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DISLEXIA
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Por que entender a dislexia?Pais e professores... Como ajudar?
1. O que é dislexia?
A definição mais utilizada, segundo a ABD é a de 1994 da International Dyslexia Association
(IDA): “Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico de
origem constitucional caracterizado por uma dificuldade na decodificação de palavras simples
que, como regra, mostra uma insuficiência no processamento fonológico. Essas dificuldades
não são esperadas com relação à idade e a outras dificuldades acadêmicas cognitivas; não são
um resultado de distúrbios de desenvolvimento geral nem sensorial. A dislexia se manifesta por
várias dificuldades em diferentes formas de linguagem freqüentemente incluindo, além das
dificuldades com leitura, uma dificuldade de escrita e soletração.”
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Em 2003, o Annals of Dyslexia, elaborado pela IDA, propôs uma nova definição: “Dislexia é uma
dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com a
fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas
dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é
inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária.” Tal
definição contou com a participação de vários profissionais, entre eles: Susan Brady, Hugh
Catts, Emerson Dickman, Guinenere Éden, Jack Fletcher, Jeffrey Gilger, Robin Moris, Harley
Tomey e Thomas Viall.
Fonseca (1995), coloca que a dislexia trata-se de uma desordem (dificuldade) manifestada na
aprendizagem da leitura, independentemente de instrução convencional, adequada inteligência
e oportunidade sócio-cultural. E, portanto, dependente de funções cognitivas, que são de origem
orgânica na maioria dos casos.
Condemarim (1986), expressa seu pensamento sobre dislexia dizendo que é um conjunto de
sintomas reveladores de uma disfunção parietal (o lobo do cérebro onde fica o centro nervoso
da escrita), geralmente hereditário, ou às vezes adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura
num contínuo que se estende do leve sintoma ao severo. É freqüentemente acompanhada de
transtorno na aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação.
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Conforme ressalta Myklebust (1987), a dislexia representa um déficit na capacidade de
simbolizar, começa a se definir a partir da necessidade que tem a criança de lidar
receptivamente ou expressivamente com a representação da realidade, ou antes, com a
simbolização da realidade, ou poderíamos também dizer, com a nomeação do mundo.
Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Dislexia (ABD), em média 40%
dos casos diagnosticados na faixa mais crítica, entre 10 a 12 anos, são de grau severo, 40%
são de grau moderado e 20% de grau leve.
Lima (2002), enfatiza que todo processo de aprendizagem está articulado com a história de
cada indivíduo, e o ser humano aprende mais facilmente quando o novo pode ser relacionado
com algum aspecto da sua experiência prévia, com o conhecimento anterior, com alguma
questão que o indivíduo se colocou, com imagens, palavras e fatos que estão em sua memória,
com vivências culturais.
Ao que parece, por trás desses problemas específicos de aprendizagem, existe sempre um
fator biológico, hereditário, isto é, há uma disposição natural de a mesma dificuldade ocorrer em
outros membros da família. Coll (1995), descreve isso dizendo que quando falamos de
problemas de linguagem, não podemos nos esquecer de buscar no ambiente social da criança
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todos os dados que nos permitam compreender melhor as dificuldades que esta apresenta.
Rotta (2006), as diferenças estruturais entre o cérebro das pessoas com dislexia e o das
pessoas sem dislexia concentram-se fundamentalmente no plano temporal. Além da simetria
incomum dos planos temporais, o cérebro de leitores disléxicos tem alterações na
citoarquitetura e alterações do cerebelo e suas vias. Isso ocorre provavelmente porque houve
algum tipo de agressão nos primeiros estágios do desenvolvimento. Finalmente, os neurônios
de tecido cerebral dos leitores disléxicos parecem ser menores que a média, pelo menos em
algumas áreas de cérebro (por exemplo, o tálamo). O tamanho menor dos neurônios talâmicos
pode muito bem estar ligado às anormalidades tanto do sistema visual quanto no sistema
auditivo de indivíduos com dislexia. O estudo de Galaburda e colaboradores, em 2001,
demonstrou experimentalmente que as alterações na citoarquitetura do córtex temporal e dos
tálamos determinam um processamento lento dos sons.
Dentro do quadro da dislexia devemos estar atentos ao histórico familiar para parentes
próximos que apresentem a mesma deficiência de linguagem. Também a aspectos pré, peri e
pós-natal se o parto foi difícil, se pode ter ocorrido algum problema de anoxia ( asfixia relativa),
prematuridade do feto (peso abaixo do normal), ou hipermaturidade ( nascimento passou da
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data prevista para o parto). Se a criança adquiriu alguma doença infecto-contagiosa, que tenha
produzido convulsões ou perda de consciência, se ocorreu algum atraso na aquisição da
linguagem ou perturbações na articulação da mesma, se houve um atraso para andar, e algum
problema de dominância lateral (uso retardado da mão esquerda ou direita), entre outros.
Dentro da etiologia da dislexia sempre deverão ser considerados dois aspectos, que podem
estar isolados ou relacionados, como também serem complementares: causas genéticas e
causas adquiridas. A etiologia pode ser dividida em : genética, adquirida e multifatorial ou mista.
2. Tipos de Dislexia:
A dislexia pode ser classificada de várias formas, de acordo com os critérios usados para
classificação.
Alguns autores classificam a dislexia tendo como base testes diagnósticos, fonoaudiológico,
pedagógicos e psicológicos.
2.3 Dislexia visual: deficiência na percepção visual; na coordenação visomotora (não visualiza
cognitivamente o fonema);
2.4 Dislexia auditiva: deficiência na percepção auditiva, na memória auditiva (não audiabiliza
cognitivamente o fonema).
Para Moojen apud Rotta (2006), é possível classificar a dislexia em três tipos:
2.2.1 Dislexia lexical (de superfície): as dificuldades residem na operação da rota lexical
(preservada ou relativamente preservada a rota fonológica), afetando fortemente a leitura de
palavras irregulares. Nesses casos, os disléxico lêem lentamente, vacilando e errando com
freqüência, pois ficam escravos da rota fonológica, que é morosa em seu funcionamento. Diante
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disso, os erros habituais são silabações, repetições e retificações, e , quando pressionados a
ler rapidamente, cometem substituições e lexicalizações; às vezes situam incorretamente o
acento prosódico das palavras.
2.3.1 Dislexia Mista: nesse caso, os disléxicos apresentam problemas para operar tanto com a
rota fonológica quanto com a lexical. São assim situações mais graves e exigem um esforço
ainda maior para atenuar o comprometimento das vias de acesso ao léxico.
3. A dislexia e a alfabetização:
Lima (2002), coloca que é função da escola ampliar a experiência humana, portanto a escola
não pode ser limitada ao que é significativo para o aluno, mas criar situações de ensino que
ampliem a experiência, aumentando os campos de significação.
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Por isso, o disléxico precisa olhar e ouvir atentamente, observar os movimentos da mão quando
escrever e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala. Desta maneira, a criança
disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos,
pois falar, ouvir, ler e escrever, são atividades da linguagem.
Fonseca (1995), retrata muito bem isso quando diz que uma coisa é a criança que não quer
aprender a ler, outra é a criança que não pode aprender a ler com os métodos pedagógicos
tradicionais. Não podemos assumir atitudes reducionistas que afirmam que a dislexia não
existe. De fato, a dislexia é muito mais do que uma dificuldade na leitura. A dislexia normalmente
não aparece isolada, ela surge integrada numa constelação de problemas que justificam uma
deficiente manipulação do comportamento simbólico que trata de uma aquisição exclusivamente
humana.
Muitos autores tem defendido o método fonético como o mais adequado na alfabetização de
disléxicos e não disléxicos. Os métodos fonéticos favorecem a aquisição e o desenvolvimento
da consciência fonológica que é a capacidade de perceber que o discurso espontâneo é uma
seqüência de sentenças e que estas são uma seqüência de palavras( consciência da palavra);
que as palavras são uma seqüência de sílabas (consciência silábica) e que as sílabas são uma
seqüência de fonemas (consciência fonêmica), o que auxiliaria muito nas dificuldades dos
alunos disléxicos.
Para auxiliar o aluno disléxico em suas dificuldades, a escola deve dar encorajamento,
atender e respeitar as capacidades e os limites da criança, estar informada, para
amparar a criança em sua dificuldade, manter o professor da classe familiarizado e
sensibilizado com a dislexia, para compreender e apoiar a criança, na sala de aula,
reconhecer a necessidade de ajuda extra e desenvolver um clima de paciência, para que
as crianças possam ter tempo suficiente para cumprir suas tarefas e, até mesmo, repeti-
las várias vezes para retê-las.
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É importante, também, conscientizar toda a comunidade escolar que estas “facilidades”
dadas aos disléxicos, na verdade, representam a única forma que este tem para
competir em igualdade de condições com seus colegas.
Para Ianhez (2002) estes são sinais importantes de dislexia na idade escolar:
O estudo da dislexia, em sala de aula, tem como ponto de partida a compreensão, das
quatro habilidades fundamentais da linguagem verbal: a leitura, a escrita, a fala e a
escuta. Destas, a leitura é a habilidade lingüística mais difícil e complexa, e a mais
diretamente relacionada com a dificuldade específica de acesso ao código escrito
denominada “dislexia”. (PINTO, 2003)
5. O papel do professor:
Os professores precisam estar atentos para esta realidade, e para as particularidades de seu
grupo. Suspeitando dos sintomas, deve sugerir um encaminhamento clínico para a criança e
após diagnosticado, o quadro, é necessário que ele se dedique muito ao aluno, em sala de aula,
e ao longo do tratamento, que envolve em partes iguais a escola, a família e profissionais da
saúde.
O papel do professor é dirigir um olhar flexível para cada aluno que tenha dificuldade, é
compreender a natureza dessas dificuldades, buscar um diagnóstico especializado,
uma orientação para melhorar o dia-a-dia da criança, e se instrumentalizar, pois há
muitos professores que lecionam e não sabem o que é dislexia.
Somos de opinião que o professor primário deve ele próprio construir os seus instrumentos de
diagnóstico pedagógico (diagnóstico informal) a fim de conduzir a sua atividade mais
coerentemente... é do maior interesse o uso de instrumentos que permitam detectar
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precocemente qualquer dificuldade de aprendizagem, pois só assim uma intervenção
psicopedagógica pode ser considerada socialmente útil, pois quanto mais tarde for identificada
a dificuldade, menos hipóteses haverá para solucionar corretamente. ( FONSECA, 1995)
O professor que deseja ajudar seus alunos, sabe que é necessário encaminhá-lo para
tratamento e colaborar nesse tratamento. Mas ele sabe também, que o atendimento gratuito é
sujeito a grande espera e que o nível econômico da maioria dos escolares, não permite
tratamento particular. Só através de um trabalho paciente e constante, poderá prestar a ajuda,
que a criança tanto necessita.
O ideal é trabalhar a autonomia da criança, para que ela não comece a sentir-se
dependente em tudo. O professor deve acolher e respeitá-lo, em suas diferenças, sem
cair no sentimento de pena.
É importante que o professor explique à criança o seu problema, sente ao lado dela, não
a pressione com o tempo, não estabeleça competições com os outros, que seja flexível
quanto ao conteúdo das lições, que faça críticas construtivas, estimule o aluno a
escrever em linhas alternadas (o que permite a leitura da caligrafia imprecisa), certifique-
se de que a tarefa de casa foi entendida pela criança, peça aos pais que releiam com ela
as instruções, evite anotar todos os erros na correção (dando mais importância ao
conteúdo), não corrija com lápis vermelho (isso fere a suscetibilidade da criança com
problemas de aprendizagem), e procure descobrir os interesses e leituras que prendam
a atenção da criança.
6. Sugestões e recursos:
Existem também alguns recursos e alternativas para que a criança consiga acompanhar
a turma, entre eles:
Fonte: http://www.profala.com/artdislexia18.htm
Disléxicos-Dicas/Materiais de Auxílio
Assim, algumas dicas que poderão ajudar o professor no contexto de sala de aula:
-Na sala de aula, posicionar o aluno disléxico perto do professor, para receber ajuda facilmente;
-Repetir as novas informações e verificar se foram compreendidas;
-Dar o tempo suficiente para o trabalho ser organizado e concluído;
-Ensinar métodos e práticas de estudo;
-Encorajar as práticas da sequência de ver/observar, depois tapar, depois escrever e depois
verificar, utilizando a memória;
-Ensinar as regras ortográficas;
-Incentivar o uso do computador como ferramenta de digitação de texto;
-Incentivar o uso do corretor ortográfico de um processamento de texto;
-Permitir a apresentação de trabalhos de forma criativa, variada e diferente: gráficos,
diagramas, processamento de texto, vídeo, áudio, etc;
-Criar e enfatizar rotina para ajudar o aluno disléxico adquirir um sentido de organização;
-Elogiar,de forma verdadeira, o que aluno disléxico fizer ou disser bem, dando-lhe a
oportunidade de “brilhar”;
-Incentivar a participação em trabalhos práticos;
-Nunca partir do pressuposto que o aluno disléxico é preguiçoso ou descuidado;
-Nunca fazer comparações com o resto da turma;
-Não pedir ao aluno disléxico para ler em voz alta na sala de aula;
-Não corrigir todos os seus erros (evitar o uso da cor vermelha, para não ser tão evidente os
seus erros);
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-Não insistir na reformulação, a menos que exista um propósito claro.
Quando se pretende criar algum tipo de material para disléxicos é importante ter em
atenção vários fatores que podem facilitar a compreensão dos conteúdos:
-Use um tipo de letra clara e direita, tipo verdana, no tamanho 12 ou superior, preferencialmente
num tom escuro;
-Use espaçamento de 1,5 ou 2;
-Opte pelo negrito em vez de itálico ou sublinhado;
-Use texto não justificado ou justificado à esquerda, os espaços brancos distraem o leitor
disléxico;
-Faça frases e parágrafos curtos e objetivos;
-Estruture o melhor que for possível: use títulos, listas com números ou bolas, esquemas;
-Comece sempre uma nova frase no início da linha e não no fim da frase anterior;
-Opte pelas colunas em vez de linhas compridas;
-Use um fundo claro, mas sem ser branco;
-Use e abuse de imagens ou gráficos, ajuda o disléxico a reter a informação;
-Não use abreviações e evite a hifenização;
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-Use caixas de texto, caneta marcador para evidenciar partes importantes.
Fonte: http://educaja.com.br
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