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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO.

FACULDADE DE LETRAS

PROJETO DE ENSINO DO GÊNERO CONTO

BELÉM

2019

EMANUELLE RODRIGUES
JORGE LUIS NUNES

ROSEMEIRI TEIXEIRA LIMA

MARLLA CRUZ

Trabalho apresentado para a disciplina de


Oficina de Didatização de Gêneros Textuais, ao
quinto semestre do curso de Letras – Língua
Portuguesa, da Universidade Federal do Pará.

Docente: Prof.ª Nora Almeida

BELÉM

2019

1. Introdução

O presente trabalho é um Projeto de Ensino, produzido como atividade


da disciplina Oficina de Didatização de Gêneros Textuais, do curso de
licenciatura em Letras, Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pará.
Trata-se de um Projeto de Ensino de produção textual do gênero conto. Foi
pensado para alunos do nono ano do ensino fundamental, composto por uma
carga horária de 12 horas/aula divididas em seis encontros. Constituiu-se
como projeto de ensino, pois se apóia no modelo de ensino por Sequência
Didática proposto por Dolz, Noverraz&Schneuwly (2004), os quais propõem
suprir necessidades de aprendizagem diagnosticadas inicialmente,
apresentando uma proposta de produção textual de um gênero específico.
Sendo assim, capaz de proporcionar aos alunos novas experiências nas aulas
de Língua Portuguesa e de contribuir para a formação de sujeitos letrados.

2. Justificativa

O trabalho de estímulo à leitura e à escrita é essencial no contexto da


educação básica. Visando concretizar esta prática optamos por trabalhar o
gênero conto para com alunos do 9º ano do ensino fundamental. A escolha do
gênero deve-se ao fato deste ser capaz de despertar fácil interesse nos
estudantes presentes no 9º ano, os quais se atraem facilmente por histórias
infanto-juvenis, seja nos filmes, desenhos ou pela narrativa, contudo muitos
não possuírem a prática da escrita de narrativas.

Na metodologia de ensino proposta por DOLZ et al. (2004) adota-se o


conceito de gênero proposto por Bakhtin (2005, p.279); segundo o qual os
gêneros do discurso são “tipos relativamente estáveis de enunciados”
elaborados pelas variadas esferas de utilização da língua. Isso significa que
cada gênero possui um plano composicional, um estilo e um conteúdo
temáticos específicos, conforme se alterem as esferas de interação pela
linguagem.

Neste projeto, o gênero a ser trabalhado é o “conto”. Segundo os


agrupamentos de gêneros propostos por DOLZ et al. (2004), ele pertence ao
domínio do narrar, que abrange gêneros pertencentes a cultura literária
ficcional. A respeito deste gênero, Achcar (1993) afirma:

O conto é uma narrativa curta, que em geral envolve poucas personagens e é


centrada em um ou poucos acontecimentos. É, portanto, diferente nesses
pontos, do romance, que é uma narrativa longa, pode envolver muitas
personagens e se desenvolve através de vários acontecimentos. [...] No conto,
o horizonte é mais limitado, a história é necessariamente mais curta e os
elementos em jogo são menos numerosos. (ACHCAR, 1993, p. IX).

Além disso, o conto é ainda um texto em prosa e necessariamente


ficcional. Também é valido trazer o conceito de Soares (2007, p. 54), que
apresenta sobre a característica definidora do gênero conto: “Ao invés de
representar o desenvolvimento das personagens, visando a abarcar toda a
totalidade, o conto aparece como uma amostragem, como uma flagrante ou
instantâneo, pelo que vemos registrado literariamente um episódio singular e
representativo.”O conto é também um gênero que pode apresentar marcas de
oralidade, pois é comumente contado pela narrativa oral, pode prender-se
facilmente ao imaginário ou à memória coletiva.

Levando em conta as orientações curriculares que reforçam que a


linguagem se materializa em práticas sociais*, tanto os Parâmetros
Curriculares Nacionais (1997) quanto a Base Nacional Comum Curricular
(2018) consideram a função social dos textos, enfatizando que os alunos
trabalhem com textos vivos e não apenas com aqueles criados unicamente
para trabalho escolar. Ademais, a BNCC ampliou as práticas de leitura nos
ambientes digitais, sem deixar de lado outros gêneros “clássicos” como as
notícias, crônicas, os contos dentre outros. Os PCN, por sua vez, afirmam que
os contos estão entre os gêneros discursos adequados para a realização de
trabalhos com a linguagem, tanto na oralidade como na escrita, pois no
processo de produção textual é necessário leitura e escrita de uma variedade
de textos para que o aluno seja capaz de elaborar um texto coerente e criativo.

Portanto, por meio da escolha do gênero e dos referenciais teóricos


busca-se aplicar uma metodologia prática alinhada às concepções de ensino
de língua e gênero aceito atualmente. Propondo assim, um ensino
contextualizado à realidade do aluno e focado no uso de suas produções,
abandonando a concepção de redação (na qual se produz textos “para a
escola”) e acolhendo a de produção de textos (na qual se produz textos “na
escola”), de acordo com o que é discutido por Geraldi (2011). Tais concepções
são de grande valia para os professores de Língua Portuguesa em formação e
que buscam situar-se nas concepções de ensino aceitas atualmente.

3. Objetivos

3.1 Objetivo geral

Possibilitar aos alunos o processo de aprendizagem do gênero conto e


estimular o interesse pela criação textual

3.2 Objetivos específicos

 Sondar o conhecimento prévio dos alunos acerca do gênero


conto. Avaliar também o nível de leitura, escrita e demais pontos
positivos ou negativos.

 Fazer com que os alunos conheçam o gênero conto, e seus


principais tipos, buscando desenvolver neles a criatividade, o
imaginário, bem como a habilidade de reflexão perante a leitura,
bem como conhecer a estrutura do texto narrativo.

 Proporcionar aos alunos o conhecimento acerca dos elementos


da narrativa, relacionando as características próprias do gênero
conto.

 Conduzir os alunos a utilizar corretamente o discurso direto e


indireto num texto narrativo.

 Aplicar as pontuações necessárias para a construção de um texto


do gênero conto.

 Levar os alunos à produção de um conto.

 Obter um feedback dos alunos, com opiniões, dificuldades e


avanços, perante ao processo de produção textual. E avaliar a
sequência de ensino e seus resultados.
4. Procedimento/ Metodologia

O projeto de ensino com base no gênero conto se dará por meio de uma
sequência didática com duração de 07 encontros, obtendo uma carga horária
total de 14horas/ aulas. Será ministrado em uma turma do 9º ano. Cada
“encontro” terá um total de 02 horas/aula. Mediante a execução de uma
primeira atividade, chamada por Dolz, Noverraz &Schneuwly (2004) de
avaliação diagnóstica. Por meio desta, serão detectados os pontos que
necessitam de maior atenção por partes dos professores, compondo assim, os
passos da sequencia didática.

No primeiro encontro faremos a sensibilização, apresentação da


proposta e por fim, avaliação diagnóstica. Primeiramente esclareceremos a
importância da leitura e do exercício da escrita para o jovem na vida em
sociedade, como forma de promover a sensibilização para a proposta de
ensino. Após isso, apresentaremos a proposta da SD sobre produção do
gênero conto a ser trabalhada nos próximos encontros. Os alunos serão
informados de que hão de produzir um conto e que suas produções serão
publicadas em um livro a ser lançado na feira da cultura da instituição, e
posteriormente permanecerá na biblioteca escolar para consulta de todos.
Então será feita uma sondagem com os alunos para detectar possíveis
conhecimentos acerca do gênero escolhido. Perante isso, faremos breve
exposição introdutória sobre o gênero conto, e as principais ramificações desse
gênero. Destacaremos também a relevância do mesmo, seu papel e suportes
onde aparecem socialmente. Por fim, aplicaremos a avaliação diagnóstica. Sob
nossa orientação, os estudantes elaborarão um conto com a temática “Festa
Natalina”. Para facilitar essa tarefa distribuiremos aos alunos cópias do conto
“Uma Noite de Natal” de Fabian Diniz, os quais lerão previamente, e em
sequência produzirão os seus contos. Nosso intuito é avaliarmos suas
habilidades de produção textual, demais conhecimentos prévios individuais,
bem como as necessidades de aprendizagem.

No segundo encontro devolveremos os contos produzidos no primeiro


aos discentes para que estes possam ver seus textos corrigidos e com as
devidas observações individuais. Prosseguiremos trabalhando as leituras de
contos e a estrutura da narrativa. Nós levaremos para a classe diversos contos
de diferentes tipos: fantástico, de terror, de fadas, de suspense – a serem
distribuídos aos alunos para fazerem leituras em grupo. Serão formados 5
grupos com 6 alunos cada.

Em sequência iremos propor que cada grupo possa comentar aos


demais sobre a história lida, feita através da leitura coletiva em grupos e
também serão instigados a comentar sobre as diferenças e semelhanças entre
os contos.

Contos a serem levados para a sala de aula:

 “A Cartomante”, de Machado de Assis

 “Apelo”, de Dalton Trevisan.

 “Os Três Coroados”, de Sílvio Romero.

 “O Buquê", de Lauren Myracle

 “O Gato Preto”, de Edgar Allan Poe

Após a leitura dos contos, nós ministraremos o conteúdo sobre a


estrutura da narrativa – Apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho -
contextualizando com o gênero conto. Por fim, pediremos aos alunos para
relacionar os contos lidos aos conceitos apresentados.

O terceiro encontro terá como tema os elementos da narrativa.


Traremos o conto “O barba de ouro”, de Aluísio de Almeida, e faremos uma
leitura coletiva com os alunos. Após a leitura, procura-se instigar os alunos a
relacionar os contos com outras criações contemporâneas como filmes, séries,
novelas, entre outros. Em seguida, ministraremos o conteúdo acerca dos
elementos da narrativa: enredo, narrador e seus tipos, espaço, tempo e
personagem. Ao final, será proposta a atividade de criação de uma história
coletiva, onde um aluno começará a história e em seguida o outro terá que
continuar sem perder o enredo.
No quarto encontro ministraremos conteúdo sobre pontuação: ponto,
travessão e vírgula, a fim de que os alunos saibam escrever textos corretos
gramaticalmente. Onde possam reconhecer suas respectivas funções,
claramente distintas, na redação dos diálogos. Ao passo de aprenderem a
utilização correta desses pontos, justamente por serem de grande importância
para qualquer tipo de texto, assim como aprender o uso do travessão, pois ele
é um aspecto importante para o gênero conto. Utilizaremos exemplos tirados
dos textos entregues pelos alunos na primeira aula como forma de mostrar os
erros mais recorrentes entre eles. Após essas demonstrações, será usado o
conto “Pontos de Vistas” de João Anzanello para enfatizar o uso correto das
pontuações. Em seguida uma atividade será feita em que os alunos terão de
criar frases utilizando cada um dos sinais ensinados em sala.

O quinto encontro terá como assunto “discurso direto e indireto”.


Faremos com a turma a leitura do conto “Amélia”, de Eduardo Bandeira, e de
uma HQ (O Incrível Hulk), mostrados em apresentação de slides. Feita a
leitura, usaremos o quadrinho e trechos do conto para demonstrar os conceitos
dos tipos de discurso. O mesmo será feito também através de recortes dos
textos de produção inicial dos alunos. E ao final da aula indicaremos uma
atividade onde serão apresentadas frases no discurso direto para serem
passadas para o discurso indireto, utilizando as pontuações necessárias.

No sexto encontro, concretizaremos a sequência didática por meio da


atividade de produção textual de um conto. Os alunos terão a opção de
reescrever o texto produzido na primeira aula ou iniciar a produção de um
novo. Estes deverão estar com o rascunho do texto da primeira aula em mãos.
Deve-se propor previamente a aula que os alunos pensassem em como viria a
ser a história que cada qual produzirá em sala. comunicaremos a importância
da aplicação dos conhecimentos ministrados nas aulas anteriores no processo
de avaliação desta atividade, pois as competências ministradas serão os
critérios avaliativos da produção, constituindo assim uma avaliação somativa.

No sétimo encontro, traremos para a aula as produções finais dos alunos


para que possam ler e se auto-avaliarem. Proporemos a cada aluno para falar
um pouco sobre o enredo de seu conto e que alguns destes façam a leitura de
sua produção para a turma. Questionaremos os alunos sobre o que acharam
das últimas aulas e da experiência de escrever um conto, destacando pontos
positivos, negativos, suas dificuldades e aprendizados, como forma de receber
um feedback da turma. Por fim, instruiremos os alunos para a exposição das
produções no evento feira cultural onde haverá um estande organizado pela
turma.

Após aos encontros em sala, os professores organizarão um livro próprio


da escola, composto somente pelos contos dos alunos. Esse livro será exibido
na feira da cultura da instituição, tendo os seus três melhores contos em
destaque, votados pela própria sala e posteriormente, a obra ficará na
biblioteca na qual poderá ser lida por todos.

5. Recursos

Recursos humanos:

 Professores, alunos.

Recursos materiais:

 Fotocópias dos textos de contos;


 folhas de papel
 projetor
 notebook
 quadro branco
 pilotos.

6. Conclusão/ Considerações Finais

A proposta deste trabalho através da sequência didática mostrou a


importância dos novos métodos eficazes a serem adotados para a educação
básica. A sua produção exigiu um desenvolvimento de pesquisa e coleta de
material sobre o gênero textual conto, no qual foi o tema escolhido pelo grupo
para ser trabalhado nas oficinas, confirmando assim que, no processo de
ensino-aprendizagem, professor e aluno aprendem cada qual conforme a
oportunidade e a situação.

O plano dessa sequência didática sobre o gênero conto consistiu em


oferecer oportunidades de leituras variadas aos alunos, fomentando as
habilidades de compreensão e interpretação de textos, dando ênfase no que
diz a BNCC e o PCN a respeito das competências e habilidades na construção
de um texto, a fim de prepará-los para a produção textual; também objetivou
trazer-lhes novos conhecimentos, sejam linguísticos, enciclopédicos ou
literários para que possam ter um amplo repertório de conhecimentos que
favoreça a capacidade de produção textual e escrita criativa, esta que se faz
tão presente no dia-a-dia de cada aluno.

Adotando a concepção de ensino que valoriza os conhecimentos


possuídos pelo aluno, trazidos de sua vivência social e escolar, busca-se
favorecer o encontro professor-aluno por meio duma intervenção que vá de
encontro a sanar as dificuldades apresentadas, que agregados aos
conhecimentos prévios, são base duma aprendizagem estimulante. Essencial
para a formação do sujeito leitor-escritor, aluno letrado, que seja capacitado
para as exigências da sociedade.
7. Anexos

Plano de Aula 1

Instituição: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver


Professores: Emanuelle Estumano, Jorge Luis da Paixão, Marlla Cruz e
Rosemeiri Lima
Ano:9º ano do ensino fundamental
Turma: 901
Período:Vespertino
Disciplina: Língua Portuguesa
Data: 2/12/2019
Carga horária: 2h/a
I. Tema: - Sensibilização, apresentação da proposta e avaliação diagnóstica
II. Objetivos:
Sondar o conhecimento prévio dos alunos acerca do gênero conto.
Estimular os discentes a produzir seus textos.
Avaliar também o nível de leitura, escrita e demais pontos
positivos ou negativos.
III. Conteúdo: Introdução ao gênero conto
.
IV. Procedimento metodológico:
Neste encontro, primeiramente iremos esclarecer para os alunos a
respeito da importância da leitura e do exercício da escrita para o jovem na
vida em sociedade, como forma de promover sensibilização.
Em seguida, apresentaremos a proposta da SD sobre produções do
gênero conto a ser trabalhado nos próximos encontros.
A partir de então, faremos uma sondagem com os alunos para detectar
possíveis conhecimentos acerca do gênero proposto. Em seguida,
realizaremos uma breve exposição sobre o gênero conto, e as principais
ramificações desse gênero, enfatizando sua relevância, seu papel e suportes
no qual aparecem socialmente.
Para finalizar, será sugerida por nós a produção de um conto escrito
pelos docentes com a temática “Festa Natalina”. Para facilitar essa tarefa
distribuiremos aos alunos cópias do conto “Uma Noite de Natal” de Fabian
Diniz, os quais lerão previamente, e em sequência produzirão os seus contos.
V. Recursos didáticos: Quadro, piloto, notebook, e textos fotocopiados dos
contos

VI. Avaliação: Avaliação diagnóstica.


- Atividades: Produção de conto com o tema “uma noite natalina”.
- Critérios a serem observados na atividade:
 Observar se há conhecimentos prévios individuais sobre o gênero conto.
 Avaliação da escrita e habilidades de produção textual.

VII. Bibliografia:
ATAIDE, Vicente. A narrativa de ficção. 2. ed. rev. São Paulo:
McGraw-Hill do Brasil, 1973. p. 13.
ACHCAR, Francisco. Machado de Assis: Contos. [S.l]: CERED, 1993. 158 p.
BRASIL. Ministério de Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais. 1º e 2º ciclos: Língua Portuguesa.
Brasília: MEC/SEF, 1997.
FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto de; MARUXO
JÚNIOR, José Hamilton. Língua Portuguesa: linguagem e interação. São
Paulo: Ática, 2010. p. 376.
DINIZ, Fabian. Uma noite de natal. Recanto das Letras, 2007.
Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/contos-de-
natal/733779>. Acesso em: 24 nov. 2019.
Plano de aula 2

Instituição: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver


Professores: Emanuelle Estumano, Jorge Luis da Paixão, Marlla Cruz e
Rosemeiri Lima
Ano:9º ano do ensino fundamental
Turma: 901
Período:Vespertino
Disciplina: Língua Portuguesa
Data: 4/12/2019
Carga horária: 2h/a
I. Tema: - Estrutura da narrativa
II. Objetivos:
Fazer com que os alunos conheçam o gênero conto, e seus principais tipos e
a estrutura do texto narrativo, buscando desenvolver neles a criatividade, o
imaginário, bem como a habilidade de reflexão perante a leitura.
III. Conteúdo: Os tipos de contos; Estrutura da narrativa
.
IV. Procedimento metodológico:
Devolveremos os contos produzidos no primeiro encontro aos discentes
para que estes possam ver seus textos corrigidos e com as devidas
observações individuais.
Prosseguiremos trabalhando as leituras de contos e a estrutura da
narrativa. Para isso, levaremos para a classe diversos contos de diferentes
tipos: fantástico, de terror, de fadas, de suspense – a serem distribuídos aos
alunos para fazerem leitura em grupo. Serão formados 5 grupos com 6 alunos
cada. Sendo os contos “A Cartomante” (de Machado de Assis), “Apelo” (Dalton
Trevisan), “O buquê” (de Lauren Myracle), “Os Três Coroados” (Sílvio
Romero), e “O Gato Preto” (Edgar Allan Poe).
Em seguida iremos propor que cada grupo possa comentar aos demais
sobre a história lida. Também serão instigados a comentar sobre as diferenças
e semelhanças entre os contos.
Após a leitura dos contos, ministraremos o conteúdo sobre a estrutura
da narrativa, contextualizando para com o gênero conto. Por fim, pediremos
aos alunos para relacionar os contos lidos aos conceitos apresentados.
V. Recursos didáticos: Quadro, piloto, notebook, e textos fotocopiados dos
contos

VI. Avaliação:
- Atividades: Em grupo, leitura e socialização de um conto ficcional.
- Critérios a serem observados na atividade:
 Observar se há compreensão prévia dos alunos a respeito da estruturação da
narrativa do conto por meio da socialização do conto.
 Questionados sobre comparação entre os contos, verificar se houve
aprendizado dos conceitos-chave a respeito da estrutura da narrativa.
VII. Bibliografia:
ATAIDE, Vicente.A narrativa de ficção. 2. ed. rev. São Paulo: McGraw-
Hill do Brasil, 1973. p. 13.
ACHCAR, Francisco. Machado de Assis: Contos. [S.l]: CERED, 1993. 158 p.
ASSIS, Machado de. Várias Histórias. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000256.pdf>. Acesso em:
18 nov. 2019.
POE, Edgar Allan. O Gato Preto. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/soft-
livre-edu/vaniacarraro/files/2013/04/o_gato_preto-allan_poe.pdf>. Acesso em:
24 nov. 2019.
Plano de Aula 3

Instituição:Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver

Professores: Emanuelle Rodrigues; Jorge Luis da Paixão;Marlla Cruz; Rosemeiri Lima;

Ano:9º ano do ensino fundamental

Turma:901

Período:Vespertino

Disciplina: Língua Portuguesa

Data: 6/12

Carga horária: 2h/a

I. Tema:

- Elementos da Narrativa

II. Objetivos:

- Proporcionaremos aos alunos o conhecimento acerca dos elementos da


narrativa, relacionando as características próprias do gênero conto.

III. Conteúdo:

- Elementos da Narrativa.

IV. Procedimento metodológico:

Traremos para a sala de aula Traremos o conto “O barba de ouro”, de


Aluísio de Almeida, e faremos uma leitura coletiva com os alunos. Após a leitura,
eles terão de relacionar a obra a outras criações contemporâneas, como: filme,
séries, novelas entre outros.

Em seguida ministraremos o conteúdo acerca dos elementos da narrativa:


enredo, narrador e seus tipos, espaço, tempo e personagem.

Por fim, será proposta a atividade de criação de um conto coletivo, onde


um aluno começará a história, professores, e em seguida o outro terá que
continuar sem perder o enredo.

V. Recursos didáticos: Notebook, projetore textos fotocopiados doconto.

VI. Avaliação:

- Atividades: Em grupo, leitura e socialização de um conto ficcional.

- Critérios a serem observados na atividade:

 Observaremos se há compreensão prévia dos alunos a respeito dos elementos da


narrativa contida no conto;
 Através da criação do conto coletivo, verificaremos se houve entendimento sobre
os elementos da narrativa e a criatividade;

VII. Bibliografia:

ALMEIDA, Aluísio de. Três contos populares. São Paulo, 1949.

CARDOSO, João Batista. Teoria e prática de leitura, apreensão e produção de texto.


Brasília: UNB, 2001.
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver
Professores: Emanuelle Rodrigues; Jorge Luis da Paixão; Marlla Cruz; Rosemeiri
Lima;
Aluno:
Turma 901 Turno: Data: 06/12

O Barba de Ouro e a Carantonha


Aluísio de Almeida

Havia um rei que tinha uma bonita barba de ouro. Um dia ele foi chamado ao quarto
da rainha para ver a criança que acabava de nascer. Mas o Barba de Ouro era
encantado e mau. Assim que viu o lindo menino, comeu-o à vista de todos. A rainha,
quando esperava outra criança, combinou com a comadre para enganarem o rei.
Arranjaram um coelhinho.

Havia um rei que tinha uma bonita barba de ouro. Um dia ele foi chamado ao quarto
da rainha para ver a criança que acabava de nascer. Mas o Barba de Ouro era
encantado e mau. Assim que viu o lindo menino, comeu-o à vista de todos. A rainha,
quando esperava outra criança, combinou com a comadre para enganarem o rei.
Arranjaram um coelhinho.
Chamaram o Barba de Ouro e apresentaram-lhe o filho. Mas era o coelho. O rei
comeu o coelhinho e gostou. A comadre levou a criança, que era uma menina, para
ser criada por uns camponeses num reino vizinho.
A menina foi crescendo, crescendo. Os pais adoptivos eram pobres, não sabiam o que
fazer com ela. Até que chegou a idade de casar. Então mataram uma ovelha, tiraram-
lhe a pele e vestiram com ela a menina, que ficou que nem um bicho. A madrinha, que
era uma fada, pôs-lhe no dedo um anel ao qual podia pedir o que precisasse. E
despediram-se da moça, dizendo-lhe que fosse com Deus, pelo mundo. Empurraram-
na da janela e ela foi levada pelo vento até cair na floresta.
De repente ouviu cornetas e latidos de cães. O rei estava à caça. E então apareceram
os caçadores e já levavam a arma à cara, quando o rei ordenou:
- Não atirem!
O rei era moço e curioso. Achou esquisito aquele bicho que falava como gente. Levou-
o para a cozinha do palácio e pôs-lhe o nome de Carantonha.
A Carantonha assistia às festas de longe. Uma ocasião ouviu contar, na cozinha, que
o rei ia dar um baile, para escolher a sua noiva. Em todo o reino, era um reboliço fora
do costume e costureiras e alfaiates não tinham mãos a medir. Todas as moças
casadoiras queriam ser princesas. O rei gostava de Carantonha, que lhe prestava
bons serviços e era muito humilde.
Carantonha segurava a bacia de prata para o rei lavar as mãos e perguntou: – Vossa
majestade deixa-me ir à festa?
- Tu, Carantonha? O rei borrifou o rosto dela, brincando. Carantonha saiu a chorar
para o seu cantinho da cozinha. Só então é que se lembrou do anel. Esfregou-o e
disse: - Anel, pelo poder que te deu a minha fada madrinha, arranja-me um vestido cor
de mar e uns sapatos muito bonitos!
Imediatamente Carantonha viu-se transformada numa bela princesa e foi para o salão
de baile sem que ninguém percebesse.
O rei quando a viu não quis dançar com mais ninguém. Perguntou-lhe donde era e ela
respondeu:
- Eu sou da terra dos borrifos de água. Depois saiu do salão, chegou à cozinha e
vestiu de novo a pele de ovelha.
No outro dia se não falava de outra coisa: a nova princesa que aparecera e ninguém
sabia de que reino era.
O rei mandou a polícia vigiar todas as ruas da cidade. Nada! Então lembrou-se de
Carantonha. A bela princesa só podia ser ela.
Foi ter à cozinha do palácio e lá estava, com a pele de ovelha. Só então reparou que
tinha o mesmo rosto belo da princesa com quem dançou. O rei decidiu desposá-la.
Apresentou a noiva aos cortesãos e convidados e foi marcado o dia das bodas.
À hora do banquete, a nova rainha, como era costume, contou uma história. A história
dela, a sua infância escondida, a caçada real, a madrinha boa fada. O Barba de Ouro
e a rainha-mãe tinham falecido. Os pais adotivos vieram morar no palácio. Parece que
ainda existem!
Plano de Aula 4

Instituição: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver

Professores:Emanuelle Rodrigues; Jorge Luis da Paixão; Marlla Cruz; Rosemeiri Lima;

Ano:9º ano do ensino fundamental

Turma:901

Período:Vespertino

Disciplina: Língua Portuguesa

Data: 9/12 (4º encontro)

Carga horária: 2h/a

I. Tema:

- Pontuação: ponto, travessão e vírgula;

II. Objetivos:

- Proporcionaremos aos alunos o conhecimento a respeitodas pontuações


necessárias para a construção de um texto do gênero conto;

III. Conteúdo:

- Pontuação, o uso correto do ponto; travessão e vírgula;

IV. Procedimento metodológico:

Ministraremos uma aula sobre o uso das pontuações: ponto, travessão e


vírgula, aspectos necessários na construção do gênero conto, usaremos como
exemplos os erros cometidos pelos alunos nos textos entregues na primeira aula.

Em seguida, utilizaremos o conto “Pontos de vistas” de João Anzanello


como ênfase para o uso das pontuações.

Ao final da aula, será feito um exercício de fixação onde os alunos terão de


elaborar frases com o uso das pontuações ensinadas em sala.

V. Recursos didáticos: Quadro, piloto, notebooke projetor, fotocopias do conto e dos


exercícios.

VI. Avaliação:

- Atividades: Exercício individual;

- Critérios a serem observados na atividade:

 Observaremos se há compreensão prévia dos alunos a respeito das pontuações e


se usam de forma correta;
 Através do exercício de fixação, analisaremos se houve entendimento do assunto;

VII. Bibliografia:

ANZANELLO, João. Pontos de vistas. São Paulo: Revista Nova Escola [s.a], ed. 165.

RIBEIRO, Manuel P. Nova gramática aplicada da língua portuguesa. Rio de Janeiro:


Metáfora editora – 14a edição.
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver
Professores: Emanuelle Rodrigues; Jorge Luis da Paixão; Marlla Cruz; Rosemeiri
Lima;
Aluno:
Turma 901 Turno: Data: 09/12

Pontos de Vista

João
Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro deAnzanello
Português quando estourou
a discussão.

— Esta história já começou com um erro — disse a Vírgula.

— Ora, por quê? — perguntou o Ponto de Interrogação.

— Deveriam me colocar antes da palavra "quando" — respondeu a Vírgula.

— Concordo! — disse o Ponto de Exclamação. — O certo seria:

"Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando


estourou a discussão".

— Viram como eu sou importante? — disse a Vírgula.

— E eu também — comentou o Travessão. — Eu logo apareci para o leitor


saber que você estava falando.

— E nós? — protestaram as Aspas. — Somos tão importantes quanto vocês.


Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.

— O mesmo digo eu — comentou o Dois-Pontos. — Apareço sempre antes


das Aspas e do Travessão.

— Estamos todos a serviço da boa escrita! — disse o Ponto de Exclamação. —


Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente,
vira uma confusão como agora!
— Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase — disseram as
Reticências. — Ou dar margem para outras interpretações...

— É verdade — disse o Ponto. — Uma pontuação errada muda tudo.

— Se eu aparecer depois da frase "a guerra começou" — disse o Ponto de


Interrogação — é apenas uma pergunta, certo?

— Mas se eu aparecer no seu lugar — disse o Ponto de Exclamação — é uma


certeza: "A guerra começou!"

— Olha nós aí de novo — disseram as Aspas.

— Pois eu estou presente desde o comecinho — disse o Travessão.

— Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma
Vírgula, é preciso os dois — disse o Ponto e Vírgula. — E aí entro eu.

— O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz — disse a Vírgula.

— Então, que nos usem direito! — disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão.
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver
Professores: Emanuelle Rodrigues; Jorge Luis da Paixão; Marlla Cruz; Rosemeiri
Lima;
Aluno:
Turma 901 Turno: Data: 09/12

Exercício

1) Com base no que foi ensinado em sala, crie frases em forma de pequenas histórias
utilizando as seguintes pontuações:

a) Travessão:

b) Vírgula:

c) Ponto seguido:

d) Ponto final:
Plano de Aula nº 05

Instituição:Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver

Professores:Emanuelle Estumano, Jorge Luis da Paixão, Marlla Cruz e


Rosemeiri Lima

Ano:9º ano do ensino fundamental

Turma:901

Período:Vespertino

Disciplina: Língua Portuguesa

Data: 11/12/2019 (5º encontro)

Carga horária: 2h/a

I. Tema: Discurso Direto e Indireto

II. Objetivos:

Avaliaremos a compreensão geral acerca de contos, assim como o


entendimento sobre os conceitos dos tipos de discursos, usando exemplos e
atividades de fixação, como forma de possibilitar o estímulo do raciocínio, e da
capacidade de relação entre os conceitos dados.

III. Conteúdo:Contos, Frases (discurso direto).

IV. Procedimento metodológico:

Nesse encontro, teremos o conto Amélia, de BANDEIRA, Eduardo, e o HQ


Incrível Hulk de 1985. Faremos a leitura através de exposição em slides sobre os
dois. Em seguida explicaremos os conceitos acerca do discurso direito e indireto
com os exemplos.

Após a explicação dos conceitos, deixaremos espaço aberto para


esclarecimentos sobre possíveis dúvidas que possam surgir.

Posteriormente, para fixação sobre o conteúdo, executaremos uma


atividade na qual serão apresentadas frases com o discurso direto, e
solicitaremos que os alunos passem-nas para o discurso indireto.

V. Recursos didáticos:Quadro, piloto, notebook, textos fotocopiados do conto e


HQ, e data show.

VI. Avaliação:

- Atividades: Reelaboração individual escrita de frase para o discurso indireto.

- Critérios a serem observados na atividade:

 Avaliar a compreensão sobre contos, e aprendizado dos conceitos de tipos de


discurso direito e direto. Observar as principais dificuldades encontradas na
atividade das frases, tanto na ortografia, como na assimilação do conteúdo.

VII. Bibliografia:

BANDEIRA, E. Amélia. Não publicado.

DIANA, Daniela. Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/discurso-direto-indireto-e-indireto-livre/>.
Acesso em: 10 dez. 2019.
Amélia

“Existe um destino” ela me falava “um destino manifesto para cada um de nós.”
Era assim que minha tia tratava a vida. “Tudo que aconteceu ou acontecerá
está destinado e quanto mais vivemos, mais alcançamos este destino, um
destino a grandes coisas. Este é o destino manifesto” ela explicava.

Descobri mais tarde na vida que essa percepção era uma filosofia de vida
baseada na cultura estadunidense, minha tia trouxe essa filosofia com ela
quando voltou dos Estados Unidos para me criar. Única filha do segundo
casamento de minha avó, minha tia criou-me desde pequena. Quando tinha 5
anos perdi meus pais em um acidente de carro e não lembro muito bem deles
antes disso. Na verdade, a única recordação que tenho é de minha mãe, filha
do primeiro casamento de minha avó e a mais velha das duas, cantando
enquanto me embalava em seu colo, era uma música melodiosa que sempre
fazia-me cair no sono rapidamente. As outras memórias com meus pais são
confusas e parecem um sono distante, mas essa...essa memória é clara e
límpida como água de um lago não descoberto.

Minha tia, Amélia, disse-me que meu pai perdeu o controle do carro ao ser
surpreendido por um cavalo invadindo a estrada. Todos estávamos sem cinto
mas eu sobrevivi. Minha mãe e pai não tiveram a mesma sorte. Amélia, como
disse, não vivia no Brasil, mas mudou-se tão logo soube o que tivera
acontecido. Ela soubera tudo pela polícia.

Ela mudou-se para minha casa para dar o máximo de normalidade possível
depois daquela tragédia. Não foi fácil, nem pra ela muito menos para mim,
afinal, eu não quis admiti-la na mesma casa de meus pais, logo a tia distante,
viera pra resignificar o ambiente das minhas poucas e, as vezes, confusas
memórias. Aceitá-la, para mim, naquele período, era como admitir a morte
deles. Para ela, estar ali, com a sobrinha que pouco conhecia significava largar
todo um mundo para trás, mas ela aparentava não importar-se por estar de
volta, naquela casa comigo. E eu, internamente, e principalmente após o
período de luto, agradecia ela por estar ali, mas ao mesmo tempo, relutava em
aceitá-la.
Por isso, dos cinco aos sete anos, eu e Amélia não nos comunicávamos muito
bem. Ela tentava, tenho de admitir, nos dias que eu chorava até dormir, ela
acordava-me com um café na cama e o sorriso mais receptivo que já tinha
visto. Apesar das tentativas sentia-me relutante, pois ao mesmo tempo que
estava agradecida, não queria vê-la ali, não na casa de meus pais, cuidando de
mim como se fosse minha mãe. Pensava que, se pudesse escolher, eu
preferiria nunca tê-la conhecido se isso significasse não perder meus pais.
Sentia que se esse sentimento amenizasse estaria traindo meus pais, por isso
relutava em gostar dela.

Mas um dia, quando a casa estava silenciosa e eu achava que estava sozinha,
pois ela estaria trabalhando, ouvi um barulho, eram mais de meia-noite, mas
decidi averiguar o que era. Desci as escadas, devagar, tentando não fazer
barulho e vi a luz da cozinha ligada. Sentada à mesa, de frente para a escada,
Amélia, encontrava-se cabisbaixa e triste, olhando fixamente para uma foto. Os
músculos de seu rosto contraiam-se tentando em vão segurar as lágrimas que
caiam como uma cachoeira do seu rosto, molhando a mesa de madeira. Ela
não deu por mim descendo as escadas, rodeei-a para observar a foto que ela
estava segurando. Fiz barulho e ela percebeu minha presença.

- Beatriz!? O que está fazendo aqui a essa hora, minha criança? – Disse ela
enxugando as lágrimas do rosto triste.

Ela costumava tratar-me como criança e, lembro, de não gostar disso apesar
de ter somente 7 anos.Naquela época, já considerava-me uma mocinha. Mas
naquele momento consegui perceber, quando ela olhou para mim, que ela
havia chorado por muito tempo. Eu disse:

- Ouvi uns barulhos aqui embaixo, vim ver o que era.

- Ora, você é muito corajosa, minha criança. Venha aqui deixa eu te mostrar
uma coisa.

Aproximei-me, Amélia era uma mulher forte de corpo. Carregou-me até seu
colo então pude ver a foto, eram meus pais com uma criança ao colo, um
recém-nascido. Os dois sorriam, meu pai com um sorriso largo e afetuoso e
minha mãe com o bebê ao colo, também sorrindo, mas de um jeito mais
encantador que meu pai. Ela estava resplandeceste. O bebê estava calmo,
dormindo.

- É a sua primeira foto – disse ela – eu que bati.

- Você estava no meu nascimento?

- Claro, não perderia o nascimento de minha sobrinha. Seu pai estava


preocupadíssimo, não havia sido uma gravidez fácil desde o começo. Tive de
acalmá-lo diversas vezes, ele estava ansioso para conhecer a filha.

- Verdade? – Perguntei. Nunca tivera a oportunidade de perguntar como tinha


sido meu nascimento.

- Verdade! Sua mãe estava tão feliz, falou que você era seu pequeno milagre –
ela disse e continuou – você sabe por que seu nome é Beatriz?

- Não. – Respondi.

- Ela escolheu especialmente para você, significa “aquela que traz felicidade”. –
ela disse – e veja nesta foto como estão todos felizes, acho que ela acertou no
nome. Não?

- Acho que sim. – Eu disse.

Continuei olhando a foto calada, pensando nos meus pais. Senti os olhos
marejados, foi quando senti as lágrimas de Amélia caírem ao meu braço. Olhei
para ela, ela me olhou, Olhamo-nos.

- Eles eram pessoas incríveis. Sei que deve ser difícil pra você, minha querida,
perder seus pais assim. Mas eu vou fazer o meu melhor pra te criar como eles
gostariam e porque te amo do fundo do meu coração. É o destino.

Aquelas palavras entraram em mim e eu sem notar comecei a chorar. Ela


percebeu e abraçou-me da forma mais amorosa que pude sentir, era a primeira
vez que conversávamos sobre meus pais daquela maneira. Pude perceber pela
primeira vez o quanto a morte deles também a tinha afetado. E isso, parece,
tinha-me desarmado. Daquele dia em diante consegui enxergar tia Amélia
como uma pessoa que estaria comigo, como meus pais.
Naquela noite conversamos sobre tudo, ao me abrir pra ela sentia que
finalmente poderia questioná-la. Então perguntei sobre os Estados Unidos, sua
vida naquele país. Ao que ela disse-me:

- Os EUA, minha criança, é um ótimo país. Eles tem um sentido de grandeza


enraizado na sua cultura, eles chamam isso de “destino manifesto”. É um
sinônimo para um povo com um destino grandioso. Todo estadunidense tem
essa sensação. Até quem não é acostuma-se a pensar assim. Somos pessoas
e temos um destino grandioso a nossa espera, Beatriz. Tudo que aconteceu na
nossa vida não é por acaso, é esse destino manifestando-se e moldando-nos
para a grandeza. Talvez isso tudo que tenha acontecido, tenha que ter
acontecido. É o preço da grandeza.

Acostumei-me a pensar assim por muito tempo, que a grandeza fazia parte e
era destinada a mim, apesar disso incomodar-me sem saber o porquê. Claro,
quando você é criança não entende o peso dessas palavras e nem o que elas
significavam, só que aparentavam serem boas, esse “destino manifesto”.

E o tempo foi passando, completei 13 anos e Amélia e eu começamos a ter


nossas desavenças mais fortes. E começou quando parei de tornar o “destino
manifesto” dela uma fato inquestionável. Mas Amélia insistia nessa percepção,
porém quando ela apresentava essa sua visão, o destino manifesto, sentia-me
desconfortável. Não sabia dizer o que era. E procurei saber qual motivo.

Fui entender e descobri quando comecei a estudar filosofia mais


profundamente na escola e, posteriormente, na faculdade e vi que aquela
percepção era falsa, não existia um povo grandioso em detrimento de outros.
Aquela percepção de “destino manifesto” não se sustentava filosoficamente,
era mais uma ferramenta ideológica do que necessariamente uma visão
filosófica. Mas isso eu fui entender mais à frente na vida.

O que me despertou aos treze anos, foi descobrir exatamente o que significava
“destino manifesto” e sua relação com os EUA, e para mim não era concebível
aceitar uma visão de mundo que dizia que tudo acontecia por uma razão e que
a minha grandiosidade passava pela morte dos meus pais. Então meus pais
tiveram que morrer para eu tivesse esse ótimo destino? Essa percepção
transformava a tragédia de meus pais em uma espécie de “preço” que tive que
pagar pra chegar a algum lugar. Com o tempo questionei essas percepções de
tia Amélia e adquiri a minha própria.

Estudei bastante e fui encontrar-me em algo bem oposto ao “destino manifesto”


de minha tia, encontrei abrigo no existencialismo de Sartre. Na sua percepção
de liberdade e responsabilidade pela própria existência. De que não existe um
destino definido, nem de grandiosidade, nem de fracasso. Existe apenas a vida
e suas muitas escolhas, e que cada uma das escolhas molda o mundo e a nós
mesmos. E que por isso, antes de sermos essência, ou seja, sabermos porque
viemos ao mundo, somos existência, aqueles que existem sem um propósito
especifico.

Era libertador pensar a minha própria vida sendo definida por mim e não por
uma “teia” de caminhos já preparados que eu só teria de conquistar. Pensar
essa nova filosofia de vida transformava a morte dos meus pais de um “preço a
ser pago” a simplesmente uma tragédia.

Depois disso, tia Amélia e eu debatíamos cada vez mais nossas visões de
mundo. As vezes eram insuportáveis nossas discussões, chegávamos a ficar
sem falar uma com a outra por alguns dias. As vezes não tinha
necessariamente haver com suas percepções de vida, as vezes nossas brigas
eram banais, sobre namorados, romance, enfim aquele conflito de gerações
que existe e, talvez, existirá até o final dos tempos. Claro, houveram também
momentos bons entre nós e foi por causa deles que aprendemos a ter, apesar
de tudo, afeto uma pela outra.

Hoje, no dia de sua morte, posso dizer que, ao longo de minha vida, fui
ensinada por ela a amar, perdoar, me reerguer, adquirir minha própria visão de
mundo, isso tudo ela me ensinou diretamente ou indiretamente. Mas, durante
sua velhice, minha tia Amélia me disse as seguintes palavras que ressoam em
mim, principalmente neste dia. Ela disse “Beatriz, o que vivemos, tudo o que
aprendemos uma com a outra fez-me perceber que nosso destino nós
construímos, nós temos a grandeza mas precisamos construí-la em nós
mesmos. E você me ensinou isso. Obrigado, minha filha.”
Lembro de ter chorado de emoção nesse dia. Hoje percebo que não era só ela
que aprendia comigo mas que eu me construía através dos exemplos dela.
Tanto sobre o que ser mas também sobre o que não ser.

Te agradeço muito, Titia. Vá em paz.


Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver
Professores: Emanuelle Rodrigues; Jorge Luis da Paixão; Marlla Cruz; Rosemeiri
Lima;
Aluno:
Turma 901 Turno: Data: 11/12

Exercício

O Incrível Hulk, ed 24, 1985.

1) Ao analisar o quadrinho acima, mostre qual frase está no discurso


indireto e direto:

2) De acordo com o que foi visto em sala, tranformeas frases do discurso


direto para o indireto:

a) “ – Beatriz!? O que está fazendo aqui a essa hora,minha criança?”

b) “- Ouvi barulhos aqui em baixo, vim ver o que era.”


Plano de Aula nº 06

Instituição: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver

Professores: Emanuelle Estumano, Jorge Luis da Paixão, Marlla Cruz e


Rosemeiri Lima

Ano:9º ano do ensino fundamental

Turma:901

Período:Vespertino

Disciplina: Língua Portuguesa

Data: 13/12/2019 (6º encontro)

Carga horária: 2h/a

I. Tema:

- Produção textual

II. Objetivos:

Analisaremos o aprendizado acerca dos conteúdos dados, através da


aplicação dos conhecimentos adquiridos nas aulas anteriores, com produção
textual de contos pelos alunos. Promovendo a habilidade da escrita, leitura,
imaginação, criatividade.

III. Conteúdo: Rascunho de conto iniciado na aula 01.

IV. Procedimento metodológico:

Nessa aula, os alunos deverão estar com o rascunho do texto da aula 01


em mãos. Iniciaremos propondo a elaboração de um conto, dando a opção deste
ser um conto novo, ou dar continuidade ao texto da aula 01.

Após propor a atividade, comunicaremos a importância da aplicação dos


conhecimentos ministrados nas aulas anteriores no processo de avaliação desta
atividade.

Em seguida, explicar que os textos produzidos farão parte de um livro


próprio da escola feito pelos alunos, tendo exibição na feira da cultura da
instituição, onde ficarão em destaque os três melhores contos, votados em sala. E
além disso, ressaltar que o livro ficará permanentemente na biblioteca para
consulta de todos.

V. Recursos didáticos:Quadro, piloto, folhas de caderno.

VI. Avaliação: Somativa

- Atividades: Elaboração livre e individual de um conto.

- Critérios a serem observados na atividade:

 Mensurar a habilidade textual e a capacidade de aplicação dos conhecimentos na


produção dos contos, analisando através dos textos essa aplicabilidade (Cada
critério atenderá a 2,0 pontos :
1. Se o texto obedeceu a modalidade do gênero textual.
2. Apresentou de forma coesa a estrutura duma narrativa.
3. Se apresentou os elementos da narrativa.
4. Uso correto das pontuações necessárias.
5. Uso correto do discurso direto e indireto.

VII. Bibliografia:

DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências


didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: ROJO,
Roxanne; CORDEIRO, Glaís Sales. (Org.) Gêneros orais e escritos na escola.
Campinas: Mercado das Letras, 2004.
Plano de Aula 7

Instituição: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver

Professores: Emanuelle Rodrigues; Jorge Luis da Paixão;Marlla Cruz e


Rosemeiri Lima;

Ano:9º ano do ensino fundamental

Turma:901

Período:Vespertino

Disciplina: Língua Portuguesa

Data: 16/12/2019 (7º encontro)

Carga horária: 2h/a

I. Tema: Socialização das produções

II. Objetivos:

Promover a socialização das produções textuais entre os alunos. Instigar


os alunos a expor suas dificuldades e avanços na escrita final do conto. E avaliar
a sequencia de ensino e seus resultados.

III. Conteúdo: Produção Textual

IV. Procedimento metodológico:

Traremos para a aula as produções finais dos alunos para que possam ler
e se auto avaliarem.

Cada aluno irá falar um pouco sobre o enredo de seu conto. Proporemos
que alguns alunos façam a leitura de seu conto para a turma.

Questionaremos os alunos sobre o que acharam das últimas aulas e da


experiência de escrever um conto, destacando pontos positivos, negativos, suas
dificuldades e aprendizados, como forma de receber um feedback da turma.

Por fim, instruiremos os alunos para a participação na feira cultural onde


haverá um stand de exposição dos contos.

V. Recursos didáticos: Quadro, piloto, os contos produzidos pelos alunos.

VI. Avaliação:

- Atividades: Comentário e leitura dos contos produzidos.

- Critérios a serem observados:

A disposição dos alunos em expor seus contos.

A opinião dos alunos em relação ao processo de escrita do conto.

VII. Bibliografia
8. Referências bibliográficas

ACHCAR, Francisco. Machado de Assis: Contos. [S.l]: CERED, 1993. 158 p.

ALMEIDA, Aluísio de. Três contos populares. São Paulo, 1949.

ANZANELLO, João. Pontos de vistas. São Paulo: Revista Nova Escola [s.a],
ed. 165.

ATAIDE, Vicente.A narrativa de ficção. 2. ed. rev. São Paulo: McGraw-Hill do


Brasil, 1973. p. 13.

ASSIS, Machado de. Várias Histórias. Disponível em:


<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000256.pdf>. Acesso em:
18 nov. 2019.

BANDEIRA, E. Amélia. Não publicado.

BRASIL. Ministério de Educação. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros Curriculares Nacionais. 1º e 2º ciclos: Língua Portuguesa.
Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Ministério da Educação (Ed.). A Etapa do ensino médio: : Língua


Portuguesa no Ensino Médio: campos de atuação social, competências
específicas e habilidad. In: BRASIL. Ministério da Educação (Ed.). Base
Nacional Comum Curricular. Brasília. 2018. Cap. 5. p. 505-526.

DIANA, Daniela. Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/discurso-direto-indireto-e-indireto-livre/>.
Acesso em: 10 dez. 2019.

DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências


didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: ROJO,
Roxanne; CORDEIRO, Glaís Sales. (Org.) Gêneros orais e escritos na
escola. Campinas: Mercado das Letras, 2004.
FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto de; MARUXO JÚNIOR,
José Hamilton. Língua Portuguesa: linguagem e interação. São Paulo: Ática,
2010. p. 376.

GERALDI, Wanderley. Da redação à produção de textos. In: GERALDI,


Wanderly; CITELLI, Beatriz. (Org.) Aprender e ensinar com textos de
alunos. São Paulo: Cortez, 2011. (p. 17-25)

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de


produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2011.

MYRACLE, Lauren et al. Formaturas infernais. Disponível em: <http://cabana-


on.com/Ler/wp-content/uploads/2017/08/Meg-Cabot-Formaturas-Infernais.pdf>.
Acesso em 24 nov. 2019.

PAULA, Angela Machado de; BORTOLANZA, Ana Maria Esteves. Exercícios


de escrita autoral em sala de aula: as sequências didáticas como estratégias
de desenvolvimento de práticas discursivas no ensino fundamental. Revista
Devir Educação, Lavras, v. 2, n. 1, p.83-102, 2018.

POE, Edgar Allan. O Gato Preto. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/soft-


livre edu/vaniacarraro/files/2013/04/o_gato_preto-allan_poe.pdf>. Acesso em
24 nov. 2019.

TEIXEIRA, Juçara Moreira. O ensino do gênero conto por meio de sequencia


didática: relato de uma experiência no ensino fundamental. Letras escreve,
Macapá, v.3, n.1, p.49-60,2013.

SOARES, Angélica. Gêneros literários. São Paulo: Ática, 2007. p. 54-55


(Princípios, 166)

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