Resumo do tema: Bases biológicas dos transtornos mentais e das afasias
Aluno: João Gabriel Oliveira Rosa
A partir da década de 90, as tecnologias permitiram gerar imagens
bem definidas do cérebro em funcionamento, assim, atingindo um pico de efetividade e aplicabilidade. Inclusive, foi nesse período que muitos dos estudos mais estruturantes da neurociência foram desenvolvidos. Consequentemente, isso foi muito importante para os profissionais da saúde mental como um todo. Afinal, diferentemente de outras áreas da Medicina que são mais palpáveis, no caso do estudo das doenças mentais, não havia um concretude significativa. Esse grande avanço na compreensão das bases biológicas dos transtornos mentais levou alguns psiquiatras expoentes a questionar a validade da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), pois a obra contempla pouco ou quase nada desses achados laboratoriais sobre os transtornos, o que, consequentemente, faz carecer da comprovação mais física. E tal fato dá-se por conta da veracidade de que, por mais que a neurociência avance, o aspecto humanizado do atendimento, com a valorização da queixa subjetiva do paciente e o contato olho no olho, jamais se tornará obsoleto. Trocando em miúdos, a neurobiologia dos transtornos mentais foi extremamente importante para a saúde mental, pois a própria não invalida os aspectos humanos do tratamento de um paciente. O Dicionário de Psicologia da APA (2021) define o termo linguagem como “um sistema para expressar ou comunicar pensamentos e sentimentos através da fala e de símbolos”. Esse conceito já torna claro que a função primária da linguagem é a comunicação e a imortalização. Comunicação pois você deixa claro aos demais o que se passa na sua cabeça e, dessa forma, fica muito mais simples coordenar uma atividade coletiva, por exemplo. Imortalização porque, a partir do momento em que você expande suas ideias para a mente dos demais, você passa a viver nessas outras pessoas, em termos de ideias e pensamentos. A linguagem em si é instintiva. Ou seja, não aprendemos a linguagem, o que aprendemos é a falar o idioma da sociedade em que nascemos. Quando se estuda o desenvolvimento humano como um todo, compreende-se que os primeiros anos de vida são fundamentais para “n" questões. No caso da linguagem não é diferente. Assume-se que, ao final do 24° mês de vida, a criança tenha domínio significativo do vocabulário, sendo que esse fator irá predizer o sucesso dela em várias outras áreas da vida. Uma das descobertas mais fascinantes de Paul Broca derivou do estudo de pacientes que haviam perdido parte do lobo frontal. Ele identificou que um dos pacientes com uma grande lesão frontal apresentava a redução na capacidade de se expressar verbalmente, ou seja, conseguia pensar, estruturar a frase, mas na hora de falar travava. A essa condição ele deu o nome de afasia motora. Basicamente, essa incapacidade de se expressar verbalmente era consequência da lesão no córtex frontal inferior posterior esquerdo. Essa história, apesar de inspiradora por tratar de um diagnóstico neurológico raiz, feito à base da correlação entre estrutura e função, não necessariamente representa o paradigma atual das neurociências. À época de Broca, reinava o paradigma localizacionista, em que o objetivo do neurocientista era mapear as diferentes regiões cerebrais e atribuir a elas uma função específica, de forma que, quando elas sofressem alguma lesão, seria possível antecipar o déficit que o paciente poderia ter e já iniciar um tratamento. Entretanto, apesar de estudo localizacionistas acontecerem até os dias atuais, eles não representam mais o “padrão-ouro" da pesquisa neurocientífica atual. Hoje em dia, os neurocientistas estão muito mais preocupados em compreender o padrão de conectividade entre as diferentes estruturas cerebrais e a forma como esse padrão determina comportamentos distintos. Esse novo paradigma, que recebe o nome de conexionismo, nos ajuda a entender, inclusive, a razão de vários pacientes neurológicos com destruição parcial ou completa da área de Broca (córtex frontal inferior posterior esquerdo) não manifestarem afasia motora (afasia de Broca). É importante compreendermos esses indícios e entendermos que talvez a dita área de Broca não seja necessariamente “a grande" área motora da fala. Inegavelmente ela faz parte do circuito cerebral da linguagem falada, mas não dá para restringir todo o processo motor da fala a ela, senão as evidências de lesões nela sem ocorrência de afasia motora seriam impossíveis. Assim como a afasia de Broca, existem também outras afasias que merecem destaque, como: Afasia de compreensão – Identificou-se que pacientes com lesões temporais, principalmente na porção mais posterior e do hemisfério esquerdo, começavam a apresentar uma fala incompreensível, apesar da fluência ser intacta. De fato, o que ocorria é que esse tipo de lesão extirpava a chamada área da compreensão da linguagem, de forma que os pacientes não conseguiam compreender o que lhes era dito, nem mesmo estruturam uma frase que fizesse sentido. Inclusive, tudo isso vinha atrelado a uma anosognosia, que é a negação do próprio déficit. Afasia de condução – É uma lesão no fascículo arqueado (faz a conexão entre a área de Broca e a área de Wernicke). Nesse caso, como a área de Broca e a de Wernicke estão preservadas, a fluência verbal e a compreensão estão funcionando bem, mas a condução da informação está interrompida. Portanto, esses pacientes acabam cometendo muitos erros no uso de sílabas e outras letras para expressar aos outros seus sentimentos. Existem outros tipos de afasia, mas essas são as mais comuns e relevantes para o domínio dos futuros profissionais.
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