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Linguagem, funções executivas e emoção

Prof.ª Virgínia Baptista Chaves Duarte de Lima

Descrição

A importância da linguagem e os centros cerebrais de controle da linguagem, bem como os processos neurais que
envolvem as funções executivas e as emoções; memória de trabalho; controle inibitório; flexibilidade cognitiva e
redes frontais executivas. Emoções primárias, secundárias e de fundo; teorias da emoção; amígdala e medo; córtex
pré-frontal e processamento emocional da tomada de decisão.

Propósito

Perceber que a linguagem, os comportamentos motivados, nossas emoções e as funções executivas são
essenciais para respostas adequadas à vivência em sociedade como a conhecemos, compreendendo, dessa forma,
que identificar as bases neurais de tais processos é importante para que se entenda as diferentes respostas
humanas, bem como suas adaptações.

Objetivos
Módulo 1

O processamento da linguagem

Identificar os principais locais de processamento da linguagem no cérebro humano.

Módulo 2

Funções cognitivas
Reconhecer as principais funções cognitivas processadas pelo controle executivo.

Módulo 3

Processamento de emoções
Identificar a importância do processamento de emoções na tomada de decisões.

meeting_room
Introdução
Imagine a seguinte situação: Um professor em uma sala de aula (virtual ou não).

Ele precisa explicar conceitos específicos sobre determinado assunto aos seus alunos. Para tal, ele organizou
previamente um plano de aula, no qual estruturou suas ideias principais e a ordem dos assuntos que serão
abordados.

O professor inicia sua fala, e os alunos ouvem o discurso e fazem anotações em seus cadernos, tablets e
smartphones. A comunicação se estabeleceu e foi bem-sucedida. O professor conseguiu com sucesso passar sua
mensagem, que foi transmitida por meio do uso da linguagem verbal e não verbal. Além de sua fala, o professor
providenciou imagens sobre o assunto em questão, e isso facilitou o entendimento da matéria.

Nesse processo, tanto o professor quanto os alunos realizaram diversas atividades, na sala ou mesmo antes de
chegar a ela — das mais simples (como amarrar o cadarço do tênis) às mais complexas (como elaborar esquemas,
gráficos e imagens que facilitem a compreensão de determinado conteúdo).

As funções executivas são as ações diretamente associadas a partes específicas do cérebro.

Ao mesmo tempo, não somos capazes de compreender como aconteceria a cena hipotética que mencionamos sem
imaginarmos se o professor chegou bem-humorado ou não, ou se algum aluno sequer anotou uma frase, já que se
recusava a dar atenção àquele que lhe deu nota 2,0 na prova anterior.

Impossível imaginar as relações humanas se elas fossem desprovidas de emoções, já que elas são tão necessárias
como habilidades adaptativas quanto os mecanismos de tomada de decisão.

Dessa forma, compreender como a emoção é processada no cérebro pode trazer informações relevantes sobre o
comportamento humano em diferentes situações.

É exatamente isso que vamos estudar agora!

1 - O processamento da linguagem
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais locais de processamento da
linguagem no cérebro humano.
Por que estudar a linguagem?

A importância da linguagem
Mas o que é linguagem afinal?

Podemos defini-la como um sistema de comunicação com regras específicas para que um emissor envie
mensagens a um receptor, de maneira que a mensagem principal seja compreendida.

Os sistemas de comunicação abrangem algumas especificações. São elas:

Sistema de comunicação próprio expand_more

Embora alguns animais, incluindo primatas não humanos, possuam sistemas de comunicação próprios, a
linguagem humana, sem dúvidas, é a mais complexa. Basta observarmos como a língua de determinado
local sofre mudanças com o tempo: recebe novas palavras, criam-se neologismos, termos, gírias.

Avanço tecnológico expand_more

Com o avanço da tecnologia e das realizações humanas em todas as áreas, novas palavras e novos
vocabulários são criados a fim de acompanharem o desenvolvimento da sociedade. Sem contar as palavras
que são absorvidas das mais diversas línguas e modificadas para se ajustarem às regras gramaticais de
outra localidade. Com certeza, nossas tataravós não saberiam dizer o que é um drone ou um smartphone.
Entretanto, ambos fazem parte de nossa vida no presente e sabemos seus significados e suas funções.

Evolução humana expand_more

A linguagem, portanto, é uma adaptação fundamental na evolução dos seres humanos, e não é formada
apenas de sons específicos, mas envolve ainda gestos e expressões faciais, que trazem emoção ao
discurso.

Durante muito tempo, o estudo da linguagem humana limitou-se a ensaios e testes com pacientes com
lesões cerebrais, cujos danos restringiram aspectos da linguagem. Porém, com o avanço da tecnologia de
imagens, foi possível inserir a Neurociência no processo de investigação das áreas cerebrais voltadas à
linguagem, o que possibilitou uma compreensão maior do fenômeno.

Alguns aspectos da linguagem


A linguagem pode ser desmembrada em componentes mais específicos. Veja os detalhes:

Linguagem verbal
Inclui a vocalização de sons e a compreensão deles via sistema auditivo.

Linguagem escrita
Encarrega o sistema visual de receber os estímulos para a compreensão da informação.

Linguagem braille
Será o Sistema somestésico o primeiro a receber as informações necessárias para que a comunicação ocorra ao
utilizar o braille.
istema somestésico
Ligado à percepção tátil.

raille
Sistema de escrita com pontos em relevo que as pessoas privadas da visão podem ler pelo tato e que lhes permitem
também escrever; anagliptografia.

Dessa maneira, dependendo do tipo de linguagem utilizada, haverá um pareamento de sistemas para a
compreensão da mensagem.

Quando comparamos a linguagem verbal falada com a linguagem escrita, por exemplo, entendemos que a primeira
possui fortes bases neurais, uma vez que, nos primeiros meses de vida, os seres humanos já são capazes de iniciar
processos de aprendizagem neste campo.

Ao passo que a escrita ocorre em etapas posteriores da vida e depende de uma educação formal, o que nem
sempre ocorre. No entanto, a linguagem deve ser considerada universal, no sentido de que todas as sociedades
apresentam sistemas bem definidos de regras e se comunicam, ao menos, verbalmente.

A universalidade da linguagem nos traz a ideia de que tal fenômeno é inato ao ser humano e que, provavelmente,
existam áreas específicas no cérebro para o processamento desses dados.

Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de linguagem:

Fonema

São unidades formadoras das palavras. São sons distintos, cuja junção resulta em palavras e frases.
Sintaxe

É uma estrutura de regras gramaticais para associação de palavras em frases.

Semântica

Representa a compreensão do significado das palavras.

Prosódia

São inflexões, entonações de voz, gestos e expressões faciais que acompanham a fala.

Áreas encefálicas envolvidas na fala


Você já se deu conta que a associação entre regiões cerebrais e a fala é uma descoberta relativamente recente?

Exatamente! Durante muito tempo, acreditou-se que todos os processos de regulação da fala se davam apenas em
níveis inferiores, mais especificamente os músculos da boca, língua e laringe.

Acompanhe a evolução dessa descoberta:

1770

Foram observados os primeiros indícios de que as áreas encefálicas estariam associadas a


problemas na fala.

1863

O neurologista francês Paul Broca publicou um artigo relatando vários casos de indivíduos com
lesões nos lobos frontais, especificamente no hemisfério esquerdo, nos quais a linguagem estava
comprometida.
1864

Broca propôs que havia dominância do hemisfério esquerdo, no que diz respeito à linguagem, em
relação ao hemisfério direito.

Confira, agora, alguns aspectos relacionados as áreas encefálicas e a relação entre os problemas na fala.

Procedimento de Wada

O procedimento de Wada é uma técnica mais moderna desenvolvida por Juhn Wada, no Instituto Neurológico de
Montreal, relacionada a pesquisas na área de epilepsia. Esse procedimento consiste na administração de um
barbitúrico de ação rápida pela artéria carótida de apenas um dos lados do pescoço, o que faz com que apenas um
hemisfério seja anestesiado. Dentre os efeitos transitórios, estão: paralisia do corpo no lado contralateral à injeção e
problemas na execução de tarefas que, especificamente, são controladas pelo hemisfério anestesiado. Observe a
imagem:

uhn Wada
Juhn Wada (Japão, 1924) desenvolveu pesquisas na área de epilepsia, incluindo sua descrição do teste de Wada para
domínio hemisférico cerebral da função da linguagem. Suas principais áreas de interesse são: assimetrias do cérebro
humano e neurobiologia da epilepsia.

Procedimento de Wada.

Utilizando anestésicos de ação rápida, é possível anular as funções de um único hemisfério e observar as atividades
que ele regula. Dessa forma, foi possível associar a anestesia do hemisfério esquerdo e a total incapacidade de fala.
Em 96% dos destros e em 70% dos canhotos, o hemisfério esquerdo é dominante para a fala. Apenas em uma
parcela muito pequena da população observa-se bilateralidade da fala.
Área de Broca

Área de Broca, nome dado em homenagem ao neurologista Paul Broca (1824-1880), é a região do cérebro
identificada como a responsável pela articulação da fala.

Mais tarde, complementando o estudo, o neurologista alemão Karl Wernicke (1848-1905) mostrou que lesões no
hemisfério esquerdo, fora da área de Broca, também resultam em dificuldades na fala. Tal área ficou conhecida
como área de Wernicke e localiza-se próximo ao córtex auditivo e ao giro angular.

Apesar de tais áreas ainda hoje estarem envolvidas em aspectos da linguagem, sabe-se que seus limites não estão
totalmente esclarecidos e podem ser ainda mais abrangentes.

Componentes principais do sistema de linguagem no hemisfério esquerdo.

Além disso, há variações entre os indivíduos, já que existem questões genéticas associadas à linguagem. Como o
cérebro e suas estruturas são plásticos e mutáveis frente aos diferentes estímulos ao longo da vida, os circuitos
podem sofrer variações de um indivíduo para o outro.

O estudo das afasias e o modelo Wernicke-Geschwind


Você já percebeu que parte dos estudos sobre a linguagem e sua associação com áreas encefálicas advém da
análise de casos de afasias?

Resposta

É isso mesmo! A afasia é a perda parcial ou completa da fala, resultante de lesões encefálicas. Na maioria das
vezes, isso acontece sem que haja perda cognitiva ou da capacidade de mover os músculos envolvidos na fala.

A afasia de Broca, também conhecida como afasia motora ou não fluente, é caracterizada pela perda da capacidade
de fala, com preservação da compreensão do que é ouvido ou lido. Pessoas com essa síndrome apresentam fala
difícil e telegráfica com recorrente anomia, ou seja, incapacidade de encontrar nomes.

Tal anomia é seletiva, uma vez que palavras de conteúdo, como substantivos, verbos e adjetivos, são
frequentemente utilizadas. Já palavras de função, como artigos, conjunções e pronomes, não são utilizadas e não
fazem parte das frases.

Conclui-se que a afasia de Broca está relacionada a algum tipo de dificuldade motora na articulação da fala, uma
vez que a compreensão é mantida, porém a externalização das palavras, não.

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O estudo das afasias
Assita ao vídeo e conheça mais sobre afasias: características e tratamento.

Wernicke sugeriu que a área lesada na afasia de Broca poderia ser responsável pelo controle motor na articulação
de sons e palavras. Tal ideia faz sentido quando percebemos que a área de Broca está localizada próximo à área do
córtex motor, que controla a boca e a língua.

Entretanto, em alguns pacientes com essa síndrome, observa-se a possibilidade de eles falarem palavras como bee
(abelha, em inglês), mas nota-se igualmente a incapacidade de pronunciar palavras foneticamente similares como
be (ser, em inglês).

Conclui-se, portanto, que o problema estaria na distinção entre palavras de função e palavras de conteúdo, e não em
problemas meramente motores, como muitos pesquisadores da área afirmam.

Acompanhe mais alguns aspectos sobre a afasia de Wernicke:

Tarefa não verbal


Devido ao fluxo de fala incompreensível, é difícil verificar com a afasia de Wernicke se há ou não compreensão do
que é dito ou escrito. Então, designa-se determinada tarefa não verbal para checar a compreensão do paciente.
Por exemplo, pode-se pedir ao indivíduo que coloque determinado objeto sobre outro. O que se observa é que não
há capacidade de compreensão mesmo para tarefas simples como essa.

Sons de entrada
Da mesma maneira que a área de Broca fica perto de regiões motoras que controlam boca e língua, a área de
Wernicke está localizada próxima ao córtex auditivo.

Tal associação pode induzir à ideia de que tal área está relacionada aos sons de entrada e seus significados. Em
outras palavras: seria uma área de formação de memória entre sons e seus significados, o que gera a compreensão
da palavra propriamente dita.

Regulação da linguagem
Ainda em seu estudo com afásicos, Wernicke propôs um modelo de processamento de linguagem no encéfalo, o
qual foi complementado por Norman Geschwind (1926-1984).

Esse modelo, conhecido por Modelo de Wernicke-Geschwind, acaba sendo uma simplificação do que ocorrem em
termos de regulação da linguagem na realidade.

Para compreendermos o modelo de Wernicke-Geschwind, vamos considerar duas situações distintas. Observe!

Repetição de palavras

Nesse caso, as informações chegam ao encéfalo via sistema auditivo até o córtex auditivo que, por sua vez,
processa as informações recebidas, as quais somente serão reconhecidas como palavras com significado quando
processadas na área de Wernicke.

As palavras serão finalmente pronunciadas depois que as informações chegarem à área de Broca, onde comandos
neurais serão enviados às regiões motoras responsáveis pelo controle da língua e dos músculos associados à fala.

Repetição de palavras faladas (Modelo de Wernicke-Geschwind).

Leitura em voz alta de um texto escrito


Sendo a tarefa a leitura de um texto escrito, o processo final é similar, mas o início difere pelo fato de o sistema de
entrada ser o visual, e não o auditivo.

Nesse caso, as informações chegam ao córtex visual, são processadas e passam ao giro angular, onde serão
novamente processadas e transformadas em sinais de saída para a área de Wernicke, como se fossem sinais
falados, e não escritos.

O processo final é o mesmo do caso anterior, com as informações sendo levadas à área de Broca e, então, para o
córtex motor.

Repetição de palavras escritas (Modelo de Wernicke-Geschwind).

Simplificações do modelo de Wernicke-Geschwind


Embora coerente, o modelo acaba simplificando demais certos aspectos.

Exemplo

As informações visuais podem chegar diretamente à área de Broca, sem passar pelo giro angular.

As informações visuais não precisam ser transformadas em informações auditivas, como sugerido. Além disso,
sabe-se atualmente que os danos nas afasias de Broca e Wernicke dependem da extensão das áreas lesadas e de
regiões não mencionadas no modelo, como o núcleo caudado e o tálamo (ambas áreas subcorticais).

Outro aspecto importante reside no fato de que, em um acidente vascular cerebral (AVC), a borda limítrofe das
lesões é variável, o que pode incluir ou não áreas de relevância à linguagem e que acabaram excluídas do modelo.

Foram reportados, ainda, estudos que evidenciam a recuperação de áreas lesadas, ou ainda a substituição de
função por áreas anteriormente não relacionadas à linguagem, o que agrava a compreensão dos quadros. Vários
casos de afasia são acompanhados de disfunções da fala e da compreensão ao mesmo tempo.

Dessa forma, foram propostos modelos mais complexos de análise, mas que mantêm alguns aspectos básicos do
modelo de Wernicke-Geschwind.
Afasia de condução
Na afasia de condução ocorre desconexão entre as áreas de Broca e Wernicke. Tal perda de conectividade ocorre
devido a lesões no fascículo arqueado, um conjunto de fibras que conectam ambas as áreas de linguagem.

Nesse tipo de afasia, a compreensão e a fala são mantidas. Entretanto, como há perda da comunicação entre as
áreas, há perda da capacidade de repetir palavras. O paciente até pode ouvir uma palavra ou frase e compreender o
que foi dito, mas será incapaz de repeti-la em voz alta da forma correta.

Feixe arqueado – fibras responsáveis pela conexão entre as áreas de Broca e Wernicke.

Especialização hemisférica
Quando Paul Broca apresentou seus trabalhos sobre a prevalência do hemisfério esquerdo na formação da
linguagem, a comunidade científica entendeu e aceitou que haveria dominância de tal hemisfério em relação ao
direito, que teria apenas funções secundárias e coadjuvantes. Entretanto, o conceito de dominância hemisférica
tornou-se ultrapassado; o que se entende atualmente é o conceito de especialização, e não dominância.

A especialização hemisférica se traduz em hemisférios distintos, cada qual especializado em um grupo de funções.
Porém, ambos trabalham em conjunto, integrados por milhões de fibras denominadas comissuras cerebrais.
Comissuras cerebrais.

O conceito de especialização é correlacionado a outros dois conceitos. Veja:

Lateralidade
A lateralidade ocorre quando não há bilateralidade em alguma função e algum hemisfério acaba sendo responsável
por determinada função majoritariamente.

Assimetria
O conceito de assimetria é mais amplo e pode ser considerado sob a ótica de diversas modalidades: assimetrias
morfológicas, funcionais e comportamentais.

ssimetrias morfológicas
Uma observação precisa ser feita para que nenhuma informação seja considerada de forma simplista. O conceito de
especialização hemisférica não pode ser traduzido como se o hemisfério esquerdo fosse inteiramente responsável pela
fala e o direito, pelas emoções, por exemplo. Tais fatos incorrem em afirmações que carecem de necessária
comprovação científica.

Ainda sobre esse estudo, utilizou-se pacientes cujas comissuras foram seccionadas a fim de evitar crises
epilépticas fortes. É possível pesquisar as especialidades hemisféricas fornecendo estímulos que serão
processados apenas por um lado do cérebro. Por meio de tais estudos, foi possível localizar as especializações e
associá-las aos seus respectivos hemisférios, como também perceber o papel das comissuras na integração dos
hemisférios.

Por exemplo, quando falamos, veiculamos tanto informações cognitivas quanto afetivas, e isso se dá por integração
entre os hemisférios. A prosódia é codificada pelo hemisfério direito, enquanto o esquerdo regula a compreensão
linguística e a fala. Confira:

omissuras
Conjunto de fibras que têm a função de ligar um hemisfério do cérebro a outro.
Especialização hemisférica.

Acredita-se que a única generalização permitida quando se trata de especialização hemisférica é a de que o
hemisfério esquerdo trata de funções mais específicas, enquanto o direito regula funções mais globais.

Com o avanço das técnicas de imagem, foi possível observar em mais detalhes a ativação de partes específicas do
encéfalo quando da execução de determinadas tarefas.

Os resultados obtidos por ressonância magnética funcional de interferência (IRMf) e tomografia por emissão de
pósitrons (TEP) mostram certa bilateralidade na execução de tarefas ligadas à linguagem, indo de encontro ao que
se observa majoritariamente por meio de exames com pacientes lesionados ou em situações de anestesia
hemisférica, como no teste de Wada.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A ideia de hemisférios dominantes não é mais aceita desde que se entendeu que os hemisférios se
complementam em funções, não necessariamente executando as mesmas ações, mas especializando-se.
Sobre a fala e especialização hemisférica, é possível afirmar que

A o hemisfério esquerdo é o único responsável pela execução da fala.

B ambos os hemisférios estão envolvidos na construção da linguagem.

C as comissuras permitem a comunicação entre neurônios do mesmo hemisfério.


D tanto em indivíduos destros quanto em indivíduos canhotos observa-se em igual proporção a
dominância do hemisfério esquerdo.

E o hemisfério direito é o único responsável pela execução da fala.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Apesar de a maioria das regiões designadas para a fala estarem localizadas no hemisfério esquerdo, o
conjunto de informações resultantes da fala inclui processamento linguístico do hemisfério esquerdo, mas
também processamento prosódico, o qual é resultado do hemisfério direito.

Questão 2

Grande parte dos estudos que deram origem à área de Neurociência da Linguagem advém de pacientes com
lesões oriundas de cirurgias ou lesões causadas por acidentes vasculares que culminaram em afasias
específicas. Entretanto, embora nos ofereçam informações relevantes sobre funções comprometidas a partir
das lesões, alguns dados contrapõem tais estudos. Assinale a afirmativa correta sobre o assunto:

As afasias podem variar em sintomas devido ao tamanho e à região das lesões que as geraram,
A
trazendo alguns indícios de que as regiões definidas originalmente possuem limites variáveis.

Apesar de as técnicas de imagem serem resultados mais específicos, a observação de


B
sintomas em afásicos traz mais detalhes sobre as áreas estudadas.

As áreas de Broca e Wernicke são específicas, respectivamente, no controle de compreensão da


C
linguagem e controle do aspecto motor da linguagem.

As lesões que resultam em afasias fornecem dados bastante acurados sobre a localização dos
D circuitos referentes à formação de linguagem, tanto em compreensão quanto em resposta
motora.

As lesões que resultam em afasias devem ser identificadas somente por meio de exames de
E
imagem.
Parabéns! A alternativa A está correta.

As lesões que ocasionam afasias são, normalmente, oriundas de AVCs, os quais podem variar em extensão e
fatores associados. Dessa maneira, os dados relacionados a tais condições podem não ser exatamente
específicos em termos de localização e função relacionada. Os exames de imagens podem proporcionar mais
dados associados, facilitando o estudo de tais regiões no encéfalo.

2 - Funções cognitivas
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as principais funções cognitivas processadas
pelo controle executivo.

Controle executivo

A importância das funções executivas


Já parou para pensar sobre qual a importância das funções executivas?
Todos os dias, executamos diversas atividades e respondemos ao ambiente com comportamentos normalmente
adequados às situações. Vamos ao trabalho, à faculdade, dirigimos, pegamos transportes, deparamo-nos com
pessoas, por vezes desconhecidas, e lidamos com situações, ora corriqueiras, ora desafiadoras.

Em paralelo, para criar respostas adequadas aos estímulos, nosso encéfalo (composto por cérebro, cerebelo, tronco
encefálico), por meio de suas inúmeras e complexas conexões neurais, processa tais estímulos e adiciona ainda
componentes emocionais, memórias e outros aspectos que compõem nossas reações.

Em outras palavras, nossas ações externalizadas são resultado de uma série de processos executivos coordenados,
ou seja, existe um comando executivo atuando a todo momento na mediação de nossas respostas frente aos
estímulos recebidos constantemente.

Componentes do encéfalo.

Imagine-se na seguinte situação:

Você está entrando em um restaurante para almoçar com seu chefe. Você nunca esteve nesse restaurante; ainda
assim, sabe exatamente o que fazer. Você decide o prato que vai pedir levando em consideração suas preferências
alimentares, o custo-benefício de seu pedido e sua dieta recém-iniciada.

Paralelamente, você está preocupado com as respostas que dará ao seu chefe, já que, claramente, esse almoço é
um teste. Você decide rapidamente quais informações dará e de que maneira o fará utilizando a linguagem
adequada à situação.

Com certeza, não trará à tona o atraso do mês anterior, a não ser que seu chefe aborde o assunto. Você
provavelmente não vai beber do copo dele nem dar uma garfada no risoto de camarão que ele pediu. Também não
contará piadas.

Por que trouxemos tal exemplo?

Porque, embora pareçam ações comuns, pessoas com disfunções executivas, dependendo da região afetada,
podem ter dificuldades para atuar em tal situação.

Atenção!

O domínio executivo permite que consigamos planejar, flexibilizar quando necessário e autorregular nossos
processos mentais e comportamentais.
O conceito de função executiva veio da percepção de que indivíduos com sérios problemas comportamentais e de
personalidade podem apresentar resultados normais (ou até superiores em desempenho) em testes cognitivos
padronizados.

É o caso de Phineas Gage, o indivíduo cujo acidente com uma barra de ferro modificou sua vida e as pesquisas
sobre o funcionamento do cérebro (na verdade, encéfalo). Entenda mais a seguir.

O caso pioneiro

Simulação dos danos de conectividade e crânio de Phineas Gage.

Em 1848, Gage, que trabalhava na construção de uma estrada de ferro nos Estados Unidos, no auge de seus 25
anos de idade, teve a cabeça atravessada de baixo para cima por uma barra de ferro de 1m de comprimento e
30mm de diâmetro. Incrivelmente, foi levado com vida ao hospital, onde detectou-se a perda de parte do lobo frontal
esquerdo. Gage perdeu a visão e ficou com o rosto paralisado no lado onde a barra o atingiu.

Embora suas funções cognitivas estivessem aparentemente intactas, Gage foi incapaz de retornar ao trabalho
devido a mudanças drásticas em seu comportamento. Dentre elas, apresentava-se mais agressivo e menos
respeitoso com quem interagisse, principalmente se fosse contrariado. Passou parte de sua vida posterior ao
acidente exibindo-se em circos com sua barra de ferro. Faleceu junto à família de mal epiléptico.

Comentário

O caso relatado nos mostra a importância da função executiva ou do controle executivo. Phineas apresentou
resultados adequados em testes padronizados de funções cognitivas como memória, capacidade de realizar
cálculos, além de testes relacionados à linguagem. Entretanto, sua convivência em sociedade e a execução de seu
trabalho foram afetados de forma drástica por mudanças nas funções executivas.

Um dos axiomas da Neuropsicologia diz que o funcionamento executivo adequado gera autonomia ao indivíduo em
relação ao meio ambiente. Confira alguns aspectos importantes desse tema:

xiomas
Axioma, originário da lógica, corresponde a uma sentença inicial ou fundamento de alguma teoria sobre a qual se
desenvolvem novos conceitos.

Autonomia perdida x lesões

Quando a autonomia é perdida por lesões específicas em áreas relacionadas ao controle executivo, perde-se
parte da capacidade adaptativa ao ambiente.

Autonomia perdida x meio ambiente

A perda de autonomia em relação ao ambiente está relacionada ao fato de que os estímulos externos, em
situações em que a função executiva não está preservada, acabam por se tornar prevalentes em relação às
vontades e aos planejamentos do indivíduo.

Para compreender essa relação entre autônima perdida e o meio ambiente, é necessário analisar um dos principais
testes de função executiva, que é o teste de Stroop ou teste de interferência cor-palavra, que consiste em dois
momentos, veja:

O estímulo apresentado é a imagem de círculos de cores diferentes.

Ocorre o teste de interferência propriamente dito. O estímulo, agora, consiste na mesma sequência de
cores. Porém, em vez de círculos coloridos, aparecem os nomes de cores impressos em cores
incongruentes.

Neste teste, é pedido ao indivíduo que diga em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das cores de uma
sequência dada.

Agora é com você! Faça o teste de Stroop!

Instrução: Você vai precisar de um cronômetro.


Prancha com estímulos de denominação de cores.

Etapa 1:
Leia em voz alta, o mais rápido que conseguir, o nome das cores disponíveis na figura. Marque o tempo que você
gastou para realizar essa leitura.

Prancha com estímulos de interferência cor-palavra (os nomes são impressos em cores incongruentes).

Etapa 2:
Leia em voz alta, o nome escrito das cores na figura. Marque, também o tempo que você gastou para realizar essa
leitura.

Qual o tempo que você gastou para realizar a leitura de cada teste?

Com os tempos anotados em cada tarefa, verifica-se que pessoas cujas funções executivas estão íntegras, ocorre
uma diferença de, em média, dez segundos entre a primeira etapa e a segunda.

No entanto, como tal teste comprova a integridade (ou não) das funções executivas? Entenda!

A leitura exerce certo predomínio sobre a denominação de cores em pessoas alfabetizadas. Dessa maneira, o
estímulo sensorial da palavra escrita acaba sendo mais forte do que o estímulo de denominação da cor impressa.

Comentário
Para obter sucesso no teste, o indivíduo deve suprimir a tendência natural de ler a palavra escrita, o que indica
flexibilidade e autonomia sobre os estímulos ambientais.
Os indivíduos que não possuem as funções executivas íntegras levam muito mais tempo para executar a segunda
parte do teste, pois tendem a verbalizar o nome da cor impressa.

Componentes preferenciais das funções executivas


Existem diversas abordagens ao se nomear as funções executivas (FE). É possível encontrar listas extensas do que
seriam ou são tais funções.

Porém, antes disso, é importante compreender que a ideia de controle executivo é algo maior, por trás de funções
cognitivas como a memória e a atenção, por exemplo. Além disso, tal controle superior tem por objetivo,
dependendo da situação, exercer um direcionamento de nossas funções cognitivas. Isto é, existem funções
cognitivas que nos permitem compreender o mundo, dar atenção aos estímulos adequados e reagir a eles. Acima
de tais funções, está o comando executivo gerenciando como todas essas funções serão orquestradas a fim de
retornar uma ação adaptativa.

Apesar de ser possível encontrar listas com componentes distintos, entende-se que os principais elementos de
controle executivo são:

Memória do trabalho

Esse tipo de memória gerencia a nossa capacidade de reter e manipular informações distintas por curto espaço de
tempo. Tal função permite que consigamos realizar tarefas sequenciais com início, meio e fim, sem se perder em
meio às informações. Indivíduos com lesões no córtex pré-frontal podem apresentar distúrbios de memória de
trabalho e, com isso, tornam-se incapazes de ler um texto extenso ou cozinhar, por exemplo. Ao ler um texto, é
necessário memória de trabalho para que se possa lembrar do parágrafo anterior e dar sentido ao que se está
lendo. É esse tipo de memória que possibilita a realização de cálculos mentalmente e a estruturação de
pensamentos complexos que dependam de várias informações simultâneas.

Flexibilização cognitiva

Essa função executiva visa sustentar ou alternar atenção em resposta a diferentes demandas ou, ainda, auxilia a
aplicar diferentes regras a situações adequadas. Por exemplo, um indivíduo faz seu caminho até a faculdade todos
os dias. Entretanto, em um dia específico, pode ser que ele necessite passar no banco antes de ir à faculdade e,
assim, terá de modificar seu trajeto habitual. Parece algo simples de se fazer, já que há um objetivo: passar no
banco. Entretanto, pessoas com lesões do córtex pré-frontal podem se mostrar incapazes de reorientar seus
trajetos, já que a “regra” original é manter o caminho até a faculdade diariamente.

Controle inibitório
Essa é a habilidade utilizada no controle de nossos impulsos, a fim de que resistamos a distrações e hábitos e
consigamos parar antes de reagir. Esse tipo de controle permite a atenção seletiva e sustentada, além da
capacidade de priorizar tarefas a fim de alcançar objetivos pré-estabelecidos. Está correlacionada diretamente aos
processos de controle emocional.

Em resumo, o controle executivo é evocado quando é necessário suplantar respostas prepotentes, ou seja,
respostas habituais e que são mais fortes do que as novas ações requeridas. Em outras palavras, as funções
executivas são necessárias quando é preciso atuar de forma contrária a um hábito fortemente adquirido.

O controle executivo atua de forma antagônica às formas automáticas de processamento. Estas formas
automáticas de processamento de estímulos exercem o controle bottom-up, ou seja, de baixo para cima,
significando que os estímulos sensoriais (sentidos) e suas associações criaram um hábito.

ábito fortemente adquirido


Quando alguma ação é repetida por nós muitas vezes, cria-se um hábito. Neurologicamente, isso significa que houve a
criação de um circuito específico que se repete em looping toda vez que um gatilho é apresentado.

Redes executivas frontais: anatomia das funções executivas

Uma vez que entendemos que as funções executivas são vitais para a adaptação ao ambiente, resta conhecer as
regiões responsáveis por essa atuação.

Os primeiros indícios de localização de um sistema de controle executivo advêm de estudos em lesões cerebrais
que resultam em síndromes cognitivas peculiares, como as observadas no caso de Phineas Gage. Tais síndromes
levam a localizações que remetem às regiões de lobos frontais.

Lobos cerebrais.

Durante algum tempo, entendeu-se que os lobos frontais eram o epicentro das funções executivas, visto que alojam
uma série de áreas importantes relacionadas a processos cognitivos, como linguagem e áreas motoras, por
exemplo. Entretanto, a maior parte das síndromes que levam a disfunções de comportamento convergem para a
região específica do córtex pré-frontal (CPF).

Tal região é dividida em 3 partes: córtex pré-frontal dorsolateral, córtex pré-frontal orbitofrontal e córtex pré-
frontal ventromedial.

Regiões do córtex pré-frontal.

O córtex pré-frontal (CPF) possui inúmeras conexões com áreas cerebrais. Compreenda mais algumas:

O CPF possui grande número de conexões com áreas cerebrais que processam informações
externas, incluindo todos os sistemas sensoriais, além de áreas motoras corticais, assim como
informações internas das estruturas límbicas (centro da emoção) e mesoencefálicas.

Logo, o CPF exerce importante função ao processar inúmeras informações internas e externas a fim
de orientá-las no alcance de objetivos específicos.

Não basta ver, ouvir e compreender informações; elas precisam ser coordenadas para gerar
respostas adequadas.

Grande parte dos dados sobre o CPF advém de estudos em pacientes com lesões da área.
A seguir, descreveremos algumas das funções executivas impactadas por danos no CPF. Confira, então, alguns
aspectos relacionados ao córtex pré-frontal:

Controle inibitório expand_more

Pacientes com danos no CPF podem apresentar um comportamento conhecido como perseveração (ou
perseverância), que consiste em manter comportamentos desencadeados por estímulos sensoriais, mas
sem dar a eles a devida adequação circunstancial. É o caso de um indivíduo que, a cada vez que se depara
com um copo de água, não resiste e toma todo o líquido, mesmo sem saber a quem pertence.

Planejamento expand_more

Mesmo quando lesões do CPF mantêm intactas as unidades básicas de comportamento, a capacidade de
organização pode ser perdida. Um indivíduo com lesões específicas no CPF pode apresentar dificuldades em
ordenar certos comportamentos, como a execução de uma receita.

Avaliação de consequências expand_more

Para gerar comportamentos direcionados a objetivos, é necessária a capacidade de avaliar as


consequências de diversas ações. Pacientes com lesões do CPF, especialmente na área orbital, mostram-se
incapazes de avaliar os prós e contras de suas ações, o que resulta em decisões ruins em curto, médio e
longo prazos. Pesquisas na área (DAMASIO, 1996) mostraram que o córtex pré-frontal orbital é capaz de
associar pistas afetivas às decisões a serem tomadas, e tal associação emocional gera alto peso na tomada
de decisões. Lesões nessa área específica tornam indivíduos inaptos em vários testes simples de tomada de
decisão.

Aprendizagem e utilização de regras expand_more

A habilidade de abstrair e generalizar regras é de extrema importância no contexto da aprendizagem.


Entretanto, quando se perde tal função executiva, o indivíduo perde a capacidade de aplicar regras e moldá-
las aos diferentes contextos. Nesses casos, a pessoa terá de lidar com cada nova situação na base de erros
e acertos, pois é incapaz de reutilizar e adaptar regras aprendidas.
video_library
Redes executivas frontais: anatomia das funções executivas
Entenda a seguir sobre a aprendizagem e a utilização de regras.

Como você pode observar, essas funções e habilidades são desenvolvidas no córtex pré-frontal, que desempenha
um papel relevante no controle executivo. Entretanto, algumas síndromes chamadas disexecutivas foram
associadas a regiões não frontais.

Atenção!
Vale destacar, que devido ao grande alcance de técnicas de imagem, é possível estabelecer que tais síndromes
causadas por lesões situadas fora dos lobos frontais, mas em regiões ricamente associadas a eles por conexões
podem ser diagnosticadas.

Você já compreendeu a importância do controle executivo em nossa vida. No entanto, a pergunta natural que
poderia surgir a partir de tais conhecimentos é:

Todos nascem com a plenitude de suas funções executivas?

A resposta para essa pergunta é não!

Mas, uma boa notícia é que tais funções e habilidades podem ser desenvolvidas ao longo da vida, a partir dos
estímulos corretos. Em parte, não nascemos com elas porque os lobos frontais são os últimos a serem finalizados
em termos de desenvolvimento cerebral. Por outro lado, ao longo da vida, concomitantemente ao desenvolvimento
de tais estruturas, temos experiências e estímulos que auxiliam no desenvolvimento cada vez maior dessas
habilidades. Observe no gráfico:
Curva de desenvolvimento de funções executivas desde a infância até a adolescência.

Como vimos, as funções executivas começam a ser desenvolvidas logo após o nascimento, com uma janela de
oportunidade entre as idades de 3 e 5 anos. O crescimento em tais habilidades continua até a adolescência e o
início da fase adulta. A proficiência começa a ocorrer em fases mais tardias da vida.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

As funções executivas são essenciais para a adaptação dos indivíduos ao ambiente e permitem que as
respostas e o comportamento sejam adequados às diferentes situações. Apesar de existirem uma série de
funções classificadas como executivas, o controle executivo pode ser entendido como

A uma série de regiões cerebrais relacionadas ao comportamento em sociedade.

B o controle inibitório exercido pelo córtex pré-frontal em quaisquer situações.

C a coordenação de diversas funções cognitivas a fim de gerar respostas adaptadas ao ambiente.

a função principal do córtex pré-frontal, a única estrutura envolvida no controle de funções


D
superiores.

E a coordenação somente de funções cognitivas superiores.

Parabéns! A alternativa C está correta.

As funções executivas são, na verdade, o gerenciamento cerebral das principais funções cognitivas, e isso é
feito por diversos circuitos. Dentre eles, alguns específicos envolvendo os lobos frontais e as áreas não
corticais associadas.

Questão 2
Dentre as várias funções executivas, uma é particularmente importante para que se leve uma vida normal em
termos de execução de tarefas organizadas. Pacientes com lesões no córtex pré-frontal em áreas específicas
podem encontrar dificuldades em ler textos, organizar tarefas e lembrar-se de sua última refeição, por exemplo.
Tal função executiva está relacionada a

A controle inibitório.

B planejamento.

C memória de trabalho.

D atenção.

E avaliação.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A Memória de trabalho é aquela que confere ao indivíduo a capacidade de reter, por curto espaço de tempo,
algumas informações a fim de manipulá-las em contextos distintos. A perda de tal capacidade é extremamente
limitante, impedindo que funções simples, como a leitura de um texto ou a execução de tarefas ordenadas,
sejam executadas.
3 - Processamento de emoções
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a importância do processamento de emoções
na tomada de decisões.

As emoções
É possível encontrar diversas definições de emoção, variando entre significados puramente linguísticos e outros
mais biológicos. Compreenda mais alguns aspectos:

Biológico

Do ponto de vista biológico, as emoções representam um conjunto de reações fisiológicas, químicas e neurais que
atuam como base para a organização de respostas comportamentais correspondentes.

Percepção

É importante compreender que as emoções são igualmente geradas e gerenciadas por sistemas neurais, os quais
são capazes de lidar não somente com as respostas dadas frente às emoções, mas também com a percepção
delas.

Estados emocionais

Outro aspecto importante é a adaptação que os estados emocionais configuram para a sobrevivência da espécie.
Sem as emoções, é muito difícil gerar respostas adequadas aos diferentes estímulos.

Veja a seguir situações que mostram como as emoções são essenciais em nosso dia a dia.

Exemplo
1. Um aluno que perdesse a capacidade de se sentir triste após ser reprovado em uma prova, talvez não
mobilizasse esforços a fim de obter melhor nota no próximo exame.

2. Em casos mais drásticos, animais que não apresentam respostas comportamentais de medo quando
ameaçados por predadores terão poucas chances de sobrevivência.

Classificação das emoções humanas


As emoções podem ser classificadas de três maneiras: primárias; secundárias e de fundo.

As emoções primárias são inatas, ou seja, é comum a todos os seres humanos, independentemente de fatores
socioculturais.

O primeiro pesquisador a estudar o assunto foi ninguém menos que Charles Darwin (1809-1882). O pai da teoria da
evolução observou que algumas expressões emocionais eram similares em diferentes culturas. Atualmente, os
pensamentos de Darwin a respeito de emoções primárias foram corroborados por pesquisadores, em especial Paul
Ekman, renomado psicólogo que aprofundou e sistematizou o estudo sobre expressões faciais humanas e criou um
método para sua identificação.

Basicamente, o consenso entre os pesquisadores da área reside nas seguintes emoções primárias: alegria, tristeza,
medo, nojo, raiva e surpresa. Provavelmente consideradas inatas por serem indicadores de comportamentos de
sobrevivência conservados na espécie humana.

Na figura é possível identificar algumas emoções, tais como: alegria, medo, surpresa, nojo e raiva.
Emoções primárias demonstradas por expressões faciais.

Seguem, então, alguns conceitos comuns utilizados na área de linguagem:

Emoções secundárias
Relacionadas a fatores socioculturais. Variam de um indivíduo para o outro, por exemplo, a vergonha. Determinado
ato pode ser vergonhoso para uns, mas não para outros, dependendo das crenças e dos costumes de determinada
sociedade, ou mesmo da formação pessoal do indivíduo.

Emoções de fundo
São aquelas relacionadas a estados de bem ou mal-estar, e podem ser associadas à percepção de estados internos
do indivíduo. Portanto, sua classificação com as emoções não é consenso entre os pesquisadores. Um exemplo de
emoção de fundo seria uma percepção de falta de energia (não cansaço) por parte de alguém.

É importante não confundir expressão emocional e experiência emocional. Enquanto a a expressão está
relacionada às mudanças fisiológicas resultantes da base neural das emoções, como respostas hormonais,
motoras e comportamentais, a experiência faz referência aos estados emocionais que vivenciamos, como
ansiedade, tristeza ou raiva.

As teorias sobre emoções


Várias teorias foram postuladas sobre como as emoções são formadas e processadas. Entretanto, duas teorias são
de especial interesse, por serem, de certa forma, antagônicas, apesar de não haver consenso no meio científico
sobre qual se aplica à realidade de forma plena. Uma dessas teorias é a dos pesquisadores William James (1842-
1910) e Carl Lange (1834-1900) e foi proposta em 1884.

Segundo os autores, sentimos tristeza porque começamos a chorar; sentimos felicidade porque sorrimos, e assim
por diante.

Dessa maneira, a ideia central é a de que:


Alterações de nossos estados corporais são capazes de provocar emoções específicas.

Segundo a teoria de James-Lange, a base das emoções estaria na captação de estímulos emocionais, os quais
seriam processados via córtex sensorial, desencadeando respostas motoras específicas (riso, choro, taquicardia
etc). Tais mudanças seriam percebidas no córtex cerebral, provocando, então, a percepção da emoção em si. Veja:

Esquema da Teoria de James-Lange, reproduzido a partir do livro Neurociência da mente e do comportamento.

Já no século XX, a teoria sofreu críticas frente a algumas constatações, como o fato de algumas alterações
corporais ocorrerem frente a emoções diferentes.

Por exemplo, como posso identificar corretamente o medo com base na taquicardia, se ela também ocorre em
situações de surpresa e até alegria? Um dos principais opositores da Teoria de James-Lange foi o americano Walter
Cannon (1871-1945). Ele propôs que, enquanto a informação emocional é processada pelo encéfalo, são geradas
respostas corporais e a consciência da emoção simultaneamente.

Onde estão as emoções?


Após as teorias das emoções ganharem os pesquisadores da área, buscou-se procurar efetivamente as áreas
cerebrais responsáveis pelos fenômenos emocionais. Quem primeiro postulou a localização de tais regiões foi o
anatomista americano James Papez (1883-1958), trazendo a público a ideia de sistemas e circuitos, e não somente
áreas isoladas no cérebro.

As estruturas identificadas por Papez, em conjunto, ficaram conhecidas como Circuito de Papez e incluíam o córtex
cingulado, o hipocampo, o hipotálamo e os núcleos anteriores do tálamo.
Estruturas relacionadas ao Circuito de Papez, posteriormente chamado de sistema límbico.

Apesar de alguns locais efetivamente serem importantes para os circuitos de emoção, outros foram acrescentados
posteriormente, como a amígdala, que desempenha papel fundamental nas emoções negativas (como o medo e a
raiva) e o córtex pré-frontal. Por sua vez, não há evidências de que o hipocampo esteja envolvido na formação de
emoções, apesar de participar do processo de desenvolvimento de memórias, incluindo as emocionais.

Veja as duas principais estruturas cujas funções estão consolidadas em termos de gerenciamento das emoções:
amígdala e córtex pré-frontal:

Estruturas modernas do sistema límbico.

Amígdala

A amígdala é uma estrutura localizada no polo do lobo temporal e recebe conexões de todas as áreas sensoriais,
com exceção do sistema olfatório, e conexões provenientes do neocórtex, giros para-hipocampal e cingulado.

Ela também se conecta ao hipotálamo.

Localização da amígdala nos dois hemisférios cerebrais

As amígdalas possuem uma função extremamente importante no desenvolvimento e nas demonstrações das
emoções. Veja mais alguns aspectos importantes dessa área cerebral:

Aspecto 1 expand_more

Sua função está ligada fortemente ao medo e à ansiedade. Estudos realizados com primatas não humanos,
cujas amígdalas eram lesionadas bilateralmente por medicamento, demonstraram perda das respostas de
medo. Os macacos ganharam docilidade e tenderam a ignorar situações comuns de perigo. Era como que
não temessem mais seus predadores ou situações perigosas, chegando mesmo a manipular cobras
sintéticas, por exemplo.

Aspecto 2 expand_more

Além de outras associações (como formação de memórias emocionais negativas), a amígdala foi
relacionada ainda ao fenômeno de formação do medo condicionado. Isso foi demonstrado, entre outros
experimentos, quando ratos eram expostos inicialmente a um breve estímulo auditivo e pequenos choques.
Após o condicionamento, apenas o estímulo auditivo era suficiente para gerar ativação da amígdala e
respostas de medo, como aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e secreção de hormônios,
como os glicocorticoides.

Aspecto 3 expand_more

Logo, constatou-se que a amígdala exerce papel primordial em detectar ameaças do ambiente e gerar os
comportamentos adequados a elas. Lesões da amígdala levam à perda da capacidade de reconhecer
perigos e ameaças, o que pode ser prejudicial à sobrevivência, deixando indivíduos sujeitos a situações reais
de perigo.

Córtex pré-frontal

O córtex pré-frontal corresponde à porção mais anterior do lobo frontal e pode ser dividido em três regiões:
orbitofrontal, ventromedial (relacionada à emoção) e dorsolateral (relacionada a funções cognitivas).

Localização das regiões ventromediais e orbitofrontais do córtex pré-frontal.

Os estudos nessa área iniciaram-se após o clássico de Phineas Gage. Porém, o grupo do neurologista português
Antônio Damásio contribuiu bastante para o estudo do córtex pré-frontal. Eles identificaram um homem cuja perda
de parte do córtex pré-frontal se deu devido à retirada cirúrgica da região em tratamento, em razão de um tumor
agressivo (DAMÁSIO, 1996).
Nesse contexto, o homem também passou a apresentar condutas alteradas, principalmente no que dizia respeito a
julgamentos e tomadas de decisão, que eram constantemente inapropriadas.

Curiosidade
Você sabia que em testes realizados, puderam perceber que os indivíduos, a fim de tomaren decisões acertadas,
além do componente racional, necessitam de uma espécie de antecipação emocional, a qual pode gerar
modificações fisiológicas que podem ser perceptíveis ou não (como sudorese, taquicardia, entre outras)? Tal
hipótese é denominada hipótese do marcador somático e propõe basicamente que, quando antecipamos algum
tipo de emoção, regiões específicas do cérebro são ativadas exatamente como se estivéssemos vivenciando-a.
Dessa maneira, indivíduos com lesões no córtex pré-frontal perdem a capacidade de antecipar tais estados, e isso
os leva a tomar decisões errôneas.

Motivação

Com certeza, você já ouviu, especialmente em ambiente educacional, alguém falar em motivação. Porém, o que
significa motivação para você?

Quando nos sentimos motivados, temos a tendência de realizar algo ou ir ao encontro de alguma coisa. Não é
basicamente essa a ideia que você tem?

Em neurociências, podemos chamar tal fenômeno de estado motivacional. Esses estados geram comportamentos
motivados. Assim, a motivação está associada ao movimento. Por exemplo, o estado motivacional de frio nos leva
ao comportamento motivado de buscar agasalho.

É muito comum associarmos motivação a questões emocionais, quase como se fosse uma emoção por si só.
Entretanto, quando tratamos de motivação e comportamentos motivados em neurociências, estamos falando de
questões que dizem respeito à adaptação e sobrevivência.
Basicamente, a regulação da motivação pode ser dividida em dois sistemas:

Sistema apetitivo

Esse sistema está relacionado à sobrevida e procriação, portanto inclui estados motivacionais de fome, sede,
regulação da temperatura e sexo, por exemplo.
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Sistema defensivo ou aversivo

O sistema defensivo está associado a situações de perigo e ameaça e, portanto, gera comportamentos
motivados de esquiva e fuga.

No sistema apetitivo, existem órgãos importantes, como o hipotálamo, participando do processo de controle de
ingestão alimentar. Tal controle envolve a liberação de neurotransmissores e hormônios, em um arranjo complexo a
fim de manter a homeostasia.

Apesar de entendermos por que os organismos buscam comida, água, dentre outros fatores de sobrevivência, ainda
existe a dúvida sobre o que nos leva a determinados comportamentos geradores de prazer, como comprar, jogar,
dentre inúmeras outras atividades.

A resposta reside na obtenção de recompensa; dessa forma, muitos dos comportamentos podem ser motivados
por recompensas que não necessariamente têm a ver com a manutenção da espécie no planeta, mas, sim, com a
busca pela sensação de prazer.

omeostasia
O conceito de homeostase foi desenvolvido por Walter Cannon. Ele realizou trabalhos em fisiologia experimental,
denominando homeostase como o princípio de “meio interno em que o sangue e os demais fluidos que circundam as
células constituem o meio interno com o qual ocorrem as trocas diretas de cada célula e, por isso, deve ser mantido
sempre com parâmetros adequados à função celular, independentemente das mudanças que possam estar ocorrendo
no ambiente externo”. Assim, propôs que a função final de todos os mecanismos fisiológicos é a manutenção da
homeostase, que deve ser compreendida como “a manutenção da estabilidade do meio interno”. (SOUSA; SILVA;
GALVÃO-COELHO, 2015)

Reforço e recompensa

Como os pesquisadores conseguem estudar motivação e comportamentos motivados em animais? Utilizando


técnicas de autoestimulação elétrica.

Em experimentos clássicos da década de 1950, no Instituto de Tecnologia da Califórnia, posicionaram um rato em


uma caixa com uma alavanca.

Quando pressionada a alavanca, um breve estímulo era acionado por meio de eletrodos colocados em regiões
específicas do encéfalo do animal. Inicialmente, o rato pressionava a alavanca de maneira randômica, porém,
depois de um tempo, o animal permanecia próximo, pressionando-a incessantemente, a ponto de evitar água e
comida.

Autoestimulação elétrica.

Por esses experimentos, entendemos que a recompensa (no caso, o estímulo elétrico em regiões específicas)
reforçava o comportamento de puxar a alavanca. Por que comemos? Porque o ato de comer nos reforça o
comportamento de buscar comida, já que o alimento é necessário para a sobrevivência.

A região e os circuitos que configuram as vias de recompensa e reforço estão associados às fibras liberadoras de
dopamina (neurotransmissor), originárias da área tegmentar ventral e se projetam para o prosencéfalo.
Sistema dopaminérgico-mesocorticolímbico.

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Relação de reforço e recompensa aplicada à educação
Entada mais a seguir sobre reforço, recompensa e motivação.

Os experimentos demarcaram um momento marcante para identificação das emoções e como elas estão
associadas ao cérebro. Compreenda mais alguns aspectos:

No mesmo modelo de experimento citado, os pesquisadores injetaram drogas bloqueadoras de receptores


dopaminérgicos, ou seja, impediram a atuação da dopamina, causando diminuição na autoestimulação.

Esses experimentos sugerem fortemente que há reforço de certos comportamentos associados a recompensas
naturais, como água e alimentos. Interessante frisar que áreas dopaminérgicas cerebrais são ativadas em
antecipação à recompensa propriamente dita.

É o que ocorre quando vemos o garçom vindo em nossa direção com o prato que escolhemos. O cérebro percebe o
que está por vir e já ativa áreas relacionadas à recompensa em si.

Uma dúvida recorrente quando o assunto é o sistema de reforço e recompensa é a seguinte: como se estabelecem
os vícios? Basicamente, em situações nas quais buscamos avidamente por uma recompensa de forma incessante e
repetitiva, a fim de obter o que a Neurociência chama de resposta hedônica (prazer).
Podemos utilizar, como exemplo, a nicotina para explicar o processo que se forma no cérebro. Este composto,
presente em altas doses no cigarro, atua diretamente nos circuitos encefálicos de motivação de comportamento.
Logo, a ligação da nicotina a seus receptores em neurônios dopaminérgicos estimula a liberação da dopamina em
tais circuitos, reforçando o comportamento pela busca da droga.

O problema de tal reforço comportamental (além dos malefícios da própria nicotina em si em outras regiões do
organismo) é o efeito de tolerância. Tal efeito se dá como ajuste para a estimulação acentuada frente ao uso
crônico da substância, fazendo com que a resposta à nicotina diminua. Para obter os mesmos efeitos, serão
necessárias, daí por diante, doses cada vez maiores da droga.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Segundo a Teoria de James-Lange, as sensações periféricas nos fornecem substrato para as emoções; logo,
sentimos tristeza porque choramos, e assim por diante. Apesar de desacreditada durante um tempo, a ideia
original ressurgiu com o advento da Teoria do Marcador Somático, de Antônio Damásio. De que maneira se dá
tal associação?

Segundo a Teoria do Marcador Somático, os indivíduos necessitam do componente emocional


A
para a tomada de decisão em maior proporção do que a análise racional de fatos.

Segundo Damásio, a percepção de fatores somáticos corporais afetaria de forma negativa a


B
percepção de informações cognitivas, o que levaria a decisões ruins.

A antecipação emocional que se dá via marcadores somáticos oferece pistas importantes na


C
tomada de decisão quando analisadas com fatos.
Damásio sugere que as emoções são afetadas diretamente pelas reações corporais que temos
D frente às situações cotidianas; dessa maneira, a Teoria de James-Lange é corroborada por
completo.

De acordo com Damásio, a percepção de fatores somáticos corporais afetaria de forma


E
negativa a percepção de informações cognitivas, o que levaria a decisões para proteção.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Segundo a Teoria do Marcador Somático, as modificações somáticas que nos acometem, ainda que
imperceptíveis, atuam como direcionadores na tomada de decisão. Dessa forma, corrobora, em certo aspecto,
com a ideia de que sistemas periféricos têm influência na maneira como sentimos. Entretanto, Damásio deixa
claro que não há necessidade de que tais alterações sejam processadas conscientemente.

Questão 2

Os comportamentos motivados são frequentemente desencadeados por estados motivacionais internos.


Dessa maneira, a percepção de sensações e modificações somáticas se traduz em comportamento específico,
o que nos leva à busca por recompensas. Quando obtemos a recompensa, acionamos circuitos conhecidos,
que, em contrapartida, reforçam tais ações. Foi demonstrado que, antes mesmo de termos a recompensa em
mãos, áreas do cérebro já se encontram ativas, como se estivéssemos realmente vivenciando o processo.
Analise as situações descritas a seguir.

I. Ingerir alimento saboroso.

II. Beber água gelada no calor.

III. Vestir um casaco em situação de frio.

IV. Fugir de situação potencialmente perigosa.

As situações que se relacionam com a geração de reforço positivo são descritas em:

A I, II, III

B I, II, IV
C II, III, IV

D I, III

E I, IV

Parabéns! A alternativa A está correta.

O enunciado da questão já nos dá pistas de que, ao falarmos de reforço positivo, estamos nos referindo ao
reforço relacionado à recompensa, como estudamos nesse módulo. A situação de fugir de uma situação
potencialmente perigosa não se enquadra nesse processo, especialmente porque a ação do indivíduo não
provém de uma experiência de recompensa, mas, sim, de aversão.

Considerações finais
Esperamos que você tenha percebido a importância de reconhecer a complexidade dos seres humanos; até mesmo
atitudes mais simples – como observar uma paisagem, cantarolar uma música, decidir se ignora ou reage a uma
provocação – são fundamentadas por bases neurais, que também são complexas.

No entanto, outro ponto merece destaque: esse conhecimento, especialmente acerca da linguagem, das funções
executivas, da emoção, deve levar-nos a tomar consciência daquilo que nos define como espécie. Isso permite a
compreensão de como as respostas que damos a situações cotidianas são padronizadas, do ponto de vista
neurológico. Ao mesmo tempo, tal como o próprio desenvolvimento do cérebro se deu por adaptações, cada
indivíduo também é capaz de adaptar-se às circunstâncias que o envolvem, até mesmo em situações limites ( caso
de Phineas Gage). Isso caracteriza a importância do indivíduo, inclusive no contexto da espécie.

É exatamente aqui que gostaríamos que você percebesse a importância de cada vez mais conhecer e se aprofundar
no fantástico mundo da mente humana. Aproveite cada indicação feita no Explore +!
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Para encerrar, ouça uma conversa sobre a importância da Neurociência na Educação.

Referências
BEAR, M.; CONNORS, B.; PARADISO, M. Neurociências: Desvendando o sistema nervoso. 2 ed. Porto Alegre: Artmed,
2006.

CENTER ON THE DEVELOPING CHILD.. How Early Experiences Shape the Development of Executive Function.
Harvard University, 2011.

CENTER ON THE DEVELOPING CHILD. How Early Experiences Shape the Development of Executive Function.
Harvard University, 2012.

DAMASIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

MARCHETTI, P. et al. Influência da lateralidade nas assimetrias morfológicas e funcionais em indivíduos


sedentários. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano VII, nº 22, out/dez 2009. p. 08-14.

SOUSA, M.; SILVA, H.; GALVÃO-COELHO, N. Resposta ao estresse I: homeostase e a teoria da alostase. Estudos de
Psicologia. Vol. 20, no.1, Natal, jan/mar 2015.

WEINTRAUB, S. Cognition Assessment Using the NIH Toolbox. Neurology, 80 (Suppl 3), March 12, 2013.

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Confira o que separamos especialmente para você!
Leia o artigo Influência da lateralidade nas assimetrias morfológicas e funcionais em indivíduos sedentários.

Consulte o Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele é uma excelente fonte de artigos sobre
bases neurobiológicas dos distúrbios de linguagem.

A Universidade de Harvard disponibiliza em seu site excelentes materiais sobre as funções executivas. Um deles é o
guia absolutamente completo sobre o desenvolvimento de funções executivas desde a infância até a fase adulta e
sobre como desenvolvê-las de forma contínua (material disponível em inglês).

Pesquise sobre o Dr. António Damásio, que é uma referência no âmbito do processamento das emoções pelo
cérebro. É possível encontrar vídeos deles em plataformas como Youtube. Vale a pena ouvi-lo!

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