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29/08/2022 22:12 A comunicação humana

A comunicação humana
Profª. Érica Henke Garcia Martinet

Descrição

A comunicação humana e sua importância nas relações interpessoais e


no fazer profissional,
especificamente para a área da Psicologia.

Propósito

A compreensão do processo de comunicação humana como motor básico


para a interação entre diferentes
pessoas é essencial para
instrumentalizar o futuro psicólogo no seu trabalho prático,
permitindo melhor
relação com o outro e facilitando a possibilidade
de expressar-se de maneira efetiva e clara em todos os
contextos
profissionais.

Objetivos
Módulo 1

Comunicação em Psicologia
Identificar a importância da comunicação na prática do
profissional de Psicologia

Módulo 2

Canais de comunicação para o psicólogo


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Analisar as diferentes formas e os canais de comunicação


pertinentes ao psicólogo

Módulo 3

A importância do feedback
Avaliar a importância do feedback e intervenções
psicológicas

Módulo 4

Conceitos e ferramentas em Psicologia


Relacionar conceitos e ferramentas em contextos
profissionais

Introdução
A comunicação humana é a ferramenta responsável pela interação e
troca de mensagens de dois ou
mais indivíduos, estando presente
em qualquer ambiente ocupado por pessoas. Por meio da
comunicação, foi possível estabelecer grupos, sociedades,
culturas e vínculos, compreendendo toda
e qualquer relação
relativa ao ser humano.

Neste conteúdo, entenderemos a importância da comunicação


humana, especialmente para o profissional de
Psicologia.
Analisaremos também as diferentes formas e canais de comunicação
pertinentes ao psicólogo. Além
disso, avaliaremos a importância
do feedback e de intervenções psicológicas e relacionaremos
todos os assuntos
abordados para que você identifique como
começar, manter e encerrar uma comunicação de boa qualidade nas
suas futuras interações como profissional.

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1 - Comunicação em psicologia
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a importância da comunicação na prática do
profissional de Psicologia.

Comunicação: uma definição


O termo comunicar tem origem na palavra latina communicare e
significa tornar comum, partilhar algo,
dividir alguma coisa
com alguém (RAMOS; BORTAGARAI, 2012).

Comunicar pode ser um verbo entendido como uma ação que busca
expandir conhecimento, independentemente da área
em questão.
Quando se torna algo em comum ou partilha-se algo com alguém,
o conhecimento está sendo expandido, pois
mais pessoas
conseguem interagir, trocar e compartilhar. Pode-se dizer que
comunicar é, então, expandir uma percepção
para o mundo.

Será que todos entenderão uma mensagem de maneira universal?


Nem sempre,
pois existem diversas formas de interpretá-la.

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Influência do grupo
A comunicação também está relacionada com a convivência e com
a coesão de ideias, imagens e experiências, ou seja, um
grupo
pode utilizar uma forma para comunicar-se, mas outro pode
utilizar uma forma de comunicação totalmente diferente.
Um
exemplo dessa diferença é a existência de:

Linguagem falada
close

Linguagem de sinais

Ambas as linguagens são consideradas idiomas utilizados para


comunicação, no entanto, a falada é emitida por meio de
sílabas sonoras que formam palavras e permitem a identificação
de ações, objetos, pensamentos, sentimentos, emoções. A
linguagem de sinais também permite que seus usuários realizem
tudo o que as pessoas ouvintes realizam, mas por meio
de
sinais com as mãos, expressão facial e corporal. A forma como
a comunicação ocorre é diferente, mas o objetivo é o
mesmo.
Contudo, é necessário que as pessoas envolvidas compreendam a
forma de comunicação escolhida, caso
contrário, seriam apenas
símbolos, sílabas, gestos, desenhos sem um significado comum
ou específico.

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Elementos básicos da comunicação


A comunicação, além de uma mensagem, para que seja efetiva,
envolve ao menos duas pessoas. Emissor, receptor e
mensagem
são elementos básicos (PENTEADO, 2012).

Emissor expand_more

Aquele que emite a mensagem.

Receptor
expand_more

Aquele que recebe e codifica a mensagem.

Mensagem
expand_more

Aquilo que o emissor envia e o receptor recebe.

Há a particularidade da autocomunicação, que envolve apenas um


indivíduo que se comunica com ele mesmo. Esse
processo pode
ser considerado autoanálise,
autoconhecimento e remonta tanto à proposta
filosófica como à
psicoterapêutica. Contudo, no contexto das
relações com outros indivíduos, ou seja, da comunicação
humana, é preciso
que existam
pelo menos duas pessoas: uma enviará a
mensagem, a outra a receberá e a decifrará.

Acompanhe a seguir um exemplo prático que auxiliará a


compreender esse assunto.

Você está andando pela cidade e encontra uma pessoa de


outro país perdida; prontamente,
sua atitude é de
ajudar o sujeito. No entanto, ele fala apenas alemão,
e você só fala português.
O emissor está emitindo uma
mensagem no idioma alemão, mas o receptor só consegue
codificar mensagens no idioma português. Portanto, a
mensagem do emissor não conseguirá
ser devidamente
codificada pelo receptor, tornando-se apenas um
conglomerado de sons.

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Apesar da barreira linguística, você continua tentando


auxiliar a pessoa perdida e tenta utilizar
gestos,
aponta para o mapa que está próximo e, então, o
indivíduo aponta para um ponto
turístico da cidade.
Você deduz que ele deseja chegar até lá, pega um
pedaço de papel e
escreve os números dos ônibus que
chegam ao local. O estrangeiro parece ficar bastante
aliviado e agradecido, pega o papel, aperta sua mão e
direciona-se para o ponto de ônibus.
Aqui, o emissor
utilizou outras estratégias para que o receptor
conseguisse decodificar a
mensagem, e a comunicação
pareceu ser bem-sucedida.

Comunicação e tempo
A comunicação também pode acontecer entre pessoas de tempos
diferentes, como, por exemplo, por meio de relatos
históricos,
histórias, reportagens, desenhos, pinturas, esculturas e
tantas outras formas de expressão que podem ser
acessadas na
posterioridade, como este texto. Os desenhos são considerados
umas das formas mais antigas de
comunicação entre seres
humanos (BORSA, 2010), como pode ser evidenciado por meio das
pinturas rupestres.

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Pinturas rupestres encontradas na Serra da Capivara, no Piauí,


Brasil.

Qual história esses seres humanos queriam contar?

O que você compreende por meio dessa imagem?

O emissor conseguiu transmitir uma mensagem codificável ao


receptor?

Provavelmente, você encontrou algumas respostas para os


questionamentos descritos acima, mas não conseguiu
responder a
tudo com precisão. Isso acontece porque é necessário que a
interpretação do receptor corresponda à intenção
do emissor,
ou que ambos entendam o significado passado pela mensagem.

Atenção!
Como o exemplo é sobre gravuras de um período
pré-histórico, não é possível ter certeza sobre a intenção
da mensagem a
ser passada. No entanto, historiadores podem
compreender melhor o significado desses desenhos, pois
estudam pistas,
indícios e formas de vivências, por
exemplo. Esses profissionais, portanto, têm um aparato
mais amplo para decodificar as
mensagens do passado.

Comunicação na Psicologia
Qual será, então, a mensagem que o psicólogo deve decifrar?

Resposta
Ao longo da formação em Psicologia, é possível perceber
que o centro desse fazer profissional concentra-se na
pessoa,
logo, a forma como esse indivíduo se comunica é de
extrema importância.

Isso não quer dizer que o psicólogo será treinado para


adivinhar pensamentos, sentimentos ou descobrir se uma pessoa
fala a verdade ou não. O psicólogo deve estar atento e aberto
para ouvir o que o outro tem a dizer, ou seja, ele não precisa
ser um leitor de mentes, mas estar aberto para receber e
codificar a mensagem que o emissor produz. Nesse caso, o
psicólogo passa a ser o receptor, no entanto, nem sempre a
mensagem pode ser totalmente compreendida, então, é
importante
que o psicólogo sinalize e busque entender verdadeiramente o
sentido da mensagem. A comunicação é
essencial para o
profissional da Psicologia, seja qual for a área em que ele
atue.

A escuta é uma das atividades mais desenvolvidas pelos


profissionais da Psicologia, contudo, também é preciso
garantir a
compreensão de uma mensagem e, para isso, a
interação é fundamental. A devida codificação de mensagens
que o
receptor envia é, portanto, parte do trabalho do
psicólogo.

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Para que essa tarefa seja bem-sucedida, pode-se perguntar


e confirmar o entendimento sobre o processo e assim
garantir
maior efetividade no processo. Vamos acompanhar o
exemplo a seguir.

Joana é psicóloga de um hospital e foi contratada para


atuar na ala de ortopedia infantil.
Inicialmente, a
psicóloga imaginou que seu trabalho seria apenas com
as crianças e sentiu-se
totalmente preparada, pois
acreditava saber tudo sobre o desenvolvimento
infantil.

Contudo, logo em seu primeiro dia de trabalho


deparou-se com uma situação bastante difícil
para ela.
Um médico ortopedista a procurou, pois desconfiou que
um dos pais de uma menina
que havia sido internada no
hospital no dia anterior com graves queimaduras e
lesões
ortopédicas estaria cometendo maus-tratos com a
criança.

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Joana estava nervosa, mas dirigiu-se até o quarto em


que a criança se encontrava para
entender um pouco
melhor a situação. Naquele momento, a profissional
estava sentindo-se
sob pressão, mas seguiu em frente e
fez tudo o que pôde para descobrir o que havia
acontecido; porém, a menina apenas disse que um
amiguinho a empurrou quando estava
próxima a um sinal
de trânsito.

A partir desse momento, Joana percebeu que seu


trabalho incluía uma missão delicada de
comunicar-se
de diversas formas, pois a fala nem sempre lhe traria
todas as respostas
necessárias. O médico estava
bastante ansioso e queria saber o veredito da
psicóloga, que
respondeu não ter absoluta certeza. O
médico ficou zangado e disse que a presença de Joana
era desnecessária. A psicóloga ficou sem graça e saiu.

No dia seguinte, Joana chegou ao hospital decidida a


entender melhor a situação e levou
alguns testes
infantis, folhas de papel, desenhos coloridos e
bonecos para tentar entender
melhor o ponto de vista
da criança por meio da brincadeira e de uma
comunicação mais
lúdica.

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Aos poucos, ela percebeu que o momento das duas estava


fluindo muito mais e conseguiu
entender um pouco a
dinâmica familiar, de quem a criança se considerava
mais próxima,
quais as brincadeiras a família
costumava fazer, o que ela mais comia, qual era sua
rotina e
tantas outras informações que a auxiliaram a
entender não só aquela situação específica, mas
algo
muito maior chamado maus-tratos.

Para chegar a essa hipótese, a psicóloga também


conversou com os responsáveis da criança
e pessoas da
família, que foram visitá-la em horários diferentes e
confessaram já terem
presenciado maus-tratos à
criança, mas nunca da forma como ocorreu dessa vez.

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Vamos entender o exemplo analisando três pontos de vista


diferentes:

Psicóloga
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A psicóloga deparou-se com uma situação totalmente


diferente do que esperava encontrar em seu trabalho, já
que
possuía uma experiência diferente em relação a
atendimentos. No primeiro momento, ela não conseguiu uma
comunicação efetiva com a criança, devido ao seu estado
de saúde debilitado, medo, à insegurança e ao trauma a
que fora exposta. A mensagem que a psicóloga estava
buscando não foi encontrada, pois a criança pode não ter
encontrado os meios para comunicar aquilo que a afligia,
de modo que as atividades mais lúdicas a ajudaram a
expressar-se. A psicóloga, então, conseguiu entender um
pouco melhor a situação e decidiu conversar com os
responsáveis e outros familiares. A forma de comunicação
utilizada variou, e foi assim que a mensagem pôde ser
codificada.

Médico
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Do ponto de vista do médico, é possível perceber certa


frustração ao não obter uma exatidão na resposta da
psicóloga, pois ele esperava um veredito. Aqui, é
preciso perceber que diversas condições podem ter
ocorrido. O
médico podia estar aflito com o fato de uma
criança passar por essa situação e poderia querer tomar
medidas
cabíveis para ajudá-la, ou podia ter uma ideia
equivocada sobre a função do psicólogo no hospital, ou
alguma outra
hipótese que você pode ter imaginado, por
exemplo.

Paciente
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O ponto de vista da paciente é o mais delicado e frágil,


pois, além de se tratar de uma menor de idade, a criança
podia estar amedrontada, desconfiada, com medo de que
algo acontecesse a seus responsáveis, entre tantas
outras
possibilidades. Unindo-se ao fato de que a
criança se encontra em fase de desenvolvimento e não se
comunica
exatamente da mesma maneira que os adultos, a
mensagem que ela tentou enviar foi comprometida em seu
significado.

Comentário
Por meio desse exemplo, é possível perceber que existem
diversas interpretações para uma mesma situação e que,
para
que uma mensagem seja devidamente transmitida, é
necessário que o receptor entenda a interpretação do
emissor sobre
determinada situação.

O psicólogo, portanto, necessita compreender,


além da mensagem emitida, a interpretação feita pelo emissor,
para que ele
possa efetivamente ouvir e acolher uma pessoa. Em
adição, precisa sempre contextualizar esse
processo de comunicação
para poder ter uma visão mais completa
de toda a situação envolvida.

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A necessidade de comunicação do psicólogo
Neste vídeo, será desenvolvida uma linha de raciocínio para
que o aluno compreenda como a comunicação
será essencial para
a profissão, refletindo sobre como uma determinada situação
pode ser entendida de
vários pontos de vista.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A comunicação demanda alguns fatores para que ocorra de maneira efetiva. Assinale a alternativa que explica esses
fatores de maneira adequada.

Para que a comunicação seja efetiva, é preciso que um emissor receba a mensagem e um receptor
A transmita a devida interpretação para o emissor. Contudo, para que a comunicação aconteça, é preciso
que o receptor compreenda e saiba interpretar a mensagem.

Para que a comunicação seja efetiva, é necessário que existam um emissor, que transmitirá uma
B mensagem, e um receptor, que receberá a mensagem. Contudo, para que a comunicação aconteça, é
preciso que o receptor compreenda e saiba interpretar a mensagem.

Qualquer pessoa pode se comunicar por meio de uma mensagem, contudo, nem todos conseguem
C decodificá-la. Isso impede a presença de um emissor, um receptor e de uma possível decodificação da
mensagem por outras pessoas que entendam o mesmo código.

Qualquer pessoa pode decodificar uma mensagem, mesmo que ela não domine o código utilizado, basta
D que existam um emissor da informação e um receptor da informação. Esses elementos garantem que a
mensagem foi transmitida e compreendida.

Os elementos necessários para que a comunicação ocorra de maneira efetiva são a existência de um
E código e sua transmissão por meio de um emissor. Dessa maneira, qualquer pessoa pode receber e
codificar qualquer mensagem, garantindo a comunicação humana.

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Parabéns! A alternativa B está correta.


Para que uma comunicação ocorra de fato, é preciso que um emissor emita uma mensagem e um receptor a
receba de maneira que ele consiga decodificá-la, caso contrário, seriam apenas códigos e símbolos sem uma
significação. O receptor, portanto, não conseguiria compreender o conteúdo da mensagem, e ela não seria
Questão 2
conhecida pelo receptor.

A comunicação humana é um tema amplamente estudado por diversas áreas do conhecimento, inclusive pela Psicologia,
de maneira que favoreça a aplicação de seus conhecimentos na prática profissional. Assinale a alternativa que contém a
melhor justificava para a afirmativa acima.

O psicólogo utiliza suas habilidades de comunicação para compreender melhor o indivíduo que está a
A
sua frente, pois ele foi treinado para desvendar o pensamento.

O psicólogo é um profissional que necessita compreender outras pessoas para identificar a melhor
B
solução do problema apresentado e a comunicação o auxiliará a encontrar essa resposta.

O psicólogo utiliza suas habilidades de comunicação para inquirir e descobrir o lado mais escondido de
C
uma pessoa, que é o principal objetivo da prática profissional de Psicologia.

O psicólogo é um profissional que necessita compreender outras pessoas e faz isso por meio da
D
comunicação, pois não há um caminho universal para desvendar a mente.

A comunicação é uma ferramenta de extrema importância para o psicólogo, pois ela garante que todas
E
as pessoas irão compreender o que o profissional fala.

Parabéns! A alternativa D está correta.


O psicólogo não irá adivinhar o que se passa na mente de outra pessoa; na verdade, ele se coloca sensível ao
que o outro diz e busca sempre confirmar o que entendeu. Esse processo garante maior efetividade na
comunicação e melhor entendimento da mensagem que o outro deseja passar para o psicólogo.

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2 - Canais de comunicação para o psicólogo


Ao final deste módulo, você será capaz de analisar as diferentes formas e os canais de comunicação
pertinentes ao psicólogo.

Introdução
Compreendemos a importância que a comunicação tem para a
Psicologia e a atuação do profissional da
área. Devemos,
então, procurar reconhecer os tipos e as estratégias que estão
associadas ao processo de
comunicação. Neste módulo, será
possível entender as
diferentes formas de comunicação pertinentes ao
psicólogo.

Comunicação como instrumento


A comunicação é o instrumento que permite a existência de
vínculos entre os indivíduos de uma sociedade, garantindo sua
ligação e conexão e a manutenção de seus costumes. Como um dos
elementos iniciais para que isso ocorra, temos a
percepção. A percepção pode ser considerada
condição essencial para o encontro.
O ato de perceber o outro e a sua
mensagem permite a
formação de uma impressão, que é formada por meio da organização cognitiva dos
conhecimentos e
contatos adquiridos ao longo da vida (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

Pense em um prestador de serviço que escreve um anúncio e


pendura-o no quadro de avisos no condomínio onde mora.
Muitas
pessoas passam pelo quadro, no entanto, nem todas param para
ler tudo o que nele se encontra, outras pessoas
sequer
diferenciam as mensagens entre si. Pode-se dizer, então, que
nem todas as pessoas perceberam a mensagem no
mural, não
existindo uma comunicação de fato.

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Comunicação verbal e não verbal


Ao referir-se à ação de comunicar, geralmente, pensa-se
imediatamente na fala, na escrita, na leitura, ou seja, formas
consideradas como comunicação verbal. Contudo,
a comunicação também pode ocorrer pela via não
verbal, envolvendo
gestos, movimentos, olhares, expressões faciais,
posição corporal, desenho e sinais. Existem ainda pessoas que
podem
fazer uso dos dois tipos de comunicação, a verbal e a
não verbal, como é o caso de uma charge, uma tirinha, um
desenho
com uma legenda, por exemplo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
2008; MOSCOVICI, 2008; RAMOS; BORTAGARAI, 2012).

A comunicação pode ser (BOCK, FURTADO; TEIXEIRA, 2008):

Verbal

Uso de linguagem por meio da fala, escrita ou leitura.


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Não verbal

Uso de gestos, olhares, expressões faciais, desenhos e


sinais.

Segundo Ramos e Bortagarai (2012), a comunicação não verbal é


uma maneira de qualificar a interação humana,
permitindo que
sentimentos, emoções, qualidades e contexto sejam transmitidos
e/ou percebidos de acordo com a
situação que se apresenta. O
próprio silêncio pode ser bastante significativo e permite
diversas interpretações.

Dica
Tanto a comunicação verbal como a não verbal mostram-se
úteis no contexto terapêutico, pois permitem a expressão
consciente ou inconsciente do indivíduo de acordo com o
contexto em que se apresenta.

Observe a imagem a seguir:

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Três estátuas que representam ensinamentos relacionados ao


budismo.

Em que você pensou?

Você conhece a história por trás da imagem dessas


esculturas?

Elas se referem a ensinamentos da cultura oriental que


objetivam transmitir a ideia de que o mal não permeie o ser,
ou seja,
que o ser não veja e não escute o mal e não fale
sobre ele. A reflexão proposta é tão profunda que é possível
pensar em
como habitam dentro de cada ser humano a luz e a
sombra, chegando à conclusão de que o mal não está apenas do
lado
de fora, mas também faz parte de cada um.

Você já deve ter escutado a frase “uma imagem vale mais


que mil palavras”.

Nesse caso, essas esculturas permitem diversas


interpretações, mas a maioria coincide em destacar os
perigos do que
vemos, falamos ou escutamos, conduzindo-nos
à reflexão.

Perceba como apenas a visualização de uma imagem pode


proporcionar uma reflexão tão profunda sobre o ser humano.
Outro ponto importante é analisar como a história dessa imagem
é contada.

Exemplo
Suponha que uma pessoa apresente deficiência visual e não
consiga identificar a imagem. Ela ainda poderá entender a
mensagem quando alguém lhe descrever as ações
apresentadas.

Escuta e olhar
O profissional de Psicologia pode utilizar as diferentes
formas de comunicação e se beneficiar delas em sua
atuação.
Levando em consideração que sua atuação depende
da interação com outras pessoas, direta ou indiretamente,
esse é um
assunto essencial para o âmbito profissional.

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A escuta é parte essencial do trabalho do psicólogo.


Entretanto, o escutar do psicólogo não envolve apenas a
linguagem
verbal, pois para o psicólogo a escuta não é
somente ouvir, a escuta psicológica envolve também a
linguagem não verbal.

O psicólogo precisa prestar atenção ao que o paciente fala,


aos seus gestos, às
expressões faciais, à forma de se
movimentar, à postura corporal e ao modo de
falar. Assim,
será possível realmente perceber o indivíduo que está à sua
frente,
permitindo uma compreensão mais fidedigna do
sujeito.

O psicólogo busca, em primeiro lugar, olhar a pessoa que está


à sua frente, tentando se libertar dos estereótipos e
julgamentos, o que é essencial para verdadeiramente enxergar o
outro. Na Psicologia, chamamos essa disponibilidade e
atenção
do psicoterapeuta com o seu paciente de
escuta terapêutica. A escuta é como um
segundo passo na direção do
acolhimento necessário. O último
conceito, acolhimento, consiste em uma tarefa
básica no fazer do psicólogo, pois, seja
qual for a área de
atuação, será necessário lançar mão dessa estratégia em algum
momento.

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A escuta terapêutica e a comunicação
Neste vídeo, a partir de uma breve explicação sobre as
diferentes formas de comunicar-se, a especialista
Érica Henke
irá contextualizar a importância da escuta terapêutica.

Acolhimento
Um dos significados da palavra acolher é o de
dar crédito, levar em consideração, dar ouvidos, e isso é justamente o que o
psicólogo
objetiva fazer. O
fato de trocar palavras e respostas não significa que dois
seres humanos estejam realmente se
comunicando e se ouvindo.
O psicólogo precisa, portanto, demonstrar que está ali de
verdade, e ele pode utilizar tanto a
comunicação verbal como a não
verbal para isso.

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A história da psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999) é um


grande exemplo que deve ser ressaltado nesse quesito. Nise
foi
uma importante psiquiatra brasileira, reconhecida por
transformar o tratamento de saúde mental no Brasil em
meados do
século XX. Ao chegar ao Hospital da Praia
Vermelha, no Rio de Janeiro, em 1927, percebeu que os
pacientes não eram
realmente vistos e escutados.
Deparou-se com muitas desculpas e percebeu que ela poderia
fazer algo para acolher
aquelas pessoas de uma maneira
acessível para todos. Nise resolveu, então, escutar e
tornou-se atenta a cada um dos
pacientes.

Buscou alternativas que pudessem auxiliá-la nessa tarefa,


incentivou que cada um encontrasse uma forma de arte com a
qual se identificasse mais e percebeu que cada paciente
começou a contar sua própria história por meio de desenhos,
pinturas, esculturas, construção de objetos. Até hoje é
possível visitar o museu do inconsciente, que possui obras
produzidas pelos pacientes e que dizem muito sem utilizar uma
única palavra em muitos casos.

O que a psiquiatra Nise da Silveira fez foi escutar e acolher


cada uma das pessoas que ali se encontravam, pois ela sabia
que não existia uma receita a ser seguida. Ela utilizou a
empatia para perceber que o espaço de vivência dos pacientes
não
era adequado, eles não conseguiam expressar-se e, na
maioria das vezes, sequer eram levados em consideração.

Comunicação e arte
A arte é uma forma de comunicar o que está dentro de um
indivíduo, um modo de
manifestar o próprio pensamento, o
sentimento, a emoção e até eventos históricos.

A arte fala, antes de tudo, sobre o sujeito que a criou, seu


criador, e comunica algo para aqueles que a contemplam. Outro
exemplo seriam os desenhos feitos pelas crianças. O
vocabulário em desenvolvimento e a formação das estruturas
cognitivas e emocionais conferem à criança uma forma de se
expressar distinta da dos adultos, e a expressão lúdica pode
ajudar a criança a comunicar a sua mensagem. O desenho pode
ser uma forma de desvendar a mensagem que deseja ser
passada,
pois ele pode refletir o que a criança está vivenciando ou
sentindo, sem que ela precise encontrar uma palavra
exata para
se expressar.

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Comunicação e testes psicológicos


Os testes psicológicos podem ser também uma forma de se
comunicar, conhecer o paciente e até de descontrair a tensão
inicial, proporcionando uma intervenção que pode trazer
respostas ao psicólogo. Os testes psicológicos são
instrumentos
de avaliação, que buscam compreender determinado
conceito a partir de tarefas, imagens, desenhos,
interpretações,
escolhas, desafios de um indivíduo.

Exemplo
A personalidade é um conceito amplamente pesquisado e
existem diversos testes, orientados por diferentes
abordagens,
que lançam meios variados para compreender
certas características de cada um.

Os testes expressivos, por exemplo, são técnicas qualitativas


que avaliam a expressão consciente e a expressão
inconsciente
para investigar características de personalidade. Nos testes
expressivos, fazemos uso de produções que o
indivíduo realiza,
como desenhos e histórias, para podermos conhecer melhor o
paciente, tanto crianças quanto adultos.

Expressão corporal
A percepção de uma expressão facial e mudança de comportamento
é outra forma de receber uma mensagem. O psicólogo
pode
analisar a postura corporal, o olhar, se há alguma mudança no
modo de uma pessoa se portar quando fala de
determinado
assunto, observando, por exemplo, se fica mais ofegante ou
não.

Todos esses sinais podem auxiliar a perceber uma mudança, no


entanto, não serão decisivos e precisam ser devidamente
verificados para que se chegue a uma conclusão. Por mais que
uma expressão facial possa transmitir uma emoção, nem
sempre a
emoção refere-se à interpretação feita. Existem pessoas que
choram de felicidade, por exemplo, mesmo que seja
uma atitude
geralmente atrelada à tristeza. Por isso, o uso e a vinculação
de uma comunicação clara, assertiva e múltipla
podem garantir
melhor compreensão do psicólogo.

Carl Rogers foi um dos grandes expoentes da Psicologia


Humanista, que prezava muito pela relação terapêutica. Uma
de
suas práticas durante seus atendimentos era a de
confirmar com a pessoa que estava em sua frente se o que
ele havia
entendido era o que estava sendo transmitido.

Por meio desse exercício simples, a comunicação


estabelecida tornava-se mais efetiva, e o terapeuta
passava a ter melhor
entendimento sobre o que o indivíduo
realmente estava comunicando.

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29/08/2022 22:12 A comunicação humana

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Qualquer ser humano pode se comunicar por meio de diferentes formas que não apenas a fala. Assinale a alternativa que
melhor explica esse fato.

A comunicação pode ocorrer por meio de fatores verbais e não verbais, por isso, a fala não é a única
A
forma de se comunicar.

A comunicação pode ocorrer por meio da fala e da escrita, por isso, a fala não é a única forma de se
B
comunicar.

A comunicação pode ocorrer de maneira fluida ou rígida. A fala consiste na maneira fluida, já a
C
interpretação corresponde à maneira rígida.

A comunicação pode ocorrer por meio de ferramentas construídas pelo homem, tais como o celular e o
D
computador, não necessitando da fala presencial sempre.

A comunicação pode ocorrer independentemente da compreensão da mensagem, por isso, a fala não é a
E
única forma de realizar esse processo.

Parabéns! A alternativa A está correta.


Uma mensagem pode ser enviada de diversas formas, assim como a sua interpretação também pode ocorrer
por meio de variados indícios. Quando estamos conversando com alguém de maneira presencial, levamos em
consideração a forma como a pessoa nos olha, a posição em que está, a maneira como respira, entre tantos
outros fatores, além de apenas a fala. Por isso, considera-se que a comunicação poderá ocorrer por meio de
Questão 2 verbais e não verbais.
fatores

Um quadro pode ser feito a partir de diferentes motivações para contar uma história, porém, sempre haverá uma mensagem
que o artista deseja transmitir. A afirmativa é verdadeira ou falsa? Assinale a alternativa que contém o comentário que
melhor explica a afirmativa anterior.

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A afirmativa é falsa, pois uma obra artística não passa mensagens, ela apenas embeleza os ambientes e
A
distrai as pessoas, portanto, a afirmativa é infundada.

A afirmativa é falsa, pois algumas obras transmitem mensagens, mas não são todas. A melhor forma de
B
se comunicar é por meio da fala.

A afirmativa é verdadeira, pois uma obra de arte parte de uma inspiração e uma explicação do porquê o
C
artista retratou aquela imagem.

A afirmativa é verdadeira, pois os quadros são como ilustrações de um livro que sempre são pintadas em
D
série e fazem parte de uma trajetória.

A afirmativa é verdadeira, pois os quadros são formas de emitir mensagens cifradas que pouquíssimas
E
pessoas no mundo conseguem codificar.

Parabéns! A alternativa C está correta.


Imagem, pintura, gravura podem sim partir de uma história, pois existem motivos para que o artista as tenha
feito. Contudo, a explicação da mensagem que a obra contém nem sempre é tão explícita e de fácil
compreensão para todos, o que pode exigir uma explicação do autor, por exemplo.

starstarstarstarstar

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3 - A importância do feedback
Ao final deste módulo, você será capaz de avaliar a importância do feedback e intervenções psicológicas

Formas de interação
As habilidades interpessoais são requisito fundamental para a
atuação do profissional de Psicologia, sendo
a
comunicação
o meio pelo qual um indivíduo se expressa. Sentir-se seguro e
preparado para lidar com
situações que envolvem o
relacionamento interpessoal, ou seja, a interação com outras
pessoas, é
fundamental para a prática do psicólogo. No
entanto, nem sempre a graduação supre essa necessidade
(BANDEIRA et al., 2006). Portanto, o estudo sobre as
diferentes formas de interação, como realizar
perguntas e
fazer devolutivas, torna-se fundamental para a prática da
profissão.

O psicólogo, além de se comunicar, acolher e escutar,


precisa saber como conduzir
uma entrevista ou um
atendimento.

Nesse caso, é preciso fazer perguntas bem formuladas e


adequadas para que haja fluidez no processo de comunicação,
além de entender como realizar uma devolutiva ou feedback.
Saber como abordar e confrontar uma pessoa de maneira
equilibrada é uma habilidade importante para um posicionamento
assertivo.

Entrevista
Segundo Cunha (2000, p. 45), entendemos por entrevista
psicológica:

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Um conjunto de técnicas de investigação, de tempo


delimitado, dirigido por um entrevistador
treinado, que
utiliza conhecimentos psicológicos, em uma relação
profissional, com o objetivo de
descrever e avaliar
aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos (indivíduo,
casal, família, rede
social), em um processo que visa a
fazer recomendações encaminhamentos ou propor algum tipo
de intervenção em benefício das pessoas entrevistadas.

Podemos destacar como é importante que, na entrevista


psicológica, exista especial atenção à complexidade dos
procedimentos envolvidos, procedimentos que fazem referência
às competências do entrevistador, o qual precisa contar
com as
habilidades necessárias para sustentar uma relação
interpessoal eficiente.

Sobre as entrevistas, Cunha (2000) as classifica segundo os


seus aspectos formais em três tipos:

Estruturada
expand_more

Apresenta um roteiro, geralmente com perguntas fechadas


que precisam ser seguidas.

Semiestruturada expand_more

Pode apresentar um roteiro predefinido para direcionar a


entrevista, mas é possível acrescentar ou alterar
algumas
perguntas dependendo do andamento da entrevista.

Não estruturada expand_more

Não há um roteiro a ser seguido com perguntas


predefinidas .

Fazer uma pergunta a alguém parece um processo simples, basta


utilizar uma entonação de interrogação, correto?

Não necessariamente. Não existe um passo a passo a ser


seguido para obter
sucesso em uma entrevista, no entanto, é
essencial que o profissional se mostre
aberto, atento e
disponível.

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Imagine que você está conversando com duas pessoas sobre as


melhores experiências da vida de cada uma. Quando
chega sua
vez, você fica muito empolgado e quer narrar cada detalhe para
que ambas entendam bem. No entanto, você
encontra duas
atitudes e opiniões totalmente diferentes.

Pessoa 1

Diz ter achado muito legal, mas apenas utiliza palavras


como “legal”, “maneiro”, “gostei”, “bacana” de modo
pouco
expressivo, olhando para todos os lados, menos
para você, como se estivesse procurando algo mais
interessante.

close
Pessoa 2

Mostra-se bastante atenta, olha em seus olhos, realiza


perguntas sobre o que você está falando e manifesta sua
opinião sobre o que está sendo dito.

Dica
Em geral, as pessoas preferem conversar com quem lhes
dispenda atenção, pois esse ato demonstra interesse no que
está
sendo dito, mesmo que as duas partes não concordem em
tudo. Portanto, o primeiro passo para uma conversação
efetiva é
demonstrar atenção ao que o outro diz.

As diferenças entre as pessoas é outro ponto relevante, pois é


preciso saber lidar com elas. A não aceitação de uma opinião
oposta ou de uma visão distinta pode dificultar a comunicação,
criando um ambiente fechado para a troca.

Moscovici (2008) explica que, se as diferenças são aceitas e


tratadas em aberto, a comunicação flui fácil, em dupla
direção,
as pessoas falam o que pensam e sentem, e têm
possibilidades de dar e receber feedbacks. Contudo, se o
oposto ocorre ou
se as diferenças são negadas, a comunicação
torna-se falha, incompleta, insuficiente, com bloqueios e
barreiras, distorções
e fofocas.

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Dessa maneira, a mensagem que o emissor deseja passar não


é devidamente codificada pelo receptor, ou seja, as
pessoas
não falam o que realmente gostariam de falar, nem
ouvem outros indivíduos, só captam o que reforça sua
imagem das
outras pessoas.

Segundo Cunha (2000), o bom andamento de uma entrevista


psicológica recai na qualidade da formação teórica do
psicólogo e na sensibilidade desse profissional em relação aos
aspectos relacionais, como, por exemplo, o cuidado
existente
em relação aos processos de
transferência e contratransferência
que aqui acontecem. Essa sensibilidade pode
ser desenvolvida
em parte, por isso a importância de você, como aluno de
Psicologia, procurar a prática supervisionada
para consolidar
diversas estratégias e ferramentas.

Transferência e contratransferência
Processos centrais na compreensão da relação psicoterápica na
perspectiva psicanalítica. Transferência se
refere aos
sentimentos, às emoções e aos afetos que o paciente sente em
relação ao seu psicoterapeuta. Já
a contratransferência seriam
os sentimentos e as emoções que o analista experiencia em
relação ao seu
paciente.

Feedback
Perguntar é essencial no processo de acolhimento, no entanto,
uma interação não é formada apenas por perguntas, mas
também
por devolutivas ou, como se conhece, pelo termo feedback. O
significado do referido termo é o de ser um processo
que
contribui para o desenvolvimento de competências
interpessoais, por meio da comunicação sobre como uma ação,
uma pessoa, ou grupo afeta outros indivíduos, sempre
objetivando o desenvolvimento, a melhoria do desempenho e,
consequentemente, a conquista dos próprios objetivos
(MOSCOVICI, 2008). Portanto, o feedback é essencial para
desenvolvermos uma boa comunicação.

Moscovici (2008) cita algumas características importantes que


devem ser levadas em consideração para realizar um
processo
útil por meio do feedback:

Descritivo
expand_more

Descrever um evento permite que a pessoa realize sua


própria interpretação em vez de reagir de maneira
defensiva,
algo que poderia acontecer caso um julgamento
estivesse explícito ou implícito.

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Específico
expand_more

Auxilia a pessoa a identificar ocasiões específicas em


que teve uma determinada atitude, o que a ajuda a
entender
melhor sua forma de agir do que um comentário
generalista.

Empático
expand_more

A pessoa que comunica algo precisa levar em consideração


não apenas as próprias necessidades, mas também as
do
receptor, caso contrário, pode ser um processo
extremamente destrutivo.

Dirigido expand_more

O comunicador deve dirigir seu olhar para comportamentos


que o receptor possa modificar, caso contrário, pode
apenas intensificar o sentimento de frustração sobre
algo que o receptor não conseguirá modificar.

Solicitado expand_more

Em vez de imposto pelo comunicador.

Oportuno
expand_more

Quanto mais próximo ao evento ocorrido, melhor, pois


será mais útil ao receptor.

Esclarecido expand_more

Para assegurar uma comunicação precisa, uma forma é


pedir que o receptor repita a mensagem que o comunicador
deseja passar.

O feedback é uma ferramenta muito útil, mas nem sempre é


fácil receber ou dar.

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Quando bem utilizado, ele pode ser aproveitado e ajudar no


desenvolvimento pessoal de várias habilidades de uma
pessoa,
contudo, admitir para si mesmo uma ineficiência já
é algo difícil, para outra pessoa pode ser ainda mais
desafiador. Muitas
pessoas escondem ou evitam olhar para
seus defeitos, suas dificuldades ou para as partes de sua
personalidade que têm
sido evitadas.

Olhar para tudo isso pode ser muito difícil, fazendo com que a
pessoa negue ou se coloque em posição defensiva
(MOSCOVICI,
2008). Receber um feedback é também um exercício de
autopercepção que demanda esforço e empenho
para lidar com
medos, angústias e receios sobre si mesmo. Dar um feedback
também não é uma tarefa fácil, pois tanto o
comunicador quanto
o receptor podem apresentar questões. Aquele que fornece o
feedback pode se deparar com certa
necessidade de se sentir
importante e sábio, tendendo a entrar no campo do
aconselhamento, o que foge do objetivo
inicialmente proposto.

Saiba mais
Na cultura brasileira, o costume de dar um feedback ainda
não está completamente enraizada, fazendo com que as
pessoas acabem levando para o lado pessoal ou afetivo e
apresentando dificuldades em separar do lado profissional,
ou
em algo pontual, por exemplo. Aquele que observa e
realiza uma devolutiva a alguém precisa ter um olhar para
aquela
pessoa, sem se colocar no centro da questão. Muitas
vezes, o comunicador pode apresentar uma visão específica,
sentir-se
atingido por alguma atitude do outro ou lembrar
de experiências próprias, o que acaba por dificultar em
olhar
verdadeiramente para o outro e sua história.

Outro ponto muito importante é saber se a pessoa em questão


deseja receber um feedback, caso contrário, talvez não seja
um
processo tão proveitoso, podendo existir conflito, dúvida e
até desconfiança sobre a intenção do comunicador
(MOSCOVICI,
2008).

Vejamos algumas dicas interessantes sobre como enfrentar as


próprias dificuldades no que diz respeito a dar e receber
feedback. Moscovici (2008, p. 98) indica que se exercitem
estes quatro pontos:

1) Estabelecendo uma relação de confiança recíproca para


diminuir as barreiras entre comunicador
e receptor.

2) Reconhecendo que o feedback é um processo de exame


conjunto.

3) Aprendendo a ouvir, a receber feedback sem reações


emocionais (defensivas) intensas.

4) Aprendendo a dar feedback de forma habilidosa, sem


conotações emocionais intensas.”

Além de manter a imparcialidade tanto ao


dar como ao receber um feedback, é preciso também
confrontar com o feedback

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e as percepções recebidas de
outras pessoas, para compreender melhor se suas atitudes
são vistas de determinada
maneira por uma pessoa
específica ou pela maioria.

Quando se utiliza o termo imparcialidade, alguns podem remeter


a uma atitude fria, sem sentimentos. Contudo, o psicólogo
precisa lançar mão desse recurso para que o receptor
compreenda a mensagem específica para ele, sem misturar
problemas individuais ou desconfianças. A questão dos
sentimentos é bastante relevante também. Não significa dizer
que
uma pessoa imparcial não possui sentimentos, mas que ela
não se deixa levar por eles. Essa pessoa analisa a situação
por
meio de sua razão e utiliza equilíbrio e justiça para
tomar uma decisão.

Vamos acompanhar o exemplo a seguir.

Imagine que dois amigos seus muito próximos brigaram e não


desejam mais se encontrar. Entretanto, você continua tendo
sentimentos pelos dois e não consegue se decidir sobre
quem tem razão na discussão. Você escuta o lado de um e o
lado
do outro, consegue compreender o ponto de vista de
cada um, e forma sua própria opinião sobre o acontecido
independentemente de seu sentimento pelas pessoas
envolvidas. Em vez de pender para um lado, você descreve
sua visão
de maneira a considerar os fatos (o que
realmente ocorreu naquele momento) e a explica aos
envolvidos.

Essa é uma situação difícil em que muitas pessoas já podem ter


se visto. Quando alguém demanda seu feedback (os dois
amigos),
é necessário considerar os acontecimentos em si, os fatos para
que o comunicador possa passar uma visão mais
fidedigna e
objetiva.

Algumas habilidades de comunicação são importantes para o


desenvolvimento da competência interpessoal e para um
processo
útil de feedback, garantindo uma compreensão mútua. Verifique
a seguir algumas dessas habilidades descritas
por Moscovici
(2008).

Habilidades de comunicação interpessoal


Vamos conhecer agora algumas habilidades de comunicação
interpessoal.

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Paráfrase
expand_more

Refere-se ao uso de outras palavras por parte do


receptor para repetir aquilo que foi expresso pelo
emissor, como
uma forma de verificar esse entendimento.
Na psicoterapia, essa técnica pode ser uma forma de
estimular o
paciente à reflexão do que foi dito por ele.
Mas, ao mesmo tempo, o bom uso dessa técnica permite que
o paciente
se sinta acolhido e desenvolve a empatia.

Descrição de comportamento expand_more

Refere-se ao relato descritivo, sem uso de julgamento,


de manifestações comportamentais apresentadas pelo
emissor durante a expressão de alguma mensagem. É
importante usar comportamentais que são diretamente
observáveis e objetivos. Esses comportamentos podem
apresentar concordância ou não em relação ao conteúdo
expresso verbalmente. Na falta de concordância, a
descrição do comportamento não verbal permite que a
pessoa
compreenda melhor se existe algum conflito
interno e reflita sobre isso.

Verificação de percepção
expand_more

Implica a expressão de percepções, opiniões ou


sentimentos relacionados com um determinado tema ou com
o que
está sendo dito no momento, como uma forma de
verificar sentimentos e impressões, a fim de compreender
melhor
o outro. Acaba sendo uma forma muito útil de
feedback.

Descrição de sentimentos expand_more

É uma técnica em que o receptor pode compartilhar com o


emissor sentimentos e pensamentos, tornando-se
acessível
ao outro, como uma forma de também se expor,
desenvolvendo mais a intercomunicação.

video_library
Habilidades de comunicação interpessoal
Ao longo do vídeo a seguir, a especialista Érica Henke irá
explicar em que consistem os quatro pontos
citados como
habilidades de comunicação interpessoal, utilizando-se de
exemplos para que você
compreenda os conceitos.

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29/08/2022 22:12 A comunicação humana

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A escuta é uma atividade essencial para o psicólogo em sua atividade profissional, contudo, não é a única. Assinale a
alternativa que apresenta outra(s) atividade(s) importantes para o psicólogo, com sua devida explicação.

O acolhimento também é crucial para o entendimento do que o paciente deseja comunicar ao psicólogo,
A
pois proporciona maior informação e desenvolvimento da problemática.

O acolhimento e as perguntas também são ferramentas importantes para compreender as demandas do


B
indivíduo e encontrar uma solução para o problema apresentado.

O acolhimento e as perguntas são complementares à escuta, pois o psicólogo conseguirá maior


C
aproximação com o paciente e buscará sanar quaisquer dúvidas por meio das perguntas.

As perguntas são essenciais para que o processo da escuta transcorra corretamente, pois elas corrigirão
D
quaisquer erros presentes na narrativa do paciente.

O acolhimento substitui qualquer outra forma de interação com um paciente, pois conforta o indivíduo,
E
deixando-o à vontade para falar o que desejar.

Parabéns! A alternativa C está correta.


A escuta psicológica é essencial para que o psicólogo compreenda o sujeito à sua frente. No entanto, ela
precisa ter acolhimento e questionamentos. O acolhimento proporciona conforto e favorece a construção de
Questão
uma2relação de confiança. As perguntas irão direcionar o conhecimento e a história que está sendo contada.

O feedback ou a retroalimentação é um conceito muito utilizado nos estudos sobre comunicação humana. Refere-se à
informação que o emissor recebe a partir da reação que o receptor emite em relação à sua mensagem, e serve para avaliar
os resultados da transmissão. O feedback é uma ferramenta amplamente utilizada em diferentes áreas e pode favorecer o
desenvolvimento de

A habilidades comunicacionais, pois força o indivíduo a se comunicar com outro.

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B habilidades comunicacionais, pois incentiva a conversação entre duas pessoas.

C habilidades interpessoais, pois incentiva o desenvolvimento da assertividade.

D habilidades interpessoais, pois considera o desempenho relacional do observador.

E habilidades intencionais, pois os envolvidos desenvolverão suas intenções de comunicação.

Parabéns! A alternativa C está correta.


Dar e receber um feedback pode não ser uma tarefa fácil, pois exige uma imparcialidade de ambos os lados e
um desejo de desenvolvimento genuíno. Por isso, a assertividade é uma característica necessária para
transmitir uma mensagem sem o sentimento de culpa, de maneira firme e clara.

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4 - Conceitos e ferramentas em Psicologia


Ao final deste módulo, você será capaz de relacionar conceitos e ferramentas em contextos profissionais.
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Escuta psicológica
Até o momento, já abordamos diversos aspectos sobre a
comunicação humana, desde sua conceituação,
importância e
maneiras de realização até a contextualização para o
profissional de Psicologia. O estudo de
todos esses tópicos
possibilitou o entendimento de que o desenvolvimento da
comunicação é essencial
para o treino de habilidades
interpessoais.

O psicólogo, como profissional que tem por objetivo cuidar


da saúde mental das pessoas, precisa desenvolver tais
habilidades para compreender e travar uma comunicação
efetiva com o outro. No entanto, é preciso levar em
consideração
a cientificidade da profissão,
distanciando-se da ideia do senso comum de que o psicólogo
é uma espécie de conselheiro,
sábio ou vidente. O
psicólogo, portanto, não adivinha pensamentos ou
sentimentos de uma pessoa, ele os escuta, acolhe e
analisa
juntamente com o sujeito.

A escuta psicológica constitui-se em uma ferramenta


essencial no exercício da
profissão do psicólogo, seja qual
for a sua área de atuação ou abordagem
identificada.

Logicamente, demandas e abordagens diferentes terão formas de


atuação distintas. Contudo,
o objetivo da escuta
psicológica é o de compreender o
indivíduo, a sua dor e a sua angústia de maneira genuína. Desse modo,
a pessoa poderá
sentir-se acolhida e mais confortável para
interagir e confrontar-se com suas próprias dificuldades.

Para que esse processo ocorra, o psicólogo utiliza diferentes


formas de se comunicar e de identificar comunicação por
meio
da linguagem verbal e não verbal. A fala, a escrita e a
leitura são exemplos da linguagem verbal, já o olhar, as
expressões faciais, os gestos, os sinais, os símbolos, as
imagens, os desenhos podem ser considerados linguagem não
verbal. Por isso, o
psicólogo pode utilizar diferentes formas para abordar uma
pessoa, tais como testes psicológicos,
entrevista, escuta livre,
atividades com objetivos específicos, entre tantas outras.

A seguir, apresentamos um exemplo de uma técnica utilizada em


psicoterapia conhecida como
No reflexo do Espelho, que
permite
desenvolver a autoconsciência e autoconfiança. Essas técnicas
podem ser importantes ferramentas usadas como
parte da escuta
ativa que o psicólogo precisa manter com os seus pacientes ou
clientes.

Comentário
Em atendimentos clínicos, é comum encontrar pessoas que
não conseguem identificar a si mesmas, do que gostam, quem
são, quais suas opiniões. São indícios de indivíduos que
não se conhecem tão profundamente e podem acabar se
apegando à visão de outras pessoas como se fossem suas.

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Vamos ao exemplo:

Em determinado atendimento, a psicóloga Joana atendeu


a paciente X, que procurou
atendimento psicológico
porque se sentia sempre desconsiderada por todos, o
que ocasionou
um processo depressivo. X descreveu
todos os sintomas da depressão e ainda trouxe um
laudo
médico que seu psiquiatra havia feito.

Joana percebeu que X, na verdade, estava perdida em


meio a tantas opiniões, diagnósticos,
pensamentos, mas
nunca pronunciava os seus próprios. A psicóloga
adotou, então, a
estratégia de sempre perguntar a X o
que ela pensava sobre as situações que trazia pelo
olhar
dos outros.

Aos poucos, X percebeu as repetidas perguntas de Joana


e irritou-se. Joana explicou que ela
raramente trazia
sua visão dos fatos e perguntou o porquê dessa
atitude. X não sabia
exatamente o porquê e permanecia
incomodada, pois Joana continuava não lhe dando a tão
esperada “opinião psicológica da situação”.

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A psicóloga decidiu levar um espelho para a próxima


sessão, entregou-o a X e pediu que ela
descrevesse o
que enxergava. X olhou Joana com cara de espanto e, um
pouco sem jeito,
disse que só via ela mesma. Joana
pediu que ela se descrevesse detalhadamente e X
começou a descrever cada nuance de seu próprio rosto e
pescoço.

Quando X terminou sua descrição, Joana explicou que o


espelho mostrava o que realmente
importava na vida de
X. Ela, em tom interrogativo e desconcertado,
pronunciou “eu?!”. Naquele
momento, X pareceu confusa
e satisfeita, ela finalmente havia percebido que
poderia ter uma
opinião própria, tanto quanto as
outras pessoas, e que ela também era importante,
importante
para ela mesma.

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No exemplo acima, é possível identificar o manejo clínico da


psicóloga Joana com a paciente X. Perceba que a escuta
psicológica aconteceu desde que X procurou a terapeuta. No
entanto, Joana utilizou formas diferentes para se comunicar
com X. Algumas foram mais efetivas e outras menos. Contudo,
Joana não objetivava apenas comunicar-se com X, mas
também
ajudá-la a compreender suas atitudes e dificuldades consigo
mesma. X parecia apresentar uma autoestima baixa,
pois estava
sempre buscando aprovação no olhar do outro, mas nunca se
perguntava o que ela mesma queria ou pensava.
Joana decidiu
partir para uma estratégia mais impactante e vivencial, o uso
do espelho.

Você pode estar se perguntando: “Como Joana conseguiu decidir


qual técnica utilizar?”. A psicóloga precisou conhecer X,
desenvolver uma relação com ela e entender que talvez uma
mensagem mais impactante poderia chocá-la e colocá-la para
pensar sobre onde estaria seu verdadeiro eu. Isso não
significa que Joana sabia exatamente o que fazer. Na verdade,
ela
utilizou todo o seu estudo, sua leitura e suas vivências e
tomou uma decisão que poderia não ter tido o efeito esperado,
mas
serviria para que ela buscasse outra interação.

Resumindo
Esse exemplo objetiva explicar que nem sempre haverá uma
fórmula ou receita exata para interagir com quem está em
nossa frente, mas, como futuro psicólogo, é necessário
atentar-se ao sujeito de fato.

video_library
A complexidade da interação
Neste vídeo, a partir de experiências profissionais, a
especialista Érica Henke irá explicar como a interação
não
será óbvia, mas é possível de ser feita.

Como iniciar uma conversação?


Em geral, o início de uma interação ocorre com uma
apresentação e um questionamento do porquê aquela pessoa
buscou
você. Essa pode ser uma pergunta ampla, mas que atende
a diversas possibilidades e campos.

No entanto, muitas pessoas sentem-se intimidadas na presença


de um psicólogo e acabam se atrapalhando ou sentindo-se
tímidas. O psicólogo pode fazer algumas perguntas sobre como
foi o caminho até o local de encontro ou como foi o dia da
pessoa, por exemplo. Além disso, observar a forma como a
pessoa se apresenta e buscar por alguma referência que pareça
importante também pode ser uma forma de iniciar uma interação.
Apesar dos exemplos citados, é importante que se
compreenda
que não existem receitas.

Atenção!
É muito importante que o psicólogo tenha uma grande
disponibilidade e sensibilidade frente ao paciente ou
cliente
atendido, buscando ajustar as suas estratégias
para cada caso. A forma de se aproximar de um adulto é
diferente daquela

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29/08/2022 22:12 A comunicação humana

usada com relação a uma criança e a uma


família, por exemplo. Em cada momento, as demandas podem
mudar.

Como manter uma conversação?


Iniciar uma conversa pode parecer bastante difícil, mas a sua
manutenção pode ser mais desafiadora ainda.

Por mais que a escuta seja essencial para o profissional da


Psicologia, a interação
também é fundamental.

Ao realizar uma pergunta, espera-se uma resposta. Enquanto o


receptor responde, é importante que o psicólogo se mostre
atento ao que está sendo dito, confirme, caso tenha ficado
alguma dúvida, e realize mais perguntas, a fim de compreender
o
que está sendo dito.

Esse processo, em seu devido tempo para cada indivíduo,


desenvolverá a confiança entre profissional e paciente,
culminando em uma relação terapêutica. Assim, como leva tempo
para construir a confiança de alguém, também levará
tempo para
construir a confiança do paciente no terapeuta. Por isso, é
importante que o psicólogo não insista falar em
determinados
assuntos com os quais o paciente demonstre ficar
desconfortável, especialmente no começo do tratamento.
Uma
importante orientação é
utilizar primariamente perguntas abertas, sem
o uso de porquês, evitando a sugestão de uma
resposta e que
permitam ao paciente um desenvolvimento maior.

Exemplo
Quando desejar saber a preferência sobre um determinado
assunto, podemos perguntar “Me fale sobre...” ou “O que
você
pensa sobre...” em vez de perguntar “Você prefere
isto ou aquilo?” seguido de “por quê?”. Perceba que nas
duas últimas
alternativas, a conversa pode ficar muito
direta e damos pouca oportunidade para o outro pensar e se
expressar, ficando a
conversa muito mais no nosso comando,
e dificultando o fluxo natural, que pode variar segundo os
pontos de interesse que
o outro possa trazer.

A ideia é a de mantermos uma conversa com alguns pontos de


referência a serem abordados, mas cuja pauta seja
principalmente definida pelo paciente, dando o espaço para ele
se sentir escutado e acolhido, sem julgamentos, em um
ambiente
que ofereça segurança para ele poder acessar conteúdos
dolorosos ou difíceis e, ao mesmo tempo, pontuando,
quando for
necessário, algum processo relevante segundo a perspectiva
teórica que fundamente a nossa prática. Por isso,
a
importância de procurarmos desenvolver as nossas estratégias
comunicacionais, buscando a supervisão necessária em
nossa
prática, que permita não nos afastarmos dos objetivos
psicoterápicos traçados.

Como encerrar uma conversação?


Por mais que muitos estudantes e profissionais iniciantes na
profissão tenham dúvidas sobre como abordar ou manter a
interação com um paciente, muitos outros têm dúvidas sobre
como encerrar um atendimento. Para que isso
seja feito com
respeito e consideração, é preciso
fazer uso das habilidades interpessoais
necessárias para a atuação do psicólogo.

A assertividade é uma das características que


proporciona ao profissional a capacidade de se expressar de
maneira firme e
direta, sem causar qualquer tipo de
constrangimento, ou seja, o psicólogo deve manifestar que
precisa encerrar o
atendimento sem se sentir culpado.

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29/08/2022 22:12 A comunicação humana

Dicas
Uma forma interessante de apaziguar a situação é pedir que
a pessoa pense em tudo o que ela ainda tem para dizer e
trazer
no próximo encontro, para que psicólogo e paciente
possam olhar para essas questões de maneira mais
aprofundada e
com a atenção que ela merece.

Mais uma vez, esse é apenas um exemplo de uma forma de


encerramento, e não uma verdade absoluta. Cada profissional e
cada situação são únicas e podem exigir respostas diferentes.
Por isso, é importante que o psicólogo se mostre sensível e
perceba quando ele pode estender um pouco mais de seu tempo
disponível e quando ele deve encerrar dentro do horário.

Competências do psicólogo na comunicação

Segundo Cunha (2000), existem algumas competências


pessoais importantes que independem da orientação teórica
do
psicoterapeuta. Afinal, a comunicação que se estabelece
durante a psicoterapia ou durante a entrevista psicológica
é
primariamente um contato social entre duas ou mais
pessoas.

Para obtermos um bom contato social, existem algumas técnicas,


como já vimos, que permitem estratégias clínicas
importantes.
Mas de qualquer forma, a execução dessas técnicas depende em
parte da formação teórica do psicólogo e
em parte de suas
habilidades interpessoais. Para Cunha (2000), entre algumas
orientações importantes nesse processo,
podemos mencionar:

Estar presente e disponível para o outro, o que significa


tentar escutar sem a interferência de questões
pessoais.

Auxiliar ao paciente para ele se sentir à vontade,


buscando desenvolver o vínculo terapêutico.

Buscar conhecer os motivos que impulsionaram o paciente a


procurar por nós, tentando esclarecer, dentro do possível,

assuntos vagos ou incompletos.

Confrontar com sensibilidade e de forma oportuna esquivas


e contradições.

Demostrar sensibilidade e tolerância para angústias e


medos demostrados.

Identificar as defesas e as formas de funcionamento do


paciente durante o processo, como, por exemplo, o caso da
transferência.

Identificar e trabalhar os processos


contratransferenciais.

Assumir a iniciativa em momentos de difícil manejo ou de


impasse.

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29/08/2022 22:12 A comunicação humana

Saiba mais
Para estarmos atentos, disponíveis e presentes no momento
da psicoterapia, precisamos trabalhar, paralelamente, os
nossos problemas pessoais, para evitar, dentro do
possível, que eles interfiram nos objetivos perseguidos ao
longo do
processo.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O manejo clínico é um aspecto da prática profissional do psicólogo que envolve alguns aspectos importantes. Assinale a
alternativa que descreve corretamente esses aspectos.

O manejo clínico ocorre por meio da percepção do indivíduo e de seus problemas, buscando
A
proporcionar uma escuta satisfatória, para que o paciente se sinta totalmente satisfeito.

O manejo clínico se constitui em diversas formas de escuta ao paciente, pois é preciso que seja feito o
B
mínimo de intervenções possíveis durante o atendimento clínico.

O manejo clínico sustenta-se por meio da sutileza e diversidade de atividades propostas, para que o
C
paciente não se entedie com o atendimento.

O manejo clínico envolve a atuação do psicólogo para que o processo terapêutico seja efetivo, por meio
D
de questionamentos diretos, claros e insistentes.

O manejo clínico envolve sutileza, percepção e diversas técnicas de intervenção que o psicólogo julgar
E
necessárias e adequadas para o andamento do caso.

Parabéns! A alternativa E está correta.


O manejo clínico não constitui um passo a passo para que o psicólogo saiba o que fazer, mas, sim, uma forma
de agir sempre atenta ao paciente. Desse modo, a sutileza e a percepção são essenciais para entender o
processo de conhecimento do paciente; a partir disso, é possível lançar mão de diferentes formas de
Questão 2
abordagem, por meio de atividades, por exemplo.

Muitos estudantes e psicólogos iniciantes apresentam dúvidas com relação a como iniciar, manter e finalizar uma
conversação. Esses podem parecer fatores bastante diferentes, mas eles apresentam um fator em comum que, inclusive,
auxilia em sua compreensão. Assinale a alternativa que contém o ponto em comum entre os três fatores apresentados
anteriormente.

A Manter a atenção no indivíduo é essencial para iniciar, manter e finalizar uma conversação.

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B Manter discordância é essencial para iniciar, manter e finalizar uma conversação.

C Estabelecer um diálogo intenso é essencial para iniciar, manter e finalizar uma conversação.

D Estabelecer uma concordância é essencial para iniciar, manter e finalizar uma conversação.

E Estabelecer códigos é essencial para iniciar, manter e finalizar uma conversação.

Parabéns! A alternativa A está correta.


Para que uma conversação flua em qualquer sentido, é necessário que o psicólogo esteja atento ao sujeito,
demonstrando interesse e dando fluidez ao diálogo. Isso pode ser uma forma de demonstrar que não importa
se há concordâncias ou discordâncias, o psicólogo realmente está presente na conversação, transmitindo
maior segurança ao paciente.

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Considerações finais
Neste conteúdo, compreendemos melhor o processo da comunicação
humana, focalizando seu uso na
atuação do psicólogo em sua
prática profissional. A comunicação é essencial para todo e
qualquer indivíduo
que deseje interagir, e é parte essencial
para a desenvoltura do psicólogo, já que o fazer da Psicologia
inclui
pensar em pessoas.

A transmissão de mensagens depende de um comunicador, de um


receptor e da compreensão da mensagem enviada. Caso
não haja um
entendimento entre as duas partes, a comunicação não terá sido
efetiva e a mensagem acabará sendo
perdida.

O psicólogo, portanto, necessita encontrar formas de entender a


mensagem que o paciente passa, utilizando as diferentes
linguagens de que somos dotados, por meio de fala, gestos,
olhares, posturas, expressões.

A capacidade de se comunicar e se fazer compreender pelo outro


faz parte de habilidades interpessoais importantes na
prática do
profissional da Psicologia. A assertividade é outra
característica importante para o psicólogo e denota a
segurança
que o profissional tem consigo mesmo para transmitir o que ele
precisa.

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29/08/2022 22:12 A comunicação humana

Por meio do melhor entendimento sobre a comunicação humana e das


habilidades interpessoais, o psicólogo pode
melhorar sua forma
de atuação e compreensão de seu paciente. Consequentemente, o
desenvolvimento de tais habilidades
é de extrema importância
para o futuro psicólogo.

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Podcast
Neste podcast, a especialista Érica Henke irá abordar
os processos básicos implícitos na entrevista
psicológica e no vínculo terapêutico, ilustrando a
comunicação estabelecida com exemplos sobre
transferência, contratransferência, escuta
psicológica, acolhimento e técnicas de interação.

Referências
BANDEIRA, M.; QUAGLIA, M. A. C.; FREITAS, L. C.; SOUSA, A. M.;
COSTA, A. L. P.; GOMIDES, M. M. P.; LIMA, P.
B.
Habilidades interpessoais na atuação do psicólogo.
Interação em psicologia, v. 10, n. 1, p. 139-149,
jan./jun., 2006.

BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T.


Psicologias: uma introdução ao estudo de
psicologia. 14. ed. São Paulo:
Saraiva, 2008. p. 176-196.

BORSA, J. C.
Considerações sobre o uso do teste da casa-árvore-pessoa. Avaliação psicológica, v. 9, n. 1,
p. 151-154, abril,

2010.

CUNHA, J. Psicodiagnóstico. V. 5. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2000.

MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal humano:


treinamento em grupo. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.
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OLIVEIRA, N. B. de; RODRIGUES, T. S. C. B.; PÁDUA, C. A. L. de O.


A psicologia social: um estudo sobre seus
conceitos.

Epistemologia e práxis educativa, v. 3, n. 1, 2020.

PENTEADO, J. R. W. A técnica da comunicação humana.


14. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. cap. 1, p. 1-32.

RAMOS A P ; BORTAGARAI F M A comunicação não verbal na área da saúde CEFAC v 14 n 1 p 164 170 jan /fev 2012
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02213/index.html# 44/45
29/08/2022 22:12 A comunicação humana
RAMOS, A. P.; BORTAGARAI, F. M.
A comunicação não verbal na área da saúde. CEFAC,
v. 14, n. 1, p. 164-170, jan./fev., 2012.

SARMENTO, L. L.; TUFANO, D. Português: literatura,


gramática, produção de texto. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2004. cap.
40,
p. 338-341.

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Escuta psicológica em Gestalt-Terapia: uma proposta de atuação
clínica com um grupo
de mulheres, de Pedro Leite Machado, Elaine Martins Lima e Andreia da Silva
Ferreira, 2011, e veja como os
autores utilizam a escuta psicológica
em uma abordagem específica da Psicologia.

Assista ao vídeo
Qual imagem você passa? Comunicação verbal e não verbal
e perceba como Vivian Rio Stella explica os
diferentes elementos que
podem ser levados em consideração na comunicação.

Assista ao filme Nise: O Coração da Loucura e


perceba como a personagem principal mostra-se atenta aos seus
pacientes
e permite que eles se comuniquem de suas próprias
maneiras.

Leia o livro
Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos
pessoais e profissionais, de Marshall

Rosenberg, publicado pela editora Ágora, em 2006, e


analise as formas sugeridas pelo autor para aprimorar os
relacionamentos interpessoais.

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