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Doença de Alzheimer

- Compromete fundamentalmente as áreas do cérebro responsáveis pela memória, pensamento e


linguagem.
- Durante a evolução se formam as placas neuróticas e os novelos neurofibrilares levando à morte
cerebral;
- A enfermidade tem seu início vários anos antes da apresentação de sintomas relacionados,
especialmente com o comprometimento das funções cognitivas, principalmente na memória
recente.
- Nos estágios mais avançados as mudanças na personalidade e os distúrbios comportamentais,
como a vagância e a agressividade, são acompanhados de marcante declínio da cognição, levando
à total dependência.
- Acomete de 3% a 11% da população, a partir dos 65 anos de idade, chegando a ter uma
prevalência de até 50% em indivíduos com 85 e mais anos de idade.
- Difícil diagnóstico, especialmente nas fases iniciais;
- Existe tratamento específico, mas não há cura específica;
- Doença crônica de evolução lenta, o que proporciona um alto impacto socioeconômico
Aspectos neuropatológicos
*Placas neuríticas
- no centro há denso acúmulo de proteína beta­amiloide A4,especificamente a forma Ab42,
circundada por um anel formado de partículas de neurônios.
- São alterações extracelulares com aspecto esférico.
- O gene que codifica a PPA se localiza no braço longo do cromossomo 21 e apresenta 18 éxons.
Esse precursor normalmente fracionado pela protease(a-­secretase) libera um fragmento insolúvel
e extracelular de aproximadamente 695 aminoácidos, proteína beta A/4, principal componente
do depósito amiloide extracelular encontrado nas placas neuríticas.
- Após a fragmentação da proteína precursora de amiloide(PPA), há a liberação de
neurotoxidade, que leva os neurônios adjacentes à morte
As placas senis atrapalham a conexão
entre os neurônios, dificultando a
formação de memórias.
Aspectos neuropatológicos
*Novelos neurofibrilares
- São alterações intracelulares verificadas no citoplasma dos neurônios.
- Na doença de Alzheimer os novelos neurofibrilares são geralmente encontrados nos
neurônios do córtex cerebral sendo muito numerosos e mais comuns nas estruturas do lobo
temporal como o hipocampo e amígdala
- Os novelos neurofibrilares são formados principalmente pela proteína tau, cuja função é
de estabilizar os microtúbulos dos axônios, estruturas responsáveis pela formação e
manutenção dos contatos interneuronais.
- Essas funções são alteradas quando a proteína tau é modificada pela adição anormal de
fósforo no processo – fosforilação, tornando-se insolúvel.
- O substrato básico dos novelos
neurofibrilares é a proteína tau
hiperfosforilada, que leva à lesão e
ruptura do citoesqueleto celular levando
a morte do neurônio. Os fragmentos
desses neurônios mortos acabam por
formar os novelos.
- Frequente encontrar alterações atróficas nos cérebros dos pacientes acometidos pela doença de Alzheimer.
Genética da Doença de Alzheimer

Apolipotroteína E (ApoE)
- Todo ser humano possui a ApoE, que está envolvida no transporte do colesterol.
- A ApoE é uma glicoproteína com 317 aminoácidos e uma das principais proteínas presentes no
plasma humano. É a principal apolipoproteína encontrada no cérebro.
- O gene ApoE, mapeado no cromossomo 19 (19q13.2), tem três alelos principais ApoE e2, ApoE
e3 e ApoE e4, que codificam as isoformas de ApoE designadas por ApoE2, E3 e E4, distintas entre si
pelo conteúdo de cisteína e arginina nas posições dos códons 112 e 158 do éxon 4.
- A ApoE2 parece ser um fator de proteção, enquanto a forma E4 é fator de risco.
- Acredita­-se que a presença de apenas um alelo e4 da ApoE aumente o risco em 3 a 4 vezes,
quando comparado ao risco na população geral. Nos indivíduos que possuem os dois alelos e4, o
risco salta para 8 ou até 14 vezes mais.
- No entanto, muitas pessoas com a forma E4 nunca desenvolverão DA e, pelo menos, 40% dos
pacientes com DA esporádica não apresentarão a forma E4.
Genética da Doença de Alzheimer
Gene precursor da proteína amiloide (PPA)
- A proteína beta­amiloide (Ab) é o principal componente das placas neuríticas (amiloides, senis, de
Alzheimer).
- A hipótese da cascata de amiloide, na gênese da doença de Alzheimer, foi proposta em 1991 por John
Hardy e David Allsop e revisada por Tanzi e Bertram em 2004. Essa hipótese sugeria que uma alteração
no metabolismo da PPA era o início dos eventos que explicariam a patogênese da doença de Alzheimer,
pelo depósito e pela agregação da proteína beta­amiloide (Ab), especificamente a forma Ab42.
- O Ab42 se agrega intensamente e é o fator mais importante na cascata amiloide.
- A proteína beta­amiloide (Ab42) se acumula no cérebro dos pacientes com a forma de Alzheimer
esporádica, e o único fator de risco conhecido é a ApoE e4.
- A proteína se localiza no braço longo do cromossomo 21, ajudando a entender por que os portadores
de síndrome de Down, que possuem uma cópia extra do cromossomo 21 (trissomia do 21) e, dessa
forma, uma cópia extra do gene b­PPA, quase invariavelmente irão apresentar as lesões
anatomopatológicas características da DA após os 30/40 anos de idade. As mutações ocorridas no
cromossomo 21 são suficientes para causar a doença de Alzheimer familiar autossômica dominante,
com completa penetrância.
Genética da Doença de Alzheimer

Gene pré-senilina 1 (PS1)


- Gene é conhecido como gene pré­senilina 1 (PS1) e se localiza no cromossomo 14, com 13 éxons.
- Já foram identificadas pelo menos 45 mutações no gene da PS1 associadas à DA.
- Essas mutações estão correlacionadas com as formas particularmente agressivas da DA familiar e
de início precoce, entre 30 e 60 anos de idade. Essas proteínas estão envolvidas na regulação da
fosforilação da proteína Tau, substrato da formação dos novelos (emaranhados) neurofibrilares,
outra lesão neuropatológica característica

Gene pré-senilina 2 (PS2)


- Relacionada com a DA esporádica
- Proteína de membrana, composta por 448 aminoácidos com sequência proteica idêntica do gene
PS1 em 67%.
- Mutações estão implicadas no aumento de beta­amiloide A/4.
- O fenótipo inicia entre 40 e 88 anos e a evolução é lenta. Pouco comum, representa apenas cerca
de 0,5% dos casos.
Neuroquímica
O nível de acetilcolina (neurotransmissor decisivo no desempenho cognitivo) está
diminuído na doença de Alzheimer, por diminuição de produção ou por excessiva destruição pela
ação da enzima acetilcolinesterase.

É a quantidade (concentração) desse neurotransmissor, durante a sinapse, que vai


permitir a fixação da informação, de aprender coisas novas, de resgatar informações aprendidas,
além de outras atividades intelectuais.

Normalmente, a acetilcolina é
degradada pela
Acetilcolinesterase para liberar
ácido acético e colina, que serão
transformados em acetilcolina
pela Colina-acetil-transferase.

Em indivíduos com Alzheimer, a


colina-acetil-transferase tem
problemas em sintetizar a
acetilcolina.
Diagnóstico

- Feito por exclusão de outras condições clínicas que causam declínio cognitivo.

- O diagnóstico é tanto mais difícil quanto mais precoce for o aparecimento de


alterações de ordem cognitiva.

- Nos EUA foi realizado um estudo, patrocinado pelo National Institute of


Neurological and Communicative Disorders and Stroke (NINCDS) e Alzheimer’s
Disease and Related Disorders Association (ADRDA), no sentido de estabelecer
critérios homogêneos para o diagnóstico da doença de Alzheimer. Publicado em
1984 por Mckhann, também conhecido como “Critério de Mckhann”, definiram-­
se os tipos de diagnóstico como: provável, possível e definitivo.
*Provável
- Sintomas graduais, meses ou anos, nunca dias ou horas;
- Clara divisão na história em relato de piora da cognição;
- Apresentacão amnésica: prejuízo da memória recente e da capacidade de aprendizado de fatos novos.
- Apresentação não amnésica: Linguagem. Dificuldade em encontrar palavras, mas outros déficits em outras áreas da cognição devem estar presentes.
- Déficit mais importante está na incapacidade de raciocínio lógico, ideação, julgamento e na solução de problemas simples.
*Possível
- Evolução atípica: início do declínio cognitivo de forma súbita ou não há dados
suficientes na história e na documentação do déficit cognitivo.
- Apresentação etiológica mista: ­apresentação etiológica mista preenche os critérios
para demência por DA, mas há evidência de doença cerebrovascular concomitante
definida por histórico de AVC recente relacionado ao início dos sintomas de piora do
declínio cognitivo; ou a presença de múltiplos e/ou maciços infartos; ou severa
hiperintensidade na substância branca; ou características de demência por corpos de
Lewy; ou outras formas de demência; ou a evidência de outra doença neurológica ou
comorbidade não neurológica; ou uso de medicamentos que poderiam afetar
gravemente a cognição.
Fases da Doença de Alzheimer

Fase inicial
- Teoricamente essa fase dura de dois a quatro anos.
- A primeira e mais característica marca do início da doença se relaciona a alterações da memória
recente
- Nesta fase é comum a ocorrência de episódios de desorientação têmporo­espacial.
- As alterações comportamentais costumam acompanhar a evolução.
- Dois grupos de comportamento são bastante conhecidos: um pela apatia, passividade e
desinteresse; e outro em que a irritabilidade, intolerância e agressividade são características
- A duração das frases se altera e apresentam dificuldades com a gramática.Tornam­se repetitivos.
Os distúrbios do sono, com inversão de horários e as alterações com o pensamento abstrato, podem
manifestar­se já na fase inicial, marcando uma fronteira na passagem para a fase intermediária
Fases da Doença de Alzheimer
Fase intermediária
- Durando aproximadamente de três a cinco anos, caracteriza­se, fundamentalmente, pelo
agravamento dos sintomas apresentados na fase inicial.
- comprometimento cortical do lobo parietal, afetando as atividades instrumentais e
operativas.
- Instalam­-se nesta fase as afasias (perda do poder de expressão pela fala, pela escrita ou
pela sinalização ou da capacidade de compreensão da palavra escrita ou falada e sem alteração
dos órgãos vocais), as apraxias (incapacidade de executar os movimentos apropriados para um
determinado fim, contanto que não haja paralisia) e as agnosias (perda do poder de
reconhecimento perceptivo sensorial, auditivo, visual ou tátil).
- Perdem a capacidade de ler e de entender o que lhes é dito ou pedido, especialmente se
recebem ordens complexas ou perguntas com opção de respostas
- início das dificuldades motoras.
- Desenvolvem grande sentimento de possessividade.
- Podem perder­se, mesmo dentro de casa
- incapazes de sobreviver sem ajuda.
Fases da Doença de Alzheimer

Fase final
- Quanto mais cedo a doença se instala, mais rápida costuma ser a evolução.
- Nesta fase a memória antiga estará bastante prejudicada. A capacidade intelectual e
a iniciativa estarão seriamente prejudicadas ou totalmente deterioradas.
- O estado de apatia e prostração, o confinamento ao leito ou à poltrona, a
incapacidade de se expressar, por fala ou mímica, e a incapacidade de sorrir, são características.
- As alterações neurológicas se agravam.
- As convulsões estão presentes em cerca de 30% dos casos.
- Aparecimento de incontinência urinária e fecal trazem grande carga de cuidados
- Passam a não reconhecer as pessoas mais próximas e podem até mesmo não se
reconhecerem quando colocados frente ao espelho.
- Podem apresentar hiperfagia, aparecem as escaras de decúbito, devido à
permanência prolongada no leito ou poltrona
Fases da Doença de Alzheimer
Fase terminal
- Restrição ao leito, praticamente durante todo o tempo.
- Acabam por adotar a posição fetal. As contraturas dos membros inferiores se tornam
inextensivas e irrecuperáveis. Os membros superiores adotam posição fletida ao tórax e a cabeça
pende em direção ao peito.
- Podem surgir lesões nas palmas das mãos, por compressão destas pelos dedos flexionados;
grandes escaras de decúbito, incontinência urinária e fecal, total indiferença ao meio externo; mutismo
e estado vegetativo.
- Alimentam­-se por sucção
- Na metade dos casos a morte sobrevém em um ano, devido a processos infecciosos cujos
focos preferencialmente são o urinário e o pulmonar.
Tratamento específico
Inibidores de colinesterase : ação para preservar a acetilcolina na fenda
sináptica, no sistema central.

Donepezil : Os potenciais efeitos colaterais incluem diarreia, náusea, vômitos, fadiga,


insônia e inapetência, que costumam desaparecer com o uso contínuo. O donepezil não apresenta
toxicidade hepática.

Rivastigmina : Pode ser administrada por via transdérmica. Os efeitos colaterais


esperados são: náuseas e vômitos severos, tontura, fadiga, mialgia, incontinência urinária,
problemas com a visão e sudorese intensa.

Galantemina : Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, vômitos e outros efeitos
colinérgicos que tendem a desaparecer nas primeiras semanas.
Tratamento específico
Meantinina

- Antagonista dos receptores de glutamato (NMDA)


- O excesso do neurotransmissor, glutamato, é altamente tóxico para os
neurônios. O excesso de glutamato promove a entrada maciça de cálcio no interior do
neurônio, levando­o à morte. Deve­se esclarecer que, se esse excesso for controlado e
bloqueado automaticamente, os neurônios serão preservados.
-A memantina impede que o excesso de glutamato atue sobre a molécula
receptora do glutamato do neurônio adjacente, evitando a entrada excessiva de cálcio,
que levaria à morte neuronal
-Os efeitos colaterais, normalmente, são leves e bem tolerados, quando
comparados aos das drogas anticolinesterásicas: tontura, cefaleia, obstipação e agitação.
No Brasil, o SUS oferece por meio do Programa de
Medicamentos Excepcionais, três medicamentos de
tratamento são:

 Galantamina.
 Donepezila.
 Rivastigmina.
Alunos :
Isadora Grijó
Mariana Viscelle
Sofia Schlindwein
Rodrigo Stimer

http://www.alzheimermed.com.br/

Várias informações sobre os indivíduos com Alzheimer e como cuidar deles

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