Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO À LÓGICA
Caro aluno/a, seja bem-vindo/a a última unidade da 11ª classe a qual se dedica a
Lógica. No nosso quotidiano deparamo-nos com situações que exigem processos sintéticos
que sejam compreensíveis ao outro. Não estamos nos referindo do acto comunicativo em si,
mas dos elementos que o compõem. Um enunciado ou uma frase pode ser gramaticalmente
correcto, mas ser logicamente inconcebível, apesar dos esforços desmedidos em logicizar i a
linguagem padronizando-a em um sistema coerente como a Gramática Normativa. Usamos a
lógica quando queremos convencer alguém, usamo-la na escola, na Igreja, hospital, etc., ela
representa o subsídio necessário a comunicação coerente, perceptiva entre os indivíduos.
Pedimos que preste atenção as aulas desta unidade pois haverá continuidade na 12ª classe e a
Lógica I é necessária para perceber a II.
.
Quando alguém nos diz “amor é amar”, “ser humano é homem ” e “o Homem é o
animal que comunica ”. Poderemos entender a seguir que essas asserções violam as regras de
definição pois não excluem a circularidade, a falta de essencialidade ou a diferença específica
característica de um objecto. Poderíamos aqui acrescentar palavras as ditas, mas o que eu te
peço é que dedique-se a ler e a estudar as lições porque bem sei que irás precisar da lógica
pelo resto da tua vida em várias esferas da vida. Boas aulas e abraços da professora,
Adelaide Machuvane.
2
A Lógica é, usualmente, tida como a disciplina filosófica, ou ciência, que tem por
objecto o pensar. De um modo mais sistemático, a Lógica é tida como a ciência que se ocupa
do estudo das leis gerais do pensamento.
Etimologicamente, Lógica é a ciência do logos, que significa ao mesmo tempo
«palavra, proposição, oração e pensamento». Gilbert Hottois, um pensador contemporâneo,
considera a lógica como estudo da razão na linguagem ou estudo do discurso racional.
Desde que nascemos, entramos logo em comunicação com os outros e com o mundo
que nos rodeia. O primeiro choro à saída do ventre da mãe é, talvez, a expressão primária
dessa necessidade de comunicação, traduzida na única linguagem possível naquele momento.
3
A linguagem humana, na sua forma comum que é a palavra, ocupa um lugar de relevo
entre os instrumentos culturais humanos. Utilizando uma terminologia hoje muito em voga,
diríamos: «os homens e as mulheres estão programados para falar e aprender línguas, uma vez
que a linguagem responde a uma necessidade fundamental da espécie humana: a necessidade
de comunicação».
Enquanto certas necessidades, que são mais do âmbito biológico, como comer, dormir
e respirar, se manifestam naturalmente, como sabemos, a linguagem, que se insere no âmbito
cultural, tem de ser aprendida sob a forma da língua própria da comunidade onde nascemos
ou crescemos, manifestando-se nos actos de fala próprios dessa comunidade.
Linguagem e comunicação
No nosso tempo, a comunicação aparece como um fenómeno complexo, uma vez que
o termo designa objectos e situações diversas.
Assim, falamos de comunicação pensando nos meios técnicos (rádio, TV, telefone,
fax, Internet...); falamos de comunicação pensando nos dispositivos que a propicia
(informação, formação, publicidade, etc.); e falamos obviamente de comunicação para nos
referirmos a qualquer situação de interacção entre os seres humanos, evocando imediatamente
a simples conversação, o diálogo, a discussão, o debate, e os enunciados discursivos nas
diversas situações diárias.
elementos fundamentais: uma fonte (o ser humano, um animal ou uma máquina) que emite
uma mensagem (uma frase, um gesto, um filme, etc.) em direcção a um alvo (um interlocutor,
um espectador, ou outro).
A Formação da Comunidade
A Internet representa tanto uma colecção de comunidades como uma colecção de
tecnologias, e o seu sucesso é largamente atribuído à satisfação das necessidades básicas da
comunidade e à utilização efectiva da comunidade na expansão da sua infra-estrutura. O
espírito da comunidade tem uma longa história, começando com a ARPANET. Os
pesquisadores da antiga ARPANET trabalharam numa comunidade fechada para conseguirem
fazer as demonstrações iniciais da tecnologia de transferência de «pacotes» descrita
anteriormente. Daí mesma forma, vários outros programas de pesquisa da ciência da
computação promovidos pela DARPA (Packet Satellite, Packet Radio e outros) foram fruto de
actividades de cooperação que usavam sobretudo qualquer mecanismo disponível para
coordenar os seus esforços, começando com o correio electrónico e acrescentando a partilha
de arquivos, acesso remoto e WWW (World Wide Web).
O Futuro da Internet
O correio electrónico ou e-mail foi a primeira aplicação da Internet e continua com um
valor inestimável. O e-mail permite a comunicação entre duas ou mais pessoas de uma forma
extremamente fácil. Pelo e-mail, podemos contactar com especialistas ou amigos em qualquer
parte do mundo apenas com um clique do «rato».
televisão e o cinema pela Internet. Surgiu uma nova geração de tecnologias básicas de rede
para atender às necessidades de acesso de alta velocidade: atendimento online com
visualização online, vídeo de alta qualidade, tradução de conteúdos para outros idiomas,
prontuário electrónico de pacientes com acesso descentralizado pela Internet, ênfase na
educação à distância a nível de ensino de cargos ou tutoriais de classes, pesquisas e eleições
interactivas, são exemplos de serviços que encontramos na Internet.
M. Leiner, Vinton G. Cerf, David D. Clark, Robert E. Kahn, Leonard Kleinrock,
Daniel C. Lynch, Jon Postel, Larry G. Roberts e Stephen Wolf
Quando a Filosofia usa o termo «discurso», considera-o uma operação intelectual que
se processa por uma série de operações elementares e sucessivas, encadeando-se numa
sequência ordenada de enunciados em que cada um retira o seu valor dos antecedentes,
procurando chegar a determinadas conclusões.
Existe uma estreita relação com a Lógica, normalmente considerada a ciência reflexiva
do discurso.
Por isso, os gregos usam o termo logos, que foi indiscretamente traduzido por
«discurso, razão» e ainda «linguagem».
Existem, no entanto, outras dimensões que não devemos ignorar e que abordaremos
primeiramente.
Dada a importância destas três dimensões e por razões metodológicas, daremos grande
desenvolvimento a cada uma. Iremos concluir que não estamos perante dimensões auto-
suficientes e independentes, mas sim perante dimensões indissociáveis.
Dimensão sintáctica
Recorrendo a uma definição mais abreviada, podemos dizer que a sintaxe trata da
relação interlinguística dos signos entre si (Karl-Otto Apel Sprachpragmatik und Philosophie,
7
Frankfurt, 1975) ou estuda as relações internas que os signos mantém entre si (Michel
Meyer Lógica, Linguagem e Argumentação; Teorema; Lisboa; 1992).
Usando uma definição mais elaborada, podemos dizer que «é o conjunto dos meios
que nos permitem organizar os enunciados, afectar a cada palavra uma função e marcar as
relações que se estabelecem entre as palavras. A ordem das palavras é um dos traços
característicos de qualquer sintaxe.» (Marina Yaguello; Alice no País da
Linguagem; Estampa; Lisboa; 1990).
Assim, por razões de carácter sintáctico:
Dimensão semântica
Michel Bréal define a semântica como ciência que se dedica ao estudo das
significações. Para Michel Meyer, a semântica trata da relação dos signos com o seu
significado e, logo, com o mundo.
Portanto, a semântica trata das relações dos signos (as palavras ou frases) com os seus
significados (significação) e destes com as realidades a que dizem respeito (referência).
Dimensão pragmática
Uma análise pragmática de um texto, escrito ou falado, procura ver de que modo o
texto está estruturado e quais as suas funções especificas.
Estas três dimensões do discurso (sintáctica, semântica e pragmática) não podem ser
isoladas; são indissociáveis. Vamos procurar algumas razões justificativas desta
indissociabilidade.
A sintaxe preocupa-se, essencialmente, com o que se poderia designar
por a forma gramatical da linguagem.
A semântica coloca, essencialmente, o problema do significado das
palavras e frases que constituem os nossos enunciados discursivos e, obviamente,
remete para a relação que a linguagem estabelece com o mundo, com os objectos,
colocando, assim, o problema de referência.
A pragmática preocupa-se com o uso que fazemos da linguagem num
dado contexto.
(Sintáctica, semântica e pragmática).
Acessórias (linguística, textual lógico racional, expressiva/subjectiva,
intersubjetiva/comunicacional, argumentativa, profântica, comunitária e institucional,
ética).
A lógica do conceito/termo
Conceito é simples apreensão, que é a primeira operação do espírito, é o ato pelo qual
se capta, noeticamenteii, alguma coisa. E o que mente capta (de capio, ceptum, daí cum -
ceptum) é o conteúdo do conceito, que é construído na mente e expresso pela mente.
A definição de conceito como apreensão ou representação intelectual e abstrata da
quidade (essência) de um objecto. Pelo seu carácter representativo e abstracto, o conceito
opõe-se à percepção ou intuição imediata; enquanto intelectual, distingue-se de toda a
representação, meramente sensível. Por outro lado, limitando-se à simples apreensão de uma
essência, sem nada afirmar ou negar, constitui a forma mais simples e elementar do
pensamento e o termo é a expressão verbal ou sua representação simbólica.
Extensão e compreensão
Extensão e compreensão. Ao examinarmos um conceito, em termos lógicos, devemos
considerar a sua extensão e a sua compreensão.
Vejamos, por exemplo, o conceito homem.
A extensão desse conceito refere-se a todo o conjunto de indivíduos aos quais se possa
aplicar a designação homem.
A compreensão do conceito homem refere-se ao conjunto de qualidades que um
indivíduo deve possuir para ser designado pelo termo homem: animal, vertebrado, mamífero,
bípede, racional.
Esta última qualidade é aquela que efectivamente distingue o homem dentre os demais
seres vivos.
Extensão – conjunto de seres, objectos aos quais o conceito se aplica.
Compreensão – conjunto de qualidades, propriedades, características ou atributos que
definem o conceito.
Designa-se extensão de um conceito, o conjunto de indivíduos (entidades/objetos) a
que o conceito se refere. A maior ou menor extensão de um conceito corresponde ao seu
maior ou menor grau de generalidade ou à sua maior ou menor proximidade à singularidade.
Assim, atendendo à sua extensão, os conceitos podem ser singulares, particulares, ou
universais.
11
Resumindo:
Compreensão e extensão variam na razão inversa.
À medida que aumenta a extensão, diminui a compreensão e,
À medida que diminui a extensão, aumenta a compreensão, ou seja,
quanto maior é o número de elementos a que o conceito se aplica (extensão), menor a
quantidade de características comuns (compreensão).
12
acidental ou casual só vale para aquele caso particular, para aquela situação específica, não
podendo ser generalizada e ser considerada válida para todos os casos ou situações iguais ou
semelhantes, pois, justamente, o caso ou a situação são únicos.
A morte, por exemplo, é um efeito necessário e universal (válido para todos os tempos
e lugares) da guerra e a guerra é a causa necessária e universal da morte de pessoas. Mas é
imprevisível ou acidental que esta ou aquela guerra aconteçam. Podem ou não podem
acontecer. Nenhuma causa universal exige que aconteçam. Mas, se uma guerra acontecer, terá
necessariamente como efeito mortes. Mas as causas dessa guerra são somente as dessa guerra
e de nenhuma outra. Diferentemente desse caso, o princípio da razão suficiente está vigorando
plenamente quando, por exemplo, Galileu demonstrou as leis universais do movimento dos
corpos em queda livre, isto é, no vácuo.
Em termos de Proposições: uma proposição é verdadeira ou então falsa não há outra
possibilidade; se encaramos uma proposição e a sua negação, uma é verdadeira a outra é falsa,
não há terceiro termo. De duas Proposições contraditórias, se uma é verdadeira, a outra é
falsa, e se uma é falsa a outra é verdadeira não há terceira possibilidade
Princípio da causalidade: todo o efeito pressupõe uma causa.
Princípio de substancialidade: tudo o que é acidental pressupõe a substancia, o que
muda supõe algo permanente.
Princípio da finalidade: todo o agente, age por um determinado fim, o fim é a 1ª
causa na intenção e última na realização.
Princípio do determinismo: há uma ordem natural das coisas, tal que , as mesmas
causas, postas nas mesmas circunstancias, produzem os mesmos efeitos.
Princípio de inteligibilidade: o ser é inteligível, a ordem do ser é a ordem do
pensamento.
Princípio da realidade: o mundo exterior existe.
Classificação dos conceitos e termos
Quanto à compreensão
-Simples: que não têm partes. Ex: Ser (a ideia de ser)
Compostos: são divisíveis. Ex homem, animal, planta.
Concretos: aplica se a realidades apalpáveis, objectos. Ex: gato, cadeira, livro.
Abstractos: aplica se a qualidades, acções, pensamentos ou estados. Ex: amor,
paixão, alegria;
Quanto à Extensão
14
Definição
15
T Subtipos Caracterização
ipos
Essencial Que se efectua indicando notas essências. Ex: Maputo é
a capital de Moçambique.
Descritiva Faz se enumerando as características relevantes e
R significativa. Ex: água é um líquido transparente, incolor,
eal insípida e inodoro que entra em ebulição a cem graus
centígrados.
Final Que define o objecto mediante a sua finalidade. Ex: a
faca é um instrumento cortante
Operacion Consiste em definir um conceito procedendo à sua
al avaliação e classificação. Ex: a idade mental é a medida da
inteligência calculada por partes.
Etimológic Esclarece o sentido da palavra a definir pelo recurso a
a origem, isto é, aos étimos da palavra. Ex: a filosofia é o amor do
N (pelo) saber.
16
Regras de Definição
1-a definição deve aplicar se a todo o definido e só ao definido.
Uma definição é valida quando aquilo que se atribui ao sujeito pertence só e só a ele.
Ex: O Gato é um animal que mia, a definição não deve ser ampla nem restrita demais,
portanto deve permitir a reciprocidade.
2-a definição não deve ser circular ou o termo a definir não deve constar na
definição.
Na definição não deve conter o termo a definir nem termos da mesma família, para
permitir que ela seja mais clara do que o definido. Ex: o homem é um ser homem.
3-a definição não deve ser negativa quando pode ser afirmativa.
Esta regra exceptua as definições de conceitos ou termos que são na essência
negativos, conceitos ou termos que designa privação. Ex: Órfão é o ser humano que não tem
pai nem mãe.
4-a definição não deve ser expressa em termos figurativos ou metafóricos
Se definir uma coisa é explicar o seu sentido, então com linguagem figurada ou
metafórico não dá precisão e clareza o significado do termo a definir. Assim sendo, evitemos:
Ex. O amor é fogo que arde sem se ver.
Os Indefiníveis
Será que todos os conceitos são definíveis?
Vimos que definir um conceito é explicá-lo, transformá-lo, pondo claro e distinto o
conceito ou termo. Vimos também, que a definição se faz pelo seu «género próximo» e a
sua «diferença específica», porém, nem todos os conceitos são definíveis. E esses estão
agrupados em três espécies:
Géneros Supremos: nem sempre é possível incluir o termo a definir (espécie) no seu
género mais próximo por excesso de extensão. Ex: o conceito «SER».
Indivíduos: se os géneros supremos são indefiníveis por excesso de extensão, também
os indivíduos são indefiníveis por excesso de compreensão. Isto porque, não é suficiente na
17
distinção com os outros conhecidos. Portanto, os indivíduos só podem ser nomeados, (João,
António, Américo etc)
Dados imediatos da experiencia: são tão claros. Não havendo a definição do «prazer»
ou «dor» nos tornaria mais claro o que a experiencia sobre eles nos diz. Só entende bem essas
experiencias do que aquele que ainda não as teve.
Bibliografia
CHAMBISSE, Ernesto Daniel; COSSA, José Francisco. Fil11 - Filosofia 11ª Classe.
2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.
Sites recomendados:
1. https://www.escolamz.com/2020/07/introducao-logica.html#gsc.tab=0
2. http://filosofiaupbeira.blogspot.com/2015/09/logica-i-resumo-da-11a-
classe.html
i
Procurar entender ou explicar algo de maneira lógica.
ii
Referente à noese, ao ato de conhecer ou de pensar alguma coisa, proposta na fenomenologia pelo filósofo
alemão Husserl (1859-1938).