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Introdução
Os estudos da área da psicolinguística são um importante aporte para a
compreensão dos processos cognitivos relacionados à linguagem. Nesse
contexto, cabe também averiguar a falta, o que falha em tais processos. Os
distúrbios da linguagem são quaisquer intercorrências nas práticas orais
ou escritas, e sua investigação não apenas auxilia no aprimoramento das
técnicas terapêuticas a serem utilizadas nos indivíduos afetados, como
também apresenta muitos aspectos do processamento da linguagem.
Neste capítulo, você vai estudar os distúrbios da linguagem e ver por
que e como a psicolinguística aborda esse tema. Você vai conhecer com
maior detalhamento dois dos mais comuns distúrbios da língua falada
e da escrita. Além disso, vai verificar a relação que se estabelece entre a
compreensão e os desvios de linguagem.
2 Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão...
Distúrbios da linguagem
Os distúrbios da linguagem, afirma Hübner (2015), têm sido largamente estu-
dados pela linguística, incluindo-se aí a psicolinguística e a neurolinguística.
A autora pontua que a psicolinguística “[...] se interessa em ‘como’ se dá o
processamento da linguagem, incluindo seus distúrbios [...]”, ou seja, ela “[...]
se preocupa em analisar como a linguagem se dá em seus variados níveis
(fonológico, morfossintático, léxico-semântico, pragmático-discursivo) [...]” e
em suas diferentes modalidades (oral-auditiva e viso-espacial), considerando
“[...] tanto os processos de produção (de fala ou escrita) quanto os de compre-
ensão (auditiva ou leitora) [...]”. Já a neurolinguística estuda esses aspectos e
também “[...] a relação entre seu processamento e o local em que isso ocorre
no cérebro humano [...]” (HÜBNER, 2015, p. 101).
Os distúrbios da linguagem podem ocorrer em diferentes momentos da vida
de um indivíduo, devido a variadas causas. Os distúrbios que se manifestam
durante o período da infância geralmente são decorrentes de quadros relacio-
nados a questões genéticas — como a síndrome de Down, a síndrome de Rett
e a síndrome de Asperger, por exemplo. No entanto, existem circunstâncias
que levam a danos cerebrais também na infância, tal qual o que normalmente
acontece quando os distúrbios manifestam-se na idade adulta. Traumatismo
cranioencefálico, tumor cerebral e Acidente Vascular Cerebral (AVC) podem ser
citados como circunstâncias que levam a alterações na linguagem — como as
afasias e os problemas localizados na articulação da fala — “[...] as chamadas
disartrias (distúrbio no controle muscular do mecanismo da fala) ou apraxias
(distúrbios na articulação da fala devido à redução ou perda da capacidade
de programar a posição da musculatura para produzir fonemas ou palavras)
[...]” (HÜBNER, 2015, p. 99).
Há também os desvios relacionados a doenças neurodegenerativas, como
Alzheimer e Parkinson — mais frequentes, portanto, em pessoas idosas.
Por fim, há ocorrências como as que Mac-Kay (2005, p. 101) menciona, que
aparentemente não apresentam uma etiologia orgânica — caso do Retardo de
Aquisição de Linguagem e Fala (Ralf), cuja característica principal é “[...] o
início tardio dos processos de construção da linguagem e da fala [...]”, e da
“[...] disfasia infantil de desenvolvimento, quadro que apresenta desordens
linguísticas, pragmáticas e discursivas [...]”.
Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... 3
O hemisfério esquerdo, por sua vez, seria “preditivo”. Isso significa que
ele compara a:
[...] informação nova com elementos previstos; ativa itens possíveis de serem
encontrados; direciona a atenção para palavras altamente relacionadas; é sensível
a limitadores no nível do contexto; demonstra dificuldade em revisar e reinter-
pretar uma informação; é mais rápido, mais seletivo [...] (HÜBNER, 2015, p. 84),
Afasia
A afasia é certamente o mais conhecido e citado dos distúrbios da linguagem.
Isso não ocorre por acaso, uma vez que reconhecidamente os primeiros es-
tudos sistemáticos dos transtornos contemplaram justamente essa condição.
Segundo o Dicionário de Termos Linguísticos (2019, documento on-line),
pode-se definir as afasias como:
Dislexia
O primeiro dado relevante acerca de distúrbios de aprendizagem diz respeito ao
seu diagnóstico preciso. Os diversos fatores que levam uma criança a apresentar
diferentes graus de dificuldades geram um desafio: identificar o que de fato consiste
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Características Características
Dislexias
clínicas neuroanatômicas
(Continua)
Distúrbios da linguagem: alterações manifestadas na linguagem falada e escrita e na compreensão... 13
(Continuação)
Características Características
Dislexias
clínicas neuroanatômicas
ele qual for, de modo que ganhem maior qualidade de vida, independente-
mente do quadro que apresentam e da gravidade de sua sintomatologia. Tais
intervenções normalmente são feitas por equipes multidisciplinares (neuro-
logistas, fonoaudiólogos, psicólogos, psicolinguistas). Essas equipes tentam
levar os pacientes a alcançar toda a melhora possível — como a recuperação
da capacidade de fala em afásicos ou o aprendizado da leitura em disléxicos.
Além disso, em casos em que a recuperação não é possível, procura-se adaptar
social e emocionalmente os pacientes, de modo que eles possam enfrentar
situações em que seu distúrbio está exposto com menos ansiedade e sem
prejuízo de sua autoestima.
Leituras recomendadas
CARVALHAIS, L. S. A.; SILVA, C. Consequências sociais e emocionais da dislexia de
desenvolvimento: um estudo de caso. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v.
11, n. 1, p. 21–29, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-85572007000100003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 24 nov. 2019.
MARTINS, M. F. P. Desvios da linguagem: fala e fluência. In: MELO, L. E. (org.). Tópicos
de psicolinguística aplicada. 3. ed. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005.
MOUSINHO, R. et al. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que po-
dem surgir neste percurso. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 25, n. 78, p. 297–306, 2008.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
-84862008000300012&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 24 nov. 2019.
PINKER, S. Do que é feito o pensamento: a língua como janela para a natureza humana.
São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
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