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A Barbárie e a Banalidade do Mal

"Adorno pensa que a barbárie [impulso de destruição que o homem carrega] não
é uma concepção que se mostra às pessoas pela sua obviedade, mas algo
realizado em um conjunto de imposições, compromissos e valores dogmaticamente
impostos." (CÉSAR, s.d, p.42). O que o Adorno nos fala é exatamente o que
acontece no filme,algumas imposições e valores vão sendo criados, como a
imposição aos alunos que se padronizem utilizando uniformes, para separá-los
como um grupo, dos demais,onde se inicia o impulso destrutivo do homem de forma
sutil. Isso por sua vez acaba anulando suas individualidades,o que logo mais se
torna um problema, se não o problema, uma vez que a falta de individualidade lhe
torna subordinado a um pensamento coletivo, que não necessariamente você
concorde, e é aí que entra a "banalidade do mal" de Hannah Arendt,que é a
incapacidade do indivíduo de pensar por si mesmo no que faz,tão somente é focado
no cumprimento de ordens por razão de um "bem" coletivo; onde no filme isso é
visto quando os alunos começam a cometer atos em nome do movimento, como: o
fato de serem violentos e hostis com quem não faz parte do grupo ou não
concordam com suas diretrizes e também o fato de privar o acesso à determinados
lugares às pessoas não membros da onda.

Não Cabe à Educação Trazer o Novo ao Mundo

O experimento social sugerido pelo professor do filme, tentou de alguma forma


trazer algo novo ao mundo, no caso, um movimento político de forma prática, não
sendo esse o papel da educação, produzir novidades.

"Donde a conclusão arendthiana: em nome da preservação da


possibilidade de que os homens possam trazer novidade ao mundo,
é preciso que a educação não pretenda formar e produzir tal
novidade. [...] O novo somente advém ao mundo por meio da
atividade política coletiva, mediada pela discussão entre adultos, [...]
tal atividade política pressupõe a educação e não é, pois coisa para
jovens e crianças, [...] pois na política lidamos com aqueles que já
estão educados." (CÉSAR;DUARTE, 2010, p.828)

Como visto,através do pensamento arendthiano, podemos perceber no filme essa tentativa falha
de introduzir algo novo no mundo, onde no início tudo parecia inofensivo e agradável, logo mais se
torna uma catástrofe, com proporções gigantescas, uma vez que como dito, o novo advém de
discussões coletivas entre adultos, não entre jovens, pois os mesmos ainda estão em fase de
construção de caráter, e crescimento, ainda estão sendo educados para viver e compreender o
mundo.
CÉSAR,Maria R. ; DUARTE,André. Hannah Arendt:pensar a educação no mundo
contemporâneo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.36, n.3, p.828, 2010.

CÉSAR,Paulo. Educação e Emancipação: reflexões a partir da filosofia de


Theodor Adorno. Theoria-Revista. Eletrônica de Filosofia, p.42, s.d.

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