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As Linguagens e

Especialização
Hemisférica
Aquisição da Linguagem na Infância

O desenvolvimento da linguagem envolve um componente inato que


é modificado pelo ambiente. Por tal maneira que o seu processo de
aquisição segue percurso semelhante independente da cultura.
Inicialmente, é adquirido com base no conhecimento em relação ao
seu entorno, como objetos, ações, pessoas ou locais. Em seres
humanos, o desenvolvimento da linguagem ocorre em duas fases
distintas. A primeira delas é chamada de pré-linguística, pois não é
possível distinguir palavras, apenas a vocalização de sons (os
fonemas). Já a segunda fase é chamada de linguística, pois a partir
deste momento a criança exibe a expressão de palavras e frases, as
quais irão se refinando com o progredir da idade, de forma ordenada
e sequencial, devido à maturação do cérebro, que está progredindo
igualmente em sua complexidade conforme a idade da criança. Ou
seja, os processos linguísticos têm uma relação direta com a
maturação cerebral. Por tal fato é que o balbucio (fase pré-linguística)
se expressa muito mais precocemente do que a fase das primeiras
palavras (linguística), que requer uma certa maturação do cérebro.
Assim, temos que na fase pré-linguística os indivíduos entre 5-7
meses de vida exibem sons que são precursores da linguagem. Já o
balbucio (emissão de sons de sílabas) ocorre entre os 7 – 8 meses
de vida. A partir dos 12 meses, a criança entra na fase linguística, que
é caracterizado pelas falas se limitarem a emissão de uma palavra,
em sua grande maioria ditas incorretamente. Tal situação decorre da
imaturação do cérebro em processar e compreender palavras
complexas. A seguir, a proporção das palavras aumenta dos 18 a 24
meses, graças ao desenvolvimento cerebral de estruturas
relacionadas à sintaxe, o qual é chamado de estágio das primeiras
palavras. A partir dos três anos de vida, as crianças conseguem
estabelecer uma conversa fluida e expressiva, ainda que haja alguns
erros na pronúncia ou concordância. Após isso, as crianças
aprendem as regras de construção, de palavras e frases,
aperfeiçoam a pronúncia e gramática. Geralmente, entre os 6 – 7
anos, sua linguagem assemelha-se à convenção adulta.

A escrita e a leitura

A linguagem escrita é um tipo de comunicação criada e mantida por


algumas sociedades humanas. Uma criança começa a compreender
a fala e a falar alguns meses após o nascimento, pela exposição à
fala dos adultos e pela prática do seu próprio balbucio; mas para
aprender a escrever e a ler é preciso um esforço social que
geralmente inclui a escolarização formal e só pode ser iniciado alguns
anos após o nascimento. A linguagem escrita difere
fundamentalmente da falada porque carece de uma dinâmica
temporal que é essencial na segunda. Lemos e relemos o mesmo
trecho quantas vezes forem necessárias, mas isso geralmente não é
possível na linguagem falada. Ou seja, a escrita não pode ser
confundida como uma mera transcrição da palavra falada, pois trata-
se de um meio linguístico de produzir significação. Além disso, a
escrita é confinada às palavras de uma página; a fala é
suplementada por pistas auditivas, como palavras enfatizadas e
variações, que enriquecem a mensagem linguística.

No que diz respeito à leitura, esta é uma varredura ordenada feita


com os olhos sobre o material escrito, e, sua atividade exige
praticamente todos os processos cognitivos inter-relacionados. Ao ler
algo é preciso reconhecer letras, usar a memória operacional para
lembrar o material contido na frase em processo de leitura e recordar
o material anteriormente armazenado na memória de longo prazo.
Em alguns casos também é necessário que seja construído uma
imagem mental para representar a cena da ação na passagem que
está sendo lida. Além do mais, é preciso consultar a memória
semântica quando se procura compreender um parágrafo. Apesar de
todos os processos cognitivos que precisam ser levados em
consideração para que possamos ler algo, conseguimos fazer isso
com uma extraordinária eficiência: 250 a 300 palavras por minuto.

Distúrbios da escrita e leitura

Os distúrbios da linguagem escrita são as agrafias e alexias. Os


pacientes com agrafia não conseguem escrever (mas conseguem
ler), e aqueles com alexia não conseguem ler (mas conseguem
escrever, mesmo sem poder conferir bem o que escreveram). Em
muitos casos esses sintomas vêm associados, às vezes, também a
afasias. Além disso, é possível observar casos menos severos, como
a disgrafia e a distrografia.

Na disgrafia, as habilidades de escrita abaixo do esperado para a


idade, pois existe uma falta de equilíbrio entre a qualidade da
formação da letra e a taxa de produção (velocidade da escrita
caligráfica). Ademais, não consegue idealizar no plano motor o que
captou no plano visual. Por sua vez, a disortografia é um conjunto de
erros da escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou
grafia. Assim, tem-se que o indivíduo acometido tem a incapacidade
de estruturar gramaticalmente a linguagem o que gera dificuldades
na aprendizagem da ortografia, gramática e redação.

Linguagem não-verbal

É constituída por gestos, tom de voz, postura corporal, entre outros.


Ademais, pode ser até percebida nos animais, quando um cachorro
balança a cauda quer dizer que está feliz ou coloca a cauda entre as
pernas medo, tristeza. Assim é muito interessante observar que para
manter uma comunicação não é preciso usar a fala e sim utilizar uma
linguagem, seja verbal ou não-verbal

A linguagem não-verbal é importante porque facilita a comunicação e


aguça a interpretação, visto que para entender algo não verbal é
necessário usar o raciocínio de modo mais apurado. Outrossim, sem
a linguagem não-verbal o humano não conseguiria expressar seus
sentimentos, juízos de valor e normas, pois a inteligência vai muito
além de números e letras e o raciocínio através da sensibilidade e
percepção é a prova disso.

Especialização hemisférica

Durante muitas décadas, o hemisfério esquerdo era o "centro da fala"


e dominante, e, o hemisfério direito teria funções coadjuvantes e
secundárias. Contudo, na atualidade é sabido que não existe
dominância de hemisférios, e sim especialização, onde cada
hemisfério executa funções distintas e em constante interação.

Inicialmente, as áreas primárias sensoriais e motoras funcionam de


forma idêntica nos dois hemisférios. Assim, cada hemisfério tem a
seu cargo os acontecimentos motores e sensoriais que ocorrem na
metade oposta do corpo e do espaço. As diferenças funcionais
começam a registrar-se a partir das áreas de associação (das
funções mais complexas).

Para a especialização ocorrida no hemisfério esquerdo, temos que


ele atua na seleção de detalhes, funcionando como um “analisador”
das informações. Além do mais, na maioria das pessoas é no lado
esquerdo em que a compreensão e produção da linguagem ocorrem,
e, nas pessoas portadoras de surdez, executa a maior parte do
trabalho que emprega a língua de sinais.

As especializações do hemisfério direito tangem as seguintes


características: interpreta o tom emocional de uma mensagem; ajuda
na interpretação de metáforas; pode ajudar a interpretar significados
sutis de palavras; esclarece ambiguidades; combina o significado de
sentenças diversas; atuam na percepção visuoespacial, percepção
dos grandes conjuntos; posição das partes do corpo durante o
movimento; e, nas relações espaciais dos objetos.

Outro fato interessante é o entendimento das especializações


hemisféricas devido às lesões que ocorrem numa dessas porções.
Pois ao ser lesionado, conseguimos compreender qual a principal
função daquele hemisfério. Assim, tomamos como exemplo que para
a memória, lesões do lado esquerdo do hipocampo afetam mais a
memória verbal, enquanto no lado direito prejudicam sobretudo a
memória visual. No caso da linguagem, lesões no hemisfério
esquerdo afetam a produção e compreensão da fala, enquanto lesão
no hemisfério direito tem-se a perda de prosódia.

Atividade Extra

O livro “O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não-


verbal”, tenta desvendar a comunicação não-verbal do corpo
humano, primeiramente analisando os princípios subterrâneos que
regem e conduzem o corpo. A partir desses princípios, aparecem as
expressões, gestos e atos corporais que, de modos característicos,
estilizados ou inovadores, expressam sentimentos, concepções, ou
posicionamentos internos.

Desta maneira, sugiro a leitura do referido livro para que assim


consigam entender como a linguagem não-verbal é importante para
passar uma mensagem correta ao receptor. Ademais, é evidenciado
no livro o que significam determinadas posturas ou expressões.
Assim, aprendam um pouco a respeito e utilizem a linguagem não-
verbal em favorecimento!

Livro – O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não-


verbal

Autores - Roland Tompakow e Pierre Weil

Editora – Vozes

Número de Páginas – 288

Data da primeira publicação –  1986

Referência Bibliográfica
 

KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T. M.; SIEGELBAUM,


S. A.; HUDSPETH, A. J.: Princípios de Neurociências. 5. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2014.

LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios: conceitos fundamentais de


neurociência. 2. ed., São Paulo: Atheneu, 2010.

BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M.A. Neurociências:


desvendando o sistema nervoso. 4. Ed., Porto Alegre: Artmed, 2017.

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