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metodologia do ensino
da língua portuguesa
Conteudista
Valéria do Nascimento Querido
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Branco - UCB.
ISBN 978-85-7880-044-4
CDD – 371.39
Prezado(a) Aluno(a):
É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de gradu-
ação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando
oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente es-
peram retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.
Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhe-
cimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Orientações para o Autoestudo
O presente instrucional está dividido em sete unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e
conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam
atingidos com êxito.
Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades com-
plementares.
Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o
conteúdo de todas as Unidades Programáticas.
A carga horária do material instrucional para o autoestudo que você está recebendo agora, juntamente com
os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 30 horas-aula, que
você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.
Bons Estudos!
Dicas para o Autoestudo
1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja
disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.
7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento
da disciplina.
UNIDADE I
1.1 - Introdução............................................................................................................................................. 13
1.2 - Compreensão do sentido de comunicações orais e escritas.................................................................. 13
1.3 - Utilização da linguagem oral e escrita com competência em diferentes situações de comunicação... 14
UNIDADE II
UNIDADE III
UNIDADE IV
UNIDADE V
6.1 - As relações entre o aluno aprendiz e a língua a ser aprendida, mediada pelo professor...................... 27
6.2 - A prática educacional que organiza a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento: os peri-
gos do espontaneísmo .................................................................................................................................. 27
UNIDADE VII
A posição da Escola
Glossário....................................................................................................................................................... 38
Gabarito......................................................................................................................................................... 39
Referências bibliográficas............................................................................................................................. 40
Quadro-síntese do conteúdo
programático
O domínio da linguagem oral e escrita é imprescindível para a plena participação de um indivíduo na socie-
dade. É através desses conhecimentos que o homem adquire condições efetivas de se expressar, defender seus
pontos de vista, partilhar ideias, ampliar visões de mundo, construir e produzir conhecimentos. É função da
escola mediar essas aprendizagens, tarefa que tem sido um grande desafio.
Atualmente, é consenso que a escola deve aceitar o aluno como ele é, acolher a forma de expressão que traz
de sua comunidade, mas é fundamental que ensine aos educandos a utilizar adequadamente a linguagem oral
e escrita de forma competente em diferentes situações comunicativas. Por isso, cabe a todos os profissionais
da escola organizar o trabalho educativo de forma que os alunos se defrontem com a diversidade de gêneros
textuais que circulam na sociedade.
Neste instrucional, serão apresentadas algumas situações que visam o ensino da língua portuguesa por meio
de uma prática reflexiva e contextualizada, sendo a principal delas projetos educativos que envolvam as dife-
rentes áreas de conhecimento.
Espera-se que você, Pedagogo(a), como pesquisador(a) de sua própria práxis, reflita e analise as situações
apresentadas e formule outras de acordo com a demanda que encontrar.
UNIDADE I 13
1.1– Introdução
O objetivo principal da escola, no Ensino Fun- visões de mundo, formular perguntas, articular res-
damental, é garantir a todos os alunos o acesso aos postas, produzir conhecimentos e exercer plenamente
saberes necessários para que possam compreender o a cidadania.
código oral e escrito da língua materna.
É responsabilidade da escola promover durante o Ensi-
Na sociedade contemporânea, a comunicação acon- no Fundamental a ampliação de competências linguísti-
tece de diversas formas, no entanto é o domínio da cas que permitam ao aluno ler e compreender os diferen-
oralidade e da escrita que possibilita ao homem in- tes textos que circulam na sociedade. Além de ser capaz
teragir com o outro, a posicionar-se criticamente, ter de se expressar de forma eficaz por meio da oralidade e
acesso às informações, defender suas ideias, construir da escrita, nos mais variados contextos.
A língua é um sistema de signos histórico e so- Os vários gêneros existentes constituem formas
cial que permite ao homem significar o mundo e o relativamente estáveis de enunciados, que compar-
contexto que o cerca. Aprender uma língua não é tilham algumas características comuns, determina-
apenas aprender palavras, mas também os seus sig- das por três elementos:
nificados culturais e como as pessoas do seu meio
social compreendem e interpretam a realidade. • as intenções comunicativas geram usos sociais
que determinam os gêneros do conteúdo temático:
Segundo Vygotsky (1989), além da função comu- o que é ou pode tornar-se dizível por meio do gê-
nicativa, a linguagem oral exerce papel preponde- nero;
rante na formação e organização do pensamento. • a construção composicional: estrutura particular
Quando se interage verbalmente com alguém, o dos textos pertencentes ao gênero;
discurso se organiza a partir dos conhecimentos que • o estilo: configuráveis específicas das unidades
se espera que o interlocutor tenha sobre o assunto. de linguagem derivadas, sobretudo, da posição
enunciativa do locutor; conjuntos particulares de
Bakhtin (1997) afirma que o discurso, quando pro- sequências que compõem o texto etc.
duzido, manifesta-se, do ponto de vista linguístico, (Parâmetros Curriculares Nacionais 5ª a 8ª séries – vol.2,
por meio de textos. O texto é o produto de uma ati- Língua Portuguesa, 1998: 21 – MEC)
vidade discursiva oral ou escrita que forma um todo
significativo, independente de sua extensão. O texto
é uma sequência verbal constituída por um conjunto Quando ouvimos ou lemos um enunciado, anali-
de relações que se estabelecem a partir da coesão e samos dados que nos são fornecidos pelo conteúdo,
da coerência. Isto é, a textualidade. Um enuncia- pela estrutura que determina cada gênero e pelo dis-
do só pode ser considerado texto quando pode ser curso propriamente dito. A noção de gênero textual
compreendido como unidade significativa global. é indissociável do contexto sociocultural de sua pro-
Toda produção de texto se organiza dentro de um dução e deve ser estruturada sobre questões como:
gênero determinado historicamente. Para Bakhtin, é onde e quando o texto é produzido, por quem, para
impossível se comunicar verbalmente a não ser por quem e com que finalidades. Ser um bom leitor e
algum gênero, assim como é impossível se comuni- produtor de textos é dominar essas questões que
car verbalmente a não ser por algum texto. norteiam a construção dos gêneros textuais.
1.3 – Utilização da Linguagem Oral e Escrita com Compe-
14
tência em Diferentes Situações de Comunicação
O tratamento do ensino da linguagem oral e escrita As atividades de produção oral da linguagem devem
tem avançado muito nos últimos anos, seja nos estu- sempre estar atreladas a situações contextualizadas de
dos empreendidos por diferentes pesquisadores (Mi- escuta. É impossível para um aluno falar com entu-
lanez, 1993, Geraldi, 1996, Marcuschi, 1998, dentre siasmo e segurança para os demais sem que esteja
outros), seja nas propostas curriculares oficiais, como garantido que ele será ouvido e respeitado. Ele preci-
os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino sa que o escutem. A escuta é habilidade que deve ser
Fundamental (Brasil, 1998). aprendida também em contextos significativos.
Exercício de Autoavaliação
Leia a história a seguir:
1. Tendo em vista os aspectos abordados na Unidade I em relação ao ensino da linguagem oral, como o pro-
fessor deve proceder diante de alunos que apresentam a fala semelhante à do personagem Chico Bento?
16 UNIDADE II
Como foi abordado anteriormente, não é papel da sistemáticas e diversificadas que estejam contextua-
escola ensinar o aluno a falar, pois esse conhecimento lizadas em projetos de estudo que garantam a fala,
o aluno traz de seu convívio mesmo antes da idade de a escuta e, principalmente, a reflexão sobre a língua.
ingressar no Ensino Fundamental. Segundo Marcushi (2002), o trabalho com texto deve
ser feito com gêneros, sejam eles orais ou escritos,
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN –, as- ideia central dos PCN.
sinalam que quando a escola, de alguma forma, tratou
a linguagem oral, foi de maneira inadequada; tentou O referido documento indica ainda que as atividades
corrigir a fala “errada” dos alunos, por não coincidir de reflexão sobre a língua devem envolver as demais
com a variante linguística de prestígio social, acredi- áreas de conhecimento, além da área de língua por-
tando que evitaria que os educandos escrevessem er- tuguesa, e que sejam desenvolvidas dentro dos mais
rado. Essa postura na verdade reforçou o preconceito diversos projetos:
contra os que falam diferente da variedade linguística
prestigiada. Postura que afeta negativamente a auto- • atividades em grupo que envolvam planejamento
confiança do aluno, condição básica para expressar-se e realização de pesquisas e requeiram a definição de
oralmente. temas, a tomada de decisões, a apresentação de re-
sultados;
Se por um lado é do conhecimento de todos que o • atividades de resolução de problemas que exijam
aluno não aprende a falar na escola, por outro lado é estimativa, verbalização e confronto de procedimen-
função da escola desenvolver a capacidade oral dos tos empregados;
alunos e oferecer a todos um ambiente propício para • atividades de produção oral e planejamento de um
o desenvolvimento dessa habilidade. Ambiente onde texto;
todos tenham direito a voz e a vez e que respeite a • exposição oral sobre tema estudados; descrição
diferença e a diversidade. É papel da escola também do funcionamento de aparelhos e equipamentos em
ensinar aos alunos os usos da língua nos diferentes situações em que se faça necessário entre outras.
contextos comunicativos.
Os PCN apontam ainda os gêneros discursivos mais
Vale ressaltar que, para a escola cumprir o seu papel adequados para o trabalho com a linguagem oral:
no ensino adequado da linguagem oral, é necessário
que a oralidade seja um conteúdo de ensino, uma • Contos, poemas, quadrinhos etc.
ação pedagógica bem planejada. Não basta deixar • Entrevistas, notícias, relatos etc.
os alunos falarem, é preciso propor a eles atividades • Seminários, palestras.
Marina Colasanti
Um dia o rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda e, tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que
não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou
com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com alegria, linda ideia dele toda azul.
Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão
bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pegá-la e levá-la. É tão fácil
roubar uma ideia! Quem jamais saberia que já tinha dono?
Com a ideia escondida debaixo do manto, o rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos
se fecharam, ele saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao cor-
redor das salas do tempo. Portas fechadas e o silêncio. Que sala escolher?
Diante de cada porta o rei parava, pensava e seguia adiante. Até chegar à sala do sono. Abriu. Na sala acol-
choada, os pés do rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gases, cortinas e véus pendurados
como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O rei deitou a ideia adormecida na cama de marfim, baixou o
cortinado, saiu e trancou a porta.
O tempo correu seus anos. Ideias o rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. En-
velhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade. Apenas sentia-se mais triste
e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.
Só os ministros viam a velhice do rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descan-
sar, e o libertaram do manto.
Ninguém mais se ocupa de mim – dizia, atravessando salões, descendo escadas a caminho da sala do tempo.
Ninguém mais me olha – dizia. Agora, posso buscar minha linda idéia e guardá-la só para mim.
Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma ideia menina. E linda. Mas o rei não era mais o rei daquele dia.
Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na sala do sono. Seus olhos não
viam na ideia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos
como naquele dia.
Sentado na beira da cama o rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tris-
teza.
Depois, baixou o cortinado e, deixando a ideia adormecida, fechou para sempre a porta.
Exemplo de poema:
18
Bons Amigos
Machado de Assis
Exercício de Autoavaliação
1. O relato de experiências é um gênero discursivo que favorece o uso adequado da linguagem oral.
Comente essa afirmativa.
20 UNIDADE III
Metodologia para o uso de gêneros discur-
sivos adequados para o trabalho com a
Linguagem escrita
É consenso que os alunos apresentam dificuldades quando o texto é produzido?” “Por quem?” “Para
na área da linguagem, no que se refere à leitura, inter- quem?” “Com que finalidades?”. Ser um bom leitor e
pretação e, principalmente, na produção escrita. Parte produtor de textos é dominar essas questões que nor-
desse problema se deve ao próprio sistema de ensino, teiam a construção dos gêneros textuais.
pois deixa de enfocar a importância que a capacidade
comunicativa representará na vida social dos alunos e Portanto, é aconselhável trabalhar atividades en-
por também não dar destaque a conteúdos que priori- volvendo narração, descrição e dissertação correla-
zem as vivências cotidianas dos educandos. cionando-as a um contexto definido, pois estas são
apenas modos de organização do discurso e não as
Outro aspecto que deve ser considerado, nessa si- formas de interação do sujeito.
tuação, é que historicamente a escola tem investido
mais no ensino da gramática em detrimento das ativi- O trabalho com gêneros discursivos precisa estar in-
dades discursivas, que acontecem esporadicamente, o serido em situações comunicativas em que os alunos
que dificulta o desenvolvimento da competência lin- deixem de ser apenas decodificadores para se torna-
guística dos alunos. rem agentes do seu próprio aprendizado, leitores e au-
tores que percebam que estão inseridos nos contextos
Diante do exposto, a proposta de se trabalhar com de produção dos seus discursos. Deste modo, a escola
gêneros do discurso, segundo Bakhtin, tem atendido certamente passará a ser um ambiente significativo em
melhor a demanda atual. O autor afirma que a ques- suas vidas e capaz de produzir conhecimentos verda-
tão de gêneros textuais ultrapassa a visão do senso deiros no campo do saber linguístico-discursivo.
comum que costuma apenas entender e classificar os
textos como literários, poéticos etc. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) apon-
tam como os mais adequados para o trabalho com a
Com o advento da linguística aplicada, a noção de linguagem escrita os seguintes gêneros:
gênero do texto é ampliada e torna-se indissociável
do contexto sociocultural de sua produção. A cons- • Receitas, bulas, regras de jogo
trução da noção de gênero que melhor responde às • Rótulos, calendários
necessidades didático-pedagógicas da atualidade é • Cartas, bilhetes, postais
aquela estruturada sobre questões como: “Onde e • Textos literários: prosa e poesia
Exercício de Autoavaliação
1. Observe a seguinte situação e comente.
Uma professora de alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental, preocupada como os dias atuais, pede
orientações à coordenadora pedagógica para trabalhar com os alunos textos de correspondências, pois, com o
advento da internet, as correspondências que chegam às casas pelo correio, na maioria das vezes, são de contas
de luz, telefone etc.
A coordenadora orienta a professora a propor uma troca de bilhetes na turma, nos moldes do amigo-oculto.
Explicando que em cada bilhete deverão ser destacadas as principais qualidades do colega que foi sorteado. E
orienta ainda que antes da atividade ensine aos alunos como escrever um bilhete corretamente e quais as dife-
renças e semelhanças entre esse gênero textual e outros tipos de correspondências, como carta, postais etc.
UNIDADE IV 23
Conforme Os PCN (1998), o objetivo principal do ou pede que o interlocutor seja mais claro na sua fala,
trabalho didático denominado “Análise e reflexão está realizando uma atividade epilinguística, em que
sobre a língua” é melhorar a capacidade de compre- a reflexão está voltada para o uso, no próprio interior
ensão e expressão dos alunos em situação de comuni- da linguagem.
cação oral e escrita.
No entanto, como já foi mencionado anteriormen-
Realizar esse tipo de atividade só é possível porque te, cabe à escola planejar didaticamente situações em
o homem tem a capacidade de analisar, pensar sobre que se busque a adequação da fala e da escrita própria
os fenômenos da linguagem e realizar práticas de re- e a do seu próximo que se constituam como fonte de
flexão metalinguística que estão relacionadas a um reflexão sobre a língua.
tipo de análise voltada para descrição, por meio de
categorização dos elementos linguísticos. O que se espera da escola é que ela seja capaz de
contribuir para a formação de alunos sujeitos do seu
O documento ressalta ainda que a análise linguística conhecimento, capazes de ler e produzir textos orais
não é uma invenção da escola, pois quando alguém e escritos de qualidade nos mais diversos contextos
no meio de um diálogo questiona alguma expressão sociais.
Exercício de Autoavaliação
1. Como você orientaria professores do Ensino Fundamental a ensinar aos seus alunos procedimentos para
revisarem o próprio texto?
UNIDADE V 25
A proposta atual para o ensino de ortografia, acentu- era propagado na escola, nem tampouco para pontuar
ação, pontuação e classe de palavras difere da forma frases.
com que historicamente a escola abordou esses con-
teúdos. O investimento pedagógico era pautado em Um texto não é uma soma de frases e sim frases
repetições verbais de regras e da correção seguida de que se agrupam organizadamente em fronteiras sintá-
repetidas cópias, por parte dos alunos, das palavras tico-semânticas. Pontuar um texto é reagrupar o seu
que escreveram de forma incorreta. A conclusão a que fluxo para indicar ao leitor os sentidos propostos pelo
se chegou é que esses procedimentos não deram conta autor.
da escrita que se esperava por parte dos alunos.
Há gramáticos que afirmam que pontuar um texto é
A aprendizagem da regras gramaticais não é um “a arte de dividir por sinais gráficos as partes do dis-
processo passivo e sim uma construção individual curso que não têm entre si ligação íntima, e de mos-
que acontece principalmente através da mediação pe- trar do modo mais claro as relações que existem entre
dagógica. essas partes”.
Segundo os PCN (1998), as estratégias didáticas Essa afirmação se deve pelo fato de que nem sempre
para o ensino da ortografia devem se articular em tor- a pontuação tem uma regra bem definida. Segundo os
no dos seguintes eixos: PCN, a única regra obrigatória da pontuação é a que
diz onde não se pontuar: entre o sujeito e o verbo e
• o da distinção entre o que é “produtivo” e o que é entre o verbo e seu complemento. Tudo fora disso são
“reprodutivo” na notação da ortografia da língua, per- possibilidades.
mitindo no primeiro caso o descobrimento de explíci-
to de regras geradoras de notações corretas e, quando Portanto, aprender a pontuar é aprender procedi-
não, a consciência de que não há regras que justifi- mentos que incidem sobre a textualidade e não apenas
quem as formas corretas fixadas pela norma; e aprender um conjunto de regras.
• a distinção entre palavras de uso frequente e infre-
quente na linguagem escrita impressa. Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira
(NGB), as palavras se distribuem por dez classes:
Tendo como base essas especificidades, o ensino da substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome,
ortografia deve favorecer aos alunos a reflexão so- verbo (classes flexionáveis), advérbio, preposição,
bre a constituição da língua. O trabalho com a nor- conjunção e interjeição (classes não-flexionáveis).
matização ortográfica deve ser contextualizado e se As interjeições são frases implícitas e não palavras
desenvolver por meio de atividades que tenham os invariáveis.
diferentes textos que circulam na sociedade como
fonte de análise e principalmente para contribuir para No entanto, vale ressaltar que é na reflexão sobre a
desenvolver nos alunos uma atitude crítica diante da linguagem, no interior da situação de leitura e produ-
sua própria produção escrita. ção de textos, que o conhecimento sobre os aspectos
gramaticais devem ser ensinados. Saber o que é um
O ensino da pontuação tem sido revisto, pois não substantivo, adjetivo, etc. é indispensável, mas não
pode ser confundido com o ensino dos sinais de pon- garante uma produção de texto eficiente.
tuação.
Nesse sentido, é preciso enfatizar que o conteúdo de
Pontuar um texto corretamente não se trata de indi- classe de palavras deve ser ensinado a partir de situa-
car pausas para respirar com se acreditava por muito e ções significativas de análise da linguagem.
5.2 - Conteúdos de Análise Sintática, Léxica,
26
Fonológica, Semântica e Prosódica
Segundo Elvira Souza Lima (2007), a escrita é um A semântica analisa os elementos básicos da cria-
sistema simbólico que tem uma estrutura linguística ção do significado da escrita.
e que no cérebro há várias áreas que correspondem
à aprendizagem dessa estrutura que deve orientar o
A fonologia e léxica estão muito próximas na escri-
ensino da escrita. São cinco as dimensões da escri-
ta que precisam ser aprendidas para que qualquer ser ta, uma vez que o aluno precisa desenvolver o léxico
humano possa ler e escrever. para se apropriar da escrita. A fonologia estuda os
sons de uma língua e o léxico é o conjunto de palavras
As dimensões linguísticas da escrita são: sintática, usadas em uma língua.
semântica, fonológica, léxica e prosódica.
A prosódia é a pronúncia regular de uma língua.
A sintaxe é fundamental para a compreensão e for-
mulação do sentido de uma frase, estuda a função das É essa dimensão que permite comunicar as emoções
classes gramaticais dentro de um contexto. através da escrita.
Exercício de Autoavaliação
1. Observe a seguinte situação e responda.
A coordenadora pedagógica de uma escola, ao realizar o planejamento semanal com os professores do quarto
ano de escolaridade, analisa com eles a produção escrita dos alunos. A professora de uma das turmas relata
que não sabe mais o que fazer para que os alunos escrevam melhor, pois, mesmo pedindo que a turma decore
as regras gramaticais e escreva dez vezes as palavras que errou, os alunos não aprendem como ela espera e na
maioria das vezes, a partir da quarta ou quinta vez que escrevem as palavras, tornam a errar.
Diante dos aspectos abordados nesta unidade, diga por que isso acontece.
UNIDADE VI 27
As questões sobre o conhecimento e a relação entre O aluno é sujeito ativo do seu conhecimento que,
o aluno e a aprendizagem da língua têm sido um ver- agindo sobre o objeto, nesse caso a língua, sofre in-
dadeiro desafio para a escola. As reflexões sobre o en- fluências do meio em que está inserido e interage com
sino-aprendizagem apresentadas até aqui têm como o grupo social em que vive.
base a abordagem que os Parâmetros Curriculares
Nacionais e os pesquisadores da Linguística aplicada Cabe então à escola o trabalho com projetos educa-
concebem sobre o esse conhecimento. cionais que promovam situações adequadas de apren-
dizagem, sistemáticas e planejadas, em que o aluno
A aprendizagem que o aluno realiza no decorrer de esteja efetivamente relacionando-se com a língua oral
sua vida, inclusive a da língua, é um processo cons- e escrita. São exemplos de atividades de uso social
truído na sua interação com o meio e mediado por da língua: rodas de leitura, visita a bibliotecas e salas
pares mais capazes. de leitura, saraus, relato de experiências, produção de
jornais falados e escritos, jogral, produção e apresen-
Segundo Vigotsky, o homem é um ser social e his- tação de roteiros para teatro e televisão, elaboração e
tórico. Transforma o meio e é transformado por ele. a apresentação de programas de rádio, construção de
Portanto, o conhecimento não é visto como algo que um blog de um grupo virtual etc.
pode ser adquirido passivamente de fora para dentro.
É fundamental para o exercício da prática educa- social, o aprendizado formal, científico e sistemático,
cional o estudo das diferentes teorias do desenvolvi- próprios da prática escolar, também seriam aprendi-
mento, de forma que permita ao educador organizar dos de forma espontânea. O que não é verdade.
mediações pedagógicas adequadas ao processo de
aprendizagem de seus alunos. Vygotsky afirma que a aprendizagem escolar é pro-
duto da ação dos adultos que fazem a mediação no
As teorias do conhecimento de Vygotsky e Piaget processo de aprendizagem das crianças e do próprio
têm como princípio o homem como sujeito do seu co- convívio e colaboração entre elas.
nhecimento, que é construído na interação do aprendiz
com o objeto de aprendizagem e na relação com seu
Sendo assim, o êxito no processo de ensino-apren-
grupo sociocultural. Ambos reconhecem que quando
dizagem dependerá de ações pedagógicas que tenham
a criança chega à escola já percorreu um caminho de
como princípio a necessidade de mediação por parte
desenvolvimento e aprendizagem. A aprendizagem
do professor, o qual reconhece que, embora o aluno
escolar não se inicia no vazio.
construa conhecimentos fora do espaço escolar, a
Porém, nos últimos, muitos educadores cometeram escola é um espaço privilegiado para a construção e
equívocos ao supor que, assim como os educandos aprendizado de conceitos construídos historicamente
aprenderam conceitos espontâneos no seu convívio pela humanidade.
Exercício de Autoavaliação
28
1. Leia e observe a seguinte situação pedagógica:
Em uma sala de aula de nono ano de escolaridade do Ensino Fundamental, o regente surpreendeu os alunos
propondo que escrevessem, espontaneamente, uma carta a uma revista educativa, para a coluna carta do leitor,
sobre o tema tratado na aula, desenvolvimento sustentável, e recomendou que fizessem a atividade com capri-
cho e atenção.
Os alunos ficaram desorientados, pois ainda não haviam estudado sobre esse gênero textual. Suas produções
não corresponderam às expectativas do professor, que ficou decepcionado por se tratar de uma turma de nono
ano de escolaridade.
Diante dos aspectos abordados sobre mediação pedagógica adequada no ensino da linguagem escrita, por que
a atividade proposta não alcançou êxito?
UNIDADE VII 29
A posição da escola
O encaminhamento para o trabalho do ano seguinte, a fim de remediar a situação, foi a proposta de um projeto
de leitura que culminará com uma mostra de livros escritos pelos alunos.
Como você avalia o encaminhamento que a escola deu para tentar solucionar a situação de baixo desempenho
em que se encontra?
Atividades Complementares
1. Faça uma pesquisa, em diferentes fontes, livros, revistas, internet, sobre a vida e a obra de Machado de
Assis.
Discuta com sua turma como a leitura e a escrita contribuiu para a mudança radical da vida do escritor.
2. Assista ao filme “Escritores da liberdade”, que narra a história real de uma jovem professora, Erin Gruwell
(interpretada por Hilary Swank) que passa a trabalhar em uma escola de ensino médio, a fim de lecionar Língua
Inglesa e Literatura. A escola está inserida em um contexto de violência e tensão racial. Diante dos desafios
encontrados, Erin resolve adotar uma metodologia diferenciada com sua turma. A educadora entregou aos seus
alunos um caderno para que escrevessem, diariamente, aspectos sobre suas vidas. A professora indicou também
a leitura diferentes obras, entre elas o livro “o Diário de Anne Frank”, com o objetivo de que os alunos perce-
bessem a necessidade de tolerância mútua.
Ao decorrer do tempo, os alunos vão se engajando em suas próprias escrituras, contando suas histórias e ou-
vindo a dos outros, trocando experiências de vida.
A convivência entre eles passa a ser harmoniosa. Impedida de continuar com a turma pelo tempo que deseja,
Erin propõe aos alunos um projeto desafiador: a escritura de uma coletânea dos relatos narrados por eles sobre
suas vidas. O livro The Freedom Writer´s Diaries, foi publicado nos Estados Unidos em 1999.
Após assistir ao filme, estabeleça a relação entre a metodologia utilizada pela professora Erin e a proposta de
trabalho com projetos, abordada neste instrucional.
Informações Técnicas
Título no Brasil: Escritores da Liberdade
Título Original: Freedom Writers
País de Origem: Alemanha / EUA
Gênero: Drama
Classificação etária: Livre
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 2007
Site Oficial: http://www.freedomwriters.com
Estúdio/Distrib.: UIP
Direção: Richard LaGravenese
3. A partir do modelo de projeto abaixo, elabore um outro envolvendo diferentes áreas do conhecimento e
diferentes gêneros textuais. 31
Identificação da escola
Nome:
Endereço:
Número de alunos:
• Tema da proposta
A evolução das Mídias nos últimos 200 anos de História do Brasil e a sua apropriação pela sociedade.
• Objetivo geral
Conhecer a trajetória evolutiva das Mídias no Brasil.
• Objetivos específicos
- Identificar as mídias disponíveis no Brasil há duzentos anos.
- Conhecer as mudanças ocorridas, na comunicação de massa no Brasil, com a chegada da Família Real até
os dias atuais.
- Reconhecer a importância de acompanhar e se apropriar da evolução e surgimento de novas mídias de forma
crítica.
- Potencializar com os atores envolvidos no projeto o uso das diferentes mídias disponíveis na escola em que
atuo.
- Confeccionar material impresso e virtual contendo as informações obtidas na pesquisa.
• Abordagem pedagógica
O trabalho será interdisciplinar. Envolvendo profissionais de diferentes funções a fim de contar com a contri-
buição de seus saberes e conhecimentos.
Inicialmente, haverá um levantamento de quais informações prévias cada um já traz em sua bagagem cultural
sobre o tema do projeto. E de quais conhecimentos tecnológicos dispõe para serem compartilhados com os
demais, a fim de que haja participação e valorização de todos.
• Dinâmica da atividade
As coletas de dados da pesquisa acontecerão dentro e fora do espaço escolar na Sala de Leitura, no Labora-
tório de Informática e nas salas de aula das turmas envolvidas. Serão agendadas visitas a Museus Históricos e
ao Salão do Livro.
De posse das informações obtidas na pesquisa, o grupo envolvido se encarregará de planejar eventos para
divulgação dos dados, como exposições de imagens e réplicas de diferentes mídias disponíveis nestes dois
últimos séculos e o lançamento dos materiais impressos e virtuais obtidos na pesquisa.
1º momento:
Apresentar este projeto para os atores envolvidos e submetê-lo às mudanças sugeridas pelo grupo e redistri-
buir as tarefas de cada um dos envolvidos, caso haja indicação.
2º momento
Realizar troca de experiências com o uso das diferentes mídias, levantar informações e saberes trazidos pelos
participantes.
Período de realização
O Projeto será desenvolvido no primeiro bimestre do ano letivo de 2008, com a comemoração da chegada da
Família Real no Rio de Janeiro em 1808.
Leitura Complementar
Gênero Textual e Tipologia Textual: Colocações sob Dois Enfoques Teóricos
A diferença entre Gênero Textual e Tipologia Textual é, no meu entender, importante para direcionar o tra-
balho do professor de língua na leitura, compreensão e produção de textos1. O que pretendemos neste pequeno
ensaio é apresentar algumas considerações sobre Gênero Textual e Tipologia Textual, usando, para isso, as
considerações feitas por Marcuschi (2002) e Travaglia (2002), que fazem apontamentos questionáveis para o
termo Tipologias Textuais. No final, apresento minhas considerações a respeito de minha escolha pelo gênero
ou pela tipologia.
Convém afirmar que acredito que o trabalho com a leitura, compreensão e a produção escrita em Língua Ma-
terna deve ter como meta primordial o desenvolvimento no aluno de habilidades que façam com que ele tenha
capacidade de usar um número sempre maior de recursos da língua para produzir efeitos de sentido de forma
adequada a cada situação específica de interação humana.
1
Penso que quando o professor não opta pelo trabalho com o gênero ou com o tipo ele acaba não tendo uma maneira muito clara para
selecionar os textos com os quais trabalhará.
Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na escola a partir da abordagem do Gênero
Textual2 . Marcuschi não demonstra favorabilidade ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para 33
ele, o trabalho fica limitado, trazendo para o ensino alguns problemas, uma vez que não é possível, por exem-
plo, ensinar narrativa em geral, porque, embora possamos classificar vários textos como sendo narrativos, eles
se concretizam em formas diferentes – gêneros – que possuem diferenças específicas.
Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlândia/MG) defendem o trabalho com a Tipolo-
gia Textual. Para o autor, sendo os textos de diferentes tipos, eles se instauram devido à existência de diferentes
modos de interação ou interlocução. O trabalho com o texto e com os diferentes tipos de texto é fundamental
para o desenvolvimento da competência comunicativa. De acordo com as ideias do autor, cada tipo de texto é
apropriado para um tipo de interação específica. Deixar o aluno restrito a apenas alguns tipos de texto é fazer
com que ele só tenha recursos para atuar comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco
capaz, em outros. Certamente, o professor teria que fazer uma espécie de levantamento de quais tipos seriam
mais necessários para os alunos, para, a partir daí, iniciar o trabalho com esses tipos mais necessários.
Marcuschi afirma que os livros didáticos trazem, de maneira equivocada, o termo tipo de texto. Na verdade,
para ele, não se trata de tipo de texto, mas de gênero de texto. O autor diz que não é correto afirmar que a carta
pessoal, por exemplo, é um tipo de texto como fazem os livros. Ele atesta que a carta pessoal é um Gênero
Textual.
O autor diz que em todos os gêneros os tipos se realizam, ocorrendo, muitas das vezes, o mesmo gênero sen-
do realizado em dois ou mais tipos. Ele apresenta uma carta pessoal3 como exemplo, e comenta que ela pode
apresentar as tipologias descrição, injunção, exposição, narração e argumentação. Ele chama essa miscelânea
de tipos presentes em um gênero de heterogeneidade tipológica.
Travaglia (2002) fala em conjugação tipológica. Para ele, dificilmente são encontrados tipos puros. Real-
mente é raro um tipo puro. Num texto como a bula de remédio, por exemplo, que para Fávero & Koch (1987)
é um texto injuntivo, tem-se a presença de várias tipologias, como a descrição, a injunção e a predição4. Tra-
vaglia afirma que um texto se define como de um tipo por uma questão de dominância, em função do tipo de
interlocução que se pretende estabelecer e que se estabelece, e não em função do espaço ocupado por um tipo
na constituição desse texto.
Quando acontece o fenômeno de um texto ter aspecto de um gênero mas ter sido construído em outro, Mar-
cuschi dá o nome de intertextualidade intergêneros. Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu no
texto a configuração de uma estrutura intergêneros de natureza altamente híbrida, sendo que um gênero assume
a função de outro.
Travaglia não fala de intertextualidade intergêneros, mas fala de um intercâmbio de tipos. Explicando, ele
afirma que um tipo pode ser usado no lugar de outro tipo, criando determinados efeitos de sentido impossíveis,
na opinião do autor, com outro dado tipo. Para exemplificar, ele fala de descrições e comentários dissertativos
feitos por meio da narração.
Aspecto interessante a se observar é que Marcuschi afirma que os gêneros não são entidades naturais, mas
artefatos culturais construídos historicamente pelo ser humano. Um gênero, para ele, pode não ter uma deter-
minada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Para exemplificar, o autor fala, mais uma vez, da
carta pessoal. Mesmo que o autor da carta não tenha assinado o nome no final, ela continuará sendo carta, gra-
ças as suas propriedades necessárias e suficientes5. Ele diz, ainda, que uma publicidade pode ter o formato de
um poema ou de uma lista de produtos em oferta. O que importa é que esteja fazendo divulgação de produtos,
estimulando a compra por parte de clientes ou usuários daquele produto.
2
Outra discussão poderia ser feita se se optasse por tratar um pouco a diferença entre Gênero Textual e Gênero Discursivo.
3
Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser exclusivamente descritiva, ou dissertativa, ou injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa. Acho
meio difícil alguém conseguir escrever um texto, caracterizado como carta, apenas com descrições, ou apenas com injunções. Por outro
lado, meio que contrariando o que acabara de afirmar, ele diz desconhecer um gênero necessariamente descritivo.
4
Termo usado pelas autoras citadas para os textos que fazem previsão, como o boletim meteorológico e o horóscopo.
5
Necessárias para a carta, e suficientes para que o texto seja uma carta.
Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo que deve ser usado para designar uma espécie de sequência
34 teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as
categorias narração, argumentação, exposição, descrição e injunção (Swales, 1990; Adam, 1990; Bronckart,
1999). Segundo ele, o termo Tipologia Textual é usado para designar uma espécie de sequência teoricamente
definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
lógicas) (p. 22).
Gênero Textual é definido pelo autor como uma noção vaga para os textos materializados encontrados no
dia-a-dia e que apresentam características sociocomunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades funcio-
nais, estilo e composição característica.
Travaglia define Tipologia Textual como aquilo que pode instaurar um modo de interação, uma maneira de
interlocução, segundo perspectivas que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar ligadas
ao produtor do texto em relação ao objeto do dizer quanto ao fazer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto à in-
serção destes no tempo e/ou no espaço. Pode ser possível a perspectiva do produtor do texto dada pela imagem
que o mesmo faz do receptor como alguém que concorda ou não com o que ele diz. Surge, assim, o discurso
da transformação, quando o produtor vê o receptor como alguém que não concorda com ele. Se o produtor vir
o receptor como alguém que concorda com ele, surge o discurso da cumplicidade. Tem-se ainda, na opinião
de Travaglia, uma perspectiva em que o produtor do texto faz uma antecipação no dizer. Da mesma forma,
é possível encontrar a perspectiva dada pela atitude comunicativa de comprometimento ou não. Resumindo,
cada uma das perspectivas apresentadas pelo autor gerará um tipo de texto. Assim, a primeira perspectiva faz
surgir os tipos descrição, dissertação, injunção e narração. A segunda perspectiva faz com que surja o tipo
argumentativo6 e não argumentativo stricto sensu. A perspectiva da antecipação faz surgir o tipo preditivo.
A do comprometimento dá origem a textos do mundo comentado (comprometimento) e do mundo narrado
(não comprometimento) (Weirinch, 1968). Os textos do mundo narrado seriam enquadrados, de maneira
geral, no tipo narração. Já os do mundo comentado ficariam no tipo dissertação.
Travaglia diz que o Gênero Textual se caracteriza por exercer uma função social específica. Para ele, estas
funções sociais são pressentidas e vivenciadas pelos usuários. Isso equivale dizer que, intuitivamente, sabemos
que gênero usar em momentos específicos de interação, de acordo com a função social dele. Quando vamos
escrever um e-mail, sabemos que ele pode apresentar características que farão com que ele “funcione” de ma-
neira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo não é o mesmo que escrever um e-mail para uma
universidade, pedindo informações sobre um concurso público, por exemplo.
Observamos que Travaglia dá ao gênero uma função social. Parece que ele diferencia Tipologia Textual de
Gênero Textual a partir dessa “qualidade” que o gênero possui. Mas todo texto, independente de seu gênero
ou tipo, não exerce uma função social qualquer?
Marcuschi apresenta alguns exemplos de gêneros, mas não ressalta sua função social. Os exemplos que ele
traz são telefonema, sermão, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio etc.
Já Travaglia, não só traz alguns exemplos de gêneros como mostra o que, em sua opinião, seria a função
social básica comum a cada um: aviso, comunicado, edital, informação, informe, citação (todos com a função
social de dar conhecimento de algo a alguém). Certamente a carta e o e-mail entrariam nessa lista, levando em
consideração que o aviso pode ser dado sob a forma de uma carta, e-mail ou ofício. Ele continua exemplifi-
cando apresentando a petição, o memorial, o requerimento, o abaixo-assinado (com a função social de pedir,
solicitar). Continuo colocando a carta, o e-mail e o ofício aqui. Nota promissória, termo de compromisso e voto
são exemplos com a função de prometer. Para mim o voto não teria essa função de prometer. Mas a função de
confirmar a promessa de dar o voto a alguém.
Quando alguém vota, não promete nada, confirma a promessa de votar que pode ter sido feita a um candida-
to.
Ele apresenta outros exemplos, mas por questão de espaço não colocarei todos. É bom notar que os exemplos
dados por ele, mesmo os que não foram mostrados aqui, apresentam função social formal, rígida. Ele não apre-
senta exemplos de gêneros que tenham uma função social menos rígida, como o bilhete.
6
Segundo Travaglia (1991), texto argumentativo stricto sensu é o que faz argumentação explícita.
Uma discussão vista em Travaglia e não encontrada em Marcuschi7 é a de Espécie. Para ele, Espécie se
define e se caracteriza por aspectos formais de estrutura e de superfície linguística e/ou aspectos de conteúdo. 35
Ele exemplifica Espécie dizendo que existem duas pertencentes ao tipo narrativo: a história e a não-história.
Ainda do tipo narrativo, ele apresenta as Espécies narrativa em prosa e narrativa em verso. No tipo descritivo
ele mostra as Espécies distintas objetiva x subjetiva, estática x dinâmica e comentadora x narradora. Mudando
para gênero, ele apresenta a correspondência com as Espécies carta, telegrama, bilhete, ofício etc. No gêne-
ro romance, ele mostra as Espécies romance histórico, regionalista, fantástico, de ficção científica, policial,
erótico etc. Não sei até que ponto a Espécie daria conta de todos os Gêneros Textuais existentes. Será que é
possível especificar todas elas? Talvez seja difícil até mesmo porque não é fácil dizer quantos e quais são os
gêneros textuais existentes.
Se em Travaglia nota-se uma discussão teórica não percebida em Marcuschi, o oposto também acontece. Este
autor discute o conceito de Domínio Discursivo. Ele diz que os domínios discursivos são as grandes esferas
da atividade humana em que os textos circulam (p. 24). Segundo informa, esses domínios não seriam nem tex-
tos nem discursos, mas dariam origem a discursos muito específicos. Constituiriam práticas discursivas dentro
das quais seria possível a identificação de um conjunto de gêneros que às vezes lhes são próprios como práticas
ou rotinas comunicativas institucionalizadas. Como exemplo, ele fala do discurso jornalístico, discurso jurídi-
co e discurso religioso. Cada uma dessas atividades, jornalística, jurídica e religiosa, não abrange gêneros em
particular, mas origina vários deles.
Travaglia até fala do discurso jurídico e religioso, mas não como Marcuschi. Ele cita esses discursos quando
discute o que é para ele tipologia de discurso. Assim, ele fala dos discursos citados mostrando que as tipologias
de discurso usarão critérios ligados às condições de produção dos discursos e às diversas formações discur-
sivas em que podem estar inseridos (Koch & Fávero, 1987: 3). Citando Koch & Fávero, o autor fala que
uma tipologia de discurso usaria critérios ligados à referência (institucional (discurso político, religioso, jurí-
dico), ideológica (discurso petista, de direita, de esquerda, cristão etc.), a domínios de saber (discurso médico,
linguístico, filosófico etc.), à inter-relação entre elementos da exterioridade (discurso autoritário, polêmico,
lúdico)). Marcuschi não faz alusão a uma tipologia do discurso.
Semelhante opinião entre os dois autores citados é notada quando falam que texto e discurso não devem ser
encarados como iguais. Marcuschi considera o texto como uma entidade concreta realizada materialmente e
corporificada em algum Gênero Textual [grifo meu] (p. 24). Discurso para ele é aquilo que um texto produz
ao se manifestar em alguma instância discursiva. O discurso se realiza nos textos (p. 24). Travaglia considera
o discurso como a própria atividade comunicativa, a própria atividade produtora de sentidos para a interação
comunicativa, regulada por uma exterioridade sócio-histórica-ideológica (p. 03). Texto é o resultado dessa
atividade comunicativa. O texto, para ele, é visto como
uma unidade linguística concreta que é tomada pelos usuários da língua em uma situação de interação comunicativa
específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida,
independentemente de sua extensão (p. 03).
Travaglia afirma que distingue texto de discurso levando em conta que sua preocupação é com a tipologia de
textos, e não de discursos. Marcuschi afirma que a definição que traz de texto e discurso é muito mais opera-
cional do que formal.
Travaglia faz uma “tipologização” dos termos Gênero Textual, Tipologia Textual e Espécie. Ele chama
esses elementos de Tipelementos. Justifica a escolha pelo termo por considerar que os elementos tipológicos
(Gênero Textual, Tipologia Textual e Espécie) são básicos na construção das tipologias e talvez dos textos,
numa espécie de analogia com os elementos químicos que compõem as substâncias encontradas na natureza.
Para concluir, acredito que vale a pena considerar que as discussões feitas por Marcuschi, em defesa da abor-
dagem textual a partir dos Gêneros Textuais, estão diretamente ligadas ao ensino. Ele afirma que o trabalho
com o gênero é uma grande oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos no
dia-a-dia. Cita o PCN, dizendo que ele apresenta a ideia básica de que um maior conhecimento do funciona-
mento dos Gêneros Textuais é importante para a produção e para a compreensão de textos. Travaglia não faz
abordagens específicas ligadas à questão do ensino no seu tratamento à Tipologia Textual.
7
Pelo menos nos textos aos quais tive acesso.
O que Travaglia mostra é uma extrema preferência pelo uso da Tipologia Textual, independente de estar
36 ligada ao ensino. Sua abordagem parece ser mais taxionômica. Ele chega a afirmar que são os tipos que entram
na composição da grande maioria dos textos. Para ele, a questão dos elementos tipológicos e suas implicações
com o ensino/aprendizagem merece maiores discussões.
Marcuschi diz que não acredita na existência de Gêneros Textuais ideais para o ensino de língua. Ele afirma
que é possível a identificação de gêneros com dificuldades progressivas, do nível menos formal ao mais formal,
do mais privado ao mais público e assim por diante. Os gêneros devem passar por um processo de progressão,
conforme sugerem Schneuwly & Dolz (2004).
Travaglia, como afirmei, não faz considerações sobre o trabalho com a Tipologia Textual e o ensino. Acredi-
to que um trabalho com a tipologia teria que, no mínimo, levar em conta a questão de com quais tipos de texto
deve-se trabalhar na escola, a quais será dada maior atenção e com quais será feito um trabalho mais detido.
Acho que a escolha pelo tipo, caso seja considerada a ideia de Travaglia, deve levar em conta uma série de
fatores, porém dois são mais pertinentes:
a) O trabalho com os tipos deveria preparar o aluno para a composição de quaisquer outros textos (não sei ao
certo se isso é possível. Pode ser que o trabalho apenas com o tipo narrativo não dê ao aluno o preparo ideal
para lidar com o tipo dissertativo, e vice-versa. Um aluno que para de estudar na 5ª série e não volta mais à
escola teria convivido muito mais com o tipo narrativo, sendo esse o mais trabalhado nessa série. Será que ele
estaria preparado para produzir, quando necessário, outros tipos textuais? Ao lidar somente com o tipo narrati-
vo, por exemplo, o aluno, de certa forma, não deixa de trabalhar com os outros tipos?);
b) A utilização prática que o aluno fará de cada tipo em sua vida.
Acho que vale a pena dizer que sou favorável ao trabalho com o Gênero Textual na escola, embora saiba que
todo gênero realiza necessariamente uma ou mais sequências tipológicas e que todos os tipos inserem-se em
algum gênero textual.
Até recentemente, o ensino de produção de textos (ou de redação) era feito como um procedimento único e
global, como se todos os tipos de texto fossem iguais e não apresentassem determinadas dificuldades e, por
isso, não exigissem aprendizagens específicas. A fórmula de ensino de redação, ainda hoje muito praticada nas
escolas brasileiras – que consiste fundamentalmente na trilogia narração, descrição e dissertação – tem por base
uma concepção voltada essencialmente para duas finalidades: a formação de escritores literários (caso o aluno
se aprimore nas duas primeiras modalidades textuais) ou a formação de cientistas (caso da terceira modalidade)
(Antunes, 2004). Além disso, essa concepção guarda em si uma visão equivocada de que narrar e descrever
seriam ações mais “fáceis” do que dissertar, ou mais adequadas à faixa etária, razão pela qual esta última tenha
sido reservada às séries terminais – tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.
O ensino-aprendizagem de leitura, compreensão e produção de texto pela perspectiva dos gêneros reposiciona
o verdadeiro papel do professor de Língua Materna hoje, não mais visto aqui como um especialista em textos
literários ou científicos, distantes da realidade e da prática textual do aluno, mas como um especialista nas
diferentes modalidades textuais, orais e escritas, de uso social. Assim, o espaço da sala de aula é transformado
numa verdadeira oficina de textos de ação social, o que é viabilizado e concretizado pela adoção de algumas
estratégias, como enviar uma carta para um aluno de outra classe, fazer um cartão e ofertar a alguém, enviar
uma carta de solicitação a um secretário da prefeitura, realizar uma entrevista, etc. Essas atividades, além de di-
versificar e concretizar os leitores das produções (que agora deixam de ser apenas “leitores visuais”), permitem
também a participação direta de todos os alunos e eventualmente de pessoas que fazem parte de suas relações
familiares e sociais. A avaliação dessas produções abandona os critérios quase que exclusivamente literários
ou gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: o bom texto não é aquele que apresenta, ou só apresenta,
características literárias, mas aquele que é adequado à situação comunicacional para a qual foi produzido, ou
seja, se a escolha do gênero, se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o nível de língua estão adequados ao interlo-
cutor e podem cumprir a finalidade do texto.
Acredito que abordando os gêneros a escola estaria dando ao aluno a oportunidade de se apropriar devida-
mente de diferentes Gêneros Textuais socialmente utilizados, sabendo movimentar-se no dia-a-dia da in-
teração humana, percebendo que o exercício da linguagem será o lugar da sua constituição como sujeito. A
atividade com a língua, assim, favoreceria o exercício da interação humana, da participação social dentro de
uma sociedade letrada.
Se você:
1) concluiu o estudo deste guia;
2) participou dos encontros;
3) fez contato com seu tutor;
4) realizou as atividades previstas;
Então, você está preparado para as
avaliações.
Parabéns!
Glossário
38
Epilinguística: Reflexão voltada para o uso, no próprio interior da atividade linguística que se realiza.
Linguagem: Uso da palavra articulada ou escrita como meio de expressão e comunicação entre pessoas.
Metalinguagem: A linguagem utilizada para descrever outra linguagem ou qualquer sistema de significação:
todo discurso acerca de uma língua, como as definições dos dicionários e das gramáticas.
Texto: Ocorrência linguística, oral ou escrita de qualquer extensão, de caráter comunicativo e que possui, so-
bretudo, uma unidade comunicativa e semântica.
Textualidade: Conjunto de elementos que fazem com que uma sequência linguística seja um texto e não um
amontoado de frases.
Gabarito
39
Unidade I
A escola, diante da fala apresentada pelos alunos, não pode assumir de forma alguma um comportamento
preconceituoso, e sim aceitar a variação linguística como um fato linguístico. Cabe aos professores mostrarem
aos seus alunos que há no nosso país diferentes dialetos.
No entanto, é função da escola mostrar aos alunos que a sociedade atribui valores diferentes aos diferentes
modos de falar e que é fundamental para o exercício da cidadania que o aluno seja um poliglota da sua própria
língua, isto é, usar a linguagem oral adequadamente em diversas situações comunicativas.
Unidade II
O relato de experiências favorece o uso adequado da linguagem oral, pois desenvolve a expressão e simulta-
neamente a fala e a escuta dos alunos.
É função da escola oportunizar aos alunos situações em que seja garantido o direito à voz e à vez, condição
básica para o exercício da cidadania.
Unidade III
A situação de ensino aprendizagem proposta pela Coordenadora Pedagógica foi adequada, pois mobiliza os
alunos para o aprendizado da escrita de correspondências de uma forma contextualizada e, após, a mediação da
professora, ensinando as características principais desse gênero textual.
Unidade IV
O professores devem ser orientados a propor que os alunos façam sempre um rascunho do texto, o qual sofre-
rá alterações de conteúdo e forma sempre que necessário.
Os alunos deverão aprender também a focar a atenção em cada aspecto da produção de texto por etapas, pois
não é possível tratar todas ao mesmo tempo.
Unidade V
A aprendizagem da ortografia não é um processo passivo, trata-se de uma construção individual, para qual se
exige uma mediação pedagógica adequada que não se resume na repetição verbal de regras ortográficas.
Recomenda-se que o ensino da ortografia esteja sempre contextualizado e que aconteça em situações que
desenvolvam nos alunos atitudes críticas em relação às suas próprias escritas.
Unidade VI
A linguagem escrita é uma criação cultural que deve ser ensinada, não se aprende de forma espontânea.
É função da escola ensinar os alunos a escrever diferentes textos de acordo com a situação exigida.
A ilustração mostra que a turma foi surpreendida com uma atividade de produção do referido texto que não
foi devidamente ensinada. A decepção do professor se deu pelo fato de supor que os alunos, ao chegar ao nono
ano de escolaridade, já deveriam dominar as técnicas necessárias para produzir esse gênero textual mesmo que
não tenha sido ensinado, o que é um equívoco.
Unidade VII
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, os projetos são excelentes situações para que os alunos
escrevam textos de forma contextualizada, principalmente quando o trabalho resulta em diferentes produtos.
A característica básica de um projeto é que ele capaz de envolver toda uma comunidade escolar no alcance de
um objetivo comum, o que contribui para o êxito no processo de ensino-aprendizagem.
Referências Bibliográficas
40
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