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DISLEXIA

O documento intitulado The Rose Review ³ sobre o ensino da leitura foi coordenado por Jim Rose
e publicado em 2006.

A descrição da dislexia adotada no relatório é a seguinte

 A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem que afeta principalmente as habilidades


envolvidas na leitura correta e fluente de palavras e na ortografia.
 As características particulares da dislexia são dificuldades em consciência fonológica, memória
verbal e velocidade de processamento verbal.
 A dislexia ocorre em uma gama de habilidades intelectuais.
 É melhor pensarmos nela como um continuum, e não uma categoria distinta, pois não há pontos
de corte claros.
 Dificuldades coexistentes à dislexia podem ser vistas nos aspectos da linguagem, coordenação
motora, cálculo mental, concentração e organização pessoal, mas estes não são, em si,
marcadores de dislexia.
 Você sabia?
 Uma boa indicação da gravidade e da persistência das dificuldades da
dislexia pode ser obtida ao examinar como o indivíduo responde a uma
intervenção bem fundamentada.
A BDA acrescentou o seguinte texto ao seu resumo do Rose Review ³:

“Além dessas características, a BDA reconhece as dificuldades de processamento visual e auditiva que
alguns indivíduos com dislexia podem experimentar, e assinala que leitores disléxicos podem mostrar
uma combinação de habilidades e dificuldades que afetam o seu processo de aprendizagem. Alguns
também têm aptidões em outras áreas, como design, resolução de problemas, habilidades criativas,
habilidades interativas e habilidades orais.”
 Definição da Associação Internacional de Dislexia:
 A Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada
por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente das palavras e pela baixa habilidade de
decodificação e soletração. Essas dificuldades geralmente derivam de um déficit no componente
fonológico da linguagem, muitas vezes surpreendente, quando comparado a outras habilidades
cognitivas e ao acesso à aprendizagem. Consequências secundárias podem incluir dificuldades
na compreensão de texto e pouca experiência de leitura, podendo impedir o desenvolvimento do
vocabulário e do conhecimento geral. (2002)

Resumo e Referências
Nesta seção examinamos os seguintes tópicos:

 Algumas terminologias associadas à dislexia;


 Mitos e equívocos;
 Dislexia e outros transtornos do neurodesenvolvimento;
 Diferentes definições de dislexia.

Relatórios que foram usadas como referências nesta seção são:

 BDA Management Board


 The Rose Review

. Objetivos da aprendizagem
Ao término desta seção, você irá:Identificar as diferenças entre um cérebro disléxico e um cérebro não
disléxico;Relacionar características de um cérebro disléxico com o que é visto na prática.

Introdução
Nesta seção, vamos explorar diferentes teorias científicas que explicam o funcionamento do cérebro
disléxico. Também veremos o impacto que esse funcionamento cerebral pode ter sobre uma pessoa.

A primeira coisa a ser compreendida é que um cérebro disléxico é diferente de um cérebro não
disléxico, principalmente na forma com que ele lida ou processa certos tipos de informação, embora
também existam algumas diferenças físicas.

A palavra-chave aqui é “diferente”. Historicamente, pesquisadores costumavam expressar essas


diferenças em termos de déficits ou mau funcionamento, mas cada vez mais esses termos estão sendo
substituídos por palavras como “neurodiversidade”, já que tais diferenças não são necessariamente
melhores ou piores, são simplesmente diferentes.

Infelizmente, tais diferenças podem tornar o aprendizado de certas tarefas mais difíceis,
especialmente quando o aprendizado é apresentado de uma maneira que não corresponde com a forma
natural em que o indivíduo processa informações. Essas diferenças no cérebro também tornam algumas
tarefas mais fáceis, como compreender situações complexas. Voltaremos a este ponto mais tarde.

Nas próximas páginas, veremos brevemente algumas das teorias do cérebro. Como mencionado
anteriormente, esta é uma área de pesquisa particularmente viva, então, embora haja teorias diferentes,
todos esses pesquisadores concordam quanto à existência da dislexia.

Essas pesquisas trazem uma fascinante visão sobre o que acontece em diferentes partes do cérebro.
Porém, ainda não temos um quadro completo de como o cérebro disléxico opera. Também sabemos que
o cérebro de cada indivíduo é organizado de forma ligeiramente diferente.

Teorias Fonológicas e de Linguagem


Usando a ressonância magnética funcional (fMRI), pesquisadores conseguiram rastrear as atividades de
cérebros de pessoas com dislexia enquanto realizavam atividades de linguagem oral, leitura e escrita.

As áreas do cérebro que normalmente seriam utilizadas para tais tarefas aparentemente não
estavam funcionando de forma tão eficaz ou estavam funcionando de forma diferente. Essas áreas
incluíam a parte posterior do hemisfério esquerdo e os sistemas anteriores, especialmente as regiões em
torno do giro frontal. Tais teorias apoiam a ideia de que essa diferença de funcionamento torna o cérebro
incapaz de realizar boas ligações entre símbolos e sons.

Em outras palavras, o cérebro tem dificuldade em conectar a letra escrita com o som que essa letra
representa. Isso é conhecido como relação de som-símbolo (fonema-grafema).

Relacionados a isso estão:

A área de Broca
Envolvida na produção de palavras escritas.
A região temporoparietal
Envolvida na análise de palavras escritas.
A área temporooccipital
Utilizada para identificar palavras escritas.

Estes achados sugerem que o cérebro disléxico tem dificuldade para executar atividades de linguagem e
leitura de forma automática. A capacidade de realizar essas atividades automaticamente é muito
importante para a aprendizagem, já que é somente quando esse processamento se torna automático que
o cérebro pode ficar livre para funções de ordem superior, como a compreensão da palavra escrita ou
fluência da leitura, que levam à compreensão do que foi lido.

Essa teoria sugere que, em vez de processar as palavras em um sistema baseado em um sistema de
som, o cérebro tenta memorizar cada palavra como um bloco individual. A consequência disso, porém, é
que o armazenamento da memória pode ficar “rapidamente cheio”, e com isso, novas palavras não
conseguem ser lembradas.
A boa notícia é que a maioria das pessoas desenvolvem estratégias compensatórias, que
podem ser observadas em diferentes regiões do cérebro. Uma intervenção eficaz pode
favorecer o desenvolvimento desse processo.

Teorias Magnocelulares
Essas teorias buscam explicar algumas características associadas à dislexia que vão além das
dificuldades de linguagem.

Acredita-se que há falhas nas células que carregam informações grandes no cérebro chamadas
de magnocélulas.

Estas células são importantes para gerenciar o tempo de eventos visuais e auditivos. Quando não
estão exercendo a sua função corretamente, essas células causam problemas de foco e processamento
de informação em atividades visuais e auditivas. Isso, por sua vez, gera dificuldades para
lembrar sequências de sons e símbolos e letras.

A falta de atenção visual faz que símbolos pareçam instáveis, podendo fazer com que sons e letras
sejam transpostos. Por exemplo, na linguagem oral é possível ouvir essa confusão ou transposição
quando uma pessoa disléxica pronuncia palavras de forma incorreta, como, “manica” ao invés de
"máquina". Isso também pode ser observado na leitura ou escrita, por exemplo, ler ou escrever a palavra,
"perto" como “preto” ou "dedo" como “dado”.

Alguns pesquisadores também acreditam na possibilidade de isso significar que outras células do
cérebro, em especial as células parvo, se desenvolvem de forma mais eficaz, possibilitando, por
sua vez, aptidões em outras áreas.

Teorias do Cerebelo
Originalmente essa teoria foi formulada como uma teoria de déficit de automatização. Ela foi apoiada
pelas descobertas de um paradigma de dupla tarefa que envolvia manter o equilíbrio (definido como
“manter o corpo em um estado de equilíbrio”) enquanto executava outra tarefa. Os resultados revelaram
que, em condições ideais, indivíduos disléxicos poderiam se equilibrar tão bem quanto indivíduos do
grupo de controle. Porém, em uma situação de tarefa dupla (em que os indivíduos tinham que se
equilibrar enquanto realizavam outra tarefa), os indivíduos disléxicos tiveram um desempenho
significativamente pior do que aqueles do grupo de controle (Nicolson & Fawcett, 1990).

Mais recentemente, o déficit de automatização foi associado a um comprometimento da função do


cerebelo. Um estudo histológico (Finch, Nicolson & Fawcett, 2002) reanalisou as amostras de cérebro de
indivíduos com dislexia originalmente investigadas por Galaburda e colegas (por exemplo, Galaburda et
al.,1994).

Os resultados mostraram diferenças significativas no número de grandes e pequenos neurônios do


cerebelo em amostras de indivíduos disléxicos e amostras do grupo de controle (veja também Rae et al.
1998). Com base nas descobertas que apontam para o comprometimento cerebelar na dislexia, Nicolson
et al. (2001) propuseram uma cadeia causal hipotética ligando o comprometimento cerebelar a
déficits de processamento fonológico e problemas com a leitura e a ortografia.

A automaticidade também é muito importante para a “destreza da linguagem”. Esta é a capacidade de


aprender uma tarefa a ponto de não precisar mais focar no ato de executar a tarefa, o que deixa o cérebro
livre para funções de ordem superior.
Por exemplo, quando aprendemos a dirigir um carro, inicialmente o ato de dirigir toma toda a nossa
atenção e pode ser exaustivo. Com o passar do tempo e com a prática, chegamos a um ponto em que
não precisamos mais pensar sobre o ato de dirigir em si, mas, em vez disso, normalmente pensamos
sobre muitas outras coisas, das quais somente algumas possivelmente terão a ver com dirigir. Isso
acontece porque o ato de dirigir se tornou automático.

A automaticidade é importante para a leitura. Ela permite que pensemos sobre o que estamos lendo,
em vez de ficarmos apenas decodificando os símbolos. Na escrita, ela nos permite expressar os nossos
pensamentos sem termos de pensar de forma consciente sobre a ortografia ou como formar as letras.

Se o cerebelo não está funcionando de forma eficaz, como, de acordo com essa teoria, acontece com
indivíduos disléxicos, ele precisa trabalhar muito na decodificação de sons e símbolos e não
consegue adquirir as habilidades de linguagem simplesmente falando e ouvindo. Sendo assim,
tarefas baseadas na linguagem se tornam árduas e cansativas.

Exames do cérebro mostraram que o cerebelo não ativa tanto ou da mesma forma em cérebros de
indivíduos disléxicos, em comparação com cérebrod de indivíduos não disléxicos.

Possíveis aptidões
A palavra “dislexia” se refere a uma dificuldade com palavras, mas, frequentemente as
diferenças na estrutura do cérebro que causam essas dificuldades também podem levar a
um desempenho melhor em outras áreas.

Indivíduos com dislexia, frequentemente demonstram habilidades que incluem:

Inteligência visual

Habilidades práticas e de resolução de problemas

Capacidade de ver o todo e resolver problemas

Boa percepção viso-espacial

Criatividade

Altos níveis de motivação e persistência

Boas habilidades de comunicação verbal

Frequentemente essas áreas de aptidões são negligenciadas e não utilizadas de forma eficaz. É
muito importante lembrar que essas habilidades e potenciais podem existir e que, enquanto um indivíduo
pode ter dificuldades em algumas áreas, às dificuldades que ele experiencia não são a soma total do que
o define como pessoa. É essencial, que o indivíduo seja apoiado de forma holística (isto é: que o foco
seja distribuído da mesma forma entre o desenvolvimento de seus pontos fortes e o apoio às suas
fraquezas).

Pense em 4 pessoas famosas que são disléxicas (pesquise-as na internet se você não tem
certeza).

Você pode sugerir 5 pontos fortes que as levou a ser bem-sucedidas?


Resumo e Referências
Resumindo, há várias teorias em torno do que causa o padrão de habilidades e dificuldades vividas por
indivíduos disléxicos. O consenso comum indica que provavelmente todas essas teorias têm mérito e que,
de fato, o cérebro é um órgão complexo sobre o qual nós continuamos a aprender. Além das três teorias
apresentadas neste curso, há outras teorias que, apesar de serem menos populares, também tentam
explicar a dislexia.

O que sabemos é que, de acordo com evidências científicas, o cérebro disléxico trabalha de uma forma
diferente de um cérebro não disléxico, especialmente quando exerce tarefas relacionadas à linguagem,
leitura e escrita

Entretanto, nas últimas duas décadas, a teoria fonológica e da linguagem tem sido a explicação
dominante sobre a causa da dislexia. Apesar dessa teoria ser muito popular entre os atuais
pesquisadores da dislexia, há críticos que apontam que ela não explica alguns sintomas não relacionados
às dificuldades fonológicas que também são comuns na dislexia, como as dificuldades na memória de
trabalho e no processamento de informação. Tais críticos geralmente não descartam a teoria que a
dislexia está enraizada nos sistemas cerebrais responsáveis pelo processamento fonológico, eles apenas
argumentam que esta não é a única explicação para ela.

Um ponto importante a ser lembrado aqui é que o que pode parecer fácil e simples para uma pessoa
pode ser muito difícil para outra, simplesmente porque ela processa as informações de forma diferente.
Isso pode levar a bastante frustração tanto para os indivíduos disléxicos quanto para aqueles que estão
lhe dando apoio. O funcionamento do cérebro disléxico não é necessariamente melhor ou pior, é apenas
diferente.

Se você estiver interessado em saber mais sobre como a composição fisiológica do cérebro afeta
o seu funcionamento, sugerimos as seguintes leituras como ponto de partida:

Teorias Fonológicas e de Linguagem:

Nomes importantes para essa teoria incluem:

 Sally & Bennett Shaywitz


 M. Bruck
 Rebecca Treiman
 Elise Temple

Trabalhos específicos que foram usadas como referências nesta seção são:

 Shaywitz B.A .et al. (2002) “Disruption of posterior brain systems for reading in
children with developmental dyslexia”. Biol Psychiatry.
 Bruck, M. and R. Treiman (1990) “Phonological awareness and spelling in normal
children and dyslexics: The case of initial consonant clusters”. J. Exp. Child
Psychol., 50: 156-178.
 Shaywitz, S. E. (2003) “Overcoming Dyslexia”. Random House Inc., NY.
 Temple E. et al. (2000) “Disruption of the neural response to rapid acoustic stimuli
in dyslexia: evidence from functional MRI”. Proc Natl Acad Sci USA

Teorias Magnocelulares:

Nomes importantes para essa teoria incluem:

 John Stein
 Anna Pitt

Trabalhos específicos que foram usadas como referências nesta seção são:

 Stein J. (2001) “The magnocellular theory of developmental dyslexia”. Dyslexia, 7,


12 - 36

Teorias de Cerebelo:

Nomes importantes para essa teoria incluem:

 Rod Nicolson
 Angela Fawcett
 T. R. Miles

Trabalhos específicos que foram usadas como referências nesta seção são:

 Miles, T.R. and Miles, E. (1990) “Dyslexia: A Hundred Years On”. Milton Keynes:
Open University Press.
 R. I. Nicolson & A. J. Fawcett (1990), “Automaticity: A new framework for dyslexia
research?”. Cognition, 35 (2):159-182

Questões fonológicas
A consciência fonológica é a capacidade de detectar e manipular sons em palavras.

O desenvolvimento da consciência fonológica está intimamente ligado ao desenvolvimento da linguagem.


Os seres humanos são projetados para se comunicar por meio da linguagem oral e o processamento
fonológico necessário para falar e ouvir ocorre de forma subconsciente.

A linguagem escrita é a tradução de sons da fala (linguagem oral) para a representação concreta
(escrita) deles. Essa é uma atividade consciente que deve ser aprendida.

Codificação e decodificação
A importância da consciência fonológica na alfabetização é frequentemente explicada pelo o seu papel no
processo de codificação e decodificação.

Na leitura, a decodificação se refere ao processo de relacionar a representação das palavras


escritas às suas representações verbais. Principalmente nas fases iniciais da leitura, a decodificação
envolve transformar as letras de uma palavra escrita em seus sons correspondentes, e, em seguida,
juntar esses sons para formar a palavra falada.

Palavra escrita
Casa
Letras escritas
C-a-s-a
Sons falados
K-a-z-a
Palavra falada
Casa
Codificação é um processo usado na escita. É parecido com decodificação, mas, neste caso, o
processo acontece em direção oposta. Desta vez, você começa com a palavra falada e a traduz
para sua forma escrita. Mais uma vez, especialmente nas fases iniciais da leitura, a codificação
envolve determinar os sons em uma palavra e, em seguida, transformar esses sons em uma
sequência de letras a fim de escrever a palavra.

Palavra falada
Casa
Sons falados
K-a-z-a
Letras escritas
C-a-s-a
Palavra escrita
Casa

A consciência fonológica é necessária para a codificação e a decodificação porque o indivíduo precisa


reconhecer os sons das palavras para poder relacioná-los aos sons das letras.

Decodificação e codificação: dificuldades associadas


No caso da dislexia, em razão das diferenças no cérebro identificadas no Módulo 2, um indivíduo poderá
ter muitas dificuldades ao desempenhar as seguintes atividades:

 Identificar, segmentar e sequenciar os sons em uma palavra escrita (decodificação);


 Discriminar os sons das palavras e então lembrar a quais símbolos (letras) eles correspondem
(codificação).

A relação entre as habilidades fonológicas e as


habilidades de leitura
A consciência fonológica é muitas vezes utilizada com crianças como um indicador das habilidades
iniciais de leitura. Estudos como aqueles conduzidos por Bryant & Bradley (1980) indicam que aqueles
alunos com fortes habilidades fonológicas adquirem habilidades de leitura de forma mais eficaz do que
aqueles que têm habilidades fonológicas mais fracas.

O que isso significa na prática?


Pessoas com habilidades fonológicas mais fracas vão apresentar dificuldades para aprender a decodificar
e codificar (ler e escrever).

Não é surpreendente, portanto, que um indivíduo disléxico pode parecer bem articulado em um nível
verbal (aprendido de forma subconsciente), porém pode não conseguir traduzir essa habilidade forma de
leitura ou escrita (aprendida de forma consciente).

Ou seja, o aluno leva muito mais tempo para fazer conexões entre sons e símbolos e essas conexões são
facilmente esquecidas, ou é necessário fazer muito esforço para lembrá-las. Ao direcionar grande esforço
à mecânica do processo (decofidicação e codificação) a compreensão se perde na leitura e a expressão
se perde na escrita.

Além disso, o indivíduo não percebe as semelhanças entre palavras ou a regularidade da língua, já que
cada símbolo tem que ser decodificado como uma entidade única.

Como as palavras são “armazenadas”


Além das dificuldades de processamento, indivíduos disléxicos têm um “sistema
diferente de arquivamento” para palavras em comparação com aqueles sem dislexia.

 Uma pessoa não disléxica arquiva as palavras usando um sistema baseado em


sons (fonológico) que reconhece as semelhanças dos sons em palavras.
 Um indivíduo disléxico arquiva as palavras como coisas inteiras relacionadas ao
seu significado ou à sua imagem.

Exemplo

Um indivíduo não disléxico pode ler ou soletrar a palavra “cão”, ele pode usar a
analogia dos sons dessa palavra para ler ou soletrar as palavras “pão”, “chão” etc. Essas
conexões fonológicas podem ser aplicadas para ajudar a acelerar o aprendizado da
leitura e da ortografia.

Um indivíduo que usa um “sistema de arquivamento” diferente, que envolve significados e/ou imagens, vê
pouca semelhança entre essas palavras. Por exemplo, “pão” é algo que você come e pode usar para
fazer torrada para o café da manhã, enquanto “cão” é um animal que late.

Como é possível fazer uma conexão entre a ortografia dessas duas palavras utilizando apenas as suas
imagens e significados? Não é uma tarefa fácil!

A atitude do aluno
Para um indivíduo que tem dislexia, aprender a ler e escrever requer muito esforço, pois cada nova
palavra é vista como um novo item a ser aprendido, que não aparenta ter relação com outras palavras já
aprendidas.

Tal situação resulta em rápida exaustão e desânimo do aluno, já que aprender toda e qualquer palavra
individualmente é uma tarefa praticamente impossível.

O Instituto ABCD recomenda a alfabetização estruturada, que foque em habilidades específicas que o
aluno precisa adquirir e/ou fortalecer. Crianças com dislexia se beneficiam do ensino explícito, direto,
individualizado, multissensorial, sequencial e preventivo.

Compreensão e expressão
Para ler e escrever um indivíduo disléxico tem que se esforçar muito para decodificar e codificar sons e
palavras. Ele precisa focar em traduzir palavras escritas para palavras faladas (ou vice-versa), em vez de
focar no curso ou significado do texto.

Tal situação pode, por sua vez, criar mais dificuldades, por exemplo:

Na leitura
Grande parte da compreensão é perdida, tornando a tarefa sem sentido já que não há nenhuma
recompensa intrínseca, ou seja, descobrir algo, divertir-se com uma história etc.

Na escrita
Grande parte da expressão do texto poderá ser perdida. Isso pode levar outra pessoa a ter dificuldade em
entender o texto ou a uma má interpretação do que foi escrito.
Sutileza
Grande parte da sutileza da linguagem também poderá ser perdida, como humor, tom e entonação.
Linguagem
A linguagem pode ser compreendida apenas em seu nível literal.

Concentração
Ruído de fundo pode causar perda de concentração se distrair o cérebro das atividades de codificação e
decodificação.

É, portanto, provável que um indivíduo disléxico leve mais tempo para aprender a ler e a soletrar.
Entender o contexto e prever o que vai acontecer na história pode ser uma ferramenta útil para leitores
disléxicos.

Ouvidos, audição e fonologia


Vale a pena notar a importância de investigar outras possíveis causas que podem fazer com que um
indivíduo tenha dificuldade em ouvir e diferenciar sons.

Quando possível, a audição deve ser avaliada antes de determinar um motivo para dificuldade de leitura.

Evidentemente, se um indivíduo não consegue ouvir adequadamente por causa de uma deficiência
auditiva, é provável que ele terá problemas em discriminar sons de forma suficientemente precisa para
desenvolver boas ligações entre sons/símbolos.

Dificuldades de memória
Dificuldades de memória também são uma característica comum da dislexia. Em termos
simples, a nossa memória é feita de várias partes:

Memória Memória Memória


de curto de de longo
prazo trabalho prazo
(ou

O que é a memória de curto prazo?


A memória de curto prazo tem uma capacidade limitada. Alguns estudos parecem identificar que, a
capacidade de memória de curto prazo de indivíduos disléxicos é menor que de indivíduos não disléxicos.

Um indivíduo disléxico pode ter dificuldades em lembrar mais que “3 pedaços de informação”, enquanto
uma pessoa não disléxica pode lembrar em média entre “5-9 pedaços de informação”.

Disléxico
Não- disléxico
O que é a memória de trabalho?
O trabalho de Baddeley e Hitch (1974) identifica um modelo de memória um pouco diferente, denominado
por eles de memória de trabalho.

Eles sugerem que a memória de trabalho é um tipo de memória de curto prazo. Porém, em vez de todo
o input de informação ir ao mesmo local, a informação de diferentes inputs sensoriais (visão, audição,
etc.) é dividida em áreas diferentes da memória de curto prazo de acordo com o seu tipo.

Baddeley e Hitch (1974) dizem que a memória de trabalho inclui 3 componentes:

Executivo central:
Controla o funcionamento geral da memória de trabalho. Esta é a parte que filtra, prioriza e categoriza a
informação recebida dos inputs sensoriais.
Área de armazenamento visuoespacial (olho interno):
Sistema que processa e armazena imagens mentais.
Alça fonológica:
É a parte da memória de trabalho que lida com o material falado. Ela tem duas partes:

 Sistema de controle articulatório (voz interna)


 Armazenamento fonológico (ouvido interno).

A ilustração a seguir fornece uma representação visual de como esses


componentes estão relacionados:

Executivo Central

esboço interface
visuoespaci episódica
al
Alça Fonológica

Memória de longo prazo

Se o executivo central não está funcionando de forma eficaz, isso pode significar que o indivíduo tem
dificuldades com todos ou alguns dos itens a seguir:

 Filtrar informação que não é necessária;


 Descobrir o que precisa ser feito primeiro;
 Dar ordem de importância à uma série de ilustrações (priorizar).

Como consequência, o indivíduo pode armazenar informações em um local inadequado em sua memória,
onde não é possível acessá-las com facilidade.

Outra possibilidade é que a memória específica pode ser categorizada de uma forma diferente ao
habitual, por exemplo, pela imagem, contexto, local, etc. Isso significa que a memória então só poderá ser
recuperada quando o indivíduo estiver no mesmo local / ver mesma imagem / vivenciar um contexto
similar.

Isso pode explicar por que, às vezes, indivíduos que aprenderam algo em determinado contexto não
conseguem transferir esse aprendizado para outro contexto. Basicamente, a memória foi associada ao
contexto específico e só se torna acessível em determinadas circunstâncias.

Um exemplo típico disso é o aluno que aprendeu a ortografia correta das palavras para um teste de
ortografia, mas não consegue depois transferir essa ortografia para outro trabalho escrito.

Problemas práticos com a memória de trabalho


Em indivíduos com dislexia, as dificuldades de memória não estão apenas limitadas à alfabetização, mas
também aparecem em outras áreas da vida, como:

 atividades de sequenciamento;
 lembrar de compromissos e do que precisa ser feito;
 lembrar e organizar pertences pessoais;
 lembrar o que foi pedido.

Na prática, ser uma pessoa esquecida na escola, em casa ou no trabalho pode levar a muita
frustração para o indivíduo e para aqueles ao seu redor.

Em alguns casos, as consequências de se esquecer podem ser severas, levando a castigos e


punições. É importante lembrar que o indivíduo não se esquece de propósito. Muitas vezes, a
realidade é que a informação nunca foi processada. Ela nunca chegou a fazer parte da memória de
curto prazo, porque a capacidade máxima da memória de curto prazo tinha sido atingida, então é
como se a informação nunca tivesse existido.

Por sua vez, isso pode levar a possíveis disputas e discussões que normalmente
começam com “Eu lhe disse para fazer...” seguido de uma resposta do tipo “Você
nunca me disse para...” . Há um potencial infinito para essa situação se deteriorar e
se tornar um círculo vicioso de acusações e negações.

Mesmo quando a informação foi armazenada na memória ela pode não estar
acessível e fácil de ser recuperada. O resultado é que um indivíduo disléxico pode
precisar de ajuda para desenvolver apoios concretos para desenvolver um sistema
de backup para compensar sua memória mais fraca.

RESUMINDO

A memória é algo necessário na vida cotidiana. Devido a isso, fraquezas na memória de curto
prazo e/ou na memória de trabalho impactam todas as tarefas do dia a dia, e não somente o
aprendizado do indivíduo.
Atividade Reflexiva
Pense em alguma situação quando você se esqueceu de fazer algo importante.

Quais foram as consequências para:

 Você?
 Outros ao seu redor:

Como você se sentiu?

Automaticidade
Pense em todas as habilidades importantes que precisamos utilizar para aprender em um
ambiente formal, por exemplo

 Ler;
 Compreender;
 Ouvir a professora;
 Tomar nota, etc.
 Todas elas requerem um grande número de habilidades de processamento que precisam ocorrer
simultaneamente.

 No caso de um indivíduo disléxico, essas habilidades não funcionam de forma automática, por
isso exigem muita concentração, o que pode levar a uma sobrecarga.

Isso é frequentemente visto, por exemplo, quando um aluno precisa produzir um texto criativo. Enquanto
a parte criativa do trabalho pode ser extremamente boa, frequentemente isso pode vir às custas de outros
aspectos, como ortografia, legibilidade, pontuação, etc. O oposto também pode acontecer – se um aluno
está focado na estrutura do texto e na ortografia das palavras, o conteúdo escrito pode faltar criatividade.

A prática leva à perfeição


Como consequência dessas dificuldades, o indivíduo disléxico frequentemente precisa de muito mais
prática em atividades relacionadas à leitura para que elas se tornem automáticas. Até em tarefas mais
básicas, como estabelecer relações entre sons e letras, alunos disléxicos podem precisar de muito mais
prática e repetição do que alunos não disléxicos.

A abordagem chave aqui é ensinar em pequenos passos, um ensinamento após o


outro, assegurando-se que cada passo seja cuidadosamente aprendido, praticado, sedimentado e
facilmente recuperado antes de adicionar a próxima peça a ser aprendida. Quando um novo material é
apresentado, ele deve ser vinculado ao conhecimento já adquirido para que o “sistema de arquivamento”
do indivíduo possa trabalhar de forma eficiente.

É comum que pessoas que dão apoio a indivíduos disléxicos se desanimem, pois o
progresso pode parecer muito lento. Como resultado, elas podem sentir que o apoio que
estão dando não é eficaz. Contudo, este não é o caso; o indivíduo disléxico precisa
realmente passar muito mais tempo praticando e repetindo o que aprendeu, mas ele pode
alcançar bons resultados.

Mesmo com tarefas não relacionadas à leitura, um indivíduo pode levar mais tempo
para se tornar proficiente, especialmente se a tarefa requer a realização de muitas
atividades em sequência, ou seja, coisas que precisam ser feitas em determinada ordem.
Mais uma vez, o caminho é a prática e a repetição,.
Isso explica por que muitos programas que buscam dar apoio a pessoas com dislexia são
chamados de “estruturados e cumulativos”.

ATIVIDADE REFLEXIVA
Pense em três atividades que requerem automaticidade (como dirigir um carro etc.).

Qual seria o efeito se uma pessoa não conseguisse chegar à automaticidade naquela área ou levasse
muito tempo para isso?

Velocidade de processamento
O termo “velocidade lenta de processamento” pode dar a falsa impressão de que o cérebro de um
indivíduo disléxico trabalha em um ritmo mais lento do que o cérebro de um indivíduo não disléxico. Isso
pode trazer uma série de conotações negativas.

O que esse termo realmente significa é que o cérebro disléxico leva mais tempo para armazenar e
recuperar informações porque ele não segue uma rota de processamento direta ou linear.

Isso pode ser comparado a tomar a rota mais bonita para chegar a um destino, por exemplo, indo por
uma estrada de terra em vez da autoestrada. A autoestrada é a rota mais direta, e leva o viajante de A a
B em menos tempo. Isso é semelhante à forma como trabalha o cérebro não disléxico: ele usará a rota
mais rápida para recuperar a informação necessária.

A rota mais bonita pode dar mais voltas, e o viajante poderá encontrar muitas coisas novas e inesperadas
no caminho, então ela inevitavelmente levará mais tempo. Isso é semelhante a como um cérebro disléxico
recupera informações, já que, em razão das diferenças de como a sua memória de trabalho funciona, ela
poderá ter sido arquivada via uma rota menos óbvia.

Em situações da vida real, isso pode significar que, quando indivíduos disléxicos têm de responder a uma
pergunta, eles podem levar mais tempo para encontrar a informação e responder, apesar de saberem a
resposta. Enquanto isso, quem fez a pergunta pode assumir, incorretamente, que o indivíduo não sabe a
resposta ou que ele não está prestando atenção.

Em exames ou testes, em que normalmente há um tempo limitado, isso pode ser um problema. É por isso
que alguns indivíduos disléxicos devem receber tempo extra em avaliações; não necessariamente para
que possam checar as suas respostas ao fim da prova, mas para que tenham o tempo necessário para
processar e recuperar informações.

Dentro de um ambiente de aprendizagem, esse ritmo mais lento de processamento


pode significar que o professor já avançou para o próximo assunto antes que o aluno disléxico
tenha processado o primeiro assunto.

Nessa situação, o aluno acaba assimilando pedaços de informações, o que pode levar
a ainda mais confusão e aumentando as dificuldades já presentes em sua memória de trabalho.

Em uma avaliação diagnóstica, muitas atividades são cronometradas. Muitas vezes as dificuldades de
indivíduos disléxicos muito competentes são escondidas pelas suas altas habilidades cognitivas (QI).
Mas uma velocidade de processamento mais baixa geralmente ainda fica em evidência, aparecendo em
atividades cronometradas.

Resumindo, todas as diferenças vividas por um indivíduo disléxico podem, na prática,


levá-lo a trabalhar muito mais do que seus colegas não disléxicos. Isso pode levar à
fadiga, ao estresse e à falta de confiança.
Isso acontece especialmente em um ambiente que não acomoda seus sistemas diferentes
de processamento prioriza a memória e o pensamento linear, e só avalia a
aprendizagem por meio das atividades de leitura e escrita.

4º Módulo

Quando a dislexia pode ser identificada?


É improvável que um diagnóstico de dislexia seja dado a uma criança com menos de sete anos.
Apesar de existirem muitas crianças disléxicas que apresentam sinais claros de dificuldades antes
dessa idade, frequentemente há muitas diferenças desenvolvimentais e falta de evidências fortes
para que seja fechado um diagnóstico formal e confiável antes dessa idade.

Isso não significa, porém, que uma criança nova não se beneficiaria de uma avaliação para
identificar o seu perfil individual de aptidões e dificuldades. Ao fazer isso, um programa de
intervenção e apoio pode ser implementado o quanto antes, a fim de evitar que a criança fique
atrás dos seus colegas durante os primeiros anos da alfabetização.

Evidência para a implementação de apoio precoce


IMPORTANTE!
Evidências a favor de intervenção a indivíduos disléxicos apontam que o quanto antes o
apoio é implementado, mais eficaz ele provavelmente será.

A importância da identificação, avaliação e intervenção precoce para qualquer criança


que pode ter necessidades educacionais especiais precisa ser enfatizada. O quanto
antes ações forem tomadas, melhor será a resposta da criança e mais facilmente a
intervenção será feita sem causar tanta interrupção na escola. A avaliação não deve ser
vista como um evento único, mas um processo contínuo.
O código de conduta para necessidades educacionais especiais (2001) - Reino Unido

“A identificação precoce de crianças com necessidades de apoio é essencial para


garantir que elas tenham sucesso, e permite que os pais e profissionais envolvidos
colocarem em prática a abordagem correta rapidamente…”

(SEND Green Paper: 2012)

Após o “UK Government’s Early Identification Review” de Graham Allen – concluiu-se que a
identificação precoce era essencial para responder às suas necessidades de crianças e suas
famílias.

Os princípios da identificação
O objetivo principal de qualquer processo de identificação é direcionar o processo de
acompanhamento terapêutico e pedagógico para que esse possa ser o mais eficaz possível, baseado
no perfil único do indivíduo e considerando as suas aptidões e dificuldades. O processo de identificação é
somente o meio de chegar ao resultado e, portanto, nunca deve ser visto como o final em si. Em vez
disso, deve ser usado como o início de uma intervenção personalizada e individualizada.
A maioria dos métodos de identificação busca encontrar um padrão de dificuldades consistente com
aqueles associados à dislexia. Estes métodos podem incluir testes ou tarefas associadas a
questões, como:

Dificuldade de
Leitura Dificuldades de Dificuldades de
memória processamento
fonológico

O propósito desses testes é construir um perfil do padrão de desempenho do


indivíduo baseado em uma série de tarefas. Uma vez desenvolvido, esse perfil é então
examinado e interpretado.

Utilizando perfis de desempenho na identificação


da dislexia

Na maioria dos casos, um indivíduo não disléxico apresenta um perfil de desempenho relativamente
consistente ao longo de uma série de tarefas.

No caso de um indivíduo disléxico, espera-se um perfil inconsistente. Em outras palavras, a expectativa


é que, em tarefas relacionadas à leitura, ao processamento fonológico, à memória, entre outras, um
indivíduo disléxico apresentaria um desempenho significativamente pior do que o esperado, quando
comparados a indivíduos não disléxicos da mesma idade, que foram expostos a oportunidades de
aprendizado semelhantes. Trata-se de um perfil inconsistente de desempenho que é inesperado
quando considera-se a inteligência geral do indivíduo e o seu desempenho em outras atividades.
Qualquer processo de avaliação pode ser estressante para os indivíduos envolvidos, já
que várias das tarefas que eles terão que completar serão muito desafiadoras caso eles
realmente sejam disléxicos.

Há, é claro, diferentes graus de dislexia, normalmente descritas como leve, moderada e severa. O grau
da dislexia é normalmente categorizado baseado na severidade das dificuldades sentidas pelo indivíduo
em cada uma das áreas testadas comparadas com o seu nível de habilidade inata.

Pense em uma ocasião quando o seu desempenho foi avaliado (por exemplo, um exame de direção, um
teste de música etc.). e você sentiu antes, durante e depois da avaliação?

 A avaliação foi estressante? Caso tenha sido, por quê? Como isso afetou o seu desempenho?

Como seria poss Métodos de identificação

Pense em uma ocasião quando o seu desempenho foi avaliado (por exemplo, um exame de direção, um
teste de música etc.). Há vários métodos que podem ser utilizados para ajudar a identificar a dislexia,
cada um tem suas vantagens e desvantagens.

Como mencionando anteriormente, o objetivo da identificação da dislexia é o direcionamento do processo


de acompanhamento terapêutico e pedagógico. O foco deve sempre ser os próximos passos para ajudar
o indivíduo a aprender e avançar, e não “rotulá-lo”.

 O que você sentiu s


, durante e depois da avaliação? Comentário iABCD: Avaliação no Brasil

No Brasil, a avaliação geralmente é feita por uma equipe multidisciplinar, composta por
diferentes profissionais. A composição dessa equipe pode variar dependendo dos
sintomas apresentados e do centro onde a avaliação acontece.

Com o objetivo de ilustrar como o diagnóstico é feito em outros países, usaremos o


exemplo do Reino Unido. A seguir, usaremos alguns métodos de identificação que
acontecem lá.

Checklist
Normalmente é uma lista de perguntas que pode identificar um padrão de
comportamento ou dificuldades com base nas respostas fornecidas. Enquanto
as checklists podem ser um tanto quanto subjetivos, eles fornecem um primeiro passo
importante para a identificação da dislexia.


 Checklists dão a oportunidade para o padrão de desempenho do indivíduo ser avaliado frente ao
critério que seriam as “características esperadas” para um indivíduo disléxico.
Qualquer checklist utilizado deve ser apropriado para a idadedo indivíduo. Estes checklists
podem fornecer uma estrutura bastante útil para uma discussão ou entrevista.

A vantagem dos checklists é que eles podem ser usados como um passo informal e de
baixo custo para a identificação da dislexia. Eles dependem, porém, de respostas
honestas do indivíduo e da habilidade do indivíduo que está administrando
o checklist para interpretar as respostas de forma precisa e justa.

A avalia Triagem
A triagem para a dislexia envolve uma ferramenta de sondagem disponível para compra (em inglês) no
Reino Unido, que pode ser administrada por pessoas não especialistas. Entretanto, algum tipo
treinamento e em bom nível de conhecimento é aconselhável para que a triagem seja eficaz, pois o
resultado dependerá da habilidade de interpretação do administrador.

Uma ferramenta de triagem não diagnosticará a dislexia, mas poderá indicar se o indivíduo apresenta
risco de dislexia e traçar um perfil de aptidões e dificuldades. A triagem é um método de baixo custo que
pode ajudar na identificação da dislexia.

A maioria das ferramentas de triagem pedirá para o indivíduo completar uma série de atividades. Algumas
dessas atividades serão relacionadas às dificuldades esperadas, enquanto outras não serão
relacionadas às dificuldades esperadas e servirão agirão como “controle”

Avaliação especialista
Uma avaliação especialista é feita por uma pessoa qualificada como professor
especialista no Reino Unido.

Um professor especialista avaliará o indivíduo utilizando uma série de recursos e ferramentas de


avaliação e buscará construir um perfil para ele. Após a avaliação, ele compilará um relatório com
informações detalhadas sobre os resultados e recomendações de abordagens, próximos passos,
programas de apoio, entre outros.

Avaliação de um psicólogo educacional


Um psicólogo educacional faz uma série de testes. Frequentemente, eles são testes “fechados” (ou
seja, só estão disponíveis para psicólogos educacionais, já que requerem um nível mais alto
de expertise na sua administração), que devem providenciar resultados mais detalhados e precisos.

No Reino Unido, há algumas circunstâncias em que um professor especialista não poderá fazer a
avaliação de dislexia, e então ela terá que ser feita por um psicólogo. Isso acontece, por exemplo,
quando um indivíduo apresenta sinais de TDAH ou de outro Transtorno Específico de Aprendizagem.

A avaliação feita por um psicólogo educacional inclui uma série de testes. Frequentemente, esses testes
são “fechados” e só estão disponíveis para psicólogos educacionais.

Informações sobre a avaliação do Psicólogo Educacional:

Avaliação baseada no trabalho


Esse tipo de avaliação busca identificar as necessidades de um indivíduo disléxico em seu trabalho.

Esse tipo de avaliação considera o ambiente de trabalho, as atividades praticadas e as dificuldades


identificadas. A partir disso, são feitas recomendações de ajuda e adaptações. Essas
recomendações são feitas em um relatório escrito.

IMPORTANTE!

É importante que a pessoa que está fazendo essas avaliações tenha um ótimo conhecimento e
entendimento da dislexia em um contexto de trabalho, para que as recomendações feitas sejam
apropriadas ao indivíduo e ao seu ambiente específico.
Pense nos métodos de identificação de dislexia no Reino Unido descritos neste módulo. Avaliação
de um prof

eResumo
ssor eUma avaliação cuidadosa é o ponto de partida para garantir que a pessoa com dislexia tenha
acesso aos acompanhamentos e suportes adequados. Ela possibilita que o indivíduo e sua família
tenham um entendimento mais preciso sobre a natureza de suas dificuldades e habilidades, podendo
assim, buscar soluções apropriadas.

 555professor especialista;

55º Avaliação de um psicólogo educacional;

Avaliação baseada no trabalho.

Pense nos métodos de identificação de dislexia no Reino Unido descritos neste módulo.
Identifique uma vantagem e uma desvantagem para cada:

 Checklists;
 Ferramentas de triagem;
 Avaliação de um professor especialista;
 Avaliação de um psicólogo educacional;
 Avaliação baseada no trabalho.

 ção foi estressante? Caso tenha sido, por quê? Como isso afetou o seu desempenho?
 Como seria possível minimizar os sentimentos de estresse e ansiedade nessas situações?

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