Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Você compreenderá, ao longo do curso, que inúmeras teorias tentam dar conta
dos elementos que integram os processos comunicativos e do papel dos meios
de comunicação na sociedade, com contribuições que chegaram a partir do
início do século XX, de todas as partes do globo e influenciadas por muitas
áreas do saber. Isso significa que é impossível pensarmos em apenas uma
teoria da comunicação.
VÍDEO 2
Eles decidiram criar uma nova prática: a communicatio, que nada mais era do
que o ato de tomar a refeição de noite junto com os outros.
Comentário
Se você desmembrar a palavra communicatio, verá que o prefixo “co” indica
simultaneidade, como nos termos copresença ou coparticipação. Já o radical
“mmuni” traz a ideia de estar encarregado de, munido de, ou seja, ressalta que
alguém tem uma incumbência. Por fim, o sufixo “tio” reforça a ideia de
atividade.
Ou seja, diante desse cenário medieval em que o isolamento era comum, essa
nova palavra é criada para dar conta da novidade.
Plurissignificação
Alguns autores consideram que a palavra comunicação permite uma
plurissignificação, ou seja, envolve diversos significados.
1
Fato de comunicar, de estabelecer uma relação com alguém, com alguma
coisa ou entre coisas.
2
Transmissão de signos através de um código.
3
Capacidade ou processo de troca de pensamentos, ideias ou informações
através da fala, gestos, imagens, seja de forma direta ou através de meios
técnicos.
4
Ação de utilizar meios tecnológicos (comunicação telefônica).
5
Mensagem, informação (a coisa que se comunica: anúncio, novidade,
informação, aviso…). “Tenho uma comunicação para você”, “apresentar uma
comunicação em um congresso”.
6
Comunicação de espaços (passagem de um lugar a outro), circulação,
transporte de coisas: “vias de comunicação – artérias, estradas”.
7
Disciplina, saber, ciência ou grupo de ciências.
Agora suponha que essa mesma pessoa, um nativo japonês, faça uma mímica de
alguém usando o banheiro. Nesse caso, você já tem condições de compreender e
até dar um feedback para o turista.
Outro exemplo possível é de um casal. Sabe aquela máxima de que um não está
se comunicando com o outro? Essa frase não deixa de estar correta, pois apenas
co-habitar o mesmo espaço que o outro não implica necessariamente em
comunicação.
Se você está tendo uma conversa com a pessoa amada e lhe explica um dilema e
ela está pensando em outra coisa, e nem te responde, então não houve
comunicação de fato.
Informação x comunicação
Neste ponto, é relevante diferenciarmos informação de comunicação.
Ruídos na comunicação
Vale ressaltar que há diferentes ruídos que podem ocorrer e dificultar esse
processo de decodificação:
Ruídos físicos
Provocado por interferências externas, como uma moto que passa no momento
que você conta algo e atrapalha a comunicação.
Ruídos fisiológicos
Como o próprio nome sugere, possui relação com comprometimento físico do
emissor ou receptor, como problemas de fala, de audição, dores de cabeça ou
no corpo, que afetem o processo comunicativo.
Ruídos psicológicos
Geralmente, ocorrem quando há um bloqueio na mente de quem se comunica.
Muito comum quando nossa mente está vagando e temos dificuldade em focar.
Ruídos semânticos
Envolvem problemas em compreender os sentidos da mensagem. Comum em
conversas com profissionais que utilizam jargões ou quando não somos muito
versados em uma língua estrangeira e conversamos com um nativo.
Atividade
1. Leia a matéria 'Branco é pureza': campanha publicitária da Nivea gera
indignação, confira a postagem que gerou polêmica nas redes sociais e responda:
Ocorreu algum tipo de ruído nessa comunicação entre marca e público? Por qual
razão? Se você fosse categorizar o ruído, ele se enquadraria em qual dos quatro
tipos?
Decodificação da mensagem
O processo de decodificação de uma mensagem, portanto, pode ser afetado
por diversas ordens de ruídos, em diferentes modalidades comunicativas.
Exemplo
Já tivemos como exemplo, nesta aula, um problema de ordem semântica na
conversa oral entre dois falantes de línguas diversas e a peça controversa da
marca de desodorantes.
Agora, outro exemplo que permite que você compreenda melhor a diferença
entre informação e comunicação é um livro de física quântica em uma estante. Se
você pega esse livro e começa a folhear suas páginas, não compreendendo nada,
então esse livro permanece sendo informação para você.
Atividade
2. Leia a notícia Muitos brasileiros não entendem tudo o que leem, diz
estudo e explique, com suas palavras, se os analfabetos funcionais conseguem
converter o texto em comunicação ou não. Justifique sua resposta.
Modalidades da comunicação
VÍDEO 3
Podemos pensar também que os próprios objetos podem se comunicar entre si,
como quando você coloca para parear um aparelho celular com uma caixa
de bluetooth, ou um computador com um aparelho de datashow.
Atividade
3. Leia a matéria Conheça a incrível história da garota que foi criada
durante 17 anos por lobos! e depois responda:
Ela continuou se comunicando com seus pais por meio da linguagem, o que
fez com que ela mantivesse seu comportamento de humana. Embora a menina
tenha tido um relacionamento diferenciado com os animais, ela se comunicava
com seus pais e os membros da tribo. Já as demais crianças cortaram a
interação humana, tendo como companheiros apenas os animais. Como o
homem aprende por intermédio da linguagem e do mimetismo, as crianças
selvagens reproduziam comportamentos de animais e, muitas, não conseguiam
falar ou se readaptar.
Nesse raciocínio, uma música pode ser tanto verbal quanto não verbal, pois é
verbal se há letra e não verbal se for instrumental. Sempre lembrando que a
música tem basicamente uma gramática própria, pois a notação musical é um
tipo de linguagem também e a música pode ser organizada de formas diversas,
em distintos gêneros.
Saiba mais
Intracomunicação e intercomunicação
Tipos de comunicação
Podemos pensar o fenômeno comunicativo à luz de quantas pessoas se
engajam em uma interação.
Clique nos botões para ver as informações.
Díade interacional
A comunicação entre dois indivíduos é o que chamamos de díade
interacional, pois envolve dois interagentes. Essa comunicação pode ocorrer
de diversas formas:
Nível verbal;
Não verbal;
Face a face;
Comunicação grupal
Uma comunicação grupal é a que envolve um número restrito de pessoas, como
em uma sala de aula ou em um grupo de WhatsApp, por exemplo.
Comunicação de massa
Por fim, a comunicação de massa, envolve um centro emissor que detém a
capacidade de se comunicar com uma massa, ou seja, um enorme contingente
de pessoas.
Basta pensar em dois amigos trocando mensagens, em uma turma de uma aula
EAD, que é um grupo, ou mesmo o conteúdo de TV aberta e rádio,
tipicamente massivo, que você pode consumir no seu notebook ou celular.
Texto;
Som;
Imagem;
Audiovisual.
Quando você conversa com alguém face a face ou por Skype, é síncrono, pois
há sincronia. Porém, quando você deixa uma mensagem para uma pessoa no
WhatsApp e ela te responde quando consegue visualizar, então essa interação
é assíncrona, ou seja, não ocorre em sincronia.
A interação com o tutor das disciplinas EAD é assíncrona, ao passo que uma
aula presencial é síncrona.
Atividade
4. Levando em consideração a palavra em latim communicatio, que deu
origem ao termo comunicação, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Foi criada na Idade Média, por grupos católicos que inventaram, na época,
a communicatio, que era uma refeição feita conjuntamente, já que prevalecia uma
lógica de clausura para contemplação divina.
b) A palavra surge apenas no século XIX, quando a comunicação começa a atingir
status de ciência.
c) Se separarmos a palavra pelos seus elementos constituintes, “co” representa a ideia
de simultaneidade, “mmunica” significa estar encarregado de, ao passo que o sufixo
“tio” reforça a ideia de atividade.
d) Desde seu surgimento, a palavra comunicação designa atividade realizada
conjuntamente, ação em comum.
e) Não basta ser membro de uma comunidade e ter hábitos em comum. A
comunicação é produto de um encontro social (intencionalidade de interagir). Não
deve ser confundida com mera convivência.
A palavra surge na Idade Média, com os monges tendo criado o termo para se
referirem à refeição feita conjuntamente, apesar de começar a ser mais
proferida a partir do século XIX.
5. Podemos pensar o fenômeno comunicativo a partir de distintas divisões,
como a comunicação entre animais, seres brutos e a comunicação humana.
Pensando nesta última, qual alternativa expressa melhor essa modalidade, de
acordo com essa sistematização?
O que é epistemologia?
Sempre que falamos sobre campo científico também está em jogo uma
epistemologia.
Exemplo
Talvez a partir de um exemplo fique mais fácil compreender isso.
Isso é muito amplo, certo? Como chegar ao problema que deve ser realmente
considerado na pesquisa?
Vamos supor que o aluno se interesse pela área de cultura. Já avançamos, mas
ainda é possível responder a muitas questões de pesquisa envolvendo o jornal e a
cultura, certo?
Então, já percebemos que a pesquisa precisa seguir alguns critérios que serão
estudados a partir de agora.
VÍDEO 4
Não se trata de nenhuma fórmula mágica ou receita de bolo, mas vamos conferir
abaixo um exemplo de uma sequência básica para a construção da pesquisa
acadêmica.
1234
1234
1234
Antes, a ideia de indivíduo não fazia tanto sentido, pois havia um senso
coletivo muito forte, com comunidades coesas, vivendo à luz de uma tradição
transmitida dos mais velhos para os mais jovens.
Devemos lembrar que esses objetos não estão “prontos e acabados”, pois
necessitam de um recorte, um determinado olhar que deve ser aplicado a fim
de que realmente se configurem como objetos da Comunicação, pois, segundo
França (2015, p 42), “o objeto da comunicação não são os objetivos
comunicativos do mundo, mas uma forma de identificá-los, de falar deles —
ou de construídos conceitualmente”.
VÍDEO 6
Exemplo
Um sociólogo, por exemplo, ao refletir sobre os discursos de um determinado
jornal, em um dado contexto, talvez consiga, a partir da análise das matérias,
representar as condições históricas e sociais em jogo, algo que o trabalho de um
comunicador também deveria dar conta, talvez não com o mesmo nível de
profundidade.
Conhecimento científico
Tendo compreendido o objeto da Comunicação, você entenderá melhor a
própria questão do conhecimento científico como uma das formas de
apreendermos o mundo a nossa volta.
O saber científico, portanto, prima pela
representação do conhecido a partir de uma
construção do sujeito por meio de modelos de
apreensão. Por isso, envolve método, ou seja,
maneiras de estudarmos, perspectivas
teóricas que são acionadas.
Entender o processo de construção do conhecimento é importante para se
estabelecer as relações que se formam entre os saberes.
Isso não quer dizer que todo conhecimento científico seja incontestável ou que
tudo que se apresente como ciência efetivamente seja.
Exemplo
Você sabia, por exemplo, que, no século XIX, Samuel Morton convenceu a
comunidade científica de que os brancos eram superiores aos negros, a partir da
medição e análise dos crânios? Isso serviu, inclusive, como argumento que
impulsionou a suposta raça ariana, na Segunda Guerra Mundial.
A prevenção de fenômenos;
Atividade
2. Confira a notícia Estudo de crânios serviu como base à falha ciência
do racismo publicada pelo Jornal O Globo e responda:
O gancho utilizado foi a agressão sofrida pelo jogador Daniel Alves. O jornalista
explora o episódio da “banana” para demonstrar que ainda existe racismo e
abordar o estudo dos crânios que Samuel George Morton fez no século XIX.
“Dinâmica invertida”
Uma primeira dificuldade no campo de estudo da Comunicação diz respeito
ao protagonismo da prática em relação ao desenvolvimento acadêmico da
temática, ou a uma “dinâmica invertida”, um conceito da professora Vera
França.
Exemplo
Você sabia que alguns jornalistas no século XVIII e XIX inseriam o nome de
marcas e pessoas no meio da notícia, sem uma relação direta e lógica com o fato
noticiado?
Era apenas para lucrar com essa inserção, que era negociada por fora. Essa
preocupação ética e outras mais só começaram depois que a prática já tinha se
desenvolvido.
O estudo da Comunicação
Mesmo na Academia instaurou-se uma certa ordem pragmática de ativação do
conhecimento objetivo, pese, por exemplo, o estímulo a cursos
profissionalizantes na área de Comunicação, onde o Jornalismo foi o maior
expoente.
Daí resulta também uma certa rivalidade entre comunicadores que se situam
em uma esfera mercadológica e alguns acadêmicos da Comunicação, quando
estes deveriam estar em um diálogo construtivo.
A ideia de paradigma
VÍDEO 7
Exemplo
O publicitário, por exemplo, é tido como um grande criativo e tal característica
do campo é tão forte que é experimentada pela maior parte dos publicitários,
mesmo que alguém de atendimento não tenha isso tão introjetado quanto um
diretor de criação (ou seja, temos aqui diferentes maneiras de perceber os fatos a
partir da atividade em questão).
Todo campo tem uma racionalidade própria e, à medida que você avança em
um curso na Universidade, por exemplo, vai identificando os principais
modelos, esquemas lógicos e teorias, pois não entender a lógica do campo de
atuação pode significar exclusão da área, já que isso pode ser exigido em uma
entrevista, em sua empresa e, especialmente, na pesquisa e docência. Por meio
da Educação, o jovem adquire os esquemas conceituais de sua atividade.
Estágio pré-científico
Não há sistematização e nem método, mas a atitude de contemplação que pode
levar a uma busca propriamente científica.
Nesse ponto, há cientistas tentando fazer ciência, mas não há nenhum tipo de
consenso.
O conhecimento dado em escolas está nesse âmbito, bem como boa parte do
próprio conhecimento universitário.
Atividade
3. Qual a melhor definição de ciência?
a) Comunicação não pode ser enquadrada enquanto ciência, pois seu objeto
de estudo ainda carece de uma melhor definição.
b) Pode ser considerada uma ciência, já que dispõe de um problema que oscila
entre os meios de comunicação e a cultura de massa, sendo o estudo da
comunicação uma leitura do social a partir dos dispositivos tecnológicos.
c) O fato de a comunicação ser um tema transversal que perpassa a
antropologia, sociologia, psicologia, entre outras ciências, faz com que os
estudos de comunicação não tenham muita validade científica, já que é um
problema analisado por vários campos do saber.
d) O foco da comunicação é a prática, e não a teoria, razão pela qual não faz
muito sentido considerarmos a comunicação uma ciência, ou batalharmos para
que ela atinja esse patamar.
Resposta correta: letra b.
a) Modelos
b) Senso comum
c) Experimentos
d) Comunicação
e) Nenhuma acima
Resposta correta: letra a.
Paradigma tem relação com modelos, uma paisagem mental que orienta a
maneira de pensar e pesquisar do cientista.
Aula 3: Escola Norte-americana:
tendências periféricas e Mass
Communication Research
Mass Communication Research
A partir de 1930, os Estados Unidos desenvolveram pesquisas voltadas para os
meios de comunicação de massa, nas quais se determinaram seus efeitos e
funções.
Saiba mais
Os estudos eram motivados por questões políticas e econômicas, como
consequência da expansão da produção industrial, bem como a necessidade de
atingir novos mercados consumidores. Por isso, surgem pesquisas voltadas
para o aperfeiçoamento das técnicas de persuasão.
A figura traz um idoso, com a frase “I Want You for U.S. Army”. Tal peça
foi encomendada pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, que recrutava
soldados para a Primeira Guerra Mundial.
Tal perspectiva era influenciada pelas teorias behavioristas, que entendiam a ação
humana como resposta a um estímulo externo. O behaviorismo, do inglês
“behavior”, indica comportamento e visava alterar uma conduta individual para
atingir um fim coletivo.
Composto por autores que transitam desde a engenharia das comunicações até
outros saberes, como a sociologia ou a psicologia, os estudos da Mass
Communication Research foram uma frente hegemônica entre as décadas de
1920 e 1960.
Modelo comunicativo
Já o modelo comunicativo que orientaria os estudos do Mass Communication
estava relacionado à própria perspectiva da Agulha Hipodérmica, à ideia de
uma comunicação unilateral, além de uma mídia com uma capacidade de
persuasão que deixaria os espectadores sem poder de resistência.
Para Araújo (2010), mesmo com toda a variedade de correntes que o Mass
Communication abriga, podemos dividi-los em três grandes grupos:
1) Teoria Matemática
A Teoria Matemática da Comunicação foi elaborada por dois engenheiros
matemáticos, Shannon e Weaver. Eles trabalhavam em uma Companhia
Telefônica de Nova York e estavam preocupados em transmitir o maior
número de mensagens no menor espaço de tempo ao menor custo operacional,
com a menor taxa de ruído.
Não levando “em conta a significação dos sinais, ou seja, o sentido que lhe
atribui o destinatário e a intenção que preside à sua intenção.”
(MATELLART, 1999, p.60).
A crítica que se fez a essa teoria é a de que seu teor matemático é mais
apropriado a máquinas do que aos seres humanos, pois possui caráter linear,
com uma mensagem que vai de um ponto a outro.
2) Corrente funcionalista
O segundo grande grupo, na visão de Araújo (2010), é a corrente
funcionalista. Tal vertente nasce a partir dos estudos de Lasswell e prega que
todas as instituições exercem funções na sociedade, inclusive a mídia de
massa.
unções da comunicação
Nesse sentido, a mídia também é encarada pelas funções que exerce para o
salutar dos grupamentos humanos, como determinadas formas de pensar e agir,
bem como a interação e a cooperação, tão necessárias ao mundo do trabalho e à
perpetuação da herança cultural.
Para Lasswell, a mídia destila um “caldo de cultura” que pode influenciar
indivíduos, sendo fundamental conhecer o teor das mensagens dos meios de
comunicação massivos, até porque tais meios poderiam ser usados na correção
de disfunções sociais.
Atividade
2. Cada peça abaixo contém mais fortemente uma das funções da mídia, de
acordo com a perspectiva de Lasswell. Identifique qual a função predominante.
“Modelo de Lasswell”
Os estudos funcionalistas ajudaram também a formular o “modelo de
Lasswell”, que até hoje ajuda a dividir os estudos da Comunicação Social, a
partir de cinco frentes distintas:
1
Quem?
Emissor
Estudo da produção
Diz o quê?
Mensagem
Análise de conteúdo
Em que canal?
Meio
Análise de mídia
Para quem?
Receptor
Análise de audiência
Repare que, além das perguntas clássicas feitas por Lasswell, aproveitamos
para sinalizar as frentes de pesquisa geradas por cada uma dessas perguntas.
Vale lembrar, no entanto, que o estudo de Lasswell aponta como centro do
problema os efeitos provocados pelas mensagens (ou pelos meios de
comunicação), em detrimento das outras questões, como o receptor e mesmo a
ênfase na técnica.
Lazarsfeld
VÍDEO 10
Vertentes marginais
Clique nos botões para ver as informações.
Escola de Chicago
Nascida de uma tradição sociológica, a vertente se desenvolveu entre o fim do
século XIX e as primeiras décadas do século XX, nos Estados Unidos.
Apesar de a Escola de Chicago datar de 1910, a mesma tinha como foco uma
abordagem sociológico-antropológica, discutindo assuntos ligados à
comunicação de modo tangencial. Por tal razão, a Mass Communication é tida
como a primeira vertente dedicada aos estudos comunicacionais.
Um outro teórico que merece destaque é William Foote Whyte, cujo trabalho
“Sociedade da Esquina” é considerado pioneiro na antropologia urbana, a
partir de uma pesquisa etnográfica.
Santos (2008, p.63) apresenta três hipóteses formuladas por esses estudiosos:
Atividade
1. (ENADE, 2015) A primeira teoria da comunicação social foi fortemente
influenciada pela experiência da propaganda. Obras como A Técnica da
propaganda na Guerra Mundial, Violação das Massas e Psicologia da
Propaganda foram os primeiros estudos sérios sobre os efeitos da comunicação
de massa.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
Como disse uma usuária: “Os youtubers não são médicos”. Outros fizeram uma
petição online pare recolher assinaturas solicitando o fim do canal no YouTube
por ser fraudulento, já que ele não traria informações sobre veganismo.
VÍDEO 11
1949
Horkheimer retorna à Alemanha e reabre, um ano depois, o Instituto,
na Universidade de Frankfurt, local em que volta a lecionar. Adorno
também regressa.
É apenas com a volta a Frankfurt que a designação Escola de Frankfurt foi
criada, pois antes só havia uma menção feita genericamente ao instituto. O
fato das escolas receberem seu nome apenas décadas depois do início dos
estudos é algo recorrente no campo científico.
Embora seja difícil pensar em termos de uma unicidade, talvez o aspecto que
una esses intelectuais seja a crítica social sob o ponto de vista marxista não
ortodoxo, ou seja, uma maneira não convencional de acionar os pressupostos
de Karl Marx, criando um pensamento novo sob a influência do autor, em vez
de replicadores de seu pensamento original.
Um exemplo é o fato de os autores não considerarem a luta de classes mais
como o motor da história, tal qual Marx, pois, para os frankfurtianos, o
sistema de dominação abarcava a todos e a consciência não era mais livre,
impedindo a organização de uma classe revolucionária.
Theodor Adorno
Expoente da Escola de Frankfurt, nasceu na cidade em 1903 e era profundo
conhecedor da filosofia, sociologia e psicologia, além de estudos ligados à
Música, já que era compositor. Criou, junto com Horkheimer, a ideia de
Indústria Cultural, um dos principais conceitos de Frankfurt. Foi diretor do
Instituto de Pesquisas Sociais na década de 1950, após a aposentadoria de
Horkheimer. Faleceu em 1969, assumindo, no ano de sua morte, uma posição
tida como menos pessimista.
Walter Benjamin
Nasceu em Berlim, em 1892 e se matou em 1940, na iminência de ser
capturado pelas forças Nazistas. Era mais respeitado em seu círculo
intelectual, alcançando reconhecimento mundial como um dos maiores
filósofos da Modernidade após sua morte. Isso porque Adorno era seu amigo e
editou suas obras postumamente. Alguma de suas principais ideias são a de
reprodutibilidade técnica e aura. Enquanto muitos entendem que esse filósofo
integrava Frankfurt, outros o colocavam como um colaborador esporádico que
propriamente membro.
Max Horkheimer
Foi o segundo diretor do Instituto de Pesquisa Social, tendo sido um dos
responsáveis por dar visibilidade ao centro. Era muito influenciado por
Schopenhauer. Suas fundamentações junto a Adorno, acerca da razão
instrumental, representam o cerne da Escola de Frankfurt. Teve que deslocar o
Instituto de Pesquisas Sociais para a Universidade de Columbia, em Nova
Iorque, de 1934-1949, quando retorna à Alemanha e reabre e Instituto em
1950. Foi reitor da Universidade de Frankfurt entre 1951-1953. Faleceu em
1973, na Alemanha.
Herbert Marcuse
Nascido em 1893, Marcuse foi admitido no Instituto de Pesquisa Social em
1933. Diferentemente de Horkheimer e Adorno, que retornaram à Alemanha
após a Segunda Guerra, Marcuse permanece nos EUA, onde residiu e
escreveu até sua morte, em 1979. Entre suas preocupações, estava o
desenvolvimento descontrolado da tecnologia, a repressão à liberdade
individual e a crítica ao racionalismo moderno. Uma de suas principais
contribuições foi a de "homem unidimensional".
Fonte: CAMPOS, 2019. Sistematização feita pela autora.
VIDEO 12
Saiba mais
A conjuntura política da década de 1930, com advento do Fascismo, antes de
significar progresso, representava uma barbárie. O livro Dialética do
Esclarecimento, publicado por Horkheimer e Adorno em 1947, fora produzido
no decorrer da Segunda Guerra. Uma das traduções para o livro é Dialética do
Iluminismo.
A aniquilação da diferença
O processo de diferenciação e criação das obras de arte acaba comprometido,
já que eram empregadas fórmulas de sucesso, resultando em filmes, músicas e
livros que eram todos muito parecidos uns com os outros.
Essa questão da aniquilação da diferença é crucial para o projeto de
dominação perpetrado, pois ao mesmo tempo garante o lucro com a
conformação dos gostos, como também permite uma previsibilidade das
manifestações sociais.
Importante lembrar que o interesse dos teóricos não residia apenas nos
meios de comunicação de massa, mas sim em toda uma conjuntura que
integraria um capitalismo avançado, sendo a Indústria Cultural uma
delas.
Atividade
1. Leia a crítica sobre o filme The November Man, baseado nas ideias de
Indústria Cultural e de racionalidade técnica, e relacione o conteúdo da crítica a
esses dois pressupostos da Escola de Frankfurt.
Mas a reprodução técnica seria algo novo, que teria começado com a
xilogravura, e permitia reproduzir desenhos na Idade Média, passando pela
prensa, que representava a possibilidade de reprodução do texto escrito.
Aura
Ou seja, a experiência com a arte ocorria na presença da obra e o aqui e agora
desta é “a unidade de sua presença no próprio local em que ela se encontra”
(BENJAMIN, 1993, p.7), dotando-a de aura.
Uma coisa é um quadro famoso em uma parede, cujas pinceladas foram feitas
por um renomado pintor, que pegou poeira, passou por diversos museus, traz a
marca de seu tempo histórico. Essa mesma tela reproduzida em fotografia não
traz essa aura do original.
Cinema
No caso do cinema, por exemplo, o filme para Benjamin seria uma obra
coletiva, na medida em que só se torna possível a partir da reprodução técnica,
e envolve uma imensa divisão do trabalho entre técnicos, atores, músicos,
diretores etc.
Valor de culto
A dinâmica da obra cinematográfica é muito diferente da trajetória da arte na
história do mundo ocidental, que geralmente gozava do que Benjamin
chamava de valor de culto.
Ele dá como exemplo um alce copiado pelo homem paleolítico nas paredes da
caverna. Tal imagem acaba funcionando como um instrumento de magia,
raramente exposta aos homens.
O valor de culto era forte, pois a arte tinha uma relação com a questão
religiosa e deveria ser recolhida, ser mantida quase secreta, a fim de não ser
dessacralizada.
Benjamin dá outros exemplos a partir dos quais podemos perceber que a arte
possuía um forte valor de culto e pouco valor de exposição:
VIDEO 12
Atividade
2. O famoso quadro “Mona Lisa” foi criado por Leonardo da Vinci, no século
XVI e encontra-se no Museu do Louvre, em Paris. No entanto, a obra é muito
famosa e inspira, inclusive, memes de internautas. Explique a relação do
fenômeno da reprodutibilidade técnica com os memes e múltiplas referências que
vemos constantemente da obra.
Antes, as obras de arte só possuíam valor de culto e estavam muito ligadas a
uma questão religiosa, sendo admiradas por poucos olhos, já que, o que
tornava essas obras especiais e dotadas de aura era exatamente o seu pouco
valor de exibição. A reprodutibilidade técnica consegue levar criações
artísticas que antes ficavam trancadas para milhões de pessoas. Daí serem
possíveis os memes com o quadro, pois os internautas viram a tela em
inúmeras produções culturais. Ao mesmo tempo que diminui a aura, a
Mas
reprodutibilidade técnica também ajuda a democratizar a arte.
>
Exemplo
Você já deve ter tido a experiência, por exemplo, de ter assistido a um filme
no cinema e ter sido contagiado pelas outras risadas, saindo com a sensação de
que era uma comédia muito engraçada.
As mudanças de imagens, que não podem ser fixadas pelo público, pois uma
imagem se sobrepõe à outra, se diferencia da contemplação de um quadro, que
se dá de modo estático. A sequência de imagens não permite a contemplação
demorada, indo ao encontro dos novos tempos acelerados que passam a se
impor no contexto que o autor escreve.
Atividade
3. (IF-RS – 2015) Leia as afirmativas sobre a Escola de Frankfurt:
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III.
c) Apenas II e III.
d)Apenas II e IV.
e) Apenas I e IV.
Resposta correta: letra c.
Eles não delimitavam campos de saber autorizados e não eram liberais, pois
eram marxistas.
4. (UNIRIO, 2008) Theodor Adorno e Max Horkheimer, dois dos principais
pensadores da Escola de Frankfurt, propõem a expressão indústria cultural para
substituir a noção de cultura de massa, pois:
VÍDEO 13
Umberto Eco
Umberto Eco foi um importante filósofo italiano, semiólogo e especialista em
história medieval.
1932
Ele nasceu em 1932, na região de Piemonte. Filho de
comerciantes, recebeu criação católica e chegou a participar
da Juventude Italiana de Ação Católica, o que ajuda a
explicar o recorrente interesse do autor na temática religiosa.
1950
Durante seu doutoramento, ele se afastou da religião.
De 1954 a 1958
Eco trabalhou em uma empresa de TV e Rádio estatal, a
Radiotelevisione Italiana, em Milão. Isso pode ser uma das
causas que despertaram Eco para a reflexão sobre a
comunicação de massa. A universidade, pouco a pouco,
começou a tomar seu tempo, afastando Eco da televisão.
De 1966 a 1970
Outro fato que demonstra a relação do autor com a área da
comunicação foi a cadeira de comunicação visual na
Faculdade de Arquitetura da Universidade de Florença que
ocupou.
1971
Entrou para a Universidade de Bolonha, instituição a qual
efetivamente esteve vinculada sua trajetória acadêmica.
Confira a seguir a lista com suas principais obras:
Principais textos
Umberto Eco, enquanto acadêmico, foi autor de vários livros relevantes.
Nesse texto, Eco ressalta a importância dos artistas contemporâneos por trás
de uma obra de arte, mas defende que a obra destes é ambígua, permitindo ao
receptor compreender de modos distintos
A receptividade desse livro não foi muito boa em alguns círculos, que
percebiam a proposta de Eco como um convite que permitiria a
desconstrução total da obra, embora o seu ponto fosse o de que o receptor
se tornasse mais ativo no processo.
Eco acreditava que o público também exerce “atos de liberdade” (ECO, 2003),
para usar a expressão do autor. Outra obra fundamental, e tema desta aula,
é Apocalípticos e Integrados, de 1964.
Eco foi famoso também por escrever romances, como O nome da rosa ─ best
seller adaptado para o cinema ─ e o Pêndulo de Foucault, ambos da década
de 1980.
Sua última obra que envolvia uma trama com jornalistas, o Número Zero, foi
publicado em 2015. No ano seguinte, Umberto Eco faleceu.
Comentário
Apesar da crítica ser um pouco mais dura aos apocalípticos (pessimistas) ─
Eco chega a dedicar, ironicamente, o livro a eles, sem os quais não seria
possível escrever nem 25% da obra ─, devemos ter em mente que ela também
levanta vários pontos problemáticos no posicionamento dos integrados
(românticos). Afirma, por exemplo, que é injusto resumir as atitudes humanas
─ que seriam tão ricas ─ a dois conceitos genéricos e polêmicos como
“apocalípticos” e “integrado”.
Atividade
1. Baseado nas aulas anteriores, que escola, na sua opinião, representaria os
apocalípticos e quem representaria os integrados?
Atenção
Vale lembrar que o ponto de Eco é que ambas as proposições ─ tanto dos
apocalípticos, que seriam os alemães da Escola Crítica, quanto dos integrados,
os funcionalistas norte-americanos ─, eram reducionistas e acabavam não
permitindo a análise dos produtos midiáticos.
Integrados
Ligados às pesquisas em comunicação norte-americanas, a mass communication
research, vinculadas às produções da indústria de comunicações.
Apocalípticos
Com bases oriundas do outro lado do Atlântico, tratam-se dos críticos da cultura
de massa, ou seja, uma referência à Escola de Frankfurt, em particular a Theodor
Adorno.
VÍDEO 13
Integrados
O argumento para o integrado, em relação à cultura de massa, é que esta:
Apocalípticos
Na contramão dos argumentos dos integrados, encontra-se em Eco (1979) a
crítica apocalíptica, que afirma que a cultura de massa:
Exemplo
Como exemplo de uma obra tida como erudita podemos citar A Flauta
Mágica, de Mozart. A ópera, diferentemente de outras com personagens da
nobreza ou deuses mitológicos, traz uma temática popular para um formato
erudito, rompendo com a separação de estilos popular e erudito, fundindo dois
fluxos distintos.
Atividade
2. Agora vamos a um exemplo de produto pop, com referências eruditas.
“Comunicação de massa”
De forma a fugir das polêmicas em torno do termo “cultura de massa”,
utilizado pelos integrados e negado pelos frankfurtianos, o italiano sugere o
termo “comunicação de massa”.
O autor sugere que se realize uma análise estrutural das mensagens, levando
em consideração ao menos essas dimensões:
A linguagem empregada.
2
VÍDEO 14
Atividade
3. Leia o artigo “Evento esportivo não é lugar de manifestação política”, de
Tiago Leifert, publicado no GQ, no dia 26/02/18.
A partir da proposta de Eco, faça uma breve análise dos seguintes pontos:
a) O uso de construções como “os caras”, “goela abaixo”, “dá ruim”, Trump
ficou pistola”, “seu jogador resolve lacrar”, “textão é no Facebook”
demonstram uma informalidade, que remete ao registro oral, em uma tentativa
de gerar uma aproximação com o leitor, pois dá a sensação de que o mesmo
está dialogando com um amigo. Ainda com relação à linguagem, até por ser
um artigo de opinião em um portal informativo, há a tentativa de convencer o
leitor, preocupação recorrente ao longo do texto, mas bem clara na frase:
“Independentemente do que você, leitor, ache, Kaepernick está desempregado.
Nenhum time quis esse ‘troublemaker’ no elenco”.
c) O próprio Tiago fornece a pista para o contexto, ao afirmar que 2018 era o
ano de eleição. O texto foi escrito em fevereiro e as eleições foram em
outubro. Tratava-se de uma eleição importante, inclusive para eleger o
presidente do Brasil, e Tiago parecia temer que iniciativas parecidas com o
caso dos EUA que cita ocorressem no Brasil. De fato, se recordarmos, essa
eleição foi marcada pela polarização e amplo debate político a partir das redes
sociais.
Os produtos midiáticos
Outro ponto salientado por Eco é que os produtos midiáticos de massa são
feitos para agradar, ou seja, uma estética da cultura de massa não pode deixar
de lado a questão da satisfação envolvida quando se está diante da tela, do
rádio ou do livro, pois:
Atividade
4. TER/PE (2011). Em 1964 foi lançada uma obra que se tornou clássica porque
discute a influência das técnicas de comunicação e as transformações geradas nos
padrões de interação social. Essa obra de Umberto Eco considera:
Não ser apocalíptico, no cenário digital, é ir contra a ideia de que seria apenas
mais do mesmo com a internet. Significa admitir a aproximação das marcas
aos seus clientes e partir da defesa de uma interação múltipla, onde empresas
aprendem na prática como se comunicar com seus consumidores não só com o
intuito de vender ou modelar comportamentos.
Aula 6: Marshall McLuhan: a
perspectiva inovadora do canadense
O autor e suas principais ideias
Herbert Marshall McLuhan nasceu em 1911 e foi um intelectual e filósofo
canadense que se interessou pelos fenômenos comunicacionais.
Começou a ter fama nos anos 1950, com a promoção de Seminários sobre
Comunicação e Cultura, na Universidade de Toronto. Esses eventos
resultaram em inúmeros convites de outras universidades, até que a
Universidade de Toronto, para não o perder, permitiu que o autor fosse o
responsável pelo Centro de Cultura e Tecnologia, no início dos anos 1960.
O Meio é a Mensagem;
Guerra e Paz na Aldeia Global;
A galáxia de Gutemberg;
Influência da tecnologia
Influência da tecnologia
Toda tecnologia, portanto, é uma extensão do homem e a cada nova tecnologia
disponível as sociedades também se alteram.
VÍDEO 15
Atividade
1. Cada vez mais o uso de smartwatches com relógios inteligentes tem se
tornado comum. Eles possuem processadores próprios e são capazes de se
conectar ao seu smartphone, te enviar lembretes e até mesmo monitorar sua
saúde.
A natureza do meio
Devemos compreender que McLuhan rompe com boa parte da lógica dos
estudos da comunicação, o que ajudou a gerar fortes críticas ao autor.
Leitura
“O meio é a mensagem”
Atividade
2. Amantes de quadrinhos e livros reclamam constantemente de adaptações
para o cinema, alegando mudança em relação à obra original. A partir do que
você viu em McLuhan, marque a alternativa correta sobre a questão das
modificações nas obras:
a) Ocorrem mudanças no roteiro com o intuito de gerar mais lucro para os produtores.
b) É proibida a transposição na íntegra de obras, por questões autorais, razão que
explica as mudanças.
c) A mudança de suporte implica também mudança de sentido, pois a mudança de
meio subentende alteração na mensagem.
d) A mídia cinema eclipsa a mídia livro, o que acaba explicando as diferenças
sentidas.
e) Isso ocorre porque tanto quadrinhos quanto livros não podem ser facilmente
adaptados para o audiovisual, já foram criados para serem imagens estáticas, não se
prestando muito ao cinema.
Cada suporte vai influenciar na mensagem final. Por isso, se formos seguir
McLuhan, não faria sentido comparar adaptações ao original.
Suporte midiático
McLuhan foi um dos primeiros autores a se preocupar também com o
dispositivo e não apenas com o conteúdo, atentando para a diferença que cada
escolha de suporte midiático gerava.
Exemplo
Um mesmo filme exibido na TV ou no cinema, por exemplo, resulta em
experiências muito diferentes para quem assiste.
Poucas pessoas demitiriam seus funcionários pelo celular, certo? Isso porque
cada meio tem uma gramática própria, evocando sensações diferentes, já que
toda tecnologia cria novo ambiente e muda a sociabilidade envolvida.
A partir disso também podemos entender por que alguns o acusaram de ser um
determinista tecnológico, já que sua ênfase nos artefatos culturais acabava
sugerindo um movimento que iria apenas das tecnologias para a sociedade.
No entanto, quando ele afirma que “nós criamos as tecnologias e elas nos criam”
(MCLUHAN, 1964), fica nítido que ele percebia um fenômeno de ordem cíclica,
e não de um modo meramente unidirecional.
Aldeia global
McLuhan propõe três fases distintas nas quais os fenômenos de comunicação
ajudaram a moldar a própria história das sociedades:
Civilizações orais
Como o nome sugere, as trocas entre os indivíduos eram feitas por meio da
fala e as formas de sociabilidade eram pautadas pela emoção, intuição e um
certo estado de encantamento.
Existia uma unidade entre os eixos tempo e espaço e o conhecimento era mais
fechado, do âmbito de cada grupamento social. Por essa razão, McLuhan
entendia que esse momento era marcado por uma tribalização.
O que teria liberado as aldeias desse transe tribal seria a escrita alfabética, que
permitiu ao homem conquistar impérios.
Galáxia de Gutemberg
Na galáxia de Gutemberg, a prensa é inventada, razão pela qual McLuhan
escolhe o nome de Gutemberg para representar essa segunda era.
Essa etapa é caracterizada pelo avanço da tecnologia tipográfica, que teria
instaurado o individualismo, pois o consumo de informações a partir dos
jornais impressos e livros são movimentos individuais, impessoais e solitários,
bem diferentes das interações em roda típicas das civilizações orais.
Aldeia global
A terceira etapa pensada por McLuhan é denominada aldeia global e foi
iniciada pelo avançar da eletrônica.
O livro perde sua hegemonia para a tela, sugerindo certo retorno à oralidade,
por meio do rádio e televisão.
VÍDEO 16
Leitura
Exame das tecnologias de informação
Para cada uma das eras propostas estava em jogo determinadas formas de
comunicação:
Apesar da fragilidade de tais conceitos, vale um breve passeio, já que até hoje
são tidos por alguns como uma das contribuições centrais do autor, talvez ao
lado da ideia de “o meio é a mensagem”.
É para entender melhor a natureza de cada meio e como eles afetam a nossa
sensorialidade que McLuhan os divide em meios quentes e frios:
Os meios quentes
Exigem atenção constante do receptor, ou seja, há um alto nível de
envolvimento entre o meio e espectador, como no caso do livro, fotografia ou
do rádio.
Um único sentido deve ser acionado em alto grau para que se decodifique a
informação e há baixa participação daquele que interage com o meio, em uma
posição mais passiva.
Os meios frios
Conjugam mais de um sentido, todos em baixa definição, na relação com os
meios.
Nível de envolvimento
Para as teorias da comunicação anteriores, o nível de envolvimento do público
com a mensagem estaria atrelado ao conteúdo e à forma (estrutura) da
mensagem. Contudo, McLuhan diz que é a natureza do meio que informa qual
o nível de envolvimento.
Ora, ele alega que a televisão era um meio frio. Isso incomodava os críticos, já
que os meios frios, para o próprio McLuhan, significavam baixa definição.
Releituras atuais dos meios quentes e frios de McLuhan sugerem que essa
classificação não deva ser definitiva, visto que:
“(...) os meios podem ser aquecidos ou esfriados,
dependendo tanto de como esses critérios se ajustam nos
diversos ambientes quanto pelas recombinações que se
verificam entre os meios e tecnologias de comunicação.”
(MARQUES, 2017, p.173)
Assim, seria possível também pensar que um meio tende a ser mais quente e
frio do que o outro, repensando essas classificações à medida que os próprios
meios vão sofrendo alterações.
VÍDEO 17
Atividade
3. Assista ao vídeo Marcelo Adnet - Futebol no Rádio e na Televisão em
que o comediante comenta a diferença entre a narração de uma partida de
futebol.
Como ocorre com qualquer autor e perspectiva teórica, algumas críticas foram
feitas ao canadense, como aos meios quentes e frios, sob a acusação de ele ser
um determinista tecnológico, que possuía uma crença no poder transformador da
mídia ou mesmo que ele estaria a serviço do capitalismo americano, marcado
pelo desenvolvimento tecnológico.
A ideia de aldeia global, nesse sentido, foi alvo de debates de alguns intelectuais
que afirmavam que McLuhan era utópico em relação ao conceito, uma vez que a
interligação não incluía todos.
a) Indústria cultural.
b) Tipologia das fontes.
c) Aldeia global.
d) Crítica materialista.
d) Determinismo estruturalista.
Resposta correta: letra c.
Atenção
Para os Estudos Culturais, a sociedade não é harmônica e batalhas simbólicas são
travadas constantemente no terreno cultural. Existe sim a dominação, mas esta
está sempre em disputa.
VIDEO 18
Exemplo
A cultura da televisão, por exemplo, cuja ascensão coincide com a formação da
escola inglesa, passa a ser entendida de uma forma mais crítica (SÁ MARTINO,
2014, p. 246).
Análise da cultura
Os Estudos Culturais, assim, construíram uma tendência importante da crítica
cultural que questiona o estabelecimento de hierarquias entre formas e práticas
culturais estabelecidas, a partir de oposições como cultura alta/baixa,
superior/inferior etc.
Metodologia
Em termos de metodologia, há uma multiplicidade de maneiras de fazer
pesquisa, como a etnografia, análise de conteúdo, de recepção, autobiografias
e histórias de vida.
Exemplo
No campo da comunicação, por exemplo, poderíamos citar como objetos
plausíveis a cobertura jornalística, a análise textual dos meios massivos, estudos
de recepção e temáticas relacionadas à construção de identidade e meios de
comunicação (sexuais, de gênero, étnicas e geracionais).
Conceitos
A sistematização de Sá Martino (2014) aponta alguns conceitos dos Estudos
Culturais que valem a pena ser citadsos:
Os Estudos Culturais não negam uma tentativa de dominação por parte de uma
Indústria Cultural, mas advogam que a compreensão dos usos feitos pelos
indivíduos diante da mídia envolve entender as subjetividades das sociedades
com suas diferentes relações.
A vertente afirmava que a cultura mais presente no cotidiano das pessoas era
aquela também difundida pelos meios de comunicação de massa. Sendo assim,
não caberia o debate entre alta e baixa cultura, pois era mais produtivo
investigar como as diferentes identidades eram estabelecidas a partir do
diálogo com os conteúdos midiáticos.
Nesse sentido, usar calças rasgadas pode ser considerado algo cultural, que
ajuda a construir a identidade de um dado grupo.
VIDEO 19
Atividade
1. Leia a matéria Livro adotado pelo MEC defende falar errado e responda:
A visão adotada pelos autores do livro didático iria ao encontro dos Estudos
Culturais? Justifique.
Palavra “minorias”
Os Estudos Culturais abandonam a ideia de massa, que percebe a recepção
enquanto homogênea, defendendo um entendimento igual por parte de todos.
Superestrutura
As instituições na superestrutura também atuam para manter e regulamentar a
infraestrutura, pois há uma relação dialética.
O que Marx queria dizer com isso é que são as relações de produção que dão os
contornos de uma determinada sociedade, que se expressam em suas leis,
formas religiosas, culturais e de sociabilidade. Além disso, toda a superestrutura
serve para reforçar as relações de poder.
Infraestrutura
Vale lembrar que, na perspectiva marxista, a infraestrutura demanda as
condições da superestrutura, ou seja, as relações de trabalho e economia vão
contribuir para o condicionamento da superestrutura, na qual a cultura estaria
situada, ao lado da religião, do direito, do Estado.
Atenção
O que os teóricos dos Estudos Culturais criticavam era o fato das produções
midiáticas sempre resultarem em mais dominação, pois nem sempre tudo que
partia da superestrutura necessariamente iria reforçar o status quo e as formas de
poder.
Marx não separava a produção das ideias das condições econômicas e sociais
das quais elas surgem. Isso significa que as ideias não surgem de maneira
espontânea, pois estão estritamente relacionadas à base econômica, a saber, as
relações de produção, forças produtivas e a divisão social do trabalho, a
infraestrutura, como já vimos, que influenciaria na criação e difusão das
ideias.
Hegemonia e contra-hegemonia
As ideias de hegemonia e contra-hegemonia, recorrentes em trabalhos dos
Estudos Culturais, contribuíram para a alteração desse cenário teórico,
trazendo uma dimensão da vida cotidiana dos indivíduos.
Hegemonia
O resgate do pensamento de Gramsci, assim, ajudou a sofisticar os estudos
acerca da cultura e dos meios de comunicação, permitindo um nível mais
profundo de discussão. Não à toa, Gramsci foi reconhecido como o primeiro a
contribuir para alargar a teoria marxista.
Contra-hegemonia
Já a contra-hegemonia seria a capacidade dos dominados de resistirem e se
contraporem às ideias hegemônicas. Atrelada a isso está a ideia de construção
de consenso, que remete a uma dimensão de negociação. Apesar de certa
homogeneizaçã
o social, existiriam formas de resistência.
Estudos culturais
Gramsci não percebe as ideias vindo apenas da classe dominante de modo
vertical e se impondo aos dominados, mas entende que estes não apenas
produzem ideias contra-hegemônicas, mas que tais ideias são também
incorporadas pelas próprias instâncias hegemônicas.
Isso significa que produtos culturais hegemônicos absorvem perspectivas dos
grupos dominados, como seria o caso dos folhetins populares, que eram
dedicados ao grande público e possuíam elementos da cultura subalterna que
garantiam o sucesso editorial.
A partir dessas ideias, portanto, apesar de existir uma apropriação desigual dos
produtos culturais e uma tendência à homogeneização, a cultura é encarada
como um local de luta, no qual pode se construir ou questionar o consenso.
Atividade
2. Leia abaixo relatos sobre dois meninos diferentes. Um ecoaria um discurso
hegemônico e o outro contra-hegemônico. Baseado na cultura urbana de nosso
país, tente identificar quais elementos presentes em cada texto sugerem a
perspectiva hegemônica e quais a contra-hegemônica.
Maclei
De todos os moleques vendedores de bala do centro do Rio de Janeiro, Maclei
se destaca. Cabelo cortado rente ao couro cabeludo, com uma divisão feita à
máquina, ele oferece balas com voz suave e com um olhar fixo.
Se você não conclui a compra, ele saca de sua mochila uma caixinha
embrulhada com papel presente, onde se pode ler I.C.D.F. Ao perguntarmos o
que significa, ele dispara: “Instituto do Cavalheiro com Deficiência
Financeira.”
Enquanto muitos cariocas têm medo da abordagem desses meninos, eles estão
reinventando a nossa língua.
Felipe
O menino tinha cinco anos na primeira vez em que foi recolhido no centro de
Porto Alegre pela Brigada Militar, por volta das 20h do dia 24 de junho de
2003. Disse que morava em Alvorada. Como na época não havia integração
informatizada entre os sistemas de atendimento na Região Metropolitana, a
mentira foi descoberta apenas no dia seguinte. Desde então, a distância de casa
só aumentou.
Nas ruas, Felipe descobre ser capaz de conquistar sozinho o que a mãe não
pode lhe dar. Nem precisa dizer nada: basta estender os braços finos e o
dinheiro aparece na sua mão. Numa de suas primeiras noites na rua, aos seis
anos, o menino de lábios carnudos e cabelo castanho raspado arrecada R$100
pedindo esmola na rodoviária.
Também foi uma estratégia para ganhar um por fora, que serviria para os
passeios de domingo. Critica ainda aqueles que somente enxergam esses
meninos como um perigo, para sinalizar que eles estão reinventando nossa
língua.
A vertente materialista
Que via a cultura enquanto um produto direto ou indireto das relações de
trabalho e forças produtivas, como demonstrado em Marx.
A concepção idealista
Que entendia a cultura como produtora, como fonte explicativa para
entendermos a razão de determinadas práticas.
Isso significa também que os atores sociais tanto são construídos pela cultura
quanto a constroem.
Os Estudos Culturais, portanto, não pregam nem total submissão aos meios,
nem a visão liberal defendida de que existiria total autonomia do indivíduo,
partindo do pressuposto de que há oferta ilimitada e liberdade de escolha na
seleção dos produtos culturais.
VIDEO 20
Richard Hoggart
Richard Hoggart inspirado na sua pesquisa, The Uses of Literacy (1957),
funda o Centro, em 1964.
Outros textos que antecederam a formação do centro, mas contribuíram para a
criação da instituição foram:
• Culture and Society (1958), de Raymond Willliams.
• The Making of the English Working-Class (1963), de Edward Thompson.
O autor em suas pesquisas tinha como foco materiais culturais que antes
tendiam a ser desprezados, como a cultura popular e os meios de comunicação
de massa.
A mídia era discutida, pensada e mesmo negada pelo leitor: seu poder se
diluía na articulação com a vida cotidiana do receptor, era parte desse
cotidiano, mas não o dominava.
Raymond Williams
Já Culture and Society (1958), de Raymond Williams, que era filho de um
ferroviário, constrói um histórico do conceito de cultura e culmina com a noção
de que a “cultura comum ou ordinária” pode ser vista como um modo de vida
em condições de igualdade de existência com o mundo das artes, literatura e
música.
Para ele, a “cultura” havia perdido o sentido de “cultivo”, que gozava desde o
século XIX.
Williams articula essas proposições aos estudos de mídia, pois, para ele, a
cultura seria tudo aquilo que serve para conferir uma identidade às
comunidades, não passível de ser reduzida aos quatro pressupostos acima.
Edward Thompson
Por fim, The Making of the English Working-Class (1963), de Edward
Thompson, refaz uma parte da história da sociedade inglesa de um ponto de
vista particular: a história “dos de baixo”.
A cultura, para ele, era uma rede de práticas e relações que constituíam a vida
cotidiana, dentro da qual o papel do indivíduo estava em primeiro plano.
A cultura não era apenas arte, algo para ser admirado ou que se vê nos
momentos de folga, mas todas as práticas que davam a identidade a um grupo
— no caso, a classe trabalhadora.
Atividade
3. Qual a importância das proposições dos Fundadores dos Estudos Culturais
para revitalizar a ideia de cultura?
O objeto de estudo dos Estudos Culturais circula pela sociedade com ênfase
no papel da mídia como produtor-reprodutor da cultura e como espaço de luta
simbólica.
Esse modelo foi visto como ponto de virada dos Estudos Culturais, pois,
introduziu a ideia de que os programas de televisão são textos relativamente
abertos, capazes de serem lidos de diferentes modos por diferentes pessoas.
São eles música pop, desenhos animados, jogos de futebol e telenovelas, uma
vez que são práticas culturais de um grupo.
O novo olhar observador dos Estudos Culturais, trouxe a crítica, mas com a
intenção de compreender o significado desses produtos culturais para quem
está assistindo.
A recepção está muito longe de ser passiva — e isso é uma premissa clara
desde os fundadores dos Estudos Culturais. A ideia de que o povo constrói e
reconstrói sua própria cultura está longe de ser ingênua, mas baseia-se na
noção de cultura como prática dotada de sentido. Trata-se de mostrar um
público ativo, imerso em um conjunto de práticas e consumo cultural
influenciado pelas condições econômicas e sociais.
Para Hall, esse novo olhar sobre a cultura, mostra o quanto ela pode ser um
espaço de deslocamento, de conflito, uma vez que, para muitos grupos
marginalizados, significou para além de um reconhecimento de novo espaço
cultural, um lugar aberto para a luta política.
Atividade
4. (CCV-UFC 201) Sobre os Estudos Culturais marque a
opção INCORRETA:
a) Codificação/Decodificação
b) Economia Política
c) Indústria Cultural
d) Funcionalismo da Comunicação
e) Semiótica ou Semiologia
Resposta correta: letra a.
Aula 8: Edgar Morin: cultura de massa
e os novos olimpianos
TEXTO 21
Edgar Morin nasceu em 1921 e dedicou boa parte de seus estudos à cultura
de massas, embora o cerne de suas preocupações sempre tenha sido
propriamente a cultura, ou, nas palavras de Wolf (1994), “a definição da nova
forma de cultura da sociedade contemporânea”.
Morin é um autor de difícil apresentação, pois o mesmo era licenciado em
História, Geografia e Direito, se autointitulando “contrabandista de saberes”.
Essa formação transdisciplinar é fundamental para compreender Morin, que
transitava e articulava saberes de campos distintos, e acabou gerando também
uma confusão, com alguns o compreendendo enquanto sociólogo, filósofo ou
antropólogo.
Saiba mais
Morin possui mais de 50 obras publicadas, sendo uma de suas principais o
livro O Espírito do Tempo (1965), que, no Brasil, ganhou o título de Cultura de
Massas no século XX (1970), tendo sido dividido em dois volumes: Neurose e
Necrose.
Esse título é uma referência, embora irônica, à expressão usada pelo filósofo
alemão Friedrich Hegel (“espírito do tempo”), para se referir ao conjunto de
princípios de uma determinada época, responsável por dar características
semelhantes às várias formas da cultura de um tempo.
Atenção
Ou seja, para o pesquisador francês a indústria cultural não está ligada
exclusivamente ao capitalismo, mas a todo e qualquer sistema de colonização e,
por isso mesmo, parte de uma produção controlada por questões externas à
simples criação artística. Isso fica evidente na primeira parte do livro, a que
Morin denomina de “A integração Cultural”.
1
Para Morin (1977, p. 15), a cultura de massas “constitui um corpo de
símbolos, mitos e imagens concernentes à vida prática e à vida imaginária, um
sistema de projeções e de identificações específicas”. Ou seja, é muito mais da
mentalidade do século XX do que de um regime econômico específico.
2
Morin buscava extrapolar uma visão meramente crítica dos meios de
comunicação, se esforçando para compreender a relação da mídia com a
própria cultura e sociedade, a partir dos imaginários vigentes.
3
Ele aponta que a cultura de massa surge a partir da década de 1930, nos EUA,
e abarca o mundo ocidental. Há uma mudança no mundo do trabalho, que
deixa de ser tão físico e passa a ser desprovido de autonomia e criatividade.
As classes trabalhadoras passam a ter uma vida fora da esfera do trabalho, ou,
nas palavras do autor, a “seiva da vida encontra novas irrigações fora do
trabalho, e as vivências vão se refugiar no lazer e vida privada” (Morin, 1977,
p.89).
Fama, fortuna e sexo são algumas das temáticas mais recorrentes em filmes e
produções midiáticas, com o público experimentando essas “alegrias” a partir
da identificação estabelecida com os personagens.
Pense na personagem principal da saga “O Crepúsculo”, por exemplo. A
menina é desengonçada, um tanto antissocial e de beleza mediana. Ora, isso
permite com que meninas comuns, de classe média, consigam se perceber na
personagem, cujo par romântico é um “jovem” vampiro.
Atividade
1. Leia a matéria da Super Interessante “Homem-Aranha, um herói (quase) como
a gente” e explique, utilizando a dialética da projeção-identificação, porque o
Homem-Aranha faz tanto sucesso junto ao público.
Peter Parker foi um dos primeiros heróis com uma personalidade elaborada
para que o público se identificasse com ele. Desastrado, tímido, nerd e classe
média baixa, morando em Nova York, e não em uma cidade fictícia como
Gothan, o herói do icônico Stan Lee foi um dos primeiros a ter a mesma idade
de seu público.
Tais fatos permitem que o público se identifique com Peter Park, pois sua
dimensão humana fica evidente. Assim, pode ocorrer esse diálogo entre
fantasia e mundo real, tal como em Morin. Como consta na notícia, “foi uma
revolução. Era a primeira vez na história dos quadrinhos que um personagem
ganhava o coração dos leitores não apenas pelos feitos heroicos, mas por
também amargar os mesmos problemas que o público vive todos os dias”.
Novos olimpianos
VIDEO 22
Exemplo
Sabe aquelas notícias tipicamente de fofoca que não tem apelo noticioso de fato,
como “Caetano Veloso Estaciona o carro no Leblon?”.
Tais matérias só são publicadas porque flagrar um novo olimpiano vende, já que
a imagem dos mesmos é altamente valorizada.
Assim, a vida dos olimpianos também é uma vida parecida em alguns aspectos
com a vida ordinária dos mortais, ou seja, eles separam e reatam relações,
sofrem acidentes, passam por situações de embaraço e doença.
Semideuses
São mitificados e a humanização permite a identificação. Ou seja, são
semideuses, na acepção de Morin, elevados em relação ao nível da rotina do
cotidiano, mas, ainda assim, acometidos por problemas que infligem a todos
nós.
É esse vínculo com o humano que torna os novos olimpianos tão sedutores e
carismáticos, destronando antigos modelos, como pais, educadores e heróis
nacionais.
As pessoas tendem a tentar imitar esses “astros”, a maneira com agem, como
se vestem, seu penteado e até suas relações amorosas.
Atividade
1. Leia a notícia “Oi, sumida? Neymar curte fotos de Bruna Marquezine em
rede social” e relacione a figura de Neymar ao conceito de novos olimpianos,
de Edgar Morin.
Assim, a vida dele se perde entre o que é público e o que é privado, visto que
tudo é tratado como um espetáculo para a imprensa. Essa notícia acaba sendo
um exemplo perfeito disso, pois não há relação alguma com a carreira do
jogador, sua atuação etc. Neymar, apesar de uma craque quase inatingível em
campo, demonstra, a partir de seus tropeços na vida amorosa, que é um ser
humano como outro qualquer, o que possibilita uma projeção-identificação do
público, a ponte de vários torcerem pela volta do casal “Brumar”.
Simplificação
Retira o complexo, o inteligível, para que todos acompanhem.
Modernização
Introduz a psicologia moderna em uma obra ambientada no passado.
Maniqueização
Potencializa o antagonismo bem X mal, para envolver mais.
Atualização
Mais radical do que a modernização. Envolve a transferência pura do passado
para o presente.
Tais estratégias de vulgarização têm por objetivo atingir o maior número de
pessoas possível, a partir de uma facilitação das obras, tornando o processo de
fruição mais simples do que se os produtores tivessem uma preocupação
rigorosa com a história e com questões complexas das personagens.
Atividade
2. Assista ao vídeo do canal Porta dos Fundos “Reunião de Criação” e
identifique qual dos quatro processos de vulgarização sinalizados por Morin
estaria mais presente. Justifique.
No caso, eles pretendem evitar questões polêmicas, razão pela qual o executivo
da Ford “brifa” os comediantes, induzindo-os a produzir apenas uma tela preta,
com logo e assinatura em OFF, o que seria o extremo da simplificação.
Simplificação e estandartização
O ímpeto de produzir mercadorias que seriam aceitas pelo maior número
possível de pessoas, levaria a uma simplificação, a fim de tornar a obra fácil e
agradável para o homem médio.
Nesse sentido, podemos perceber que o autor cria uma série de conceitos para
pensar nessa promoção da felicidade do público, desde a dialética da projeção-
identificação até a figura dos novos olimpianos, explorando astros de cinema,
campeões, príncipes, reis, playboys, artistas, ou mesmo o “Happy End”, que
visa resolver sempre os conflitos dos personagens de modo positivo, o que
explica um enfraquecimento do gênero tragédia.
Atividade
3. ENADE 2015 (Comunicação Social). Os olimpianos estão presentes em
todos os setores da cultura de massa. Heróis do imaginário cinematográfico,
são também os heróis da informação. Estão presentes nos pontos de contato
entre a cultura de massa e o público: entrevistas, festas de caridade, exibições
publicitárias, programas televisados ou radiofônicos. Eles fazem universos se
comunicarem: o do imaginário, o da informação e o dos conselhos, das
incitações e das normas. Nesse sentido, a sobreindividualidade dos olimpianos
é o fermento da individualidade moderna.
I. A Igreja é a instituição cultural de mais força no seio social, razão pela qual
os produtores do desenho dificilmente iriam entrar em um embate com os
católicos.
A Igreja tem força, mas a instância mais forte seria a cultura de massa, pois
esta seduz, não sendo impositiva ou coercitiva.
A esfera pública
VIDEO 25
O espaço público
A opinião pública
Atenção
Conclui-se, então, que a esfera pública é o conjunto de espaços, no qual ocorrem
os debates e discussões sociais, com a finalidade de se estabelecer um consenso.
A imprensa ajudou não só fazendo com que a informação circulasse, mas
também contribuiu para a formação da própria esfera pública, ou seja, do espaço
para o debate, propriamente.
Atividade
1. A esfera pública burguesa tem sua origem explicada pelo surgimento de um
governo representativo democrático e uma constituição liberal. Leia as
alternativas abaixo e marque aquela que não influenciou no processo de
consolidação de uma esfera pública burguesa, na qual sujeitos livres podiam
discutir seus interesses comuns.
A mesma imprensa que ajudou a criar uma esfera pública, ou seja, um espaço
democrático de debate e circulação de ideias, também auxiliou para que a
busca do consenso político pelo livre uso da razão individual retrocedesse.
Comentário
Para Habermas era preciso focar nas estruturas e regras que tornam possíveis as
interações entre sujeitos apoiados em seu reconhecimento mútuo. Com um
contexto que garantiria um espaço igualitário de fala, entraria em cena a aptidão
discursiva e comunicativa dos atores sociais, ou seja, sua competência interativa.
Não em um sentido de convencimento para o benefício próprio, mas de um
diálogo que ajudaria na construção do bem coletivo.
Por isso, o autor diz que nós precisamos buscar a ação comunicativa mais do
que a estratégica.
Atividade
2. (Uem 2011) - Jürgen Habermas (1929) pertenceu inicialmente à escola de
Frankfurt, também conhecida como Teoria Crítica, antes de fazer seu próprio
caminho de investigação filosófica. Sobre o pensamento de Jürgen Habermas,
assinale o que for correto.
compare_a
rrows
No segundo momento, temos os Estudos Culturais desenvolvidos a partir
da cultura latino-americana. Os principais autores dos Estudos Culturais na
América Latina são Jesús Martín-Barbero, Néstor García Canclini e Guillermo
Orozco.
Pode-se dizer que as contribuições dos Estudos Culturais, tanto inglesas quanto
na América Latina, estão voltadas para o conteúdo que o receptor entende.
Isso porque é na recepção que efetivamente a comunicação acontece.
Autores centrais
Os principais autores dos Estudos Culturais na América Latina são:
Jesús Martín- Barbero.
Guilhermo Orozco
No Brasil, os Estudos Culturais ganharam força com os Estudos de Recepção,
destacando-se nessa abordagem, o colombiano Jesús Martín-Barbero, que
questionou o olhar supervalorizado para as mídias em detrimento das práticas,
situações, contextos, usos e modos de apropriação, destacando, assim, os
sujeitos no processo comunicativo.
Sá Miranda
A Teoria das Mediações é vista como resultado de um deslocamento teórico e
geográfico. Um dos principais expoentes desse olhar sobre o Hemisfério Sul é
Jésus Martin-Barbero, com a obra, de 1987, Dos meios às Mediações.
Orozco
Seus estudos têm como objetivo promover uma leitura estruturada e
consciente do discurso televisivo. Lança o conceito de “televidência”, onde se
busca “telever” o que está por trás, ou seja, colocar em evidência aquilo que
não está sendo dito na televisão.
Jésus Martin-Barbero
VIDEO
A figura de Jésus Martin-Barbero é um ponto de referência para a área. Pode-
se dizer que a construção do trabalho intelectual de Martín-Barbero está
identificada em dois momentos particulares que demarcam pontos de partida:
Exemplo
Estudos sobre a televisão, com especial foco nas telenovelas, são os exemplos
dos objetos mais significativos enquanto expressões do popular massivo.
Conceito de mediação
O pesquisador pretende recuperar o “popular” no debate comunicacional e
trabalhar a comunicação, a partir da cultura, lançando um conceito
fundamental para os Estudos de Recepção: o conceito de mediação.
A temporalidade social
A temporalidade social tem relação com o tempo do capital, a partir do qual o
programa foi criado, e o tempo da cotidianidade, no qual o conteúdo é
consumido.
A competência cultural
Já a competência cultural representa a bagagem que o indivíduo carrega, fruto
de sua existência, e que aciona na decodificação.
Atividade
1. (TRT- 2015)
Não foi um “país medieval" o que saiu às ruas, não foi um país de fanáticos e
curandeiros, mas aquele mesmo povo que poucos meses antes enchia as mesmas
ruas exigindo as “Diretas Já", um povo em redescoberta de sua cidadania,
reinventando a sua identidade, num espetáculo que fundia festa e política, fazendo
política a partir da festa. E ganhava voz na presença corporal e no movimento de
uma multidão. Mas isso foi totalmente ignorado por uma imprensa que, erigindo-se
em crítica da massa, não pode ver que continha e formava, que dava forma à massa.
a) racional.
b) moralista.
c) melodramática.
d) ilustrada.
e) factual.
Resposta correta: letra c
Assimetrias e negociações
Atividade
2.Leia a notícia “Atraídos pelo embalo do funk, jovens de classe alta frequentam
bailes em morros e vilas de Porto Alegre”, publicada em 2013. Articule a matéria
ao conceito de culturas híbridas, de Canclini.
Saiba mais
Essa negociação entre o legítimo e o ordinário, proposto no âmbito das
convenções sociais e principalmente, no que tange, a reconsideração das
identidades e dos produtos culturais, abriu para os estudos de Canclini uma
nova proposta de análise das realidades e dos processos culturais que se
distancia da noção de pureza, antes imposta, para um olhar com interferência e
relação com os meios de comunicação.
VIDEO
Guillermo Orozco
Outro autor importante dentro da teoria das mediações é Guillermo Orozco
Gómes. Mexicano de Guadalajara e especialista em televisão, firmou-se no
campo da comunicação como um dos maiores pesquisadores dos processos de
recepção.
Comentário
Televisión y producción de significados (três ensayos) (1994) é considerada
um ponto de inflexão na trajetória acadêmica de Orozco, colocando-o na
vanguarda dos estudos qualitativos de recepção, uma vez que conjuga o
pensamento comunicacional latino-americano com a visão anglo-americana
sobre os processos pedagógicos e os estudos sobre as audiências.
Polissemia da programação
O olhar do pesquisador mexicano entende a polissemia da programação. A
recepção estabelece a comunicação, segundo Orozco. Para ele, a audiência
comporta um desafio pedagógico que nada mais é do que dar sentido a essa
multiplicidade de elementos, de mediações que contribuem, simultaneamente,
tanto para entender os sujeitos-audiências como para sua emancipação.
1. Linguagem televisiva.
2. Mediacidade da televisão.
3. Tecnicidade.
4. Institucionalização.
Atividade
3. Assista a um trecho do filme O show de Truman e analise as sentenças abaixo:
III – Não é possível relacionar o fato de Truman não ter ciência de que ele era
um personagem em um show à dimensão da institucionalização, proposta no
quadrilátero de Orozco, pois isso não envolveria uma questão política.
Resumo
Destacam-se, portanto:
Ciespal em Quito.
Instituto Venezuelno de Investigaciones de Prensa (ININCO), na Venezuela.
CEREN, no Chile.
ILET, no México.
De modo pouco mais específico, entendemos que três aspectos se destacam nas
pesquisas em comunicação, a partir dos Estudos Culturais:
Atividade
4. (DataPrev 2012 – Comunicação Social)
5. COMPERVE 2018