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PROCESSOS

PSICOLÓGICOS
BÁSICOS

Profa.: Mary Anne Rodrigues Prata

Manaus - 2022
UNIDADE1.2 - INTRODUÇÃO ÀS
NEUROCIÊNCIAS NOS ESTUDOS DOS
PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS
Reconhecer as contribuições das
neurociências para o estudo dos
processos psicológicos

No início dos anos 1980, os psicólogos cognitivos


se uniram aos neurocientistas, cientistas da
computação e filósofos para desenvolver uma
visão integrada da mente e do cérebro. A partir de
então, surgiu a neurociência cognitiva. Os
pesquisadores dessa área estudam os
mecanismos neurais que estão por trás do
pensamento, da aprendizagem, da percepção, da
linguagem e da memória.
biologia da mente

Sistema regiões
Neurociência específicas do
nervoso cérebro

o modo de
cérebro processar
eventos
• Desde o final da década de 1980, os pesquisadores têm conseguido estudar o cérebro em
atividade durante a execução de suas funções psicológicas vitais, devido à imagem de
ressonância magnética funcional (IRMF).

• Exames de imagem cerebral têm permitido cada vez mais avanços dos conhecimentos sobre a
base neural da vida mental.

• Através da imagem pode se observar padrões consistentes em que uma ativação cerebral em
uma área estaria associada a um processo mental específico. Por um longo período, foi debatido
pelos cientistas se os processos psicológicos estavam localizados em partes específicas do
cérebro ou distribuídos por todo o órgão.
O cérebro humano
Em média, o cérebro humano saudável
possui mais de 100 bilhões de células
nervosas individuais. Os circuitos neurais são
responsáveis por controlar toda a mecânica
das ações humanas. Os neurônios se
encontrão ordenados em vias sinalizadoras, e
a informação gerada ou processada é
transmitida entre eles por meio da
transmissão sináptica.
Neuroanotomia funcional
básica
As diferentes regiões do sistema nervoso central
contribuem para a coordenação do comportamento e
da cognição, objetos de interesse da neuropsicologia.
É no cérebro que se encontram os principais
grupamentos neuronais e circuitos envolvidos nessa
mediação, dentre eles o córtex cerebral desempenha
um papel muito importante e merece um destaque
especial.
O córtex cerebral é classificado de 3
diferentes formas:
Anatômica
É a divisão em sulcos, giros, e lobos, com pouca correlação
funcional, porém muito útil para localizar áreas de lesão.
Fisiogenética
É a divisão em arquicórtex (hipocampo), paleocórtex (úncus
e giro para-hipocampal) e neocórtex (o restante). O
arquicórtex e o paleocórtex estão associados ao olfato e ao
comportamento emocional.
Estrutural
É a classificação das áreas com base na histologia
(Neocortex e arquicórtex).
LOBO TEMPORAL
• Responsável pera recepção e decodificação de
estímulos auditivos (memória auditiva, descriminação e
sequenciamento auditivo, integração rítmica) que se
encontram coordenados com impulsos visuais.

• Possui relação com a parte da gustação e olfação.

• Memória de curto e longo prazo.

• Aprendizado auditivo.

• Recuperação de palavras.

• Compreensão linguística.
LOBO TEMPORAL

• Processamento visual e auditivo.


• Estabilidade emocional.
• Reconhecimento de expressões faciais.
• Decodificar entonação vocal.
• Informações do equilíbrio corporal.
LOBO PARIETAL
• Responsável pelo registro tátil, reconhecimento tátil de formas e objetos, da imagem do
corpo (somatognosia), direcionalidade, gnosias digital, leitura e elaboração grafomotora,
imagem espacial, elaboração das práxis (atos motores), processamento espacial,
integração somatossensorial.

• Uma lesão nesse lóbulo leva à perda do conhecimento geral, falta da interpretação das
relações espaciais (visual e auditiva) e/ou dificuldade da percepção corporal.
LOBO OCCIPITAL

• Realiza a integração visual.


• Percepção do movimento.
• Percepção visual, sequenciação visual.
• Rotação e perseguição visual.
LOBO OCCIPITAL

• Identificação figura fundo.


• Posicionamento e relação espacial.
• Percepção da velocidade.
• Por meio de suas estruturas profundas, o hipocampo e os núcleos da amígdala
estão envolvidos com o aprendizado, a memória e a emoção.
LOBO FRONTAL
• Responsável pela função motora e psicomotora, escrita, memória imediata, ordenação, planificação, seriação,
mudança de atividade mental, julgamento social, controle emocional, estruturação espaço-temporal, todos os
movimentos do corpo (voluntários), funções executivas.

• Controle voluntário da atenção (Foco).

• Planejamento, julgamento e tomada de decisões.

• Autocontrole.

• Sensibilidade a consequências de longo prazo.

• Controle motor fino.


AS BASES NEURAIS DA COGNIÇÃO:
Neurociência e linguagem

A partir do estudo das afasias, que são um


distúrbio de linguagem frequentemente
decorrentes da destruição de certas áreas
do tecido por um acidente vascular
encefálico (AVE), Pierre Paul Broca, um
neurologista francês, identificou áreas
especificas do encéfalo relacionadas com
a linguagem. A partir de tais descobertas,
Broca fundou a Neuropsicologia, uma
ciência dos processos mentais.
Neuroanotomia funcional básica
Karl Wernicke, em 1876, publicou seu estudo sobre outro tipo de
afasia. Ele descobriu que uma lesão na parte posterior do córtex,
onde o lobo temporal encontra os lobos parietal e occipital, deixava
os pacientes em uma condição na qual eles podiam formar palavras,
mas não compreendiam a linguagem. Nesse caso, ocorreu um
fenômeno oposto àquele que afetou os pacientes de Broca, que
compreendiam a linguagem, mas não falavam. Wernicke elaborou o
primeiro modelo neural para a linguagem, usado até hoje
• A área de Wernicke nos possibilita entender o que nos é falado, enquanto na área de Broca nós formamos as

frases e orações. Quando ocorre no encéfalo uma desconexão dessas duas áreas, acontece um terceiro tipo de

afasia, chamado de parafasia, caracterizado pelo uso incorreto das palavras. Os pacientes entendem as

palavras, escutam, leem, podem falar, mas não conseguem fazer isso com coerência, suprimem parte das

palavras ou substituem por sons incorretos e, mesmo consciente do erro, não conseguem evitá-lo (KANDEL et

al., 2014).
Foi verificado que, lesões na área temporal direita,
Tanto em humanos correspondente à na região temporal esquerda causam
quanto em animais, problemas no entendimento de vertentes emocionais
diferentes emoções da fala, como a habilidade de perceber se uma pessoa
podem ser provocadas está falando sobre um fato triste ou alegre, por meio
pela estimulação de apenas do seu tom de voz. Já lesões na área frontal
áreas específicas do direita correspondente à área de Broca, ocasionam
encéfalo. problemas na expressão de vertentes emocionais da
fala.
Patologias da
linguagem
Afasia é um distúrbio que afeta a capacidade de
comunicação. A capacidade do indivíduo de expressar e
compreender a linguagem falada ou escrita, podendo sofrer
de uma perda total ou parcial. Veja a seguir os tipos de
afasia.
AFASIA MOTORA OU DE EXPRESSÃO (AFASIA
DE BROCA)

• Ocorre frequentemente como resultado de uma lesão nas proximidades da área de Broca. Em
seu estado mais grave, a capacidade de falar do indivíduo é completamente perdida ou limitada a
falar sim e não. Entretanto, a pessoa permanece demonstrando uma completa compreensão das
palavras e não tem nenhuma dúvida quanto a obedecer a diretrizes e ordens que lhe são dadas.
• Nos casos em que a afasia expressiva não é tão severa, o paciente tende a pronunciar as
palavras de forma titubeante e em alguns momentos repetitivamente.
• A capacidade de escrever é outra forma de linguagem a motora, e costuma exibir alteração similar
(agrafia ou disgrafia). Contudo, é preciso recordar que a área de Broca se localiza muito próxima
do córtex motor.
AFASIA NOMINAL OU AMNÉSICA
• Outra forma de afasia e uma das menos severas. Pacientes com essa
patologia são incapazes de reconhecer pessoas ou objetos em seu entorno,
porém são totalmente conscientes de sua natureza e significado.
• Sabe o significado do objeto e consegue identificar.
• Pode estar localizado entre a área de Broca e Wernicke.
AFASIA SENSORIAL OU RECEPTIVA (AFASIA DE
WERNICKE)

A característica principal
dessa forma de disfasia é a Dispõe de palavras,
incapacidade de apreciar o entretanto faz uso delas de
significado simbólico das maneira desordenada e
palavras, sejam faladas caótica.
sejam escritas.
• Essa condição é denominada de surdez
verbal. É uma forma rara de afasia, na

AFASIA qual o indivíduo com essa patologia fica


totalmente incapaz de compreender o
SENSORIAL
significado das palavras que lhe são
ditas. Apesar disso, sua linguagem, tanto
a falada quanto a escrita, é normal.
AFASIA DE CONDUÇÃO OU DE
SINTAXE (AFASIA DE
GOLDSTEIN)
É uma forma peculiar de afasia que resulta de
interrupções causadas por lesões na principal via de
comunicação entre as áreas de Broca e Wernicke.

Faz uso incorreto das palavras

a compreensão da linguagem falada na afasia de


Goldstein costuma ser excelente.
AFASIA GLOBAL

•É resultado de lesões extensas no hemisfério dominante, que comprometam os lobos


frontal e temporal. Em geral, acarreta um grave distúrbio de linguagem,
comprometendo seriamente tanto a produção da fala quanto a compreensão das
palavras escritas ou faladas.
Atividade sobre a
Unidade 1.2

Responda as questões de acordo


com o conteúdo digital da sala
de aula virtual AURA
(45 minutos)
1.Qual foi o estudo de Pierre Paul Broca?

2.Qual o estudo de Karl Wernicke?

3.Qual é a diferença entre a área de Wernicke e a área de Broca?

4. O que é uma Afasia?

5. Quais são os tipos de afasia?


Neurociência e
Percepção
Neurociência e
Percepção
• A percepção se inicia nas células receptoras.
As vias sensoriais incluem neurônios que
ligam os receptores na periferia com a
medula espinal, o tronco encefálico, o tálamo
e o córtex cerebral. Todas as informações
sensoriais vindas dos membros ou do tronco
de um indivíduo passam pela medula
espinhal. Veja a seguir as patologias da
percepção.
• AGNOSIA - Significa incapacidade de
reconhecer.
Neurociência e
Percepção

AGNOSIA VISUAL PARA OBJETOS

• Consiste em um distúrbio de percepção no


qual o paciente consegue ver um objeto, mas
o que enxerga não significa coisa alguma
para ele. Por exemplo, o paciente vê uma
colher, mas não sabe o que é.
Neurociência e Percepção

SIMULTAGNOSIA
• É uma condição na qual o indivíduo não vê uma cena
inteira, ou seja, é incapaz de ver mais de um objeto ou
partes de um objeto ao mesmo tempo. Por exemplo,
se o paciente simultagnósico estivesse olhando para
um quadro com uma mesa cheia de livros, um
computador, cadernos e um lápis, relataria ter visto no
quadro somente um item, talvez o lápis. A
simultagnosia pode ser causada por transtornos na
região temporal do córtex.
Neurociência e
A PROSOPAGNOSIA

É uma condição que resulta em uma perda grave na


Percepção capacidade de reconhecer rostos humanos. O paciente
prosopagnósico, por exemplo, pode até mesmo ser
incapaz de reconhecer seu próprio rosto no espelho. De
acordo com Sternberg (2008), há relatos de casos
extremos de prosopagnósicos que são incapazes de
reconhecer rostos humanos, mas reconhecem a face
dos animais de suas fazendas, de modo que o problema
parece ser extremamente específico a rostos humanos.
O funcionamento do giro fusiforme do hemisfério direito
está diretamente relacionado à prosopagnosia. De modo
específico, o transtorno está associado a danos ao lobo
temporal direito do cérebro.
Neurociência e atenção
• O consenso dos pesquisadores é de que a
atenção não é uma função específica de uma
única área do cérebro, e sim da interação de
diversas áreas específicas. O pesquisador Posner,
em 1995, identificou dois sistemas de atenção
(rede de atenção): um anterior no lobo frontal e
outro posterior no lobo parietal. Veja a seguir.
Neurociência e atenção

• O sistema de atenção anterior – É cada vez


mais ativado durante tarefas que requerem
consciência. Por exemplo, atividades em
que os participantes devem prestar atenção
ao significado das palavras. Esse sistema
também está relacionado à “atenção para a
ação”. Nesse caso, o participante está
planejando ou escolhendo um entre outros
possíveis cursos de ação.
Neurociência e • O sistema de atenção posterior – É ativado
quando envolve atividade neural nas áreas
visuais, auditivas, motoras nas e áreas de
atenção associação relevantes do córtex relacionado a
determinadas tarefas visuais, motoras ou de
ordem superior. Abrange o lobo parietal do córtex,
também uma porção do tálamo e algumas áreas
do mesencéfalo relacionadas à movimentação
dos olhos.
Neurociência e atenção
• Neuropsicólogos cognitivos adquiriram muita informação
sobre os processos de atenção no cérebro, estudando
pessoas que não apresentam processos normais, como as
que têm déficits de atenção específicos e nas quais se
observaram lesões ou fluxo sanguíneo inadequado em
áreas fundamentais do cérebro.
Neurociência e atenção
• As lesões no lobo frontal e nos gânglios basais foram
relacionadas aos déficits gerais de atenção, e as lesões
relacionadas ao córtex parietal posterior e ao tálamo, aos
déficits de atenção visuais.
Neurociência e memória
A localização da memória não está em
uma única região do cérebro, e sim
espalhada por diversas áreas. A sequência
de memorização segue a seguinte ordem
em determinadas áreas do córtex cerebral:
Neurociência e
memória
1 - A informação é percebida no córtex posterior
2 - A informação é captada e armazena no córtex pré-
frontal.
3 - A informação é retida por um tempo no lobo frontal.
4 - A informação é integrada, consolidada no
hipocampo
5 - Depois de alguns anos, o lobo frontal pode ter
acesso à informação sem ajuda do hipocampo.
Neurociência e memória

• O hipocampo parece ter como sua


principal função integrar e
• Os lobos temporais mediais ou consolidar informações sensoriais
seção mediana dos lobos temporais separadas. Está envolvido na
são responsáveis pela formação de transferência de informações
novas memórias. recém-sintetizadas para estruturas
de longo prazo que sustentam o
conhecimento declarativo.
Neurociência e
memória
Alguns neurotransmissores são responsáveis por
interromper a armazenagem de memória, e outros
a melhoram. A falta de noradrenalina, por
exemplo, pode piorar essa armazenagem.
Neurociência e
memória
• Déficits de memória
Amnésia - É a perda grave da memória explícita.
Amnésia anterógrada - É a incapacidade de se
lembrar de eventos que ocorreram após um evento
traumático.
Amnésia infantil - É a incapacidade de recordar
eventos que aconteceram quando éramos muito
pequenos.
Amnésia retrógrada - Nela, os indivíduos se
recordam de coisas que aconteceram somente
depois de um trauma sofrido, o que aconteceu no
passado antes do trauma não se recorda.
Neurociência e memória

• Principalmente nas demências degenerativas, os déficits na memória episódica


ocorrem de maneira progressiva e devagar, como Alzheimer e demência
frontotemporal, podendo ocorrer nas demências vasculares e em algumas formas de
esclerose múltipla. Já os déficits na memória semântica são notados quando o
indivíduo tem dificuldade para nomear itens que conhecia previamente. Nesses casos,
os pacientes também apresentam um declínio de conhecimentos gerais. Por fim, nos
déficits na memória de procedimentos, ocorre perda de habilidades.
Neurociência e emoções
• O sistema límbico, responsável em parte pelo processo das
emoções, é um conjunto de estruturas cerebrais que fazem divisa
com o córtex cerebral. O hipotálamo, o septo, a área paraolfatória,
o epitálamo, o núcleo anterior do tálamo, porções dos núcleos da
base, o hipocampo, a amígdala, o córtex orbitofrontal, o giro
subcaloso, o giro cingulado, o giro para-hipocâmpico e o úncus
compõem a estrutura do sistema límbico.

• Entretanto, apesar de esse conjunto ser uma importante estrutura


no processo das emoções, não é a única, uma vez que, com os
avanços nos estudos, têm sido identificados diferentes áreas e
circuitos do sistema nervoso central que apresentam correlação
com os variados estados emocionais.
Neurociência e emoções
• Dentre as áreas mencionadas, a amígdala é uma
estrutura que se destaca no processo das emoções.
Ela e o hipotálamo se mostram intimamente ligados às
sensações de medo e raiva. A amígdala é o órgão
responsável por detectar, gerar e manter as emoções
relacionadas ao medo. Atua no reconhecimento de
expressões faciais de medo, além de coordenar
respostas apropriadas a ameaças e situações de
perigo.
Neurociência e
emoções
• A amígdala não é ativada apenas em
situações que envolvam a sensação de
medo, mas também durante eventos
mais positivos, por exemplo, no
reconhecimento de expressões faciais
de alegria. Desse modo, é possível
concluir que, independentemente de seu
contexto agradável ou desagradável, a
amígdala está envolvida na resposta a
estímulos de importância emocional.
6. Quais são as disfunções da percepção?
7.Quais são os dois sistemas de atenção?
Atividade 8.Descreva a sequência de memorização na área
sobrea do córtex cerebral:
segunda 9. Em qual região do cérebro é responsável em
parte pelo processo das emoções, e qual é a sua
parte da estrutura?
unidade 1.2 10. Qual é o papel da amigdala no processo das
emoções?

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