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APRESENTAÇÃO

#CURRÍCULO LATTES#

Fabiane Fantacholi Guimarães

●Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias


(Universidade Pitágoras Unopar).
● Licenciatura e Bacharel em Pedagogia (CESUMAR).
● Especialista em Psicopedagogia Institucional (Faculdade Maringá) ●
Especialista em Educação Especial (Faculdade de Tecnologia América do Sul) ●
Especialista em EAD e as Novas Tecnologias Educacionais (UniCESUMAR). ●
Especialista em Docência no Ensino Superior (UniCESUMAR).
● Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV). ●
Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação
(UniFCV).
● Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE). ●
Professora de disciplinas de Pós-Graduação na área da Educação (UniFEV). ●
Coordenadora de cursos EAD de Pós-Graduação na área da Educação (UniFCV).
● Supervisora de Cursos EAD de Graduação na área da Educação (UniFCV). ●
Psicopedagoga do Núcleo de Atendimento Escolar (NEA).
● Experiência na Educação Básica há 9 anos.
● Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância) desde 2012 até os dias
atuais.

Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7315666246327967


Gabriela Gonçalves Matheus

 Especialista em psicopedagogia institucional e clínica (UEM).


 Especialista em avaliação neuropsicopedagógica (FOCO). 
Especialista em intervenção neuropsicopedagógica (FOCO). 
Pedagoga (UEM).
 Professora nos anos iniciais da educação básica.
 Psicopedagoga clínica.
 Tutora educacional. (UniFCV).
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA

Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães


Professora Especialista Gabriela Gonçalves Matheus

Olá, prezado(a) acadêmico(a)!


Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO I E II
(PENSAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO, OPERATÓRIO E FORMAL). Nesse sentido objetivo
geral desta disciplina é conhecer as provas piagetianas, as quais possibilitam avaliar as
condições, funcionamento e o desenvolvimento das funções lógicas da criança.
Esperamos que as ideias e discussões trazidas neste material didático possam
mobilizar reflexões e gerar outros debates, de maneira a oportunizar a apropriação de
conhecimentos sobre as práticas pedagógicas da formação do professor.
Para tanto, organizamos esta obra em quatro unidades que subsidiam a
discussão do Diagnóstico Operatório em diferentes contextos, bem como introdução,
conclusão e referências.

Na Unidade I, com o tema PROVAS OPERATÓRIAS, cujos conteúdos de


destaque são:
 Iniciando os estudos: Epistemologia genética; Estágios do desenvolvimento
cognitivo baseado em Piaget;
 Provas operatórias: Avaliação psicopedagógica e provas operatórias.

Na Unidade II, com o tema PROVAS: SERIAÇÃO E CONSERVAÇÃO I, cujos


conteúdos de destaque são:
 Prova de Seriação de palitos;
 Provas de conservação: superfície, pequenos conjuntos discretos e elementos,
comprimento e massa.
Na Unidade III, com o tema PROVAS: CONSERVAÇÃO II E CLASSIFICAÇÃO,
cujos conteúdos de destaque são:
 Provas de conservação: líquido, peso e volume;
 Provas de classificação: mudança de critério, inclusão de classes e interseção de
classes.

Na Unidade IV, com o tema PROVAS: ESPAÇO E DE PENSAMENTO FORMAL,


cujos conteúdos de destaque são:
 Provas de espaço: unidimensional, bidimensional e tridimensional;  Provas
operatórias do pensamento formal: combinação de fichas, permutação de fichas e
predição.

Por fim, lembre-se, caro(a) graduando(a), que o texto apresentado não irá
esgotar todas as possibilidades de pensar e refletir acerca das temáticas abordadas,
mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análises
realizadas acerca das temáticas propostas. Para tanto, cumpre destacar que ao final de
cada unidade, você encontrará uma conclusão do texto realizado, a fim de facilitar seus
estudos e compreensão.
Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura e não se
esqueça: esse é só seu primeiro passo no campo do DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO I E II)!
Faça outras viagens, teça outras teias e consolide seu conhecimento no campo da
formação humana.
Vamos aos estudos!
UNIDADE I
PROVAS OPERATÓRIAS
Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães
Professora Especialista Gabriela Gonçalves Matheus

Plano de Estudo:
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Iniciando os
estudos: Epistemologia genética; Estágios do desenvolvimento cognitivo baseado em
Piaget;
• Provas operatórias: Avaliação psicopedagógica e provas operatórias.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar a teoria do desenvolvimento de Jean Piaget; •
Compreender os tipos de provas operatórias e sua aplicabilidade; • Estabelecer a
importância da aplicação das provas operatórias em uma avaliação psicopedagógica.
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a)!

Seja bem-vindo(a) à Unidade I da disciplina de DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO I E II


(PENSAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO, OPERATÓRIO E FORMAL).
Nesta primeira unidade, intitulada “PROVAS OPERATÓRIAS” iniciaremos os
estudos contextualizando sobre Jean Piaget e sua teoria do desenvolvimento cognitivo,
denominada de epistemologia genética, passando pelos estágios do desenvolvimento
cognitivo propostos por ele, até chegar nas provas operatórias, com o objetivo de lhe
oferecer subsídios para uma avaliação psicopedagógica eficaz, visando não somente
fornecer à criança situações em que possam ser trabalhadas todas as noções, mas
também conceitos morais e sociais, autoconceito e desenvolvimento motor de forma
integrada para que o processo de equilibração ocorra concomitante.
Para tanto, utilizamos para o desenvolvimento desta unidade referências
bibliográficas específicas sobre o enfoque da temática abordada.

Excelente leitura!
1 INICIANDO OS ESTUDOS

1.1 Jean Piaget e a Epistemologia genética

Jean William Fritz Piaget (1896 - 1980) nasceu na Suíça, na cidade de Neuchâtel, em
1896. Jean Piaget era psicólogo, biólogo e epistemólogo e dedicou-se durante a vida a
estudar como as crianças aprendem, como constroem o raciocínio lógico, e como
podemos desenvolver nossa inteligência. Piaget era construtivista, para ele o
conhecimento se realiza através de construções contínuas e renovadas por uma
interação com o real, ou seja, o conhecimento se constrói pela relação/interação com o
outro. (PIAGET, 2021)
Desde muito cedo demonstrou interesse pela observação da natureza e
interessou-se pelas questões epistemológicas desde a adolescência. Piaget criou e
definiu sua teoria do desenvolvimento como, o estudo da passagem dos estados
inferiores do conhecimento para os estados mais complexos. Piaget afirma que o
desenvolvimento, portanto, é uma equilibração progressiva, contínua de um estado de
menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. (PIAGET, 2021). Para Piaget
aprendemos de acordo com as experiências que nós temos no mundo em que vivemos,
ou seja, quanto mais estímulos diferentes somos expostos, maior será o
desenvolvimento cognitivo. (PIAGET, 2021).
Jean Piaget desenvolve a teoria do desenvolvimento cognitivo denominada de
epistemologia genética, cuja proposta é baseada na inteligência e na construção do
conhecimento, e busca compreender como o indivíduo aprende e por quais processos
ele passa para que isso aconteça.
O objetivo da epistemologia genética é explicar a ordem em que as diferentes
capacidades cognitivas se constroem, pois a medida que uma se desenvolve,
pressupõe outras que lhe são anteriores, dessa forma Piaget afirma que as estruturas
mentais resultam de uma construção efetiva e contínua. Piaget, por meio da
epistemologia genética, defende que passamos por várias etapas de desenvolvimento
ao longo de nossas vidas. (PIAGET, 2021).
Neste sentido, o questionamento de Piaget foi “como o indivíduo passa de um
conhecimento menor para um nível de maior conhecimento, ou seja, como a criança
deixa de pensar como criança e passa a pensar como adulto? Como o pensamento
infantil transforma-se no pensamento adulto? Então, Piaget deu início às suas
investigações sobre o desenvolvimento cognitivo infantil e a construção da inteligência.
Dessa maneira, os estudos de Piaget tinham uma intenção epistemológica, na
qual possuía como objetivo construir uma “teoria do conhecimento”. Piaget se propôs
realizar uma verificação experimental para qual utilizou, o método clínico com as
adaptações que o objeto de estudos requeria. (VISCA, 2008).
Em seus estudos Piaget desenvolveu o “método clínico”, também conhecido
como método piagetiano ou método crítico, trata-se de um método de conversação livre
com a criança sobre um determinado tema proposto pelo entrevistador, na qual ele
indaga, pedindo justificativas, explicações, porquês, com o intuito de obter informações
e avaliar o nível de raciocínio e pensamento da criança. (VISCA, 2008).
Em seu método clínico, Piaget visava descobrir o processo de pensamento da
criança que entrevistava, em que conversava com as crianças estimulando o raciocínio
delas. Logo, avaliava modos de compreensão, de realização, de enfrentamento de
questões do entrevistado, através disso ele descrevia patamares do processo do
desenvolvimento.

1.2 Estágios do desenvolvimento cognitivo baseado em Piaget

Acadêmico(a), para compreender quais são as fases do desenvolvimento por


meio do instrumento das provas operatórias, é necessário entender em que faixa etária
se dá cada estágio do desenvolvimento. Com o recurso das provas operatórias, existem
condições de investigar o nível de desenvolvimento cognitivo da criança e as
capacidades ou defasagens relacionadas à idade cronológica. O desenvolvimento se dá
passando por estágios sucessivos, visto que a construção do conhecimento é um
processo contínuo, que se dá através da interação entre o sujeito e o meio.
Assim, Piaget nos apresenta que há uma evolução natural cognitiva na aquisição
de conhecimentos. Logo divide o desenvolvimento cognitivo em 4 (quatro) estágios.
Sendo eles: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.
Vejamos cada um deles a seguir:

Quadro 1 - Estágios do desenvolvimento cognitivo propostos por Piaget


Estágio Descrição

Sensório-motor: de 0 a 2 Nesta fase, a criança se concentra nas sensações e nos


anos movimentos. Ela começa a entender o que as sensações
significam e como os movimentos dela podem levar a
alterações no mundo exterior. É de suma importância
destacar, que nesta fase a criança tem muita dificuldade
com o que ela não pode ver, ouvir e sentir.

Pré-operatório: de 2 a 7 Esse estágio se inicia com a capacidade do pensamento


anos: representativo, ou seja, a criança começa a gerar
representações da realidade no próprio pensamento. É isso
que possibilita a aprendizagem da fala, das primeiras
socializações e o tão falado: “mundo do faz de conta”. É
importante focar, que esta fase também é marcada pelo
egocentrismo notório, porém nada tem a ver com desvio de
caráter, sendo ele uma característica latente e comum
desta fase do desenvolvimento infantil, é nesta fase
também que é

extremamente considerável a utilização do material


concreto para desenvolver o processo cognitivo deste
sujeito, pois algo palpável, faz com que ele possa vir a ter
um aprendizado real e bastante significativo.

Operatório concreto: de 8 a Marcado pelo início do pensamento lógico concreto, as


12 anos crianças passando por esse estágio começam a manipular
mentalmente as representações das coisas que
internalizaram durante os estágios passados. Porém ainda
há muita necessidade do concreto para que essa aquisição
do conhecimento seja de fato concludente e significativa,
pois apesar de já estar absorvendo os aprendizados que
foram trabalhados desde os primórdios de sua vida,
entretanto alguns conceitos abstratos ainda não são
compreensíveis de fato neste período de transição do seu
processo de ensino aprendizagem.

Operatório formal: 12 anos Envolve operações mentais sobre abstrações e símbolos


em diante que podem não ter formas concretas. O indivíduo passa a
ser capaz de compreender outras perspectivas além das
suas próprias, mesmo quando não fazem uso de objetos
concretos. A sofisticação do processamento conceitual e
linguístico continua a crescer.

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Piaget (1999).


Para Piaget, o desenvolvimento infantil avança de um estágio para outro, e ao
decorrer destes avanços, o indivíduo adquire novas capacidades. Para Piaget (2021,
p.5) “cada estágio é caracterizado pela aparição de estruturas originais, cuja construção
o distingue dos estágios anteriores”.
Os estágios são caracterizados “[...] em cada momento do desenvolvimento, os
esquemas de que as crianças dispõem mantêm uma certa relação entre si”, no qual
“[...] todos eles pertencem a um mesmo nível de funcionamento e de complexidade;
todos formam uma estrutura”. Assim, cada um desses níveis de complexidade ou níveis
estruturais é um estágio evolutivo. (COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2004, p. 28).
Em cada um dos estágios, o pensamento se organiza de uma maneira
específica. Todas as pessoas passam por todos os estágios na mesma sequência e não
é possível pular um estágio nem retroceder. Para Piaget, o que faz com que uma
pessoa avance de um estágio para o outro é o desenvolvimento neurológico, ou seja, o
amadurecimento do sistema nervoso, particularmente do cérebro, ou seja, quando o
cérebro amadurece suficientemente para suportar novas formas de raciocínio o
indivíduo avança de um estágio para o seguinte. Em suma Piaget (1972) apresenta a
velocidade do desenvolvimento, no entanto, pode variar de um indivíduo a outro e
também de um a outro meio social, logo, consequente podemos encontrar algumas
crianças que avançam rapidamente e outras que avançam lentamente, mas isso não
muda a ordem de sucessão dos estágios pelos quais passam. (PIAGET, 1972).
Assim, os estágios do desenvolvimento propostos por Piaget se constituem em
diferentes esquemas (estruturas mentais ou cognitivas) de interação entre o sujeito e o
mundo externo. Para Piaget, independentemente do estágio em que o indivíduo se
encontra, a aquisição do conhecimento acontece por meio da relação sujeito e objeto.
Trata-se de uma relação dialética, e se dá através dos processos que ele denomina
como: assimilação, acomodação e equilibração, em um desenvolvimento mútuo e
progressivo.
De acordo com a teoria piagetiana, conforme surgem solicitações do meio, as
estruturas da inteligência vão se construindo e, a partir de novas solicitações, o sujeito
tem a possibilidade de reorganizá-las, vivenciando constantes mecanismos de
assimilação, assim Piaget (1997, p. 13) define assimilação como “a integração às
estruturas prévias”, ou seja, nesse processo cognitivo, o sujeito incorpora novas
informações a esquemas já existentes, assim conforme Piaget (1970, p. 13) “Isto
significa que a criança tenta continuamente adaptar os novos estímulos aos esquemas
que ela possui até aquele momento”. Exemplo: quando a criança vivencia novas
experiências ela adapta os novos conhecimentos às estruturas cognitivas que já possui.
No processo de acomodação, se dá a criação de novos esquemas mentais, ou
ainda, pode acontecer a modificação de esquemas mentais já existentes. Ocorre,
então, uma modificação na estrutura cognitiva no indivíduo. Já o processo de
equilibração trata-se de um ponto de equilíbrio entre assimilação e acomodação. Para
Piaget (2021, p.7) “a ação humana consiste neste movimento contínuo e perpétuo de
reajustamento ou de equilibração”.

REFLITA
“A aprendizagem abre o caminho da vida, do mundo, das possibilidades até de ser
feliz” (VISCA, 2008, p. 7).

#REFLITA#

SAIBA MAIS

O método de Piaget, ou método clínico, por uma parte manteve-se constante em


seus aspectos essenciais ao longo de sua evolução, por outra, apresentou sucessivos
aperfeiçoamentos. Vinh-Bang considera que o método teve quatro grandes etapas de
desenvolvimento. 1) a de elaboração do método (1920-1930); 2) a de observação
clínica (1930-1940); 3) a de formalização (1940-1955); 4) a de recentes
desenvolvimentos (desde 1955). Ou seja, a criação do método clínico de Piaget
percorreu um longo caminho para chegar onde chegou.

Fonte: Visca (2012, p.17).

#SAIBA MAIS

2 PROVAS OPERATÓRIAS
Acadêmico(a), com o recurso das provas operatórias piagetianas, podemos
investigar o nível de desenvolvimento cognitivo da criança, fazendo uso de um método
clínico de conversação livre sobre um tema dirigido pelo
entrevistador/examinador/interrogador. Conforme a resposta apresentada, buscamos
uma justificativa para o que foi dito.
Dessa forma, podemos detectar em qual nível de pensamento a criança se
encontra, ou seja, conhecer a capacidade cognitiva e funcional ou a defasagem
relacionada à idade cronológica.
Para a aplicação e a análise adequadas desse instrumento, primeiramente
devemos conhecer as fases do desenvolvimento, segundo Piaget, no qual você,
acadêmico(a) já estudou no tópico anterior. Nesse caso, as faixas etárias devem ser
utilizadas como referência, para que haja rigidez.
As provas operatórias foram criadas por Piaget, e são utilizadas em atendimentos
psicopedagógicos para avaliar o nível de desenvolvimento cognitivo do indivíduo,
revelando o nível de pensamento alcançado, isto é, o nível de estrutura
cognoscitiva que ele é capaz de operar. É fundamental que se avalie o nível cognitivo
da criança que está passando pelo atendimento psicopedagógico, pois de acordo com
Sampaio (2009, p.41) “Uma criança com dificuldades de aprendizagem poderá ter uma
idade cognitiva diferente da idade cronológica. Esta criança encontra-se com uma
defasagem cognitiva e esta pode ser a causa de suas dificuldades de aprendizagem”.
De acordo com Visca (2008) são várias as provas operatórias existentes, e, são
direcionadas para avaliar diferentes idades e habilidades cognitivas. Veremos a seguir
o quadro que iremos representar com os tipos de provas operatórias e seus objetivos.
Quadro 2 - Os tipos de provas operatórias e seus objetivos
PROVAS OBJETIVO

Conservação de pequenos Avaliar a noção de número e os estádios do


conjuntos discretos de elementos desenvolvimento da conservação de
quantidades descontínuas.

Conservação de superfície Avaliar a noção de superfície e a permanência


de superfície.

Conservação das quantidades Avaliar a noção de conservação de


de líquido. quantidades contínuas com líquidos.

Conservação da quantidade Avaliar a noção de conservação de quantidades


de matéria (massa) contínuas, com massa - frente às modificações
de sua forma.

Conservação de peso Avaliar a noção de conservação de peso

Conservação de volume Avaliar a noção de conservação de volume .

Conservação de comprimento Avaliar a noção de conservação de comprimento.

Mudança de critério Avaliar a capacidade de classificar objetos.

Quantificação da inclusão Avaliar a capacidade de quantificar a inclusão


de classes de classes.

Intersecção de classes Avaliar a capacidade de estabelecer que um


conjunto de elementos possua,
simultaneamente, atributos dos outros dois.

Seriação de palitos/bastonetes Avaliar a capacidade de seriar, classificar,


ordenar objetos de forma crescente ou
decrescente por atributo comum, menor ou
maior.

Espaço unidimensional Investigar a conduta de mensurar em relação a


uma dimensão.

Espaço bidimensional Investigar a capacidade de localizar um ponto


em função de duas dimensões.

Espaço tridimensional Avaliar a capacidade de medição tridimensional.

Combinação de fichas Avaliar a capacidade de combinar objetos.

Permutação de fichas Avaliar a capacidade de permutar (ordenar de


forma diferente) os elementos de um conjunto.

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Visca (2008).

2.1 Avaliação psicopedagógica e provas operatórias


Caro(a) acadêmico(a), precisamos relembrar a importância da atuação do
profissional da psicopedagogia, bem como da avaliação psicopedagógica e a
aplicabilidade das provas operatórias.
A atuação da Psicopedagogia pode ser tanto institucional quanto clínica. Ao
contrário do que se pensa, a atuação do/a psicopedagogo/a não fica restrita apenas a
clínicas ou escolas, mas sim, pode estender-se a qualquer instituição em que haja
aprendizagem.
No que se refere à intervenção terapêutica/clínica, o/a profissional da
psicopedagogia trata diretamente das dificuldades de aprendizagem, fazendo o
diagnóstico, desenvolvendo práticas, orientando pais/mães e professores/as e
trabalhando com os/as demais profissionais envolvidos/as.
Coll, Marchesi e Palacios (2007, p. 279) apresentam que a avaliação
psicopedagógica “é um processo compartilhado de coleta e análise de informações
relevantes acerca dos vários elementos que intervêm no processo de ensino e
aprendizagem, visando identificar as necessidades educativas”, logo, trata-se de um
fator determinante para que seja possível desenvolver um trabalho em busca de
amenizar possíveis déficits e lacunas, objetivando a melhoria do desempenho do sujeito
em todos os âmbitos, visando diminuir os prejuízos e dificuldades de aprendizagem.
Sendo assim, a/o psicopedagoga/o deve atuar de maneira que tenha uma visão
global sobre o/a educando/a, verificando todos seus aspectos, sendo eles: fatores
orgânicos, afetivos, cognitivos e sociais. No atendimento psicopedagógico clínico, as
atividades são desenvolvidas de maneira individual, visto que é necessário que o
processo avaliativo seja feito de maneira minuciosa.
Para tanto, faz-se uso de diversos instrumentos avaliativos, dentre eles estão as
provas operatórias, estas, por sua vez, avaliam o nível do desenvolvimento cognitivo ou
de pensamento da criança. Entretanto, é fundamental que a aplicação, avaliação e a
extração de conclusões sejam significativas, pois assim como afirma Sampaio (2009, p.
42) “É possível observar o nível intelectual alcançado pelo sujeito por meio dos
resultados das provas”.
As provas operatórias foram criadas por Piaget e têm como objetivo principal
detectar o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura
cognoscitiva em que ela opera (WEISS, 2003).
As provas operatórias piagetianas partem de um método clínico de conservação
livre, desenvolvido por Piaget, sobre um tema dirigido pelo entrevistador e, conforme a
resposta apresentada, busca-se uma justificativa sobre o que a criança está dizendo.
Entretanto, "Visca propõe que o psicopedagogo coloque em prática algumas estratégias
no momento da aplicação das provas para que não fique nenhuma dúvida sobre o nível
cognitivo identificado”. (SAMPAIO, 2009, p. 47)
Para a aplicação das provas operatórias, primeiramente, é fundamental que se
estabeleça um vínculo entre entrevistador e entrevistado, visto que, para avaliar o
aspecto cognitivo é indispensável favorecer uma situação agradável na qual os
aspectos emocionais não interfiram no processo de reconhecimento. (VISCA, 2008).
É necessário também levar em consideração as hipóteses do entrevistador,
Visca (2008) aponta que, as hipóteses constituem um marco referencial e ponto de
partida para que o especialista eleja o domínio e o nível pelo qual vai começar a
investigar.
De acordo com Rubinstein (2006), as provas operatórias avaliam a noção de
conservação e as operações lógicas de classificação e seriação, nos níveis concreto e
formal, e encontram-se diluídas na obra de Piaget. Alguns autores fizeram a seleção e
organização dessas provas com o intuito de facilitar a sua utilização clínica ou escolar.
De acordo com Visca (2008) existem diferentes tipos de provas operatórias, para idades
diferentes, que permitem investigar diferentes habilidades cognitivas. Assim, é possível
ter um referencial preciso na hora da seleção da prova a ser aplicada. A categoria das
provas mostra o nível de estrutura cognitiva que o indivíduo é capaz de operar na
situação apresentada. Vejamos no quadro abaixo:

Quadro 3 - Provas piagetianas de acordo com a idade inicial para aplicação


IDADES PROVA DESCRIÇÃO

6 ANOS CONSERVAÇÃO Pequenos conjuntos discretos de elementos

SERIAÇÃO Seriação de bastonetes/palitos

7 ANOS CONSERVAÇÃO Pequenos conjuntos discretos de


elementos, massa, comprimento,
superfície e líquido.

SERIAÇÃO Seriação de bastonetes/palitos

PROVA DE ESPAÇO Unidimensional

8-9 CONSERVAÇÃO Massa, comprimento, superfície, peso,


ANOS volume e líquido

CLASSIFICAÇÃO Mudança de critério, quantificação de inclusão


de classes, interseção de classes.

PROVA DE ESPAÇO Bidimensional

10 -12 PENSAMENTO FORMAL Combinação de fichas, permutação de fichas


ANOS
PROVA DE ESPAÇO Tridimensional

CLASSIFICAÇÃO Mudança de critério, quantificação de inclusão


de classes, interseção de classes

CONSERVAÇÃO Volume

MAIS DE PENSAMENTO FORMAL Combinação de fichas, permutação de


12 ANOS fichas e intersecção
PROVA DE ESPAÇO Tridimensional

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Visca (2008).


As provas operatórias são utilizadas para avaliar o nível e o desenvolvimento
cognitivo do indivíduo, todas elas apresentam uma estrutura comum tanto para sua
aplicação, quanto às estratégias e possíveis condutas do entrevistador.
Caro(a) acadêmico(a), existem estratégias norteadoras que lhe auxiliarão
durante a aplicação das provas, tais como: pedido de estabelecimento da igualdade
inicial, verificação da identificação, por parte da criança, da diferença ou igualdade;
pergunta de reasseguramento; confirmação do estabelecimento da igualdade ou
diferença inicial. O estabelecimento da igualdade se dá quando o examinando
consegue identificar a igualdade entre dois elementos (YABE, 2020).
Dessa maneira, “Visca propõe que o psicopedagogo coloque em prática algumas
estratégias no momento da aplicação das provas para que não fique nenhuma dúvida
sobre o nível cognitivo identificado”. (SAMPAIO, 2009, p. 47).
Vamos conhecer mais algumas estratégias para aplicação das provas? O
entrevistador/examinador pode adotar as seguintes estratégias (VISCA, 1997;
SAMPAIO, 2009; TRAD, 2020):

 Fazer pedido de estabelecimento da igualdade inicial para averiguar se o


indivíduo identifica a diferença ou a igualdade iniciais - O entrevistador pede à
criança que construa ou reconheça as quantidades iguais ou diferentes que
serão pontos de partida para a prova. É a partir daí que a prova será
desenvolvida.
 Criar um argumento; Consiste em criar um “faz de conta”, ou seja, uma história
para facilitar a apresentação de questionamentos que levarão à resolução de um
conflito cognitivo;
 Fazer perguntas para confirmar o estabelecimento de diferença ou igualdade
iniciais; refere-se a pergunta de reasseguramento, consiste em uma pergunta
para verificar se o entrevistado estabelece mesmo a igualdade ou diferença
inicial;
 Fazer pergunta provocadora de argumentação para incentivar respostas
argumentadas; Ex: Por que você disse que são iguais?
 Contra-argumentação: consiste em apresentar ao entrevistado um ponto de vista
diferente do seu;
 Propor verificação empírica: seria a sugestão de comprovação de uma hipótese
mediante a um ato concreto;
 Propor retorno empírico: consiste em perguntar ao entrevistado, após a
modificação do elemento experimental, qual será a quantidade se voltarmos à
situação inicial;
 Realizar o retorno empírico; voltar ao estado inicial antes da próxima verificação;
 Promover contra-argumentações, ou seja, se a criança conservar a resposta:
inverter a pergunta e observar se ela mantém a argumentação;
 Fazer pergunta de coticidade;
 Elaborar proposta de verificação empírica.

Dentro deste contexto, Visca (2008) apresenta que todas as provas têm aspectos
comuns entre as estratégias do entrevistador comuns a todas as provas sem pode
mencionar:

 a apresentação do material;
 a indagação do vocabulário do entrevistador;
 a delimitação da “intencionalidade” da prova;

Tanto que entre as condutas do entrevistado cabe destacar os complementos:


“[...] reconhecimento do material, a demonstração do vocabulário e sua
“intencionalidade” (VISCA, 2008, p. 26).
Piaget, em suas teorias sobre o desenvolvimento humano afirma, que apesar de
respostas não assertivas ou não concludentes da criança, o foco maior das Provas
operatórias, segundo o seu método, não é focar no erro, e sim analisar o que se oculta
por trás das primeiras aparências. É persuadir esse sujeito acerca do pensamento
fugitivo, assim instigando-o a alcançar o objetivo do problema, a resposta correta e
assim, trazendo-o a refletir sobre o problema, a dificuldade, dessa forma, podendo
então, apontar onde foi o erro inicial (VISCA, 2008).
Assim, “[...] é muito importante que o psicopedagogo sempre pergunte, após
cada resposta dada: Como sabe? Pode me explicar? Para observar o pensamento do
entrevistado, que argumentos utiliza [...]”, o psicopedagogo deve perguntar o porquê e
contra argumentar sempre, pois “[...] se você deixar de perguntar, perderá a
oportunidade de observar como ele está pensando, bem como sua capacidade de
argumentação e expressão verbal”. (SAMPAIO, 2009, p. 47).
A eficiência da avaliação não se dá prendendo-se apenas nas respostas obtidas
nas provas, mas sim na análise do contexto geral, Sampaio (2009, p. 42) afirma que:
“[...] os resultados serão mais bem compreendidos se anotarmos detalhadamente todas
as respostas do cliente”, portanto é necessário que o psicopedagogo se atente a todos
os comportamentos que a criança realiza durante a realização das provas, inclusive
“reações, postura, fala, inquietações, reação diante do desconhecido, seus argumentos,
sua organização, de que maneira manipular e organizar o material”. O nível que a
criança irá alcançar em cada uma das etapas revela o grau de sua estrutura cognitiva.
(SAMPAIO, 2009, p. 42).
Portanto, ao aplicar as provas operatórias, é fundamental fazer registros
precisos, pois trata-se de um instrumento que permitirá realizar a avaliação e tirar
conclusões diagnósticas. É essencial que se anote todas as expressões externas,
sendo a observação minuciosa um fator determinante nesta avaliação, logo, assim
como afirma Sampaio (2009, p. 42) “[...] o psicopedagogo precisa estar bastante seguro
na hora de sua aplicação”, pois além de aplicar e observar de maneira criteriosa todos
os aspectos da aplicação das provas é necessário que o psicopedagogo analise o
resultado geral das provas.
A segurança quanto ao uso dos materiais e das estratégias de investigação
adequadas nos dão condições para identificarmos com clareza o nível cognitivo.
Sampaio (2014) e Trad (2020) ressaltam a importância de averiguar a capacidade de
argumentação do indivíduo avaliado, por exemplo:

 Argumentação de identidade: consegue explicar que o material apresentado tem


a mesma quantidade, informando que nada foi tirado nem colocado;
 Argumentação de reversibilidade: relata que, ao refazer uma bola, a nova bola
terá a mesma quantidade de massinha da bola anterior;
 Argumentação de compensação: consegue perceber que um vaso é mais alto do
que outro, porém mais fino.

O registro dos procedimentos deve ser detalhado, demonstrando, além das


respostas e das argumentações da criança, atitudes, soluções, formas de organização,
inseguranças e inquietações durante a aplicação das provas. Essa análise indica o
nível operatório do indivíduo e sua correlação com uma faixa etária, aspecto que é
agrupado em níveis (TARD, 2020).
Considerando os estudos de Visca (1987), Weiss (2003) apresenta os níveis
avaliados de acordo com o domínio alcançado nas provas operatórias:

 Nível 1: ausência total da noção, isto é, não atingiu o nível operatório nesse
domínio;
 Nível 2 ou intermediário: as respostas ou condutas apresentam instabilidade,
oscilações ou são incompletas - em um primeiro momento se conservam, em
outros não;
 Nível 3: as respostas demonstram o nível operatório no domínio testado,
demonstram aquisição da noção.

A aplicação das provas piagetianas ou operatórias, podem auxiliar na


compreensão do funcionamento das habilidades lógicas da criança, auxiliando na
identificação do nível cognitivo, bem como averiguando possível imaturidade em relação
com a idade cronológica. Sendo assim, Sampaio (2009, p. 41) apresenta que "uma
criança com dificuldades de aprendizagem poderá ter uma idade cognitiva diferente da
idade cronológica. Esta criança encontra-se com uma defasagem cognitiva e esta pode
ser a causa de suas dificuldades de aprendizagem”.
Para o planejamento da aplicação das provas, devemos levar em consideração a
queixa apresentada e a noção de aquisição relacionada à idade do examinando. O
modelo de aplicação das provas apresentadas em nossa unidade, está de acordo com
estudos realizados por Piaget (1983), Visca (1987), Weiss (2003) e Sampaio (2018).
Acadêmico(a), nas demais unidades de nosso material iremos estudar os modelos de
Provas Operatórias e as suas aplicabilidades nos diagnósticos das atividades
educacionais, pelo epistemólogo Jean Piaget e colaboradores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a)!

Chegamos ao final de nossa primeira unidade, na qual estudamos Epistemologia


genética; Estágios do desenvolvimento cognitivo baseado em Piaget; Provas
operatórias; Avaliação psicopedagógica.
Sabemos que a psicopedagogia se dedica ao campo da aprendizagem e todos
fatores que nela interferem, auxiliando para que o sujeito seja o protagonista do
processo que percorre. Sendo assim, no processo de atendimento psicopedagógico, a
avaliação é fator primordial para um atendimento eficaz.
O processo de avaliação psicopedagógica é imprescindível para um bom
encaminhamento de intervenção psicopedagógica, que objetiva amenizar as
dificuldades de aprendizagem. Para tanto, é fundamental que o/a psicopedagogo/a
desenvolva um olhar e uma escuta clínica psicopedagógica, para que assim seja capaz
de observar e captar informações necessárias para que posteriormente sejam
desenvolvidas as hipóteses acerca do indivíduo. Na aplicação das provas operatórias, é
primordial que essa escuta e olhar psicopedagógicos sejam colocados em prática, visto
que, o psicopedagogo.
Durante uma avaliação psicopedagógica, a aplicação das provas operatórias
auxiliam na identificação do nível cognitivo do indivíduo, assim como, contribuem para a
compreensão do funcionamento das habilidades lógicas dele. A aplicação das provas
operatórias se dá por meio do método clínico, este por sua vez, é um modo de
interação entre entrevistador e entrevistado. Por meio dos resultados obtidos nas
provas operatórias, é possível verificar se o nível cognitivo está de acordo com a idade
cronológica do indivíduo, levando em consideração os estágios do desenvolvimento
cognitivo propostos por Piaget.
Podemos concluir que encontramos nas provas operatórias um valioso
instrumento avaliativo do nível de desenvolvimento cognitivo da criança, visto que, com
as contribuições que elas nos trazem possibilitam averiguar o desenvolvimento ou não
de diferentes habilidades e construções cognitivas, como a noção de conservação,
operações lógicas de classificação, seriação e compensação. Verificando também se o
indivíduo desenvolveu os conceitos de número, tempo, ordem e espaço.
Para finalizar, convidamos você, acadêmico(a) a consultar as referências, de
modo a aprofundar neste mar de conhecimento.
Boa leitura!
LEITURA COMPLEMENTAR

Acadêmico(a), para complementar seu estudo sobre o tema história da educação


especial, consulte as fontes indicadas a seguir:

 MORAES, A. P. A. de. Das provas operatórias à construção de estruturas


cognitivas: um estudo de caso em psicopedagogia. Rev. psicopedag. vol.35
no.107 São Paulo maio/ago. 2018. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
84862018000200011&lng=pt&nrm=iso Acesso em: 29 out. 2021.

 MACCAGNAN, R. T.; MACHADO, S. R. A. Provas operatórias piagetianas: uma


experiência com alunos dos anos iniciais. Anais do XV Encontro Paranaense de
Educação Matemática – EPREM. Londrina, 2019. Disponível em:
http://www.sbemparana.com.br/eventos/index.php/EPREM/XV_EPREM/paper/
viewFile/1216/836 Acesso em: 29 out. 2021.

 RODRIGUES, I. B. Estudo sobre a aplicação da prova piagetiana de escoamento


do líquido para avaliação da noção temporal. APRENDER - Cad. de Filosofia e
Psic. da Educação, Vitória da Conquista, Ano V, n.8, p. 37-59, 2007. Disponível
em:
https://periodicos2.uesb.br/index.php/aprender/article/download/3157/2640/5278
Acesso em: 29 out. 2021.
LIVRO
• Título: O diagnóstico operatório na prática psicopedagógica
• Autor: Jorge Visca
• Editora: Pulso
• Sinopse: Nas primeiras páginas da obra “O Diagnóstico Operatório na Prática
Psicopedagógica”, Jorge Visca propõe um aprendizado que não se restringe aos
domínios escolares; como base para este raciocínio o autor introduz o Método Clínico
como caminho de pesquisa na área da saúde, juntamente com o Método de Piaget no
diagnóstico e tratamento psicopedagógico. Visca explica como aplicar o Método de
Piaget desde o início da investigação do problema, passando por estratégias durante a
entrevista, análise de comportamento, alternativas de condução para cada paciente, até
a correta interpretação dos resultados coletados.

FILME/VÍDEO
• Título. Piaget por Piaget
• Ano. 1977
• Sinopse: Documentário sobre a Epistemologia Genética de Jean Piaget. Apresenta
alguns dos experimentos clássicos (em forma abreviada) sobre a seriação, conservação
do volume e desenhos.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=eKjI6Dx6PhU

REFERÊNCIAS

AMORIM, Elaine Soares de. Psicopedagogia: Regulamentação e Identidade


Profissional. Artigo Científico veiculado pela Internet. s/d. Disponível em:
https://pt.scribd.com/document/290745348/PSICOPEDAGOGIA-Regulamentacao-e
Identidade-Profissional. Acesso em: 15 out 2021.

COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús. Psicologia Evolutiva.


Desenvolvimento psicológico e educação. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.

COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús. Desenvolvimento psicológico e


educação: transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

PIAGET, J. A epistemologia genética: sabedoria e ilusões da filosofia-problemas de


psicologia genética. 2 ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Tradução Maria Alice Magalhães D’ Amorim e


Paulo Sérgio Lima Silva. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999.

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. 25. ed. Rio de Janeiro: Forense universitária,
2021.

PIAGET, J. As operações lógicas e a vida social. PIAGET, J. Estudos sociológicos.


Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1972, p. 164-193.
RUBINSTEIN, E. R. (Org.). Psicopedagogia: fundamentos para a construção de um
estilo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

SAMPAIO, S. Manual prático do diagnóstico psicopedagógico clínico. 7 ed. Rio de


Janeiro: Wak, 2009.

TRAD, L. I. de A. Instrumentos para diagnóstico psicopedagógico clínico e


institucional. Curitiba: InterSaberes, 2020. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/. Acesso em: 29 nov. 2021.

VISCA, J. Clínica psicopedagógica: epistemología convergente. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1987.

VISCA, J. El diagnóstico operatório en la practica psicopedagógica. 2 ed. Argentina: E.


Titakis, 1997.

VISCA, J. O diagnóstico operatório na prática psicopedagógica. São José dos


Campos: Pulso, 2008.

VISCA, J. O diagnóstico operatório na prática psicopedagógica - parte II. São José dos
Campos: Pulso, 2012.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de
aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
YABE, I. de G. Instrumentos para o diagnóstico psicopedagógico clínico. Curitiba:
Contentus, 2020. https://plataforma.bvirtual.com.br. Acesso em: 29 nov. 2021.
UNIDADE II
PROVAS: SERIAÇÃO E CONSERVAÇÃO I
Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães
Professora Especialista Gabriela Gonçalves Matheus

Plano de Estudo:
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: 
Prova de Seriação de palitos;
 Provas de conservação: superfície, pequenos conjuntos discretos de elementos;
comprimento e massa.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar o objetivo das diferentes noções que as provas avaliam; • Compreender
a aplicabilidade das provas de seriação de palitos e conservação; • Apresentar as
possíveis estratégias do entrevistador durante a aplicação das provas.
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a)!
Seja bem-vindo(a) à Unidade II da disciplina de DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO I E II
(PENSAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO, OPERATÓRIO E FORMAL).

Nesta segunda unidade intitulada “PROVAS: SERIAÇÃO E CONSERVAÇÃO I”,


serão apresentados aspectos que permitem a aplicação correta das provas operatórias
de seriação de palitos/bastonetes, conservação de pequenos conjuntos discretos de
elementos, conservação de superfície, conservação de massa e conservação de
comprimento. Sendo eles: o objetivo das provas, o material necessário, procedimentos,
desenvolvimento e avaliação.
No decorrer deste estudo será possível verificar as estratégias comuns às provas
apresentadas, bem como a conduta do entrevistador e os aspectos particulares de cada
prova.
Para tanto, utilizamos para o desenvolvimento desta unidade referências
bibliográficas específicas sobre o enfoque da temática abordada.

Excelente leitura!
1 PROVA DE SERIAÇÃO DE PALITOS

1.1 Seriação De Palitos

Objetivo
Avaliar a capacidade de seriar.

Material
 10 bastonetes/palitos de aproximadamente 1 cm de largura, com diferença de 0,6
cm de altura de um para outro (de 10 a 16 cm);
 1 anteparo de papelão.
Procedimento
Apresentar à criança os 10 palitos em desordem, para que ela conheça o
material, deixe-a manipular livremente. Solicitar a ela que ordene do menor ao maior ou
vice-versa. Se não souber, demonstrar com 3 palitos apenas.
Pedir que a criança feche os olhos e retirar um dos palitos. Em seguida,
entregar-lhe um bastonete e pedir para que ela recoloque-o no local correto. Por fim,
desordenar os palitos e pedir à criança que os entregue em ordem (do menor para o
maior ou vice-versa) para que o examinador coloque-os atrás do anteparo, e depois
que a criança entregar todos os palitos, pedir para que verifique se está correto.

Desenvolvimento

Figura 01 - Seriação de palitos

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

O examinador deve entregar à criança 10 palitos de forma desordenada para


conhecimento do material.

Seriação a descoberto

Perguntar à criança: “Você poderia fazer uma escadinha com os palitos,


colocando-os em ordem do menor para o maior?”.
Caso a criança não compreenda o pedido, o examinador pode demonstrar com
três palitos. Registrar a sequência formada pela criança.
Se a criança acertar a seriação, pedir a ela que feche os olhos. O examinador
deve retirar um palito. Pedir que a criança abra os olhos e solicitar que coloque o palito
no lugar correto: “Você poderia colocar este palito no lugar certo?”.

Seriação oculta atrás do anteparo

O examinador informa que fará uma escadinha atrás do papelão e pede ao


examinando que entregue em ordem os palitos que estão desordenados. Registrar a
sequência.

Avaliação

 Nível 1: ausência de seriação. O indivíduo falha na tentativa de ordenar, coloca


os palitos em qualquer ordem, demonstrando que não entendeu a proposta. Faz
várias tentativas, apresentando dificuldades para coordenar e intercalar os
palitos na sequência correta. Arruma apenas a parte superior dos palitos, para
formar a escada, sem se preocupar com a base (4-5 anos).
 Nível 2: intermediário. O examinando tenta ordenar por tentativas e erros.
Sobrepõe, compara até encontrar o que serve. Faz a seriação por regulações
sucessivas (a partir de 6 anos).
 Nível 3: êxito. O examinando realiza com facilidade a escada, de forma
ordenada. Inclui com facilidade o palito de inclusão. Para realizar a tarefa do
anteparo, pode organizar os palitos antes de entregá-los ou por tamanho ou pela
linha de base (6-7 anos).

Nível em que a criança se encontra


( ) Pré-operatório intuitivo global;
( ) Pré-operatório intuitivo articulado;
( ) Primeiro estágio do operatório concreto.

Portanto, acadêmico(a), a cada resposta do entrevistado, é fundamental que o


entrevistador faça perguntas e contra-argumentações, visto que, de acordo com
Sampaio (2009, p.47) “Se você deixar de perguntar, perderá a oportunidade de
observar como ele está pensando, bem como sua capacidade de argumentação e
expressão verbal”. Assim, “É muito importante que o psicopedagogo sempre pergunte,
após cada resposta dada: Como sabe? Pode me explicar? Para observar o pensamento
do entrevistado, que argumentos utiliza” (SAMPAIO, 2009, p.47).
REFLITA

“O diagnóstico psicopedagógico não implica apenas a aplicação e o uso de provas e


testes, mas exige outras medidas e técnicas de avaliação, além de trabalho de
investigação, análise e sínteses de dados úteis para o estado e a orientação de cada
caso.”

Simaia Sampaio (2009, p.13)

#REFLITA#

SAIBA MAIS

Realizar um diagnóstico é como montar um grande quebra-cabeças, pois, à


medida que se encaixam as peças, vai se descobrindo o que está por trás destes
sintomas. As peças serão oferecidas pela família, pela escola e pelo próprio sujeito,
entretanto, a maneira de montá-las, só depende do psicopedagogo e, para que este
tenha um bom resultado, precisa levar em conta todos os aspectos objetivos e
subjetivos observados nos diversos âmbitos: cognitivo, familiar, pedagógico e social.
Fonte: Simaia Sampaio (2009, p. 17).

#SAIBA MAIS#

2 PROVAS DE CONSERVAÇÃO: SUPERFÍCIE, PEQUENOS CONJUNTOS


DISCRETOS E ELEMENTOS, COMPRIMENTO E MASSA
2.1 Prova de conservação: Superfície

Objetivo
Avaliar a noção de superfície.

Material
 2 folhas de cartolina ou papel EVA verde (aproximadamente 20 X 25 cm) -
campos 1 e 2;
 De 12 a 16 quadrados do mesmo material das folhas, todos da mesma cor, mas
de cor diferente da cor das folhas (aproximadamente 4 cm de lado) - casinhas;  1
ou 2 vaquinhas de tamanhos iguais, de cores distintas.

Procedimento
Apresentar dois campos idênticos (cartolinas ou EVA verdes) e casas idênticas
(quadrados).
Dispor o mesmo número de casas em ambos os campos, porém em localizações
diferentes. Contrassugestões devem ser utilizadas.

Desenvolvimento

Figura 02 - Apresentação dos materiais


Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).
Apresentar as duas cartolinas. A igualdade deve ser observada pelo
entrevistado. Perguntar: “Estas folhas têm o mesmo tamanho?”.
Agora, apresentar os quadrados; a igualdade também deve ser observada.
Perguntar: “Agora temos quadradinhos. O que você acha: Eles têm tamanhos iguais?”.
Primeira situação

Apresentar a situação:

“Vamos imaginar que essas cartolinas verdes são campos e que estes
quadradinhos são casas. Se eu colocasse uma vaquinha para comer todo o parto do
campo e outra para comer todo o pasto do campo 2, as vaquinhas comeriam a mesma
quantidade de pasto ou não?”.

Segunda situação

Figura 03 - Campo 1 e campo 2

Fonte: Elaborado pelas autoras


(2021).
Acrescentar um quadradinho à cartolina verde. Comentar e questionar sobre a
modificação: “O dono do campo 1 resolveu construir uma casinha. E agora, a vaquinha
do campo 1 terá a mesma quantidade de pasto que a vaquinha do campo 2 ou não?”.
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe? Pode me explicar?”.

Terceira situação
Figura 04 - Campo 1 e campo
2

Fonte: Elaborado pelas autoras


(2021).

Colocar uma casinha no campo 2, na mesma localização da colocada no campo


1, e questionar: “E agora, o que você acha, a vaquinha do campo 2 terá maior, menor
ou a mesma quantidade de pasto do que a vaquinha do campo 1?”. Fazer um pedido
de argumentação: “Como você sabe? Pode me explicar?”.
Quarta situação

Figura 05 - Campo 1 e campo 2

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Colocar quatro casinhas agrupadas em cada campo, em localizações iguais.


Perguntar: “Os donos dos terrenos resolveram construir mais casas. E agora, o que
você acha? A vaquinha do campo 2 terá a mesma quantidade de pasto, menos ou mais
pasto do que a vaquinha do campo 1?”.
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe? Pode me explicar?”.
Quinta situação

Figura 06- Campo 1 e campo 2

Ou

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).


Colocar quatro casinhas em cada campo, modificando a disposição das casas no
campo 2. Questionar: “E agora, o que você acha? A vaquinha do campo 2 terá a
mesma quantidade de pasto, menos ou mais pastos do que a vaquinha do campo 1?”
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe? Pode me explicar?”.

Contra-argumentação, independentemente da resposta do entrevistado

Se o examinando for conservador, perguntar: “Será que no campo 2 a vaquinha


não vai comer mais porque as casas estão separadas?”
Se não for conservador, comentar: “Em outra oportunidade, alguém me disse que
havia a mesma quantidade de pasto. Será que essa pessoa estava certa ou errada?
Quando as casas estavam juntas, você não me disse que tinha a mesma quantidade de
pasto?”.
No retorno empírico, perguntar: “Se o dono do campo colocar as casinhas como
estavam antes, a quantidade de pasto será a mesma nos dois campos?”. Por fim, fazer
outro ajuste: manter as quatro casas agrupadas no campo 1 e modificar as quatro
casas do campo 2. Repetir as perguntas e realizar a contra argumentação. É possível
trabalhar com até 8 casas em cada campo

Figura 07- Campo 1 e campo 2


ou
Fonte: Elaborado pelas autoras
(2021).
Argumentos utilizados
( ) Argumento de identidade;
( ) Argumento de compensação;
( ) Argumento de reversibilidade;
( ) Nenhum.

Avaliação

 Nível 1: não conservador. Estabelece igualdade inicial, porém não a conserva


nas modificações seguintes, demonstrando dificuldades de compreensão das
ideias propostas (5-6 anos).
 Nível 2: intermediário. Pode ou não responder bem; ora conserva, ora não. Em
transformações mais simples, conserva; entretanto, em transformações mais
complexas ou quando o número de elementos é maior (como outros
agrupamentos em oito lugares diferentes), têm mais dificuldades na percepção
(5-7 anos).
 Nível 3: conservador. Percebe que as superfícies livres são iguais e têm boa
qualidade de argumentação (6 -7 anos).

Nível em que a criança se encontra


( ) Pré-operatório intuitivo global;
( ) Pré-operatório intuitivo articulado;
( ) Primeiro estágio do operatório concreto.

Caro(a) acadêmico (a), vale ressaltar que, conforme Visca (2008, p.59), “o
conceito de permanência da superfície, não é inato, senão que é o resultado de uma
construção paulatina, como todos os demais conceitos de conservação; tanto das
quantidade contínuas como descontínuas”.

2.2 Prova de conservação: pequenos conjuntos discretos de elementos

Objetivo
Avaliar a noção de número.

Material
 10 fichas de uma cor com 2 cm de diâmetro;
 10 fichas de outra cor com 2 cm de diâmetro.

Procedimento
Colocar as fichas em duas fileiras com a mesma quantidade (igualdade). Em
seguida, apresentar ao examinando uma fileira de uma cor e pedir a ele que coloque a
mesma quantidade de fichas de outra cor (correspondência termo a termo).
Fazer modificações espaciais com a finalidade de investigar se há conservação
de quantidade de elementos.
Realizar contra-argumentações, perguntas de coticidade e retorno empírico da
modificação seguinte.

Desenvolvimento

Figura 08 - Igualdade inicial e correspondência termo a termo


Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Figura 09- Modificações espaciais das fichas (primeira, segunda e terceira)


Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Apresentar o material e perguntar à criança: “O que você pode me dizer sobre


este material?”
Distribuir uma fileira de fichas de uma cor, deixando três fichas separadas.
Entregar as fichas de outra cor para criança e pedir que forme outra fileira semelhante.
Solicitar: “Você poderia formar uma fileira semelhante/parecida com esta que eu fiz
usando as suas fichas?”.
Em seguida, questionar a criança sobre a igualdade de quantidade de fichas:
“Temos a mesma quantidade de fichas desta cor e da outra cor?”.
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe? Pode me explicar ou me
mostrar?”.
Certificar-se de que a criança percebe a igualdade para prosseguir a prova.
Arrumar as fichas termo a termo.

Primeira modificação
Distanciar as fichas azuis de modo que essa fileira fique aparentemente mais
extensa que a fileira de fichas amarelas.
Perguntar ao entrevistado: “Nesta fileira (modificada), a quantidade de fichas é
maior, menor ou igual à quantidade de fichas da outra fileira?”.
Fazer um pedido de argumentação:”Como sabe? Poderia explicar?”.

Contra-argumentação
Se o examinando for conservador, o entrevistador comenta sobre a diferença:
“Mas esta fileira é mais larga, será que não tem mais fichas?”.
Se não for conservador, lembrar sobre as duas fileiras iniciais: “Você se lembra
das fileiras apresentadas inicialmente?”. Questionar novamente sobre as quantidades:
“No início, as fileiras tinham a mesma quantidade de fichas?”.
Retorno empírico: colocar as fichas termo a termo.

Segunda modificação
Aproximar as fichas de uma fileira de modo que ela fique mais curta. Perguntar
ao entrevistado: “E agora, esta fileira (modificada) tem uma quantidade maior, menor ou
igual de fichas que a outra fileira?”.
Fazer um pedido de argumentação: “Como sabe? Poderia explicar?”.

Contra-argumentação
Se o examinando for conservador, comentar sobre a diferença: “Outro dia, uma
criança esteve aqui e me disse que esta fileira mais curta tinha menos fichas. Será que
ela estava certa?”.
Se não for conservador, faça o seguinte comentário: “Uma criança esteve aqui e
me disse que as duas fileiras têm a mesma quantidade de fichas. O que você acha: Ela
estava certa ou não?”.
Por fim, questionar: “E se deixarmos as fichas como estavam inicialmente,
teremos a mesma quantidade de fichas ou não?”.
Retorno empírico: colocar as fichas termo a termo. Fazer a verificação de
igualdade.

Pergunta de coticidade
Cobrir uma fileira de fichas com as mãos e perguntar: “Você sabe me dizer
quantas fichas eu tenho debaixo das minhas mãos?”. O examinando poderá contar as
fichas descobertas.
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe? Pode me explicar?”.
Nesse caso, é importante que o entrevistado perceba que a quantidade de fichas na
mesa é igual à quantidade coberta.

Terceira modificação
Colocar 7 fichas de uma cor em círculo e pedir à criança que coloque ao redor as
outras fichas de outra cor. Perguntar se há mais ou menos fichas de uma cor do que de
outra ou se as quantidades são iguais.
Se não for conservador/sem êxito: “Você não acha que há a mesma quantidade
de fichas fora e dentro? Poderia me explicar?".
Registrar todas as respostas e argumentações.

Argumentos utilizados
( ) Argumento de identidade;
( ) Argumento de compensação;
( ) Argumento de reversibilidade;
( ) Nenhum.
Avaliação
 Nível 1: não conservador. Pode fazer contagem ou correspondência termo a
termo ou qualquer disposição figural. As respostas não são conservativas. Pode
resolver corretamente ou não as questões de quantidade (geralmente antes dos
5 anos);
 Nível 2: intermediário. Estabelece igualdade inicial e correspondência termo a
termo; responde corretamente ao retorno empírico; ora conserva, ora não (5-6
anos);
 Nível 3: conservador. Utiliza argumentos (identidade, compensação e
reversibilidade). Responder com acerto à coticidade e conservar as modificações
(a partir dos 5 anos).

Nível em que a criança se encontra


( ) Pré-operatório intuitivo global;
( ) Pré-operatório intuitivo articulado;
( ) Primeiro estágio do operatório concreto.

De acordo com Visca (2008, p.45) “em algumas situações é necessário manter
um diálogo de caráter mais intuitivo”, ou seja, o psicopedagogo pode fazer perguntas
como “Se as suas fichas fossem balas e as minhas também e se você come todas
estas ou estas; você comeria a mesma quantidade?” Visca (2008, p.45). Dessa forma, o
psicopedagogo, faz com que a aplicação das provas seja mais agradável e menos
tensa para a criança, levando em consideração o estabelecimento de vínculo
anteriormente citado.
2.3 Prova de conservação: Comprimento
Objetivo
Avaliar a noção de comprimento.

Material
2 fios flexíveis de comprimentos diferentes (de 10 a 15 cm).

Procedimento
Apresentar os fios paralelamente sobre a mesa. A verificação de desigualdade
deve ser percebida pelo avaliando.
Fazer a modificação. Em seguida, verificar a noção de conservação e fazer as
contra-argumentações e o retorno empírico.
Depois, executar outras modificações.

Desenvolvimento

Figura 10 - Apresentação inicial

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Figura 11 - Modificações
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Apresentar o material e perguntar o que o examinando pode dizer sobre ele: “O


primeiro fio é mais comprido do que o segundo ou eles têm o mesmo comprimento? Se
fossem duas estradas, em qual delas você teria de andar mais?”.

Primeira modificação
Ondular o fio maior para que os extremos coincidam e perguntar: “E agora, o
comprimento da estrada é o mesmo ou não?”.
Fazer um pedido de argumentação. Se o entrevistado responder que é diferente
(conservador) ou que é igual (não conservador), questionar: “Como você sabe?”.

Contra-argumentação
Se o examinando foi conservador, mostrar a coincidência dos extremos de
ambos os fios: “Veja bem: Os caminhos iniciam e terminam juntos? Os comprimentos
são iguais ou diferentes?
Se não foi conservador, comentar: “Você lembra que no início um dos fios era
maior do que o outro? Se eu deixá-los esticados, eles terão comprimentos iguais ou
diferentes? Lembra-se de que uma estrada era maior do que a outra?”.
Realizar o retorno empírico: mostrar os dois fios esticados, para que seja visível
a diferença entre os dois e para facilitar essa constatação por parte da criança.

Segunda modificação
Ondular o fio maior de forma que apenas um dos extremos coincida. Perguntar:
“E agora, os fios têm o mesmo comprimento ou não? O comprimento da estrada é o
mesmo ou não?”.
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe?”.
O entrevistado é conservador se responder que um dos fios, mesmo encolhido, é
maior.
O entrevistado é não conservador se responder que o fio esticado é maior do
que o outro.

Contra-argumentação
Se o examinando foi conservador, questionar: “Veja bem: os caminhos se iniciam
juntos, mas o ondulado é menor?”. A criança deve demonstrar que percebe que o
ondulado é maior.
Se não foi conservador, perguntar: “Você lembra que no início um dos fios era
maior do que o outro? Se eu deixá-los esticados, eles terão comprimentos iguais ou
diferentes? Lembra-se de que, no início da atividade, uma estrada era maior do que a
outra?”.
Realizar o retorno empírico: mostrar os dois fios esticados, para que seja visível
a diferença entre os dois e para facilitar essa constatação por parte da criança.
Argumentos utilizados
( ) Argumento de identidade;
( ) Argumento de compensação;
( ) Argumento de reversibilidade;
( ) Nenhum.

Avaliação
 Nível 1: não conservador. Em cada modificação apresentada, não conserva o
comprimento. Na primeira transformação, julga que os comprimentos são iguais;
na segunda transformação, acredita que o fio ondulado seja menor (6-7 anos).
 Nível 2: intermediário. As respostas são instáveis, ora acerta, ora não. Oscila nas
contra-argumentações e as justificativas não são adequadas ( de 6-7 anos a 8
anos).
 Nível 3: conservador. A criança é capaz de conservar as modificações e se utiliza
de argumentos (identidade, compensação ou reversibilidade). Mantém seu
julgamento na contra-argumentação (7-8 anos).

Nível em que a criança se encontra


( ) Pré-operatório intuitivo global;
( ) Pré-operatório intuitivo articulado;
( ) Primeiro estágio do operatório concreto.

2.4 Prova de conservação: Massa

Objetivo
Avaliar a noção de conservação de quantidade de massa.

Material
Duas massas de modelar de cores diferentes com as quais se possam fazer
bolas de aproximadamente 4 cm.

Procedimento
Construir duas bolas com a mesma quantidade de massa e modificar a forma de
uma delas.
Fazer a verificação da noção de conservação, provocar contra-argumentações e
fazer o retorno empírico. Em seguida, executar outras modificações.

Desenvolvimento

Figura 12- Apresentação do material e igualdade inicial


Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).
Figura 13- Modificações

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Igualdade inicial
Perguntar à criança: “O que você pode dizer sobre este material?”. Pedir à
criança que faça duas bolas com as massas de cores diferentes. Em seguida,
questionar sobre a igualdade de quantidade: “As bolas têm a mesma quantidade de
massa, mais ou menos?”.
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe? Pode me explicar ou me
mostrar?”.
Certificar-se de que a criança percebe a igualdade para prosseguir a prova.

Primeira modificação
Deixar uma das bolas com formato de salsicha.
Questionar o examinando: “Existe a mesma quantidade de massa na bola e na
salsicha?”.
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe? Pode me explicar ou me
mostrar isto?”.
Contra-argumentação
Se o examinando for conservador e confirmar a igualdade, comentar sobre a
diferença: “Mas a salsicha é mais larga, será que não tem mais massa?”. Se não for
conservador e não perceber a igualdade, lembrar sobre as duas bolas iniciais: “Você se
lembra das massinhas no início da atividade? As duas bolas tinham a mesma
quantidade de massinha?”.
Por fim, questionar a criança: “Se eu fizer uma bola com esta salsicha, ela terá
maior, menor ou igual quantidade de massa da outra bola?”.
Retorno empírico: após a resposta, deixar as duas massas com formato de
bolas, como a posição inicial.
Registrar todas as respostas e argumentações do avaliando.

Segunda e terceira modificações


Repetir o procedimento da primeira modificação, alterando os formatos.

Argumentos utilizados
( ) Argumento de identidade;
( ) Argumento de compensação;
( ) Argumento de reversibilidade;
( ) Nenhum.

Avaliação
 Nível 1: não conservador. Embora estabeleça igualdade inicial, não a conserva
nas demais modificações; têm dificuldade para argumentar e contra-argumentar.
Quanto ao retorno empírico, ora acerta, ora erra (5-6 anos).
 Nível 2: intermediário. Estabelece igualdade inicial e acerta no retorno empírico.
Diante das modificações, os julgamentos alternam, indicando que as
quantidades ora são iguais, ora diferentes. Há oscilação nas contra
argumentações ( de 5 anos a 6-7 anos).
 Nível 3: conservador. Em todas as modificações, sempre percebe as quantidades
como iguais. Consegue argumentar (identificar, compensação). Mantém o
julgamento na contra-argumentação (a partir de 7 anos).

Nível em que a criança se encontra


( ) Pré-operatório intuitivo global;
( ) Pré-operatório intuitivo articulado;
( ) Primeiro estágio do operatório concreto.

Caro (a) estudante, vale lembrar que, de acordo com Visca (2008) da mesma
maneira que as noções de conservação de conjuntos descontínuos de elementos, da
superfície e dos líquidos, a noção de conservação de quantidade de matéria é uma
noção que se constrói.
SAIBA MAIS

Veja a seguir o que Visca (2012) aponta sobre a criação de argumento: A criação de
um argumento: é indispensável em algumas provas (superfície, ihas) e conveniente em
outras (comprimento), consiste em “um fazer de conta” que permite criar uma ficção que
facilita apresentar algumas questões que implicam na resolução de um conflito
cognitivo.
Assim, por exemplo, na prova de superfície - em que se investiga se há dois
campos de igual superfície, se lhe restam superfícies iguais, mas com distinta posição
espacial - se propõe “fazer de conta que as cartolinas verdes são campos com pasto
em que vai comer uma vaquinha ou cavalinho.”
Também, durante o transcurso de algumas provas poderá ser útil formular dessa
forma: “se as suas fichas e as minhas fossem moedas, seríamos igualmente ricos?” Ou,
“se a sua massa e a minha fossem chocolate [...]”.

Fonte: Visca (2012, p. 25) #SAIBA MAIS#


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) acadêmico(a)!
No decorrer dos estudos você pôde observar que a aplicação de todas as provas
operatórias apresentam aspectos comuns. Entre as estratégias do entrevistador
pode-se destacar a apresentação do material, a indagação do vocabulário e a
delimitação da intencionalidade da prova. Dentro da conduta do entrevistado é possível
observar o reconhecimento do material e a demonstração do vocabulário.
Levando em consideração as diferentes noções que as provas avaliam, devemos
destacar que ao aplicar as provas, é fundamental evitar aplicar várias provas do mesmo
tipo em uma mesma sessão, para não haver contaminação das respostas do
entrevistado. É essencial que se alterne as provas aplicadas na mesma sessão,
exemplo: aplicar uma prova de conservação, uma seriação e uma de classificação, e
não três de conservação.
Vale ressaltar que na aplicação das provas operatórias o mais importante é o
processo, sendo assim não existem respostas certas ou erradas, cabe ao entrevistador
contra-argumentar fazendo com que o entrevistado desenvolva o raciocínio sobre sua
resposta, respeitando o entrevistado, sem induzi-lo.
Outro ponto importante é que durante a aplicação das provas é possível que o
entrevistador verifique a construção do raciocínio do entrevistado, averiguando
possíveis defasagens cognitivas. Sendo assim, é fundamental que se tenha cuidado ao
aplicar as provas, observando sempre a idade do entrevistado. É essencial que se
aplique prova destinada para a idade da criança.
Por fim, é indispensável que o/a psicopedagogo/a conheça o instrumento que
será utilizado para saber como e quando usar.
LEITURA COMPLEMENTAR

Acadêmico(a) para complementar seu estudo sobre o tema provas operatórias,


consulte as fontes indicadas a seguir:

 ALVES, Adriano de Souza. Et al. Aplicação Das Provas Piagetianas Para


Avaliação Do Processo Cognitivo Da Criança No Contexto Escolar: Um Relato
De Caso. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06,
Ed. 03, Vol. 04, pp. 77-93. Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/provas-piagetianas.
Acesso em: 17 nov. 2021.
 Corrêa, J., & Moura, M. L. S. de. (2013). Uso de Provas Piagetianas; como
instrumento diagnóstico: questionando uma prática consensual. Cadernos De
Pesquisa, (79), 26–30. Disponível em:
http://publicacoes.fcc.org.br/index.php/cp/article/view/1013. Acesso em: 17 nov.
2021.
 SILVA, C. T; SILVESTRINI, M. S. A interação durante as provas operatórias:
considerações para a avaliação infantil. Revista de Terapia Ocupacional da
Universidade de São Paulo, 26(3), 399-408. 2015. Disponível em:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v26i3p399-408 Acesso em: 17 nov.
2021.
LIVRO

• Título. Manual Prático do Diagnóstico Psicopedagógico Clínico


• Autor. Simaia Sampaio
• Editora. Wak
• Sinopse. Neste manual, a autora pretende descrever os passos e a aplicação das
técnicas usadas no diagnóstico psicopedagógico clínico baseado na Epistemologia
Convergente. A obra apresenta, passo a passo, a realização do Contrato Inicial, EOCA,
Provas Operatórias, Técnicas Projetivas, Outros Testes, Anamnese, Devolução e
Informe Psicopedagógico.
FILME/VÍDEO

• Título. Avaliação Operatória


• Ano. 2019
• Sinopse. Neste vídeo a Dra Maria Carolina Lolli da FOCO fala um pouco sobre o
assunto no programa Comunidade do conhecimento.
• Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=t4RmOfRhT_U&t=10s
REFERÊNCIAS

PIAGET, J. A epistemologia genética: sabedoria e ilusões da filosofia-problemas de


psicologia genética. 2 ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

SAMPAIO, S. Manual prático do diagnóstico psicopedagógico clínico. 7 ed. Rio de


Janeiro: Wak, 2009.

TRAD, L. I. de A. Instrumentos para diagnóstico psicopedagógico clínico e


institucional. Curitiba: InterSaberes, 2020. https://plataforma.bvirtual.com.br/. Acesso
em: 29 nov. 2021.

VISCA, J. O Diagnóstico operatório na prática psicopedagógica - parte I. São José dos


Campos: Pulso, 2008.

VISCA, J. O Diagnóstico operatório na prática psicopedagógica - parte II. São José dos
Campos: Pulso, 2012.
UNIDADE III
PROVAS: CONSERVAÇÃO II E CLASSIFICAÇÃO
Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães
Professora Especialista Gabriela Gonçalves Matheus

Plano de Estudo:
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: •
Provas de conservação: líquido, peso e volume;
• Provas de classificação: mudança de critério, inclusão de classes e interseção de
classes.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar o objetivo das diferentes noções que as provas avaliam; • Compreender
a aplicabilidade das provas de conservação e classificação; • Apresentar as possíveis
estratégias do entrevistador durante a aplicação das provas.
INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a).

Seja bem-vindo(a) à Unidade III da disciplina de DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO I E


II (PENSAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO, OPERATÓRIO E FORMAL).
Nesta terceira unidade intitulada “PROVAS: CONSERVAÇÃO II E
CLASSIFICAÇÃO” serão apresentados aspectos que permitem a aplicação correta das
provas operatórias de conservação: líquido, peso e volume e das provas de
classificação: mudança de critério, inclusão de classes e interseção de classes. Sendo
eles: o objetivo das provas, o material necessário, procedimentos, desenvolvimento e
avaliação.
No decorrer deste estudo será possível verificar as estratégias comuns às provas
apresentadas, bem como a conduta do entrevistador e os aspectos particulares de cada
prova.
Para tanto, utilizamos para o desenvolvimento desta unidade referências
bibliográficas específicas sobre o enfoque da temática abordada.

Excelente leitura!
1 PROVAS DE CONSERVAÇÃO: LÍQUIDO, PESO E VOLUME
1.1 Provas de conservação: Quantidade de líquido

Objetivo
Avaliar a noção de conservação da quantidade de líquido.

Material
 2 vasos de tamanhos iguais (aproximadamente 5 cm de diâmetro e 8 cm de
altura) - vidros A1 e A2.
 1 vaso mais estreito e mais alto - vaso B.
 1 vaso mais largo e mais baixo - vaso C.
 4 vidros pequenos (aproximadamente ¼ do tamanho dos vidros A1 e A2) - vidros
D1, D2, D3 e D4.

Procedimento
Apresentar a mesma quantidade de líquido nos recipientes de tamanhos iguais.
Em seguida, mudar o recipiente, apresentando um com outra forma, mas com a mesma
quantidade de líquido, as contra-argumentações e o retorno empírico. Depois, executar
outras modificações.
Desenvolvimento

Figura 01 - Modificações

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).


Figura 02 - Igualdade inicial

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Figura 03 - Modificações
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Apresentar todos os materiais e, depois, os vidros de tamanhos iguais.


Verificar se a criança percebe a igualdade dos recipientes: “Estes vidros têm o
mesmo tamanho?”.
Em seguida, permitir que a criança coloque as quantidades iguais de líquidos
nos vidros. Confirmar com a criança a igualdade: “Temos a mesma quantidade de
líquido nos dois vidros? Se eu beber o líquido deste vaso (A1) e você do outro (A2),
beberemos a mesma quantidade de líquido?”.
Após a confirmação de igualdade, fazer as modificações.

Primeira modificação
Passar o líquido do vaso A2 para o vaso B.
Ao comparar o vaso A1 com B, perguntar: “Será que temos neste vaso (mostrar
B) menos ou mais líquido ou a mesma quantidade do que neste outro (mostrar A1)?”.
Fazer um pedido de argumentação: “Como você sabe? Pode me mostrar ou explicar?”.

Contra-argumentação
Se o examinando for conservador, confirmando a igualdade, comentar sobre a
diferença: “Mas o vaso B é mais alto, será que não tem mais líquido?”. Se não for
conservador, não percebendo a igualdade, lembrar a criança sobre os dois vasos
iniciais: “Você se lembra dos vasinhos no início da atividade? Tinham a mesma
quantidade de líquido? E se eu colocar o líquido do vaso B no vaso A2, este terá a
mesma quantidade do vaso A1?”.
Realizar o retorno empírico antes da próxima modificação.
Segunda e terceira modificações
Executar as mesmas etapas da primeira modificação, adaptando as perguntas
de acordo com os formatos de vasos utilizados.
Registrar todas as respostas e argumentações do avaliando.

Argumentos utilizados
( ) Argumento de identidade
( ) Argumento de compensação
( ) Argumento de reversibilidade
( ) Nenhum

Avaliação
 Nível 1: não conservador. O líquido transvasado é considerado com maior ou
menor quantidade de acordo com a mudança de vaso (“Tem mais líquido porque
o vaso é mais alto” ou “tem menos porque é mais baixo”). Na contra
argumentação, mantém a resposta (5-6 anos).
 Nível 2: intermediário. Existem oscilações entre conservação e não conservação;
ora argumenta corretamente, ora não. Nas contra-argumentações, há alternância
de julgamento, e as justificativas não são muito claras. O retorno empírico é
correto (5-7 anos).
 Nível 3: conservador. Em todas as modificações de transvasamento, as
quantidades de líquido são consideradas iguais. As respostas são bem
justificadas com argumentos de identidade, reversibilidade e compensação (a
partir de 7 anos).

Nível em que a criança se encontra


( ) Pré-operatório intuitivo global
( ) Pré-operatório intuitivo articulado
( ) Primeiro estágio do operatório concreto
Visca (2008, p.81) aponta que “algumas crianças por dificuldades motoras ou
perceptivas podem apresentar dificuldade para colocar igual quantidade de líquido no
copo teste e experimental”, sendo assim, “nestes casos, é conveniente que o
entrevistador o faça e interrogue a criança sobre se tem ou não a mesma quantidade.”.
Assim, caro (a) estudante, não podemos esquecer que o (a) psicopedagogo (a) deve
estar sempre atento às necessidades e particularidades de cada entrevistado.

1.2 Provas de conservação: Quantidade de peso

Objetivo
Avaliar a noção de conservação de peso.

Material
 1 balança com 2 pratos.
 2 bolas de massa de modelar de cores diferentes com aproximadamente 4 cm de
diâmetro.

Procedimento
Pesar as bolas de formatos iguais para confirmar a igualdade inicial. Em seguida,
realizar modificações na forma de uma das massas. Verificar com o entrevistado a
conservação de peso após as modificações de forma. Usar a balança para isso.
Observar as argumentações. Realizar contra-argumentação e fazer os registros.

Desenvolvimento

Figura 04-
Apresentação do
material (igualdade de
massas) e balança
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Figura 05- Modificações

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Apresentar as massas e a balança para o entrevistado. Explicar como funciona a


balança, ou seja, se os pesos forem iguais, os pratinhos ficarão na mesma altura.
Quando um pratinho fica mais baixo, o conteúdo pesa mais; quando fica mais alto, pesa
menos.
Perguntar: “Você acha que as massas têm o mesmo peso ou não?”. Pedir para o
entrevistado colocar as massas na balança para comprovar.
Após a confirmação da igualdade, pedir para o entrevistado escolher uma das
massas (que sofrerá modificações).

Primeira modificação
Pegar a massa escolhida pelo entrevistado e deixá-la com formato de salsicha.
Perguntar: “O peso da bola e o da salsicha são os mesmos ou são diferentes?”. Fazer
um pedido de argumentação independentemente da resposta: “Como você sabe? Pode
me explicar?”.
Realizar a contra-argumentação com o posto à resposta.
Se o examinando for conservador, perguntar: “Em outra ocasião, alguém me
disse que a salsicha é mais comprida e pesa mais. O que você acha?”. Se for
necessário, pedir para o entrevistado pesar a bola e a salsicha. Depois, perguntar: “Se
eu transformar novamente a salsicha em bola, teremos o mesmo peso ou teremos
pesos diferentes?”.
Retorno empírico: registrar as argumentações e as contra-argumentações.

Segunda e terceira modificações


Repetir o procedimento anterior, alterando os formatos de uma das massas para
achatada (segunda modificação) e dividi-la em quatro bolinhas (terceira modificação).
Refazer as etapas do teste com o examinando.

Argumentos utilizados
( ) Argumento de identidade
( ) Argumento de compensação
( ) Argumento de reversibilidade
( ) Nenhum
Avaliação
 Nível 1: não conservador. Estabelece igualdade inicial, porém julga que a massa
modificada tem peso diferente. Pode responder ao retorno empírico de forma
correta ou não (6-7 anos).
 Nível 2: intermediário. Estabelece igualdade inicial; ora a conserva, ora não.
Responde corretamente ao retorno empírico (8-9 anos).
 Nível 3: conservador em todas as modificações. Argumenta adequadamente e é
conservador nas contra-argumentações (a partir de 8-9 anos).

Nível em que a criança se encontra


( ) Pré-operatório intuitivo global
( ) Pré-operatório intuitivo articulado
( ) Primeiro estágio do operatório concreto

Caro (a) estudante, é importante destacar que, de acordo com Visca (2008,
p.103) “as crianças que ainda não construíram a noção de peso, quando querem
justificar que duas quantidades iguais de substância, com formas diferentes, pesam o
mesmo argumentam dizendo que ambas possuem a mesma quantidade", portanto, é
fundamental que o(a) psicopedagogo(a) esteja atento, sempre verificando o que a
criança quis dizer em suas expressões.

1.3 Provas de conservação: Quantidade de volume

Objetivo
Avaliar a capacidade de conservação de volume.

Material
 2 vasos transparentes de tamanhos iguais.
 2 massas de modelar de cores diferentes.
 2 elásticos.
 2 vasos com líquido de cores diferentes.

Procedimento
Colocar nos vasos iguais a mesma quantidade de água e envolvê-los com o
elástico para marcar o nível da água.
Formar bolas do mesmo tamanho com a massa de modelar.
Jogar uma bola em cada vaso e verificar se o examinando percebe que o nível
da água sobe e que em ambos os vasos acontecerá a mesma coisa. Após o
entrevistado perceber a igualdade, fazer modificações no formato de uma das massas
(salsicha, achatada e dividida em quatro bolinhas) e realizar perguntas sobre o nível da
água.
Observar a capacidade de conservação de volume e fazer registros das
argumentações.
Realizar contra-argumentações e retorno empírico.

Desenvolvimento

Figura 06 - Apresentação inicial (igualdade)


Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

Figura 07 -
Modificações

Fonte: Elaborado pelas


autoras (2021).

Apresentar o material para o entrevistado. Em seguida, perguntar se os vasos


são iguais, assim como as bolas de massinha: “O que acha destes vasinhos? Eles têm
os mesmos tamanhos ou não? E quanto às bolas de massinha, são de tamanhos iguais
ou não?”.
Assim que o examinador confirmar a igualdade, colocar líquidos de cores
diferentes nos dois vasinhos de forma que fiquem no mesmo nível. Conformar com o
entrevistado se os níveis são iguais: “Ao olhar para estes vasinhos, o que você
percebe? A quantidade de água é a mesma?”.
Com a igualdade confirmada, usar o elástico para marcar o nível de água nos
dois vasos.
Perguntar: “Se colocarmos a bola no vaso 1, o que acha que acontecerá? A
água subirá, descerá ou ficará no mesmo nível?”.
Depois questionar: “E agora, se colocarmos a outra bola no vaso 2, o nível da
água vai subir igual ao do vaso 1, descerá ou ficará no mesmo nível?”.

Primeira modificação
Pegar a bola do vaso 2 e transformá-la em salsicha: “Se colocarmos a salsicha
no vaso 2, o nível da água subirá igual ao da bola do vaso 1, descerá ou ficará no
mesmo nível? Como você sabe? Pode me explicar?”.
Contra-argumentação
Se o examinador for conservador, perguntar: “Mas será que a massinha mais
fina não faz o líquido subir menos?”.
Se não for conservador, colocar a salsicha dentro do vasinho para o entrevistado
comprar.
Perguntar: "Lembra-se do início? As massas não tinham a mesma quantidade? Se
deixarmos as duas massas em formato de bolas, o nível da água será o mesmo?”.
Retorno empírico: registrar as argumentações e as contra-argumentações.

Segunda e terceira modificações


Repetir o procedimento anterior, alterando os formatos de uma das massas para
achatada (segunda modificação) e dividi-la em quatro bolinhas (terceira modificação).
Refazer as etapas seguintes do teste com o examinando.

Argumentos utilizados
( ) Argumento de identidade
( ) Argumento de compensação
( ) Argumento de reversibilidade
( ) Nenhum

Avaliação
 Nível 1: não conservador. Compreende a igualdade inicial, porém acredita que a
mudança de forma pode alterar o nível da água. Pode acertar ou não o retorno
empírico (8-9 anos).
 Nível 2: intermediário. Estabelece a igualdade inicial, porém oscila durante as
modificações e as contra-argumentações. Responde com acerto ao retorno
empírico (9-10 anos).
 Nível 3: conservador. Responde corretamente a todas as modificações e contra
argumentações. Utiliza adequadamente as argumentações (identidade,
reversibilidade e conservação) (a partir de 11-12 anos).
Nível em que a criança se encontra
( ) Primeiro subestágio do operatório concreto.
( ) Segundo subestágio do operatório concreto.
( ) Primeiro subestágio do operatório formal

Caro (a) acadêmico (a), vale ressaltar que de acordo com Visca (2008, p.113) a
noção de volume se adquire posterior à noção de conservação de peso,
aproximadamente aos 11 - 12 anos. Contudo, o que não podemos esquecer em relação
às idades é que, as idades podem variar de acordo com as estimulações e experiências
que o sujeito vivencia ao decorrer de seu desenvolvimento.

REFLITA

“O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não
simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram.”

Jean Piaget (1996).

#REFLITA#
2 PROVAS DE CLASSIFICAÇÃO: MUDANÇA DE CRITÉRIO, INCLUSÃO DE
CLASSES, INTERSEÇÃO DE CLASSES

2.1 Prova de classificação: Mudança de Critério


Objetivo
Avaliar a capacidade de classificar objetos.

Material
 5 círculos vermelhos de 2,5 cm de diâmetro
 5 círculos vermelhos de 5 cm de diâmetro
 5 círculos azuis de 2,5 cm de diâmetro
 5 círculos azuis de 5 cm de diâmetro
 5 quadrados vermelhos de 2,5 cm de lado
 5 quadrados vermelhos de 5 cm de lado
 5 quadrados azuis de 2,5 cm de lado
 5 quadrados azuis de 5 cm de lado
 2 caixas planas de aproximadamente 4-5 cm de altura e 12 cm de lado

Procedimento
Entregar à criança as figuras geométricas de formas, tamanhos e cores
diferentes de forma desordenada, para que inicialmente o examinando realize uma
classificação espontânea. Posteriormente, pedir que classifique em dois grupos,
colocando cada um deles em uma das duas caixas.
Dar esse comando algumas vezes, com critérios diferentes de organização e
nomeação das classes. A cada pedido de mudança de critério, retirar o material da
caixa e deixá-lo sobre a mesa de forma desordenada.

Desenvolvimento
Primeiramente, pedir uma descrição do material: "Você pode me dizer o que está
vendo?”.
Depois, solicitar uma classificação espontânea: “Você pode colocar juntas as
fichas que combinam?”.
Em seguida, fazer o pedido de dicotomia: “ Gostaria que você fizesse dois
grupos e colocasse cada um deles em uma das caixas”.
Como última solicitação, pedir que nomeie as classes de acordo com a
organização: “ Por que você arrumou assim? Como poderia chamar este monte? E o
outro?”.
Retirar as fichas das caixas e colocá-las misturadas na mesa.

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