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A Neurobiologia da Dislexia

Anne Caroline De Brito Edir


Larissa Aves Leite Matos
Heliana Beatriz Barbosa Meira

INTRODUÇÃO

Os processos da fala, leitura e escrita são uma característica particular do ser humano.
Estes processos são as formas mais elevadas da linguagem, que exigem um processo
linguístico anatômico e neuropsicológico altamente complexo [1]. A dificuldade de
aprendizagem para as habilidades de leitura e escrita são denominadas de dislexia ou
transtorno de leitura. Historicamente, a sua definição tem sido explicada por dois
modelos: o modelo ortodoxo e o modelo de Davis [2].

A definição propriamente dita da dislexia ainda é muito controversa, mas é defendida por
alguns autores como um transtorno específico para aprender a ler e soletrar apesar de
inteligência normal, escolaridade adequada, e sem déficits sensoriais
evidentes. Aproximadamente 5% -10% das crianças em idade escolar são afetadas, dessa
forma, a dislexia configura-se com um dos distúrbios mais comuns de aprendizagem. Há
predominância do sexo masculino, com uma proporção de cerca de 1,5: 1, mas menor do
que as estimativas históricas de cerca de 3-4:1 [2].
De maneira geral, podemos classificar as dislexias em: dislexia de desenvolvimento e
dislexia adquirida. A primeira refere-se a alterações no aprendizado da leitura e escrita
associada à disfunção cerebral, de base congênita, que também sofre influências do meio,
acometendo estruturas subcorticais e corticais, havendo uma alteração específica na
aquisição das habilidades de leitura. Existem também, autores que consideram fatores
genéticos como uma das causas da dislexia de desenvolvimento. Já na dislexia adquirida,
o aprendizado da leitura e da escrita, que foi adquirido normalmente, é perdido como
resultado de uma lesão cerebral.

Até o século XIX, as informações e pesquisas que se tinham a respeito da sua patologia,
ofereciam poucas evidências de bases biológicas e poucas informações sobre os processos
de leitura da criança disléxica. Esse quadro somente se modificou no final do século XX,
em decorrência do desenvolvimento de técnicas de exame eletrofisiológicas e de
neuroimagem, que levaram a elaboração de modelos teóricos e permitiram a obtenção de
um maior conhecimento sobre as alterações anatomofuncionais presentes em indivíduos
com dislexia, bem como a melhor compreensão sobre as vias cerebrais relacionadas ao
processo de consciência fonológica, fundamental para o desenvolvimento da fala, leitura
e escrita [1].
Este artigo apresenta uma revisão bibliográfica de estudos fisiopatológicos e de
neuroimagem relacionados à dislexia. Primeiramente abordaremos uma visão geral sobre
as principais teorias que descrevem a dislexia com base na teoria da dislexia do
desenvolvimento humano. Em seguida, apresentaremos brevemente os principais
aspectos anatomofuncionais nos leitores disléxicos por meio de exames de neuroimagem.

Ao ler-por Ivan Nikolaevich Kramskoy


TEORIAS DA DISLEXIA

O entendimento do desenvolvimento da dislexia em crianças, por meio de modelos que


utilizam a teoria de desenvolvimento humano, como a de Piaget, pode informar de forma
positiva a sua detecção, gestão e resultado. Dentre esses modelos temos o modelo
ortodoxo que descreve a dislexia, como dificuldades na leitura resultantes de uma doença
cerebral, em vez de a lesão cerebral. Um segundo modelo também descrito é o “O Modelo
de Davis”, que descreve a dislexia como dificuldade de leitura ou processamento de
linguagem como resultado de desorientação intermitente. Esta desorientação vem de
mensagens conflitantes para o cérebro, por exemplo, quando os olhos estão dizendo ao
cérebro uma coisa, mas os sentidos de equilíbrio e movimento estão dizendo algo
diferente.

Na teoria do desenvolvimento de Piaget da cognição, há dois estágios de desenvolvimento


cognitivo: Concepção da etapa independente e a concepção etapa dependente. De certa
forma esta teoria ajuda nos ajuda no processo de detecção precoce da dislexia. Esse
reconhecimento precoce é importante, pois quanto mais cedo for efetivada essa detecção,
melhores serão os processos de adaptação na socialização da criança e melhor vai ser o
seu desenvolvimento futuro na fase adulta [3].

NEUROBIOLOGIA DO PROCESSAMENTO DA LEITURA E DA LINGUAGEM


The dynamic (left) and dissociated (right)
links between IQ and reading in typical and dyslexic students. Graphic courtesy of Drs.
Shaywitz, The Yale Center for Dyslexia & Creativity
extraído do site: http://www.yalescientific.org/2011/04/the-paradox-of-dyslexia-slow-
reading-fast-thinking/

A leitura, como um processo, requer de sistemas sensoriais, motores além de aspectos


neurológicos, psicológico, socioculturais, socioeconômicos, educacionais entre outros e
está também associada à atenção e a memória. Depende de mecanismos visuais e
auditivos e para que seu aprendizado, juntamente com o da escrita, ocorra de forma
eficiente é preciso que as áreas cerebrais responsáveis pelo desenvolvimento dessas
habilidades estejam em correto funcionamento e de forma integrada. A falha em alguma
dessas áreas possibilita o aparecimento de alterações na leitura ou na escrita [4,5,6]. Como
a linguagem é o resultado do trabalho conjunto de varias redes neuronais que estão
interligadas, onde participam estruturas corticais, subcorticais e suas conexões, as
alterações da linguagem dependem da estrutura lesada [5].
correlatos neurais da leitura e compreensão verbal

Na dislexia há dificuldade na decodificação das palavras e processamento fonológico, ou


seja, há a dificuldade em desmembrar a palavra separando-as em unidades menores de
som, em converter os grafemas em fonemas. Pensava-se que a dislexia derivava de
déficits no processamento visual e afetava somente a linguagem escrita. Pesquisas
recentes, no entanto, mostraram resultados em que as dificuldades de leitura se
originavam também de déficits nas habilidades fonológicas, de memória e no
desenvolvimento da linguagem [4].
A linguagem tem a maior parte dos substratos neurais localizados, na grande maioria dos
indivíduos (cerca de 90%) no hemisfério cerebral esquerdo, que inclui a região occipital,
temporal posterior, giros angular e supramarginal do lobo parietal e o giro frontal inferior
e estas áreas são ativadas em diferentes tipos de situações que ocorrem durante a leitura:
Inicialmente há a visualização da palavra a ser lida que ocorre na área visual primária,
situada nos lobos occipitais tanto esquerdos quanto direito (a). Em seguida há o
processamento linguístico, a associação grafema-fonema, segmentando as unidades que
a compõe, ativando então a porção posterior do giro temporal superior, giros angular e
supramarginal (b). Por fim, há uma interpretação da palavra,ou seja,uma leitura
global,ativando principalmente os giros lingual e fusiforme,além de partes do temporal
médio (c) . Deve-se destacar também a área de Wernicke (e), localizada no córtex das
bordas posteriores do sulco temporal superior e que é responsável pela compreensão e
interpretação simbólica da linguagem, juntamente com a integração do estímulo visual
com o auditivo (é nessa área que o indivíduo adquire a consciência do significado daquilo
que ouve e vê)e da à área de Broca, localizada no giro frontal inferior (d), que participa
do processo de decodificação fonológica e que vai organizar a resposta motora com a
finalidade de executar a articulação da fala após receber o estímulo transmitido e
processado pela área de Wernicke [5,6].

imagem extraída do site: http://www.yalescientific.org/2011/04/the-paradox-of-dyslexia-


slow-reading-fast-thinking/
Existem três caminhos neurais para a leitura: parietotemporal (responsável pela análise
das palavras), frontal e occiptotemporal (responsável pela forma das palavras). Os dois
primeiros são considerados “caminhos lentos”, sendo utilizados principalmente por
leitores iniciantes; e o último é considerado um “caminho rápido”, utilizado por leitores
mais experientes [7]. Esses sistemas possuem papéis diferentes na leitura, sendo ativados
conforme a necessidade do leitor [8]. Há uma terceira via no processo de leitura, que é a
área de Broca, que pode atuar em determinadas situações (articulação e análise das
palavras) associada ao circuito temporo-parietal [9,10].
Nos indivíduos disléxicos há uma falha nesse circuito. Ao invés de ativarem, como os
leitores normais, as partes anterior e posterior do cérebro, há uma subativação de
caminhos neurais da parte posterior e uma superativação da parte anterior do cérebro. Isso
representa uma assinatura ou marca neural para as dificuldades fonológicas. A
consequência na falha na parte posterior do cérebro é a incapacidade de transformar as
letras em sons ao analisarem as palavras e o não reconhecimento rápido e automático das
palavras. Uma forma de compensar essa falha de subativação da parte posterior é a criação
de vias alternativas cerebrais diferentes. Isso se dá por meio do uso de sistemas auxiliares
na parte frontal e lado direito do cérebro e da área de Broca. Porém esses sistemas
secundários são funcionais, mas não são automáticos, ou seja, permitem que haja uma
leitura precisa, mas ocorre de forma muito lenta [6,8].

ESTUDOS DE NEUROIMAGEM

Exames de neuroimagem funcional do cérebro permitem uma avaliação das partes ativas
ou não ativas do cérebro [9]. Eles correspondem à função do cérebro, com a vantagem de
ser possível obter imagens em tempo real, ou seja, simultaneamente à função cerebral.
Isso possibilita ver as alterações que ocorrem durante uma atividade mental ao mesmo
tempo em que o exame é realizado. São úteis para investigação das chamadas funções
cognitivas, como, por exemplo, a consciência, o aprendizado, a sensibilidade e a
linguagem [10]. Assim, entre suas diversas funções e usos, eles têm sido utilizados com o
objetivo de localizar e comprovar a existência de déficits funcionais neurológicos como
causadores de grandes variedades de manifestações que levam à incapacidade de adquirir
a habilidade de leitura e escrita, definida como dislexia [11].

SPECT e PET

Estudos recentes baseados em exames de Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) e


a Tomografia por Emissão de Fótons (SPECT) apontam uma grande relação de distúrbios
neuroauditivos e visuais com o desenvolvimento da dislexia [11,12]. Os participantes com
dislexia destes estudos demonstraram um padrão de ativação diferencial em relação aos
leitores normais, agrupados em três regiões principais do hemisfério esquerdo: 1) em uma
grande região da parte frontal esquerda centrada no giro frontal inferior, 2) na região
temporoparietal esquerda, incluindo o giro supramarginal e a parte posterior do giro
temporal superior (área de Wernicke), e 3) no lobo temporal posterior esquerdo (região
occiptotemporal [11]. Somado a essas alterações funcionais, uma pesquisa realizada por S.
LUCIANE, baseada em exames com SPECT, verificou-se uma redução da perfusão
cerebral nas regiões parietooccipital esquerda, na porção mesial dos lobos temporais que,
neste caso, foram mais acentuadas no hemisfério direito, na porção lateral do lobo
temporal esquerdo e na região inferior do lobo temporal esquerdo, por exemplo, que, de
certa forma, reforçam a teoria de que distúrbios neuroauditivos podem estar relacionados
com a dislexia. Isso porque essas atipias foram verificadas em áreas do cérebro
relacionadas à fala, audição, visão e integração dos processos envolvidos na linguagem.
Além disso, testes específicos de processamento auditivo, assim como os de SPECT,
também detectaram alterações no processamento neurológico central.

Ressonância Magnética Funcional (fMIR)

Evidências convergentes de uma série de estudos de neuroimagem sugerem que a


identificação da palavra fluente na leitura está relacionada à integridade funcional de dois
sistemas posteriores, predominantemente do hemisfério esquerdo (LH): um circuito
dorsal (parietotemporal) e um circuito ventral (occipitotemporal). Este sistema posterior
está funcionalmente corrompido na dislexia[13].
Para encontrar a localização e dimensão das perturbações funcionais em sistemas neurais
que regulam essa imparidade e para comparar os padrões de ativação cerebral em
disléxicos e não disléxicos foram usadas imagens de ressonância magnética funcional
(fMIR).

A maioria dos estudos que investigam a base neurobiológica da dificuldade de leitura


têm-se concentrado em tarefas de nível mais baixo de complexidade, envolvendo letras e
palavras, utilizando testes que fazem exigências cada vez maiores sobre a análise
fonológica.

Neste estudo foram encontradas diferenças significativas nos padrões de ativação cerebral
entre disléxicos e leitores normais. Estes resultados relacionam o déficit cognitivo /
comportamentais caracterizando leitores disléxicos com padrões de ativação anômalos
em ambas as regiões cerebrais posteriores e anteriores. Assim, dentro de um grande
sistema cortical posterior, incluindo área de Wernicke, o giro angular, o córtex extra-
estriado e estriado, os leitores disléxicos não conseguem aumentar sistematicamente a
ativação para as demandas fonológicas mais complexas.

Em contraste, nas regiões anteriores, incluindo o giro frontal inferior e BA 46(córtex pré-
frontal dorsolateral), 47(giro pré-frontal inferior), 11(área órbitofrontal), leitores
disléxicos mostram um padrão de relativa hiperatividade (hiperativação), em resposta ate
mesmo ao teste fonológico simples.

Esses dados indicam que leitores disléxicos demonstram uma ruptura funcional em um
sistema extensivo no córtex posterior englobando ambas as regiões tradicionais da
linguagem e visual, e uma parte do córtex de associação. O envolvimento desta última
região centrada sobre o giro angular é de particular interesse porque esta porção do córtex
de associação é considerada crucial na realização dessas integrações intermodais
necessárias à leitura.

Como consequência, a falha nos sistemas posteriores impede o reconhecimento rápido e


automático das palavras e o desenvolvimento do lado direito e da parte anterior como
sistema compensatório (neuroplasticidade com ativação de vias alternativas de condução
das informações relacionadas à linguagem), permite que haja uma leitura precisa, porém
mais lenta. Estes resultados sustentam a conclusão de que o prejuízo na dislexia
fonológica é anatomofuncional e que esses padrões de ativação cerebral podem fornecer
uma assinatura neural para esta deficiência [14].
Outros grandes estudos utilizam fMRI para investigar o funcionamento do cérebro entre
leitores disléxicos durante uma tarefa de compreensão de leitura de nível superior, onde
é necessário ler e interpretar frases. Esses estudos são de interesse pra analisar como o
cérebro dos leitores disléxicos responde quanto ao entendimento do texto.

Na tarefa de compreensão de sentenças, as crianças tinham que decidir se a frase que elas
liam fazia sentido ou não. Enquanto suas funções cerebrais eram monitoradas pela
ressonância magnética funcional.

A conclusão foi que a deficiência na capacidade de leitura foi associada com a ativação
reduzida do córtex parietotemporal bilateral em relação aos leitores normais. A relação
entre a capacidade de leitura e ativação cortical foi encontrado no giro temporal médio
esquerdo (área de Wernicke), o lóbulo parietal inferior direito, e o giro pós-central
esquerdo. Estes resultados indicam uma relação contínua e linear entre a capacidade de
leitura e ativação nestas regiões.

Um resultado importante é que as regiões encontradas com esta subativação entre os


leitores disléxicos durante a compreensão de sentenças são amplamente consistentes com
aquelas encontradas em estudos de processamento em nível de palavra. . A área
parietotemporal, particularmente no hemisfério esquerdo, parece ser um lócus importante
de disfunção em leitores disléxicos.

Tractografia e Tensor de Difusão (DIT)

O domínio das habilidades de uma leitura rápida, precisa e fluente requer, não só a
ativação adequada de determinadas áreas corticais, mas também a intercomunicação
adequada entre essas áreas. Dessa forma, hipóteses de que os indivíduos disléxicos
apresentavam uma disfunção na conectividade cortical foram propostas. Essa ideia foi
apoiada por estudos que demonstraram a conectividade funcional diminuída ou ate
mesmo ausente nas regiões da rede da leitura em leitores disléxicos [12, 13, 15, 16,17]. A
explicação anatômica plausível para a desconexão funcional observada nesses leitores
pode ser déficits no trato de matéria branca, pois esta garante a transmissão de sinais
eficientes entre as regiões corticais distantes.
Atualmente, é possível se examinar a integridade da matéria branca por vias não invasivas
por meio do tensor de difusão (DTI), que se difere das técnicas de MRI padrão, as quais
consideram a substância branca como um tecido homogênio. O DTI fornece informações
especificas sobre a integridade estrutural e orientação direcional dos tratos de substancia
branca – representa a orientação do eixo das estruturas dos feixes das fibras medindo as
propriedades de difusão de moléculas de água no cérebro, indicando mudanças na
microestrutura tissular [18,19]. Vários estudos independentes DTI comparando leitores
disléxicos e típicos, demonstraram uma anisotropia (a difusão será maior paralelamente
ao trato do que perpendicularmente a ele) diminuída nas regiões temporal
esquerda [20,21,22,23,24,25,26,27] em indivíduos disléxicos.
Não pode concluir-se ainda, entretanto, se os déficits nas áreas especificas da leitura
relacionados, por exemplo, com a consciência fonológica, percepção da fala e
processamento ortográfico, esta relacionado com a diminuição anisotrópica fracionada
nos indivíduos disléxicos[28].
Tendo-se em vista que os indivíduos disléxicos possuem alterações nas regiões temporo-
parietal esquerda e giro frontal inferior esquerdo, têm sido muitas vezes postulado que
isso pode refletir em um déficit no fascículo arqueado esquerdo, o qual liga a área
temporo-parietal (Wernicke) com o giro frontal inferior (área de brocá) [24,25,26,27,29,30,31],
usando a tractografia, confirmou a presença de diminuição da anisotropia fracionada no
fascículo arqueado esquerdo em indivíduos disléxicos.

CONCLUSÃO

A dislexia é uma das principais doenças relacionada com disfunção no processo da


linguagem. Atualmente sabe-se que sua patogenia tem origem congênita e a gravidade
dos efeitos adversos dessa doença recebe influencia do meio sociocultural em que o
indivíduo vive. Diversos modelos tem tentado explicar as origens que definem a
dislexia,sendo que os principais deles, tem como base, a teoria do desenvolvimento
humano de Piaget. O surgimento de exames de neuroimagem, como MRI,fMRI, PET e
SPECT, tractografia e DIT, permitiram um grande avanço no conhecimento da doença e
no desenvolvimento de novas técnicas de diagnóstico. Graças a esses estudos de
neuroimagem foi possível identificar as áreas cerebrais que exibem atipias em indivíduos
disléxicos (parietotemporal inferior, occipitotemporal, giro fusiforme, etc, do hemisfério
esquerdo).

Constatou-se nestes estudos que o hemisfério cerebral esquerdo sofre uma subativação
em leitores disléxicos, enquanto que o direito tende a sofrer uma maior ativação se
comparado proporcionalmente em relação a leitores normais (isso ocorre como medida
compensatória). Alem de apresentar diferenças no trato de matéria branca, ou seja, nas
vias de comunicação entre as regiões de processamento da leitura.

Apesar do estudo por meio destes exames apresentarem semelhanças quanto ao padrão
conclusivo dos mecanismo explicativos que possivelmente estejam relacionados à
dislexia; a compreensão total dos processos anatomofuncional e fisiofuncional da dislexia
ainda não foram totalmente elucidados. Precisa-se ainda definir como as alterações na
morfologia cortical cerebral estão associadas com o desenvolvimento de circuitos de
compensação em leitores disléxicos. A compreensão correta da fisiopatologia e das
causas inerentes a essa doença contribuem para a detecção precoce dos indivíduos
disléxicos, e também para o fornecimento de melhores prognósticos de tratamento, cuja
base está em uma melhor adaptação e integração social dos leitores com dislexia.

Anne Caroline De Brito Edir, Larissa Aves Leite Matos, Heliana Beatriz Barbosa
Meira- graduandas da XIIIa turma-Medicina-FCS/UFGD

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