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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA BAIANO

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Thiago Nascimento Ferreira dos Santos (ASCOM)
Aula 2
Introdução a teoria da comunicação
Objetivo Geral:
Compreender como a língua portuguesa funciona no processo de interação
comunicacional

Objetivos Específicos:
1. Diferenciar linguagem verbal de linguagem não verbal e compreender a importância de
ambas para a comunicação humana;
2. Compreender como a língua funciona no processo de interação social;
3. Estudar os conceitos, os aspectos e os elementos da comunicação;
4. Estudar os níveis de linguagem com ênfase para os dialetos e variantes;
5. Estudar as funções da linguagem e a importância que elas têm na produção discursiva
dos falantes de língua portuguesa.

Temas Abordados na Aula:


1. Conceitos de comunicação, cultura e contexto;
2. Noções gerais sobre linguagem, língua e fala;
3. Noções de signo linguístico e de signo não-linguístico;
4. Elementos da comunicação e interação comunicacional;
5. Comunicação moderna;
6. Funções da linguagem;
7. Níveis de linguagem.

Carta de Navegação
Prezado aluno, tomando como base os conteúdos e todos os recursos apresentados neste
módulo:

✓ Faça a leitura obrigatória do texto e em seguida responda as questões propostas na atividade de


fixação;
✓ Assista a(s) vídeo-aula(s) anotando os principais tópicos a fim de relacioná-los com os conteúdos
estudos na leitura obrigatória;
✓ Faça um resumo no seu caderno de todo o conteúdo estudado, desta forma você fixará mais facilmente
os assuntos trabalhados;
✓ Leia com atenção o que se pede nos instrumentos de avaliação;
✓ Procure cumprir todos os prazos propostos pelo professor. Não atrase, isso lhe causará embaraços;
✓ Se houver dúvidas, consulte os fóruns, fale com o professor ou com o tutor no chat, no espaço de
mensagens ou mande um e-mail;
✓ Não fique com dúvidas!
Introdução:
Na aula anterior, estudados a língua portuguesa numa perspectiva diferente da que será estudada
neste foco; vimos, na primeira aula, que um falante possui mais de uma forma de usar a sua língua materna e
que isso depende, quase que exclusivamente, de influências históricas, regionais e sócio-culturais sofridas pela
língua ao longo de sua existência.
À medida que a sociedade se desenvolve, desenvolve-se também a necessidade de os indivíduos
que a compõe se comunicarem com mais eficiência. A partir da segunda metade do século XX, e, mais
fortemente, a partir do início do século XXI, as descobertas e os inventos tecnológicos trouxeram a necessidade
de uma comunicação mais rápida e eficiente.
Com o advento do computador e consequentemente da internet que possibilitaram uma
comunicação em tempo real, independente, da distância entre os interlocutores, todos os modelos
comunicacionais desenvolvidos no passado, tornaram-se obsoletos e, por isso, foram substituídos por
tecnologias emergentes.
Sendo assim, para fazê-lo compreender como funciona o principal instrumento de iteração social:
a comunicação; apresentaremos, a seguir, um conjunto de discussões conceituais respaldadas por exemplos e
ilustrações com o fino propósito de levá-lo, não só a entender como funciona, mas a usar, com eficiência, a
comunicação em todos os processos de interação social, dos mais informais aos mais formais.

1. Comunicação, cultura e contexto:

A comunicação é o mais importante ato de interação entre os sujeitos de uma coletividade e que
se efetiva por meio de signos verbais e não verbais, sintaticamente, organizados para significar e pôr em comum
temas que são, de alguma forma, importantes para dois ou mais interlocutores.
Como se sabe, o homem é um ser social e interacionista por natureza e, por isso, todas as suas
ações e relações dependem, de alguma forma, da comunicação para se efetivarem. Conforme veremos mais
adiante, a comunicação, como instrumento do fazer humano, realiza-se por intermédio de linguagem verbal e/ou
não verbal.
Segundo Andrade (1999, p.15), “a palavra comunicar vem do latim communicare, que significa pôr
em comum. Depreende-se daí que a essência da palavra comunicar está associada à ideia de convivência,
comunidade, relação de grupo, sociedade”.
Deste modo, cabe então definir a comunicação como sendo o ato de interação entre os indivíduos
de uma coletividade que utilizam dos mesmos signos verbais e não verbais para o seu processo de
intersubjetividade.
O universo da comunicação é vastíssimo e, certamente, as discussões a respeito do assunto não
caberiam numa única aula, ainda mais se considerarmos os novos modelos comunicacionais surgidos a partir do
invento do computador e da internet. Estamos vivendo uma era em que a sociedade está abrindo espaço para
novos conceitos a respeito do homem e de suas relações com o outro e com o meio em que vive e atua como
agente de transformação. A cultura de ontem não é mais a cultura de hoje que também não será a cultura de
amanhã.
A comunicação e a cultura estão intimamente ligadas entre si. Não há como falar em cultura sem
comunicação e vice e versa. A cultura se constrói e se modifica por meio de relações entre os sujeitos de um
determinado grupo e também nas relações estabelecidas entre sujeitos de grupos diferentes.
Definir cultura é quase que impossível haja vista a dimensão de significado que tem a palavra. No
entanto, arriscamos dizer que cultura é o conjunto de valores, de descobertas e de criações do homem, a
exemplo de sua visão particular de si e do mundo, suas experiências pessoais e coletivas e também seus
sentimentos e expressões diversas, entre outros. Para FERREIRA (2004), comunicação é “o conjunto de
características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da
comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade”.
Outro fator imprescindível para o estudo da comunicação é o contexto. Conforme veremos mais
adiante, a comunicação se processa por meio de linguagens que podem ser verbal e não verbal. Embora este
não seja o momento para discutirmos os tipos de linguagens, cabe dizer, a priori, que a linguagem é um
fenômeno social intimamente ligado à cultura de um povo e que não se efetiva fora de um ambiente contextual.
Para compreender o teor do discurso emanado de um indivíduo ou de um grupo, é preciso situá-lo num dado
contexto que pode ser histórico, espacial, situacional, cultural ou social. Por fim, numa situação de comunicação,
cabe então definir contexto como um conjunto de “características extralinguísticas que determinam a produção
linguística” de um sujeito ou do grupo no qual ele está inserido. (FERREIRA, 2004)

2. Linguagem, língua e fala

2.1 Linguagem

A nossa experiência nos possibilita dizer que a linguagem, a língua e a fala são conceitos
facilmente confundidos até mesmo entre pessoas versadas no assunto. Apesar de estarem ligadas entre si, a
linguagem, a língua e a fala possuem funções absolutamente definidas e bem delineadas para favorecer a
interação comunicacional humana.
Inicialmente, a linguagem pode ser definida como tudo aquilo que nos cerca e que é capaz de nos
transmitir informações sobre o mundo e a cultura dos quais fazemos parte. Existem dois tipos de linguagem:
verbal e não verbal.
Segundo Slama-Casacu1 apud Cunha e Cintra (2008, p.1): linguagem é “um conjunto complexo de
processos – resultado de certa atividade psíquica profundamente determinada pela vida social – que torna
possível a aquisição e o emprego concreto de uma língua qualquer”.

1 . Tatiana Slama-Casacu. Langage et contexte. Haia: Mouton, 1961, p.20.


Ainda para Cunha e Cintra (2008), o termo linguagem também pode ser utilizado para significar o
conjunto de sinais utilizados no processo de comunicação. Assim sendo, todo signo (palavra ou imagem) que
remete para fora de si mesmo um significado é parte de um conjunto maior denominado linguagem.

2.1.1 Linguagem verbal

A linguagem verbal pode ser definida como sendo aquela construída por meio de signos verbais,
tais como: letras, palavras, frases e períodos. Podemos dizer que um texto escrito ou falado constitui excelente
exemplo de linguagem verbal.
Exemplos: discursos político, uma carta, um sermão de um líder religioso, a fala do dia a dia, um
bilhete que enviamos para alguém, os documentos técnicos de modo geral, entre outros.

2.1.2 Linguagem não verbal

A linguagem não verbal é um tipo de linguagem pela qual dois ou mais interlocutores se
comunicam usando signos, tais como: gráficos, desenhos, luzes, gestos, sons e outros.

2.2 Língua

A língua é o idioma de um povo, trata-se, portanto, de uma estrutura constituída por palavras
combinadas sintaticamente e organizadas segundo as regras pré-estabelecidas pela sociedade a que ela se
impõe como instrumento de expressão e de interação entre os indivíduos. Conforme Cunha e Cintra (2008, p.1):

Língua é um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivíduos. Expressão da


consciência de uma coletividade, a língua é o meio por que ela concebe o mundo que a
cerca e sobre ele age. Utilização social da faculdade da linguagem, criação da sociedade,
não pode ser imutável; ao contrário, tem de viver em perpétua evolução, paralela à do
organismo social que a criou.

Em linhas gerais, a língua é o principal veículo de comunicação de um povo. Conforme vimos na


aula anterior, a ela, na sua totalidade, não segue um padrão determinado. Embora haja um dialeto privilegiado,
existem também outras formas chamadas variantes que também servem às diversas camadas da sociedade. A
língua é fenômeno social que sofre mudanças decorrentes do espaço, do tempo e da situação em que o falante
esteja posicionado.
A seguir temos dois exemplos de estrutura linguística. Veja como Charles Chaplin se posicionaria
em língua inglesa e em língua portuguesa par dizer a mesma coisa:

I. “Today you can be sad, but tomorrow will be another day.” Inglês
II. “Hoje você pode estar triste, mas amanhã será um outro dia.” Português
A língua, de forma alguma, pode ser considerada como um elemento estático, um conjunto de signos
fechados a qualquer influência externa. Vimos na aula anterior que uma língua pode sofrer influências diatópicas
(regionais) e também diastráticas (sócio-culturais), além de, na sua evolução, sofrer mudanças decorrentes dos
usos que são feitos em determinadas épocas (influências diacrônicas e sincrônicas). Vejamos alguns desses
aspectos:

2.2.1 Variantes regionais: são aquelas características de certas regiões do país. Essas variantes possuem
vocabulário próprio, fonética peculiar e, muitas vezes, estruturas sintáticas muito singulares. As variantes
regionais constituem excelentes elementos de estilo linguístico e são muito utilizadas na literatura para denotar
influências regionais características de algumas personagens.

I. O mineiro quando não está disposto: “Amigo, amanheci malacafento, por isso não pretendo sair de casa”.

II. O baiano na mesma situação: “E aí, meu rei, amanheci com uma murrinha danada, por isso não pretendo sair
de casa”.

2.2.2 Jargão: é uma espécie de linguagem utilizada por grupos profissionais restritos e que não se confunde com
as denominadas terminologias técnica, nem com as gírias. Como exemplos de jargão, temos o “juridiquês”, o
“economês” e o “mediques”. Vejamos alguns exemplos de jargão em contraste com a terminologia técnica e a
gíria.

I. Numa bula de remédio está escrito: “Indicado nas afecções de pele, onde se exige ações antiinflamatória,
antibacteriana, causadas por germes sensíveis, como dermatites de contato, dermatite atópica, dermatite
seborréica, intertrigo, disidrose, neorodermatite”. Todas as palavras em negrito pertencem a um rol de
expressões técnicas da área da saúde, não são jargão e também não são gírias

II. O advogado peticionou ao juiz requerendo que a pensão alimentícia fosse paga integralmente e retroativa. O
verbo peticionar é próprio da linguagem dos advogados, não é uma terminologia técnica e também não é uma gíria.

II. Um paciente no pronto socorro de um hospital falou: “E aí doutor, eu tenho mesmo que ficar aqui nesta maca do
lado desses presuntos? Eu já estou maneiro e posso sair daqui vazado.” As palavras “presuntos”, “maneiro” e
“vazado” são gírias que correspondem respectivamente a defunto, bem, correndo.

2.2.3 Gíria: é a linguagem de determinados grupos sociais com interesses muito comuns, tais como surfistas,
skatistas, estudantes, policiais, presidiários, prostitutas, entre outros. Vejamos um exemplo abaixo:

Quando eu ia chegando no cafofo da Maria, os home me grampiaram dizendo que o carro que eu dirigia era
peidado, agora estou preso e o delega falou que eu não saio do xadrez nem cá’porra.

2.3 Fala:
Conforme Pimentel (2009, p. 31), “é uma realização individual, momentânea e insubstituível de uma,
entre todas as possibilidades articulatórias que a língua oferece”. Trata-se da linguagem elaborada em códigos
verbais devidamente escolhidos por um emissor para o exercício da comunicação; é a justaposição de sons ou
de letras para formar palavras, de palavras para formar frases e de frases para formar idéias que podem ser
comunicadas e entendidas pelos interlocutores envolvidos no processo de interação.

3. Noções de signo linguístico e de signo não-linguístico

O signo é qualquer som, imagem, palavra, objeto, sentimento ou expressão capaz de representar
ou remeter significado para fora de si mesmo. Segundo o filósofo Santo Agostinho apud Barthes (2007, p.39):
“um signo é uma coisa que, além da espécie ingerida pelos sentidos, faz vir ao pensamento, por si mesma,
qualquer outra coisa”. Para Saussure (2001, p. 80-81): “o signo linguístico é, pois, uma entidade psíquica de
duas faces”, denominadas por ele si significante (signo acústico) e significado (conceito), enquanto aquela “é a
apresentação física do signo, esta é o conceito que permite a formação da imagem na mente de um indivíduo.
(SILVA, 2004, p.31).
Assim como a linguagem, o signo também pode ser verbal ou não verbal. O signo verbal é
representado pelas palavras escritas e/ou faladas e o signo não verbal é representado pelos objetos, desenhos,
gráficos, imagens, sons, luzes, expressões faciais, moda, arquitetura, entre outros. Observe a ideia abaixo
sugerida por Silva (2004, p.31).

Como se vê na imagem acima, um signo gera uma imagem acústica e um conceito, este é o
significante, ou seja, o signo primeiro e aquele é o conceito, o significado, ou seja: o signo último. Quando um
falante ouve ou lê a palavra “sapo”, certamente, formará a imagem de um animal da família dos batráquios em
sua mente.

4. Elementos da comunicação e interação comunicacional

Segundo o que estudamos no tópico 1 desta aula, a comunicação é o ato de interação entre os
indivíduos de um grupo social. Para que haja comunicação é necessário haver de um lado um emissor
(destinador) e, do outro, um receptor (destinatário). Não é possível imaginar um discurso criado sem que haja
um criador. A comunicação só se processa por meio de seus elementos básicos, por isso, deve possuir origem,
destino, elemento referencial, uma mensagem bem elaborada, um código de fácil entendimento e um canal
eficiente. Para entender melhor a relação entre os elementos, analisemos o esquema a seguir:
Referente
Mensagem
Emissor Receptor
Código
Canal

Emissor ou Destinador é quem transmite a mensagem.


Receptor ou Destinatário é aquele que recebe a mensagem
Referente é o assunto da comunicação, o conteúdo da mensagem.
Mensagem é o objeto da comunicação, é tudo o que se fala sobre o assunto, é a forma.
Código é o conjunto de signos e suas regras de comunicação.
Canal é o meio físico, o veículo pelo qual a mensagem é levada do emissor ao receptor.

Tomando como exemplo um e-mail escrito por um aluno matriculado na disciplina língua portuguesa
instrumental para o professor a fim de tirar dúvida sobre a teoria da comunicação, podemos dizer que:
a) O aluno será o emissor.
b) O professor, o receptor.
c) A dúvida sobre a teoria da comunicação, o referente.
d) A fundamentação da dúvida, a mensagem.
e) O código será a língua portuguesa escrita.
f) O Canal, a internet.

5. Uma reflexão sobre a comunicação moderna e suas características

A teoria da comunicação de Roman Jacobson, embora seja bastante consistente, já não dá mais
conta para explicar a comunicação moderna, os emissores e receptores abriram espaço para interlocutores mais
dinâmicos e mais exigentes. Não há mais espaço para mensagens longas, os referentes precisam ser diretos e
exigem formas menos complexas para que o receptor compreenda sem que lhe seja exigido maior esforço de
intelecção. Os códigos linguísticos complexos têm sido trocados por ícones, índices e símbolos. O que antes se
falava com muitas palavras, hoje se diz com uma única imagem, com uma sigla, com uma abreviatura. Os
canais de comunicação sofisticaram-se ao ponto de aproximar distâncias fazendo com que estão milhares de
quilômetros falem como se estivessem no mesmo ambiente.

Os signos estão crescendo no mundo. Basta um retrospecto para nos darmos conta de que,
desde o advento da fotografia, então do cinema, desde a explosão da imprensa e das
imagens, seguida pelo advento da revolução eletrônica que trouxe que trouxe consigo o
rádio e a televisão, então, com todas as formas de gravação sonoras, também com o
surgimento da holografia e hoje com a revolução digital que trouxe consigo o hipertexto e a
hipermídia, o mundo vem sendo crescentemente povoado de novos signos. (SANTAELLA,
2004, p. XIII-XIV)
O homem tem sido o grande responsável por todos esses avanços. Assim como as máquinas, o
cérebro humano tem evoluído ao ponto de compreender de forma simplificada signos que antes lhe pareciam
complexas. Não é preciso ter expertise em linguagem para assistir a um anúncio de trinta segundos para
perceber que há muito mais que palavras, imagens e um produto. O mundo tem deixado de lado sua dureza, sua
materialidade para se tornar um espaço cada vez mais virtual. “Para a consciência, suas sensações, seus
desejos, sua imaginação, suas inferências, seu discurso perpétuo e plural, sua lógica, seu delírio de significados,
sua busca de sentido, para a consciência, insisto, o mundo é virtual. Virtual, no caso, quer dizer integralmente
vivo [...]” (LÉVY, 2001, p. 137). Nessa constante busca de um futuro idealizado e pouco perceptível, o homem
mergulha num mar de signos e tecnologia que não tem. Só o tempo nos dirá onde tudo isso vai dar, por
enquanto, cabe-nos compreender que não podemos esperar, somente, é preciso avançar e entender os
meandros da sociedade e da cultura e, para que isso se efetive, é preciso aprender a utilizar os comunicação e
seus novos modelos com eficiência.

6. Funções da linguagem

Todas às vezes que realizamos um ato de fala, damos maior ênfase de modo voluntário, ou não, a
um dos elementos da comunicação estudados anteriormente. Abaixo mostraremos um esquema criado por
Roman Jakobson em sua obra Linguística e Comunicação. Nele, o autor, não só apresenta as funções da
linguagem, como também a relação que existe entre elas e cada um dos elementos participantes do ato da
comunicação. Assim sendo, um texto pode ser construído pondo ênfase numa ou mais função, a depender dos
interesses discursivos do emissor.

Função referencial

Referente

Função poética

Mensagem
Função expressiva Função conativa
Emissor Receptor
Função metalinguística

Código

Função fática

Canal

Com a finalidade de estudar um pouco mais sobre as funções da linguagem, a seguir, apresentamos
todas elas, uma a uma, com suas respectivas definições, características e alguns exemplos.
6.1 Função emotiva ou expressiva: é aquela que põe ênfase no emissor, sua principal característica é presença
de elementos de subjetividade, tais como pronomes e verbo na primeira pessoa do discurso. Como exemplo,
analisemos um trecho da música “Antes que seja tarde” de Fernanda Takai, John e Tarciso Moura (on line)2.

Olha, não sou daqui


Me diga onde estou
Não há tempo, não há nada
Que me faça ser quem sou [...]

6.2 Função conativa ou apelativa: é a linguagem com ênfase no receptor da mensagem. Rata-se de tipo de texto
com forte carga apelativa, sedutora e convincente. Suas marcas são o uso da terceira pessoa nas formas
verbais e pronominais, bem como o uso do modo verbal apelativo dando ordens e conselhos. Em um anúncio, a
frase que manda usar o beber ou produto é um excelente exemplo de função conativa. Vejamos, como exemplo,
um trecho da música “Bom conselho” de Chico Buarque (on line)3.

Ouça um bom conselho


Eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa [...]

6.3 Função referencial, informativa ou cognitiva: é aquela cuja linguagem visa transmitir a informação de modo
objetivo, do jeito que ela é, sem comentários nem juízos de valor. Os melhores exemplos estão na linguagem
utilizada nos livros didáticos que não falem sobre a linguagem, nos textos científicos, jurídicos e jornalísticos e
em outros do mesmo gênero. O discurso predominante neste tipo de texto se apresenta de forma impessoal ou
na terceira pessoa. Veja um trecho retirado da Constituição Federal.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade [...]

6.4 Função poética: é aquela que põe ênfase na mensagem buscando a melhor forma de levar o conteúdo ao
receptor. Nos textos em que predomina essa função, há, quase sempre, mais de um tipo de linguagem impressa
a fim de ampliar as possibilidades e a profundidade da leitura. Em suma, além das informações concentradas
nos códigos convencionais, o emissor, geralmente, procura trabalhar a estilística do texto, com o propósito de
sugestionar significados diversos, emocionar e induzir o leitor a refletir sobre o teor mais profundo do discurso.
Veja um trecho do poema de Aroldo de Campos:

se
nasce
morre nasce
morre nasce morre
2
. Disponível em: http://letras.mus.br/pato-fu/47982/. Acesso
renasce remorreem: 05/02/2014.
renasce
3
. Disponível em: remorre
http://letras.mus.br/chico-buarque/85939/. renasceem: 05/02/2014.
Acesso
remorre
re
6.5 Função metalinguística: é aquela centrada no código. Trata-se das definições de um dado assunto
ou tema. Mais modernamente esta função vem tomando uma dimensão muito mais ampla, podendo
ser possível afirmar que é função metalinguística quando o cinema fala do cinema, a pintura fala da
pintura, a literatura fala da literatura, a televisão fala da televisão, a linguagem fala da linguagem, entre
outros. Examine o poema “Língua Portuguesa de Olavo Bilac e veja que a língua fala dela mesma.

Última flor do Lácio, inculta e bela,


És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que da ganga impura
Abruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,


Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma


De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”


E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

6.6 Função fática: é aquela que procura assegurar a eficiência do processo comunicativo, ela inicia,
facilita e conclui os enunciados. Trata-se de uma função que testa e assegura a eficiência do processo
de comunicação. Uma conversa por telefone constitui um excelente exemplo de função fática. Veja o
exemplo:
O telefone toca...
__ Alô? Quem fala?
__ Como? Com quem deseja falar?
__ Eu gostaria de falar com Feliciano?
__ É ele mesmo. Quem fala do outro lado?
Um barulho diferente:
__ Alô... alô... alô...
__ Ainda estou aqui...
__ Ah, bom! Pensei que não estivesse!
__ Ta me ouvindo bem?...

7. Níveis de linguagem

Retomando, em parte, os conteúdos estudados no primeiro módulo desta disciplina, procuraremos


apresentar um recorte linguístico que nos levará a refletir sobre os dialetos mais importantes de uma língua.
Como se pode ver no gráfico abaixo, a língua varia numa escala que pode ir da forma mais culta à mais

Culta
Empírica

7.1 Nível culto, erudito, padrão, formal: é aquele que obedece às normas da gramática. Trata-se de um tipo de
linguagem utilizado por pessoas que têm bom nível de escolaridade. O nível culto é o dialeto a que se atribui
maior prestigio social embora não seja o mais usado. Vejamos abaixo algumas construções consideradas como
padrões.

I. Aqueles são os professores de língua portuguesa sobre os quais lhe falei.


II. Empresta-me o seu livro de língua portuguesa para eu estudar os conteúdos de sintaxe.

7.2 Nível coloquial, popular ou familiar: é aquele que usamos em nosso cotidiano, trata-se da forma
usada com a família, com os amigos ou em situações nas quais se dispensam a formalidade. Veja o
exemplo abaixo:

I. Eu comprei alguns blocos pra mim construir a casa dos meus sonhos.
II. Me empresta o seu livro de língua portuguesa pra mim estudar os conteúdos de sintaxe.

Os interlocutores do nível coloquial não se preocupam em falar certo ou errado, haja vista que
não sofrem nenhuma pressão social para que usem as regras impostas pelo dialeto padrão. As formas
mais populares de falar abrem espaço à evolução da língua e favorecem a expressividade e a
transmissão da informação pela informação.

7.3. Nível empírico ou vulgar: é o dialeto utilizado pelo senso comum, trata-se de uma forma,
geralmente, descuidada de quase a totalidade das normas gramaticais. Rata-se de um tipo de língua
que constitui excelente estilo para personagens de contos e romances, tais como sertanejos, caipiras,
caboclos, entre outros. Vejamos um exemplo

“Era de manhã bem cedinho, eu cá minha fia, cumade cum a dela, cumemo banana e fumo, cheguemo
no rego de cumadi Chica, topemo cumpadi Zé cum a vara de tocá gado nas costa, cunversa vai, cuversa vem, o
tempo foi se formano, cumeçô trivejar, relapiar, foi quando eu disse: __ Vomi já, cumadi, que já tá pingano”.

Referências:
BARTHES, Roland. Elementos de Semiologia. 4.ed., São Paulo: Cultrix, 2007.
CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed., Rio de
Janeiro: Lexikon, 2008.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário eletrônico Aurélio. Curitiba: Positivo,
Versão 5.0, 2004.
LÉVY, Pierre. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. São Paulo: 33, 2001.
PIMENTEL, Ernani. Intelecção e interpretação de textos. 24.ed., Brasília: Vestcon, 2009.
SANTAELLA, Lúcia. Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
SILVA, Antônio Carlos da. As teorias do signo e as significações linguísticas. Literários, Cacoal/RO,
n.1, jul./dez. 2004.

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