Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2
1
INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
2
1 LÍNGUA E LINGUAGEM
O universo social está repleto de símbolos, por exemplo: existem signos, textos,
objetos, gestos, imagens, etc.
Através da linguagem podemos relacionar esses símbolos para interagir com
os nossos amigos, refletir a realidade, transmitir valores e conhecimentos, de modo
que, ao relacionar o sistema de símbolos, criamos sentido.
Portanto, se a linguagem é considerada um meio de comunicação de todos os
falantes do mundo, algumas considerações precisam ser estabelecidas sobre ela, pois
não é simplesmente um objeto de uso do falante, objeto de poder, à primeira vista,
pode parecer difícil definir ou dar um conceito do que é a linguagem.
Existem algumas pesquisas sobre a linguagem, assunto este de considerável
complexidade, onde, se torna essencial estabelecer conceitos básicos para que as
diferentes figuras de formação da linguagem possam ser apresentadas e entender
como o gênero da propaganda a configura.
Sendo necessário, portanto, um breve exame de determinados conceitos de
linguagem para a melhor compreensão.
Mas o que é língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é
somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É ao
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o
exercício dessa faculdade nos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem
é multiforme e heteróclita; a cavaleiro de diferentes domínios, ao mesmo
tempo física, fisiológica e psíquica (...). (SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES,
2011).
3
fala e da escrita, torna-se possível perceber a dimensão histórica da linguagem, por
meio de seu caráter social.
A linguagem existe desde o princípio, nascemos com ela, foi imposta, criada e
muito bem definida pelos seus utilizadores, é uma linguagem comum a todas as
pessoas e através da linguagem podemos nos comunicar com pessoas diferentes, de
diferentes países, continentes e hemisférios.
Língua e escrita são dois sistemas distintos de signos; a única razão de ser
do segundo é representar o primeiro; o objetivo linguístico não se define pela
combinação da palavra escrita e da palavra falada; essa última, por si só,
constitui tal objeto. Mas a palavra escrita se mistura tão intimamente com a
palavra falada, da qual é a imagem, que acaba por usurpar-lhe o papel
principal; terminamos por dar importância à representação do signo vocal do
que ao próprio signo. É como se acreditássemos que, para conhecer uma
pessoa, melhor fosse contemplar-lhe a fotografia do que o rosto
(SAUSSURE, 1970. apud. SOLTES, 2011)
4
sociais que colocam interlocutores em interação; também desperta o interesse pelos
efeitos significativos que os interlocutores pretendem alcançar verbalmente em suas
atividades de diálogo, traz a fala e a escrita ao palco dos estudos mais relevantes, que
se dão em sua relação com os objetos ativos, com as atividades práticas, e com
propriedades que garantem seu status como uma unidade macroscópica de interação
verbal. (ANTUNES, 2009. apud. SOLTES, 2011).
A evolução da linguagem é extremamente simples. Vários anos se passaram
desde os estudos realizados por SAUSSURE (1970) e muitos aspectos surgiram
sobre a linguagem que não nos permitem dizer que ela ainda está intacta, ou que é
homogênea e autônoma, e, com tanto desenvolvimento social e histórico, ela não
pode mais ser considerada apenas um objeto isolado de estudo, independentemente
das condições de sua utilização.
Não obstante, a linguagem passou a ser reconhecida e estudada no contexto
de seu uso, inserida nas expressões linguísticas por meio da produção e expressão
de cada comunidade de falantes, não mais vista apenas como signos contidos em
símbolos e significados, ou mesmo um conjunto de regras gramaticais. Torna-se uma
ponte para nos conectarmos com outras culturas, pessoas, histórias, porque se
encaixa na vida de todos os palestrantes.
O que nos une a todas as outras comunidades linguísticas é a língua. O
interessante de tudo isso é que a língua contém características próprias e peculiares
e, sendo assim, passa a ser como todos nós, seres humanos, que acompanhamos a
evolução, o caminhar da humanidade.
Diante de tantas mudanças não se pode imaginar uma língua intacta, imóvel,
inflexível.
5
Refletindo sobre a língua, é possível defini-la através de conceitos apresentados
por grandes autores como MARCUSCHI e BAGNO:
a) A língua apresenta uma organização interna sistemática que pode ser
estudada cientificamente, mas ela não se reduz a um conjunto de regras de
boa-formação que podem ser determinadas de uma vez por todas como se
fosse possível fazer cálculos de previsão infalível. As línguas naturais são
dificilmente formalizáveis.
b) A língua tem aspectos estáveis e instáveis, ou seja, ela é um sistema variável,
indeterminado e não fixo. Portanto, a língua a apresenta sistematicidade e
variação a um só tempo.
c) A língua se determina por valores imanentes e transcendentes de modo que
não pode ser estudada de forma autônoma, mas deve-se recorrer ao entorno
e à situação nos mais variados contextos de uso. A língua é, pois, situada.
d) A língua se constrói com símbolos convencionais, parcialmente motivados,
não aleatórios, mas arbitrários. A língua não é um fenômeno natural nem
pode ser reduzida à realidade neurofisiológica.
e) A língua não pode ser tida como um simples instrumento de representação
do mundo como se dele fosse um espelho, pois ela é constitutiva da
realidade. É muito mais um guia do que um espelho da realidade.
f) A língua é uma atividade de natureza sociocognitivas, histórica e
situacionalmente desenvolvida para promover a interação humana.
g) A língua se dá e se manifesta em textos orais e escritos ordenados e
estabilizados em gêneros textuais para uso das situações concretas.
h) A língua não é transparente, mas opaca, o que permite a variabilidade de
interpretação nos textos e faz da compreensão um fenômeno especial na
relação entre os seres humanos.
i) Linguagem, cultura, sociedade e experiência interagem de maneira intensa
e variada não se podendo postular uma visão universal para as línguas
particulares.
Assim, podemos concluir que a linguagem é flexível e não pode ser estudada
isoladamente, pois é uma ferramenta de comunicação e interação para todas as
criaturas falantes.
6
Na verdade, a língua que falamos nos permite ver quem somos. É uma espécie
de prova da nossa identidade. A linguagem é realmente nosso meio de comunicação
social.
Portanto, a linguagem não pode ser concebida como independente da
linguagem, como afirmam os estudos estruturalistas. Língua e linguagem caminham
juntas, se desenvolvem juntas, são inseparáveis, ambas são influenciadas pelo
ambiente social e histórico, uma só é verdadeira para a outra.
Linguagem, língua e cultura são realidades inseparáveis, considerando que,
como a linguagem está imbuída de aspectos sociais, políticos e históricos, não
podemos, entre outras coisas, falar de um sistema autônomo, autocontido e
homogêneo.
A linguagem é formada gradualmente desde o nascimento, e sua aquisição
requer a coordenação de diferentes funções e habilidades, bem como a intervenção
de diferentes órgãos e está envolvida na evolução, e a maturação do cérebro ocorre
de acordo com a coordenação dos órgãos oral e da fala.
Ao definir a linguagem como fenômeno social, como prática de ações
interativas dependentes da cultura do usuário, esta passou a ser compreendida em
termos de características sociopolíticas, históricas e culturais, sua associação. A
linguagem é vista, na sua heterogeneidade, como tendo várias funções, mas o seu
papel principal é a comunicação social, a comunicação entre as pessoas. Por meio da
linguagem, podemos expor tudo o que pensamos.
7
A linguagem pode ser denominada como um mecanismo linguístico, que todos
os falantes utilizam nos mais diversos contextos e em seus diversos gêneros e da
forma que desejarem, de acordo com a intenção do falante.
A linguagem passa a ser encarada como forma de ação, ação sobre o mundo
dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se,
portanto, pela argumentatividade (KOCH, 1996. apud. SOLTES, 2011).
Portanto, podemos dizer que a linguagem é puramente discutível, pois com ela
podemos estabelecer relações, opiniões, comportamentos, interações na sociedade
e agir de acordo.
Língua e linguagem tornam-se assim uma ferramenta, as quais usamos e
abusamos a nosso favor (ou não), forma de ação, ação sobre o mundo dotada de
intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela
argumentatividade.
Isso significa que, quando usamos a linguagem, não queremos apenas
expressar algo, mas também fazer algo, desencadeando uma resposta na outra
pessoa. Nesse sentido, é claro que cada frase que dizemos é constituída por uma
intenção.
8
professores e às práticas de ensino. Em termos de alfabetização, várias contribuições
podem acelerar o processo de aprendizagem da leitura e da escrita.
Escrita e leitura, mesmo quando relacionadas, são processos distintos. No
cérebro, as partes envolvidas na leitura são diferentes daquelas envolvidas na escrita.
Portanto, não é possível identificar uma única região do cérebro como
responsável pela linguagem, uma vez que várias regiões do cérebro estão envolvidas
na atividade da linguagem.
Por sua vez, isso não se limita às habilidades de leitura e escrita, também inclui
a comunicação verbal, gestual e gráfica. Assim ao estudar a redação de hipóteses, os
pesquisadores determinaram que o fracasso acadêmico estava associado a
deficiências paralelas.
Da mesma forma, o bom desempenho nas atividades acadêmicas é
acompanhado pelo sucesso em outras áreas, como modelagem corporal, orientação
espacial e temporal, formação lateral, entre outras. Desse modo, os aspectos
linguísticos e não verbais estão relacionados à habilidade de leitura e escrita.
Portanto, haverá uma maturidade necessária para o aprendizado. Porém, os
chamados exercícios preparatórios, nos quais as crianças são estimuladas a repetir
as bolinhas e os golpes, permitirão que pratiquem a coordenação motora fina, para
traçar as letras com sucesso.
Parece que a maturidade vai além das habilidades motoras, que não podem
ser praticadas por meio de atividades mundanas e não civilizadas. Assim, para que
uma criança aprenda a ler, é importante que o cérebro da criança amadureça.
Sabemos hoje que, antes e durante a alfabetização, o cérebro das crianças passa por
mudanças importantes que lhes permitem construir a base de nosso sistema de
escrita.
9
Em relação à alimentação, foi demonstrado que problemas nutricionais nos
primeiros anos de vida podem reduzir significativamente a capacidade cognitiva da
criança. O ambiente em que a criança se desenvolve também é um fator importante
em seu aprendizado. O homem precisa explorar o ambiente em que se encontra, a
fim de interagir com ele. É assim que acontece o aprendizado, a partir da experiência
humana com o meio ambiente.
10
registrar a mesma carta. Esses caminhos correspondem ao problema de invariância
perceptual.
11
A ideia de que o cérebro é recursivo, ou seja, utiliza o conhecimento construído
pela criança como base para novos aprendizados, tem sido defendida pelo
VIGOTSKY (1934).
Embora o principal representante da teoria da interação social não use a
expressão cérebro recursivo, seu conceito de desenvolvimento proximal se baseia na
ideia de que a aprendizagem ocorre com base no conhecimento prévio do cérebro
das crianças.
Em relação à alfabetização, deve-se reconhecer que antes de ingressar no
ensino fundamental, as crianças são expostas à palavra escrita nos contextos em que
vivem, de modo que, quando chegam à escola com conhecimentos e pressupostos,
sobre a escrita. Portanto, o professor não pode tratar a criança como uma folha em
branco, pelo contrário, a criança deve realizar seu conhecimento por meio das
atividades de diagnosticá-lo e avaliá-lo.
Assim sendo, partir do conhecimento do aluno constitui-se uma ferramenta
imprescindível para a alfabetização e para a construção de aprendizagens
significativas em relação aos usos da escrita e da leitura. Uma forte bandeira erguida
por alguns estudiosos em educação confirma-se através dos estudos sobre o cérebro:
a aprendizagem e a memória estão intimamente ligadas à emoção.
O sistema límbico, que é responsável por controlar os comportamentos
emocionais e motivacionais, é ativamente ativado quando a aprendizagem é
associada a bons sentimentos, como prazer, relaxamento e prazer. Reforça a
aprendizagem e ativa o sistema de recompensa do cérebro, criando um desejo de
repetir boas experiências.
Porém, quando o aprendizado está atrelado a sentimentos desagradáveis,
como medo e tédio, o conhecimento não se consolida da mesma forma e o sistema
de recompensa não é acionado, deixando os sujeitos sem resolução, relutância em
repetir a experiência. Perceba que apenas o que tem conteúdo emocional significativo
é aprendido.
12
3 O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM; OS MECANISMOS BIOLÓGICOS
DA LINGUAGEM
Ao final dos dois anos a linguagem torna-se mais evidente, a criança passa a
representar por meio de uso de símbolos ou palavras, objetos e diversas situações.
Há diferentes funções linguísticas para mostrar o quanto a linguagem transcende os
limites de uma situação:
13
limitando-se a
acompanhá-la:
a) petições, desejos e a) dentro dos limites de a) ligada a uma situação
opiniões; uma situação; presente;
b) indicações e b) antecipatória b) não ligada a uma
descrições; (transcende, situação presente
efetivamente, os limites de (transcende efetivamente,
uma situação). os limites de uma
situação).
c) perguntas relativas à
atividade.
15
3.2 Compreendendo a linguagem
16
A compreensão é o reconhecimento de palavras, orações e locuções,
associado à capacidade de evocar os objetos, atos e relações que as
palavras, locuções e orações representam. (ZORZI, 2004. apud. OLIVEIRA,
2008).
18
Portanto, ao aprender os princípios do alfabeto, é necessário reimplementar a
percepção pessoal da sequência da fala como um continuum.
Portanto, a criança precisa desenvolver a capacidade de metalografia, ou seja,
a criança começa a responder à sua linguagem.
Essa reflexão envolve a atenção aos aspectos da linguagem nos níveis
fonológico, morfológico e sintático e não apenas ao seu conteúdo semântico.
A habilidade linguística metálica, no nível fonológico, auxilia a criança a refletir
sobre o sistema sonoro da linguagem, percebendo sentenças, palavras, sílabas e
fonemas como unidades menores.
Ao que se observa as habilidades cognitivas e linguísticas básicas, necessárias
à aprendizagem, são muitas e complexas, por isso um conjunto de pré-requisitos de
habilidades e competências tornam-se essenciais na alfabetização, ajudando a apoiar
as crianças neste novo processo de aquisição.
19
4.2 Concepção e desenvolvimento da Linguagem das crianças
Desde o nascimento, a criança possui uma inteligência que orienta suas ações
no mundo, uma inteligência que altera as interações estabelecidas entre si, o que dá
sentido às suas expressões, gestos, sons, fazendo com que participem ativamente do
mundo.
A partir dessa interação e desse diálogo com os outros, a criança desenvolve
o que se conhece como inteligência verbal, que se orienta por uma linguagem que
atua sobre as ideias.
A partir de então as crianças começam a comparar, classificar, inferir, inferir,
etc., criar modos de memória e imaginação que indicam situações e objetos desejados
do mundo exterior, usam palavras que especificam suas características, usadas como
instrumento de diálogo e fala reflexiva.
A interação da criança desde o nascimento, à medida que ela se comunica, os
diálogos com a mãe se transformam internamente, permitindo uma nova forma de
pensar.
Frequentemente, as crianças são colocadas em um mundo de diálogo e a
maneira como dialogam com os outros se realiza seguindo um quadro de diálogo que
vivenciaram.
Muito cedo, os bebês emitem sons articulados que lhes dão prazer e que
revelam seu esforço para comunicar-se com os outros. Os adultos e crianças
mais velhas interpretam essa linguagem peculiar, dando sentido a
comunicação dos bebês. A construção da linguagem oral implica, portanto,
na verbalização e na negociação de sentidos estabelecidos entre pessoas
que buscam comunicar-se. Ao falar com os bebês, os adultos, principalmente,
tendem a usar uma linguagem simples, breve e repetitiva, que facilita o
desenvolvimento da linguagem e da comunicação (BRASIL, 1998. apud.
SANTOS 2015).
21
seja, a exposição de uma criança à linguagem passa por um relacionamento com
outra criança.
Quando uma mãe responde ao balbucio de seu bebê de maneira significativa,
falando com ele, ela comunica a função da fala em nossa língua e torna a criança
objeto de conversa.
A aquisição da linguagem não é apenas um processo natural, para aprender a
falar é preciso compreender a língua, a mediação adulta é essencial neste processo,
é como se fosse uma referência para compreender a língua.
Nesse sentido, podemos dizer que o adulto é o corpo da linguagem constitutiva,
tornando o papel do adulto fundamental na mediação da fala infantil, pois ao falar, o
professor encontra nele um sujeito com características próprias de pensamento, o
professor se faz compreender e as crianças pensam o mundo com seus próprios
recursos com suas características próprias.
Assim, na visão dos interacionistas sociais, as interações que os indivíduos
estabelecem com seu ambiente, especialmente com outros indivíduos em
determinadas situações sociais, são essenciais para a formação de ideias e
personalidade.
Quando as pessoas são questionadas sobre algo em que pensar, fazemos isso
por meio do diálogo interno, fazemos perguntas sobre o assunto, o que se torna um
processo que depende de um tipo de discurso, interior, decorrente de um único
pensamento, discreto, que pode ser percebido em diferentes situações, por exemplo,
ao planejar uma dinâmica de ação, ao analisar um conceito, etc.
A introspecção é criada pelas oportunidades que os indivíduos têm de dialogar
com outros que estão tentando coordenar suas ideias, argumentos e significados.
Portanto, se o indivíduo não tiver a oportunidade de dialogar, não estará pronto
para pensar.
Trabalha-se então com duas funções básicas da linguagem, a primeira das
quais é chamada de intercâmbio social, que usa sistemas de linguagem criados e
usados por humanos para se comunicarem entre seus semelhantes.
Essa função comunicativa se expressa no comportamento dos bebês, embora
eles possam não falar de maneira normal ou compreender o significado das palavras,
mas expressam suas necessidades e desejos por meio de gestos e sons.
22
Assim, para que a comunicação ocorra entre os indivíduos, é necessário o uso
de signos para traduzir com precisão os pensamentos, ideias e desejos.
23
elas aprendem a usar a linguagem como meio de comunicação e como ferramenta de
pensamento.
Nesse ponto, o pensamento e a linguagem se entrelaçam, o pensamento torna-
se discurso e discurso lógico.
Existem dois níveis de desenvolvimento, a zona de crescimento real e a zona
de crescimento potencial.
O domínio do desenvolvimento real é determinado pelas ações da criança sem
a ajuda de outra criança, enquanto o campo de desenvolvimento potencial é composto
pelas ações que a criança realiza com a ajuda de outros.
Onde o outro e a criança podem então realizar sozinhas. Com base nessa
hipótese, constatamos que a aquisição da linguagem oral é um processo de
apropriação que se dá pela semelhança com a fala da outra pessoa, seja ela mãe,
pai, professor, amigos ou ouvintes.
Assim, na televisão e no rádio, é a partir dessa interação que as crianças
passam a falar, ampliando assim o seu vocabulário.
Essa expansão da comunicação oral ocorre gradativamente, por meio de um
processo de vaivém, e as crianças têm seus próprios ritmos de aquisição da
linguagem e isso acontece em momentos diferentes da criança, de uma criança para
outra.
Durante o desenvolvimento do pensamento e da fala, uma conexão é
estabelecida entre eles e a mudança e o desenvolvimento, nessa perspectiva,
podemos perceber que, na complexidade do desenvolvimento da linguagem falada, o
professor deve proporcionar ao aluno um ambiente que o estimule para que ele possa
se expressar corporalmente de diferentes formas.
Assim, representar a criança em situações imaginárias permite que ela
direcione seu comportamento não apenas pela percepção imediata dos objetos, mas
também por um senso da situação, regras e papéis.
Mesmo que as crianças não nomeiem os objetos usados em suas ações, isso
pode ser percebido e determinado a partir do significado que descrevem para a
situação.
A criança constrói conhecimentos a partir das relações estabelecidas com o
mundo, a respeito de aspectos da realidade, interagindo com os outros, regulando
assim a forma como age, pensa e sente.
24
Em segundo lugar, trataremos do desenvolvimento do boca a boca. Nesse
sentido, a fala é essencial à vida humana, é uma habilidade socialmente construída
que as crianças praticam desde os primeiros momentos de vida.
Durante o primeiro ano, a comunicação ocorre por meio da troca de
experiências entre os indivíduos, as famílias e os professores. Assim, a construção da
linguagem oral envolve a expressão verbal e a negociação de significados
estabelecidos entre aqueles que desejam se comunicar.
Desde muito cedo, as crianças usam principalmente a boca para se comunicar,
mesmo antes de falarem fluentemente, de várias formas: pedindo ajuda, solicitando
coisas, etc. Mesmo que as crianças ainda não possam falar, os adultos ainda
entendem as vozes das crianças.
Podemos considerar que a fala é criada a partir de interações estabelecidas
pelas crianças desde o nascimento, situações cotidianas em que os adultos
conversam com ou perto delas fazem com que conheçam e se apropriem do mundo
da fala e do contexto em que geram a linguagem oral.
Nesse sentido, a habilidade da criança em usar a linguagem falada disponível
na escola é adquirida em um espaço privado: o contexto de comunicação, intimidade,
familiaridade e família.
Segundo essa visão, a escola em sua prática deve ensinar aos alunos o
significado e a importância das palavras, os professores devem despertar as crianças
de diferentes maneiras para se comunicar, conversar com elas e permitir que se
expressem.
É importante que os adultos, quando conversam com crianças, prestem
atenção em suas palavras, pois são oradores exemplares para as crianças, falam com
clareza, não imitam a fala da criança, não têm erros gramaticais. Diferentes
habilidades e situações de comunicação e expressão desenvolvem as habilidades de
linguagem das crianças.
25
A expansão da linguagem infantil pode ocorrer em situações como passar uma
mensagem, solicitar informações, buscar materiais, onde os professores
proporcionam aos alunos a capacidade de usar a linguagem em contexto, de forma
significativa e casual, iniciando uma conversa.
Os professores devem permitir que todos os alunos participem dos momentos
de fala, incentivando-os a falar. A participação das crianças nas atividades de
conversação permitirá o desenvolvimento de habilidades como leitura e escrita.
A escola deve expor os alunos a muitas formas de uso da fala, incentivando-os
a falar, porque por meio de exercícios de fala, eles vão melhorar e descobrir a função
social que ela tem. Por falta de técnica e propósito, falar torna-se uma rotina em sala
de aula, sem propósito e sem conteúdo.
Os professores devem criar um ambiente pacífico para incentivar os alunos a
comunicar suas ideias. As crianças usam o relacionamento interpessoal de forma
espontânea, usam palavras em diferentes contextos, percebem a função social da
linguagem com mais facilidade, desenvolvem diferentes habilidades, constroem
hábitos sociais e superam a timidez.
Em um ambiente propício, as crianças são livres para discutir, falar e se
expressar. Um dos principais objetivos do boca a boca é desenvolver a linguagem, a
fala e a compreensão auditiva das crianças.
Portanto, deve-se reconhecer que a fala é básica na vida e essencial para o ser
humano. É essencial ensinar as crianças a utilizarem corretamente a linguagem em
26
instâncias públicas fazendo com que o uso da mesma se torne cada vez mais
competente. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil afirma que:
28
O ambiente também deve propiciar o desenvolvimento oral das crianças
fazendo com que elas se comuniquem. O trabalho com a linguagem deve acontecer
através de atividades significativas.
30
desenvolvimento de funções comportamentais complexas das quais ele participa, atua
e traz para a sala de aula.
Da mesma forma, a criança formou o conceito de boa escrita antes da
educação formal na escola. Portanto, você não precisa ser um pesquisador para
perceber que escrever é uma atividade que capta a atenção das crianças desde cedo.
Uma preferência precoce por lápis e papel a levou, aos dois ou três anos, a
querer usá-los, principalmente se visse alguém por perto fazendo o mesmo. Se você
entregar o documento a ela, sem dúvida ela rabiscará intermitentemente e, se
solicitada, dirá que escreveu.
31
Sabe-se que, ao manipular lápis e papel ao longo desse percurso, além do
desenho, a criança costuma criar linhas sinusoidais contínuas ou uma série de
pequenos círculos ou linhas verticais que imitam a escrita de adultos.
Quando abordado sobre tal atividade, ele fingia que era seu posto, até mesmo
oferecendo uma explicação para isso. É verdade, porém, que nesta peça de
simulação ela deixa à imaginação do leitor encontrar seus rabiscos em relação ao que
pretende expressar. E, sem dúvida, seu conceito simbólico de signo escrito foi se
desenvolvendo, pois ele considerava a escrita como um arranjo gráfico que representa
uma palavra, uma ideia ou uma mensagem.
O estímulo para o desenvolvimento desse conceito ocorre em ambientes onde
as crianças têm a oportunidade de testemunhar atos de escrever ou ler, ou seja,
pessoas lendo e escrevendo para elas ou ao seu redor. “Isso não quer dizer, porém,
que só seja desenvolvido por crianças que recebem esse estímulo, pois em nossa
sociedade muitos anúncios e anúncios são feitos em jornais, revistas, televisão e
outros meios de comunicação. Os cartazes de conscientização das crianças são muito
altos sinal gráfico para o objeto representado.
É fácil ver que, ao aprender o alfabeto, as crianças tendem a representar os
sons da fala em momentos diferentes. Isso decorre de sua ignorância das convenções
de grafia que regem o uso de símbolos no alfabeto. Nessa construção, entretanto,
acreditamos que, para as crianças, a escrita torna-se mais complicada do que apenas
transcrever a fala.
Nossos corpos têm uma quantidade relativamente grande de dados para
representar isso. Nele, além das representações gráficas, talvez, a partir da percepção
da pronúncia das unidades de linguagem oral, seja possível determinar a presença de
elementos que assumem uma combinação de padrões de escrita usualmente,
comuns, normais. Podemos ver que a criança não absorve passivamente a palavra
escrita. Isso é o resultado de um longo processo de desenvolvimento das funções
comportamentais complexas nas quais a criança está envolvida.
Sem dúvida, as diferenças de personalidade e classe social devem ser levadas
em consideração, pois fazem com que uma criança tenha uma abordagem diferente
da escrita.
No entanto, acredita-se que todas as crianças podem criar sua própria grafia
para as palavras ou mensagens que pretendem escrever, desde que vivam em um
32
ambiente onde a palavra escrita seja usada de forma significativa e sejam
incentivadas a participar esta atividade. Desta forma, aumentam a sua confiança e
iniciativa e acabam por se exprimir por escrito, embora muitas vezes à sua maneira.
... cada pessoa que entra em contato com uma criança é um professor que
incessantemente lhe descreve o mundo, até o momento em que a criança é
capaz de perceber o mundo tal como foi descrito. (CASTAÑEDA, 1972. apud.
YOTUI, 2009)
33
Depois de entrar no processo de alfabetização formal, eles não podem absorver
e dominar o processo. A incapacidade de compreender a língua ensinada pela escola
torna essas crianças insatisfatórias durante a alfabetização e, após os anos
normativos nos primeiros anos, são consideradas deficientes, como já discutimos, são
encaminhadas para um psicólogo e depois para uma escola ou turma especial, cujo
foco é permitir mais cuidados relacionados ao seu distúrbio de aprendizagem.
O problema do analfabetismo está sempre associado ao processo de educação
especial. Esse fato ocorre porque a escola não consegue entender porque algumas
crianças não conseguem adquirir o processo de linguagem escrita e apressadamente
se auto identificam como portadores de alguma deficiência, dispensando a
responsabilidade de permitir que essas crianças adquiram com sucesso as
habilidades da linguagem.
Então, o que a escola realmente busca é um tipo de educação ideal onde a
aprendizagem ocorra de forma unificada e harmoniosa, e isso se torne uma utopia,
mas os métodos práticos da escola querem veementemente torná-la realidade, de
olho no índice alarmante de evasão e taxa de repetição.
Outro aspecto desse problema é que o fracasso escolar, assim como a teoria
das dificuldades de aprendizagem, é sempre relevante para crianças de séries iniciais.
Essa situação sempre aconteceu, uma vez que o analfabetismo se tornou um grave
problema educacional, que, após supostamente democratizar a educação, aumentou
muito o número de vagas nas escolas, dando lugar a que os filhos da classe
trabalhadora frequentassem a escola.
Assim, com a adesão das classes populares a uma instituição de ensino que
não foi criada para servir os seus interesses, os filhos desta classe tendiam ao
fracasso, numa educação que não valorizava a língua, a língua ou o seu contexto
social.
Na verdade, sempre acontece que as escolas nunca foram preparadas para
oferecer uma educação que responda às diferenças existentes na sociedade
capitalista. A educação que a escola persiste em proporcionar, apesar do alto índice
de reprovação dos alunos, é uma educação baseada na identidade, onde todos
aprendem o mesmo conteúdo, pelo mesmo processo.
34
5.3 Consciência fonológica
35
consciente ao nível fonológico da fala e a manipulação cognitiva das representações.
A exposição à linguagem escrita permite que essa habilidade seja desenvolvida, da
mesma forma que esse desenvolvimento aprimora as habilidades de leitura e escrita.
Estudos indicam que os déficits fonológicos são um dos fatores que podem
explicar os problemas de leitura em pessoas com dificuldades de aprendizagem.
Crianças com este diagnóstico têm dificuldade em usar a rota de tom-símbolo para
ler, ou seja, usar o mecanismo de transição de tom em atividades que requerem
habilidades fonológicas, como ler palavras faladas. Ilustrar ou classificar palavras por
som.
Acredita-se que as intervenções no processamento fonológico tenham efeito
direto na melhora das habilidades de leitura em trabalhos de intervenção com
escolares com dislexia.
36
a atividade inconsciente e desatenta até o pensamento intencional com atenção
direcionada.
Tal evolução começa com o desenvolvimento mutuamente interdependente
dos aspectos cognitivos e linguísticos por meio da construção de memórias lexicais e
fonológicas, onde também ocorrem o processamento e outras organizações
linguísticas, como a memória fonológica e o acesso ao vocabulário mental em que
atuam como um caminho fundamental para o desenvolvimento da consciência
fonológica.
Por outro lado, a memória de trabalho faz parte das habilidades cognitivas
relacionadas aos processos de alfabetização e aprendizagem, codificação fonológica
que na memória de trabalho é útil para decodificar novas palavras, principalmente
palavras longas, decifradas.
O que se observa é que o desempenho das crianças com dificuldades de
aprendizagem é afetado nas situações em que são obrigadas a utilizar códigos
fonéticos mais explícitos, como na leitura e na escrita, além da capacidade de
segmentação fonêmica, que requer memória para segurar as palavras na memória,
enquanto seus fonemas são segmentados e sequenciados, de modo que a memória
ativa é essencial para a aprendizagem do grafemafema correspondente.
Quando se fala em memória fonológica de curto prazo ou o loop de
correspondência estes não são eficazes em indivíduos com dificuldades de
aprendizagem.
A memória fonológica de curto prazo armazena de forma temporária a
informação verbal, sendo, essa retenção é potencializada pela representação de
palavras na memória fonológica de longo prazo.
Diante disso o sistema fonológico dessas crianças tenta reproduzir e recuperar
palavras na memória de longa duração, mas não funciona bem devido à má qualidade
das representações de longa duração, bem como problemas com o processamento
do processador auditivo.
Uma característica importante das pessoas com dislexia, além da fraca
percepção fonológica e memória fonológica, é a dificuldade de acesso às informações
fonológicas armazenadas na memória de longo prazo.
Uma das possíveis causas é a dificuldade de percepção da fala em nível
fonêmico, o que pode interferir no processamento da informação. A classificação dos
37
sons da fala foi menos eficaz em pessoas com dislexia do que em pessoas que lêem
bem.
Uma das razões para estudar a memória infantil é sua utilidade na educação.
Métodos de ensino eficazes dependem do conhecimento dos professores sobre a
capacidade das crianças de aprender e reter informações. Também é importante
saber que funções prejudicadas da memória podem interferir na aprendizagem e levar
a várias formas de dificuldades de aprendizagem.
Portanto, a avaliação da capacidade de memória é um método importante para
compreender o perfil da deficiência de aprendizagem e identificar métodos eficazes
para sua reabilitação.
Logográfico:
Este é um sistema básico de reconhecimento de palavras conhecido como
vocabulário logográfico. Tem a função de reconhecer palavras pertencentes ao
vocabulário visual, possivelmente a partir de recursos parciais, como letras, grupos
de letras, posições e comprimentos de letras, permitindo acesso direto à memória
semântica.
38
Alfabético:
As crianças começam a adquirir conhecimentos sobre o princípio do alfabeto,
desenvolvem a capacidade de decifrar novas palavras e escrever palavras simples
por meio do processo de associação fonêmica, ou seja, realizando correspondência
de letras para reconhecimento de palavras, exige conhecimento dos sons que
compõem a fala.
Primeiro, há a aquisição das regras mais simples, depois as regras contextuais. Há
a formação de um vocabulário alfabético, originalmente utilizado para identificar
grafemas individuais, aproximando-se do significado feito fonologicamente.
Ortográfico:
Nesta fase, ocorre um desenvolvimento do vocabulário alfabético para o vocabulário
ortográfico, que se caracteriza pela utilização de sequências alfabéticas e padrões
ortográficos para o reconhecimento visual de palavras.
As relações entre os grafemas são estabelecidas, permitindo que palavras
incomuns sejam escritas. O estabelecimento de um vocabulário ortográfico para
produzir a escrita depende de um vocabulário formal de leitura bem desenvolvido.
6 CONSCIÊNCIA MORFOSSINTÁTICA
40
um adjetivo. Do ponto de vista cognitivo, prova-se que a aquisição de conhecimentos
sobre morfologia e sintaxe é feita de forma regular.
O termo mais ampla gramática cognitiva foi usado para expressar essa
interdependência. No entanto, esse termo não parece se referir melhor à
interdependência do desenvolvimento cognitivo morfológico e sintático em crianças,
uma vez que o termo gramática também incluiria o conhecimento fonológico.
Portanto, consciência morfológica expressiva seria mais adequada para
designar a reflexão e manipulação intencional de fatos morfológicos da linguagem
decorrentes das relações contidas na frase sintática, bem como de aspectos da
sintaxe da linguagem em suas implicações morfológicas. Pelas razões expostas
acima.
Medição da consciência sintética cuja hipótese da existência de uma relação
causal entre a consciência morfológica e a consciência escrita foi originalmente
estudada levando-se em consideração a sensibilidade da criança à flexibilidade nas
tarefas atualmente atribuídas, consideradas clássicas.
Essas tarefas incluem as habilidades de avaliação, repetição, correção e
localização de padrões de frases complexos.
A tarefa de sentenciar é resumida apresentando uma lista de sentenças
contendo sentenças gramaticalmente inaceitáveis, pedindo à criança que avalie o
quão aceitável cada sentença é.
Frases gramaticalmente inaceitáveis incluem, por exemplo, o uso impróprio ou
a ausência de certas palavras compostas em certas palavras.
No entanto, a tarefa de julgamento não é uma métrica apropriada para avaliar
a cognição morfológica, uma vez que julgamentos bem-sucedidos de entradas
gramaticalmente incorretas só podem ser o resultado da detecção da incorreção.
A unificação geral de enunciados sem realmente perceber a fragilidade das
frases. Outras tentativas de avaliar o uso intencional do conhecimento morfológico,
sempre com base na tarefa de avaliar a superficialidade das sentenças, têm sido feitas
exigindo correções das sentenças detectadas, está incorreto atualmente ou
explicando as razões para tal afirmação.
Na tarefa de correção de erros, a criança foi solicitada a corrigir as frases com
marcações incorretas. Usar esta tarefa sozinho ou depois de apresentar a tarefa de
41
julgamento ainda não distinguirá o processamento normal da linguagem do uso das
habilidades metacognitivas pela criança.
Com uma tendência natural de normalizar frases inadequadas, as crianças
podem fazer correções sem que realmente pensem no erro, mas apenas com base
no conhecimento tácito que cada falante tem sobre sua língua.
Por outro lado, pedir à criança que explique o julgamento feito não tornará a
tarefa de julgamento mais confiável. Se, por um lado, expressar por que certas
sentenças são rejeitadas representa uma manipulação deliberada do conhecimento
de linguagem da criança, o oposto nem sempre é o caso.
Não é porque a criança não justificou seu comportamento que se pode inferir
legalmente que não foi intencional. É possível que a criança manipule
intencionalmente o conhecimento gramatical que possui e, ao mesmo tempo, tenha
dificuldade em verbalizar as operações realizadas pela criança.
Além disso, a expressão verbal da natureza do episódio superficial em uma
frase é facilitada por um léxico gramatical adequado que permite sua designação, que
estará intimamente relacionada ao nível de escolaridade do aluno.
Dada sua tendência natural de normalizar frases inadequadas, alguns
pesquisadores BOWEY, RYAN e LEDGER viram a repetição inaceitável de frases
como uma oportunidade para testar o controle intencional das atividades de linguagem
das crianças.
Na tarefa de repetição, a criança deve reconstruir a frase ouvida sem qualquer
alteração, mesmo que a frase seja inaceitável do ponto de vista gramatical. No
entanto, as tarefas de mera repetição não são uma medida confiável de consciência
sintética porque as crianças podem repetir frases cujo conteúdo, embora impreciso,
pode ser melhor compreendido ou palavras que consideram familiares.
A tarefa de pedir à criança para identificar erros em frases, ou seja, a tarefa de
localização também não pode ser considerada uma medida eficaz da habilidade
morfológica sintética de uma criança.
No caso da tarefa de localização, não se pode argumentar que o desempenho
da criança se deve ao uso de habilidades linguísticas metálicas, uma vez que
violações da morfologia sintética também estão associadas a violações da semântica,
o que levaria a um distanciamento da fala e, portanto, localização imediata de erro.
42
Esforços recentes para estudar a consciência sintética em crianças
abandonaram o uso de tarefas clássicas descritas acima em favor de tarefas que
permitem à criança gerar os aspectos morfológicos estudados. Essas tarefas são
referidas na documentação como tarefas de produção. Algumas tarefas de produção
são variações linguísticas mais complexas da tarefa de conclusão usada em
pesquisas conduzidas no início dos anos 1970.
Na conclusão da tarefa, a criança deve dizer palavras que completem uma
frase ou mesmo uma história. Em alguns casos, ele deve completar o último padrão
composto de uma palavra inserida em uma frase. Em sua forma original, a
apresentação do contexto deve levar a criança a dizer a palavra exata que o
pesquisador pede.
Portanto, não é possível determinar se o sucesso da criança se deve às suas
proezas metálicas ou à influência do próprio contexto. Neste último caso, a escolha
da criança será guiada mais por aspectos semânticos do que por seu conhecimento
morfológico sintético. As tarefas concluídas tiveram algumas mudanças para
minimizar o uso de indicadores semânticos pelas crianças.
Uma das maneiras de fazer isso é usar pseudopalavras, ou seja, uma palavra
inventada que, embora acompanhe a formação fonológica da língua, não faz parte de
seu vocabulário. Em princípio, o uso de pseudopalavras separa os aspectos
estruturais e semânticos da língua. Na tarefa Morfologia de Produção, pseudo-
palavras são apresentadas e devem ser modificadas usando diacríticos ou
terminações.
Embora o uso de pseudo-palavras visasse remover a influência da semântica
no uso do conhecimento morfológico sintético pela criança, a tarefa não pareceu
atingir seu objetivo.
Existem pistas semânticas suficientes fornecidas pelo contexto para solicitar a
modificação necessária da pseudopalavra.
Assim, a opção de pseudopalavra em torno de aspectos morfológicos sintéticos
é testada contra as regras dos infinitivos, o que exigirá um pouco mais do que usar o
conhecimento tácito da linguagem da criança.
A inspeção da estrutura morfológica também pode ser considerada como um
tipo de conclusão de tarefa. O teste pede à criança para completar a frase a
capacidade de analisar uma derivação apresentada, seja subtraindo seu sufixo, em
43
sua derivação, tarefa analítica ou para gerar uma derivação em sua forma primitiva,
atribuição derivada, conforme mostrado no exemplo a seguir:
1. Corajoso. O policial mostrou muita (coragem).
2. Fama. O artista é (famoso).
Nesse teste, os itens são construídos de forma que na metade deles, a geração
da palavra derivada preserva a estrutura fonológica da palavra original e vice-versa.
Na outra metade, a estrutura fonética das palavras é alterada pelas transformações
exigidas pela tarefa. Independentemente do nível de escolaridade, as maiores
pontuações das crianças no teste de estrutura morfológica ocorreram na tarefa de
decomposição, mesmo para os itens com alteração fonológica durante a transição da
fonte de captura para a sua forma original.
Não é surpreendente que esse tipo de tarefa possa ser facilmente resolvido por
crianças. O trabalho pode ser resolvido, por exemplo, removendo a última parte de
uma palavra para obter outra palavra.
O contexto da frase ajuda a criança a saber a quantidade a ser subtraída da
palavra apresentada e a pronúncia da palavra raiz.
Portanto, o uso de habilidades metacognitivas para alcançar o sucesso desta
tarefa é improvável. Da mesma forma, acredita-se que o teste de estrutura morfológica
como tarefa derivada não avalie a consciência morfológica sintética das crianças. O
sucesso da tarefa pode ser alcançado por meios puramente semânticos.
Uma vez que a palavra original é mencionada para a criança, ela pode criar um
modelo de eixo de palavras do mesmo campo semântico, com o contexto da frase
para ajudar na escolha da palavra certa.
Tudo isso pode acontecer sem que a criança manipule intencionalmente os
elementos de transformação necessários para a transição do primitivo para o
derivado.
O exame da estrutura morfológica parece depender mais do vocabulário da
criança do que de seu conhecimento da morfossintaxe. A tarefa de conclusão de frase
pede à criança para completar uma frase com uma forma derivada, seja de uma
palavra primitiva ou de uma palavra fictícia, conforme ilustrado:
1.Uma mulher que faz faxina é uma (faxineira).
2. O contrário de coberto é (descoberto).
44
A tarefa de completar frases parece ser uma tarefa de avaliar o vocabulário da
criança, em vez de seu conhecimento morfológico geral. Os mesmos comentários
feitos para a busca de Produtividade Morfológica ainda podem ser aplicados à tarefa.
Finalmente, a derivação de sufixo envolve a representação escrita de
sentenças nas quais uma lacuna deve ser preenchida selecionando uma palavra
derivada para escolher entre três outras palavras, todas palavras derivadas da mesma
raiz por derivação de sufixo. O teste inclui itens que usam palavras fictícias. O teste
difere de outras versões da tarefa concluída por não ser uma tarefa de produção, mas
um reconhecimento morfológico sintético adequado.
A derivação de sufixo, como todas as outras versões da tarefa concluída, é
limitada em termos de acesso da criança à atividade metalográfica porque o sucesso
da tarefa pode ser alcançado por meios puramente semânticos.
O bom desempenho da tarefa depende do nível de vocabulário que a criança
adquire. Em particular, o teste de derivação de sufixos é influenciado pela habilidade
de leitura da criança e requer muita memória de trabalho no que diz respeito à atenção
e retenção das quatro alternativas apresentadas para completar frases, bem como da
própria frase.
Encontramos na literatura alternativas para medidas de consciência
morfológica sintética que quebram o padrão prefaciado por tarefas clássicas. São
eles: teste de relacionamento morfológico, tarefa de similaridade morfológica sintética
e tarefa de replicação. O teste relacional consiste na apresentação de pares de
palavras.
Alguns pares de palavras são compostos de palavras primitivas e palavras
derivadas; outros são derivados de palavras não relacionadas. Em seguida, deixe a
criança julgar se as duas palavras estão relacionadas e diga se a segunda palavra do
par vem da primeira palavra.
Existem duas versões desta tarefa: oral e escrita. Em ambas as versões, quatro
programas de treinamento são fornecidos, dos quais duas palavras são relacionadas
e duas não.
Essas entradas são projetadas para examinar as variações na semelhança
fonética entre as formas primitivas e derivadas. Em alguns papéis, não há mudança
na derivação, seja na pronúncia ou na grafia. Em outras, há mudança de sílaba tônica
45
ou mudança de vogais ou consoantes com a adição dos afixos: grama; com fome;
Porção de refeição.
Crianças entre 9 e 12 anos reconhecem facilmente pares de palavras não
relacionadas. Entre os pares de palavras relacionadas, os subitens mais bem-
sucedidos foram aqueles que continham os sufixos usados com mais frequência nos
procedimentos de derivação de sufixos.
Nesse sentido, o desempenho de uma criança no teste parece ser amplamente
influenciado pelo nível de vocabulário da criança.
Pares com palavras irregulares ou crianças que não sabem o significado das
palavras têm as taxas de erro mais altas. Talvez o sucesso que as crianças alcançam
no teste tenha mais a ver com semântica do que com a manipulação deliberada de
fatos morfológicos da linguagem.
Na visão deles, os filhos podem usar a construção do campo semântico,
evocando palavras com significados semelhantes a partir da primeira palavra do casal.
Assim, o significado das palavras, mais do que sua composição, pode ser o
critério para determinar o julgamento de uma criança.
Na tarefa de analogia de sentenças estruturada de acordo com o esquema “A
é para B e C é para D”, a criança é apresentada a duas sentenças (A e B), por
exemplo, uma no presente (Marcos joga futebol), já o outro está no passado (Marcos
jogou futebol).
Em seguida, é apresentada uma terceira frase (C), com a mesma estrutura
morfológica da frase A, no nosso exemplo, uma frase no presente (Mãe faz um bolo),
a criança então foi convidada a produzir a quarta frase (D), operar a transformação
observável de A para B; no exemplo, a criança criaria uma frase semelhante à frase
C com um verbo no passado (a mãe fez um bolo).
No exemplo acima, pretendemos avaliar a capacidade cognitiva e de produção
da criança de verbos relativos passados e presentes. Marcos joga futebol. Marcos
joga futebol. Mamãe está assando. A mãe faz bolos.
Outro tipo de tarefa de analogia é usar palavras em vez de sentenças, tarefas
de analogia de palavras, nesta tarefa, a criança deve identificar a transformação
morfológica realizada em um par de palavras e realizar uma transformação
semelhante na outra palavra, formando um novo par de palavras com a mesma
relação morfológica do primeiro par.
46
As transformações necessárias podem ser associadas a morfemas
derivacionais: mudança de categorias gramaticais: por exemplo, de substantivo para
verbo; de substantivo para adjetivo ou com morfema escalar por exemplo: mudar os
tempos do verbo. Escreva um ensaio; alfaiate.
O uso de tarefas morfologicamente semelhantes exigirá que a criança
reconheça a relação gramatical entre a primeira palavra ou par de frases na tarefa e
sua aplicação pretendida ao segundo par; no entanto, algumas são limitadas à tarefa.
A primeira delas refere-se à solicitação feita à memória de trabalho. Em segundo lugar,
a tarefa depende da capacidade da criança de usar o raciocínio por analogia.
Portanto, usando essas tarefas, mediremos não apenas a competência
metalográfica da criança, mas também sua habilidade de usar seu conhecimento
morfológico sintético em relação à sua habilidade de raciocinar.
Portanto, as habilidades metalográficas de crianças com habilidades de
raciocínio só podem ser avaliadas por analogia, que por sua vez dependerá do
surgimento e do desenvolvimento do duplo pensamento na criança.
O objetivo desta tarefa é testar se a criança consegue identificar violações de
natureza morfológica e usar conscientemente seus conhecimentos da gramática da
língua por meio da repetição. Erros criados intencionalmente são detectados na
primeira frase que não exige que a criança interprete as respostas apresentadas.
O uso da tarefa de transcrição requer muita memória de trabalho,
principalmente quando é apresentada apenas de forma oral, ou seja, sem utilizar a
representação escrita das frases.
Assim, na versão verbal, a eficácia da tarefa estará intimamente ligada ao nível
de memória da criança, enquanto na apresentação escrita dependerá da habilidade
de leitura da criança.
Autores renomados como GAUX e GOMBERT (2003) observaram que o tipo
de item construído pode afetar a eficiência de uma tarefa de cópia. A semelhança
fonológica do item convertido com o item da amostra facilita a criança a reproduzir o
erro. Por exemplo, erros encontrados e corrigidos em: O professor é cuidado serão
reproduzidos mais facilmente na frase: O cantor famoso, do que na frase: O menino
está preocupado.
47
A semelhança entre a posição do erro na primeira frase e nas frases seguintes
onde o erro se repetirá, também passa a ser um indicativo que a criança pode utilizar
para obter melhor desempenho na tarefa.
A presença de semelhanças fonéticas e posicionais entre as palavras em uma
frase pode ajudar as crianças a ter sucesso em tarefas que resultam não do uso de
habilidades de linguagem, mas do conhecimento.
Considerações semelhantes a respeito da construção de elementos para a
tarefa de replicação também podem se aplicar à construção das tarefas
morfologicamente semelhantes discutidas acima.
49
O aprendizado das habilidades fonológicas pode ser iniciado precocemente,
com a estimulação inicial da linguagem oral, utilizando-se o auxílio de pistas visuais
para auxiliar no processamento e armazenamento da informação.
Deve-se trabalhar para adquirir conceitos e conhecimentos de símbolos e
significados, associar figuras verbais e, em seguida, trabalhar a percepção de partes
de palavras que também ligam partes de formas, ou objetos específicos no início, após
adquirir habilidades fonológicas níveis.
Há muitas evidências para apoiar a importância do ensino de habilidades
fonéticas no desenvolvimento de habilidades de leitura, embora haja pouco
conhecimento sobre quais métodos de ensino são mais eficazes para os recém-
chegados: aprender a ler e pessoas com deficiência aprendendo a ler e escrever.
Podemos dizer que toda criança aprende melhor, é mais facilmente
alfabetizada quando exposta à impressão desde cedo, quando entende a função da
escrita e já conhece os símbolos gráficos.
Uma criança cujo ambiente é estimulado pela exposição a uma variedade de
livros desenvolverá atitudes positivas e pode se tornar melhores leitores.
Combinar a educação em consciência fonológica com atividades emergentes
de alfabetização, como a leitura interativa, pode expor as crianças a uma maior
exposição a rimas e fonética, preparando-as para o próximo estágio da vida.
Além disso, a exposição à prática da leitura é um importante contribuinte para
o desenvolvimento da alfabetização, além da consciência fonêmica e das habilidades
de decodificação, que são altamente dependentes de fatores ambientais.
50
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola
Editorial, 2009.
51
DEHAENE, S. Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa
capacidade de ler. Porto Alegre: Penso, 2012
FERREIRO, E. Reflexões sobre a alfabetização. 2. Ed. São Paulo: Cortez, SP, 1985.
MOTA, M, ANDRADE, C., HENRIQUE, D, MACEDO, S., ATALAIA, K., STEPHAN, F.,
FERREIRA, D. Consciência Sintática e desenvolvimento Ortográfico (trabalho
completo). Em: Encontros Psicopedagógicos. Anais do IV Seminário de
Psicopedagogia da UERJ, Rio de Janeiro: Curso de Especialização em
Psicopedagogia da UERJ. 2002.
53