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Referências Bibliográficas:

o Ribeiro, A.B. e Baptista, A.I. (2006). Dislexia:


Compreensão, Avaliação e Estratégias. Coimbra,
Quarteto. (pp. 109-132)

o Teles, P. (2004). Dislexia: Como Identificar? Como


Intervir? Revista Portuguesa de Clínica Geral Vol 20, nº
5 (pp. 713-730)

COLÉGIO VALSASSINA

COLÉGIO VALSASSINA
Gabinete Psicopedagógico

e-mail:
gab.psicologia@cvalsassina.pt

Gabinete psicopedagógico
O que é a Dislexia? Qual a sua Origem?

A dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem. É É difícil identificar uma causa única para a dislexia. A
caracterizada por dificuldades na correcção e/ou fluência na teoria mais consensual para explicar a origem da dislexia é a
leitura de palavras e por baixa competência leitora e Teoria do Défice Fonológico, segundo a qual, a dislexia é
ortográfica. Esta perturbação manifesta-se igualmente em causada por um défice no sistema de processamento
dificuldades de distinção ou memorização de letras ou grupo fonológico (relativo à linguagem, à sua representação e
de letras e problemas de ordenação de ritmo e estruturação pronúncia correcta) motivado por uma disfunção no sistema
das frases. neurológico. Este défice dificulta a descodificação da
mensagem escrita, ou seja, a correspondência grafema-
A dislexia afecta: fonema (processamento dos sons da linguagem/palavra).

• O Desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos Sinais de Alerta


gerais;
A Dislexia pode detectar-se ainda antes
• A capacidade de discriminação perceptivo-visual;
da aprendizagem da leitura, para a qual será
• Os processos simbólicos relativos à leitura e escrita;
necessária uma intervenção precoce.
• A atenção;
Serão, em seguida, enunciados alguns sinais de
• A competência social.
alerta, consoante as idades.

Pode-se distinguir dislexia adquirida


No jardim-de-infância e Pré-Primária (dos 2 aos 5
(por traumatismo ou lesão cerebral) de
anos):
dislexia de desenvolvimento (desde a fase
• Dificuldade em memorizar os nomes das cores, das
inicial de aprendizagem não conseguem
pessoas, dos objectos;
soletrar ler ou escrever com facilidade).
• Linguagem “bebé” persistente;
• Palavras mal pronunciadas;
Esta dificuldade de aprendizagem ocorre apesar de o
• Dificuldade na aquisição de conceitos temporais básicos
ensino ser convencional, a inteligência adequada, e as
(ontem/hoje/amanha).
oportunidades socioculturais suficientes.
1º Ano de escolaridade A partir do 2º ano de escolaridade
• Dificuldade em associar as letras com os seus sons, como • Caligrafia irregular, imperfeita e por vezes ininteligível;
por exemplo dificuldade em associar a letra “efe” com o som • Os trabalhos de casa parecem não ter fim e os pais são
f; muitas vezes recrutados como leitores;
• Dificuldade em compreender que as palavras se podem • Dificuldade em terminar os testes no tempo previsto;
segmentar em sílabas e fonemas; • Discurso pouco fluente, com pausas e hesitações, com
• Oposição, lentidão e necessidade de apoio na realização recurso frequente a palavras imprecisas (ex.: a coisa, aquilo,
dos trabalhos na escola e em casa; aquela cena);
• História familiar de dificuldades de leitura e ortografia. • Baixa auto-estima evidenciando sinais de sofrimento, que
nem sempre são visíveis.

Jovens/Adultos
2º Ano de escolaridade • História pessoal de dificuldades na
• Progressos lentos na aprendizagem da leitura e da leitura e escrita;
ortografia; • Dificuldades em pronunciar
• Necessidade de recorrer à soletração quando tem que ler palavras pouco comuns, estranhas, ou
palavras desconhecidas e com fonemas e sílabas únicas, como nome de pessoas, de
semelhantes; ruas, de lugares;
• Inclinação para adivinhar palavras baseando-se no • Não reconhecer palavras que leu ou ouviu quando as lê
contexto, em vez de as descodificar; ou ouve no dia seguinte;
• Substituição de palavras por outras com sons, ou sentido, • A ortografia mantém-se desastrosa preferindo utilizar
semelhantes; palavras menos complexas e mais fáceis de escrever;
• Ausência de prazer na leitura recreativa. • Confusão de palavras com pronúncia semelhantes.
Reeducação Conselhos aos Pais
Sabemos que uma criança disléxica será um adulto O apoio dos pais, em colaboração com os professores,
disléxico, contudo a autonomização da criança é uma é fundamental! Ambos devem compreender e aceitar a
realidade e esta é a principal finalidade da Reeducação. natureza das dificuldades dos alunos disléxicos, facilitando o
Deste modo, o principal objectivo, para os intervenientes no desenvolvimento pessoal e educativo da criança.
processo de reeducação, consiste no fornecimento de
estratégias de compensação e promoção de adaptações É importante os pais:
curriculares, tendo em conta cada caso.
1º- convencerem-se de que podem constituir uma ajuda
Neste processo, a criança é o principal actor dando-se
preciosa para o seu filho;
ênfase a estratégias activas que permitirão a gestão das suas
2º- fornecerem informações relevantes, à escola e aos
próprias dificuldades (tornar a criança mais consciente das
técnicos que acompanham as crianças, que possam
suas áreas problemáticas e desenvolver capacidades de auto-
contribuir para o progresso do seu filho (interesses especiais,
correcção).
preocupações, problemas de saúde, problemas familiares,
Meios privilegiados para
entre outros);
reeducar o indivíduo disléxico,
fornecer-lhe instrumentos diversos 3º- proporcionarem um ambiente afectivo seguro e
= e alternativos na aquisição da
estimulador que apoie a aprendizagem.
linguagem.

- Encorajar:

• Assinale, valorize e elogie os progressos e êxitos do seu


filho, tanto no plano escolar como extra-escolar;
À família cabe, para além de percepcionar que certamente
• Ajude o seu filho a ter uma boa imagem de si próprio;
algo não está bem, segundo alguns dos índices atrás
• Incentive-o a ser positivo (evite comparações/ ameaças);
referidos, ser o suporte afectivo da criança disléxica. É muito
• Divida as tarefas em pequenas partes, assinalando o final
importante fomentar a auto-estima, providenciar apoio
da realização de cada uma delas como um êxito;
especializado e estar em interacção com a escola.
• Quando o seu filho disser “não sou bom em…”, diga-lhe o
quanto melhorou e o que ainda tem de fazer para melhorar.
- Motivar: confusão e ruído excessivo) e as suas regras de trabalho,
para que se torne mais autónomo;
• Ajude o seu filho a contextualizar uma actividade e a
• Ajude o seu filho a aprender através dos sentidos (sons,
definir metas. Certifique que ele sabe o que tem de aprender
gestos) de modo a estabelecer associações e assim
ou fazer para atingir cada meta;
aumentará radicalmente as suas probabilidades de êxito na
• Encoraje-o a pedir ajuda quando necessário;
aprendizagem e prazer pela escola;
• Incentive-o quando a sua motivação começar a diminuir.
• Para que a criança aprenda algumas palavras, não hesite
em soletrá-las no início, para a ajudar a decorar.
- Complementaridade com a Escola

• A sua intervenção junto do seu educando é determinante.


- Ler com a Criança
Não desvalorize o trabalho dos professores! Tente formar
• Procure reservar, diariamente
com eles uma equipa que luta pelo mesmo objectivo.
com o seu filho, uma hora certa
para a leitura;
- Dividir tarefas
• Ajude o seu educando, lendo o
• Divida tarefas pelos vários
início das frases e deixando-o ler o fim, ou então ler um
elementos da família, não sendo
parágrafo e convidá-lo a ler o próximo.
sempre o mesmo a ajudar a criança.
• Peça ao seu filho para ler uma frase em silêncio e depois
mostrar-lhe onde começa e acaba a frase. Depois da criança
- Fazer um apanhado do dia
ler, questione-a sobre o que compreendeu na frase e
• Mostre interesse pelo que a criança vive na escola;
convide-a a ler em voz alta.
• Tente fazer um apanhado do que o seu filho aprendeu
durante o dia na escola.
- Fazer pequenos Jogos

• Se o seu filho tem necessidade de saber explorar o


- Trabalhos na escola
sentido de um texto, tem também necessidade de memorizar
• Não sacrifique a criança com muitos
pequenas palavras, o que o ajudará a entrar mais facilmente
trabalhos de casa;
no texto. Para isto, jogue com ele, por exemplo, “a memória
• Deixe o seu filho escolher o seu
das palavras”, “o jogo dos sons”, “as palavras parecidas”,
ambiente, (evitando sempre locais de
entre outros.

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