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Para o campo da educação, que tem como objetivo buscar a aprendizagem

de seus alunos, entender como essa estrutura cerebral processa, guarda e


realiza conexões com o conhecimento é importante para a pratica docente,
pois dessa forma poderá ajudar os alunos nessa dinâmica que envolve:
organismo, meio ambiente e as relações desse processo. Os estudos da
neurociência que começou no século XIX, foram cada vez mais se
especializando a fim de buscar a compreensão de como o ser humano aprende
o conhecimento, e realizando contribuições para a educação.

Tabacow (2006) aponta que os dois pesquisadores, Broca e Wernick,


conseguiram realizar a primeira ampla pesquisa a propósito da localização
específica no cérebro de uma função, a linguaguem. Tudo começou em 1861,
quando Broca descobriu pela primeira vez a localização da função da
linguagem em uma região específica e, em um hemisfério do cérebro. Foi
inclusive um dos muitos cientistas que acreditava que era possível medir a
qualidade intelectual do homem, pelo tamanho de seu cérebro. E, em 1880, a
teoria das localizações cerebrais foi agregada à anti-sepsia e à anestesia,
marcando o surgimento da moderna neurocirurgia.

“A primeira evidência para a localização da função da


linguagem em uma região específica (e em um hemisfério) do
cérebro é normalmente atribuída ao neurologista francês Paul
Broca e ao neurologista alemão Carl Wernicke, os quais
fizeram várias observações seminais no final do século XIX.
Tanto Broca como Wernicke examinaram os encéfalos de
indivíduos que haviam se tornado afásicos e morrido
posteriormente. Com base na correlação entre as observações
clínicas e a localização das lesões no encéfalo, observadas na
autópsia, Broca sugeriu que a capacidade da linguagem
estivesse localizada na região ventral posterior do lobo frontal.
Mais importante, ele observou que a perda da capacidade de
produzir linguagem com sentido – em oposição à capacidade
de mover a boca e de produzir palavras – estava normalmente
associada a lesões no hemisfério esquerdo. “ concluiu Broca.
(PURVES... [et al.], p. 691)

Após, nos mediados de 1870, na mesma época que os estudos de Broca e


Wernicke, dois fisiologistas alemães, Gustav Fritsch e Eduard Hitzig,
aprimoraram os conhecimentos sobre a neurociência e a localização cerebral
da função, estimulando pequenas regiões com eletricidade, na superfície do
cérebro, logo descobriram que a estimulação de algumas áreas causava
contrações musculares na cabeça e pescoço, enquanto que a estimulação de
áreas cerebrais distintas causavam contrações das pernas anteriores ou
posteriores, sendo assim capaz de mapear quinze áreas relacionadas ao
controle do movimento.

Já em 1876 Kall Wernicke com base nas pesquisas de Broca, Fritsch e Hitzig
publica um artigo baseado na neurociência, onde descreve a perda da
linguagem, diferente de broca que trazia um estudo ao qual não havia fala ou
comunicação, Wernicke mostra que os pacientes que não conseguiam
entender a linguagem mostraram uma lesão na parte posterior ao lobo
temporal.

Para Sabbatini (1997) no final do século XVIII, o medico e neuroanatomista


alemão Fraz Joseph Gall tinha como proposta aproximar conceitos psicológicos
ao estudo do comportamento do homem. Para tal estudo tratava que todo
comportamento deriva do cérebro, determinadas áreas do córtex cerebral
controlam regiões especificas, e que cada função mental cresce com o uso. No
entanto Flowrens tentou isolar os aportes de cada órgão cerebral, concluindo
que não há uma área especifica para cada comportamento, mas que todas as
regiões do cérebro participam da operação mental.

Nos meados do século XVIII conforme pesquisas de Tabacow (2006) antes


da invenção do microscópio acreditava-se que o sistema nervoso funciona-se
como uma glândula uma ideia que se remetia ao medico grego Galeno, onde o
mesmo acreditava que os nervos conduziam fluidos secretados pelo sistema
nervoso e pela medula espinhal para a periferia do corpo. Somente no final do
século XIX que o sitema nervoso tornou-se uma ciência especifica. Onde os
responsáveis por essa descoberta foram Camillo Golgi e Santiago Rámon y
Cajal que fizeram descrições detalhadas das células nervosas.

Segundo as pesquisas realizadas por Cardoso (1997) afirma-se que o


cérebro divide-se em dois hemisférios e que o comportamento de cada pessoa
tem relação direta com a utilização desses hemisférios. As pessoas que
apresentam o lado esquerdo mais desenvolvido são tendentes a usarem de
forma adequada a lógica, já lado direito do cérebro é responsável pela
imaginação criativa.
Para que a memória trabalhe adequadamente no método de informação, faz-
se imprescindível a busca da conexão entre os dois hemisférios,
contrabalançando o uso de nossas potencialidades. No cérebro processam-se
muitos conhecimentos diários e esse age de forma seletiva, arquivando apenas
informações que o interessem.

A neurociência cognitiva destaca a importância do cérebro na cognição, na


formação de memorias e na compreensão do mundo, partindo da ideia de
mostrar o valor dessas pesquisas para a aplicabilidade com pessoas que
possuem determinadas lesões cerebrais.

O termo neurociência se expande como um conceito interdisciplinar, pois


reúne diversas áreas do conhecimento no estudo do cérebro, mostrando que a
complexidade do cérebro não é uma tarefa somente para um campo restrito da
ciência e que é integrada as demais áreas se ampliando as informações sobre
a localização do conhecimento.

Os conhecimentos atuais acerca do desenvolvimento e do funcionamento do


cérebro interessam a sociedade como um todo. Ao educador esses
conhecimentos visa motivar e a ensinar o educando conforme o entendimento
do seu funcionamento cerebral. A educação mostra que através das
estratégias pedagógicas utilizadas para o processo de aprendizagem é
eficiente na reorganização do cérebro em desenvolvimento, produzindo assim,
novos comportamentos.

Os estudos relacionados aos marcos da maturação cerebral, das dificuldades


para a aprendizagem e da plasticidade cerebral tem se constituído um ponto
importante da neurociência para as praticas pedagógicas. Assim a
Neurociencia vem revisando, por meio da Neurobiologia cognitiva, da
Neuropsicologia comportamental, da Neurofisiologia e da Neuroanatomia e
como o ser humano aprende e ensina, reconhecendo que os saberes dessa
ciência podem contribuir significativamente para o campo da educação,
principalmente para aprender.

O cérebro modifica sua anatomia sempre que estimulado, essa capacidade de


modificar-se é denonominada plasticidade cerebral, o mesmo é formado por
bilhões de neurônios cada um deles pode se conectar pelo menos a outros
cem mil semelhantes, podendo girar diversos contatos. O lugar onde os
dentritos dos neurônios encontram o axônio do outro é conhecido como área
sináptica, onde nesse espaço não existe contato físico entre as células. Elas se
ligam por meio de partículas de sódio, cálcio, potássio e cloreto, cheias de
energia que entram e saem dos neurônios produzindo impulsos nervosos.

O corpo, razão e a emoção são indivisíveis e essenciais, é uma visão integra


que unifica, a razão de ser nos últimos tempos as investigações da
neurociência revelou dados admiráveis sobre o funcionamento do cérebro, o
crescimento de novos neurônios, outra afirmação é que a inteligência não é
singular e nem fixa e que não reside em um local determinado no cérebro como
se afirmava no passado, a inteligência é arquitetada como uma função do
cérebro e várias partes dele estão envolvidas em qualquer outra ação
inteligente.

Para Kandel (2003) além dessas abordagens inclui-se a neurociência


molecular que investiga a química e a física envolvida no sistema neural, a
neurociência celular que considera as distinções entre os tipos de células no
sistema nervoso e como funciona cada um respectivamente. Há também a
neurociência de sistemas que tem a finalidade de investigar grupos de
neurônios que executam uma função comum, por meio de circuitos e
conexões, a neurociência comportamental que estuda a interação entre os
sistemas que influenciam o comportamento, o controle postural e a influencia
relativa de sensações visuais.

A décadas que vem se estudando sobre a influencia da neurociência na


educação, mas ultimamente se teve um crescimento vertiginoso sobre a
compreensão dos funcionamentos do cérebro e da mente. Quando falamos
em neuroeducação tratamos de um campo interdisciplinar que combina a
neurociência, a psicologia e a educação, na intensão de criar melhores
estratégias de ensino e currículos. A capacitação de profissionais da área da
educação sobre a neurociência possibilitara se pensar em estratégias de
ensino que maximizarão aprendizagens, possibilitaram ao aluno um aprender
melhor, e compreender de que forma o ser humano aprende, para assim sua
aplicabilidade em sala de aula se tronar um processo efetivo de mediação entre
o conhecimento e o sujeito aprendente.

“O universo biológico interno com centena de milhões de


pequenas células nervosas que formam o cérebro e o sistema
nervoso comunicam-se umas com as outras através de pulsos
eletroquímicos para produzir atividades muito especiais:
nossos pensamentos, sentimentos, dor, emoções, sonhos,
movimentos e muitas outras funções mentais e físicas, sem as
quais não seria possível expressarmos toda a nossa riqueza
interna e nem perceber o mundo externo, como o som,
cheiro,sabor.” (Relvas, 2009, pg 21)

Para Fonseca (2015) entende-se que o educando é um sujeito único


podemos mudar o rumo da aprendizagem de muitas crianças, pois através de
uma área cortical estimulada, provoca também alterações em outras áreas,
revelando que o cérebro não funciona como regiões isoladas, sendo assim isso
ocorre devido a existência de um grande numero de vias de associações,
atuando em duas direções. Essas vias podem ser curtas ligando áreas vizinhas
que navegam de um lado para o outro, sem sair da substância cinzenta, já
outras podem ser longas navegando pela substancia branca para conectar um
giro ao outro, e por ultimo existem feixes comissurais que trafegam a atividade
de um hemisfério para o outro.

Ressalta-se também que quando citamos aprendizagem direta ou


indiretamente está relacionando-se ao cérebro, sendo assim todo processo
educacional está ligado ao córtex, estabelecendo relações entre educação e
neurociência, pois o processo de ensino/aprendizagem trata de alterações na
conectividade entre os neurônios por meio de reforço de conexões, sendo
assim um ensino eficaz afeta significativamente as funções cerebrais.

Hoje, de acordo com a literatura, está bastante claro que a experiência,


combinadas com fatores genéticos e biológicos, molda o cérebro humano, de
modo que qualquer tipo de aprendizagem esta intimamente ligada a mudanças
neurais. (Kandel 2000; Gazzaniga, Ivry et al., 2007).

A aprendizagem bem sucedida provoca alteração na taxa de conexão


sináptica afetando assim a função cerebral, por isto o mesmo depende do
educador, do método de ensino e do contexto da sala de aula.
Neurociência na aprendizagem escolar é um tema que deve ser trabalhado
com a rotina da sala de aula. Através de uma abordagem conceitual para essa
fundamentação, o cérebro se torna na um mediador importante para o
conhecimento do professor, reconhecendo potencialidades e até mesmo
dificuldades no aprender.

“Abordar a cognição e a aprendizagem numa perspectiva de


educação cognitiva com uma visão multifacetada que inclua
uma introdução teórica com bases filogenéticas e
neuropsicológicas e que integre duas componentes praticas:
um novo modelo de diagnostico do potencial da aprendizagem
e uma nova interação pedagógica não são tarefa fácil, num
momento de grandes incertezas e de grandes desafios
educacionais.”

O cérebro é único não existindo outro igual, cada ser humano tem o seu de
forma diferente resultando na interação dinâmica entre natureza e ambiente,
respectivamente genética e estimulação onde tudo que o sujeito realiza
acontece á partir de uma comunicação entre os neurônios, mudando a
inteligência com o tempo e os estímulos disponíveis no meio ambiente.

Mostra-se assim uma intima ligação com a prática pedagógica com a


neurociência pois ela investiga o processo de como o cérebro aprende e
lembra, desde o nível molecular e celular até as áreas corticais, o estudo da
aprendizagem une estas duas áreas logo quanto mais se estuda a fisiologia
nervosa cada vez menos se pode dissociar o estudo anatômico da abordagem
funcional ao sistema nervoso.

É de extrema importância que educadores entendam que os sentimentos que


impulsionam a aprendizagem tanto positiva quanto negativa, pois o ser humano
é um ser emocional, que pensa coerente com esta nova visão, é primordial que
os professores entendam as emoções, alegria, tristeza, raiva, medo de seus
alunos e principalmente a lidar adequadamente com elas.

A neurociência se constitui assim em atual e uma grande aliada do


professor para poder identificar o indivíduo como ser único, pensante, atuante,
que aprende de uma maneira toda sua, única e especial. Desvendando os
mistérios que envolvem o cérebro na hora da aprendizagem, a neurociência
disponibiliza ao educador, impressionantes e sólidos conhecimentos sobre
como se processam a linguagem, a memória, o esquecimento, o
desenvolvimento infantil, as nuances do desenvolvimento cerebral desta
infância e os processos que estão envolvidos na aprendizagem a ele
proporcionada. Esses conhecimentos são imprescindíveis e de fundamental
importância para uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea, que se
mostre atuante e voltada às exigências do aprendizado em nosso mundo cada
vez mais exigente.

Através de estudos da área da neurociência da aprendizagem, os transtornos


comportamentais e da aprendizagem passaram a ser mais facilmente
compreendidos pelos educadores uma vez que proporciona mais subsídios
para a elaboração de estratégias mais adequadas a cada caso. Um professor
qualificado e capacitado, um método de ensino adequado são fatores
fundamentais para que todo esse conhecimento que a neurociência viabiliza
seja efetivo, interagindo com as características do cérebro de aluno. Esta nova
base de conhecimentos habilita o educador a ampliar ainda mais as suas
atividades educacionais, abrindo uma nova estrada no campo do aprendizado
e da transmissão do saber.

O termo diagnosticar é somente utilizado na área medica, na educação trata-


se de avaliar, para realmente acontecer a inclusão, tratando da importância
desses aspectos relacionados com a aprendizagem para o sucesso do
educando, e do seu êxito no desempenho escolar na tentativa de uma melhor
integração.

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