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2) Módulo II – Aquisição de L1
3) Módulo III – Aquisição de L2 e ensino de língua estrangeira
Avalição 01
o A cada semana teremos 1 estudo dirigido valendo 1 ponto;
o Tarefa individual;
o 14 dias para responde-la.
Avaliação 02
o Vídeo: língua criola (mínimo de 2 minutos);
o Individual.
Avaliação 03
o Vídeo: aquisição de L2;
o Sequência didática;
o Grupo de até 4 pessoas.
Ponto extra para aprovados
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a) Mecanismos físicos e cerebrais que são postos em uso quando usamos a linguagem.
Como o cérebro representa o conhecimento linguístico;
b) Estuda também a aquisição de linguagem e como ela se desenvolve ao longo da vida
humana;
c) Como que patologias podem ocasionar déficits linguísticos;
d) Comparando com cérebro de animais, comparando como eles elaboram a
linguagem.
Conceito de Alshen:
Estudar a relação entre o cérebro e a linguagem envolve combinar toda neurologia
(a neurologia estuda como o cérebro se organiza) com os conceitos de linguística (a
linguística estuda cientificamente a linguagem);
Uma das melhores formas de se estudar neurolinguística é através de doenças
neurológicas (se atingiu uma área e há sintomas linguísticos, é porque naquela área
cerebral se processa linguagem).
Uma das formas de se estudá-la é através das Gramáticas Desviantes que são
gramáticas de um indivíduo, saudável, nativo e adulto de uma determinada língua.
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Aquele que tem uma gramática desviante tem uma organização do sistema linguístico
diferente da que costuma ocorrer com adultos saudáveis e nativos. A criança sempre
tem uma gramática desviante porque ela está em processo de aquisição. As regras
internas existem, mas se diferem das de um adulto saudável. (“eu fazi”)
Há um acometimento neurológico capaz de causar alterações na linguagem.
Afasia: patologia decorrente de lesão cerebral que afeta linguagem. Ela torna os
indivíduos não saudáveis.
Gramáticas desviantes: crianças, adultos com acometimento neurológico, adultos
adquirindo L2.
Tempo e concordância: marcados morfologicamente nos verbos. Mentalmente,
entretanto, os morfemas não estão marcados no verbo no nosso cérebro e isso se
descobriu através do estudo das gramáticas desviantes. Uma das formas de se entender a
estrutura cerebral da linguagem é através de patologias, de quando o cérebro e as frases
não estão estruturados.
2) Histórico da neurolinguística
Apesar de ser recente, a ligação entre linguagem e cérebro é questionada há
séculos.
Quando estudamos a história da neurolinguística, estudamos como se pensou a
localização da linguagem no corpo humano, até se chegar ao entendimento de que a
linguagem se processa no cérebro.
Antigamente se acreditava que o coração era o órgão considerado o centro das
atividades mentais. A linguagem sempre for considerada a melhor forma de se entender
o pensamento humano. Nós exterioramos nosso pensamento através da linguagem. Essa
crença está na Bíblia e em alguns filósofos antigos.
Já na Antiguidade existia uma técnica chamada Trepanação na qual se furava o
crânio para curar dor de cabeça ou questões mentais. Problemas linguísticos também
eram “curados” com trepanação. Já havia aqui um indício de um entendimento de que a
linguagem estava no cérebro.
Papiro Edwin Smith, 1.700 A.C.: ligações entre fala e cérebro, procedimentos
feitos na cabeça já davam indícios de questões na fala. Papiro anatômico.
Hipócrates de Cós (460 – 377 A.C.): estudou casos de epilepsia, explicando-os
de forma científica. Ele entendeu que o suo de uma língua derivada de um cérebro
saudável. Para ele, a compreensão vinha do cérebro e não do coração.
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b) Visão holística
Cérebro é um processador geral;
Jean Pierre Flourens.
uma lesão no lobo frontal, hemisfério esquerdo, o que era uma baita evidência da
proposta localizacionista do cérebro.
Esse estudo inaugurou uma área da ciência chamada neuropsicologia que estuda a
relação entre ciência e funções cognitivas. Broca mostrou e comprovou uma área do
cérebro que é responsável por uma função (proposta localizacionista);
Broca também conseguiu separar os déficits linguísticos de déficits não linguísticos.
a) Karl Wernicke
Estudou pacientes com lesão no lobo temporal esquerdo;
Havia neles problemas sobretudo na compreensão linguística.
Enquanto Broca percebeu que havia uma área cerebral responsável pela
produção linguística, Wernicke percebeu que havia outra para compreensão linguística.
Wernicke também observou pacientes com problemas na nomeação e repetição,
mas que produziam e compreendiam, o que o levou a concluir que essas pessoas tinham
um problema em um feixe de nervos que conectava a área de Broca à área de Wernicke.
b) Ludwig Lichtheim
Médico alemão;
Descreveu as possibilidades de combinação entre áreas do conhecimento que
acarretariam em uma afasia.
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c) Wilder Penfield
Estudou as associações de áreas do cérebro a algumas capacidades cognitivas, o que
foi feito através de estímulos elétricos.
6) Surgimento da Linguística
1916 surgimento do estruturalismo de Saussure.
1957 publicação do “Estruturas Sintáticas” de Chomsky.
a) Bainha de mielina
Capa lipídica no entorno do axônio, formada por um tipo de células da glia que
potencializam a condução do impulso que contém a informação. Neurônios da pele
humana possuem uma bainha mais fina, o que dificulta a passagem da dor.
As células da glia têm como função permitir que os neurônios tenham a
capacidade de desenvolver suas atividades. Os neurônios realizam sinapses que são
locais que regulam a passagem de informações no sistema nervoso.
Os neurônios não se tocam (se eles se tocarem, morrem). As sinapses ocorrem
nos espaços entre os neurônios. Há dois tipos de sinapses:
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2) Os hemisférios do cérebro
Os hemisférios (direito e esquerdo) estão conectados pelo corpo caloso. Sulcos
cerebrais são depressões no cérebro.
Os lobos podem ser frontais, parietal, occipital, temporal. Eles são separados por
depressões mais profundas:
Lobo de ínsula: localizado no interior do cérebro. Processamento emocional,
interocepção (relação das sensações do corpo com os sentimentos, como tremer
quando fica nervoso) e paladar;
Lobo frontal: tomada de decisões, planejamento, linguagem, funções motoras. O
córtex frontal só se forma totalmente aos 21, 22 anos (nos homens só se forma após
os 23 anos). Doenças degenerativas na parte frontal do cérebro afetam questões
sociais, os pacientes tendem a ficar desinibidos;
Lobo temporal: memória, audição de sons gerais e de linguagem, olfato
(Alzheimer é uma deterioração que se inicia no lobo temporal);
Lobo occipital: visão;
Lobo parietal: sensações da pele, parte física da dor, interpretação de movimento e
localização de objetos.
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3) Tipos de afasias
a) Afasias corticais
Afasias perissilvianas: a lesão acontece próxima a fissura de Sylvius e podem ser:
Afasia de Broca, Afasia de Wernicke, Afasia de condução, Afasia global;
Afasias extrassilvianas: acontecem fora da região da Fissura de Sylvius e podem
ser: Afasia transcortical motora, afasia transcortical sensorial, afasia transcortical
mista, afasia transcortical anômica.
4) Afasia de Broca
Descoberta por Pierre Paul Broca;
Causada por uma lesão no giro frontal do hemisfério esquerdo;
Afasia de produção, ela não atinge a compreensão.
a) Sintomas
Discurso não fluente (palavras muito repetidas e longas pausas);
Perda na produção, mas boa compreensão;
Anomia: dificuldade de nomear coisas;
Erros fonéticos e fonológicos;
Repetição alterada e vocabulário restrito;
Escrita também deficiente, letra grande, trocas e omissão de letras;
Dificuldade de realizar leitura em voz alta;
Agramatismo: produção de frases agramaticais, a sintaxe é muito prejudicada.
Observação: paciente que contava até 12 (em inglês) o que demonstra que seu
conhecimento não-linguístico (serial) não estava prejudicado. A partir do 13, como há
formação morfológica (-teen), houve prejuízo na formulação.
b) Gramática do afásico
O afásico tem sim uma gramatica. Existe um sistema interno na produção dele.
Ainda que seja um sistema diferente das pessoas saudáveis, há regras internas na
gramática do afásico.
Há uma regularidade e ordenamento na perda do afásico.
A gramática tem sistematicidade, mas quando comparada com as de sujeitos
saudáveis, o afásico constrói sentenças agramaticais.
Agramatismo pacientes afásicos de Broca são pacientes com problemas
sistemáticos. Não usam pronomes, preposições, flexões. Há uma omissão de morfemas
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5) Afasia de Wernicke
Descoberta por Karl Wernicke;
Lesão na região posterior do lobo temporal do hemisfério esquerdo e que leva a
problemas de compreensão linguística e problemas de produção sobretudo ao dar
significado às produções linguísticas;
A estrutura linguística, sintática são super complexas, mas o significado é ruim
porque há problemas de compreensão.
a) Sintomas
Deficiência na compreensão da linguagem;
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Tempo é a categoria linguística que permite que situemos os acontecimentos do mundo no tempo físico.
Aspecto é uma categoria linguística que diz respeito às diferentes formas de visualizar a constituição
interna de uma situação.
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6) Afasia de condução
Também descoberta por Wernicke;
Déficit no fascículo arqueado (feixe de axônios) e que conecta a área de Broca à
área de Wernicke.
a) Sintomas
Deficiência da repetição desproporcional em relação à fala espontânea e à
compreensão oral e escrita;
Dificuldades de nomeação (o que é comum em todas as afasias);
Fala relativamente fluente, mas com dificuldade na escolha e sequência dos fonemas
(parafasia fonêmica), leitura em voz alta comprometida;
Frequentes pausas e hesitações associadas à dificuldade de encontrar palavras. Fala
desprosódica;
Letras bem formadas, mas ortografia pobre e palavras mal colocadas.
7) Afasia global
Decorrente de uma lesão na área de Broca, Wernicke e no fascículo arqueado.
a) Sintomas
Linguagem totalmente afetada;
Compreensão e produção muito prejudicadas;
Pacientes desenvolvem sistemas de comunicação;
Pacientes conseguem entender algumas coisas pelos gestos, expressões faciais,
prosódia, etc.
2) Causas
Ainda não há clareza quanto a origem dessa doença. Mas, fatores genéticos,
acúmulo de proteínas no cérebro, diminuição de neurotransmissores e envelhecimento
são as causas mais comuns.
Alzheimer: doença neurodegenerativa, ele causa a morte de neurônios. Mas, por
que o cérebro sofre esse processo de neurodegeneração?
3) Alois Alzheimer
Médico Alemão que tinha um paciente com uma doença no córtex cerebral. Os
sintomas desse paciente eram um distúrbio em que a memória piorava com o passar do
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4) Diagnóstico
Antigamente, se dizia que apenas após a morte poderia ser dado o diagnóstico
dessa doença. Hoje em dia, isso não é muito diferente, contudo, hoje é feito uma
exclusão de sintomas que levaria ao diagnóstico de outras doenças. Testes
neuropsicológicos e testes de funcionalidade são usados para que seja feita uma
avaliação mental dos indivíduos.
Outra forma de se avaliar é através de testes de neuroimagem, exames de
sangue. Mas, para certeza absoluta é apenas por exame microscópico do tecido cerebral
por biópsia ou necropsia.
Miniexame do Estado mental: aplicado no próprio paciente.
Questionário de atividades funcionais: aplicado em um membro da família.
Avaliação funcional para habilidades de comunicação: aplicado em um membro
da família. Serve para a capacidade linguística.
5) Os estágios da doença
Como a doença é sempre progressiva, ela possui alguns estágios.
b) Estágio 2
Drástica ampliação no déficit da memória, podendo vir seguido da evolução de
diferentes graus de alteração de linguagem, agnosia e apraxia (HUFF, 1988).
o Agnosia: dificuldade de identificar objetos e sua funcionalidade. Apraxia:
dificuldade de realizar alguns movimentos;
Dificuldades no reconhecimento de pessoas (RODRIGUES, 2003).
Perambulação, irritabilidade, hostilidade, agressividade, comportamento inadequado
(SILVA & MAURÍCIO, 2017);
Incapacidade de fazer julgamentos, presença de pensamentos obcecados (pensar
na mesma coisa com a mesma frequência) e presença de alguns episódios de
alucinação (INOUYE & DE OLIVEIRA, 2004).
o A conversa é repetida, sempre os mesmos assuntos;
c) Estágio 3
Deterioração de todas as capacidades intelectuais. Dificuldades de realização de
atividades simples, como andar, sentar, levantar etc (LOPES, 2011; GOES, 2012;
OTAMELLI, 2013).
Perda de peso, ainda que se mantenha uma dieta adequada; irritabilidade extrema e
discurso reduzido a repetições de sons sem sentido (INOUYE & DE OLIVEIRA,
2004).
Em alguns casos, supressão completa do uso da linguagem (HUFF, 1988).
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6) A linguagem no Alzheimer
Alzheimer (1907), ao descrever os sintomas da DA, já indicava as alterações
linguísticas como integrantes do diagnóstico da patologia que descrevia;
Segundo Small, Gutman & Hilhouse (2003), o comprometimento linguístico afeta
drasticamente a comunicação dos pacientes portadores da DA, sendo esse um dos
fatores mais comuns que levam à internação precoce;
o O fato de não haver comunicação, da pessoa não conseguir se expressar, a
família decide internar o paciente. Ademais, a linguagem pode ser afetada na
sua funcionalidade de compreensão e de produção.
a) Estágio 1
Anomia (RODRIGUES, 2004);
o Anomia é a dificuldade de nomear objetos e encontrar a palavra certa
durante a conversação, saber qual o termo mais adequado;
Preservação na fluência, porém, a dificuldade de encontrar as palavras desejadas
pode acarretar um discurso com algumas pausas e presença de circunlóquios,
definidos como uso excessivo de palavras para emitir um enunciado que não chega a
ser claramente expresso (HUFF, 1988).
Preservação da prosódia (melodia) e articulações dos sons (RUSSO, 2004).
Possibilidade de ocorrências de parafasias fonêmicas e parafasias semânticas
(HUFF, 1988).
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b) Estágio 2
Intensificação da anomia (RODRIGUES, 2004);
Aumento na frequência de parafasias (trocas) fonêmicas e semânticas (HUFF,
1988);
Comprometimento da escrita, contendo erros de grafia, omissão e repetição de
palavras (ARAÚJO et al., 2015).
Déficit maior na compreensão tanto oral quanto escrita (RUSSO, 2004);
Redução de expressões verbais podem ficar reduzidas; equívocos verbais; uso de
neologismos; produção de sentenças menos elaboradas sintaticamente
(EMENDABILI, 2016).
o Subjuntivos, sentenças semanticamente reversíveis, orações subordinadas
começam a sumir;
Frequência de repetições na fala. Preservação da prosódia e da pronúncia
(RODRIGUES, 2004).
c) Estágio 3
O discurso do paciente é reduzido a repetições de palavras e à produção de sons sem
sentido (HUFF, 1988).
A compreensão e a produção estão altamente comprometidas (EMENDABILI,
2016).
Alguns pacientes, nessa fase, chegam a suprimir completamente o uso da linguagem
(HUFF, 1988, ARAÚJO et al., 2015).
Conclusão:
o Os pacientes não possuem um déficit na sintaxe, mas sim com a
interpretação das sentenças (evidência: estruturas sintáticas iguais e papéis
temáticos diferentes);
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De acordo com esses autores, o módulo da linguagem está ou não sendo afetado
na DA? Se eles dizem que a sintaxe não está afetada, o que tá demandando é o
processamento da sentença (dois verbos, muita informação), por isso, para esses autores
não há comprometimento linguístico, demanda-se mais atenção, processamento mental.
Para esses autores, o Alzheimer não atingiu o módulo mental da linguagem, mas sim o
processamento que acaba trazendo consequências na expressão linguística.
Resultados:
o Bom desempenho no Mini Exame do Estado Mental (a estrutura cognitiva
ainda estava bem preservada);
o Sem problemas na fala espontânea no tocante à realização de tempo e
aspecto;
o Problema maior com tempo passado do que presente;
o Problema maior com aspecto Imperfectivo habitual do que com Imperfectivo
contínuo e perfectivo (aspecto).
Conclusão
o Bom desempenho neuropsicológico (o que foi visto através do mini exame
do estado mental) e desempenho ruim na expressão linguística (problemas
com tempo e aspecto);
o O comprometimento com as categorias de tempo e aspecto incide
especificamente no módulo da linguagem;
o Para essa autora, o problema na DA se dá por um problema linguístico.
V) Lessa
Objetivo: investigar as categorias de tempo e aspecto na expressão linguística de
pacientes acometidos pela DA
o Participantes 1 paciente com comprometimento cognitivo leve e 1 paciente
com comprometimento cognitivo moderado. Ambos nativos do português
brasileiro;
Metodologia
o Mini Exame do Estado Mental
o Teste neuropsicológico de ordenamento sequencial de eventos (procurou-se
descobrir se a noção de tempo desses sujeitos ainda estava ou não
reservada). Verificava-se se a noção de causa, consequência estava
preservada na DA, o que é a base da questão temporal.
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o Produção eliciada (teste em que fotos, vídeos são mostradas e o sujeito deve
mostrar se a noção de tempo está preservada).
Resultados
o Os dois indivíduos apresentaram bom desempenho no teste que investigava
conceito de tempo
o Paciente com nível leve teve preservação na expressão linguística
o Paciente com nível moderado teve problemas na expressão linguística de
tempo e aspecto
Conclusão
o Não é conceptual: bom desempenho no teste neuropsicológico;
o Não é linguístico: o problema na expressão linguística parece estar associado
ao nível da doença. Quanto mais avançada a doença, mais problemas
linguísticos existiriam
o É de memória fatores extralinguísticos influenciam no desempenho;
o Pra ela o comprometimento é não linguístico, a memória afetada acarretaria
em problemas de produção linguística.
É muito difícil descobrir qual é a origem do problema nos pacientes com DA,
não se sabe se é o módulo da linguagem ou se foram outros módulos. Alguns autores
(ROCHON, WATER & CAPLAN, 1994; GROSSMAN & WHITE-DEVINE, 1998;
LESSA, 2010) acreditam que os problemas não são sintáticos, mas decorrem de outras
capacidades cognitivas que acabam afetando a linguagem. Outros autores já acham que
a sintaxe está sim comprometida, o conhecimento linguístico desses sujeitos tá afetado
(GROBER & BANG, 1995; MARTINS, 2010; NESPOLI, 2013; GOMES, 2020).
Há variantes na DA. Tudo o que foi dito até aqui faz parte da variante clássica da
DA, ela começa afetando a memória e depois afeta outras capacidades cognitivas. Mas,
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2) Tipos de estudos
a) Estudo de caso ou estudo de grupo?
Estudo de caso: um único paciente é analisado separadamente. Estudo de grupo:
vários indivíduos são analisados e pega-se uma média dos dados obtidos deles. O estudo
de caso pode ser feito com mais de uma pessoa, mas cada dado é analisado
separadamente, não é criado uma média entre os participantes.
O que caracteriza se um estudo é de caso ou de grupo é a forma como os dados
são analisados.
Se a variabilidade é muito grande é melhor fazer um estudo de grupo ou de
caso? Envelhecimento saudável não é uniforme. Pacientes com Alzheimer se
diferenciam no avanço da doença. Indivíduos afásicos apresentam uma grande
variabilidade em função dos níveis de severidade e da localização da lesão e tudo isso
influencia na decisão se o estudo deve ser de caso ou de grupo.
4) Coleta de dados
Temos que determinar se o estudo será de caso ou de grupo, se será longitudinal
ou transversal, mas também temos que verificar que métodos devemos abordar ou não.
e) Metodologia experimental
Na metodologia experimental é preciso ter um grupo controle que serve para se
verificar se um teste que é aplicado é apto, se ele serve. O estudo precisa ser aplicado a
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pessoas sem as questões patológicas para até que os dados sejam comparados com
pessoas saudáveis.
Quantidade de estímulos no estudo experimental: alguns dados precisam ser alvo
(aqueles que levam ao objetivo da pesquisa), outros precisam ser distratores (servem
para disfarçar o objetivo da pesquisa, para que o participante não perceba o que está
sendo pesquisado).
a) Hipótese da regressão
Jakobson (linguista importante que foi quem descreveu as funções da
linguagem). Jakobson também foi muito ligado à fonologia, fonética e aquisição de
linguagem.
Jakobson foi convidado por Luria para compreender os déficits de pacientes que
voltaram da Segunda Guerra Mundial com afasias linguísticas. Jakobson aproveitou
essa oportunidade para entender melhor a teoria linguística em si, ele observou a
aquisição e perda no aspecto fonológico.
Hipótese da regressão: aquilo que é adquirido primeiro, perde-se por último. Já o
que se ganha por último, perde-se primeiramente. A perda é inversamente espelhada.
Mas, a proposta de Jakobson tinha uma ordem bem específica, ademais, sua proposta foi
muito abordada na fonologia.
Em 1990, Yosef Grodzinsky tinha muitos estudos voltados para afasias e ele
observa como a afasia se relacionava à aquisição. Princípio do subconjunto: a criança
pode adquirir categorias de um determinado conjunto para depois passar para outro
estágio gramatical, a perda também será inversamente espalha à aquisição. A hipótese
da regressão é mantida, mas cria-se a ideia de que há estágios gramaticais que devem
ser obtidos, há uma hierarquia na aquisição.
b) Fases do behaviorismo
Behaviorismo metodológico – John Watson
Exclusão da psicologia a partir da análise do que está na mente das pessoas, para
Watson, ela se dá através de uma análise do comportamento.
Teses centrais:
o os estudos psicológicos devem priorizar a análise do papel do ambiente
na aprendizagem e desenvolvimento humano, ao invés de supostos
conteúdos da mente humana;
o os princípios que governam o comportamento humano são
essencialmente idênticos àqueles que regem o comportamento de outros
animais.
Watson estudou então como os seres humanos se ajustam ao meio ambiente,
defendendo a relação entre estímulo e resposta.
Condicionamento clássico: o comportamento pode ser condicionado, além de
poder ser descrito e explicado.
c) Behaviorismo na linguística
Sausurre: Europa. Bloomfield: EUA. Foi dominante até 1950, quando vem a
linguística gerativa. Premissas:
Cada língua apresenta uma estrutura específica, seus princípios, nada é universal;
A estrutura da língua é evidenciada a partir de três níveis que constituem uma
hierarquia, ou seja, o nível morfológico é composto de unidades fonológicas, o nível
sintático é composto de unidades morfológicas, etc;
A descrição de uma língua sempre começa a partir de unidades mais simples para,
posteriormente, seguir para as mais complexas;
Cada unidade é definida em função de sua posição estrutural, ou seja, de acordo com
os elementos que a precedem e a seguem na construção. Descrevemos um elemento
a partir do que vem antes e depois dele;
A descrição é feita de forma puramente objetiva, excluindo sempre o estudo da
semântica do escopo da linguística. Assim como o behaviorismo, a linguística
pretendia analisar aquilo que é observável, não o que está na mente do falante;
Constituição de um corpus, de um número bom de dados de uma língua;
Parte da observação de um corpus para descrever os elementos constituintes da
língua de acordo com a possibilidade de eles se associarem entre si de maneira
linear (observamos como os dados se organizam);
Método puramente descritivo e indutivo;
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e) Críticas ao behaviorismo
O signo linguístico é arbitrário, não há nenhuma relação entre o signo e o
significado. A criança repete sempre o significante, o que não garante que ela esteja
aprendendo essa relação entre o significante e o significado;
A maior parte das sentenças que as crianças escutam dos seus “instrutores” são
ordens e perguntas, mas a primeira estrutura que as crianças aprendem são sentenças
declarativas simples. Será mesmo que é a relação entre repetição e aprendizado que
levam à aquisição;
Generalizações: a criança também é criativa linguisticamente falando e ela
pensamento e faz associações com relação à língua. Primeiramente, a criança repete,
depois ela faz generalizações, depois ela aprende a forma gramatical da sua língua;
O sistema linguístico que a criança vai ter no final do processo de aquisição, capaz
de dar juízos de gramaticalidade ou de dizer quais interpretações de uma sentença
pode ou não ter nessa língua, é qualitativa e quantitativamente muito mais complexo
do que o sistema simples que caracteriza os dados primários;
A correção dos pais tende a ser mais semântica do que sintática. A correção dos pais
é importante na aquisição, mas poucas vezes os pais corrigem muito mais semântica
do que sintaxe;
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2) Gerativismo
Década de 1950: Revolução Cognitiva, mudança nos paradigmas da psicologia,
linguística, etc.
Behaviorismo: analisava comportamento, aquilo que é observável. Revolução
cognitiva: devemos analisar os mecanismos mentais, aquilo que está na mente.
1957: Syntatic structures. Resenha crítica do livro do Skinner
Olhar para a linguagem é uma das melhores formas de se verificar o que está na
mente do sujeito, entendendo os mecanismos mentais, universais e que são advindos da
mente humana. Linguagem é advinda do DNA.
a) Origem
Resposta e rejeição ao modelo behaviorista da linguagem, há uma crítica de
Chomsky ao livro Comportamento Verbal. O gerativismo surge de uma crítica ao
behaviorismo, ele não entende que a língua é um fenômeno externo ao indivíduo, não
entende que o indivíduo é passivo, mas sim criativamente ativo nesse processo.
Para Chomsky, a criatividade é uma das características das línguas humanas, ela
distingue a linguagem humana dos sistemas de comunicação dos animais. Sistemas de
comunicação não tem criatividade.
Gerativismo: teoria mentalista, analisamos o que está na mente do indivíduo.
Teoria formalista: tende a usar um modelo formal, inspirado na matemática para poder
entender a linguagem. A metalinguagem da linguagem é a própria linguagem, usamos
linguagem para explicar linguagem. Por isso, a linguística gerativa cria esse modelo
formal que explica linguagem a partir da matemática.
Árvores sintáticas: esquemas arbóreos para explicar a relação sintagmática entre
os sintagmas de uma sentença.
Origem do nome Gerativismo qualquer língua natural é formada por um sistema
finito capaz de gerar um número infinito de sentenças (aspecto criativo da linguagem) e
incapaz de gerar alguma construção agramatical).
b) Modularidade da mente
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Conceito proposto por Jerry Fodor que diz que a mente humana é composta por
módulos cognitivos distintos e independentes (ou seja, regidos por princípios
específicos) que estabelecem interações entre si. Não há linguagem sem memória, sem
percepção espacial, por exemplo, ou seja, os módulos são independentes, mas eles
estabelecem relações entre si.
Quais as evidências que demonstram a modularidade da mente?
o Caso Genie: construção sintática ruim, mas semântica boa;
o Casos Anthony e Laura: construção sintática boa, mas semântica ruim.
Anthony tinha um retardo mental, algum módulo cognitivo dele foi afetado.
Outro exemplo da modularidade da mente diz respeito a doenças causadas por
lesões cerebrais. Disartria: patologia que se caracteriza pela dificuldade de produção de
fonemas, a estrutura anatômica não consegue produzir aquilo que está na cabeça dela.
Afasia: problema especificamente linguístico, mas a pessoa consegue articular tudo.
Concluímos aqui que articulação e linguagem correspondem a módulos distintos.
A gramática também é modular. Os componentes da linguagem são autônomos e
independentes entre si (sintaxe, fonética, semântica), existe modularidade dentro do
módulo da linguagem. Temos casos de patologias que afetam apenas alguns módulos
linguísticos, sem afetar outros.
e) A faculdade da linguagem
A faculdade da linguagem é nosso conhecimento linguístico, ela é produto da
genética, da biologia do ser humano. O nosso comportamento linguístico é resultado da
existência na mente humana da Faculdade da Linguagem e uma das evidencias que essa
faculdade existe é o fato de que todos os humanos, sem instrução explícita, são capazes
de produzir e entender frases de sua língua inteiramente novas a partir de uma
determinada idade.
f) Competência e desempenho
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Escravo que mesmo com pouca instrução, sabia muito de geometria. Platão acreditava que esse
conhecimento advinha de vidas passadas.
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i) Hipótese continuísta:
Todos os elementos (lexicais e funcionais) já estão disponíveis desde o início do
desenvolvimento linguístico. As categorias funcionais já existem na gramática da
criança;
Os elementos funcionais não aparecem na fala inicial por causa da limitação do
vocabulário infantil, o qual é desprovido de palavras que não tenham referência
externa.
b) Base neurológica
O cérebro tem um aparato que permite ter linguagem. Evidências: doenças
neurológicas como a afasia de Broca, de Wernicke, de condução em que todos tinham
determinadas regiões do cérebro com alguma lesão, ou seja, algumas áreas cerebrais são
especializadas em linguagem.
Conexionismo: não existe uma área única do cérebro para a linguagem, ele todo
trabalha de forma conectada para tal.
c) Base cognitiva
Cognição: funcionamento mental. São processos associados à nossa capacidade
de compreender a realidade que nos cerca, armazenadas organizadamente na memória e
as informações consequentes dessa compreensão e transmiti-las aos nossos semelhantes
em situações reais de comunicação.
Pensar em cognição é pensar na forma como vemos, categorizamos, observamos
a realidade ao nosso redor.
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d) Base sociocultural
Linguagem reflete tendências de comportamento delimitadas socialmente.
Existem fatores culturais que refletem na linguagem. Cada comunidade usa a linguagem
de formas diferentes e um mesmo indivíduo usa a linguagem de formas diferentes a
depender do contexto. As línguas variam e mudam devido a fenômenos de natureza
sociocultural que caracterizam a vida em sociedade.
e) Base comunicativa
Como a linguagem se manifesta no exercício da comunicação, existem aspectos
provenientes da interação entre os indivíduos que se revelam na estrutura da língua.
Falantes usam estratégias para chamar atenção, manter o turno, ter sucesso na
argumentação, expressar algo criativamente etc. Durante a fala, existem um conjunto de
fatores que são levados em consideração e são esses fatores dentro da situação
comunicativa que fazem emergir situações específicas.
Por exemplo, a troca da posição do adjetivo faz sentido em determinados
contextos. Funcionalismo estuda muito isso. “Você é idiota.” / “Idiota é você.”
deverá imitar com um significado, com uma intenção comunicativa com esse adulto. A
criança precisa participar, se ela não participar, não haverá aprendizado.
Esse processo de aprendizagem garante que a criança entenda que ela adquiriu
um símbolo que é socialmente “no sentido de que ela pode supor que na maioria das
circunstâncias o ouvinte entenderá e poderá produzir aquele mesmo símbolo. A reversão
de papeis permitirá que a criança confirme se a intenção comunicativa funciona ou não.
Estágios da compreensão da ação intencional. Como a aquisição de linguagem
não é puramente linguística, as fases são diferentes daquelas propostas pelo gerativismo:
I) Compreensão da ação animada: ocorre por volta dos seis meses de idade,
quando as crianças diferenciam as ações animadas das ações inanimadas dos
adultos. As crianças aqui desenvolvem expectativas acerca das ações animadas
dos adultos;
II) Compreensão de ações direcionadas para objetivos: por volta dos nove meses
de idade. Aqui a criança começa a perceber a intenção nos atos comunicativos
dos adultos;
III) Compreensão de planejamento de ações: por volta dos 14 meses de idade. A
criança entende que existe mais de uma forma de atingir um mesmo objetivo.
São estágios para compreender a ação intencional, o ato comunicativo do adulto;
O indivíduo não aprende apenas com o outro, mas também através do outro, por
imitação de ações intencionalmente compreendidas. O sujeito se coloca no lugar do
outro para criar um ato comunicativo e aqui aprendemos com o que o outro pode passar,
mas também pensando no que ele pode nos passar.
É por meio desse processo de aprendizagem por imitação que os seres humanos
podem preservar artefatos e atividades socioculturais inventados por gerações anteriores
e, ao mesmo tempo, transformá-los criativamente, passando adiante por uma
transmissão sociocultural, não se restringindo à linguagem. Isso formará a herança
cultural que outras crianças terão.
A aprendizagem por imitação permite a aquisição de símbolos e construções
linguísticas particulares em novas situações comunicativas, mas não tornam a criança
capaz de engendrar por si mesma novas sentenças, pois não permite a criação de
categorias ou esquemas linguísticos abstratos. Como que isso explica a aquisição de
estruturas linguísticas? Os sujeitos fariam analogias, mapeamento de estruturas que
existem nas línguas, os indivíduos captam similaridades na língua e vão fazendo
mapeamento.
Bilíngue dominante
Aqui, o falante tem maior competência em uma das línguas.
3) Bilinguismo verdadeiro
A teoria gerativista diz que a mente é modular, e que um desses módulos é
essencialmente linguístico.
A GU é compartilhada por todos os seres humanos e diz respeito a um conjunto
de genes especialmente linguísticos. Quando as crianças recebem o input de uma língua,
elas vão adquirir sua L1.
Falantes bilíngues possuem input para duas línguas e a criança que recebe esse
input simultaneamente terá duas L1.
Thiery diz que é muito difícil manter o domínio em duas línguas na fase adulta.
1) O contínuo pré-pidgin
a) 1º momento
Contato massivo entre línguas e comunidades. Grande parte das línguas crioulas
surgiu durante o processo de escravidão. Como as diferentes comunidades falam
diferentes idiomas, começa a haver uma forte erosão da língua de superestrato na língua
de substrato. É necessário cria-se um sistema de comunicação e, então, características
da língua dominante aparecem na língua dominada.
Durante esse primeiro momento, os falantes usam o pré-pidgin durante as
situações nas quais ele precisa se comunicar, como no trabalho, por exemplo.
Entretanto, eles continuam usando sua língua materna em situações nas quais estão com
sua família, por exemplo.
56
b) 2º momento
O pré-pidgin aqui começa a ser usado pelos falantes da comunidade dominada,
ele não é mais apenas usado no contato com o colonizador, mas toda a comunidade
dominada costuma a usar essa língua. Ele não é mais usado naquela situação
comunicativa específica, mas começa a ter um desenvolvimento gramatical mais amplo,
ele começa a se transformar na variedade de fala da comunidade em situação de contato.
O pré-pidgin funciona como um sistema de comunicação emergencial.
a) Os pidgins
O pidgin é um sistema autônomo no sentido de que é um sistema que as pessoas
utilizam na vida, ele se torna o sistema de comunicação da comunidade. Mas, ele não é
uma língua natural porque ele não é língua nativa de ninguém, os falantes já tinham sua
língua, começa a haver um contato mesclado e, a partir daí ele passa a ser usado. Há
uma convencionalização da língua que surgiu do contato linguístico. Situações de
emergência fazem normalmente surgir pidgins.
O pidgin é uma língua suplementar para propósitos especiais de comunicação,
ele surge por uma urgência comunicativa, mas com o tempo a estrutura gramatical vai
se ampliando.
Língua mais dominante: maior dominância política.
57
c) Despidginização
Há uma desnativização, o pidgin deixa de ser usado em favor da língua de
superestrato, da língua dominante.
d) Língua Crioula
Pode surgir do pidgin ou do contínuo pré-pidgin. Isso ocorre quando nascem
bebês naquela comunidade e eles aquela língua como língua materna.
Teoria gerativa: criança recebe o input que vai ativando a GU, vai formatando
princípios e parâmetros. O pré-pidgin e o pidgin são línguas estrangeiras, já a língua
crioula é uma língua materna. Ela é uma língua natural, é uma primeira língua.
O pré-pidgin ou o pidgin, quando se transformam em uma língua crioula, geram
um sistema mais rico e ampliam suas funções comunicativas. A língua de superstrato
contribui mais com o léxico, enquanto que a língua de subestrato contribui mais como a
58
gramática já que é mais fácil para um falante de L2 adquirir léxico do que adquirir
gramática.
Para descrever as línguas crioulas, a maior parte dos autores utiliza a língua de
superestrato. Crioulo do Haiti é comparado com o Francês, Crioulo de Cabo Verde é
comparado com o Português.
A língua crioula pode também deixar de existir, deixar de ser usada. Mas, ela
também pode passar por um processo chamado de descrioulização que é a reabsorção
pela língua de superestrato, língua dominante, normalmente isso acontece por questões
políticas, ou seja, há uma força política para substituir a língua crioula. Isso aconteceu
na Jamaica, por exemplo, em que o crioulo da Jamaica foi substituído pelo Inglês.
f) Para refletir
As línguas crioulas são apenas simplificação de línguas de superestrato? O
inglês tem status de língua, mas não possui panorama flexional rico.
Quando uma língua crioula se transforma em uma língua real?
Qual a diferença entre uma língua crioula e uma língua real?
b) Chabacano / Chavacano
Falada nas Filipinas, Malásia e Indonésia;
60% do léxico vem do Espanhol, os 40% restantes vêm de línguas que são faladas
por lá;
Morfossintaxe:
o Pronomes sujeito singular: yo,(e)bos, tu, oste, ele (él, ella)
o Pronomes sujeito plural variação: nisós, busós, ilós (en Cavite), mihotro,
buhotro, lohotro, (Ternate);
Marcação de tempo, aspecto e modo: feito por um item lexical;
Uso de tiene para existência;
Ausência de verbos copulativos “ser” e “estar”.
c) Papiamento
Falado nas Antilhas;
Duas línguas de superestrato: Português e Espanhol;
Línguas de subestrato: línguas africanas;
Língua oficial em Aruba e Curaçao;
Marcação de tempo, aspecto e modo: feito por um item lexical;
d) Yopará
Falado no Paraguai, mescla entre guarani e espanhol;
Modo verbal alegatório.
4) Para refletir
Qual é a concepção popular de uma população sobre as línguas crioulas?;
60
Línguas sem prestígio. Não é possível escrever um artigo em língua crioula, por
exemplo.
De que maneira essa concepção se relaciona com a nomenclatura “Línguas
Crioulas”?;
Qual a força política que essas línguas têm nos lugares onde são utilizadas?;
Que reconhecimento têm mundialmente?
6) Níveis de falantes
Lugar dos falantes na comunidade de LH, relação pessoal que o falante tem com
essa LH e a cultura do local. A partir desses critérios se criam 4 níveis de falantes de
LH.
a) Nível I
A aquisição da LH é motivada por uma forte ligação à cultura dessa comunidade;
A aquisição ocorre no seio da comunidade;
Exemplo: comunidades indígenas nos EUA e Canadá.
b) Nível 2
História e o passado familiar têm laços muito fortes;
Não são membros ativos dessa comunidade como os LH nível 1;
Podem ter ligações remotas (exemplo: um avô);
Desejam estar ligados a essa herança familiar.
c) Nível 3
São proficientes na LH;
Trata-se de uma categoria estritamente linguística, não incluindo aos grupos
descritos anteriormente.
d) Nível 4
Não reúnem os requisitos mínimos linguísticos para serem posicionados num curso
de LH, por não possuírem skills linguísticos;
São muito semelhantes aos aprendentes de LE do ponto de vista linguístico, mas
revelam uma ligação, laços afetivos e traços identitários com a cultura da LH.
3
Crianças têm gramáticas desviantes;
4
Pessoas com problemas neurológicos têm gramáticas desviantes;
5
Estrangeiros possuem gramáticas desviantes.
65
a) Sintomas
Output verbal esparso (menos que 50 palavras por minuto);
Considerável esforço para produzir palavras;
Articulação pobre de sons da fala,;
Tendência a produzir frases de comprimento pequeno (frequentemente uma
palavra);
Perda de alguma melodia (disprosódia) e qualidades flexionais da linguagem;
Tendência a usar somente palavras de conteúdo significativas (poucas palavras com
conteúdo abstrato);
Agramatismo (tendência a omitir terminações sintáticas, tais como tempo verbal e
plurais).
b) Diagnóstico
Exclusão;
Dificuldade em relação à aquisição de linguagem;
Não deve ter problema de retardamento mental ou autismo 6, problemas nas
habilidades motoras, sensitividade auditiva, ou, ainda, surdez;
É consensual que a criança com DEL deve ter seu quociente de inteligência (QI) não
verbal igual ou superior a 85;
Se a criança não tiver nenhum dos distúrbios assinalados, tiver o QI indicado e, além
disso, tiver dificuldade na aquisição de linguagem, ela pode ser caracterizada como
DEL;
5 anos: melhor idade para diagnóstico.
c) Problemas lexicais
Primeiras palavras faladas tardiamente, comparada às outras crianças;
Van der Lely (1997): 5 anos falando apenas “mamãe” e “papai”;
6
O problema não seria nesse caso linguístico, mas de outras coisas
66
Essa criança poderá ter risco considerável para dificuldades acadêmicas e não
significa que ela não possa ter outras dificuldades cognitivas.
2) Desvio fonológico
Desvio e distúrbio fonológico são diferentes. NO desvio não há desordem no
sistema, embora esse sistema seja inadequado. Desvio da linguagem está no módulo
fonológico e não no nível articulatório. A aquisição dela é normal, mas nesse processo
de aquisição, a criança apresenta alterações fonológicas.
Essa criança com desvio adquire a linguagem de uma forma diferente das
mesmas crianças de sua faixa etária.
a) Identificação
Fala espontânea ininteligível, em maior ou menor grau, numa criança com mais de 4
anos (nessa idade o padrão vocal já tá bastante consolidada);
Audição normal para a fala;
Ausência de anormalidades anatômicas e fisiológicas nos mecanismos referentes à
produção da fala bem como disfunção neurológica relevante à produção da fala;
Capacidades intelectuais adequadas para o desenvolvimento da linguagem oral;
Compreensão da linguagem oral apropriada à idade mental;
Linguagem expressiva com abrangência de vocabulário e frases longas;
Exposição adequada e suficiente à língua e à interação social.
67
b) Características do sistema
Conjunto restrito de consoantes em relação à língua-alvo;
Limitação no conjunto de traços, com a falta de alguns pontos de articulação (em
geral, dorsal e coronal) e ausência de distinção do traço [±sonoro], e/ou do traço
[±contínuo]. Pato, quarto, gato e prato vira tudo “pato”.
Conjunto restrito de estruturas silábicas.
3) Atraso na linguagem
Utiliza-se o termo atraso na linguagem quando a aquisição se faz de forma
típica, embora mais tarde do que a idade habitual para cada etapa. Atinge cerca de 5% a
10% das crianças com idade entre 3 e 6 anos.
O sistema da criança é normal, ela adquire tudo, mas de uma forma atrasada. A
progressão da linguagem se processa na sequência correta, mas em ritmo mais lento.
Dissociação: diferença significativa entre a evolução da linguagem e das outras
áreas do desenvolvimento.
Desvio: padrão de conhecimento é alterado, há uma aquisição qualitativamente
anômala da linguagem
4) Afasia na linguagem
Há aqui uma lesão cerebral adquirida. Algo acontece e a criança tem a lesão. A
perda de linguagem pode ser total ou parcial.
A afasia na infância segue a mesma subdivisão da afasia de adultos. Mas, no
geral existe uma melhor recuperação nas crianças do que em adultos, por isso há
diferenças entre as afasias de adultos e de crianças.
a) Sintomas
Sintomas são muito variáveis;
Déficits na compreensão auditiva;
Parafasias (troca de um item por outro, pode ser fonológico ou semântico);
Neologismos;
68
7) Síndrome de down
Causada por uma anomalia genética (cromossomo 21). Há um atraso no
desenvolvimento global, o que inclui a aquisição de linguagem.
Problemas na representação fonológica, o que prejudica a pronunciação dos
sons. Déficits pragmáticos e contextuais, há dificuldade em se respeitar os turnos da
fala. Léxico é mais reduzido, frases mais curtas (mais assertivas, menos subordinações).
Gagueira (disfluência na hora de falar).
7
A criança não vai saber explicar que ela fala “Eu fazi” porque os verbos em 1ª pessoa do pretérito
perfeito terminam, normalmente, em “i”.
70
2) Dados experimentais
São úteis quando não se consegue chegar a conclusões claras acerca do
conhecimento que a criança possui sobre uma determinada construção linguística
apenas com dados espontâneos.
Dados experimentais, metodologicamente, permite que se obtenham dados de
uma maior quantidade de crianças do que a fala espontânea, que precisa ser gravada e
transcrita. Experimentos: acesso indireto ao conhecimento da criança.
Os experimentos precisam passar pelo comitê de ética em pesquisa.
Os testes podem ser de produção ou de compreensão.
b) Testes de produção
Teste de produção eliciada
Cria-se um contexto para a criança produzir aquilo que se espera que elas
produzam
Tarefa de leitura
Apenas é solicitado que a criança leia algo.
c) Testes de compreensão
Tarefas de percepção de sons
Chupetógrafo. Quando a criança escuta um som novo, a sucção dele fica mais
forte.
Tarefa de encenação
Criança escuta uma frase e encena aquela frase.
1) Aquisição x aprendizagem
72
2) Nomenclaturas
a) L1, L2, L3, L4
Critério: ordem de aquisição ou aprendizado das línguas;
Crítica: relação entre grau de domínio/ordem;
d) L1 e L2
L1 é uma língua adquirida e L2 é a língua aprendida;
De acordo com essa corrente. O sujeito pode adquirir diversas L2.
3) Teoria behaviorista-estrutural
A base teórica desse modelo é a psicologia behaviorista e a linguística
estruturalista.
John B. Watson, primeira fase do estruturalismo: “Hábitos são formados em
determinados períodos da vida e que adultos aprendendo uma língua estrangeira terão
sotaque porque a laringe sofre uma mudança estrutural na adolescência”
Skinner: transferência positiva e transferência negativa. Exemplo: no Português,
para fazermos o plural, usamos o radical -s, isso seria uma transferência positiva se
tivermos como língua alvo o Inglês. Entretanto, faríamos uma transferência negativa
caso tentemos pluralizar woman como womans. Todas as vezes que o indivíduo
reproduz algo da sua língua materna para a língua estrangeira, eles fazem uma
transferência.
Para Skinner, os hábitos adquiridos na língua nativa atrapalham a aquisição da
língua estrangeira.
Robert Lado foi o percursor do estruturalismo quanto à aquisição de linguagem.
Em 1964 lançou um livro chamado Language teaching: a scientific approach, no qual
criticou o método tradicional e o método direto. Método tradicional: ensina a língua
estrangeira através da tradução e para Lado, tradução e aprendizado de uma segunda
74
língua dizem respeito a aspectos diferentes. Método direto acreditava que o aprendizado
de língua materna e língua estrangeira se davam da mesma forma, Lado criticava
também esse método porque para ele a psicologia da aquisição e do aprendizado de
línguas são diferentes.
“A aprendizagem de língua é complexa. Ela oscila entre a simples aquisição de
habilidades automáticas e uma compreensão de conceitos abstratos e significados
estéticos, todos ocorrendo no mesmo período e esta aprendizagem pode ser alcançada
em um grau de facilidade inacreditável, envolvendo centenas de mudanças
articulatórias, gramaticais e lexicais por minuto.”
Aprender uma segunda língua é mais do que aprender sua descrição. Envolve
um conjunto de informações que permitem que a comunicação ocorra. Esse aprendizado
não pode ser observado apenas pela repetição, tradução, erro, etc.
“Aprender uma segunda língua é definido como a aquisição da habilidade de
usar sua estrutura com um vocabulário geral sob, essencialmente, condições de
comunicação normal entre falantes nativos na velocidade conversacional.” Observa-se
aqui que ainda havia um pensamento muito arcaico de comparar o falante de L2 com
um falante nativo.
d) Críticas ao modelo
A aprendizagem não é uma mera questão de resposta a estímulos externos;
A observação dos erros dos aprendizes indica que eles se envolvem ativamente na
construção de suas próprias “regras” que, algumas vezes, apresentam pouca
similaridade com as estruturas modeladas com o insumo recebido. Não basta repetir,
muitas vezes os aprendizes criam estruturas eles mesmos;
A Tese estruturalista de hipótese contrastiva não parece adequada. O aprendiz pode
identificar a estrutura, mas ter dificuldade em produzi-la;
76
A língua materna não é a única fonte de erros. Há casos de erros que os falantes
cometem que não derivam de transferência;
Processo histórico abandono da visão empirista para a visão mentalista.
4) Modelo monitor
Também chamado de hipótese do input ou hipótese da compreensão. Um
conjunto de afirmações dessa teoria estão presentes até hoje.
Modelo criado por Stephen Krashen e tem como base a linguística gerativista,
mas apesar disso, não é um modelo gerativista, os gerativistas não se identificaram com
ele.
A grande contribuição desse modelo foi a de entender que tanto ambientes
formais (instituições de ensino) como informais (estar imerso na cultura) podem
contribuir para a proficiência linguística, porém, de forma diferente. Antes dele,
acreditava-se que apenas ambientes formais seriam capazes de ensinar o sujeito.
Essa teoria foi dividida em cinco hipóteses.
c) Hipótese do Monitor
A habilidade de produzir enunciados em uma língua é fruto de um conhecimento
inconsciente que tem função de monitorar a produção. Quando falamos, nos
77
d) Hipótese do Input
Essa teoria defende que conseguimos adquirir língua estrangeira sem receber
instrução explícita. Mas, para ela também essa aquisição se dá pelo recebimento de
inputs compreensíveis e suficientes e a partir dele vamos construindo nossa gramática
de L2.
Nessa teoria, o ensino, a instrução da língua têm pouca utilidade. Mas, o input
somente não é suficiente, o ouvinte também tem que estar aberto a ele.
O output no aprendizado de língua estrangeira é também muito necessário.
Quando nos corrigimos e corrigimos o output, consolidamos regras de maneira indireta.
f) Críticas ao modelo
Esse modelo sofreu críticas de pesquisadores e de professores que sentiram seu
papel diminuído na aquisição da linguagem.
Output colabora com a aquisição/aprendizagem;
Interação e colaboração têm papel importante na aquisição de L2;
Exercícios formais também colaboram no desenvolvimento de um conhecimento
linguístico. Há pontos que se tornam inconscientes através de exercícios;
Crítica ao uso do DAL para explicar aquisição de L2;
Há autores que discordam de uma ordem natural para aquisição de L2;
78
a) Variáveis sociais
Padrões de dominação: dominação de uma cultura com maior status político sobre
outras (o dominado, como forma de resistência, pode não querer aprender a língua
do dominador);
Estratégias de integração: se o sujeito abandona o estilo de vida relacionado à
cultura da sua vida materna, em prol do estilo de vida da língua que ele está
aprendendo, isso facilitará o aprendizado. Entretanto, se o sujeito é resistente, isso
dificulta seu aprendizado;
Fechamento: quantidade de atividades que o aprendiz compartilha com os membros
do grupo da língua-alvo. Quanto maior é o contato, menor é o fechamento, o que
facilita o aprendizado da língua;
Coesão e tamanho: muitas vezes fazemos parte de um grupo de falantes da nossa
língua materna, esse grupo é grande e muito coeso. Isso impedirá o contato com os
falantes da língua-alvo e o aprendizado dessa segunda língua;
Congruência e similaridade: as culturas se diferem, quanto mais as culturas
divergirem, mais difícil será o aprendizado dessa segunda língua, o que ocorre em
oposto quando as línguas são similares;
Atitude: se o aprendiz tem uma postura positiva para receber a língua-alvo, assim
como os membros dessa língua-alvo também tem uma postura positiva para receber
esse aprendiz, mais fácil será a aquisição da segunda língua;
Tempo de residência pretendido: quanto maior o tempo da pessoa naquela
comunidade, melhor ela a adquirirá.
c) Críticas ao modelo
O modelo apenas enfoca na questão da integração social e psicológica do aprendiz
com o grupo da língua-alvo, ele não pensa sobre as outras motivações, etc;
Não explica casos de aquisição onde a língua não é falada;
Não dá conta do fator de subjetividade (será que todo mundo que gosta daquela
língua irá aprende-la?);
Crítica ao caso de Alberto pois foram apresentados dados de produção, mas não
foram apresentados dados de compreensão. Adquirir uma língua é produzir e
compreender;
Falantes que não se identificam com a cultura da língua-alvo não conseguirão ter
bom desempenho linguístico?;
Utilizou apenas um aprendiz malsucedido para basear seus dados. E os outros?
pobreza de estímulo. Por isso, ele é um dos principais modelos gerativistas de aquisição
de L2.
De acordo com esse modelo, somente o input não é suficiente para a aquisição
de L2. Ou seja, os dados que recebemos não são suficientes para aprendermos tudo que
sabemos dessa segunda língua. Dessa forma, esse modelo propõe que existem uma série
de questões inatas que agem sobre o input e permitem que esses sujeitos produzam uma
gramática mental da L2. O sujeito desenvolve uma gramática mental da L2, de acordo
com essa teoria.
Há modelos que dizem que temos a gramática mental da L1, mas não da L2,
para esses modelos, adquirimos formas, estruturas, mas não uma gramática mental da
L2. Já o modelo da gramática universal diz que devemos ter uma gramática mental que
propicia o aprendizado dessa segunda língua.
O modelo monitor também se baseava no gerativismo, mas não foi adotado por
eles. Já o modelo da gramática universal foi sim adotado pelos gerativistas.
A GU, entretanto, se transformaria ou geraria uma língua específica? Há quem
defenda que a GU se formatava e se transformava na gramática particular daquela
língua. Entretanto, há quem defenda que não há uma transformação, mas sim que a GU
gera uma nova gramática particular. A proposta de geração foi muito defendida por
quem estudava sujeitos bilíngues porque se a GU se transformasse em uma única
gramática particular, como os sujeitos teriam duas gramáticas de língua materna. Esses
autores afirmam que a GU gera uma nova gramática particular.
Se a GU se transformasse, seria possível acessar os princípios anteriores? Os
parâmetros que não foram aceitos?
língua, mas lidam com essa tarefa de maneira diferente (o adulto tem consciência,
ele sabe o que está estudando);
Aprendizes precisam construir uma gramática da L2 com base no input fragmentado
que recebem;
Diferentemente das crianças, os adultos já possuem uma língua de comunicação;
Na aquisição de L1 todos os falantes são bem sucedidos, mas, no caso da aquisição
de L2, dificilmente um adulto consegue adquirir a língua como um nativo, apesar de
também produzir mais do que o input recebido;
Há grande variação no nível de proficiência na L2 que é atingido pelos aprendizes.
b) Perguntas que norteiam esse modelo:
Qual é o estado inicial da aprendizagem? – Quando o sujeito está aprendendo a L2,
qual o estágio inicial de aprendizado? É a L1, é a GU? Será que a GU ainda está
disponível? É a GU acessada pela L1?;
Qual é a natureza da interlíngua e como esse sistema se desenvolve ao longo do
tempo? – A interlíngua é esse mecanismo que está em aprendizes de L2 e que
contem características da L1 e características da L2, ela se encontra no processo de
aprendizagem da L2;
Qual é o estado final da aprendizagem? – há um estado final de aprendizado? O
sujeito terá uma produção igual a um falante nativo da língua?
O que falar sobre erros (esses erros compõem a interlíngua) cometidos por alguns
falantes durante o curso da aquisição de uma L2?
o Fernández (1997) relaciona os erros que geralmente são cometidos pelos
aprendizes com a interlíngua, ou seja, para tal autor os erros são parte
obrigatória, indício e estratégia no processo de ensino-aprendizagem que
passa por uma série de estágios (ou pela interlíngua) até chegar a língua alvo.
É comum esse processo de erros, ele faz parte do processo de criação de L2;
Quando os aprendizes demonstram um conhecimento específico e abstrato de
propriedades linguísticas nas quais nunca poderiam ter sido aprendidas pelo input da
L2 e nem são derivadas da gramática da língua materna, pode-se dizer que
princípios da GU estão atuando na interlíngua;
Além disso, os erros presentes na produção desses sujeitos não são assistemáticos, o
que caracteriza a gramática de aprendizes de L2 como uma gramática não selvagem,
indicando a presença da atuação da GU.
83
d) Transferência linguística
A transferência ocorre quando pegamos uma característica da primeira língua e
transfere para a segunda. Esse conceito de transferência é muito usado no modelo da
gramática universal porque ele lida com o conceito de interlíngua. A interlíngua é o
local no qual existem transferências, onde se usam características da língua materna na
segunda língua. Mas, como seria a transferência nesse estado inicial da aquisição de L2?
Apesar de haver um considerável consenso entre a maioria dos autores que a língua
nativa de um falante pode influenciar de fato a língua não nativa, existe pouca
concordância sobre: (i) o que é transferido; (ii) o quanto é transferido da língua nativa
para a língua não nativa.
Por isso, os teóricos gerativistas se dividem em três propostas:
f) Críticas ao modelo
Parece não haver uma teoria consistente, mas um conjunto de hipóteses sobre a
aquisição de L2;
86
a) Linguística cognitiva
Forte rejeição ao inatismo, rejeita a ideia de que existem conhecimentos linguísticos
inatos ao ser humano, ela entende que existem conhecimentos que são inatos e que
auxiliam na aquisição de linguagem, contudo, nenhum deles seriam princípios
linguísticos;
Rejeição à ideia de modularidade da mente, ideia de que a mente seria um grande
processador geral e que não haveria separação entre linguagem e pensamento, por
exemplo;
A língua é fruto da experiencia humana, há uma relação entre corpo e linguagem. A
língua se constrói pelo uso, pelas experiências que temos;
Língua está conectada à memória, pensamento;
A linguagem surge como outras cognições surgem, através de processos da nossa
mente que são de domínio geral que servem tanto para a linguagem como para
outros aspectos. Dentre esses processos estão:
o Categorização;
o Agrupamento;
o Memória;
o Analogia;
O principal é entender que para esse modelo a linguagem não estaria dissociada das
outras cognições, mas ela está conectada ao pensamento.
87
b) Bases teóricas
Estuda a mente por uma perspectiva computacional, os dados de entrada (input)
e os dados de saída (output). A aprendizagem é uma consequência de conexões
repetidas da rede neural e se caracteriza por mudanças de padrões nessas conexões.
A mente humana é formada por neurônios que, por sua vez, formam redes. Essas
redes garantem o aprendizado e conforme vamos aprendendo algo, vamos reforçando
essa rede. Quando um aprendizado não é mais alimentado, usamos essas redes para
outras coisas.
No início do aprendizado prestamos mais atenção e estamos mais atentos a ele,
até para evitarmos erros. Entretanto, conforme vamos usando mais e mais a rede, o
conhecimento vai ficando fixo e isso explica o que seria a fossilização e o
fortalecimento da rede neural (aquele erro que o sujeito tem em uma segunda língua e
que não adianta o quanto ela exposta à língua, ela mantém o erro).
Para essa teoria, a aprendizagem é sempre fruto de associações. A língua não é
separada de suas funções, como situações comunicativas, naturalísticas e funcionais
para a aprendizagem.
Teorias formalista de linguagem: behaviorismo e inatismo, acreditam que a
língua pode ser estudada por si só. Teorias funcionalista: para estudarmos linguagem,
temos que estudar também o que a influencia, como os fatores sociais, fatores de
situação comunicativa, etc.
Para o conexionismo, todas as estruturas linguísticas são baseadas por algum
fator ou social ou uma situação comunicativa. Ademais, os comportamentos universais
não são inatos, mas sim os mecanismos neurais que implementam esses conhecimentos.
c) Modelo de aquisição de L2
As unidades linguísticas e suas restrições emergem gradualmente em resposta a
estruturas recorrentes encontradas no input, em uma forma que é afetada pelas
estruturas, significados e restrições da primeira língua. Vamos recebendo dados da L2 e
vamos tentando construir redes a partir desses dados.
Os aprendizes individuais podem ter representações únicas, dependendo da
natureza do input recebido e de sua primeira língua, dentre outros fatores. Para a
aquisição de L2, cada sujeito poderá ter uma rede neural específica porque a forma
como essas redes vão ser estabelecidas depende do input recebido e da sua L1.
88
d) Críticas ao modelo
Como está relacionado com o behaviorismo e o associacionismo, recebeu as
mesmas críticas dadas a eles (essa ideia da experiencia, da repetição, do mecanismo,
de como a criatividade não é exemplificada);
Visa apenas uma parte do conhecimento, excluindo a interação;
Limitação das evidências empíricas;
Interpretações controversas;
Não descreve a gramática mental do aprendiz nem as restrições impostas às
hipóteses dos aprendizes sobre o sistema linguístico. Não traz informações sobre
como o sujeito aprende a própria língua, como estão as informações gramaticais
dentro da mente do sujeito.
2) Perspectiva da complexidade
89
a) Base teórica
Pequenas alterações no sistema podem provocar consequências enormes e
imprevisíveis, mas ao mesmo tempo, grandes fenômenos podem nem sempre trazer
grandes situações. A teoria lida com fenômenos não lineares. Ela com fenômenos nem
previsíveis e demonstra que, mesmo em condições muito semelhantes, o
desenvolvimento de um sistema pode seguir rotas muito diferentes. Exemplo, sementes
que são colocadas nas mesmas condições podem florescer ou não, isso varia conforme o
caso.
Essa teoria estuda sistemas (coisas que acontecem no mundo) que, de acordo
com essa teoria são 12:
Sistemas são dinâmicos: mudam com o tempo, a forma deles pode variar conforme
o tempo;
Sistemas são complexos: os elementos que o compõem estão sempre em interação,
o que faz surgir o comportamento do sistema;
Não lineares: não necessariamente proporcionais àquilo que lhes deu causa;
Caóticos: passam por instabilidades, por períodos distintos;
Sensíveis às condições iniciais: pequenas mudanças nas condições iniciais podem
gerar consequências inesperadas;
Imprevisíveis: passam por períodos de aleatoriedade, de alternância;
Abertos: recebem energia do ambiente que os fazem mover e contrabalancear a
dissipação de energia, os sistemas estão sempre em interação com o ambiente, mas
essas interações podem levar até a morte do sistema;
Auto-organizáveis: a ordem pode surgir espontaneamente a partir da desordem, o
sistema mesmo se organiza;
Adaptativos: capacidade de auto-organização, o sistema pode se modificar,
aprender a ter outra forma de maneira a se adaptar a uma nova condição;
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Apresenta atrator estranho: Ciclos que se repetem, mas nenhum deles segue a
mesma trajetória, apesar de semelhantes. É como o fruto que brota sempre da
árvore, os ciclos em que isso ocorrem são distintos, apesar de frequentes;
Sensíveis a feedback: o sistema vai se modificando conforme o que acontece ao seu
redor;
Fractal: padrão geométrico autossemelhante em todas as escalas. O sistema é
organizado de maneira hierárquica, a base do sistema é repetida e aumentada com o
tempo de forma a torna-lo mais complexo.
b) Base teórica
A professora Vera Lúcia Paiva, professora da UFMG, é uma das percussoras da
teoria da complexidade quanto a aquisição de L2. Ela afirma que a linguagem é um
sistema complexo, isto é, tem todas as características vistas anteriormente. Para ela,
linguagem é um sistema dinâmico não-linear e adaptativo composto por uma
interconexão de elementos biológico-cognitivo-sócio-histórico-culturais e políticos que
nos permitem pensar e agir na sociedade. Pensa-se a língua como um sistema
adaptativo, que se auto organiza, que tem seus padrões recorrentes de uso. Linguagem é
um sistema adaptativo complexo e tudo a influencia como biológico, cognitivo, fatores
históricos e culturais, relações entre política e linguagem.
Mas, o que pode caracterizar a língua como um sistema complexo?
Níveis de análise: fonema morfemas sentenças sentido sentido e
contexto (categorias pequenas a maiores categorias, com organização similar, o que
sugere uma organização de fractal);
A linguagem é um sistema individual, cada um pode usá-la da forma como suas
características permitem;
Sistema adaptativo no sentido de que há variação e mudança, há inserção de novas
palavras;
Interferência de fatores biológicos, sociais, históricos, que alteram a forma como um
indivíduo fala. Patologias também modificam a forma como a língua é usada;
Qualquer mudança no sistema individual gera grandes mudanças no sistema
linguístico do sujeito. Se um sujeito muda de estado, por exemplo, há muita
mudança na gramática dele;
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c) Modelo de aquisição de L2
A aquisição de L2 é um sistema adaptativo complexo, há muitos elementos em
interação;
A língua para essa teoria é desenvolvida e não adquirida, uma vez que o sujeito
participa dela. O desenvolvimento é uma série de mudanças de estabilidade e
instabilidade relativas, o sujeito vai participar de situações comunicativas e a
aquisição vai se dando;
O sistema muda de um momento para o próximo, sendo o momento imediato
precedente o ponto de partida para o próximo;
A aquisição de L2 não tem início, meio e fim. Mas é uma progressão sequencial: um
fenômeno irregular, não linear, interativo (output e input) e auto-organizado;
A aquisição emerge da interação com outros seres humanos dentro de um contexto
social.
O desenvolvimento da interlíngua é influenciado pelos seguintes fatores:
o Língua-fonte;
o Língua-alvo;
o Elementos marcados na L1 e na L2. Elementos marcados são aqueles que se
diferenciam nas línguas fonte e alvo;
o Quantidade de input;
o Quantidade de interação;
o Quantidade e tipo de feedback (quando recebido em modelo formal);
o Outros fatores que influenciam: idade, aptidão, hemisférios do cérebro,
fatores sociopsicológicos como motivação e atitude, fatores de
personalidade, estilos cognitivos, sexo, estratégias de aprendizagem, ordem
de nascimento, interesses, etc. Tudo isso pode influenciar a aquisição de L2
e uma mínima mudança, por se tratar de um sistema adaptativo complexo,
pode trazer grandes mudanças;
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3) LA Suleada
A LA vai dizer que os materiais didáticos, nas representações do ensino de
língua sempre há uma imagem estereotipada ao colonizar, ao estrangeiro distante. Ao
mesmo tempo, há uma invisibilização daquele que está perto de nós, nos materiais de
ensino de espanhol, por exemplo, nunca vemos um latino americano. Nunca vemos um
africano, um indiano em livros de inglês.
A LA Suleada tem como papel dar voz, representar pessoas que não são
representadas nos materiais didáticos de ensino de língua estrangeira.
A prática social faz parte do escopo da LA;
Posicionamento político e comprometimento com uma agenda de pesquisa aplicada
da linguagem com cunho social relevante;
Discussões sobre: sexo e gênero, racismo, proletarização de profissionais, exclusão
e inclusão no ensino público, interculturalidade etc;
Olhos voltados para o Sul epistemológico;
o Sul: sujeitos socialmente marginalizados.
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a) Decolonialidade
A língua é um lugar de experiências e práticas sociais que envolvem sujeitos
atravessados por suas identidades sociais e relações de poder. Quem fala inglês tem
muito poder social, quem fala português do Brasil tem mais poder do que quem fala
português de Moçambique. Isso tudo marca as relações entre as línguas. Percebemos
essas relações de poder entre as línguas nas línguas que são consideradas oficiais em
um país. A língua estabelece muitas relações de poder e aqueles que tem o poder de
uma língua são sempre os colonizadores, os povos colonizados são deixados de
lado;
Povos colonizados são relegados a uma posição inferior;
Decolonialidade: descolonizar os materiais didáticos de ensino da língua estrangeira.
Proposta: corpos de negros, LGBTs, mulheres, imigrante, trabalhadores/as, pobres
e/ou outras minorias que não coadunam com práticas conservadoras que se querem
hegemônicas devem estar também nos materiais didáticos;
Formação social de sujeitos também faz parte da LA;
b) Brechas
O que fazer se estivermos diante de um material didático totalmente eurocêntrico
que não podemos mudar? Em atividades chamadas “brechas” podemos trazer um
material que vai nos trazer essa perspectiva da LA.
O papel do professor de LA é trazer outras visões para abrir os olhos daqueles
alunos e a partir daí fazer transformações sociais.
c) Translinguísmo
Sistemas mesclados tendem a ser caracterizados como uma “maneira errada” de
falar ou uma “fala incorreta”, referindo-se às produções linguísticas realizadas pelos
aprendizes durante o processo de aprendizagem;
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d) Políticas linguísticas
Políticas linguísticas são o estudo da relação de poder entre línguas. Políticas
interlinguísticas: políticas entre línguas. Estudo dos fatores políticos entre as variedades
de uma língua (intralinguística) ou entre línguas (interlinguísticas).
Políticas de ensino de língua. Políticas de formação de professores são essenciais
para o ensino de línguas.
Política de formação de profissionais também se faz super importante para que a
LA seja utilizada em seus trabalhos.
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