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MARCÍLLO KLEBER DA SILVA E LIRA

"FALA, GAROTO": a importância do trabalho com a oralidade na sala de aula

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em Letras das Faculdades


Integradas de Patos, como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciado em Letras.

Orientadora: Naelma Wanderley Lira de Araújo

PATOS-PB
2008

"FALA, GAROTO": a importância do trabalho com a oralidade na sala de aula

Monografia aprovada em 20 / 06 /2008

BANCA EXAMINADORA

Profª Esp. Naelma Wanderley Lira de Araújo - Orientadora


Faculdades Integradas de Patos - FIP

Profª Ms. Eliene Alves Fernandes - Argüidora


Faculdades Integradas de Patos - FIP

Profª.Ms. Helade Paiva Freitas - Argüidora


Faculdades Integradas de Patos - FIP

PATOS-PB
2008.1

A minha mãe, Áurea, e a minha esposa, Patrícia, por serem as mulheres da minha vida, sendo para mim,
exemplos de humildade, honestidade e Amor, DEDICO.

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, por me conceder a graça de vencer durante esses quatro anos, dando-me a
permissão da concretização desse;
Aos meus pais, Áurea e Erasmo, que me deram o dom da vida e que me ensinaram a seguir o
caminho certo.
A minha esposa Patrícia, pela compreensão e força que me deu, não sendo assim, eu não teria
conseguido.
Aos meus irmãos Marta, Neto e Fabrício, que me encorajaram nos momentos difíceis.
A todos os meus sobrinhos, pelo carinho e afeto.
Ao meu sogro, Manoel, e a minha sogra, Dulce, pela confiança que despertaram em mim.
A minha amiga, Mãe e irmã Socorro Silva, que sempre esteve ao meu
As minhas amigas Léo e Aldinha, que sempre estiveram presentes nos momentos em que mais
precisei.
Aos meus irmãos e amigos Edinha e Raimundo que me apoiaram e sempre me deram força.
A minha amiga Edna, pelo apoio que tem me dado durante esses quatro
Aos meus colegas Gil e Ayrton, que tantas vezes se fizeram presentes na projeção desse trabalho.
A Xaxo e a o pessoal do carro, pelos momentos de alegria que passamos
Aos meus colegas de turma, que partilharam comigo tantas horas de experiências comuns.
A minha orientadora Naelma, pessoa que aprendi a admirar pela simplicidade e inteligência, pelas
palavras de incentivo e pelo auxílio na realização desse trabalho.
A todos que contribuíram, direta ou indiretamente, na realização desse ideal.

Ao lidar com a língua escrita, seja lendo ou escrevendo,


toma-se consciência de duas coisas simultaneamente: do
mundo e da linguagem. A língua serve exatamente para isso:
para o discurso sobre o mundo.
David R. Olson.

RESUMO

Este trabalho, organizado a partir de referencial teórico e pesquisa de campo, propõe enfatizar a
importância de um trabalho pedagógico a partir da oralidade dos alunos, considerando-a como
fundamento relevante para o desenvolvimento de competências lingüísticas. Especificamente, pretende
destacar aspectos conceituais relacionados à oralidade e à escrita; destacar a importância dos objetivos
apresentados pelos PCN como peça chave para o exercício da oralidade; discutir procedimentos
metodológicos que podem nortear práticas de escuta e produção de textos orais; observar experiências
que o trabalho com a língua oral proporciona no contexto da educação do Ensino Fundamental II e a
contribuição que ela traz para a aquisição de competências lingüísticas dos alunos. Nesse sentido,
realizou-se um estudo de caso, tendo como universo de pesquisa a Escola Municipal São Sebastião de
Brejinho - PE e, como sujeitos, discentes e docentes da referente escola. Assim, com base nos resultados
obtidos, ressalta-se que os professores fazem um trabalho com a oralidade que favorece o aprendizado
dos alunos, levando-os a ser construtores do próprio conhecimento, bem como a aquisição de
competências lingüísticas para o exercício da linguagem.

Palavras-chave: Competências lingüísticas, Experiências, Oralidade, Práticas.

ABSTRACT

This work, organized starting the theoretical referencial and field research, intends to emphasize
the importance of a pedagogic work starting from the students' oralidade, considering it as important
foundation for the development of linguistic competences. Specifically, it intends to highlight conceptual
aspects related to the oralidade and the writing; to highlight the importance of the objectives presented by
PCN as key piece ror the exercise of the oralidade; to discuss methodological procedures that cannot
practical nortear of he/she listens and production of oral texts; to observe experiences that the work with
the oral language provides in the context of the education of the fundamental teaching 11 and the
contribution that she brings for the acquisition of the students' linguistic competences. In that sense he/she
took place a case study, tends as research universe the Municipal School São Sebastião of Brejinho-PE
and, as student and educational subjects of the referring school. Thus, with base in the obtained results, it
is stood out that the teachers do a work with the oral idade that favors the students' learning, taking them
to be building of the own knowledge, as well as the acquisition of linguistic competences for the exercise
of the language.
Key-words: Linguistic competences, experiences, oralidade, practices.

SUMÁRIO

1 AS RELAÇÕES ENTRE LÍNGUA ORAL E ESCRITA...............................................12


1.1 Língua oral e língua escrita: diferenças básicas ...............................................................12
1.2 Associações entre oralidade e escrita e as instâncias de uso da linguagem ......................16

2 A ORALlDADE NA SALA DE AULA: condições necessárias para o aproveitamento da produção e


recepção do texto oral 19
2.1 A questão dos objetivos ...................................................................................................19
2.2 Adequação às situações de interlocução ..........................................................................22
2.3 O conhecimento sobre os gêneros de interação oral ........................................................25

3 PRÁTICAS DE ORALIDADE NA ESCOLA


3.1 Atividades de prática e escuta de textos orais: estratégias docentes ................................27
3.2 Atividades de práticas e escuta de textos orais: recepção dos discentes ...........................30

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

INTRODUÇÃO

Durante algum tempo, a língua falada não foi considerada como objeto de estudo, mesmo sendo
ela uma das principais formas de efetivação da linguagem. Felizmente, essa postura vem mudando com o
passar do tempo e, é claro, com os avanços dos estudos, sobretudo, no que se diz respeito às modalidades
em particular.
Nesse sentido, é que se discute a importância da oralidade como subsídio para uma linguagem
eficaz. Para tanto, deixam-se de lado alguns preconceitos, já formados sobre a oralidade, que a
consideram como o lugar do erro, indisciplinalidade lingüística, bem como afirma Antunes (2003, p. 39),
quando diz que "não tem sentido a idéia de uma fala apenas como lugar da espontaneidade, do
relaxamento, da falta de planejamento e até do descuido em relação às normas da língua padrão."
É necessário o combate a pensamentos preconceituosos e argumentos de que a fala é exercitada demais
no dia-a-dia, não sendo necessário transformá-la em objeto de estudo. Tem-se aqui a concepção de que a
língua oral pode dar grandes contribuições na aquisição da linguagem como forma de interação verbal.
Tratar a língua oral como objeto de estudo exige que seja enfatizada sua importância como
trabalho pedagógico, tendo por convicção que ela é eficaz no exercício da linguagem. Para tanto, faz-se
necessário apontar aspectos que caracterizam a oralidade, observando sua relação com a escrita, bem
como considerar pressupostos teóricos que enfatizem a necessidade de um trabalho mais proveitoso com
a língua oral em sala de aula. Nesse sentido, é viável que estratégias pedagógicas que envolvem a prática
da oralidade sejam observadas com o intuito de mostrar a capacidade que a modalidade oral tem no
desenvolvimento de interações lingüísticas.
Nessa perspectiva, intitula-se este trabalho de "FALA, GAROTO": a importância do trabalho com
a oralidade na sala de aula, na tentativa de evidenciar, ainda mais, a oralidade como pressuposto para a
interação lingüística.
Na primeira seção, intitulada As relações entre língua oral e língua escrita, destaca-se primeiro as
diferenças entre a modalidade oral e a modalidade escrita, não no sentido de oposição, mas de situação de
uso. Em segundo, é mostrada a proximidade de uma e outra como particularidades pertencentes ao
mesmo sistema de linguagem.
Na segunda seção, que tem o título de A oralidade na sala de aula: condições necessárias para o
aproveitamento da produção e recepção do texto oral, enfoca-se uma questão mais pedagógica,
destacando-se que o professor tem como tarefa tornar o aluno assíduo às situações de interlocução,
conhecendo as formas de produzir e escutar um texto oral.
Na terceira e última seção, faz-se uma pesquisa de campo, com professores e alunos, na tentativa
de mostrar como a oralidade é trabalhada em sala de aula. Aplicou-se, aos participantes da pesquisa, um
questionário a base de perguntas objetivas e subjetivas, que serviu de fundamento para tal, bem como a
análise comentada das respostas.
Assim sendo, este trabalho tenta evidenciar a importância da modalidade oral para um melhor
desempenho em relação ao uso da linguagem.

1 AS RELAÇÕES ENTRE LÍNGUA ORAL E LÍNGUA ESCRITA


Apresentar as relações entre as modalidades oral e escrita torna-se complexo, primeiro porque são
inúmeras as relações existentes entre elas, segundo porque corre-se o risco de pressupor que uma é mais
importante do que a outra.
É contra esse pensamento que se argumenta aqui. Tenta-se explicitar essa relação como forma de
conhecimento da língua, não colocando as modalidades em "guerra", até porque são observadas as
vantagens e desvantagens de ambas nos diversificados contextos, bem como aponta Kato (2004, p. 26)
quando diz que "muito do que ocorre na forma da linguagem é determinado pelas condições de uso".
Assim, a eficácia de cada uma dependerá da forma em que a linguagem for usada.
Outro fator que se deve levar em conta são as associações entre a modalidade oral e a modalidade
escrita, sendo que, para alguns autores, essa proximidade é algo muito relevante.
Dessa forma, é importante destacar as relações entre fala e escrita na tentativa de considerá-las
modalidades de extrema importância na efetivação da linguagem.

1.1 Língua oral e escrita: diferenças básicas


As diferenças entre língua oral e língua escrita existem em decorrência do uso da linguagem, pelo
menos numa visão formal; ou seja, dependendo de qual critério o indivíduo use para se comunicar, haverá
diferenças em relação aos usos lingüísticos, bem como afirma Marcuschi (2001, p. 37), quando afirma
que "as diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continuum tipológico das práticas sociais de
produção textual e não na relação dicotômica de dois pólos opostos."
Apontar toda a diferença entre língua falada e língua escrita é algo extremamente complexo; mas
tentar evidenciar algumas dessas diferenças abre espaço à possibilidade de discussão sobre os diversos
usos da língua sem se colocar uma modalidade acima da outra, pois, se isso acontece, perde-se a noção
sobre as diferenças básicas de fala e escrita, pois analisa-se o uso, não o sistema.
Sobre esse enfoque, Marcuschi (2003, p. 35) diz que

Postular algum tipo de supremacia ou superioridade de alguma das duas


modalidades seria uma visão equivocada, pois não se pode afirmar que a
fala é superior à escrita ou vice-versa. Em primeiro lugar, deve-se
considerar o aspecto que se está comparando e, em segundo, deve-se
considerar que esta relação não é homogênea nem constante.

Na verdade, nem do ponto de vista do prestígio social se diz que uma é mais importante que a
outra, pois existem culturas que prestigiam a escrita mais do que a fala e outras mais a fala do que a
escrita. Por isso, essa relação entre uma e outra não é constante.
O que distingue uma modalidade da outra são fatores internos, que são apontados por Marcuschi,
citado por Fávero, Andrade, Aquino (2002, p. 9), quando este diz que "as regras de sua efetivação, bem
como os meios empregados são diversos e específicos, o que acaba por evidenciar produtos
diferenciados".
Acredita-se que a contextualização, a elaboração de idéias, o grau de formalidade e outros são os
fatores que diferenciam a língua oral da língua escrita, ou seja, as responsáveis por essas diferenças são as
diversas situações de uso da linguagem. Sendo assim, quanto à oralidade, segundo Fávero, Andrade,
Aquino (2002 p. 70), "verifica-se que a língua falada não possui uma gramática própria; suas regras de
efetivação. O que existe é maior liberdade de iniciativa por parte de quem fala".
Já em relação à escrita, para uma melhor explicitação dessas diferenças, alguns pesquisadores se
dispuseram a estudar a língua falada e a escrita. Drieman, em 1962, chegou às seguintes conclusões, em
relação à escrita, ao estudar o vocabulário e a estrutura léxica dos textos:

- Palavras mais longas (polissilábicas);


- Mais adjetivos atributivos;
- Um vocabulário mais variado;
- Um texto mais curto; (apud FÁVERO; ANDRADE; AQUINO, 2002, p. 70)

Em referência a língua oral, no ano de 1967, Grummer juntamente com alguns estudiosos
constataram que os sujeitos observados construíram mais pronomes pessoais na oralidade que na escrita,
atestando que a fala possui mais expressões que visam o conceito situacional, mais termos de
"consciência de projeção", como (eu acho, na minha opinião) do que na escrita.
Assim, evidentemente, o texto oral será diferente do escrito, pois entende-se que, para o uso da
oralidade, é necessária uma contextualização; não se pode usar a fala sem que esta esteja inserida em um
certo contexto.
Na tentativa de identificar as diferenças, surgem algumas confusões que levam ao aparecimento de
visões que se contradizem, bem como aponta Marcuschi (2003, p. 37):

o cerne das confusões na identificação e avaliação de semelhanças


diferenças entre a fala e a escrita acha-se, em parte no enfoque
enviesado e até preconceituoso a que a questão foi geralmente
submetida e, em parte, na metodologia inadequada que resultou em
visões bastante contraditórias.

A coesão nas duas modalidades é outra diferença. Percebe-se que a escrita apresenta elementos
complexos, enquanto a oralidade dispõe de recursos simples, assim mostra Kato (2004, p. 25), quando diz
que

a coesão, na linguagem oral, é estabelecida através de


recursos paralingüísticos e supro-segmentais, enquanto que,
na linguagem escrita, ela é estabelecida através de meios
lexicais e de estruturas sintáticas complexas que usam
conetivos explícitos.

Essa complexidade coesiva não torna a escrita mais importante do que a fala, basta lançar um
olhar da seguinte forma: a língua codificada pela escrita permite a quem estiver usando escolher bem as
palavras corrigir e recorrigir o texto, pontuando-o corretamente; enquanto que a fala é instantânea,
podendo apresentar repetições e incoerência nas idéias. É importante ressaltar que essa complexidade
pode variar, dependendo do grau de formalidade do texto.
Outro fator que difere oralidade e escrita é o caráter de identificação existente no texto. Raramente
se consegue identificar um autor pelo seu texto escrito, na maioria das vezes, isso não é posaive1, ou seja,
o texto escrito nem sempre dispõe de elementos que permitem ao leitor identificar quem o escreveu;
enquanto a oralidade apresenta elementos que possibilitam a identificação de sua autoria.
Percebe-se, também, que, embora as duas modalidades apresentem contrariedades, muitas vezes,
apresentam objetivos semelhantes, bem como aponta Kato (2004, p. 30), quando diz que "As modalidades
oral e escrita da linguagem apresentam uma isomorfia parcial, porque fazem a seleção a partir do mesmo
sistema gramatical e podem apresentar as mesmas intenções".
Essa semelhança de "intenções", como já fora dito, tem como causa a escolha do "mesmo sistema
gramatical", ou seja, embora a língua oral apresente práticas diferentes da língua escrita e/ou vice-versa,
estão englobadas em um mesmo código, só que com algumas diferenças.
De fato, o que se deve levar em conta não são as variações internas de cada modalidade, mas o
poder que ambas têm de expor suas intenções e o entrelaçamento existente entre elas, até porque, segundo
Marcuschi, "as diferenças entre fala e escrita não se esgotam nem têm seu aspecto mais relevante no
problema da representação física (grafia x som), já que a fala e a escrita medeiam processos de construção
diversos". (MARCUSCHI, apud FÁVERO; ANDRADE; AQUINO, 2002, p. 70).
Nesse sentido, vale salientar que a língua falada e a língua escrita pertencem à linguagem e o
papel de cada uma é proporcionar ao usuário da linguagem recursos para que este possa pôr em prática
suas competências lingüísticas e, como afirma Câmara Jr. (1986, p. 16), "uma vez compreendida a
importância da boa linguagem e o verdadeiro sentido de tal afirmação, podemos apreciá-Ia nos seus dois
tipos distintos, que criam distintos tipos de exposição: o oral e o escrito."
Sendo assim, faze-se necessário explicitar as associações entre a língua oral e a língua escrita para
que suas relações sejam evidenciadas de forma mais concreta.

1.2 Associações entre oralidade e escrita e as instâncias de uso da linguagem


Oralidade e escrita são modalidades que apresentam diferenças internas, que estão ligadas a
diferentes contextos. Todavia, convém ressaltar que, segundo Fávero, Andrade e Aquino (2002, p. 69),
"Ao tratar da fala e da escrita, é preciso lembrar que estamos trabalhando com duas modalidades
pertencentes ao mesmo sistema lingüístico ... ". Em numerosas vezes, costuma-se tratar essas
modalidades como se elas fossem completamente diferentes; contudo, lembra-se que a oralidade e escrita
estão intimamente ligadas.
Sabe-se da importância da escrita como meio de expressão, exercício da linguagem, bem como
aponta-se, em termos gerais, que sua estrutura gramatical pode ser bem organizada, mas não se pode
deixar de lado a oralidade, com o pensamento de que esta não tem tanta relevância. Nesse sentido,
Câmara Jr. (1986, p. 14) diz que
A civilização deu uma importância extraordinária à
escrita e, muitas vezes, quando nos referimos à
linguagem, só pensamos nesse seu aspecto. É preciso
não perder de vista, porém, que lhe há ao lado, mais
antiga, mais básica, uma expressão oral.

O que, precisamente, convém ser ressaltado é o papel da oralidade como fundamento para a
aquisição de competências lingüísticas, assim como o da escrita.
Por ser a língua oral considerada mais antiga do que a escrita, acredita-se que ela deve ser o ponto
de partida para os estudos sobre a linguagem, pois será mais fácil chegar às condições desejadas, assim
como aponta Câmara Jr. (1986, p. 14) quando diz que "para bem se compreender a natureza e o
funcionamento da linguagem humana, é preciso partir da apreciação da linguagem oral...". Com efeito,
isso não torna a oralidade mais importante do que a escrita, mas uma ponte a mais de ligação entre uma e
outra.
Para que essa ligação entre uma modalidade e outra seja observada, analisa-se o que diz
Bloomfield citado por Fávero, Andrade e Aquino (2002, p'. 10): lia escrita não é a linguagem, mas uma
forma de gravar a linguagem por marcas visíveis." Dessa forma, ressalta-se que existem raízes que ligam
a língua oral à língua escrita e que a diferença entre uma e outra se dá pelas condições de uso de ambas e
pelas instâncias em que elas são empregadas.
Segundo Geraldi (1996, p. 42),
as instâncias correspondem a diferentes espaços
sociais dentro dos quais se dá o trabalho lingüística.
Correspondem, pois, a diferentes contextos sociais das
interações, e o trabalho lingüística que neles ocorre
caracteriza-se diferencialmente.

Um dos fatores que condiciona as instâncias é o contexto social em que o usuário da linguagem
está inserido. Se esse contexto oferece aos usuários da linguagem uma variedade culta, sua produção
textual será diferente da produção de outro contexto. Do contrário, as produções de textos resultaram na
escolha de uma mesma variedade lingüística, o que pode levar até apresentação de idéias semelhantes.
Para um melhor entendimento dessas instâncias, apega-se ao pensamento de Geraldi. Ele
apresenta algumas condições diferenciadas que caracterizam cada uma.

Instâncias

Públicas Privadas
a). Atendem a objetivos imediatos (satisfação de a). Atendem a objetivos imediatos (satisfação de
necessidades de compreensão do mundo) necessidades vivenciadas básicas)
b). Interações a distância, no tempo e no espaço b). Interações face a face, o que implica a presença
implicando também interlocutores de interlocutores conhecidos
desconhecidos
c). Referencia a um sistema de valores ou c). Referencia a um sistema de valores ou sistemas
sistemas de referencia nem sempre de referencia compartilhados, vinculados à
compartilhados, com categorias abstratas ou experiência cotidiana
mais sistemáticas
d). Privilégio da modalidade escrita d). Privilégio da modalidade oral. (GERALDI,
2002, p. 43).

Para Geraldi, o ponto que mais destaca essa relação é a compreensão, pois ela será sempre algo
próprio, que poderá ser influenciada pela produção oral do locutor e pela recepção do interlocutor, nesse
processo de compreensão, independentemente de qualquer instância, pública ou privada. Percebe-se
também que a pública está ligada de uma forma mais ampla com o mundo; isso em decorrência de sua
interação à distância, no espaço, no tempo; enquanto que a instância privada esta resumida a vivências
cotidianas e sua interação terá a presença de interlocutores, o que implica uma interação face a face.
O que se deve levar em conta é principalmente a compreensão das duas instâncias, permitindo ao
usuário da linguagem dispor delas; é necessário que a se adquira essa compreensão de forma coerente
com o propósito da interação verbal, para que não haja rejeição de alguma delas, principalmente a
pública, que apresenta graus de maior complexidade por sua concretização estar ligada a contextos mais
formais.

2 A ORALlDADE NA SALA DE AULA: condições necessárias para o aproveitamento da produção e


recepção do texto oral
Deve-se entender, tanto por parte dos alunos quanto por parte dos professores o quanto a
utilização e escuta de textos é eficaz na efetivação da linguagem.
O que se destaca aqui são as condições de uso da língua oral como meio de interação verbal, pois,
sem a interação, a possibilidade da língua estar viva é remota. Acredita-se que a linguagem é concretizada
na interação, sendo o interlocutor uma peça fundamental para que ela exista.
O aluno deve estar preparado para escutar o discurso à medida que ele também vai produzindo o
seu. Para tanto, é necessário que ele disponha do conhecimento sobre os gêneros de interação oral, pois
esse conhecimento é o que levará o aluno a estar apto às situações de interlocução. Com efeito, ele estará
cumprindo com o seu papel na utilização da língua, neste caso, a língua oral.
Contudo, faz-se necessária a participação do aluno nesse processo de produção e recepção de
textos orais, pois é nisso que consiste a oralidade, em proporcionar a interação de interlocutores. Por isso,
é necessário que se tenham claros os objetivos do trabalho com a oralidade e as condições e meios para o
exercício desta na sala de aula.

2.1 - A questão dos objetivos


Para que haja um trabalho com a oralidade que evidencie sua importância e contribuição em
relação ao conhecimento da língua, é necessário que sejam repensadas algumas idéias já formuladas.
Não se pode deixar totalmente por conta do espaço doméstico a realização desse trabalho; a escola
não deve estar distante, mas presente, possibilitando ao aluno conhecer, em todos os sentidos, a
modalidade oral como unidade que contribui na construção do seu conhecimento.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - (BRASIL, 2001, p.25),

Cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral no planejamento e


realização de apresentações públicas: realização de entrevistas, debates; seminários,
apresentações teatrais etc. trata-se de propor situações didáticas nas quais essas
atividades façam sentido de fato, pois é descabido treinar um nível mais formal da
fala, tomando como mais apropriado para todas as situações. A aprendizagem de
procedimentos apropriados de fala e escuta, em contextos públicos, dificilmente
ocorrerá se a escola não tomar para si a tarefa de promovê-la.

Assim, é importante o ensino voltado à utilização da linguagem oral em contextos formais, o que
não é viável é postular um tipo de supremacia de formalidade da fala. Vale salientar que o aluno deve
conhecer o grau de formalidade e informalidade da fala, para que o mesmo disponha dela em todos os
sentidos e para as diversas situações de uso, assim aponta Bechara (apud FÁVERO, ANDRADE,
AQUINO, 2002, p. 12):
Quanto à escola, não se trata obviamente de "ensinar a fala", mas de mostrar aos
alunos a grande variedade de usos da fala, dando-Ihes a consciência de que a língua
não é homogênea, monolítica, trabalhando com eles os diferentes níveis (do mais
coloquial ao mais formal) das duas modalidades, escrita e falada, é procurando
torná-Ios poliglotas dentro de sua própria língua.

O que tem acontecido é um trabalho diferente do que Bechara apresenta. Existe uma quase
omissão da fala como objeto de estudo; a oralidade é vista como o lugar do "erro" isso está bem explícito
nos livros didáticos de Português, que enfatizam um trabalho a partir de regras gramaticais, interpretação
de textos escritos e a produção destes; enquanto que o espaço da oralidade está quase oculto.
Nesse contexto, seria importante a observação de alguns objetivos voltados à questão do trabalho
com a fala, que são apresentados pelos PCN (BRASIL, 2001, p. 32):

Utilizar a linguagem na escuta e produção de textos orais e na


leitura e produção de textos escritos de modo a atender a
múltiplas demandas sociais, responder a diferentes propósitos
comunicativos e expressivos, e considerar as diferentes
condições de produção do discurso.

Faz-se necessário que aconteça a escuta e a produção de textos orais para que seja evidenciada sua
relevância na construção do conhecimento. Dessa forma, haverá um certo equilíbrio em relação à
utilização da linguagem, e esta estará respondendo a situações diversificadas nas quais está inserida para
o processo da comunicação.
Em relação ao processo de produção de textos orais, segundo os PCN (BRASIL, 2001 p. 51),
espera-se que o aluno:

- planeje a fala pública usando a linguagem escrita em função das exigências da situação e dos
objetivos estabelecidos;
- considere os papéis assumidos pelos participantes, ajustando o texto à variedade lingüística
adequada;
- saiba utilizar e valorizar o repertório lingüístico de sua comunidade na produção de textos;
- monitore seu desempenho oral, levando em conta a intenção comunicativa e a reação dos
interlocutores e reformulando o planejamento prévio, quando necessário;
- considere possíveis efeitos de sentido produzidos pela utilização de elementos não-verbais.

Observa-se, então, que esses objetivos são voltados à prática de produção de textos orais, não
abrangendo a modalidade oral totalmente, visto que, para a produção do texto oral é necessária também a
escuta. Dessa forma, o aluno será conduzido, segundo Geraldi (1996, p. 46), "aos processos interlocutivos
da sala de aula lugar preponderante no processo de ensino/aprendizagem da linguagem outro texto.
Portanto, faz-se necessário destacar as práticas citadas como: planejamento da fala (organização
das idéias), escolha da variedade lingüística adequada e um espaço aberto para que o texto oral seja
reformulado se for necessário, pois, segundo os PCN (BRASIL, 2001, p. 74), "possibilitar ao aluno a
preparação prévia da enunciação de textos orais significa ensinar procedimentos que possam ancorar a
fala do locutor, orientando-a em função da situação de comunicação das especificidades do gênero".
O trabalho com a oralidade se estende, também, à escuta de textos dessa modalidade, que deve ser
uma escuta orientada e fragmentada por trechos de introdução, em que o aluno poderá levantar questões a
serem discutidas entre todos os que fazem parte da atividade.
Essa atividade de escuta deve ocupar lugar de relevância no processo de aqulslçao do
conhecimento da linguagem, pois acredita-se que a habilidade de escutar oferece condições a mais para a
utilização dela, bem como aponta Antunes (2003, p. 105) quando diz que
A atividade receptiva de quem escuta o discurso do outro é uma
atividade de participação, de cooperação em vista da própria
natureza interativa da linguagem. Não há interação se não há
ouvinte. Nas atividades em sala de aula, o professor bem que poderia
desenvolver nos alunos a competência para saber ouvir o outro,
escutar, com atenção, o que ele tem a dizer (competência
socialmente tão relevante e pouco estimulada!)

Se essas propostas de trabalho forem postas em prática, a modalidade oral estará ganhando mais
ênfase, o que permite ao aluno usar a linguagem de forma mais completa sem excluir alguma parte
(modalidade) dela; bem como o mesmo saberá discernir a forma mais adequada de utilizar a linguagem.
Para tanto, é preciso que o professor tenha consciência dos objetivos citados acima e que os tome como
princípio para o trabalho com a oralidade.

2.2 Adequação às situações de interlocução


A partir da consciência adquirida pelo professor em relação aos objetivos de trabalho com a
oralidade, surge uma outra tarefa para ele, tornar o aluno apto às situações de interlocução.
Acredita-se que a adequação a essas situações é importante no processo de aquisição da
linguagem, sobretudo no campo oral da língua. É relevante que o professor conduza o aluno a vivenciar
práticas de produção e escuta de textos orais, evidenciando suas contribuições na formação do usuário da
oralidade.
Destacam-se, segundo os PCN (BRASIL, 2001, p. 55), algumas contribuições da prática de escuta
de textos orais:

- compreensão dos gêneros do oral previstos para os ciclos articulando elementos lingüísticos a
outros de natureza não-verbal;
- identificação de marcas discursivas para o reconhecimento de intenções, valores, preconceitos
veiculados no discurso.
- Emprego de estratégias de registro e documentação escrita na compreensão de textos orais,
quando necessário;
- Identificação das formas particulares dos gêneros literários do oral que se distinguem do falar
cotidiano.

Dessa forma, entende-se que escutar o discurso do outro é uma das formas de efetivação da
linguagem, no sentido de que é uma interação e sem ela a linguagem fica apagada, se entendimento.
Gnerre (apud ANTUNES, 2002, p. 39) afirma que "entender não é reconhecer um sentido invariável mas
'construir' o sentido de uma forma no contexto no qual ela aparece."
No que se refere às práticas de produção de textos orais, os PCN (BRASIL, 2001 p. 58) afirmam
serem necessárias as seguintes etapas:

- Planejamento prévio da fala em função da intencionalidade do locutor, das características do


receptor, das exigências da situação e dos objetivos estabelecidos;
- Seleção adequada ao gênero, de recursos discursivos, semânticos e gramaticais, prosódicos e
gestuais;
- Emprego de recursos escritos (gráficos, esquemas, tabelas) como apoio para a manutenção da
continuidade da exposição;
- Ajuste da fala em função da reação dos interlocutores, como levar em conta o ponto de vista do
outro par acatá-lo, refutá-lo ou negociá-lo.

A questão da produção textual oral não deve ser feita de qualquer forma, é viável, para o usuário
da fala, em sua situação de interlocução, seguir esses procedimentos apontados acima para que o mesmo
obtenha êxito em seu texto, principalmente em casos mais formais. De fato, seria demasiadamente
ingênuo usar a fala de qualquer jeito, bem como aponta Gnerre (apud GERALDI, 2002, p. 36), quando
diz que

As regras que governam a produção apropriada dos atos de


linguagem levam em conta as relações sociais entre o falante e o
ouvinte. Todo ser humano tem que agir verbalmente de acordo com
tais regras, isto é, tem que "saber" a) quando pode falar e quando não
pode, b) que tipo de conteúdo referenciais lhe são consentidos. c)
que tipo de variedade lingüística é oportuno que seja usada.

Para a efetivação da oralidade, na escola, é necessária uma sistematização, que deve começar de
muito cedo. A criança deve ser conduzida a viver situações de interação e, a partir daí, construir um
significado sobre a oralidade, tendo assim um contato mais próximo com a linguagem. Assim, como
mostra Geraldi, (2002, p. 39):
a própria compreensão é um processo ativo, produtivo, em que
significados anteriores, resultantes de processos interlocutivos
prévios, se modificam por um processo contínuo em que, quanto
maiores as diversidades de interações, maiores as construções de
significados e em maior número serão as categorias com que a
criança vai construindo suas interpretações da realidade.

É principalmente nesse ponto que a escola deve exercer o seu papel de mediadora da aquisição da
linguagem, e uma das formas para que ela faça isso é abrindo oportunidades de situação interlocutiva para
que o aluno participe.
Em relação à variedade lingüística que o aluno pode apresentar, não se trata de eliminar a
linguagem que ele construiu a partir de sua vivência em casa e em seu grupo social, mas exortá-Io a
conhecer as instâncias de uso da linguagem.
É importante que o aluno saiba que a mudança não ocorre em decorrência da linguagem, mas das
instâncias. Além de tudo, deve-se levar em consideração que, antes de sua participação na escola, o aluno
conseguira extrair sua forma de conversação nas situações de interação verbal. Para tanto, ele deve
compreender, segundo Geraldi (2002, p. 39-40), que

estas instâncias implicam diferentes estratégias e implicam também a


presença de outras variedades lingüísticas, uma vez que as interações
não se darão mais somente no interior do mesmo grupo social, mas
também com sujeitos de outros grupos sociais ...

Em suma, se houver condições que favoreçam o aluno a conhecer as instâncias de uso da


linguagem, permitindo-lhe usufruir delas em situações interlocutivas, este apresentará um verdadeiro
domínio da modalidade oral, tornando-se apto a entender e produzir oralmente seus textos.

2.3 O conhecimento sobre os gêneros de interação oral


São inúmeros os gêneros de interação oral, estes são fundamentais no processo de efetivação da
linguagem, principalmente no que se diz respeito às práticas de escuta e produção do texto oral.
Entretanto, o espaço para que esses gêneros sejam evidenciados na sala de aula é bem resumido, bem
como afirma Antunes (2003, p. 25) quando fala da existência de

uma generalizada falta de oportunidades de se explicitar em sala de aula o: padrões


gerais da conversação, de se abordar a realização dos gêneros orais da comunicação
pública, que pedem registros mais formais, com escolhas lexicais mais
especializadas e padrões textuais mais rígidos, além do atendimento a certas
conversões sociais exigidas pelas situações do "falar em público."

Para que esses gêneros sejam explicitados, é importante que eles sejam observados em situações
concretas, considerando-se suas especificidades, pois, como aponta Christiano (2001, p. 57),
As novas perspectivas de ensino mostram que mais do que ensinar
gramática, é fazer com que o aluno tenha acesso ao universo dos textos que
circulam na sociedade e que saibam produzi-los e interpretá-los.

Primeiramente, faz-se referência aos gêneros relacionados à escuta de textos. É relevante que se
entenda que a audição é um dos usos das instâncias da linguagem, pois, como já fora dito, sem a escuta do
discurso do outro, não há interação. Cabe ressaltar que a arte de escutar não se resume ao aluno ficar
sentado só recebendo informações, mas à possibilidade de que ele construa seu significado sobre a
realidade, utilizando seu dote de interpretação.
Assim, apontam os PCN (BRASIL, 2001, p. 68):

Já que os alunos têm menos acesso a esses generos nos uso espontâneos da
linguagem oral, é fundamental desenvolver, na escola, uma série de atividades de
escuta orientada, que possibilitem a eles construir, progressivamente, modelos
apropriados ao uso do oral nas circunstâncias previstas.

Os gêneros podem ser explorados em vídeos, DVD's, palestras, debates, entrevistas, sala de bate-
papo ... , promovendo ao aluno o desenvolvimento da competência auditiva, que é primordial na
utilização da língua, sendo que essa escuta deve ser orientada com a produção simultânea de textos, ou
seja, na proporção que o aluno interagir com a escuta do discurso do outro, também poderá produzir seu
próprio texto.
Lembra-se que não se deve fazer com que somente o aluno escute, é viável que também o
professor ouça o texto do aluno e o considere como objeto a ser estudado, como afirmam os PCN
(BRASIL, 2001, p. 69) quando dizem que "tomar o texto do aluno como objeto de escuta é fundamental,
pois permite a ele o controle cada vez maior do seu desempenho."
Nesse processo, tornar o aluno capaz de conhecer o seu desempenho é fundamental, pois, quanto
mais ele tiver consciência da força de expressão do seu texto, mais terá subsídio a sua disposição para a
escuta e produção do mesmo.
Como segundo momento, sobre a produção do texto oral, faz-se necessária uma grande atenção na
hora de produzir, pois sabe-se que os contextos que favorecem correção são bem resumidos, ou seja, na
maioria das vezes, a correção será percebida pelos interlocutores. Por isso, um roteiro preparado para
auxiliar o falante, é importante para o falante fazer uma boa exposição. Isso levando-se em conta o que
dizem os PCN (BRASIL, 2001,p. 47): " ... ensinar a produzir textos orais significa, sobretudo, organizar
situações que possibilitem o desenvolvimento de procedimentos de preparação prévia e monitoramento
simultâneo da fala:"
Por essa via, fica claro como a organização é fundamental para uma produção mais erudita e
segura do texto oral. Para tanto, faz-se necessário, para o usuário da fala, dispor de contextos em que suas
competências de produção sejam concretamente efetivadas na utilização de gêneros de interação oral.

3 PRÁTICAS DE ORALIDADE NA ESCOLA


Em relação à escuta e produção de textos como processos de interação verbal, em que as práticas
de oralidade são concretamente efetivadas, surge a necessidade de observá-Ias dentro do contexto escolar,
pois, para Santos e Pauliukonis ( 2006, p. 60 ), " o texto como unidade de ensino pressupõe um trabalho
que congregue as três práticas de linguagem apresentadas nos Parâmetros: prática de leitura de textos
orais /escritos, prática de análise lingüística."
Assim, com o intuito de observar como essas práticas são trabalhadas no contexto escolar,
realizou-se uma pesquisa de campo tendo como universo a Escola Municipal São Sebastião no, Município
de Brejinho - PE.
A pesquisa teve como sujeitos alunos do 6° ao 9° anos, sendo selecionados aleatoriamente, um
total de vinte alunos (20) entrevistados e cinco (5) professores de língua portuguesa dos respectivos anos.
Aos alunos foram distribuídos vinte (20) questionários contendo cada um cinco (5) perguntas, objetivas e
subjetivas (ver apêndices). Aos professores foram entregues cinco (5) questionários contendo também
cinco (5) perguntas sendo estas objetivas e subjetivas (ver apêndices). As respostas dadas aos
questionamentos foram comentadas também a partir de referencial teórico.
3.1 Atividades de prática e escuta de textos orais: estratégias docentes
Para observar algumas práticas realizadas pelos docentes no tocante à experiência da oralidade
desenvolvida junto aos alunos, foram aplicados os questionamentos comentados na seqüência:
A partir da questão nº 1 "Como as atividades orais são realizadas na sala de aula?", obtiveram-se
as seguintes respostas:
- As atividades da oralidade são feitas através de conversas, entrevistas, apresentação de trabalhos,
debates... ;
- No que se refere às atividades, estas devem estar organizadas de modo que possam contemplar
os vários níveis de formalidade, o trabalho com a linguagem oral é interdisciplinar em ocasiões como
relatar acontecimentos do dia-a-dia, entrevistas e dramatizações;
- Inicialmente pela motivação. Depois levando-o a criar situações textuais que envolvam a sua
criatividade e poder reflexivo;
- Após apresentações escritas, estudo, análise e fixação dos conteúdos apresentados, promovendo
a participação do grupo e individual;
- Leitura de textos diversos, exposição de pontos de vista leitura da produção individual.
Observa-se, a partir das respostas, que os docentes aplicam as atividades de modo positivo,
trabalhando a escuta de textos e, a partir dela, também a produção textual, o que evidencia, assim, uma
tentativa de um trabalho mais preciso e produtivo com a oralidade na sala de aula, não jogando-a
aleatoriamente mas criando situações para que o aluno exercite suas competências lingüísticas.
Assim, Santos e Pauliukonis (2006, p. 60) afirmam que

é possível pensar um ensino de língua portuguesa produtivo, em que o aluno


passe da condição de aprendiz passivo para a de alguém que constrói seu
próprio conhecimento - com a ajuda do professor, é claro.

Nesse sentido, percebe-se que quem cria, quem constrói seu conhecimento é o aluno; contudo, o
professor é o grande mediador dessa construção.
A partir da pergunta n° 2 "Existe o espaço de escuta de textos orais?", foram-se extraídas as
seguintes respostas:
- Sim, ao passo que os alunos produzem seus textos, há outro momento para que os alunos
exponham oralmente suas produções;
- Na sala de aula é organizado de forma que todos se sintam a vontade;
- Sim uma vez que tais textos nortearão o planejamento adequado para esse tipo de situação.
Felizmente, o espaço de escuta de textos é evidenciado pelos professores pesquisados como
fundamento para a efetivação da língua oral, por acreditarem que ele seja um meio de interação verbal. A
partir da pergunta n° 3 "O professor toma a produção textual oral do aluno como objeto a ser estudado?",
observaram os seguintes posicionamentos:
- Sim, porque da oralidade poderemos observar em que nível de interesse e aprendizado se
encontra o aluno.
- Sim. A partir da exposição oral partimos para a interpretação, debates e também para o estudo
dos conteúdos contextualizando-os.
- Sim, para que o aluno compreenda a variação lingüística como diferentes e não deficientes.
O trabalho com a linguagem oral é bem apropriado para firmar entre os alunos valores a atitudes. É
também contemplado como objeto de estudo, sendo valorizado e certos mitos de "melhor" ou "pior"
sejam desfeitos.
Fica claro que, para os professores, a produção textual do aluno, tomada como objeto de estudo,
abre espaço a diversas situações que podem ser trabalhadas no contexto de sala de aula, partindo da
aplicação de conteúdos contextualizados com a produção dos textos dos alunos, o que interfere até na
formação da personalidade dos mesmos.
A pergunta n° 4 "De quais das atividades orais abaixo o seu aluno mais participa?" apresentou
algumas alternativas: Debate; Entrevista; Palestras; Vídeos; Leituras dramáticas; Outras (ver apêndices).
A partir dela, obteve-se o seguinte resultado:
A alternativa "Debate" foi a mais citada entre todas. Acredita-se que isso se deve ao fato de que o
debate abre espaço para que aluno argumente, tentando, a partir do seu texto, postular a verdade na qual
ele acredita, assim, o aluno participa da atividade proposta pelo professor. Leituras dramáticas e
entrevistas, tiveram o mesmo número de citações; em seguida, palestras e vídeos tiveram menor número
de escolhas.
A partir da pergunta n° 5 "Na hora da sua produção, o aluno é exortado a fazer uso de uma
variedade lingüística mais adequada para a situação, ou sua escolha é aleatória?", foram dadas as
seguintes respostas:

- Segundo os PCN's (Língua Portuguesa, 1998) apontam a importância de, nas produções de textos
orais, o aluno seja orientado a planejara fala valendo-se na linguagem escrita; a ajustar o texto à variedade
lingüística adequada, de acordo com seu público.
- Sim, pois os discentes devem compreender que existe uma variedade adequada para cada
situação de oralidade.
- O momento da produção sempre parte com base em um determinado foco lingüística fazendo
com que o aluno faça uso da linguagem que está sendo estudada.
- Sempre me preocupo em trabalhar as variedades lingüísticas foi a partir das produções textuais e
procuro mostrar a importância dos dois níveis de variedades bem como seus usos no cotidiano.

Percebe-se, pelas respostas dos professores, que estes mostram-se em comunhão com os objetivos,
as propostas e idéias apresentadas pelos PCN e também outros livros que defendem o mesmo
pensamento. Isso é bom, pois, torna evidente os efeitos de consciência que os docentes têm adquirido em
relação às variedades lingüísticas.

3.2 Atividades de prática e escuta de textos orais: recepção dos discentes


Para observar algumas experiências vividas pelos alunos no tocante à prática e à produção de
textos orais, como subsídios para a aquisição de competências lingüísticas na efetivação da linguagem,
foram aplicados aos discentes alguns questionários. A partir da pergunta nº1 "Quais as atividades orais
que o seu professor trabalha em sala de aula?", obtiveram-se as seguintes respostas:

- Leitura, Produção de texto oral, entendimento, prova oral, dinâmicas e apresentação de peça
teatral.
- Reflexões sobre assuntos, entendimentos sobre textos.
- Leitura de textos, apresentação de peça teatral,explicações de matérias, produção de texto e os
entendimentos, prova oral.
- Palestras, debates, discurção oral e etc...
- As atividades orais mais trabalhadas são debates, discurções orais, palestras.
- Leitura de textos, sescernementos de textos, discurção sobre assunto de textos.
- As atividades orais são, debates, discursão oral, e palestras.
- Interpretação, textos praticas, diferença a abilidade do aluno.
- Debate produção de textos, comunicacões de textos literárias. Etc.
- Debate e produção de texto
- Leituras de textos, Explicações, entendimento de textos e etc.

O primeiro foco a ser observado é que a maioria dos alunos trabalham com o texto oral; o segundo
é a variedade de textos presentes na sala de aula, conforme citado nas respostas. Isso torna a aula mais
dinâmica e abre espaço à possibilidade de o aluno fazer sua produção textual no processo de interação
verbal. O terceiro foco é que existe uma certa consonância das respostas dos discentes com as respostas
dos docentes apresentadas anteriormente.
Sobre as peças de teatro, Ramos ( 1997, p. 32) diz que

Há peças de teatro cujo texto pode ser classificado como exemplo de


linguagem coloquial e outras, de linguagem formal. Lidar com ambos os
estilos constitui um recurso útil para se desenvolver a habilidade de usar a
língua padrão.
Nesse aspecto, o aluno estará conhecendo os níveis de formalidade e informalidade do texto,
dispondo da língua não padrão.
A partir da pergunta n° 2 "Você sempre tem a oportunidade de participar produzindo um texto
oral?", foram dadas as seguintes respostas:

- Sim, por que nossa professora sempre da oportunidade para todos os alunos interagirem.
- Sim, por que o professor explora uma capacidade que muitos pensam que não tem.
- Sim por que é mais uma oportunidade para desenvolver nossas leituras orais
- Sim, porque a nossa oportunidade de expressar nossas opiniões.
- As vezes quando o professor me chama para ir explicar.
- As vezes por que eu aprendo mais a mim soltar
- Sim com explicações participações e muito mais.
- Não tenho muita oportunidade, pelo fato de ser muito tímida.
- Sim, estamos disponível para fazer um texto oral, e já fizemos textos orais.
- Não porque sou tímida e não tenho coragem de produzir a meu próprio texto oral.
- Sim, porque eu sou uma aluna que gosto de participar dos textos orais.
]
Percebe-se, pelos depoimentos, que todos os professores dão a oportunidade para seus alunos
produzirem e que a maioria dos discentes recebe a proposta de produção muito bem; outros, por serem
tímidos, acabam não participando da atividade proposta e um dos alunos usa de sua espontaneidade e
desabafa no sentido de querer demonstrar sua capacidade de produção oral/escrita.
A partir da pergunta n° 3 "Na hora em que o colega produz o texto dele, você sempre está atento,
ou interage?", foram extraídas as seguintes respostas:

- Sim, para depois fazer o debate do texto junto com o meu colega.
- Fico atenta, escutando o que os meus colegas falam, quando sei que tem algo a ser acrescentado
eu falo.
- Sim, eu sempre troco idéias e sempre que pode ajudamos uns aos outros.
- Sempre estou atento quero saber da história que o colega fez, fico anciosa.
- As vezes, pois interagir com o colega é uma maneira de aprener mais.
- Sim, estou atento para debater com ele
- Sim, nós ouvimos a opiniões dos outros, e também damos as nossas opiniões.
- Atento eu dou minha opinião sobre o assunto.
- Sim, porque que posso dar alguma opinião a ele.
- Eu sempre debate, gostu de dar opiniões mostrar também o meu e assim chegar a um acordo.

Observa-se que a maioria dos alunos afirmam que estão atentos, questionando, dando suas
opiniões aos colegas, trocando idéias, na tentativa de estabelecerem um acordo em suas interações. No
entanto, a questão da timidez continua assolando o nível de desenvolvimento de produção oral de alguns.
Nesse caso, o professor deve dispor de uma metodologia mais dinâmica, na tentativa englobá-los na
atividade.
A pergunta n° 4 "De quais das atividades abaixo você gosta mais de participar?" apresentou
algumas alternativas: Debates, Entrevistas, Palestras, Vídeos, Leituras dramáticas, Outros (ver apêndices).
A partir dela, observa-se o seguinte resultado:
A alternativa mais citada foi "Debate"; em segundo, Leituras dramáticas. Esse resultado mostra
mais uma vez a coerência das respostas dos alunos com as dos seus professores.
A partir da pergunta n° 5 "Você acha que as atividades orais o ajudam a desenvolver usos mais
precisos da linguagem?", obtiveram-se as seguintes respostas:
Sim porque quando nós vamos debatendo um texto oral vai desenvolvendo a nossa linguagem.

- Sim, porque quando ouvimos falar de alguma palavra que não conhecemos, fica mais fácil
quando formos produzir um texto que tenha essa palavra.
- Sim ajuda a dizemos as palavras corretamente a pensamos mais rápido, e a memorizar melhor as
palavras.
- Com certeza, a linguagem é muito preciosa para uma atividade oral, e o
desenvolvimento é muito importante ter-Ia.
- Sim, pois a linguagem é muito importante para o aprendizado do aluno.
- Sim, porque ajuda no desempenho da leitura.
- Sim, porque nos ajudam e também ajudam aos professores para nós avaliarmos e sabermos se
estam os entendendo sobre assuntos.
- Sim porque e preciso saber sem olhar para o caderno.
- sim, porque o aluno se desenvolve mais em prestar atenção ou participar ou até dar opinião
- Algumas coisas sim, porque ajuda na aprendizagem do aluno e no e no desenvolvimento dele.
- sim, porque você fala abertamente, apressa todo o seu conhecimento, sem precisar escrever em
um papel tudo o que pensa.

Todos os alunos afirmam que as atividades orais ajudam no desenvolvimento de usos da


linguagem. Um aluno enfatizou um crescimento no vocabulário e outro chamou mais atenção, postulando
uma supremacia/superioridade da fala em relação à escrita, achando que a primeira é mais eficaz no
processo de desenvolvimento da linguagem. Com efeito, os aspectos distintivos da fala e da escrita devem
ser trabalhados pelos professores, bem como afirmam os PCN (2001, p. 48) quando dizem que "a
mediação do professor, nesse sentido, cumpre o papel fundamental de organizar ações que possibilitem
aos alunos o contato crítico e reflexivo com o diferente e o desvelamento dos implícitos das práticas de
linguagem".
De fato, percebe-se que, na escola campo de pesquisa, a oralidade vem conquistando um espaço
na sala de aula, em decorrência da sua importância e contribuições no desenvolvimento da linguagem.
Mediante as colocações feitas na pesquisa, pelos alunos e professores, reafirma-se que a oralidade é um
suporte relevante na aquisição de competências para a efetivação da linguagem, e que deve ser uma
prática indispensável na sala de aula.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tomar a oralidade como um dos fundamentos para o exercício da 19uagem é relevante no


tocante ao processo de ensino-aprendizagem da língua. Nesse caso, faz-se necessário conhecer a
relação dela com outra modalidade, a escrita, bem como a forma que a linguagem oral é tratada na
sala de aula.
Com base no que foi discutido, deve-se entender, tanto por parte dos alunos quanto por parte
dos professores, o quanto a utilização e escuta de textos é eficaz na efetivação da linguagem.
O que se destaca aqui é a forma como a língua oral é tratada na sala de aula, bem como sua
relação com a escrita, sendo a oralidade um meio de interação verbal. Acredita-se que a linguagem é
concretizada na interação, sendo o interlocutor uma peça fundamental para que ela exista.
O aluno deve estar preparado para escutar o discurso à medida que ele também vai
produzindo o seu. Para tanto, é necessário que ele disponha do conhecimento sobre os gêneros de
interação oral, pois esse conhecimento é o que levará o aluno a estar apto às situações de
interlocução. Com efeito, ele estará cumprindo com o seu papel na utilização da língua, neste caso, a
língua oral.
A pesquisa de campo mostrou como a língua falada tem sido trabalhada em sala de aula,
evidenciando as metodologias utilizadas pelos educadores que devem tomar o texto do aluno como
objeto de estudo permitindo aos demais alunos interagir com o colega produzindo seus próprios
textos e, a receptividade dos educandos em relação às atividades orais.
Contudo, faz-se necessária a insistência na participação do aluno nesse processo de produção
e recepção de textos orais, pois é nisso que consiste a oralidade, em proporcionar a interação de
interlocutores.

REFERÊNCIAS
ALVES, Eliane Ferraz et ai (org.). Linguagem em foco. João Pessoa: Idéia, 2001.
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. (Série
Aula, 1).
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto
ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa.
Brasília: MEC/SEF, 2001.
CAMARA Jr., Mattoso. Manual de expressão oral e escrita. 16. ed. Petrópolis:
Vozes, 1986.
FÁVERO, Leonor Lopes et a\. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. 3. ed.
São Paulo: Cortez, 2002.
GERALDI, João Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. 4. ed.
Campinas: Mercado de Letras, 2002.
KATO, Mary A. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística. 7. ed. São Paulo: Áticas 2004.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 4. ed. São Paulo:
Cortez, 2003.
PAULlUKONIS, Maria Aparecida Uno; SANTOS, Leonor Werneck. (org.). Estratégias de leitura: texto
e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
RAMOS, Jânia M. O Espaço da oralidade na sala de aula. São Paulo: Martins Fontes, 1997. - (Texto e
linguagem)

APÊNDICES

APÊNDICE A - Questionário aplicado aos professores

FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS


FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS-FIP
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS
ALUNO CONCLUINTE: MARCÍLLO KLEBER DA SILVA E LIRA

Questionário aplicado aos docentes

1. Como as atividades orais são realizadas na sala de aula?

2. Existe o espaço para escuta de textos orais?

3. O professor toma a produção textual oral do aluno como o objeto a ser estudado?

4. De qual das atividades orais abaixo o seu aluno mais participa?

( ) Debate ( ) Entrevista ( ) Palestras ( ) Vídeos ( ) Leituras dramáticas ( ) Outras

5. Na hora da sua produção, o aluno é exortado a fazer uso de uma variedade lingüística mais adequada
para a situação, ou sua escolha é aleatória?

APÊNDICE B - Questionário aplicado aos alunos

FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS


FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS-FIP
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS
ALUNO CONCLUINTE: MARCÍLLO KLEBER DA SILVA E LIRA
Questionário aplicado aos discentes

1. Quais as atividades orais que o seu professor trabalha em sala de aula?

2. Você sempre tem oportunidade de participar produzindo um texto oral?

3. O professor toma a produção textual oral do aluno como o objeto a ser estudado?

3. Na hora em que o colega produz o texto dele, você sempre está atento, ou interage?

4. De qual das atividades abaixo você gosta mais de participar?

( ) Debate ( ) Entrevista ( ) Palestras ( ) Vídeos ( ) Leituras dramáticas ( ) Outras

5. Você acha que as atividades orais o ajudam a desenvolver usos mais precisos da linguagem?

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