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UNIABEU – Centro de Ensino Universitário

TRABALHO DE NEUROPSICOLOGIA

Disciplina: Neuropsicologia
Professor: Antônio Malvar
Período: 7º
Alunos: André Migliori de Souza
Holdson Bullê - 61910004
Ivana Scheffler - 61820438
Marciel Souza - 61820350
Mirelle Santiago de Almeida - 61820259
Rogério Alves dos Santos - 61820447
Tatiane Vianna Longo da Cruz - 62110233

Belford Roxo
2021
MEMÓRIA DE LONGO PRAZO

Resumo: Neste trabalho iremos abordar o assunto: Memória de longo prazo.


Definiremos e exemplificaremos suas características e sua função, explanando como a mesma
está presente na vida, e nos aprofundando em quando ela falha de alguma forma.
A definição de memória é o armazenamento de informações e conteúdos, por
intermédio de experiências ouvidas ou vividas. É ligada diretamente a aprendizagem, que é a
absorção de novos conhecimentos, pois utiliza a memória para reter tais informações no
cérebro. Existem formas de adquirir e armazenar informações:
Memória de Procedimento: Utilizada para armazenar e verificar informações não
verbalizadas como habilidades motoras, sensitivas ou intelectuais.
Memória Declarativa: Utilizada para armazenar e relembrar fatos e/ou dados recebidos
pelos sentidos, criação de ideias, raciocínios que se subdividem em: memória imediata e
memória de longo prazo.
Porém neste trabalho nos aprofundaremos na memória de longo prazo para podermos
entender um pouco mais sobre.

 
DEFINIÇÃO

A memória de longo prazo corresponde à faculdade cognitiva de preservar uma


informação recente – de dias, ou até mesmo de horas – até muito tempo depois – anos ou
décadas –, diferenciando-se completamente em termos de estrutura e funcionalidade da
memória de trabalho (ou de curto prazo). Apesar disso, elas se relacionam, uma vez que a
memória de curto prazo pode vir a se tornar lembrança de longo prazo, por meio de ensaio e
associação significativa. Indivíduos acometidos da chamada Síndrome de Savant costumam
apresentar alto índice de memória de longo prazo (SIQUEIRA et al, 2019).
De acordo com Silvério e Rosat (2006), a memória de longo prazo é produzida a partir
de transformações da estrutura das sinapses, por meio das quais potencializam ou minimizam
a memória. Conforme afirmam os autores, um treinamento de repetição de estímulos
sensibilizadores (algo por volta de uma hora e meia) é capaz de induzir a sensibilização de
longo prazo, produzindo, assim, uma memória mais constante. Na verdade, a potencialização
em longo prazo (LTP), que representa uma maneira de aumento da eficácia sináptica de forma
mediada, é construída através de mudanças pré-sinápticas e pós-sinápticas, que podem ter a
durabilidade de horas ou de semanas. Assim, quando trazemos à memória a lembrança de um
amigo de infância ou ainda o dia e o ano do “descobrimento” do Brasil, recuperamos as
informações necessárias por meio do uso da memória a longo prazo.
Um exemplo de memória de longo prazo pode ser observado a partir de um sinal
extracelular da gustação que
 
pode ativar cascatas específicas de segundos mensageiros e enzimas
como a 1,2-quinase-sinal-regulada (ERK1-2) no córtex insular,
culminando na modulação da expressão gênica para a codificação de
uma memória de longo prazo de um novo determinado sabor, assim
como o sistema de audição é o protagonista no estabelecimento de
traços de memória corticais em músicos para o molde de melodias
(SILVERIO E ROSAT, 2006, p. 220).

A construção da memória de longo prazo (MLP) torna-se mais compreensível a partir


da potencialização da eficácia da transmissão sináptica. Tal construção “depende da ligação
de neurotransmissores a receptores específicos para dar início a uma cascata de reações
bioquímicas” (SILVERIO E ROSAT, op. cit. p. 221), sendo eles, os neurotransmissores, o
ponto principal para a criação de um ambiente favorável à formação da memória de longo
prazo. 
 É a memória que fica mais tempo no cérebro e é aquela que todo professor gostaria de
fomentar em seus alunos. Quando duram anos, vira  memória remota. Uma informação
permanece no cérebro porque, quando foi apreendida, seus estímulos geraram novas sinapses,
desencadearam síntese de proteínas, ativaram genes e provocaram a sua consolidação como
conhecimento apreendido.

CARACTERÍSTICAS

Como característica principal, sua capacidade de armazenamento é limitada, e pode ser


dividida em Declarativa e Não declarativa.

Memória Declarativa é a memória para fatos e eventos, reúne tudo que podemos
evocar por meio de palavras. Pode ser episódica quando envolve eventos datados, isto é,
relacionados ao tempo fixado em suas lembranças. E, será Semântica quando envolver o
significado das palavras ou quando envolver conceitos atemporais que de uma forma ou de
outra as palavras ganham sentidos, ampliando o seu significado.

Memória Não declarativa é aquela para procedimentos e habilidades. Pode ser


Procedimentos quando se referir às habilidades e hábitos, como, por exemplo, dirigir e nadar.
De Dicas quando  resgatada por meio de dicas, como acontece quando ouvimos sons ou
sentimos algum odor que nos lembram duma situação há tempos vivida. Será Associativa
quando nos fizer associar um determinado comportamento a um fato.  Um bom exemplo é
quando salivamos ao ver um prato apetitoso e lembrar, o quanto é saboroso aquela comida,
naturalmente nosso organismo responderá a essa lembrança.

Já a Não Associativa, é quando for resgatada através de estímulos repetitivos. Ocorre,


por exemplo, quando ouvimos o latido de um cão pequeno. Esse tipo de latido não nos
causará medo porque sabemos relacioná-lo com o de um animal que não oferece perigo.

AS FALHAS DA MEMÓRIA

A perda de memória pode estar associada a determinadas doenças neurológicas, a


distúrbios psicológicos, a problemas metabólicos e também a certas intoxicações.

A forma mais frequente de perda de memória é conhecida popularmente como


“esclerose” ou demência.

O uso prolongado de tranquilizantes (calmantes) por tempo prolongado provoca a


diminuição da memória e favorece também a depressão, o que leva a uma situação que pode
se confundir com a demência.

A Transitoriedade é o esquecimento que age de forma silenciosa com o passar dos


anos, é como se não houvesse passado dando lugar a novas experiências. A memória
armazena informações significativamente detalhada, dando acesso ao resgate às memórias do
passado de forma precisa.
Mas ao longo dos anos, essas informações armazenadas vão se apagando e surge uma
espécie de interferência, produzidas por experiências secundárias parecidas, e levam as nossas
recordações a um nível obscuro.
Buscamos cada vez mais experienciar a essência dessas recordações, reconstruindo
precisamente cada detalhe, muitas vezes no simples ato de deduzir.
Duas regiões do cérebro estão ligadas a percepção, que se associa a atenção.
Identificamos essas áreas na parte interna do lobo temporal e na parte inferior do lobo frontal
esquerdo. O Esquecimento está associado a perda literal de informação, as lembranças
funcionam como uma codificação que está conectado entre os neurônios e precisam ser
reforçados para que haja recuperação e a repetição da informação, a memória fica obstruída
perdendo a conexão e se tornando cada vez mais fraca.
Podemos ressaltar que, essas informações podem ser recuperadas por meio de
sugestões e alusões, as técnicas utilizadas para recuperar as informações perdidas podem
ocasionar falsas memórias.
Uma técnica que funciona de maneira eficaz é perguntar ao paciente do que ele
lembra, esse tipo de pergunta reforça a elaboração das memórias perdidas.
Podemos dizer que, a transitoriedade é a pior das falhas, pois ela descaracteriza  a
função da memória que tem o poder de fazer a ligação entre pensamentos e ações do passado
que constitui o paciente.
 

Fatores que possibilitam a perda de memória:

A perda de memória de longo prazo pode ser temporária ou permanente e pode ser
causada por fatores emocionais ou patológicos.  Tal fato possibilita a existência de casos não
tratáveis e tratáveis, segundo a Friedrich (2019), como quando causado pelo efeito de algum
medicamento, de uma alimentação que apresenta baixo índice de vitaminas do complexo B,
com ênfase na B6, B9 ou na B12, do consumo excessivo de drogas, de doenças relacionadas à
tireoide, aos rins, ao fígado, à ausência de oxigênio, ao AVC, à lesão cerebral, de tratamentos
de câncer, de tumores ou de infecções no cérebro e, também, de problemas emocionais e a
ansiedade.
Inicialmente, o estresse, a ansiedade causada por fortes emoções como a raiva, a ira,
grandes decepções, principalmente, eventos traumáticos podem causar a perda de memória.
Uma vez que, quando o cérebro associa alguma imagem, objeto ou situação ao perigo, ele foca
nisso, tornando o indivíduo hábil a lembrar até do motivo desses sentimentos intensos, mas não
de identificar algo além, mesmo ele tendo vivenciado a situação completa. Além disso, a
depressão pode causar sérios problemas de memória em adultos, crianças e idosos. Entretanto,
esses lapsos, em pessoas que detêm esse distúrbio, são de menor visibilidade do que em outras
doenças, evidenciando assim, que é urgente a necessidade do tratamento dos problemas
mentais.
Além disso, com o decorrer do tempo, mesmo isento de doenças, a capacidade de
aprender e a qualidade das recordações podem se degradar. Quando essa condição se acentua,
pode ser um caso de Défice Cognitivo Ligeiro (DCL), o qual é um transtorno que tem por
consequência a perda de memória, todavia não impede a execução de atividades cotidianas.
Logo, pode ser um indício do começo de categorias de demência. Ademais, um dos principais
causadores dos lapsos de memória, especialmente, em idosos é a demência, designada pela
presença crônica de problemas cognitivos relacionados à memória, à fala e aos problemas
comportamentais. Cabe ainda especificar sobre o Alzheimer, uma doença que, de acordo com
FALCO et al.(2016) degrada progressivamente a memória de longo prazo, a qual a proteína,
beta amilóide, ao se acumular nos neurônios, formam placas amiloides, depósitos dessa
proteína, os quais viabilizam a degradação desses neurônios. Consequentemente, há um
desgaste progressivo da memória, e, também existem, problemas de orientação, de cálculo e da
execução de tarefas relacionadas ao cotidiano da pessoa, que podem também gerar sintomas de
depressão e hostilidade. Então, deixando, a pessoa que sofre com essa patologia plenamente
dependente de outros.
A memória de longo prazo está diretamente ligada a nossa identidade, ou seja, quem
nós somos.  Perder a memória significa se perder. Perder os afetos, o que aprendemos  e tudo
o que nos constitui como indivíduos, portanto, ela é uma das funções cognitivas mais
importantes da espécie humana.

COMO A MEMÓRIA ESTÁ PRESENTE NA VIDA

O funcionamento da memória é complexo, em um primeiro momento, usava-se o


processamento de dados do computador como metáfora para exemplificar sua dinâmica de
funcionamento.  Com o avanço das pesquisas, esse paradigma foi deixado de lado para novas
possibilidades, dentre as quais, iremos pinçar os pensamentos de Frederic Bartlett e Elizabeth
Loftus.
 Segundo Bartlett, a memória é um fenômeno amalgamado com a cultura e o meio
social.  As experiências se misturam com o que já se sabe para reconstruir as lembranças
A recordação não é a reestimulação de inúmeros vestígios fixos, sem
vida e fragmentários. Ela é uma reconstrução, ou construção
imaginativa, feita a partir da relação de nossa atitude para com toda
uma massa ativa de experiências passadas... Assim, ela quase nunca é
realmente exata. (BADDELEY, ANDERSON E EYSENCK, 2011, p.
17).
 

 Loftus vislumbra a reconstrução da memória a partir de outra variável, para ela a


memória se assemelha mais a página da Wikipédia, onde qualquer pessoa pode manipular as
informações lá existentes.  Isto significa que é possível plantar memórias falsas a partir de
perguntas que induzem a isto.

No primeiro momento, a autora se debruça sobre a criação de novas


memórias.  Nesta abordagem, pensa-se na memória não como
representação de um passado objetivo, e sim como uma reconstrução
que constitui um novo passado (...)  chama atenção de Loftus a
quantidade de sujeitos que se dizem abusados por seus pais (...)  Ao
lembrar-se de alguém que o abusa, simultaneamente o sujeito se
constitui enquanto abusado.  No segundo momento, privilegia-se o
fenômeno de lembrança em suas relações com o fato passado
(objetivo).  Assim, a memória é pensada não tanto por sua capacidade
de criação quanto por suas relações efetivas com o fato passado.  O
interesse de tal desvio está em salvaguardar sujeitos possivelmente
inocentes que possam aparecer como responsáveis por algum crime na
experiência mnêmica de alguém. (SILVA, 2006, p. 77)

 Com base em suas pesquisas, pode-se perceber um número expressivo de pessoas que
foram condenadas nos tribunais em virtude de testemunhos que colocavam o suspeito na cena
do crime.  Isto não significa que as testemunhas decidiram deliberadamente mentir em
desfavor do réu, mas que determinadas perguntas, ou sugestões, poderiam plantar memórias
falsas nas testemunhas, deixando claro que a reconstrução das lembranças é um processo
ativo e que sofre influencia do ambiente.
 Todavia a memória, apesar de não ser infalível, tem um papel fundamental na
evolução humana através da aprendizagem, porém com o passar dos anos percebemos esta
função cognitiva cada vez mais imprecisa, isso se dá, pela redução dos números de
neurônios.  Manter o cérebro ativo, através de atividades que estimulem a aprendizagem,
funciona como um freio, desacelerando os efeitos da velhice na memória.
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Memória de longo prazo é uma função cognitiva muito importante, pois ela é a
capacidade de guardar dados de poucos dias há décadas. É com ela que sabemos como fazer
tarefas cotidianas como comer, se vestir, reconhecer pessoas que fazem parte de nossas vidas
e etc. Com a falha da memória de longo prazo não se consegue obter informações e com isso
se dificulta o processo de aprendizagem.
Doenças como o Alzheimer é um exemplo de falha nessa função. Todavia, não se
descobriu ao certo o motivo pelo qual o indivíduo perde a sua memória gradativamente.
Porém, muitos estudos feitos nos possibilitaram conhecer um pouco mais e descobrir algumas
formas de prevenir e controlar um pouco essa falta de memória, que é mais comum entre
pessoas na terceira idade.
Loftus e Bartlet são teóricos que falam sobre a memória. Loftus acredita que as
pessoas têm a capacidade de criar memórias distorcidas e acreditar como se fossem verídicas
e Bartlett acredita que a memória é uma reconstrução imaginativa, que se enquadra na
experiência passada de cada indivíduo.
Contudo, podemos ver que a Memória de longo prazo é uma função muito complexa,
e que difere de pessoa para pessoa a sua capacidade, entretanto, não é fácil de ser mensurada
enquanto a seus limites de armazenamento.

REFERÊNCIAS:
 
BADDELEY, Alan; ANDERSON, Michael; EYSENCK, Michael.  Memória.  Trad.:
Cornélia Stolting.  Porto Alegre: Artmed.
 
SILVA, André do Eirado; et.al.. Memoria e Alteridade: O Problema das Falsas Lembranças.
In: Revista Mnemosine, v. 2, n.2, jan. 2006.
 
 Autora: RELVAS,Marta Pires ,Fundamentos  Biológicos da Educação,  Wak Editoras, Rio
de Janeiro, 2005, Habilidades cognitivas: memória a longo prazo. Disponível em:
https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/memoria-a-longo-prazo.

SIQUEIRA, Thomaz Décio Abdalla et al. Síndrome de Savant: compreendendo sua evolução
e tratamento através da literatura. In: BIUS – Boletim Informativo Unimotrisaúde em
Sociogerontologia. v. 12, n. 5. Manaus: Editorial Setembro, 2019.

SILVÉRIO, Gustavo Camargo, ROSAT, Renata Menezes. Memória de longo prazo:


mecanismos neurofisiológicos de formação. In: Revista Médica de Minas Gerais (RMMG).
Volume 16. n. 4: 219-223. Montes Claros: Out/Nov, 2006.

FALCO, Anna de et al. DOENÇA DE ALZHEIMER: HIPÓTESES ETIOLÓGICAS E


PERSPECTIVAS DE TRATAMENTO. 2016

FRIEDRICH, Maurício. Perda de memória: quais podem ser as causas?  Porto Alegre, Maio,
2019. Disponível em: https://drmauriciofriedrich.com.br/perda-de-memoria/. Acesso em: 27
set. 2021.

 
 

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