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processamento é dado pelo sistema cognitivo (ligado aos conceitos adquiridos
previamente, à capacidade de relação, interpretação e reformulação de conceitos
– esfera cognitiva). Da mesma forma que para ativar o sistema cognitivo
(aprendizagem) depende-se das representações simbólicas já formadas, do que
já foi aprendido, o combustível para esse aprendizado efetivo são as emoções
provocadas. É importante salientar que as emoções negativas são capazes de
realizar o processo inverso, o bloqueio ou a não aprendizagem. Daí ser
fundamental o seu estudo e entendimento.
CONTEXTUALIZANDO
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Informações e novos conhecimentos podem levar ao estresse e até, em
casos extremos, à fadiga crônica, se não forem transmitidos de forma correta. Daí
a importância fundamental do educador, no sentido de entender o contexto
histórico e cultural atual, promovendo estratégias de ensino que contemplem as
necessidades contemporâneas.
Tais estratégias precisam ser trabalhadas em conjunto com as emoções
provocadas nos alunos, capazes de motivá-los e de fazê-los entender a
importância da aprendizagem e aplicá-la em sua realidade.
É importante salientar que tal papel ou responsabilidade não é exclusivo do
professor, mas de toda uma rede interdisciplinar, com olhares diferentes e
complementares entre si, que se estendem aos pais. Essa parceria é fundamental,
e descobrir um modo de torná-la efetiva tem sido um enorme desafio.
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Nos dias atuais, considera-se que são bastante sofisticados na espécie
humana, como resultado da evolução das habilidades sociais. Acredita-se que o
cérebro humano possua múltiplos sistemas de neurônios espelhos, cuja função
não se trata de executar e responder apenas as ações dos outros, mas também
suas intenções, o significado social do comportamento dos outros e suas
emoções.
Exames de neuroimagens mostram uma ativação na área de broca (ligada
principalmente ao processamento da linguagem oral e do significado de gestos
linguísticos) quando se observam as ações dos outros. Pesquisas recentes
sugerem que os neurônios espelho podem contribuir na origem da linguagem
humana, servindo de base na apropriação simbólica dos atos motores (Lameira,
2006).
O sentimento de empatia também poderia estar ligado aos neurônios
espelho, pois essa função dá aos indivíduos a capacidade de compreender o meio
externo e gerar sentimentos recíprocos ligados à solidariedade e desejo de
compartilhar vivências e experiências.
Pesquisadores da Califórnia, liderados por Paul McGeoch, David Brang e
Vilayanur Ramachandran, acreditam que o sistema de neurônios espelho está
localizado em várias regiões cerebrais, além das associações visuomotoras. A
ideia é que a região do córtex parietal inferior estaria relacionada com a área
cognitiva relacionada com a interpretação de metáforas.
Amígdala: são duas, sendo uma para cada um dos hemisférios cerebrais,
localizadas na profundidade de cada lobo temporal anterior. Funciona como
o centro identificador do perigo, colocando o indivíduo em estado de alerta,
gerando respostas fisiológicas e comportamentais relacionadas a medo e
ansiedade. A estimulação excessiva da amígdala é a base dos transtornos
de ansiedade, deixando o indivíduo em extremo estado de vigilância ou
atenção aumentada.
Hipocampo: está ligado aos fenômenos de memória de longa duração. Se
os hipocampos direito e esquerdo forem destruídos, nada mais será
gravado na memória.
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Hipotálamo: mantém comunicação com todos os componentes do sistema
límbico. As partes laterais estão envolvidas com o prazer e a raiva, e a
porção mediana é ligada à tendência ao riso incontrolável e à aversão ao
desprazer. É também responsável por regulação do sono, controle do
apetite e temperatura corporal e pela libido. Juntamente com a hipófise, age
no sistema límbico como um todo. É considerada a parte mais importante
do sistema límbico, pois, além de controlar o comportamento, mantém vias
de comunicação com todos os níveis e condições internas do corpo.
Tálamo: é responsável por quatro sentidos (visão, audição, tato e paladar),
pelas sensações de dor, quente ou frio e pressão do ambiente. O olfato é
enviado diretamente ao córtex cerebral, sem ser filtrado pelo tálamo.
Giro cingulado: trata-se de uma estrutura composta por feixes nervosos que
têm como principal função unir os dois hemisférios cerebrais. Sua função é
integrar e coordenar memórias agradáveis e determinados cheiros e
visões. Também participa da reação emocional à dor e da regulação do
comportamento agressivo. Pode-se dizer que pessoas com atividade
saudável no giro cingulado são normalmente cooperativas e mais flexíveis
às mudanças. Em contrapartida, indivíduos com desequilíbrio no giro do
cíngulo normalmente preocupam-se demais com o futuro, guardam rancor
do passado e sentem-se inseguros no mundo.
Tronco cerebral: responsável pelas reações emocionais e pelos
mecanismos de alerta vitais para a sobrevivência e a manutenção do sono-
vigília.
Área tegmental ventral: refere-se a um grupo de neurônios localizados em
uma parte do tronco cerebral; uma parte deles secreta dopamina,
produzindo sensações de prazer, algumas até similares ao orgasmo.
Gânglios basais: localizam-se ao redor do sistema límbico, e sua principal
função é integrar movimentos, pensamentos e sentimentos. A baixa
atividade dos gânglios basais pode acarretar baixa motivação e distúrbios
do movimento; a alta atividade pode provocar o vício em trabalho
(workaholism), tensão muscular e ansiedade.
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"pseudoaprendizagem" com a aprendizagem legítima, denominada de
aprendizagem efetiva ou significativa. Na pseudoaprendizagem, ocorre a crença
de que se alguém reproduz uma determinada informação é porque houve a
aprendizagem.
Por exemplo, podemos repetir palavras em alemão, mesmo sem saber o
significado de cada uma delas, ou até mesmo repetir palavras isoladas. Isso não
significa que dominamos o idioma. Então, é aprendizagem?
No processo de aprendizagem formal, muitas vezes alunos têm como foco
principal de preocupação recitar informações que foram passadas pelos
professores, e estes também podem se dar por satisfeitos acreditando ser isso
sinônimo de retenção de conteúdo e, consequentemente, aprendizagem. Pode
até aparentar ser aprendizagem, mas na realidade é a pseudoaprendizagem.
Na pseudoaprendizagem ocorre algumas características da aprendizagem,
que é a memorização e o conteúdo, no entanto perde a sua essência, que é a
transferência.
Apesar de não ser a aprendizagem propriamente dita, a transferência é um
componente primordial que vai diferenciar a aprendizagem da
pseudoaprendizagem.
Conceito de transferência: possibilidade da aplicação do conhecimento de
conteúdos, processos e técnicas adquiridos em um determinado contexto para
outro.
Através da transferência, o aluno é capaz de generalizar o que foi
aprendido, garantindo a aplicação dos novos conceitos em uma variedade de
contextos, além de permitir a incorporação de novos conteúdos, processos e
técnicas.
No caso da pseudoaprendizagem, a sua aquisição pode ser mais fácil e
rápida, pois exige poucos recursos e menor trabalho, sendo a principal raiz a
utilização de estratégias mnemônicas (ou macetes, memorização etc.).
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azul. Agora, refletir sobre a palavra blue, mostrando, juntamente com a palavra,
imagens correspondentes, perguntar aos alunos onde eles podem encontrar blue
e por que blue é importante para as pessoas, produzindo uma espécie de debate
e discussão, leva-se muito mais tempo.
Em cima desse exemplo, em qual dos modelos o aluno terá um
aprendizado efetivo, capaz de ser acessado a qualquer momento e depois de
tempo significativo em seu esquema de memória?
Saindo de uma aprendizagem centrada na memorização, o homem do
século XXI dá início a uma aprendizagem voltada ao pensamento e à reflexão.
Dentro do conceito das neurociências, sai das áreas do cérebro centradas nas
partes pós-centrais (partes posteriores do cérebro – também denominadas de 39
e 40 de Broadmann – ligadas aos processos mnemônicos) para as áreas pré-
frontais do cérebro (parte frontal, que vem de fronte, ou seja, "testa" –
correspondentes às áreas 9 e 10 de Broadmann). Lembrando que Broadmann foi
quem mapeou o cérebro em 52 áreas específicas, tanto funcionais quanto
anatômicas.
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invés do exercício de memorização e imposição de modelos.
(Nucci, 2003)
FINALIZANDO
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que ocorre no cérebro. Neste formato, os métodos saem da exposição e
memorização, passando para a mediação e o aprender fazendo, favorecendo o
pensamento e a reflexão. A relação pedagógica sai do monólogo, tendo o
professor como informante, para uma relação baseada no diálogo e na formação.
A motivação para aprender sai do campo das ameaças e entra no campo dos
desafios. Assim, a proposta é de libertação, levando o aluno a um papel de
protagonista de sua própria história.
Entender as estruturas do sistema límbico, a localização e a finalidade,
representa um salto qualitativo no currículo de quem trabalha com a educação.
O aprendizado efetivo fica armazenado na memória de longo prazo, ou
seja, no hipocampo. Lesões ou disfunções nessa estrutura podem dificultar o
processo. Para se chegar nesse nível de memória, o conteúdo precisa entrar pelo
sistema sensitivo (responsável pelas sensações), passando pelo sistema
perceptivo (o conceito dado ou formulado das sensações), os quais dependem da
atenção e da motivação do aluno para serem primeiramente armazenadas na
memória de curto prazo (ou memória de trabalho) e se consolidarem e permitirem
o armazenamento na memória de longo prazo. Completar esse circuito de forma
efetiva depende da ativação do sistema límbico, como a amígdala (o excesso de
ativação é a base dos transtornos de ansiedade, deixando o indivíduo num
estado constante de alerta e vigilância). Outra estrutura que deve estar
ativada é o hipotálamo, pois, para o processo de aprendizado, é fundamental
o aluno ter o sono, apetite e temperatura controlados. Os sentidos precisam
estar presentes, e quem ativa quatro deles (visão, audição, tato e paladar) é
o tálamo. O giro cingulado vai controlar memórias agradáveis em emoções
anteriores. Para o aluno sentir prazer ao aprender, a área tegmental ventral vai
secretar dopamina, e os gânglios basais vão integrar pensamentos, movimentos
e sentimentos.
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REFERÊNCIAS
CYPEL, S. O estudo das funções corticais na criança. In: DIAMENT, A.; CYPEL,
S. Neurologia infantil. São Paulo: Atheneu, 1996.
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KOLB, B.; Whishaw, I. Q. Neurociência do comportamento. Barueri: Manole,
2002.
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