parcial e/ou totalmente a audição. Ocorre de maneira
progressiva com o avançar da idade.

Hipertensão Arterial
É popularmente conhecida como pressão alta e é uma doença crônica caracterizada
pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias.

Geralmente, ocorre quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou
ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9).

A pressão sistólica, ou máxima, é aquela que marca a contração do músculo cardíaco, quan-
do ele bombeia sangue para o corpo. A diastólica, por sua vez, é a do momento de repouso,
em que os vasos permanecem abertos para o sangue passar.

A pressão alta faz com que o coração tenha de exercer esforço maior do que o normal
para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.

A pressão alta é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente


vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca.

Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente quando a pressão sobe


muito: podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fra-
queza, visão embaçada e sangramento nasal.

Essa doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influen-
ciam nos níveis de pressão arterial, entre eles:
• Fumo;
• Consumo de bebidas alcoólicas;
• Obesidade;
• Estresse;
• Elevado consumo de sal;
• Níveis altos de colesterol;
• Falta de atividade física.

Além desses fatores de risco, sabe-se que a incidência da pressão alta é maior na raça
negra e em diabéticos, e que aumenta com a idade.

É necessário tomar medidas de cuidados básicos como manutenção da saúde.

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Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível adotar um estilo de
vida saudável:
• Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos alimentares;
• Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos;
• Praticar atividade física regular;
• Aproveitar momentos de lazer;
• Abandonar o fumo;
• Moderar o consumo de álcool;
• Evitar alimentos gordurosos;
• Controlar o diabetes.

Figura 4 – Monitoramento da Pressão Arterial


Fonte: Getty Images

Importante!
É dever do fisioterapeuta avaliar o paciente antes de qualquer procedimento fisiotera-
pêutico, bem como durante e ao término da sessão. Cuidados básicos podem minimizar
diversos problemas.

Depressão
Bastante frequente na vida dos idosos, os sintomas nem sempre são fáceis de identificar
em pacientes geriátricos, pois, na maioria dos casos, não se manifesta com os sintomas
clássicos de uma patologia. É necessário observar os comportamentos que os idosos apre-
sentam, bem como diversos fatores podem corroborar para o surgimento da depressão,
como: incapacidades, institucionalização, perdas, isolamento social, dentre outros.

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Osteoporose
Atinge mais comumente o público feminino, vez que a diminuição da massa óssea já
tem maior predominância em mulheres e tem diminuição significativa pós-menopausa.

Esse processo torna os ossos mais fracos e o indivíduo pode desencadear maior sus-
cetibilidade a fraturas.

Os principais fatores de risco de desenvolvimento dessa doença são:


• Pele branca;
• Histórico familiar de osteoporose;
• Vida sedentária;
• Baixa ingestão de Cálcio e/ou vitamina D;
• Fumo ou bebida em excesso;
• Medicamentos, como anticonvulsivantes, hormônio tireoideano, glocorticoides
e heparina;
• Doenças de base, como artrite reumatoide, diabetes, leucemia e linfoma.

O principal método para diagnosticar a osteoporose é por meio da densitometria


óssea. Esse exame mensura a densidade mineral óssea da coluna lombar e no fêmur.

O resultado pode ser classificado em três variáveis: normal, osteopenia e osteoporose.

Osteoartrose
É uma doença das articulações, que causa deformidades e dores crônicas, em várias
partes do corpo ou em região específica, podendo levar à diminuição das funções, como
movimento das mãos e pés.

A seguir, vamos identificar as principais alterações causadas nos sistemas fisiológicos


durante o processo de envelhecimento.

Alterações no Envelhecimento
O Sistema Imunológico
• Com o processo de envelhecimento, o sistema imunológico vai perdendo a sua ca-
pacidade de distinguir o que pertence ao corpo (ou seja, vai diminuindo a habilidade
de identificar antígenos estranhos). Desse modo, os distúrbios autoimunes tornam-
se mais frequentes;
• Macrófagos (que ingerem antígenos e outras células estranhas) começam a destruir
as bactérias, as células cancerígenas e outros antígenos de maneira mais lenta, e
essa demora no poder de defesa pode constituir uma das razões pelas quais o câncer
é frequente na população idosa;

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• Células T são responsáveis por proteger o organismo de microrganismos invasores, po-
rém, durante a terceira idade, essas células respondem mais lentamente aos antígenos;
• Redução brusca dos glóbulos brancos capazes de responder aos antígenos novos.
Assim, quando o organismo envelhecido se depara com um novo antígeno, o orga-
nismo é menos capaz de o reconhecer e de manter a sua defesa;
• Os indivíduos idosos possuem uma quantidade reduzida de proteínas de comple-
mento e não produzem a mesma quantidade dessas proteínas comparados aos
indivíduos jovens em resposta às infecções bacterianas;
• Embora a quantidade de anticorpos produzidos em resposta a um antígeno perma-
neça basicamente a mesma, os anticorpos se tornam menos capazes de aderir aos
antígenos. Essas alterações podem explicar, em parte, por que razão pneumonia,
gripe, endocardite infecciosa e tétano são mais frequentes entre os idosos e conduzem
à morte com mais frequência. Essas alterações podem também explicar, em parte,
porque as vacinas são menos eficazes nos idosos e, assim, porque é importante que
recebam doses de reforço (disponíveis para algumas vacinas).

Essas alterações na função imunológica podem contribuir para o fato de os idosos


serem mais vulneráveis a contrair determinados cânceres e infecções.

Explore mais sobre o sistema imunológico assistindo ao vídeo Efeitos do Envelhecimento no


Sistema Imunológico. Disponível em: https://youtu.be/UudytqD1Pbs

Figura 5 – Sistema Imunológico


Fonte: Getty Images

Sistema Cardiovascular
O sistema cardiovascular é um dos sistemas mais afetados pelo processo de envelheci-
mento o que pode diminuir de maneira considerável os aspectos que se referem à saúde e
qualidade de vida dos indivíduos.

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Confira, a seguir, algumas dessas alterações:


• Existe um enrijecimento arterial, resultante da diminuição das fibras elásticas e do
aumento de colágeno;
• O acúmulo de gordura nas artérias pode resultar na chamada arteriosclerose;
• Aumento da pressão sistólica;
• Hipertrofia da parede do ventrículo esquerdo e enrijecimento da aorta;
• Com uma baixa aptidão cardiorrespiratória o desenvolvimento de diabetes, hiper-
tensão e síndrome metabólica têm uma alta influência na morte por doenças car-
diovasculares (JACKSON et al., 2009);
• Aumento progressivo na pressão sanguínea sistólica e, consequentemente, na pressão
de pulso;
• Aumento da velocidade de onda de pulso;
• Aumento da massa ventricular esquerda;
• Redução do preenchimento diastólico inicial do ventrículo esquerdo;
• Redução da frequência e do débito cardíacos máximos;
• Redução da capacidade aeróbica máxima ou consumo máximo de O2 (VO2 máx);
• Redução do aumento da fração de ejeção induzida pelo exercício;
• Redução das respostas reflexas da frequência cardíaca e da variabilidade da frequên-
cia cardíaca;
• Menor vasodilatação em resposta a estímulos beta-adrenérgicos ou vasodilatadores
mediados pelo endotélio;
• Incidência aumentada de doença arterial coronariana e fibrilação atrial.

Figura 6 – Arteriosclerose
Fonte: Getty Images

Arteriosclerose é um processo de endurecimento, perda de elasticidade e espessamento


progressivo das paredes das artérias, induzido pela hipertensão arterial e que acompanha o
processo natural de envelhecimento.

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Sistema Respiratório
A mecânica do aparelho respiratório na pessoa idosa sofre alterações causadas pela
diminuição da força das musculaturas inspiratórias e expiratórias.

Esse processo gera fraqueza muscular e enrijecimento da caixa torácica, o que pode ser
ocasionado pela calcificação das cartilagens e pela diminuição dos espaços intercostais.

O pulmão sofre alterações no processo de envelhecimento a níveis celulares, prejudi-


cando, assim, a reposta do sistema.
• Redução no pico de fluxo de ar e troca gasosa;
• Redução nas medidas de função pulmonar como capacidade vital (a quantidade
máxima de ar que pode ser expirada após uma inspiração máxima);
• Enfraquecimento dos músculos respiratórios;
• Declínio na eficácia dos mecanismos de defesa pulmonar.

Figura 7 – Fisioterapia respiratória


Fonte: Getty Images

Sistema Digestório
As alterações no sistema digestório ocorrem desde a cavidade oral, com a perda da
dentição, a redução salivar e alterações na deglutição que dificultam o processo alimentar.

Essa dificuldade na alimentação pode gerar outro transtorno ao idoso: à desnutrição.


Na região do reto, as alterações podem causar a perda de controle para evacuação de-
vido à fraqueza muscular.

Todos os órgãos digestórios sofrem alterações no envelhecimento no nível celular que


levam a alterações funcionais que, por fim, causam modificações no metabolismo como
um todo.

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Figura 8 – Sistema Digestório


Fonte: Adaptada de Fotolia

Sistema Urinário
Uma das alterações mais acentuadas e corriqueiras é a incontinência urinária, pre-
sente em ambos os sexos. Essa alteração está ligada à fraqueza muscular do assoalho
pélvico, porém não se pode esquecer das alterações no sistema nervoso, o que gera
dificuldade para o controle do esfíncter.

Os rins também apresentam grande acometimento funcional, podendo provocar in-


suficiência renal.

Figura 9 – Sistema Urinário


Fonte: Getty Images

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Sistema Nervoso
Diversas ocorrências acontecem no sistema nervoso, como a perda neuronal, ou seja,
uma diminuição das células do sistema nervoso, seguidas de alterações que refletem em
todo o organismo.

Com a redução das funções neurológicas, desencadeia-se alterações no padrão pos-


tural, equilíbrio, propriocepção, sensibilidade etc.

É evidente, também, a diminuição na velocidade de condução nervosa, a redução da


intensidade dos reflexos, a restrição das respostas motoras, do poder de reações e da
capacidade de coordenações.

Destaca-se, ainda, que no período entre os 20 e os 90 anos, o córtex cerebral perde


cerca de 10% a 20 % de massa, podendo ocorrer em outras partes do cérebro. Em al-
guns casos, essa redução varia em até 50%.

O cérebro envelhece e pode ocasionar:


• Diminuição do peso: mulheres a partir dos 60 e nos homens a partir dos 70 anos;
• Ocorre um alargamento dos sulcos;
• Atrofia mais acentuada nos lobos frontais e parietais;
• Essas mudanças não estão relacionadas ao desempenho cognitivo (FECHINE;
TROMPIERI, 2015).

Figura 10 – Sistema Nervoso Central


Fonte: Getty Images

Amplie sua compreensão sobre o cérebro e o processo de envelhecimento. Assista ao vídeo


“Envelhecimento do Cérebro”, disponível em: https://youtu.be/HaFfCZe7bjE

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Sistema Musculoesquelético
Com o avançar da idade, a massa muscular e a óssea sofrem grande perda, podendo
ocasionar uma série de patologias na pessoa idosa.

Essa redução se relaciona à diminuição da mobilidade, a quedas com consequentes


fraturas, a maior dependência e à limitação funcional.

A massa muscular sofre grande diminuição, o que gera a sarcopenia, uma grande
preocupação para a qualidade de vida do idoso.

A massa óssea também tem redução, desencadeando a fragilidade óssea.

Os fatores para tais ocorrências podem estar relacionados aos maus aspectos nutri-
cionais que o idoso teve durante as fases do ciclo vital anteriores ao envelhecimento, ao
sedentarismo e a fatores hormonais e genéticos.

Importante!
A sarcopenia se caracteriza por uma progressiva diminuição de massa, força e desempe-
nho da musculatura, e pode estar interligada a várias outras morbidades, elevando o risco
de eventos adversos como: incapacidade física, perda da qualidade de vida e até a morte.

Ao se abordar a redução da massa óssea, esse evento é mais frequente em mulheres,


o que pode predispor a ocorrência de fraturas.

Para Gallahue e Ozmun (2001), diversas alterações dentro da estrutura esquelética


surgem à medida que acontece o avançar da idade. Muitos idosos irão apresentar encur-
tamento nas estruturas. Esse encolhimento pode ser atribuído a diversos fatores. A perda
de altura relacionada a idade inclui o mau alinhamento da coluna e a má postura. O curva-
mento da coluna pode resultar de uma diminuição na capacidade de absorção de choques
dos discos vertebrais (NÓBREGA et al., 1999).

Envelhecimento

Inatividade física Inatividade física

Ansiedade e
Descondicionamento
depressão

Menor motivação Fragilidade


+ músculo-esquelética
Menor auto estima

Perda do estivo de
vida independente
Figura 11 – Círculo vicioso do envelhecimento
Fonte: Adaptado de NÓBREGA et al., 1999

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Saiba mais sobre o envelhecimento populacional e os impactos nas atividades diárias.
­Assista ao vídeo “Envelhecimento Populacional – Prof. Maurício Brasil”.
Disponível em: https://youtu.be/X26cVqjzuZE

Figura 12 – Fisioterapia: Alongamento Muscular


Fonte: Getty Images

Você Sabia?
Você sabia que na área da geriatria existem os “5Is”? Sua definição são condições com-
plexas e pode ser consequências de variadas patologias. Os aspectos que compõem o 5 Is
são: iatrogenia, incontinência urinária, instabilidade postural, imobilidade, insuficiência
das funções cognitivas.

Fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome reumática definida como uma síndrome de amplifica-
ção dolorosa crônica, sendo caracterizada por dor difusa musculoesquelética crônica e
generalizada por toda estrutura corporal.

Na maioria dos casos, é difícil definir se a dor é nos músculos ou nas articulações.

Os pacientes costumam relatar dor por todo corpo, sem deixar de lado uma região se-
quer. Por ser uma condição não inflamatória, que é caracterizada por dores musculoesquelé-
ticas generalizadas em conjunto com um grande número de áreas específicas do corpo que
são hipersensíveis e doloridas ao toque e uma grande variedade de sintomas associados, é
muito mais comum no sexo feminino do que em homens, sendo de duas a cinco vezes mais
comum do que a artrite reumatoide. Ela ocorre em diferentes faixas etárias, desde a fase da
pré-adolescência até em mulheres pós-menopausa (HALLEGUA, WALLACE, 2005).

Uma característica da pessoa com fibromialgia é a grande sensibilidade ao toque e à


compressão de pontos específicos do corpo.

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Caracterizada pela dor, a fibromialgia ocasiona problemas físicos e emocionais, inter-


ferindo diretamente na capacidade funcional e na qualidade de vida.

Os principais sintomas da fibromialgia são:


• Dor por todo o corpo;
• Sensibilidade ao toque (muitos referem que não podem ser abraçados ou mesmo
acariciados);
• Cansaço físico e fadiga muscular;
• Rigidez mio-articular;
• Insônia ou sono não reparador (a pessoa acorda cansada, com a sensação de que
não dormiu);
• Dor de cabeça, tontura e parestesia (sensação de formigamentos);
• Problemas de memória e concentração;
• Alterações intestinais, no humor, ansiedade e depressão.

A fisioterapia possui um rol de técnicas e estratégias para os pacientes portadores de fibro-


mialgia. Amplie seu conhecimento assistindo ao vídeo.
Disponível em: https://youtu.be/_nQ9IicESB0

Figura 13 – Hidroterapia para melhora da fibromialgia


Fonte: Getty Images

Cuidados Paliativos na Terceira Idade


A abordagem paliativa visa a prestar assistência em pacientes que possuem alguma
patologia que ameaça a continuidade da sua vida.

O especialista em cuidados paliativos trata o doente na sua totalidade, englobando


os aspectos biopsicossociais e espirituais e não mais a doença como foco principal, pois
ela, nesse momento, está fora de possibilidade terapêutica.

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Importante!
Ao se tratar de doenças terminais, os cuidados paliativos priorizam o alívio da dor, mini-
mizando o sofrimento, tanto do paciente quanto de sua família (se possível).

Os cuidados paliativos são voltados para a qualidade de vida e não na duração da vida
a todo custo.

Oferecem assistência humana e compassiva para os pacientes que se encontram nas


últimas fases de uma doença que não pode mais ser curada para que possam viver o
mais confortavelmente possível e com a máxima qualidade.

É necessária uma equipe multidisciplinar para proporcionar alívio de sintomas desa-


gradáveis advindos com o avançar da patologia. Assim, conta-se com médico, enfermei-
ros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e assistente social, dentre
outros, visando à atuação conjunta para proporcionar qualidade frente ao final de vida,
bem como auxiliar a família e os cuidadores sobre o processo de morte.

O cuidado paliativo deve ser iniciado no início do diagnóstico da doença e acompanha-


do até o momento de enlutamento, visto que a família, na maioria dos casos, precisa do
amparo pós morte.

A filosofia dos cuidados paliativos aceita a morte como o estágio final da vida: ela afir-
ma a vida e não acelera nem adia a morte. A morte acontecerá quando existir a redução
total das funções de órgãos e sistemas dos indivíduos.

Os cuidados paliativos focam na pessoa e não mais na doença, tratando e controlan-


do os sintomas, para que o processo de morte seja o mais autônomo, digno e sem dor,
priorizando a qualidade de morte.

Os cuidados paliativos atendem todas as fases do ciclo vital, incluindo a terceira idade.
Desse modo, os idosos também podem ser admitidos no tratamento paliativo, a fim de pro-
porciona a eles cuidado biopsicossocial e espiritual, bem como dignidade no final da vida.

Figura 14 – Assistência Paliativa


Fonte: Getty Images

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A Fisioterapia Paliativa tem como objetivo principal a melhora da qualidade de vida


dos pacientes, proporcionando redução dos sintomas desconfortáveis, promovendo a
independência funcional dos pacientes.

Lembre-se de que todas as patologias que ameaçam a vida dos pacientes podem ser in-
seridas no tratamento paliativo. Essa abordagem não é exclusiva da oncologia, por exemplo.

As principais intervenções fisioterapêuticas para os pacientes sem possibilidade de cura


são os tratamentos fisioterapêuticos baseados na analgesia, as intervenções sobre a fadiga
e o estresse, a atuação nas complicações do sistema muscular, respiratório, neurológico e
cardiológico, dentre outros.

Podem ser utilizados recursos como a eletrotermoterapia, ou recursos manuais, como


massagens e drenagens linfáticas.

A cinesioterapia ativa e a passiva são fundamentais para os pacientes, além de todo


arsenal comumente relacionado à profissão do fisioterapeuta.

No paciente geriátrico, a fisioterapia colabora com o tratamento necessário para o


atendimento de pacientes com as mais variadas necessidades, porém ao se prescrever
a fisioterapia, faz-se necessário compreender o grau de debilidade do paciente, assim
como o estado evolutivo da doença.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Livro: Saúde do Idoso
https://bit.ly/39iFepb
Vamos falar de cuidados paliativos?
https://bit.ly/38pazXW

Vídeos
Fibromialgia e Exercício Físico
https://youtu.be/Wzg1kpaRAlU
A Fisioterapia nos Cuidados Paliativos – Adriana Ferreira | Luz, Câmera e Ação contra o Câncer
https://youtu.be/BB7swzaVrnw
Pilates para Idosos: Squat com Puxada
https://youtu.be/TP3J13gUn6g

Filmes
Documentário – Cuidados Paliativos
https://youtu.be/OXGxoTpMTL0

Leitura
Grandes Síndromes Geriátricas
https://bit.ly/38tg2g8
A Atuação Fisioterapêutica na Fibromialgia
https://bit.ly/3s5RB0c

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Referências
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v. 34. n. 12, p. 809-824, 2004. Disponível em: <https://doi.org/10.2165/00007256-
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