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Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

1º Ciclo de Estudos em Psicologia

Avaliação Psicológica do Adulto e

Senescente

“Avaliação psicológica em adultos e senescentes no estudo das demências”

Carlos Ribeiro (29841)


Cecília Sobral (38691)

Trabalho apresentado como parte dos requisitos de avaliação Unidade Curricular de


Avaliação Psicológica do Adulto e do Senescente, do curso de Psicologia, sob a orientação
da Professora Doutora Sónia Caridade.
.

Porto, 19 de maio de 2021


ÍNDICE

• Introdução ………………………………………………………………………3

• Apresentação da prova………………………………………………….……….4

• História e fundamentação da prova…………………………………………….. 5

• Análise crítica……………………………………………………………….….10

• Referências Bibliográfica……………………………………………………… 11
Introdução

A Avaliação Psicológica é uma área central da prática psicológica que visa avaliar, através de
instrumentos previamente validados e padronizados para a população alvo, os diversos processos
psicológicos e mentais que integram o funcionamento dos indivíduos em diferentes contextos de
aplicação e ao longo da vida, nomeadamente em crianças, adultos, idosos e respetivos contextos
familiares.
No presente trabalho prático iremos centrar-nos na última fase do ciclo de vida, no âmbito
da Avaliação Psicológica de adultos e, fundamentalmente, da população idosa.
A tendência para o envelhecimento demográfico da população está associada ao aumento
da prevalência de casos de demência e outras doenças neurodegenerativas (Coelho, 2016), pelo que
se justifica uma crescente necessidade de instrumentos de avaliação psicológica precisos e válidos,
que permitam o diagnóstico precoce e completo.
Uma das disciplinas que intregram a Avaliação Psicológica é a Avaliação Neuropsicológica
ou Cognitiva. A avaliação neuropsicológica consiste na utilização de técnicas especiais e não
invasivas de avaliação e diagnóstico das funções cognitivas dos indivíduos, que permitem estudar a
atividade e o funcionamento dos sistemas cognitivos cerebrais por meio da exploração das
capacidades humanas superiores, avaliando com maior detalhe alguns aspetos do funcionamento
cognitivo e executivo (Harvey, 2012).
O presente trabalho debruçou-se sobre a prova de avaliação psicológica denominada Bateria
de Lisboa para Avaliação das Demências (BLAD), um instrumento de avaliação cognitiva,
desenvolvido para a exploração de alterações ou défices cognitivos focais, especialmente
vocacionado para o diagnóstico e caracterização de demências (Alves, 2010).
Ao nível da avaliação cognitiva, existem dois tipos de funções: as funções cognitivas e as
funções executivas (Lezak et al., 2004). Segundo Silva et al. (2006), as funções cognitivas são
estruturas básicas que suportam todas as operações mentais, pelo que incluem as funções recetivas
e expressivas, a memória e aprendizagem, o pensamento e a atenção (Lezak, et al., 2004), dotando-
nos da capacidade de perceber, elaborar e expressar informações. Por outro lado, segundo a
conceção de Royall et al. (2002), as funções executivas são atividades cognitivas superiores que
implicam a formulação de objetivos e conceitos, motivação, atenção, concentração, seleção de
estímulos, capacidade de abstração, planeamento, flexibilidade, controlo mental, autocontrolo e
memória operacional.

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Apresentação da Prova

A BLAD foi desenvolvida por Garcia (1984), e adaptada por Guerreiro (1998), é uma bateria
de avaliação neuropsicológica e foi, durante muito tempo, o único instrumento de avaliação
neuropsicológica compreensivo para adultos, que se encontrava validado para a população
portuguesa (Santana, 2005).
Esta bateria é constituída por um conjunto de 28 provas que permitem avaliar nove
capacidades cognitivas distintas (Guerreiro, 1998), que são consideradas as mais relevantes para a
avaliação e diagnóstico de demência, nomeadamente: a atenção, a memória, a orientação, a
linguagem, a iniciativa, as praxias, a capacidade construtiva, o cálculo e a abstração (Pires, 2009).
As provas que compõem a BLAD foram adaptadas de instrumentos já existentes, tais como a Escala
de Memória da Wechsler (WMS), as Matrizes Progressivas de Raven, a Bateria de Luria, entre
outras, que avaliam múltiplos domínios cognitivos e também se encontram validadas para a
população portuguesa. Esta estrutura permite, por um lado, conceber uma avaliação exploratória de
diversas funções cognitivas, assim como a comparação de resultados obtidos em populações de
outros países (Espírito-Santo & Daniel, 2019).
A BLAD pode ser aplicada a indivíduos entre os 35 e os 79 anos, está adaptada para
diferentes intervalos de idade e graus de escolaridade (Gonçalves, 2003), pelo que contém valores
normativos para vários grupos etários (35–49, 50–64, 65–79) e níveis educacionais (ileterados,
literacia igual ou inferior ao quarto ano e literacia superior ao quarto ano). Desta forma, a pontuação
de cada prova é comparada com a média do intervalo correspondente, permitindo assim categorizar
os défices cognitivos (ligeiro, moderado e grave) em populações com níveis extremos de
escolaridade (Guerreiro, 1998).
A sua aplicação integral demora aproximadamente uma hora, dependendo das
características do paciente e, relativamente à sua composição, a BLAD é constituída pelas seguintes
provas distribuídas por duas dimensões – Funções Cognitivas e Funções Executivas:

A. Funções Cognitivas
A1 – Recetivas: compreensão de ordens; identificação de objetos; versão modificada do
teste token, para avaliação da capacidade de compreensão de material verbal complexo;
repetição de frases.

A2 - Expressivas: avaliação da capacidade construtiva na cópia de cubo, desenho de um


relógio e cópia de desenhos; linguagem; leitura de frases; escrita; nomeação.

A3 – Memória: memória lógica; memória visual de Wechsler; memória de números;


memória verbal com interferência; questionário sobre informação geral para avaliação
das capacidades de orientação pessoal, temporal e espacial, das quais 10 questões
constituem o Mental Status Questionnaire (MSQ); questionário sobre informação geral
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para avaliação da memória remota; prova de pares de palavras. A4 – Atenção: corte de
‘A’s para avaliar a capacidade de atenção sustentada.

B. Funções executivas: execução de movimentos alternados (esquerdo e direito); Matrizes


Progressivas de Raven colorida série Ab; capacidade de cálculo; interpretação de
provérbios; capacidade de abstração na interpretação de uma figura; iniciativa verbal,
motora e grafomotora.

História e Fundamentação da Prova

A BLAD foi criada no contexto de uma investigação realizada no âmbito de uma Dissertação
da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (Garcia, 1984) e, até recentemente, era a única
prova estudada e validada em Portugal, utilizada na avaliação neuropsicológica de adultos idosos
com suspeita de deterioração cognitiva ou demência (Simões, 2012).
Nesta secção serão apresentados e descritos os estudos de validação e adaptação de Garcia
(1984) e Guerreiro (1998), respetivamente, assim como alguns dos estudos científicos que aplicaram
a BLAD no contexto português.
No seu estudo original, Garcia (1984) construiu uma bateria de testes mentais com vista a
avaliar o estado mental dos pacientes que integraram a sua amostra, ao nível dos seguintes aspetos
psicológicos: atenção, iniciativa, linguagem, reconhecimento de cores, memória, orientação,
habilidade construtiva e funções cognitivas. A decisão de criar e desenvolver o referido instrumento
deveu-se essencialmente à inexistência de uma bateria de testes psicológicos aferida para a
população Portuguesa e, também, à necessidade de utilizar um conjunto de testes organizados numa
perspetiva neuropsicológica, com um foco privilegiado nas dimensões qualitativas
comparativamente às quantitativas. Neste estudo, Garcia (1984), identificou a existência de
diferenças consideráveis no desempenho de iletrados e indivíduos com escolaridade, pelo que
sugeriu a divisão em três grupos: iletrados ou analfabetos, indivíduos com escolaridade inferior ou
igual ao quarto ano e indivíduos com escolaridade superior ao quarto ano.
Por outro lado, Guerreiro (1998) realizou um estudo com o objetivo de avaliar as alterações
de funções cognitivas e despoletar avanços no diagnóstico da demência, nomeadamente na doença
de Alzheimer (DA), sobretudo em casos em que a deterioração mental se encontrava numa fase
inicial e, por isso, de difícil diagnóstico. Neste estudo foram utilizados, entre outros instrumentos, a
BLAD, que foi adaptada por esta autora, tendo esta sido aplicada a um grupo controlo subdividido
em três grupos, de acordo com o respetivo grau de escolaridade e tendo em consideração o
procedimento sugerido por Garcia (1984).

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Os resultados deste estudo sugerem que a variável escolaridade é aquela que mais influencia
a realização de todas as provas da BLAD e que a DA podia apresentar três perfis neuropsicológicos
de acordo com o seu grau de gravidade (ligeira, moderada e grave), sem relação direta com o tempo
de evolução ou com a idade de instalação da doença.
Mais tarde, Gonçalves (2003) também identificou diferenças significativas entre os grupos
iletrado/analfabeto e letrado, ambos com uma média de idades situada nos 72 anos, sendo que o
primeiro grupo apresentou um número médio de testes alterados de 5.94 e o segundo grupo de 1.60.
Posteriormente, no estudo de Faria et al. (2009) foi explorado o efeito do fenómeno
designado processamento de sobrevivência, isto é, a superioridade de recordação de estímulos
codificados tendo em conta a sua relevância num cenário de sobrevivência, em adultos idosos
saudáveis e em adultos com défice cognitivo Ligeiro (DCL). A amostra incluiu um grupo clínico e
um grupo de controlo, cada um com 20 participantes e faixa etária dos 50 aos 70 anos. Apesar do
decréscimo observado em várias áreas do funcionamento cognitivo, incluindo a memória episódica,
avaliados entre outros pela BLAD, este efeito foi observado em idosos saudáveis e manteve-se
preservado no grupo com DCL.
No mesmo ano, Filipe (2009) desenvolveu uma investigação com vista a analisar a
influência de um programa de reabilitação neuropsicológica, com base em exercícios práticos que
pretendiam promover estratégias compensatórias, ao nível da melhoria das funções cognitivas e da
qualidade de vida. Este estudo teve como principal objetivo verificar a existência de diferenças nas
funções cognitivas de doentes com DA, avaliadas através da BLAD, após a realização do programa
de reabilitação, sendo o primeiro estudo a nível nacional a fazê-lo. Os resultados obtidos mostram
que existem diferenças significativas, comparando o pré-teste e o pós-teste em todas as dimensões
cognitivas, exceto na função da escrita, sendo possível concluir que o programa de reabilitação é
eficaz.
Mais tarde, Sobral & Paúl (2013) realizaram um estudo com o objetivo de determinar a
associação entre a educação e atividades de lazer com a capacidade cognitiva e funcional de
pacientes com DA. A BLAD foi utilizada para avaliar a capacidade funcional e cognitiva,
nomeadamente ao nível da linguagem (compreensão de instruções simples, escrita, nomeação de
objetos e identificação), orientação, cálculo, memória, atenção, função executiva, motora e
iniciativas grafomotoras e capacidade visuoespacial. Foram avaliadas competências funcionais e
neurospsicológicas de 120 doentes com uma média de idades de 78 anos com provável DA. Os
resultados evidenciaram que os doentes com DA com níveis mais elevados de escolaridade e ou
níveis mais elevados de participação em atividades de lazer obtiveram melhores resultados nas
provas cognitivas, podendo beneficiar de um declínio cognitivo e funcional mais lento após o
diagnóstico da DA.

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Posteriormente, Ponte et al. (2014) realizaram um estudo com o objetivo de caracterizar
pacientes idosos que estavam inseridos na Consulta de Gerontopsiquiatria do Centro Hospitalar do
São João no Porto, ao nível de variáveis sociodemográficas, físicas, incapacidades globais,
depressão, ideação suícida e qualidade de vida. Neste estudo foram avaliados 75 pacientes sem
défice cognitivo com uma média de idades de 73 anos. A BLAD fez parte do leque de instrumentos
utilizados para a avaliação de défice cognitivo integrados no presente estudo, tendo sido utilizados
dois dos testes da bateria, nomeadamente o Teste de Memória Lógica/Stories e o Teste de Token. Os
resultados obtidos evidenciaram que estes subtestes são uma ferramenta útil para diferenciar idosos
saudáveis daqueles que poderão estar numa fase inicial de demência.

Procedimentos empregues na administração da prova

A administração da BLAD ocorre em contexto ou clínico ou em contexto hospitalar, de


forma individual. A administração desta prova requer também uma autorização por parte do
avaliado, de modo a transmitir ao mesmo quais os objetivos e finalidade da aplicação desta mesma
prova. Durante a sua aplicação é solicitado ao paciente que vá realizando as provas de acordo com
as instruções que vai recebendo do avaliador. Tendo BLAD como objetivo avaliar as capacidades
cognitivas, esta bateria recorre às seguintes provas e avaliações:
1. A primeira prova é denominada de Tarefa de Cortar “A’s”: tal como o nome indica, nesta prova
é pedido ao paciente que corte todas as letras A que encontre na folha, o mais rápido possível,
avaliando-se assim a atenção e a capacidade que este tem de discriminar. A pontuação obtida nesta
prova, é feita através da contagem do número de A’s cortados, dividindo pelo tempo despendido, e
multiplicado por 10.
2. A Memória de Dígitos: esta prova divide-se em duas fases. Na primeira fase é pedido ao paciente
que repita os números pela mesma ordem em que lhe foram fornecidos. Na segunda fase é pedido
que inverta a ordem dos mesmos. Aqui, é avaliada a memória de trabalho e os processos atencionais.
A pontuação é dada consoante a série que completar corretamente, somando posteriormente as duas
fases.
3. Iniciativa e Perseveração: esta avaliação foi dividida em três partes. Na primeira parte, é solicitado
ao paciente a nomeação de artigos para comer, que pode comprar no supermercado, em apenas 1
minuto. É dado 1 ponto por cada resposta válida. A segunda parte avalia a motricidade do paciente
através da execução de 3 exercícios. Num primeiro exercício deve realizar movimentos alternados
com a mão, palma da mão esquerda para cima, palma da mão direita para baixo e é dado 1 ponto
por cada 5 mudanças consecutivas corretas. O segundo exercício consiste em manter uma mão
fechada e a outra com os dedos virados para baixo. Deve alternar 5 vezes consecutivas corretamente,
para obter uma pontuação máxima de 1 ponto. No último exercício, o paciente tem de bater com o
dedo indicador na mesa, alternadamente, variando entre o indicador direito e esquerdo. Para obter a

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pontuação máxima de 1 ponto o paciente tem que ser capaz de realizar este processo 10 vezes de
forma consecutiva e correta. A terceira parte avalia a capacidade grafomotora, em que o paciente
deve desenhar os exemplos consecutivamente. Este exercício é idêntico ao das séries de Luria.
4. A Linguagem é avaliada através de sete exercícios. No primeiro exercício o paciente tem de
compreender o que está escrito e executar a ordem (exemplo: feche os olhos; pegue na moeda; abra
a boca; pegue no lápis). A execução correta do exercício equivale à obtenção de 4 pontos no total, 1
ponto por cada resposta correta. Se este não souber ler, o avaliador deve ditar as ordens. No segundo
exercício, são mostrados objetos ao sujeito e deve ser capaz de os identificar. É dado 1 ponto por
cada resposta correta, sendo a pontuação máxima de 5 pontos. O Token Test é o terceiro exercício
e consiste, numa primeira fase, na nomeação das cores dos elementos apresentados. Posteriormente,
deve tocar com um dedo no desenho ordenado (exemplo: “toque no círculo pequeno e amarelo”),
consoante a cor e a forma que lhe foi solicitada. Tem a pontuação máxima de 17 pontos. O quarto
exercício visa a nomeação de 7 objetos apresentados. É atribuído 1 ponto por cada resposta correta,
com a pontuação máxima de 7 pontos. A repetição é o quinto exercício, em que o paciente deve
repetir a palavra ou frase dita pelo avaliador. A pontuação máxima é de 11 pontos. O exercício seis
consiste na leitura de duas palavras: mala e relógio. Obtém 1 ponto por cada resposta correta. No
último exercício, o paciente deve escrever o seu nome e uma frase. Tem a pontuação máxima de 2
pontos.
5. A Orientação é a outra prova desta bateria, em que é pedido ao paciente que responda corretamente
às perguntas. São basicamente questões de orientação espacial (Onde estamos?); temporal (Em que
ano estamos?); biográfica (Em que dia nasceu?) e social (Quem é o primeiro ministro?). Obtém um
ponto por cada resposta correta, sendo a pontuação máxima de 15 pontos.
6. A Memória Verbal com Interferência consiste em explicar ao sujeito que serão ditas cinco
palavras e que não as deve repetir, mas tentar decorá-las para mais tarde recordar. As palavras são
ditas e inicia-se o questionário de Informação. Após um minuto pergunta-se as palavras que foram
ditas anteriormente. Elas podem ser evocadas espontaneamente, ou com ajuda, ou por
reconhecimento. São dados 3 pontos por palavra quando dita espontaneamente, 2 pontos com ajuda
e 1 ponto por reconhecimento.
7. Os Pares de Palavras é outra actividade que se resume em três apresentações de uma mesma lista
de palavras, só com ordem alternada. O paciente deve memorizar as listas e, após cada apresentação,
deverá dizer qual a palavra que estava em par com a pedida.
8. Memória Lógica (evocação espontânea): nesta prova são lidos dois textos. Após a sua leitura, o
paciente deve dizer tudo aquilo de que se recorda sobre os mesmos. Este exercício propõe que, após
trinta minutos, seja pedido para evocar novamente os textos.
9. O teste de Informação consiste em vinte perguntas de cultura geral. Cada resposta correta equivale
a 1 ponto.

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10. A Memória Visual é um exercício de escolha múltipla baseado na atividade da Wechsler. O
paciente vê uma imagem durante 10 segundos e, depois, tem de a identificar num grupo de imagens
idênticas.
11. A Praxis consiste inicialmente na execução de ordens verbais, como por exemplo levantar o
braço. De seguida, deve executar ações sem objeto (escrever) e com objeto (escrever com uma
caneta), primeiro com a mão direita e depois com a esquerda. Tem a pontuação máxima de 12
pontos, 1 ponto por cada ação bem executada.
12. A Habilidade Construtiva é constituída por três exercícios. No primeiro, é pedido ao paciente
para copiar as figuras de Wechsler. Após a sua conclusão, deve desenhar o cubo. A pontuação do
primeiro exercício é realizada através de parâmetros específicos e no segundo é dado 1 ponto por
cada característica presente (a pontuação máxima no cubo é de três pontos). O segundo exercício
consiste no desenho de um relógio com números e ponteiros: á atribuído 1 ponto por cada
característica correta (pontuação máxima de 3 pontos). O terceiro exercício é formado pelos cubos
de WAIS.
13. Na Aritmética, o cálculo pode ser escrito ou mental, consoante as capacidades do paciente.
Engloba cálculos de adição, subtração e multiplicação. A classificação é dada consoante a
dificuldade deste, tendo como pontuação máxima 14 pontos.
14. As Matrizes Progressivas de Raven (AB) é um exercício que avalia a capacidade visuoespacial,
o raciocínio abstrato e a capacidade de inibição. O paciente deve escolher a peça que falta para
completar a imagem, seguindo um raciocínio lógico. Só existe uma opção correta. Tem a pontuação
máxima de 12 pontos, 1 ponto por cada resposta correta.
15. No exercício dos Provérbios, é dito ao sujeito um provérbio, cujo significado dever ser capaz de
explicar. A pontuação vai de 0 a 3, consoante o grau de abstração.
16. Interpretação da figura: é apresentado ao sujeito uma figura e este deve dizer o que acha que
aconteceu. Não se trata de descrever, mas criar um enredo. Caso interprete corretamente a figura,
obtém 3 pontos; se fizer mera descrição ou interpretação errada terá 1 ponto e ausência de reação 0
pontos.
17. A Orientação Esquerdo – Direito tem como objetivo avaliar a orientação e o esquema corporal.
O sujeito deve cumprir a ordem que lhe é pedida, por exemplo: “Com a sua mão direita aponte para
o meu ombro direito”. A pontuação varia consoante a dificuldade da execução, sendo a máxima total
de 6 pontos.

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Análise crítica

Relativamente às principais vantagens da aplicação desta bateria, é possível destacar


inúmeros aspectos, nomeadamente o facto de estar validada para a população Portuguesa e ter vindo
a apresentar boas qualidades psicométricas, quer em termos de fidelidade, quer sensibilidade
(Rocha, 2011). Por outro lado, permite uma avaliação cognitiva mais exaustiva e completa, assim
como a avaliação global da severidade demencial, sendo um instrumento sensível no diagnóstico de
DA em qualquer uma das fases de progressão da doença. Paralelamente, apesar de ter sido
inicialmente concebida para avaliação de situações de demência, o seu leque de aplicação tem vindo
a ser alargado à avaliação neuropsicológica geral de adultos. Esta bateria permite também a
correlação da pontuação total com outros instrumentos (Caldeira, 2011), assim como a comparação
dos resultados obtidos nas subprovas com os valores considerados normais para a população
portuguesa, tendo em conta o grau de escolaridade e idade dos pacientes (Guerreiro, 1998).
Contudo, também existe um conjunto de limitações ou desvantagens na sua aplicação, entre
os quais é importante realçar o facto deste instrumento não se encontrar comercializado e os dados
do estudo de adaptação também não estarem publicados (Fernandes, 2009), o que limita
significativamente o acesso à mesma por parte dos profissionais. Por outro lado, não obstante de ser
ainda muito usada em contexto clínico e hospitalar, a BLAD apresenta normas bastante datadas,
provenientes de uma amostra também pouco representativa (Simões, 2012) e, comparativamente a
outros instrumentos menos abrangentes, é um exame de aplicação demorada (Santana, 2005). É
importante também destacar que os critérios de cotação da BLAD são muito superficiais e mais
adequados à população idosa e aos quadros demenciais (i.e., 0-1, ou 0-3 pontos, respetivamente)
(Neuza, 2013), e que a cotação das provas não é homogénea, existindo algumas provas que implicam
uma cotação simples e prática e outras com uma cotação mais complexa, o que pode originar alguns
erros por parte do avaliador. Adicionalmente, nem todas as áreas do funcionamento cognitivo são
passíveis de avaliação através da BLAD, nomeadamente a atenção dividida ou a orientação espacial.
Ao conjunto de desvantagens ou limitações, acresce ainda a inexistência de provas alternativas que
possam ser aplicadas em caso de dificuldades motoras ou expressivas (p. ex.: tarefa que avalie a
memória de dígitos em pacientes com graves dificuldades de produção de fala), assim como a
inexistência de provas não dependentes do conhecimento da linguagem escrita que possam ser
usadas por pacientes iletrados ou analfabetos (p. ex.: tarefa que avalie a atenção seletiva sem
implicar o corte de letras) (Caldeira, 2011). Por último, destaca-se também a falta de procedimentos
que assegurem a aprendizagem nas tarefas de memória verbal e visual imediata, o que poderá
condicionar a avaliação da memória a longo prazo (Lezak et al., 2004).

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