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NEUROPSICOLOGIA
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NEUROPSICOLOGIA
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MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO À NEUROPSICOLOGIA
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- Panizza (1855) – relacionou o quadro de cegueira com a região
occipital.
- Jonh Harlow (1849) – descreveu alterações de comportamento no caso
Phineas Gage depois de uma lesão frontal.
Fim do século XX e início do século XXI – Vygotsky e Luria
apresentaram uma proposta diferente da Localizacionista. Eles se basearam em
três princípios centrais das funções corticais: PLASTICIDADE, SISTEMAS
FUNCIONAIS DINÂMICOS E PERSPECTIVA A PARTIR DA MENTE HUMANA.
A psicologia cognitiva (1950) - objetivou estudar os processos
cerebrais e cognitivos em indivíduos normais, incluindo a memória, linguagem,
pensamento e funções perceptivas.
Fim da década de 1960 – surge na Inglaterra a neuropsicologia
cognitiva, a qual se baseou em paradigmas de processamento de informações
para a análise dos subcomponentes das habilidades cognitivas.
No Brasil (1950) - o neuropediatra, também graduado em
psicologia, Antônio Frederico Branco Lefèvre do departamento de Neurologia da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) realizou os
primeiros estudos sobre neuropsicologia com enfoque na psicopatologia da
afasia em crianças. Sua esposa, Beatriz Helena Lefèvre, da Divisão do Instituto
Central do Hospital das Clínicas da FMUSP expandiu esses estudos.
Em 1971 - a psicóloga Cândida Helena Pires de Camargo e o
neurocirurgião Raul Marino Jr. criaram a Unidade de Neuropsicologia da Divisão
de Neurocirurgia Funcional do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
FMUSP, objetivando auxiliar no diagnóstico, planejamento cirúrgico e
monitoramento dos pacientes com doenças neurológicas e neuropsiquiátricas.
Em 2004, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) reconheceu a
neuropsicologia como especialidade da psicologia pela resolução nº002/2004.
(MIOTTO, 2012).
A neuropsicologia é a ciência que objetiva o estudo da relação entre o
cérebro e o comportamento humano (LURIA, 1981). Para Lezak (1995), a
neuropsicologia pode ser definida como a análise sistemática das alterações de
comportamento desencadeadas por lesões, doenças e malformações que
acometem o cérebro.
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A neuropsicologia é uma área relativamente nova. É a área da psicologia
e das neurociências que tem como objetivo estudar as relações entre o sistema
nervoso central (SNC), o funcionamento cognitivo e o comportamento. As
principais atuações se referem ao diagnóstico complementar e intervenções
clínicas voltadas para as várias patologias decorrentes de alterações no SNC,
bem como pesquisa experimental e clínica na presença ou não de afecções.
Possui uma inter-relação com as áreas de neurologia, psicologia, psiquiatria,
pedagogia, geriatria, pediatria, fonoaudiologia, forense e, recentemente com
economia e marketing (MIOTTO, 2012).
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A neuroimagem propicia o conhecimento de circuitos cerebrais que são
responsáveis por áreas específicas da cognição do ser humano. Permite a
visualização da estrutura e funcionamento do cérebro, podendo identificar a
anatomia de alguns distúrbios mentais (VIEIRA et. al., 2007).
FIGURA 1
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É importante salientar também que algumas doenças podem ter efeito
potencialmente adverso no funcionamento neurológico, tais como infecções,
traumas, exposição a agentes tóxicos, problemas renais, cardíacos, de fígado e
outros. Os efeitos neurológicos secundários dessas alterações podem afetar a
cognição e, consequentemente, a capacidade adaptativa do indivíduo,
ocasionando problemas no manejo agudo e em longo prazo, caso não sejam
reconhecidos (TARTER, EDWARDS e VAN THIEL, 1998).
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em quadros neurológicos e transtornos psiquiátricos, tanto em clínica como em
pesquisa.
Investigar a natureza e o grau de alterações cognitivas e
comportamentais.
Monitorar a evolução de quadros neurológicos e psiquiátricos,
tratamentos clínicos, medicamentosos e cirúrgicos.
Planejar programas de reabilitação voltados para as alterações
cognitivas, comportamentais e de vida diária.
Avaliação com foco para os aspectos legais, gerando informações
e documentos sobre as condições ocupacionais ou incapacidades mentais de
pessoas que sofreram algum dano cerebral ou doença, afetando o sistema
nervoso central (MIOTTO, 2012; MÄDER-JOAQUIM, 2010).
A avaliação é realizada por meio da aplicação de entrevistas, testes
neuropsicológicos quantitativos e qualitativos das funções cognitivas (atenção,
percepção, memória, linguagem e raciocínio). Alguns métodos já são utilizados
há algum tempo, porém outros estão ainda em construção (MÄDER-JOAQUIM,
2010).
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tóxicas, doenças endócrinas ou desordens metabólicas, deficiências vitamínicas
e outras desordens (CAMARGO, BOLOGNANI e ZUCCOLO, 2008).
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nos causar uma série de transtornos desde os físicos até emocionais. A seguir
veremos cada uma das funções cognitivas que fazem parte do nosso
funcionamento.
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Praxias – Cubos – WAIS-III (praxia construtiva), desenho do relógio
e cópia de figuras bi e tridimensionais, imitação do uso de objetos (praxia
ideomotora), movimentos orofaciais (praxia bucofacial)
2 ATENÇÃO
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estudar como o indivíduo utiliza suas capacidades atencionais para criar
sistemas de comunicação que trabalhassem em harmonia com esta capacidade
limitada (NABAS E XAVIER, 2004).
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Muitos autores vêm salientando que a atenção não se refere a apenas
uma percepção unitária, mas consiste de mecanismos distintos e, muitas vezes
que se completam.
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FIGURA 2 – TESTE NEUROPSOCOLÓGICO PARA AVALIAR
ATENÇÃO
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3 MEMÓRIA
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- Memória declarativa ou explícita: sistema responsável pela
capacidade de armazenar e evocar (recordar) ou reconhecer fatos e eventos da
forma consciente (MIOTTO, 2012).
FONTE:: <http://www.casadopsicologo.net>
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A memória é caracterizada por processos complexos, os quais
possibilitam o indivíduo se reportar a experiências impressivas, facilitando a
comparação com as situações do presente facilitando, proporcionando
programações futuras. A função da memória implica codificar, armazenar e
resgatar informações. O objetivo da codificação é o processamento da
informação que será armazenada. O armazenamento da informação que
também leva o nome de retenção envolve o fortalecimento das representações
enquanto estão sendo registradas e a recuperação é o processo de lembrança
da informação que foi armazenada anteriormente. A recuperação pode ser
realizada de forma consciente ou não, sendo a forma inconsciente ativada, por
meio de associações manifestas no contexto por semelhança ou necessidade
(ABREU e MATTOS, 2010).
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4 LINGUAGEM
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FIGURA 5 – CÉREBRO DO PACIENTE TAN-TAN DE PAUL BROCA
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FIGURA 7 - KARL WERNICKE
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FIGURA 9 – FASCÍCULO ARQUEADO
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QUADRO 2 – COMPREENSÃO VERBAL
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QUADRO 3 – DISTÚRBIOS DE LINGUAGEM ASSOCIADOS AOS QUADROS
LESÃO NO HE
Neologismo.
Disprosódia.
Ecolalia.
Anomia.
Agramatismo.
Parafasia.
Dislexia.
Disgrafia ou agrafia.
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As alterações decorrentes de lesões ou distúrbios cerebrais em um ou
mais dos subcomponentes anteriores ocasionam os vários tipos de afasias hoje
conhecidas. Podemos encontrar a afasia de Broca (motora ou expressão) que
é caracterizada pela redução da produção oral, dificuldade de repetição e
nomeação, alteração sintática e simplificação gramatical e compreensão
razoavelmente preservada. Outra afasia que pode ocorrer é a afasia de
Wernicke (sensorial ou compreensão) que é a alteração da compreensão,
repetição e nomeação com alteração da produção oral no início do quadro
(jargão). A afasia transcortical motora é outra alteração. Ela é caracterizada
pela redução da produção oral e ocasional presença de perseverações e
ecolalia, com preservação da repetição, compreensão e leitura. Outro tipo de
afasia é a transcortical sensorial que se classifica pela alteração da
compreensão, nomeação e alteração da produção oral no início do quadro.
Nessa afasia a repetição se encontra preservada. A afasia de condução é
caracterizada pela dificuldade de repetição de frases e palavras, nomeação com
razoável preservação da produção oral e compreensão. A afasia anômica é a
alteração da capacidade de nomeação. Temos também a afasia global que é
caracterizada pelo prejuízo em todas as modalidades da produção oral,
compreensão, leitura e escrita (MIOTTO, 2007).
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No que se refere aos testes neuropsicológicos para a avaliação da
linguagem, os mesmos se dividem em quatro categorias (testes padronizados,
protocolos não padronizados, observação comportamental e escalas de
desenvolvimento). Os testes e os protocolos não padronizados têm o objetivo de
investigar as dimensões da linguagem (fronologia, sintaxe, semântica,
pragmática). Em relação à observação comportamental, utilizam-se as escalas
de desenvolvimento, pois, podem contribuir no direcionamento do diagnóstico e
do processo de intervenção. Ela tem o objetivo de analisar o comportamento
geral da criança em contextos naturais e não estruturados. Esse método é o que
melhor detecta as funções comunicativas da linguagem, pois, facilita o
entendimento da complexidade dos processos da aquisição da linguagem
(SOARES, et. al., 2012).
5 FUNÇÕES EXECUTIVAS
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estratégias ineficazes em prol de outras mais eficientes e, desse modo, resolver
problemas imediatos, de médio e de longo prazo” (MALLOY-DINIZ et al., 2008).
Mais especificamente o significado das funções executivas implica nas
habilidades necessárias para se criar objetivos, monitorar um comportamento,
planejamento e organização de ações desejadas, resolver novos problemas,
inibir ou iniciar determinados comportamentos em relação a um contexto,
raciocinar e abstrair, tomar decisões, etc. (MIOTTO, 2012).
As funções executivas são de extrema importância ao indivíduo, pois,
têm a finalidade de facilitar o gerenciamento no que se refere às outras
habilidades cognitivas (MALLOY-DINIZ et al, 2010). É um importante marco
adaptativo na espécie humana. Elas estão associadas a alguns componentes
universais de nossa personalidade como o altruísmo, a capacidade de imitar e
de aprender, a utilização de ferramentas, a capacidade de lidar com grupos
sabendo distinguir influências e manipulações (BARKLEY, 2001).
Segundo Goldeberg (2002), as funções executivas são resultados da
atividade dos lobos frontais (região pré-frontal). Atuam como um diretor
executivo do funcionamento da mente humana. Ele acrescenta ainda que os
lobos pré-frontais atuam como um maestro ou general que dirige outras
estruturas e sistemas neurais.
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Se a área cerebral que compreende as funções executivas for afetada
de alguma forma o indivíduo pode sofrer várias alterações tanto no plano
cognitivo como no comportamental. O paciente pode apresentar alteração de
raciocínio, pensamento, impulsividade, apatia, autocrítica reduzida, ausência de
planejamento, e organização na sequência e realização de atividades diárias,
confabulação, desinibição, perseverança e agressividade (MIOTTO, 2012). No
que se refere à avaliação das funções executivas e atencionais alguns exemplos
de testes neuropsicológicos seguem abaixo (MIOTTO, 2012).
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